INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E TRABALHO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL A liderança na escola e os professores Dissertação orientada por: Professora Doutora Maria Manuela Nogueira Pinto Teixeira Ana Cristina Teixeira Andrade Porto, Julho de 2010 RESUMO A presente dissertação reflecte o estudo efectuado ao modo como o Director e os Coordenadores de Departamento ou de Escola actuam nos Agrupamentos de Escola e Escolas não agrupadas, ao nível da liderança que exercem sobre os professores e da comunicação que estabelecem com os mesmos, bem como aos tipos de cultura profissional dos docentes e à sua participação na escola. Para compreender as perspectivas dos professores sobre este conjunto de problemáticas recorremos ao inquérito por questionário. Os resultados obtidos permitiram-nos concluir que os professores da nossa amostra assumem, maioritariamente, confiar nas pessoas que lideram as escolas onde leccionam das quais têm uma opinião globalmente positiva, considerando na sua maioria que tanto o director como os coordenadores usam de uma liderança de tipo democrático; que, na comunicação, preferem um estilo assertivo e assumem, muito maioritariamente, uma atitude de confirmação. Ao nível das tipologias de cultura profissional, os nossos respondentes apontam, também maioritariamente, uma cultura de colaboração e ao nível da participação dizem empenhar-se na actividade profissional numa linha de “participação convergente”. Note-se que estes resultados se reportam a uma amostra no contexto localizado das zonas norte e centro do país. Palavras chave: liderança, comunicação, cultura e participação docente. II ABSTRACT This work reflects the study made on how the Director and the School or Department Coordinators are active in school groups and not grouped schools at the level of how they exert leadership on teachers and how they establish communication with them, as well as on the types of teachers‟ professional culture and their participation in school. To understand the perspectives of teachers on this set of problems we used the survey questionnaire. The results led us to conclude that teachers in our sample mostly assume to trust people who lead the schools where they teach. They also assume they have a broadly positive opinion towards them. They mainly consider that both the director as the coordinators use a kind of democratic leadership whereas, in what concerns communication they take an assertive style, but they also very largely assume that they have a confirmation attitude. In terms of professional culture types, our respondents also mostly indicate a culture of collaboration and when it comes to the level of participation they say they engage themselves professionally in a "convergent participation". We should interpret this results inferred from the local context of the north and center regions of the country. Keywords: leadership, communication, culture and teacher participation. III IV AGRADECIMENTOS O culminar de dois anos dedicados a um curso de Mestrado que se traduz na apresentação desta dissertação, representa sempre um motivo de grande satisfação pessoal. No entanto, o trabalho e o esforço patente devem ser reconhecidos a todos os que acreditaram e possibilitaram este resultado. Permitam-me agradecer primeiro à minha orientadora. À Professora Doutora Manuela Teixeira, orientadora deste trabalho, por ter anuído o desafio que lhe propus, e que acreditando nas minhas capacidades e trabalho, incentivou e orientou o desenvolvimento do projecto agora apresentado. Quero agradecer a todos os professores pela colaboração ao longo deste dois anos. À Professora Doutora Conceição Alves-Pinto, à Professora Doutora Paula Borges e ao professor Valter Almeida pelo apoio e colaboração na consecução deste trabalho. O meu obrigado aos colegas de mestrado pelo apoio e espírito de companheirismo. Às minhas amigas, em especial à Ana, à Dina e à Maria José que me transmitiram sempre palavras de conforto e encorajamento, compreendendo a minha ausência. Quero dedicar um obrigado especial ao meu marido pelo amor, compreensão e incentivo na persecução deste trabalho. Às minhas filhas Ana Isabel e Ana Miguel, que me recebiam da “escola onde era aluna” com um abraço reconfortante depois de várias horas ausente. Aos meus pais por me terem possibilitado uma vida com educação que me permite hoje desfrutar de horizontes mais alargados. À família em geral e amigos por compreenderam que este era um objectivo de grande satisfação pessoal. A todos, mais uma vez, obrigada. V ÍNDICE Índice de Gráficos ............................................................................... XIII Índice de Quadros.............................................................................. XIV Introdução .............................................................................................. 1 Parte I – Problemática do Estudo ......................................................... 3 Introdução .............................................................................................................. 4 1 Liderança nas Organizações .......................................................... 5 1.1 Conceito de liderança nas organizações e nos grupos ................................. 5 1.1.1 Poder, autoridade e influência – da distinção à interacção dos conceitos no exercício da liderança ................................................................................................ 7 1.1.2 Tipos de poder e fontes de poder na organização ................................. 10 1.1.3 A visão e a delegação de poderes – alicerces da liderança criadora ..... 12 1.2 Liderança Situacional ................................................................................ 15 1.3 Liderança Autocrática, Liberal (Laiser-faire) e Democrática ................... 17 1.4 Auto-liderança – o poder por detrás da delegação de poderes ................... 17 1.5 Traços mais salientes das lideranças: Transaccional, Transformacional e Carismática ................................................................................................................... 18 2 1.6 A mudança nas organizações e o seu impacto sobre a Liderança.............. 19 1.7 Reforço da Liderança na Escola ................................................................ 21 1.8 A importância da inteligência emocional na liderança .............................. 24 Comunicação ................................................................................. 35 2.1 Noção de comunicação – esquema abordagens teóricas sobre a comunicação ................................................................................................................... 35 2.1.1 Laswell, Shannon e Wiener .................................................................. 35 VI 2.2 A comunicação humana segundo a Escola de Palo Alto ........................... 36 2.2.1 Sintaxe, Semântica e Pragmática .......................................................... 36 2.2.2 Valor comunicacional do comportamento; contexto; relação; redundância e metacomunicação .................................................................................. 37 2.2.3 Tipos de comunicação – analógico e digital ......................................... 39 2.2.4 Relação na comunicação: Estatuto dos comunicantes .......................... 39 2.2.5 Confirmação, rejeição e desconfirmação .............................................. 40 2.3 Comunicação interpessoal e organizacional .............................................. 41 2.3.1 Barreiras à comunicação humana ......................................................... 42 2.3.2 Redes de comunicação – formais e informais ...................................... 43 2.3.3 Estilos comunicacionais e Liderança .................................................... 44 3 Cultura profissional dos professores e participação ................. 46 3.1 A cultura das organizações ........................................................................ 46 3.1.1 Conceito e Características..................................................................... 46 3.1.2 Dos tipos de culturas às vantagens e perigos da cultura de empresa .... 48 3.1.3 Mudança de cultura............................................................................... 49 3.1.4 Efeitos da cultura: duas perspectivas .................................................... 49 3.2 Existe uma cultura de cooperação e de participação nas escolas? ............. 52 3.2.1 Da cultura escolar à cultura profissional dos professores ..................... 52 3.2.2 Como se manifesta a cultura dos professores ....................................... 58 3.3 Participação dos professores ...................................................................... 61 3.3.1 As funções dos professores implicam participação .............................. 61 3.4 A participação e a implicação dos professores .......................................... 63 Conclusão ............................................................................................ 71 VII Parte II – Apresentação dos resultados da investigação ................. 74 Introdução ............................................................................................................ 75 1 Metodologia utilizada..................................................................... 76 1.1 O Instrumento de Recolha de Dados ......................................................... 76 1.2 A amostra do nosso estudo ........................................................................ 77 1.2.1 Por Idade ............................................................................................... 78 1.2.2 Por Género ............................................................................................ 79 1.2.3 Por Situação Profissional ...................................................................... 79 1.2.4 Por Nível de Ensino .............................................................................. 80 2 Liderança do Director na Escola .................................................. 81 2.1 Frequência das respostas – Indicadores Parcelares .................................... 82 2.2 Variações de opinião sobre os estilos de Liderança do Director com o perfil dos respondentes .................................................................................................... 83 2.2.1 Variação por Idade ................................................................................ 84 2.2.2 Variação por Situação Profissional ....................................................... 84 2.2.3 Variações por Nível de Ensino ............................................................. 86 3 Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola ...... 88 3.1 Frequência das respostas – Indicadores Parcelares .................................... 89 3.2 Variação de opinião sobre os estilos de Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola com o perfil dos respondentes ............................................ 91 3.2.1 Variação por Idade ................................................................................ 92 3.2.2 Variação por Género ............................................................................. 94 3.2.3 Variação por Nível de Ensino ............................................................... 94 VIII 4 Liderança do Coordenador de Escola ou de Departamento – segundo os estilos de LEWIN ....................................................................... 97 4.1 Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões – distribuição das respostas ................................................................................................. 98 4.1.1 Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões – Recodificação das respostas ...................................................................................... 99 4.1.2 Variação da Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões com o perfil dos respondentes ............................................................... 100 4.1.3 Variação por Nível de Ensino ............................................................. 100 5 REGO Comunicação do Director – estilos comunicacionais segundo ....................................................................................................... 101 5.1 Comunicação do Director – frequências das respostas ............................ 101 5.2 Estilo Assertivo: indicador agregado ....................................................... 102 5.3 Estilo Passivo – indicador agregado ........................................................ 103 5.4 Estilo Passivo – indicador agregado ........................................................ 104 5.5 Variação dos estilos comunicacionais de REGO com o perfil dos respondentes ................................................................................................................. 104 5.5.1 Variação por Idade .............................................................................. 105 5.5.2 Por Situação Profissional .................................................................... 105 5.5.3 Por Nível de Ensino – Estilo comunicacional Passivo do Director .... 106 6 Comunicação do Director – Escola de Palo Alto ...................... 107 6.1 Comunicação do Director – frequência das respostas ............................. 107 6.1.1 Variação da Comunicação do Director – Escola de Palo Alto com o perfil dos respondentes ............................................................................................... 108 IX 6.1.2 Por Situação Profissional .................................................................... 108 6.1.3 Por Nível de Ensino – Comunicação do Director – Escola de Palo Alto . ............................................................................................................ 109 7 Comunicação do Coordenador de Escola ou de Departamento – Escola de Palo Alto ...................................................................................... 110 7.1 Comunicação do Coordenador de Escola ou de Departamento – frequência das respostas ................................................................................................................. 111 7.2 Variação da Comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola com o perfil dos respondentes........................................................................................ 112 7.2.1 Por Nível de Ensino ............................................................................ 112 8 Comunicação interna na Escola ................................................. 113 9 Cultura Profissional dos Professores segundo HARGREAVES115 9.1 Culturas profissionais dos professores na preparação do Plano Anual de Actividade – frequência das respostas ........................................................................... 115 9.2 Variação da cultura profissional dos professores com o perfil dos respondentes ................................................................................................................. 116 9.2.1 Variação por Nível de Ensino ............................................................. 117 9.3 Culturas profissionais dos professores na concretização do Plano Anual de Actividade – frequência das respostas ........................................................................... 118 9.4 Variação da cultura profissional dos professores na concretização do PAA com o perfil dos respondentes........................................................................................ 119 9.4.1 Variação por Idade .............................................................................. 119 9.4.2 Variação por Género ........................................................................... 120 9.4.3 Variação por Situação Profissional ..................................................... 121 X 9.4.4 Variação por Nível de Ensino ............................................................. 122 10 Participação dos professores na perspectiva de ALVES-PINTO .................................................................................................... 122 10.1 Participação dos professores na escola – frequência das respostas ...... 123 10.2 Participação dos professores na escola: recodificação das respostas ... 124 10.3 Variação da participação dos professores na escola segundo o perfil dos respondentes .............................................................................................................. 125 10.3.1 Variação por Nível de Ensino ........................................................... 125 10.4 Participação dos professores nas reuniões ........................................... 126 10.5 Participação dos professores na escola – frequência das respostas ...... 127 10.6 Variação da participação dos professores na escola com o perfil dos respondentes .............................................................................................................. 127 10.6.1 Variação por Situação Profissional ................................................... 128 11 Opinião dos professores sobre a escola ................................ 128 11.1 Participação dos professores em actividades – frequência das respostas... .............................................................................................................. 129 11.2 Variação da participação dos professores em actividades com o perfil dos respondentes ............................................................................................................ 129 11.3 Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores – frequência das respostas .......................................................................... 130 11.4 Variação da receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores com o perfil dos respondentes .............................................................. 130 11.4.1 Variação por Idade ............................................................................ 131 11.4.2 Variação por Nível de Ensino ........................................................... 131 XI 11.5 Dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento das actividades .............................................................................................................. 132 11.6 O trabalho em conjunto dos professores .............................................. 133 11.6.1 Variação do trabalho em conjunto dos professores com o perfil dos respondentes .......................................................................................................... 134 11.6.2 Variação por Género ......................................................................... 134 11.6.3 Variação por Nível de Ensino ........................................................... 136 11.7 Relações pessoais entre os professores ................................................ 136 11.8 Variação das relações pessoais entre os professores com o perfil dos respondentes .............................................................................................................. 137 11.8.1 Variação por Género ......................................................................... 137 11.8.2 Variação por Nível de Ensino ........................................................... 138 12 Cruzamentos entre conceitos.................................................. 138 12.1 Participação dos professores na escola e as culturas profissionais dos professores na preparação do Plano Anual de Actividades ........................................... 139 12.2 Participação dos professores na escola e as culturas profissionais dos professores na concretização do PAA ........................................................................... 140 12.3 Participação dos professores na escola e a comunicação do Director com os professores (segundo a tipologia da Escola de Palo Alto) ........................................ 141 12.4 Participação dos professores na escola e a comunicação que o Coordenador de Departamento ou de Escola estabelece com os professores ................ 141 12.5 Participação dos professores nas reuniões e a comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola (reuniões)................................................ 142 XII 12.6 Participação dos professores e a liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola (reuniões) .......................................................................... 143 Conclusão .......................................................................................... 144 CONCLUSÃO ...................................................................................... 148 Referências bibliográficas ................................................................ 153 ANEXOS.............................................................................................. 155 ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1: Histograma das Idades dos respondentes ............................................... 78 Gráfico 2: Distribuição da amostra segundo o Género ............................................ 79 Gráfico 3: Distribuição da amostra segundo a Situação Profissional ...................... 80 Gráfico 4: Distribuição da amostra por Nível de Ensino ......................................... 81 XIII ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1: Distribuição da amostra segundo o Género ............................................ 79 Quadro 2: Distribuição da amostra segundo a Situação Profissional ...................... 80 Quadro 3: Distribuição da amostra segundo o Nível de Ensino .............................. 80 Quadro 4: Frequências das respostas – Indicadores Parcelares ............................... 82 Quadro 5: Variações da Liderança do Director com o perfil dos respondentes ...... 83 Quadro 6: Variação por Idade - Estilo Visionário ................................................... 84 Quadro 7: Variação por Situação Profissional – Director – Estilo Visionário ........ 85 Quadro 8: Variação por Situação Profissional – Director – Estilo Relacional ........ 85 Quadro 9: Variação por Nível de Ensino – Director – Estilo Relacional ................ 86 Quadro 10: Variação por Nível de Ensino – Director – Estilo Democrático .......... 87 Quadro 11: Variação por Nível de Ensino – Director – Estilo Conselheiro ............ 87 Quadro 12: Frequências das respostas – Indicadores Parcelares ............................. 89 Quadro 13: Variações da Liderança do Coordenador de Departamento/Escola com o perfil dos respondentes ..................................................................................................... 91 Quadro 14: Variação por Idade – Coordenador de Departamento/Escola – Estilo Visionário ............................................................................................................................ 92 Quadro 15: Variação por Idade - Coordenador de Departamento/ Escola - Estilo Conselheiro .......................................................................................................................... 92 Quadro 16: Variação por Idade – Coordenador de Departamento/Escola – Estilo Relacional ............................................................................................................................ 93 Quadro 17: Variação por Idade - Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Dirigista ............................................................................................................................... 93 XIV XV Quadro 18: Variação por Género - Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Dirigista ............................................................................................................................... 94 Quadro 19: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola Estilo Relacional .................................................................................................................. 95 Quadro 20: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola Estilo Visionário .................................................................................................................. 95 Quadro 21: Variação por Nível de Ensino - Coordenador de Departamento/Escola Estilo Democrático .............................................................................................................. 96 Quadro 22: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola Estilo Pressionador .............................................................................................................. 96 Quadro 23: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola – Estilo Visionário ............................................................................................................... 97 Quadro 24: Coordenador Departamento/Escola – Estilos de Liderança – LEWIN 98 Quadro 25: Liderança do Coordenador de Departamento/Escola nas reuniões – Recodificação das respostas ................................................................................................ 99 Quadro 26: Variação da Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões com o perfil dos respondentes – recodificação dos três estilos de liderança 100 Quadro 27: Variação por Nível de Ensino – recodificação dos três estilos de liderança............................................................................................................................. 100 Quadro 28: Comunicação do Director – frequências das respostas – Estilos comunicacionais de REGO ................................................................................................ 102 Quadro 29: Estilo comunicacional Assertivo do Director – indicador agregado .. 103 Quadro 30: Estilo comunicacional Passivo do Director – indicador agregado ..... 103 Quadro 31: Estilo comunicacional Agressivo do Director – indicador agregado . 104 XVI Quadro 32: Variações dos estilos comunicacionais do Director com o perfil dos respondentes ...................................................................................................................... 104 Quadro 33: Por Idade - Estilo comunicacional Agressivo do Director ................. 105 Quadro 34: Por Situação Profissional - Estilo comunicacional Agressivo............ 106 Quadro 35: Por Nível de Ensino - Estilo comunicacional Passivo ........................ 106 Quadro 36: Comunicação do Director – Escola de Palo Alto – frequências das respostas ............................................................................................................................ 107 Quadro 37: Variação da Comunicação do Director – Escola de Palo Alto com o perfil dos respondentes ...................................................................................................... 108 Quadro 38: Por Situação Profissional - Comunicação do Director ....................... 109 Quadro 39: Por Nível de Ensino - Comunicação do Director ............................... 109 Quadro 40: Comunicação do Coordenador de Escola/Departamento – Escola de Palo Alto – frequência das respostas ................................................................................. 111 Quadro 41: Variação da Comunicação do Coordenador de Departamento/Escola com o perfil dos respondentes ........................................................................................... 112 Quadro 42: Por Nível de Ensino - Comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola ....................................................................................................................... 113 Quadro 43: Frequência das respostas sobre a Comunicação interna na Escola..... 114 Quadro 44: Culturas profissionais dos professores na preparação do PAA frequência das respostas .................................................................................................... 116 Quadro 45: Variação da cultura profissional dos professores com o perfil dos respondentes ...................................................................................................................... 116 Quadro 46: Por Nível de Ensino – Cultura profissional dos professores .............. 117 XVII Quadro 47: Culturas profissionais dos professores na concretização de partes do PAA ................................................................................................................................... 118 Quadro 48: Variação da cultura profissional dos professores na concretização do PAA com o perfil dos respondentes .................................................................................. 119 Quadro 49: Por Idade – Cultura profissional dos professores ............................... 120 Quadro 50: Por Género – Cultura profissional dos professores ............................ 120 Quadro 51: Por Situação Profissional – Cultura profissional dos professores na concretização do PAA ....................................................................................................... 121 Quadro 52: Por Nível de Ensino – Cultura profissional dos professores na concretização do PAA ....................................................................................................... 122 Quadro 53: Frequência da participação dos professores na escola – segundo ALVES-PINTO ................................................................................................................. 124 Quadro 54: Participação dos professores – Recodificação .................................... 125 Quadro 55: Variação da participação dos professores com o perfil dos respondentes ........................................................................................................................................... 125 Quadro 56: Por Nível de Ensino – Participação dos professores na escola ........... 126 Quadro 57: Participação dos professores nas reuniões – frequência das respostas127 Quadro 58: Variação da participação dos professores nas reuniões com o perfil dos respondentes ...................................................................................................................... 127 Quadro 59: Por Situação profissional – Participação dos professores na escola ... 128 Quadro 60: Participação dos professores em actividades - frequência das respostas ........................................................................................................................................... 129 Quadro 61: Variações da participação dos professores em actividades com o perfil dos respondentes ................................................................................................................ 129 XVIII Quadro 62: Receptividade do Conselho Pedagógico face às propostas dos professores – frequência das respostas .............................................................................. 130 Quadro 63: Variação da receptividade do Conselho Pedagógico face às propostas dos professores com o perfil dos respondentes ................................................................. 130 Quadro 64: Variação da Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores por Idade .................................................................................................. 131 Quadro 65: Variação da Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores por Nível de Ensino ................................................................................. 132 Quadro 66: Dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento das actividades – ...................................................................................................................... 133 Quadro 67: Variação da participação dos professores em actividades com o perfil dos respondentes ................................................................................................................ 133 Quadro 68: O trabalho em conjunto dos professores - frequência das respostas .. 134 Quadro 69: Variação do trabalho em conjunto dos professores com o perfil dos respondentes ...................................................................................................................... 134 Quadro 70: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Género ......... 135 Quadro 71: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Situação Profissional ........................................................................................................................ 135 Quadro 72: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Nível de Ensino ........................................................................................................................................... 136 Quadro 73: Relações pessoais entre os professores - frequência das respostas..... 136 Quadro 74: Variação das relações pessoais entre os professores com perfil dos respondentes ...................................................................................................................... 137 Quadro 75: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Género ......... 137 XIX Quadro 76: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Nível de Ensino ........................................................................................................................................... 138 Quadro 77: A participação dos professores na preparação do PAA e as culturas profissionais dos professores ............................................................................................. 139 Quadro 78: Cruzamento da participação e as culturas profissionais dos professores na concretização do PAA .................................................................................................. 140 Quadro 79: Cruzamento da participação e a comunicação do Director com os professores ......................................................................................................................... 141 Quadro 80: A participação dos professores na escola segundo o tipo de comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola com os professores .......... 142 Quadro 81: Participação dos professores nas reuniões e a comunicação do Coordenador de Departamento/Escola .............................................................................. 143 Quadro 82: Cruzamento da participação dos professores e a liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões................................................ 143 1 INTRODUÇÃO A escola e a sociedade encontram-se em grande mudança. Temos presente que o momento actual nas escolas exige de todos os actores educativos novas formas de actuação. Aos professores cabe-lhes procurar entender as mudanças e procurar caminhos, sem deixar de olhar para o passado, para que possam entender o presente e projectar o futuro. O novo modelo de gestão escolar em vigor, criado pelo Decreto-Lei nº 75/2009, alterou a vida nas escolas, houve mudanças ao nível do órgão de direcção, com o novo cargo de Director; a este foram atribuídas funções diferentes das que o Presidente do Conselho Executivo tinha, no anterior modelo, definido pelo Decreto-Lei nº 115-A/98. Foi esta alteração que nos motivou na definição do campo de questionamento que está na base da nossa dissertação: que tipo de liderança e de comunicação emerge das alterações introduzidas? Com que tipo de cultura e de participação dos docentes nos estamos a confrontar? É óbvio que o nosso estudo não pode captar o antes e o depois da entrada em vigor do novo modelo de administração e gestão das escolas mas talvez nos permita ter alguma ideia do que se está a passar nas nossas escolas sob o modelo actual Na I parte desta dissertação apresentaremos a fundamentação teórica do nosso trabalho de campo com quatro conceitos: liderança, comunicação, cultura e participação dos professores. O primeiro conceito que nos propusemos estudar incide sobre a problemática da liderança. Começaremos por analisar a liderança nas organizações e posteriormente na escola. Procuraremos explorar esta temática num sentido globalizante, sem deixar de ter presente que a liderança evoluiu e os liderados poderão ter ou não um papel mais activo 2 nas organizações. A este nível pretendemos evidenciar estilos de liderança que podem ser um recurso importante para os líderes, conduzindo a vida das escolas num caminho mais profícuo para todos os actores educativos. E porque a liderança depende grandemente de como o líder comunica com os outros indivíduos, a comunicação tem um papel importante nas organizações e pode contribuir para uma maior eficácia das mesmas. A comunicação é, também, parte integrante do trabalho que ocorre nas escolas, entre os professores, podendo até condicioná-lo. Os professores trabalham em conjunto e a forma como comunicam pode determinar e marcar a relação que se estabelece entre eles. Por outro lado, cada escola tem uma cultura própria, que se pode antever através da cultura profissional dos professores. Assim, os últimos conceitos sobre que nos vamos debruçar reportam-se à cultura profissional dos professores – a partir da análise à cultura das organizações, às mudanças e aos efeitos da cultura – e à participação dos docentes na vida das escolas. Na segunda parte desta dissertação apresentaremos os resultados do estudo que realizámos junto de docentes dos diferentes níveis de educação e de ensino não superior, estudo que procurou captar as imagens dos docentes sobre todo os aspectos explorados na parte teórica. 3 PARTE I – PROBLEMÁTICA DO ESTUDO 4 Introdução Começaremos por estudar a problemática da liderança articulando-a com os conceitos de poder, autoridade e influência. Analisaremos ainda, diferentes tipos de liderança e abordaremos o impacto da liderança na mudança organizacional. Em seguida, faremos referência à alteração do modelo de gestão escolar, comparando-o com o anterior modelo, numa contextualização ao nível de política educativa. Enfatizaremos por fim, dentro deste conceito o papel da inteligência emocional na liderança, baseando-nos nos estudos de GOLLEMAN et all. Seguidamente abordaremos a problemática da comunicação. Pretendemos reflectir sobre o processo comunicacional, tendo também em conta, as alterações desencadeadas pelo novo modelo de gestão, nomeadamente, no cargo de Director e no do Coordenadores de Departamento ou de Escola. A temática desenvolvida tem como ponto de partida a análise das perspectivas de alguns autores, no que se refere à complexidade da comunicação humana. A partir da perspectiva da Escola de Palo Alto enfatizaremos o valor comunicacional do comportamento humano, o contexto, a relação, a redundância e a metacomunicação. Ainda na linha desta Escola analisaremos os tipos de comunicação, a relação na comunicação e a comunicação entre os interlocutores. De seguida, faremos referência à comunicação interpessoal e organizacional, analisando as barreiras à comunicação humana e o modo como melhorar a comunicação organizacional. Igualmente, destacaremos as redes de comunicação, formais e informais. Finalmente, analisaremos a capacidade comunicacional alicerçada na tipologia de REGO, dando especial relevo à assertividade e associando-a à liderança nas organizações, de que constitui uma mais-valia. 5 A cultura profissional dos professores e a sua participação na vida das escolas, tal como os conceitos anteriores, serão tratados a partir da análise às perspectivas de alguns autores. Após a abordagem referida anteriormente fazemos referência aos tipos de culturas, às vantagens e perigos na cultura de empresa, à mudança de cultura e aos efeitos da cultura. Nos efeitos da cultura aferimos duas perspectivas, a funcionalista e a crítica. De seguida, procuraremos analisar os tipos de cultura existente nas escolas, a partir dos tipos de cultura profissional dos professores. Por último, apresentaremos as funções dos professores, que implicam participação. 1 Liderança nas Organizações “Qualquer membro de uma comunidade exerce, de vez em quando, alguma influência, mas alguns modificam o curso das coisas com mais frequência do que outros. Então se falará de bom grado de liderança, influência exercida por uma pessoa (ou grupo restrito) sobre as decisões e acções de um grupo mais amplo, às vezes de um conjunto maior, organização, governo, partido, sindicato, movimento de massa, nação”. (THURLER, 2001, p. 141) 1.1 Conceito de liderança nas organizações e nos grupos Todas as organizações precisam de algo que as possa sustentar de modo a assegurar a sua „vida‟ e a dos que dela dependem. Consideramos que a liderança tem cada vez mais, 6 um papel fundamental na vida organizacional, tal como tentaremos evidenciar ao longo da nossa exposição. Numa organização há que ter presente as pessoas que a constituem, que trabalham e cooperam na obtenção dos objectivos comuns e nas relações que estabelecem entre si, porque “(…) uma organização é um conjunto de indivíduos que interagem. O que fizerem com as suas relações definirá o que é a organização” (TEIXEIRA, 1995, p.162). Perante este conceito de organização, desde logo percebemos a importância das interacções entre os membros que a constituem e as relações com o exterior. Há que não esquecer que dentro de uma organização se constituem grupos. Os grupos, dentro de uma organização, têm poder e podem constituir alguma resistência à mudança e à inovação. Então, o tipo de liderança pode ser um catalisador em prol de orientações dinamizadoras ou bloqueadoras dentro da organização. No que concerne aos grupos e às organizações temos presente que a capacidade que o líder tem de encaminhar ou dirigir de modo eficaz, depende, em boa parte, do reconhecimento de poder que lhe é reconhecido. Os estudos efectuados sobre liderança têm como base investigações sobre os líderes e por outro lado, sobre o grupo ou os liderados. Na verdade, a problemática em análise não é recente e como tal existem inúmeras definições, quase tantas quanto o número de autores (CUNHA e REGO, 2005, p. 20). Alguns autores como CUNHA e REGO, (o.c., p. 23), BERGAMINI (2002, pp. 2021) e NYE (2009, p. 35) centram-se no líder e na sua capacidade de dirigir de modo eficaz um determinado grupo ou seguidores. 7 Tendo em conta a análise conceptual de liderança salientamos que há acepções diferentes de uns autores para outros, em que a tónica pode incidir num ou noutro aspecto, desde o exercício da influência à relação de poder, entre outros. (REGO, 1997, p. 24). A liderança tem um papel primordial em qualquer organização. Segundo NYE a liderança pode ser entendida como um processo que se apoia em três aspectos primordiais, nomeadamente, líderes, seguidores e contextos (cfr. 2008, p. 39). Por outro lado, GOLEMAN et all afirmam que “(…) a inteligência emocional tem quatro domínios – autoconsciência, autodomínio, consciência social e gestão das relações”. Estes domínios proporcionam, por si só “um conjunto de aptidões fundamentais à liderança com ressonância”, que estão interligados de uma forma activa, em que cada um constitui um elo de ligação com o seguinte (2007, p.49). Ao nível da inteligência emocional, as relações dinâmicas que se estabelecem entre os quatro domínios têm importância prática nas relações dentro das organizações e constituem os elementos basilares de uma liderança primal eficaz, concretamente, a ressonância (cfr. pp. 49-51). 1.1.1 Poder, autoridade e influência – da distinção à interacção dos conceitos no exercício da liderança A toda a relação entre pessoas, ocorra ela no emprego, na escola, na família ou em qualquer grupo subjaz o exercício do poder. Este poder pode perseguir vários objectivos e revestir formas muito diferenciadas. M. TEIXEIRA (1995, pp. 60-62) revisitando múltiplas definições de poder encontrou diferentes perspectivas de abordagem que julgamos esclarecedoras das várias matizes que pode revestir o poder: Como “(…) propriedade do actor (…)”– cada líder exerce poder que detém sobre o liderado, em sentido de concretizar os seus objectivos; 8 Como “(…) produção de efeitos (…)” – em que duas pessoas que querem alcançar alguns desejos, se uma consegue obter mais do que a outra terá mais poder; Como “(…) relação entre actores (…)”– o poder existe em todas as organizações e na interacção entre todos os seus membros, só na relação entre duas ou mais pessoas (singular ou colectiva) se põe a questão do poder; Como “(…) capacidade (…)”– define-se pela forma como um actor consegue obter resultados na organização. TEIXEIRA dá-nos a sua própria definição do poder como “(…) capacidade de produzir ou modificar os resultados organizacionais; capacidade de fazer acontecer não apenas resultados mas, também, processos” (o.c., p. 62). Ver o poder como capacidade, no nosso entender, significa que o poder não é nem herdado, nem meramente atribuído mas construído no modo como cada qual se situa e age na situação de relação com o(s) outro(s). Por isso, o poder que “(…) faz acontecer” define o líder que influencia a motivação para os resultados através de processos adequados à situação. A nosso ver, esta concepção de poder explicitada por TEIXEIRA consubstancia-se também no conceito de influência e de liderança. Ainda sobre o conceito de fontes de poder pretendemos evidenciar, a diferença entre “(…) o poder das organizações e o poder dos indivíduos”. De facto, algumas organizações conferem poder a determinados indivíduos, porque são herdeiros ou têm outro tipo de privilégios, por outro lado, há indivíduos que conquistam o poder dentro da organização através da demonstração prática das suas aptidões – conhecimento, empatia, habilidade em gerir relações (cfr. RUSSEL, 1990, pp. 32-33). 9 Uma distinção importante entre poder e liderança advém do facto de, na organização, o poder formal ser inerente ao cargo, mas já a liderança é conferida ou retirada pelos liderados. Por isso, o líder só o é se os liderados lhe conferirem esse poder, nomeadamente, se o aceitarem como tal. Não pretendemos inferir que os liderados devem obediência total, mas antes aceitar que “(…) o poder, enquanto força de coagir, é oposto à acção de [influência] de lideres verdadeiramente eficazes, portanto, naturalmente aceitos” (BERGAMINI, o.c., p. 123). Entendemos a autoridade como o poder do cargo, em virtude da hierarquia inerente às organizações, mas há que salientar que nem sempre o nível de poder na organização se compagina com a distribuição dos cargos constantes nas organizações, porque, “(…) numa organização, [existem pessoas] que detêm mais poder do que outras que, hierarquicamente, se encontram numa situação de maior autoridade” (TEIXEIRA, o.c., p. 65). A autora acima citada refere ainda que “(…) só consegue usar a autoridade com eficácia quem tiver o poder de concitar as vontades para a execução das acções” (ibidem). Assumimos o entendimento de TEIXEIRA relativamente ao papel de influência que o líder tem perante o liderados, que lhe permite exercer determinado cargo de forma plena e completa. Também BERGAMINI refere que o líder tem de ter vontade de liderar, o que significa ter a aspiração e a motivação de influenciar outras pessoas (cfr. o.c., p. 102). Nomeadamente em tempos de mudança e inovação, na relação entre o líder e os liderados, devem conjugar-se os factores apresentados anteriormente, associados à influência que, no nosso entender, deveria estender-se de forma recíproca – descendente e ascendente (ibid, p. 124). Neste último aspecto devemos ter presente que há claras 10 diferenças entre o trabalho do líder e o dos liderados, no entanto, se o líder se mantiver atento às pessoas que lidera e ouvir as suas sugestões pode ser mais motivador, para os liderados, contribuindo, assim, para um crescimento pessoal e permitindo, em certas situações a delegação de poder no interior das organizações. 1.1.2 Tipos de poder e fontes de poder na organização Os estudos efectuados no âmbito da liderança, na organização, reconhecem a importância do poder nas organizações, ao nível do grau de influência entre o líder e os seguidores. Nessa óptica torna-se pertinente analisar cinco tipos de poder nas organizações: a) o poder legítimo, b) o poder recompensa, c) o poder coercitivo, d) o poder especialista e e) o poder de referência (BERGAMINI, o.c., pp. 120-122): a) O poder legítimo – o poder é atribuído, ou seja, a autoridade e a obediência manifestam-se, de uma forma natural de acordo com a hierarquia, logo, os liderados seguem e actuam de acordo com o que está estipulado, sem que forçosamente haja maior eficácia; b) O poder recompensa – o poder tem um cariz compensatório, pois o líder tem a possibilidade de compensar alguém se assim o entender, o que permite maior controlo e manipulação; c) O poder coercitivo – o líder tem o poder de punir o infractor, o que, de forma semelhante ao anterior, contribui para um maior controlo e manipulação; d) O poder de especialista – o poder que o líder exerce é natural porque assenta no saber e na competência. Este poder tende a ser eficaz, pois conduz os liderados a executar tarefas e estes reconhecem o valor e capacidade do líder; 11 e) O poder de referência – este tipo de poder é o mais utilizado pelos líderes que pretendem maior eficácia, uma vez que o liderado “(…) admira e se identifica com a pessoa do líder e com a causa que ele defende” (ibidem), permitindo, um entendimento entre líder – liderado alicerçado na amizade e lealdade, e ainda, um envolvimento instintivo do liderado (cfr. o.c., pp. 120122). BLANCHARD refere cinco fontes de poder: 1) poder da posição; 2) poder pessoal; 3) poder da tarefa; 4) poder da relação e 5) poder do conhecimento (cfr. 2009 pp. 100-102), ou seja, há uma evidente correspondência entre as fontes de poder e os tipos de poder supra referidos: poderes legítimo/de recompensa/coercitivo versus poder de posição; poder de especialista versus poder de conhecimento e de tarefa; poder de referência versus poder de relação. A liderança define-se primordialmente pelo poder de encaminhar e mobilizar os indivíduos tendo em conta a execução de um determinado objectivo e, assim, o líder “(…) é alguém que ajuda um grupo a estabelecer e a alcançar objectivos comuns” (NYE, o.c., p.39). Relativamente ao poder exercido pelo líder e nos seus reflexos nos subordinados, GOLEMAN et all mencionam que “os estados emocionais e as acções dos líderes influenciam o comportamento dos subordinados e, portanto o seu desempenho” (2002, p. 38). Assim sendo, a capacidade dos líderes para gerirem emoções, sentimentos e estados de alma dos liderados conduz, consequentemente, as organizações a resultados mais eficazes. Para além da capacidade que o líder tem de gerir emoções (ibidem) e de encaminhar e mobilizar os indivíduos para alcançar objectivos comuns (cfr. NYE, 2008, p. 12 37), salientamos ainda que os “(…) líderes verdadeiros têm autoridade e poder, a eles são concebidos de forma especial” (BERGAMINI, o.c., p. 7). 1.1.3 A visão e a delegação de poderes – alicerces da liderança criadora Se tivermos em conta todas as capacidades que reconhecemos num líder, como assume a liderança junto dos liderados e a relação que estabelece entre todos, desde logo percebemos a importância que tem a visão. Tomando as palavras de BLANCHARD, (2007, p. 20), “(…) uma visão inspira confiança, colaboração, interdependência, motivação e responsabilidade mútua em relação ao sucesso”, logo, entendemos que a liderança com um elevado desempenho, atribui à visão um poder bastante significativo. Há aspectos que devem servir como suporte para tornar a visão forte, eficaz e que funcione em pleno. Uma visão capaz de actuar eficazmente necessita de ter em conta três aspectos: a) Objectivo com significado – Em que negócio é que está? b) Uma imagem do futuro – Como será o futuro se for bem sucedido? c) Valores claros – O que é que orienta as suas decisões e comportamentos quotidianos? Com efeito, entendemos que, no interior da organização, a liderança quando alicerçada na visão forte e apelativa se consubstancia em torno de objectivos, ideias claras e partilhadas por todos sobre o presente e também sobre futuro1. 1 “A liderança visionária é a capacidade de criar e articular uma visão de futuro realista, atractiva e digna de crédito para a organização ou unidade organizacional, que tem como ponto de partida a avaliação de situações presentes e a busca da sua melhoria. Essa visão, se seleccionada e implementada correctamente é tão enérgica que com efeito dá início ao futuro, despertando as habilidades, os talentos e os recursos para que ele se torne possível” (ROBBINS, 2004, p. 149). 13 Se a visão transmitida e estabelecida pelo líder é partilhada pelos liderados, então, ao líder cabe a função de garantir o bom desempenho de todos, orientar e conduzir a vida da organização em torno dessa visão e não em função de si mesmo (ibid, p. 32). Ao nível da liderança e delegação de poderes muitos autores apresentam uma perspectiva positiva para fomentar uma liderança mais participativa. Entendemos que ao nível das organizações, a delegação de poderes pode constituir uma mais-valia imprescindível, porque os liderados são tidos em conta de modo a manifestar a sua opinião, mas também assumem a sua responsabilidade em todos os momentos, desde a tomada de decisão aos resultados obtidos. Todavia, o líder para delegar precisa de liderados em que possa confiar, caso contrário não obterá os resultados esperados. Na delegação de poderes há três aspectos a considerar: a) Partilha de informação; b) Criação de autonomia através de limites; c) Substituição da hierarquia por equipas e indivíduos autónomos. Neste caso, a liderança assume um papel mais vasto, pois líderes – liderados detêm responsabilidades partilhadas (cfr. BLANCHARD, o.c., pp. 67-78). Com efeito, numa organização, se os liderados são empenhados e têm adequados níveis de competência, maior será o sucesso obtido, através da delegação progressiva de poderes porque ela permite múltiplas vantagens: 1) Maior conhecimento e informação da organização, que pode permitir um maior empenho; 2) Decisões que os liderados poderão tomar, evitando perdas de tempo; 14 3) Os liderados poderão decidir em situações menos prioritárias, deixando o líder mais liberto para as outras mais urgentes (REGO, 1997, pp. 180-181). Porém, tal como já referimos anteriormente, o recurso à delegação de poderes numa organização, nem sempre pode ser tido em conta, dado que os liderados podem não corresponder ao que o líder espera ou precisa. REGO aponta algumas razões para a não delegação de poderes, que podem sentir os líderes: a) Falta de vontade ou incapacidade destes para a exercerem; b) Receio que os liderados pensem que não precisam do seu líder, pois conseguem executar bem o trabalho sem ajuda; c) Receio de estar a revelar que existem liderados capazes, logo, poderão colocar em risco o lugar do líder; d) Incapacidade de partilhar, pois o poder e a liderança estão centrados numa só pessoa – líder (cfr. o.c., p.180). A delegação de poderes em qualquer organização pode ser benéfica, mas precisa de condições para que possa constituir um recurso. Nas escolas podemos assistir à delegação de poderes, nas seguintes situações: a) o Director designa os coordenadores de departamento, da sua confiança, confiando-lhes directrizes orientadoras; b) o Director tem na equipa de direcção colegas, a quem confia, quando necessário, a tomada de decisões; c) os professores do conselho de turma, relativamente ao Director de Turma, confiam nas suas decisões perante os alunos e os encarregados de educação; e d) os alunos escolhem dois colegas em representação da turma, delegado e subdelegado de turma. 15 Ao nível da interacção entre os actores educativos numa escola, sobretudo na que se manifesta entre a direcção e os professores, fazemos referência a BRUNET2 que apresenta quatro sistemas, que se situam numa gradação contínua, desde o muito autoritário – fechados, ao sistema participativos – aberto (cfr. 1992, pp. 130-131). 1.2 Liderança Situacional Numa organização os líderes podem, de acordo com as situações com que se deparam e decorrentes da fase em que se encontram os liderados, adequar o estilo de liderança. No nosso entender, para dirigir de forma eficaz e proveitosa todos os indivíduos da organização, um líder deve ter a capacidade de analisar e adaptar a sua intervenção face às circunstâncias do contexto e face aos subordinados, com acima referimos. BLANCHARD apresenta a liderança situacional como uma mais-valia, dado que o líder nem sempre poderá ter uma actuação igual em todas as situações; por um lado, os subordinados encontram-se em momentos diferentes de desenvolvimento, por outro, ocorrem circunstâncias em que a percepção e análise apontam para uma actuação específica (cfr. o.c., pp. 79-90). De forma mais específica, para BLANCHARD a liderança situacional apoia-se em três competências: 1) Diagnóstico – pressupõe que o líder analise o subordinado para que seja possível percepcionar em que nível de desenvolvimento se encontra; 2) Flexibilidade – subentende que o líder domina e utiliza diferentes estilos de liderança, adequando-o às diferentes situações; 2 BRUNET refere quatro sistemas que se podem observar na escola, ao nível do clima organizacional, 1º Sistema – Autoritarismo explorador (autoritário); 2º Sistema – Autoritarismo benévolo (autoritário); 3º Sistema – De carácter consultivo (participativo) e por último, 4º Participação de Grupo (participativo). 16 3) Parceria para o desempenho – o líder precisa de conhecer bem os seus subordinados, para formar equipas, assente numa comunicação eficaz (cfr., o.c., pp. 90-94). Na realidade, estas competências requerem prática para que possam ter sucesso, mas também um conhecimento profundo que o líder deve ter de si próprio. Entendemos que a liderança eficaz necessita de um conjunto de passos que evoluem, contribuindo para que o líder tenha a capacidade de se reorganizar a cada momento de forma consciente. Não pretendemos analisar exaustivamente a liderança situacional, apenas referir outros autores que também se debruçam sobre esta temática, como REGO (cfr. o.c., pp. 302-305) que descreve o modelo situacional de Hersey e Blanchard, e HARGREAVES e FINK (2007, pp. 173-175) que apresentam uma escala de distribuição de liderança. No que concerne à liderança situacional de equipa, as etapas a percorrer também obedecem às três competências apresentadas anteriormente: 1) diagnóstico, 2) flexibilidade e 3) parceria para o desempenho. Contudo, o percurso no seio da equipa é mais explorado por todos os elementos, uma vez que a participação é mais abrangente. Para que a equipa funcione é preciso que todos colaborem, sobretudo que participem activamente. Em suma, a liderança situacional permite uma adequação de estilos de liderança, que o líder assume em determinadas circunstâncias. De seguida, apresentaremos os três estilos de liderança, que ao longo do tempo assumiram grande importância nas organizações. 17 1.3 Liderança Autocrática, Liberal (Laisser-faire) e Democrática Na década de 1930, Kurt Lewin e um grupo de colaboradores efectuaram os primeiros estudos e identificaram três estilos de liderança em função da relação líder/liderados: 1) Autocrática – o líder centraliza o poder e mantém o controlo de tudo; 2) Liberal (laisser-faire) – o líder apaga-se e deixa a situação decorrer à vontade sem interromper a menos que lhe peçam; 3) Democrática – o líder é comunicativo, encoraja a participação, funciona como um facilitador, coordenando as actividades e sugerindo ideias (cfr. CHIAVENATO, 2005, p. 360). Posteriormente, outros autores investigaram o comportamento de liderança, em diversas empresas, no intuito de perceber melhor, quer os estilos de liderança, quer os resultados que poderiam obter mediante o estilo adoptado. 1.4 Auto-liderança – o poder por detrás da delegação de poderes No que concerne à auto-liderança e ao poder por detrás de delegação de poderes devemos ter presente que, tal como já foi referido, um líder deve ter um conhecimento profundo dos seus subordinados e do nível de desenvolvimento em que se encontram. Como tal, se um líder delega e confere alguma liberdade e poder de decisão a um liderado, então, espera-se que tenha feito previamente a sua análise relativamente a este. Todavia, se a análise feita pelo líder não estiver correcta, o liderado sentir-se-á desorientado (cfr. BLANCHARD, o.c., pp. 95-97). 18 Também THURLER ao abordar a “liderança cooperativa e contrato social”, aponta para uma responsabilidade colectiva de todos os elementos de uma organização, no sentido de fomentar uma maior coordenação (2004, p. 163). Deste modo, os líderes e os liderados estão de tal forma ligados às responsabilidades do que se pretende na organização, que a implicação é total. 1.5 Traços mais salientes das lideranças: Transaccional, Transformacional e Carismática A liderança exercida pelos líderes perante o contexto e as circunstâncias a que se reportam obrigam a actuações diferentes. A liderança transaccional, no entender de Burns “(…) motiva os seguidores pelo apelo que faz ao seu próprio interesse (…)”, então, restringe-se a uma obediência clara, com regras firmes em que os liderados não são chamados a participar nas decisões (cit. por REGO, o.c. p. 366). A liderança transformacional apoia-se na „Estimulação Intelectual‟ relativamente às ideias e valores dos seguidores (BERGAMINI, 2002, pp. 156). Neste tipo de liderança os liderados vêem no líder um exemplo, mas também se sentem eles próprios valorizados no papel que desempenham e estimulados intelectualmente, logo, participam mais activamente. Já a liderança carismática apoia-se mais no líder, uma vez que os liderados se inspiram nele e o seguem como um exemplo. A palavra „charisma‟ é a uma palavra grega que significa “dom divino” ou “dom da graça”. Muitos líderes ficaram conhecidos pelo seu carisma, pelas características pessoais que tinham, e consequentemente pelas decisões que adoptaram (cfr. NYE, 2009, pp.79-83). 19 Em síntese, há diferenças nas lideranças apresentadas, a liderança transaccional visa satisfazer os objectivos imediatos líder/liderado, já a liderança transformacional assenta no desenvolvimento do liderado ainda que inspirado pelo líder e a liderança carismática assenta na fé e confiança “cega” no líder. 1.6 A mudança nas organizações e o seu impacto sobre a Liderança No momento actual, tendo em conta as mudanças nas organizações, não se desejam apenas líderes carismáticos, pois quando abandonam a organização, esta desmorona-se, mas antes a distribuição de tarefas ao nível da liderança de modo a fomentar nos diversos cargos de chefias intermédias, uma partilha de ideias e de conhecimentos, estendendo-a a outras organizações/escolas, de modo a promover activamente uma cultura de colaboração, que, nos atrevemos a afirmar, quase não existe e é vital para as escolas. As mudanças que ocorrem nas organizações são, muitas vezes, necessárias e nem sempre suscitam o entendimento e aceitação de todos. Essas mudanças podem acontecer devido a factores internos e/ou externos. BLANCHARD apresenta a mudança nas organizações na perspectiva do líder, nomeadamente, no que este prepara de modo a encaminhar e proceder às alterações que são necessárias. Assim, enumera estratégias a implementar gradualmente, desde a informação essencial do que se pretende mudar, à implicação de todos os liderados, à procura de soluções, à partilha de ideias e à visão do futuro à responsabilização de todos. O autor refere também algumas razões que são o motivo pelo qual as estratégias acima apresentadas podem falhar (cfr. o.c., pp. 205-230). Na perspectiva de FULLAN os “(…) líderes numa cultura de mudança compreendem que é crucial o acesso ao conhecimento tácito e que este acesso não pode 20 ser imposto. Os líderes eficazes compreendem igualmente o valor e o papel da criação de conhecimentos e fazem disso uma prioridade, tentando estabelecer e reforçar hábitos de intercâmbio de conhecimento entre membros organizacionais”, então, a partilha de conhecimentos pode contribuir eficazmente para o desenvolvimento de uma organização favorecendo todos os seus elementos numa dialéctica profícua, dar – receber (2008, p. 90). FULLAN salienta, ainda, que as escolas e as empresas, cada vez mais têm aspectos comuns, embora ao nível dos objectivos morais, as empresas devem aprender com as escolas. Por outro lado, “(…) as escolas podem aprender a partir da forma como as melhores empresas inovam e obtêm resultados” (o.c., p. 8). Num contexto de mudança, a liderança eficaz “(…) significa orientar as pessoas através das diferenças e, efectivamente, permitir que essas diferenças venham à superfície”, uma vez que, as diferenças que surgem na mudança e que ocorrem na perturbação, se aproveitadas para confrontar pontos de vista, para além de enriquecedoras, também permitem posteriormente a reconciliação das opiniões, e consequentemente construir um compromisso real (ibid, p. 115). Quando nos referimos às mudanças nas escolas, devemos salientar desde logo o papel fundamental que os professores têm, pois “os professores não são aprendizes técnicos: são também aprendizes sociais” (HARGREAVES, 1994, p.12). Incluir os desejos e opiniões dos professores no processo de mudança é permitir que esta se desenvolva num caminho próspero para gerar convicções e gerar consensos inovadores. Seguramente que todo o processo de mudança requer capacidade dos professores para, mais do que se adaptarem construírem alterações porque “seja qual for a modificação das práticas, apenas se tornarão operantes, se os professores acreditarem nelas, se se 21 dispuserem a colaborar e se forem capazes de se identificar com elas” (THURLER, o.c., p.49). As mudanças que ocorreram ao longo dos tempos, decorrentes da legislação proporcionaram aos diversos actores educativos, diferentes formas de ver a liderança, a comunicação e a participação efectiva. 1.7 Reforço da Liderança na Escola O regime de ditadura vigente desde o final da década de 1926 até 1974 entendia a escola como um serviço local do Estado, administrado pelo poder central e gerido por representantes do Estado (cfr. FORMOSINHO, 1989, pp. 53-86). O Director da escola no Ensino Primário, do Preparatório e o Reitor do Liceu eram nomeados pelos departamentos respectivos do Ministério da Educação (cfr. TEIXEIRA, 1995, pp. 137-139). Na mudança de regime político, em Abril de 1974, o nosso país começou uma nova caminhada em prol de um regime democrático, que outrora era autoritário. Entendemos que uma apreciação e reflexão sob o ponto de vista de implantação de mudança ao nível legislativo a partir de 1974, marco importante porque se reinicia a democratização política em Portugal, permitirá reconhecer a importância da liderança nas escolas e a sua evolução de democratização de administração do sistema educativo e do estabelecimento de ensino não superior. Logo em 1974, no vigor da exigência das escolas e de movimentos políticos para a democratização da vida da escola, o Despacho nº68/74, de 16 de Novembro, permitiu a criação do Conselho Escolar no Ensino Primário; o Decreto-Lei nº 735-A/74, alterado pelo Decreto-Lei nº 769-A/76, admitiu o Conselho Directivo no Ensino Preparatório e Secundário. Esta legislação atribuía aos professores liberdade de escolha, da direcção e da 22 representação de grupo ou departamento disciplinar. Todavia, os pais e encarregados de educação não tinham voz activa à luz da legislação em vigor. Outro marco importante na caminhada para a democratização da administração da escola é a promulgação da Lei 46/86 (LBSE), concretamente os artigos 43º, 44º e 45º. O Decreto-Lei nº 172/91 altera a vida nas escolas, passando a existir um Conselho de Escola ou Área Escolar; no entanto, apenas um número muito reduzido de escolas entram nesse regime; nenhuma delas pertencia ao 1º Ciclo. Com a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio, constitui-se a Assembleia de Escola, em que uma das grandes alterações é a organização das escolas em função de Agrupamentos, o que retirou algum poder às escolas do Ensino Básico – 1º Ciclo, pois passaram a depender, ao nível de organização e gestão da escola sede, embora também estivesse no órgão de gestão: Conselho Executivo, um elemento do Ensino PréEscolar e do Primeiro Ciclo. O Presidente do Conselho Pedagógico seria escolhido entre os seus membros. No momento actual, com o Decreto-Lei nº 75/2008 de 22 de Abril a Assembleia de Escola deu lugar ao Conselho Geral e ao nível da direcção da escola, o órgão colegial que existia, foi substituído pelo Director, eleito nesse Conselho. Os restantes elementos da direcção – Sub-Director e Ajunto(s) (o seu número depende do total de alunos e da oferta de escola, como o ensino nocturno) – são escolhidos pelo Director, bem como os Coordenadores de Departamento ou de Escola. O Conselho Geral elege o Director e tem como função essencial aprovar e fiscalizar o cumprimento dos objectivos consagrados no Projecto Educativo de Escola, no Regulamento Interno e no Plano Anual de Actividades. O Director é por inerência o Presidente do Conselho Pedagógico. 23 Uma das alterações mais significativas no funcionamento das escolas reporta-se aos membros do Conselho Geral. Note-se que o número total de representantes do pessoal docente e não docente, no seu conjunto, não pode ser superior a 50% da totalidade dos membros do Conselho Geral. No quadro que se segue, apresentamos uma comparação das competências, ao nível de gestão e direcção, do modelo em vigor, com o seu antecessor: Competências comparadas do Órgão Executivo Decreto-Lei nº 75/2008 Submeter à aprovação do Conselho Geral o projecto educativo. Elaborar e submeter à aprovação do Conselho Geral o regulamento interno, os planos anual e plurianual de actividades, o relatório anual de actividades. Elaborar e submeter à aprovação do Conselho Geral as propostas de contrato de autonomia. Aprovar o plano de formação e de actualização do pessoal docente e não docente. Definir o regime de funcionamento do agrupamento de escolas ou escola não agrupada. Elaborar o projecto de orçamento de acordo com as linhas orientadoras definidas pelo Conselho Geral. Superintender na constituição das turmas e elaboração de horários. Distribuir o serviço docente e não docente. Designar os Coordenadores de Escola ou de Estabelecimento de Educação Pré-Escolar. Designar os Coordenadores dos Departamentos Curriculares e os Directores de Turma. Planear e assegurar a execução das actividades no domínio de acção social escolar. Gerir as instalações, espaços e equipamentos, bem como os outros recursos educativos. Estabelecer protocolos e celebrar acordos de cooperação ou de associação com outras escolas e instituições de formação, autarquias e colectividades. Proceder à selecção e recrutamento de pessoal docente, nos termos dos regimes legais aplicáveis. Dirigir superiormente os serviços administrativos, técnicos e técnico-pedagógicos. Representar a escola. Exercer o poder disciplinar em relação aos alunos. Exercer o poder hierárquico relação ao pessoal docente e não docente. Intervir, os termos da lei, no processo de avaliação de desempenho do pessoal docente. Proceder à avaliação de desempenho do pessoal não docente. Exercer as competências que lhe forem delegadas pela administração educativa e pela Câmara Municipal. Decreto-Lei nº 115-A/98 Elaborar e submeter à aprovação da Assembleia de Escola o projecto educativo. Elaborar e submeter à aprovação da Assembleia de escola o regimento interno. Idêntico. Idêntico. Idêntico. Idêntico. Idêntico. Idêntico. Idêntico. Designar os Directores de Turma. Idêntico. Idêntico. Estabelecer protocolos e celebrar acordos de cooperação com outras entidades. Proceder à selecção e recrutamento de pessoal docente e não docente, salvaguardando o regime legal dos concursos. Idêntico para o Director ou Presidente do Conselho Executivo. Idêntico para o Director ou Presidente do Conselho. Executivo. Idêntico para o Director ou Presidente do Conselho Executivo. Proceder à avaliação do pessoal docente e não docente. Contido no anterior. Exercer as demais competências que lhe forem atribuídas na lei e no regulamento interno. 24 A liderança que emerge nas escolas, formal ou informal, exige um envolvimento do corpo docente mais abrangente, numa lógica de um „contrato social‟ e de uma coordenação orientada para a liderança cooperativa (cfr. THURLER, 2001, p. 162). Em qualquer contexto, mas sobretudo num contexto de mudança – que é sempre um contexto de incerteza, dúvida e receio – a qualidade da relação que surge entre todos os actores suscita, no nosso entender, uma gestão das emoções cuidada em todas as vertentes de liderança: topo, intermédia e equipas pedagógicas. 1.8 A importância da inteligência emocional na liderança Na análise sobre a liderança apresentada anteriormente, reconhecemos vários aspectos importantes que contribuem para a sua eficácia. Salientamos que o papel do líder é fundamental, na forma como orienta os liderados. Sobre este aspecto, destacamos a delegação de poderes e o trabalho em equipa, como uma mais-valia nas organizações. No momento actual encontramo-nos perante alterações na sociedade e mudanças ao nível da legislação vigente na escola que podem ser uma ocasião de melhorias significativas ou de guerras perturbadoras do bom funcionamento da escola. Fazendo um ponto de situação, e tendo por base as considerações apresentadas ao nível da mudança nas organizações, FULLAN considera a inteligência emocional como um factor de enorme relevância. Considera também importantes não só os apoios, como o contributo dos elementos que discordam (cfr. o.c., p. 80). Como referimos anteriormente, GOLEMAN et all salientam que o líder tem um papel fundamental na gestão das emoções, na criação de condições para que os liderados possam evoluir. Além disso, acrescentam que “a ressonância não provém apenas da boa disposição do líder, nem da sua capacidade para dizer [afirmações] acertadas”, pois está 25 interligado com todo um conjunto de actividades que caracterizam os estilos de liderança, (2002, p. 75). Os líderes actuam de acordo com um ou mais de seis estilos de liderança – visionário, conselheiro, relacional, democrático, pressionador e dirigista. Os líderes eficazes poderão mudar de estilo, adequando-se às situações, ou seja, em função das circunstâncias. No entanto, os dois últimos estilos referidos, pressionador e dirigista, devem ser, no entender de GOLEMAN et all utilizados apenas em situações peculiares, já que geram dissonância enquanto os quatro primeiros geram ressonância (cfr. o.c., p. 91). De forma mais aprofundada analisamos os estilos de liderança apresentados por GOLEMAN et all (o.c., pp. 76-102), a saber: Estilo visionário proporciona um questionamento individual dos elementos da organização, sobre o que realmente pretendem alcançar, que objectivos e se estão alcançados, de modo a promover reais capacidades, e ainda, gera ressonância uma vez que “canaliza as pessoas para visões e sonhos partilhados” adequando-se em situações em que “(…) ocorrem mudanças que exigem uma nova visão ou quando é necessária uma orientação clara”; o líder visionário tem como principal característica da inteligência emocional “inspirar as acções dos outros”, mas tal só é possível se conseguir criar empatia, mediante o que “lê” nos outros, para que os possa inspirar; Estilo conselheiro define-se pela “Arte das Relações de Pessoa a Pessoa”, ou seja, a relação que se pode estabelecer com os outros, permitindo o conhecimento recíproco, que inclui a partilha de “sonhos, objectivos de vida e as esperanças relativamente à carreira profissional”; assim, o líder demonstra que está realmente interessado nas pessoas e os conselhos que dá 26 permitem um crescimento pessoal e simultaneamente acompanhamento. Por conseguinte, o líder conselheiro conhece os pontos fortes e fracos e ajuda a atingir os objectivos pretendidos, responsabilizando cada um, embora esteja atento e disposto a encorajar, sempre que necessário, contribuindo para que as pessoas dêem o seu melhor. Subsiste sempre nesse estilo a vontade/desejo de estimular as capacidades dos elementos da organização, o que contribui para o “reforço da autoconfiança tornando-os mais autónomos e mais eficientes”. Como este estilo gera ressonância, atribui-se a que “relaciona os desejos das pessoas com os objectivos da organização” e tende a ser mais utilizado para “(…) ajudar um empregado a ser mais eficiente, melhorar as suas capacidades de longo prazo”; Estilo relacional “representa a capacidade de colaboração em acção”, pois esses líderes pretendem promover o entendimento e “estimular interacções amigáveis”, de modo a construir relacionamentos sólidos e coesos com e entre os elementos da organização. Acresce ainda que, neste caso, o líder centra a sua atenção nas “necessidades emocionais dos empregados” através da empatia que cria com os empregados. Deste modo, obtém ressonância através da criação de “harmonia melhorando o relacionamento entre as pessoas”, nomeadamente, para “(…) resolver e sarar conflitos num grupo; dar motivação em períodos difíceis; melhorar o relacionamento entre as pessoas”; Estilo democrático há a ideia base de resolução através do diálogo, ou seja, o líder é um excelente comunicador e por isso a sua principal característica é a capacidade de “ouvir”. Em simultâneo, a capacidade de empatia 27 desempenha um papel primordial neste estilo. Assim, gera ressonância através da valorização do ”(…) contributo de cada um e obtém o empenho das pessoas através da participação”, ou seja, utiliza-se para “(…)conseguir adesão ou consenso; obter o contributo dos empregados”; Estilo pressionador define-se pelo tipo de líder que impõe a si próprio uma exigência tal que todos os que o rodeiam devem adoptar a mesma postura. Se for demasiadas vezes utilizado este estilo, poder obter dissonância. Contudo, pode recorrer-se a este estilo, em situações particulares, quando se pretende atingir “(…)atinge objectivos difíceis e estimulantes” e contribuir para “(…) levar uma equipa competente e motivada a produzir resultados de elevada qualidade”; Estilo dirigista caracteriza-se por uma actuação do líder muito rígida, em que ao que ele diz ou manda deve corresponder obediência total dos seus subordinados, sem qualquer explicação e sem feedback. Este estilo de liderança pode gerar ressonância em situações que exijam um apaziguamento dos “(…) receios dando instruções claras em situações de emergência”, uma vez que se recorre em “(…) situações de crise; para desencadear uma reviravolta na situação com subordinados difíceis”. A necessidade de adequar às circunstâncias e aos liderados o estilo de liderança, no sentido de tornar eficiente e eficaz a organização é assumido por vários autores dos quais destacamos: NIAS (2001); HARGREAVES (1998); HARGREAVES e FINK (2007), e FULLAN (2001), que se ocupam desta problemática no que diz respeito à escola. Também NYE apresenta relativamente à liderança, o conceito de inteligência contextual como “(…) uma relação de poder entre líderes e seguidores, mas, (…) o poder 28 depende do contexto” (2009, p. 119). Com efeito, a complexidade da relação de poder que se estabelece entre os líderes e os seguidores é fundamentada num determinado contexto, ou seja, subsiste num âmbito estabelecido entre todos os intervenientes, ao qual se associa uma compreensão profunda dos ambientes em mudança, procurando adequar e implementar as estratégias eficazes. NIAS infere que os professores utilizam registos diferentes, de acordo com as situações, numa lógica que se assemelha à liderança emocional de GOLEMAN et all. Considerando o entendimento de NIAS relativamente à “(…) capacidade que os professores possuem de rapidamente mudarem de um registo emocional para outro e de simularem diferentes sentimentos de momento a momento como parte da capacidade de „equilíbrio‟, de transformação de incertezas, tensões e dilemas da sala de aula numa aptidão profissional que lhes proporciona grande satisfação” (2001, p. 148), então, está subjacente à função docente o recurso a diferentes tipos de registos emocionais que dependem fortemente dos alunos com quem interagem, no decorrer da sua actividade lectiva. Efectivamente, a complexidade da actividade docente pressupõe inúmeras situações com que os professores convivem diariamente e que influenciam fortemente todo o trabalho que desenvolvem. Que razões têm os professores para uma profunda relação emocional com o seu trabalho? Eis algumas: Inúmeras interacções pessoais no dia-a-dia; Capacidade de controlar alunos com diferentes exigências pessoais; Encaminhar os alunos para as aprendizagens; Carga emocional decorrente do trabalho com todos os actores; Responsabilidade da qualidade desse mesmo trabalho (ibid, p. 150). 29 Partindo do pressuposto de que o “(…) progresso dos alunos está no coração da prestação de contas” (ibid, p. 154), então, para os professores, o mais importante, o que mais valorizam são os meios que utilizam para que os alunos consigam adquirir capacidades técnicas de modo eficaz e efectivo. Também HARGREAVES descreve „a prestação de contas‟, como uma preocupação dos professores que se tem intensificado ao longo dos tempos, assumindo-a de forma sentida, nos sucessos e nas derrotas dos alunos (cfr. 1998, pp. 168-169). De forma análoga, os professores adequam às inúmeras interacções que mantêm, a liderança baseada na inteligência emocional e contextual, uma vez que, as circunstâncias são sempre diferentes e únicas, desde os alunos ao meio em que a escola está inserida. Ao longo do tempo e a um nível individual, os professores através da experiência que vão adquirindo tornam-se cada vez mais “(…)‟naturais‟ e „completos‟ “ (NIAS, o.c., p. 154). Na verdade, tornam-se mais descontraídos e auto confiantes, permitindo uma partilha pessoal de si e das suas experiências (cfr. o.c., p.155). Também HARGREAVES e FINK nos estudos efectuados em diversas escolas dos Estados Unidos, concluíram que as “(…) grandes reformas educativas falham, muitas vezes, pelo facto de rejeitarem ou derrogarem o passado profissional dos professores” (2007, p. 294), uma vez que, o trabalho desenvolvido ao longo do seu percurso profissional, não é reconhecido, valorizado, nem tido em conta, nos momentos em que se assiste às sucessivas mudanças nas escolas. Com efeito, a experiência destes profissionais, poderia contribuir grandemente, se fosse valorizada, escutada e lhe fosse dada a importância que merece. 30 Actualmente, assistimos a grandes alterações na carreira docente, que possivelmente, contribuíram para o abandono precoce de professores com uma vasta experiência. Por outro lado, considerando as inúmeras interacções que os professores desenvolvem constantemente e o desgaste inevitável que esse facto provoca, então, possivelmente, o cansaço que muitos professores sentem e verbalizam pode ter aí a sua principal causa (cfr. NIAS, o.c., p. 157). Acresce ainda que “(…)os professores que fazem um alto investimento no trabalho são muitas vezes dependentes na sua auto-estima da aprovação dos outros” (ibid, p. 168), ou seja, embora os professores tenham individualmente as suas convicções, valores e crenças, sentem necessidade da confirmação dos colegas. Cabe aqui ao líder conseguir melhorar a capacidade de aceitação e a apoio dos outros no intuito de criar um sentido de aceitação e interacção na equipa docente. As ligações que se estabelecem entre os professores podem basear-se nas afinidades que têm, desde a área que leccionam a motivos pessoais, mas também ao facto de leccionarem as mesmas turmas. Na verdade, por vezes, existem grupos de professores que mantêm entre si um relacionamento mais próximo; outros procuram manter uma proximidade salutar, devido aos cargos que exercem, de modo a desempenhar um bom elo de ligação. Comparativamente, NYE apresenta as ligações em rede nas organizações, como uma “(…) importante fonte de poder para os líderes” (2009, p. 68). Com efeito, as redes baseadas “(…) em laços fortes têm o poder da lealdade, [contrariamente] (…)os laços fracos são mais eficazes no que toca a adquirir informação nova” (ibidem), então, pode ocorrer que 31 as mudanças se tornem mais fáceis em grupos menos coesos, por oferecem menor resistência. Quando nos debruçamos sobre o trabalho de equipa e a delegação de poderes, verificamos que são necessárias condições para a sua concretização. Com efeito, a capacidade do líder para analisar as situações, e posteriormente, encaminhá-las, é fundamental. Se adoptarmos o entendimento de FULLAN de que “(…) as escolas começam a descobrir que as novas ideias, a criação e partilha de conhecimento são essenciais para resolver os problemas de ensino-aprendizagem numa sociedade em rápida mudança” (2003, p. 9), então, a liderança assente na implementação de medidas práticas que permitam a aplicação dos aspectos referidos – descoberta de novas ideias, criação e partilha de conhecimentos – possivelmente contribuirá para um maior sucesso dos alunos, mas também, para uma liderança mais eficaz. GOLEMAN et all referem que os estados emocionais transmitidos pelos líderes estão relacionados com a expressividade; nomeadamente, a voz e os gestos transmitem os seus sentimentos (cfr. o.c., p. 31). Assim, esta capacidade que o líder tem é directamente proporcional ao contágio pelos membros da organização. De qualquer forma, o líder pode recorrer a aprendizagens que lhe permitam aperfeiçoar o seu desempenho. Uma pesquisa (Cambridge Journal of Education, 1996) apresentada por NIAS aponta para uma vivência, por parte dos professores de dois sentimentos mais comuns: „satisfações‟ e „ frustrações‟. O mesmo estudo referia ainda que os professores sentem e vivem com grande intensidade os sucessos e fracassos dos seus alunos (cfr. o.c., p. 165). Concretamente, ao nível da realidade escolar existem factores que podem contribuir para a “satisfação na profissão” (ibid, p.172), alicerçados na relação interpessoal entre os professores, apontando para a dicotomia dar-receber, desde a “(…) assistência prática e 32 apoio emocional, à aceitação e remediação de fraquezas e fracassos (…), ao riso partilhado, à apreciação mútua, à gratidão e ao louvor” (ibidem). Quanto aos sentimentos menos bons, sentidos ao longo da experiência profissional, os professores experimentam de forma muito profunda, sentimentos de perda/ganho nos domínios de “(…) auto confiança, as relações colegiais valorizadas, (…), estatuto, reputação ou de ideias e portanto do eu (…)” (ibid, p. 176). Tomando como exemplo a estratégia de liderança apresentada por FULLAN, relativamente ao compromisso que podem os professores assumir conjuntamente com o director, constituindo um „compromisso real‟, então, o trabalho desenvolvido apoiar-se-ia numa dinâmica capaz de mobilizar todos os actores (cfr. o.c., pp. 29-30). De forma semelhante, como foi referido anteriormente, THURLER menciona que a „liderança cooperativa‟ e o „contrato social‟ que se estabelece entre todos os actores, não só beneficia a escola, mas também permite uma realização de todos, nomeadamente, os professores que sentem mais valorizados e motivados. Acresce ainda, o recurso à delegação de poderes, fomentando um crescimento intelectual e pessoal de todos (cfr. 2001, p. 159-163). Tendo em conta os vários estudos em empresas e escolas, FULLAN (o.c., pp. 6172) entende que a partilha de ideias e experiências, entre os directores e professores, bem como a observação de aulas nas diversas escolas, que permitam uma maior intensidade de partilha e de um relacionamento profícuo desses profissionais seriam elementos de uma estratégia de crescimento pessoal e profissional na escola. Neste âmbito, o papel do líder consiste em “(…) garantir que a organização [seja] capaz de desenvolver relações que [contribuam para a produção de] resultados desejáveis” (ibid, p. 72). Adoptando o entendimento de que os líderes emocionalmente inteligentes “(…) sabem gerir as emoções perturbadoras sem perderem a capacidade de pensar claramente, 33 mesmo debaixo de grande tensão (…)”, então, podemos constatar que adequam a sua actuação perante as diversas circunstâncias que lhe são exigidas, promovendo o equilíbrio na organização (GOLEMAN et all., o.c., p. 266). Nos contextos de mudança e de evolução inevitáveis ao longo do tempo, sentimentos fortes de interacção podem suscitar outros sentimentos como, “(…) a culpa, zanga, doença, depressão e esgotamento” (NIAS, o.c., p. 178). Dada a complexidade do trabalho desenvolvido pelos professores, ao nível emocional, as interacções que se estabelecem devem ser mais partilhadas entre os docentes, contribuindo assim para um trabalho mais proveitoso para todos os actores, pois, a partilha de conhecimentos fomenta e alimenta as relações, além disso, pode favorecer as culturas de colaboração (cfr. FULLAN, o.c., p. 80). Relativamente à mudança, FULLAN afirma que “as escolas têm por finalidade entender e aprender, no entanto, são péssimas no que se refere a aprender umas com as outras”, uma vez que tais práticas acontecem em situações pontuais (o.c., p. 95). Em suma, a partilha de conhecimentos é essencial e pode ser um catalisador vital para as escolas, na medida em que exista um sistema de dar e receber profícuo para todos os seus actores. Neste sentido, FULLAN (cfr. o.c., p. 107) conclui que as escolas ou sistemas escolares e as empresas têm em comum muito mais do que se pensa contudo, se houvesse um esforço real no sentido de reforçar “(…) a sua capacidade de aceder e nivelar o conhecimento oculto” (ibidem), então, todos estariam melhores e consequentemente a sociedade. FULLAN propõe quatro competências da liderança: 1) Objectivo moral; 2) Compreensão da mudança; 34 3) Desenvolvimento de relações; 4) Construção de conhecimento (cfr. o.c., p. 110). Estas competências exigem uma coerência que permita articular todos os aspectos referidos anteriormente, de forma a conjugá-los harmoniosamente e esta conjugação tornase mais necessária na fase inicial do processo de mudança em que será mais frequente que se gere perturbação e conflitos de grupo e das pessoas. Numa óptica de liderança transformacional, a mudança desenvolver-se-á como processo de aprendizagem lenta, mas determinada no caminho e meta3 (cfr. FULLAN, o.c., p. 123). A tenaz lentidão na aprendizagem possibilitará a ponderação necessária, a procura de equilíbrio e o encaminhamento necessários para uma mudança eficaz e autêntica e não superficial. Do mesmo modo, os líderes que ouvem calmamente os elementos da organização, com a devida atenção, sem juízos de valor precipitados, também contribuem para uma liderança eficaz (ibid, p. 125). Em suma, o trabalho que decorre das alterações nas nossas escolas, será potencialmente mais eficiente e eficaz se orientado numa lógica de organização aprendente, na qual os líderes – Directores, Membros da Direcção e Coordenadores de Departamento ou de Escola – analisam os diversos actores, diagnosticam as necessidades e adequam o estilo de liderança. Embora esteja concentrado maior poder no Director, as lideranças intermédias são por inerência, extensão desse poder. Tendo presentes as acepções apresentadas nesta temática, percepcionamos a importância da comunicação nas organizações, concretamente, nas escolas. Nas interacções diárias dos diversos actores educativos, a comunicação é fundamental. Para 3 Tal como na história de corrida entre a lebre e a tartaruga em que a determinação no querer, a persistência no prosseguir, a clara visão do que estava em causa no desafio conduziram a tartaruga à vitória sobre a ágil mas dispersa e inconstante lebre. 35 uma melhor compreensão da comunicação nas escolas, analisamos, em seguida, a comunicação nas organizações. 2 Comunicação “Deveria ser possível que os professores e directores de escola falassem abertamente, dentro e fora da profissão, acerca dos sentimentos e da forma como os gerem (…) É provável que a liderança deste processo seja feita por líderes de professores ou dos seus representantes (…)” (NIAS, 2001, p. 171) 2.1 Noção de comunicação – esquema abordagens teóricas sobre a comunicação 2.1.1 Laswell, Shannon e Wiener No que se refere às abordagens teóricas sobre a comunicação apresentamos o esquema, que foi modificado inicialmente por Laswell, sendo defendido pela escola behaviorista, posteriormente por Shannon, que acrescenta codificação ao emissor, e descodificação ao receptor. Por último, Wiener introduz-lhe o conceito de feedback, como se pode verificar no esquema apresentado (cfr. MICHEL, S. (s/d), pp. 311-315): Emissor (codificação) Canal MENSAGEM Feedback Canal Receptor (descodificação) 36 O esquema apresenta o emissor com uma ideia que pretende transmitir e que traduz essa ideia numa mensagem, a qual é recebida por um receptor, que é o destinatário ou descodificador da mensagem. O canal, ou seja, o meio por onde essa informação é transmitida, mediante a utilização de um código comum ao emissor e ao receptor. Por fim, o feedback estabelece a informação de retroacção, como resposta à mensagem enviada pelo emissor. Na sequência do esquema apresentado, devemos ainda considerar a existência de ruído, que pode ser de natureza física ou subjectiva, condicionando todo o processo. De qualquer modo, a eficácia da comunicação depende de todos os elementos apresentados: emissor, receptor, canal, mensagem e código. 2.2 A comunicação humana segundo a Escola de Palo Alto 2.2.1 Sintaxe, Semântica e Pragmática A Escola de Palo Alto reuniu um grupo de investigadores, com origens científicas diversas, que trabalhavam no Hospital de Palo Alto, em S. Francisco na Califórnia. Esse grupo de investigadores dedicou-se ao estudo da comunicação, sendo o seu objecto a pragmática da comunicação humana e evidenciar a lógica integral da comunicação. As descobertas da Escola de Palo Alto valorizam tanto a linguagem não verbal como verbal. Considerando as premissas da equipa de Palo Alto, a comunicação humana pode ser analisada tendo em conta três dimensões: a) Sintaxe – tem “(…) como objectivo a transmissão das informações; trata os problemas da codificação, dos canais de transmissão, da recepção de uma mensagem” Acresce ainda que, a sintaxe obedece a um modelo “(…) de 37 interacção análoga ao conceito matemático” (MARC e PICARD, 1987, pp. 4041). b) Semântica – “(…) interessa-se com o sentido de uma mensagem e com a forma como esse significado é produzido e compreendido” (ibidem). Com efeito, esta dimensão é análoga à filosofia, uma vez que procura entender o significado de forma global. c) Pragmática – “(…) ocupa-se com o facto de que a comunicação afecta o comportamento, (…) não se ocupa unicamente com a linguagem verbal, a sua estrutura e o seu significado”, ou seja, preocupa-se com os efeitos da comunicação no comportamento, com expressões, gestos, posturas, num todo, sem a separar da relação, mas analisando-a no ambiente ou contexto em que se produz (ibidem). MARC e PICARD afirmam que na relação entre dois ou mais indivíduos, “é impossível não comunicar” (ibid, p. 38). Na verdade, sempre que estamos presentes, mesmo sem que uma palavra se utilize, o silêncio, os gestos, a postura, todos os comportamentos percepcionados emitem uma mensagem. 2.2.2 Valor comunicacional do comportamento; contexto; relação; redundância e metacomunicação As noções-chaves defendidas pela Escola de Palo Alto são: os níveis e o sentido de uma mensagem, a dualidade das mensagens, a pontuação da comunicação e a metacomunicação. A comunicação humana pressupõe aspectos relevantes, como: valor comunicacional do comportamento, contexto, relação, redundância e a metacomunicação. Assim, toda a mensagem contém dois sentidos “(…) uma parte transmite uma informação 38 sobre os factos, as opiniões, os sentimentos, as experiências do emissor; mas a outra parte, exprime também, directamente ou indirectamente, alguma coisa sobre a relação entre os interlocutores” (MARC e PICARD, o.c., p. 44-49). Um sistema pode ser comparado a uma célula de um organismo vivo, cujas características essenciais são: a estrutura, o aspecto funcional e o ambiente (inputs e outputs). A teoria geral dos sistemas (mecânicos, biológicos ou ecológicos) também pode ser aplicada às relações humanas (cfr. o.c., pp. 21-23). Consequentemente, os sistemas humanos são geralmente sistemas abertos, que comunicam no seu ambiente. Os sistemas abertos, regem-se nomeadamente, pelos princípios de: globalidade, retroacção, homeostasia e equifinalidade. No princípio de globalidade, o sistema define-se como um todo global dominado por um conjunto de relações, constituído por grupos de indivíduos que interagem. Já o princípio de retroacção é complexo e para a análise do comportamento é imprescindível, uma vez que “(…) uma casualidade circular onde cada um dos comportamentos é tomado como um jogo complexo de interacções, acções e reacções que os liga uns aos outros” (ibid, p. 24-27). Há a retroacção positiva e a negativa. A retroacção positiva é “(…) a que conduz a acentuar um fenómeno”, enquanto a negativa “(…) tende a enfraquecer um fenómeno”, ou seja, estabelece um mecanismo de regulação de modo a manter o sistema numa situação estável, “(…) corrigindo os efeitos dos factores internos ou externos que procuram modificar o seu equilíbrio”. O princípio da homeostase é a propriedade que permite a um determinado sistema manter a sua identidade, ou seja, faz a regulação do equilíbrio. Acresce ainda que, é “(…) uma característica necessária dos sistemas abertos de interacção que lhe assegura uma identidade e uma permanência através do tempo” (ibidem). A homeostase é um “(…) mecanismo que se opõe à mudança e que pode, 39 quando um sistema tem de enfrentar as alterações internas ou contextuais importantes, prejudicar as suas qualidades de adaptação” (ibidem), ou seja, esta característica justifica as resistências que os elementos em qualquer sistema manifestam face às mudanças que se pretende efectuar. A equifinalidade é a propriedade que possibilita analisar as interacções dos elementos / actores que constituem um sistema permitindo através desta análise a sua compreensão, reforçando ainda que, para a compreensão de um sistema, “é ele mesmo, a sua melhor explicação” (ibid, pp. 25-26). 2.2.3 Tipos de comunicação – analógico e digital Segundo WATZLAWICK et all “na comunicação humana (…) existem dois tipos de comunicação – (…) analógico e digital”, o primeiro refere-se à palavra escrita ou falada, o segundo à comunicação não-verbal (gestos, expressão facial, tom de voz…). Podemos ainda considerar que as circunstâncias em que se insere a comunicação no seu todo incluem o contexto em que ocorrem (1967, pp. 56-57). Para WATZLAWICK et all “(…) toda a comunicação tem um conteúdo e uma relação”, ou seja, os conteúdo e relação na comunicação subsistem em simultâneo e complementam-se em todas as mensagens (ibid, p. 59). Com efeito, a comunicação engloba um conjunto de aspectos, não verbais e linguísticos, que culminam num todo (cfr. ALVES-PINTO et all, 1986, p. 151). 2.2.4 Relação na comunicação: Estatuto dos comunicantes A cismogénese é “(…) um processo de diferenciação nas normas de comportamento individual resultante da interacção cumulativa entre indivíduos”, descreve os efeitos que 40 sucedem na relação entre indivíduos. Ainda na mesma acepção, “Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferença” (WATZLAWICK et all, o.c., pp. 63-64). Nas relações simétricas os parceiros tendem a reflectir o comportamento do outro; já as relações são complementares quando o comportamento de um indivíduo complementa o comportamento do outro. Acresce ainda que, interacção simétrica caracteriza-se por: igualdade, maximização das semelhanças e minimização da diferença. Contrariamente, a interacção complementar baseia-se na maximalização da diferença. Num terceiro tipo de relações, a metacomplementaridade, em que um indivíduo deixa ou força outro a ser simétrico (ibid, p. 63). Podem-se definir três tipos de posição na “(…) análise das interacções comunicacionais” superior, inferior e simétrica” (MARC e PICARD, o.c., p. 52). Efectivamente, poder-se-ia exemplificar as posições descritas através da relação professor – aluno, ou pai – filho, em que um tem uma posição superior, sobre o outro (inferior) e que se complementam. Por outro lado, numa troca simétrica, os indivíduos reagem através da partilha e troca de dar – receber de igual modo (ibid, pp. 53-54). 2.2.5 Confirmação, rejeição e desconfirmação Na comunicação o indivíduo procura definir a relação entre si e os valores e ao fazêlo define-se a si mesmo, isto é, “(…) uma pessoa, seja o que for que comunique a outra a nível de conteúdo, oferece-lhe sempre uma auto-definição do Eu (…)” (MELO, 1991, pp. 23-24). A esta auto-definição, o(s) interlocutor(es) podem dar uma das três respostas: 41 a) Confirmação – consiste na aceitação e confirmação da definição que cada um faz da relação e de si próprio, ou seja, do próprio indivíduo e do outro com que interage; b) Rejeição 4 – caracteriza-se pela resposta negativa do receptor face à interacção com o emissor, no entanto, não há a negação nem a rejeição do conceito do “eu” (emissor), uma vez que, “(…) certas formas de rejeição podem ser até construtivas (…)”; c) Desconfirmação 5 – é “(…) a mais importante, [resposta] tanto do ponto de vista pragmático como patológico”, uma vez que, é a negação da realidade do próprio indivíduo; corresponde à afirmação: “(…) Você não existe” (ibid., pp. 77-79). As alterações desencadeadas pelo Decreto – Lei nº 75/2008 de 22 de Abril podem ter provocado uma mudança no processo comunicacional na escola; o modo como a comunicação se está a processar será parte do estudo que desenvolvemos e que será apresentado na segunda parte desta dissertação. 2.3 Comunicação interpessoal e organizacional Ao nível da comunicação organizacional devemos ter em conta a noção de interacção, que comporta a ideia de uma relação mútua, de acção recíproca e subentende a co-presença (pelo menos em algumas situações) dos indivíduos que interagem, não na perspectiva behaviorista linear do estímulo-resposta, mas num conjunto de reacções e 4 Por exemplo, quando o professor rejeita a auto-definição do aluno como incapaz de realizar um trabalho proposto (cfr. MELO, o.c., p. 31) o aluno não é rejeitado como pessoa, mas sim rejeita-se o auto-convencimento da incapacidade. 5 “Não são raros os casos de crianças que chegam às nossas escolas, cuja autenticidade foi subvertida a uma subtil mas persistente mutilação, muitas vezes, de forma completamente inadvertida” (MELO, o.c., p. 34). 42 comportamentos que se influenciam mutuamente e ainda implica a comunicação entendida no seu sentido mais lato: verbal e não verbal. 2.3.1 Barreiras à comunicação humana A comunicação interpessoal abrange os elementos básicos da comunicação. No entanto, há dificuldades inerentes a esses elementos (emissor, receptor…) que condicionam a sua eficácia. A este nível, as dificuldades na comunicação do emissor dependem de inúmeros factores, entre os quais, “a personalidade; atitudes e preocupação para com o receptor; problemas semânticos (…); obstáculos psicológicos (retenção da informação, disposição pessoal, preconceitos de vária ordem)” (ALVES, 1986, p. 151). Relativamente aos restantes elementos da comunicação, receptor, mensagem e canal, podemos depreender que existem variados constrangimentos, que impedem ou dificultam a eficácia da comunicação. Além destes, o contexto geral também condiciona o êxito da comunicação, nomeadamente, o meio físico, a existência de “público” e ainda o contexto hierárquico e estatuário (cfr. o.c., p. 152). Quando duas pessoas estão em situação de co-presença, a percepção que cada uma tem da outra está carregada de significado. Com efeito, este apoia-se sobre todo um conjunto de factores pessoais, tais como a aparência física, o cuidado, o gesto, a mímica, o contacto visual, a postura corporal… ou seja, em cada comportamento há uma mensagem subentendida que provoca uma reacção como resposta. E ainda factores sociais, que estão relacionados com a educação, as crenças, as normas sociais e os dogmas religiosos (cfr. DIAS, 2001, pp. 32-36). Este autor acrescenta ainda, relativamente às barreiras da comunicação humana, os factores fisiológicos, de personalidade, de linguagem e psicológicos. 43 2.3.2 Redes de comunicação – formais e informais As redes de comunicação “definem os canais através dos quais a informação circula. Existem dois tipos: as formais e as informais” (REGO, 1999, p. 52). As primeiras seguem a cadeia de autoridade, são especificamente verticais e cingem-se às comunicações relacionadas com funções. Nas informais, a informação circula em todas as direcções, não obedece às linhas formais de autoridade, ou seja, existe entre diferentes níveis hierárquicos, departamentos e serviços. DIAS fala das estruturas de comunicação que podem ser formais e informais, que se definem similarmente às redes. Este autor apresenta sete níveis de comunicação, a saber: intrapessoal, interpessoal, grupal, intergrupal, organizacional, tecnológico e social (cfr. 2001, pp. 152-153). A comunicação formal pode manifestar-se em sentidos diferentes, de acordo com a hierarquia dos membros do grupo a que se refere. Ou seja, a comunicação poderá acontecer de forma descendente, ascendente, lateral, diagonal e externa. Em toda as organizações a comunicação tende a ser cada vez mais abrangente, pois a desenvolvimento tecnológico permitiu uma comunicação actual à distância. Nos nossos dias é possível comunicar com rapidez entre todos membros de uma organização, o que facilita o acesso a uma informação actualizada. Nas escolas há cada vez mais o recurso ao correio electrónico e ao sítio da Escola na Internet (página na Internet, Moodle…), para que facilmente os actores educativos possam estar actualizados. Por outro lado, há vantagens de estar actualizado com relativa facilidade, pela redução de barreiras, desde a distância ou dificuldades de deslocação para ter acesso à informação, no caso dos encarregados de educação. Entre os diversos actores 44 educativos a informação que circula com rapidez contribui para que o trabalho se desenvolva mais e melhor. 2.3.3 Estilos comunicacionais e Liderança Que estilo comunicacional podem utilizar o Director e os Coordenadores de Departamento ou de Escola para uma comunicação eficaz? Segundo REGO existem três estilos comunicacionais: a) Agressivo – há a tendência de procurar alcançar os objectivos atacando os outros, através de “(…) ameaças, ataques pessoais, intimidações”; b) Passivo – “evita o conflito”, desiste com facilidade quando é desafiado, o que contribui para sentimentos de culpa, ressentimentos, auto-culpabilização e auto-imagem negativa; c) Assertivo – é capaz de defender, de forma construtiva, os seus próprios direitos ou os do grupo que representa e reconhecer os dos outros, também defende as suas opiniões ou pontos de vista de forma clara, directa e honesta (o.c., pp. 112-113). Entendemos que o estilo assertivo é o desejado e o que contribui para uma comunicação eficaz, em qualquer organização. Por exemplo, no estilo assertivo, o indivíduo é capaz de defender, de forma construtiva, os seus próprios direitos ou os do grupo que representa e reconhecer os dos outros. Também defende as suas opiniões ou pontos de vista de forma clara, directa e honesta. Consideramos que a assertividade nas relações em geral e especificamente na Escola, pode ser muito útil e contribuir eficazmente para o processo comunicacional. Devemos considerar também a linguagem corporal, não apenas as palavras. Há todo um 45 discurso coerente que associa os gestos, a postura corporal, a voz, num todo. (cfr. VIEIRA, 2000, pp. 50- 53). Como já referimos a relação entre os membros de uma organização necessita de uma comunicação aberta, sobretudo, no que se refere a uma equipa (cfr. BLANCHARD, 2009, p. 160). No nosso entender, o líder deveria conceder uma importância vital à comunicação, de modo a gerir as relações entre todos num diálogo aberto e esclarecedor. Um Director de uma Escola que ouve os seus professores e pondera as sugestões dadas, pode contribuir para uma Escola mais eficaz, que não exclui, mas que pelo contrário, valoriza o contributo de todos. Se este cenário se torna real, os professores mobilizam-se em torno de valores que eles próprios de identificam e valorizam. No nosso estudo pretendemos analisar ao nível da comunicação nas escolas: De que forma intervém o(a) Director(a) na escola? Como se efectua a comunicação entre os Coordenadores de Departamento ou de Escola e os professores? A comunicação entre os Coordenadores de Departamento ou de Escola e os professores propicia a uma cultura profissional dos professores mais colaborativa? A comunicação entre os professores e o Coordenador de Departamento ou de Escola promove a participação dos professores? As questões que suscitamos serão analisadas na segunda parte do nosso trabalho. Com efeito, a comunicação assume um papel preponderante nas relações ente os diversos actores educativos. A comunicação contribuirá para uma cultura profissional dos professores mais colaborativa? E ao nível da participação dos professores na escola? 46 No conceito seguinte analisamos a cultura nas organizações e a cultura dos professores 3 Cultura profissional dos professores e participação “(…) a explicitação da cultura escolar – sobretudo se ela evoluir no sentido de uma cultura negociada – (…)” [pode] “(…) constituir-se em elemento aglutinador dos diferentes actores escolares, instituinte de «quadros de referência, regras e valores» que, dando sentido à escola, dêem sentido à vida dos diferentes actores”. (TEIXEIRA, 1995, p. 79) 3.1 A cultura das organizações 3.1.1 Conceito e Características Numa primeira abordagem pretendemos reflectir sobre a definição e características de cultura das organizações, recorrendo a vários autores. Tendo presente que, ao longo do tempo, o termo „cultura‟ foi abraçando várias vertentes na sociedade, a nossa análise poder-se-ia tornar demasiado extensa (cfr. GOMES, 2000, pp.58-66). Efectivamente, gostaríamos de nos centrar na análise conceptual de cultura nas organizações, através de autores, que partilham acepções semelhantes. S. TEIXEIRA apresenta a cultura de uma organização, como “(…) um conjunto de características que permite distingui-la de qualquer outra (…) [e que concretamente estabelece] um sistema de valores que se exprime por meio de ritos, rituais, mitos, lendas e acções” (1998, p. 173). Para KINICKI e KREITNER a cultura organizacional é “um 47 conjunto de pressupostos implícitos, partilhados, subentendidos que um grupo possui e que determina como ele percebe, pense e reage a seus vários ambientes”. Em suma, ao conceito de cultura organizacional está associado um conjunto se características (ritos, rituais, acções…) que definem e regulam no interior de uma organização (2006, p. 42). Efectivamente, o conceito da cultura é importante, uma vez que permite compreender o funcionamento das organizações e ajuda a resolver os seus problemas. Assim, a cultura aparece como um paradigma, um modelo que nos possibilita a representação da forma como se descreve uma organização (cfr. THÉVENET, 1989, pp.16-17). Para S. TEIXEIRA existem dez características na essência da cultura de uma organização: 1. “Identificação; 2. Ênfase no grupo; 3. Focalização nas pessoas; 4. Integração departamental; 5. Controlo; 6. Tolerância do risco; 7. Critérios de recompensas; 8. Tolerância de conflitos; 9. Orientação para fins ou meios; 10. Concepção de sistema aberto” (o.c., pp. 173-174). Estas características existem em maior ou menor grau num intervalo contínuo e de acordo com o grau revelado assim se define a imagem própria de uma empresa. 48 Para THÉVENET a cultura de empresa confere um património de saber fazer, forma de actuar e de pensar, percepções comuns (valores e ritos), ou seja, a sua identidade. Também promove uma aculturação naqueles que se tornam membros da empresa, uma vez que integram os seus valores, ritos e identidade (cfr. 1989, pp.32 - 36). 3.1.2 Dos tipos de culturas às vantagens e perigos da cultura de empresa Como refere S. TEIXEIRA “(…) cada organização tem a sua própria cultura que a distingue das outras organizações” (o.c., p. 176). Numa perspectiva semelhante, THÉVENET assume que “(…) a cultura é uma noção pertinente na medida em que permite compreender o funcionamento das organizações e resolver os seus problemas (…)”(1989, p.16). No que concerne às vantagens e perigos da cultura de empresa, o autor assume que esta será benéfica para a empresa se lhe permitir resolver problemas de adaptação e organização. Por outro lado, há vantagens na identidade que distingue uma empresa de qualquer outra, incluindo tudo o que esta criou para funcionar e manter a sua continuidade. Em relação aos perigos, poder-se-ia enumerar a falta de sensibilidade e constante afirmação de valores prejudicais que podem impedir a adaptação, e ainda, quando há uma constante reafirmação de valores culturais que rejeitam a adaptabilidade/mudança por princípio, são valores fechados e como tal prejudiciais quando os agentes e o que os rodeia estão em constante mutação, interagem de forma dinâmica e aprendente (cfr. o.c., pp.1922). Também nas escolas, como teremos oportunidade de evidenciar no quarto ponto, existem diferentes culturas, que têm e podem ser ou não facilitadoras de mudanças que aí ocorrem. 49 3.1.3 Mudança de cultura As mudanças de cultura podem ocorrer por motivos diversos, pois as circunstâncias são fundamentais para suscitar quaisquer alterações. Para THÉVENET a mudança de cultura de uma empresa representa um paradoxo (cfr. o.c., p.154). A ideia fundamental baseia-se mais na exploração das forças existentes do que na sua mudança. Há dois factores que parecem provocar a mudança de cultura, nomeadamente, os líderes (dirigentes, chefes, patrões) que são os principais agentes criadores de cultura (ibid, p.159). Devemos ainda considerar que em situações de perigo ou de sobrevivência ocorrem mudanças culturais relevantes e que a mudança de cultura numa empresa significa direccionar-se noutro sentido através de decisões, procedimentos e acções. De forma análoga, GOMES (cfr. 2000, p. 132) questiona-se relativamente à mudança total de cultura ou à gestão da mesma, pois perante a mudança efectiva na organização, por vezes é preciso gerir as alterações necessárias. 3.1.4 Efeitos da cultura: duas perspectivas Na análise dos efeitos da cultura nas organizações, diferentes autores apresentam diversas opiniões que se podem reunir à volta de duas perspectivas, por um lado, a cultura como realidade homogénea, ou seja, paradigma da intervenção, por outro, a cultura como realidade heterogénea, consequentemente, paradigma da diferenciação (cfr. GOMES, 1994, pp. 285-288; TEIXEIRA, 1995, pp. 73-75, entre outros). Segundo Edgar Schein, que se insere na corrente funcionalista, a cultura aparece como realidade homogénea, uma vez que se define pelo “(…) padrão de assunções básicas – inventadas, descobertas ou desenvolvidas por um dado grupo de acordo com a forma como ele aprendeu a lidar com problemas de adaptação ao exterior ou de integração no 50 interior da organização – que foram trabalhadas até serem consideradas válidas e, além disso, comunicadas aos novos membros como o processo correcto de perceber, pensar e sentir relativamente àqueles problemas” (cit. por TEIXEIRA, o.c., p. 74). Nesta perspectiva salientamos a ligação entre os diferentes membros da organização, que tende a ser muito marcante para todos, inclusive para os novos membros, a quem se transmitirá o padrão de tudo o que a caracteriza. Na perspectiva crítica, que se integra numa visão heterogénea, SAINSAULIEU (2001, p. 178), refere que “(…) a cultura aparece como reserva interiorizada, transmitida e cuidadosamente elaborada pela história de um conjunto de valores, de regras e de representações colectivas que funcionam no mais profundo das relações humanas”. Entendemos que está inerente um paradigma da diferenciação e a cultura como realidade heterogénea, uma vez que existem „representações colectivas‟, alicerçadas no carácter da cultura como processo dinâmico de construção de cultura na e pela organização. Na mesma perspectiva, MORGAN apoia-se na visão de que a organização é um fenómeno cultural, alterando-se de acordo com a sociedade de cada país (2006, p. 116). Com efeito, a existência de uma cultura ou subculturas organizacionais, vai, naturalmente, influenciar e orientar fortemente o comportamento e as atitudes dos colaboradores face à organização, ao nível dos resultados, do desempenho e da motivação. No nosso entender a perspectiva funcionalista considera a cultura como um subsistema interno, de entre outros, que no conjunto constituem a organização. Por isso, cada indivíduo desenvolve uma adaptação ao modelo cultural instituído de que já é conhecido o seu funcionamento. Assim, cada pessoa interioriza os valores da organização e funciona como um mero executor. 51 Já a perspectiva crítica acentua a existência de uma diversidade de formas dos actores se situarem na organização, que evidenciam a existência de diversas culturas. A variedade de actuação é reconhecida e valorizada, o que promove uma maior autonomia individual e grupal, bem como uma maior capacidade reflexiva na tomada das decisões negociadas e na procura das melhores soluções, ou seja, cada indivíduo é um actor principal na procura das soluções para os problemas. Perante as duas perspectivas, não pretendemos tomar partido de uma a favor da outra, mas apresentar, ao nível da cultura nas organizações, os dois pontos de vista. As diferenças entre elas permitem uma análise pertinente e de melhor compreensão das organizações. Pretendemos realçar que numa organização que pretende ser eficaz é importante a construção de uma identidade própria, que contribua para a satisfação, empenho e conjugação dos objectivos individuais com os da organização, para todos os actores. Em suma, a cultura de uma organização pode caracterizar-se pela acção de todos os seus intervenientes, que estando inseridos numa determinada sociedade e local – país, desenvolvem determinadas características próprias e as transmitem aos novos membros (cfr. MORGAN, o.c., p. 132). THÉVENET relativamente à cultura numa dimensão globalizante entende que ela é: “cimento que liga as diferentes componentes da empresa; é explicação fundamental do que nela se processa; o produto da história e não apenas facto instantâneo; património de saber fazer, maneira de actuar e de pensar, visões comuns” e uma forma de descrição da organização” (o.c., p.35), então, a cultura pode ser observada numa perspectiva em que se dá grande importância aos fundadores e à história da empresa, bem como à procura de 52 lógicas estruturadas em que assenta ou se baseia o seu funcionamento, constituindo uma identidade própria (cfr. THÉVENET, o.c., p. 35). Tendo em conta as acepções referidas anteriormente, de seguida, abordaremos a temática da cultura das organizações, no meio escolar, numa perspectiva de cooperação e de participação, com a inclusão de uma breve referência ao modo como se manifesta a cultura dos professores. 3.2 Existe uma cultura de cooperação e de participação nas escolas? 3.2.1 Da cultura escolar à cultura profissional dos professores Se adoptarmos o entendimento de M. TEIXEIRA “(…) poderíamos definir a cultura escolar como um sistema partilhado de representações, valores, crenças e modos de actuar que configuram, constroem e reconstroem a escola” (o.c., pp. 78-79), então, possivelmente, a cultura escolar basear-se-ia num processo que implicaria partilha de valores, crenças, formas de agir e actuar dos membros que constituem a escola, no quotidiano processo educativo escolar. TEIXEIRA põe em dúvida que a cultura dominante nas escolas espelhe a partilha entre actores, ainda que admita haver “(…) valores dominantes que orientam a acção dos actores educativos” e que poderão constituir-se como referências para a emergência de uma cultura negociada “(…) instituinte de referências, regras e valores que, dando sentido à escola, dêem sentido à vida dos seus diferentes actores” (o.c., p. 79). Para SANTOS GUERRA a cultura escolar tem genericamente as seguintes características: 53 “individualista”, uma vez que cada docente actua na sua sala de aula e cada aluno é responsável pelo seu rendimento na aprendizagem; “de rendimento”, os esforços têm menor importância do que o rendimento; “formalista” salienta-se a forma de tratamento que os professores exigem dos alunos, em relação ao respeito em si; “da uniformidade”, aplicam-se os mesmos testes, objectivos, exigências e comportamentos alegando justiça e igualdade; “hierarquizada”, existe uma pirâmide da organização em que quem está acima manda ou exige de quem está hierarquicamente a nível inferior; “de rotinas”, existe uma quantidade de situações que são vividas diariamente, nos mesmos horários, no local habitual, com as mesmas pessoas, sejam alunos ou colegas; “dominada pela síndrome do número um” há sempre alguém que tenta satisfazer quem está hierarquicamente acima de; “de rituais”, desde a entrada na escola, à postura na sala de aula, subsistem uma série de comportamentos habituais (2000, pp. 195-196). Estas características evidenciam que o trabalho dos professores assenta em regras de funcionamento comuns, que podem sofrer algumas alterações de uma para outra escola, mas no seu aspecto geral estão enraizadas. Com efeito, a construção de identidade seja uma pessoa singular ou de uma entidade colectiva – grupo, organização…é um processo complexo porque “(…) se constitui através das relações, (…) através das tensões, dos choques, dos conflitos que as próprias interacções geram – que se constrói através das crenças, dos valores, dos afectos, dos aspectos cognitivos das imagens de si, dos outros e das imagens que se 54 imaginam que os outros têm se si” (BORGES, 2007, p. 150). Quer isto dizer que a identidade é “(…) similitude e diferença é adesão e rejeição” (ibidem), uma vez que serve para se assemelhar em certos aspectos com os outros – na caso das escolas “(…) existem alguns valores dominantes que orientam a acção dos actores educativos” (TEIXEIRA, 1995 , p. 79) –, mas também serve para atribuir uma singularidade irrepetível, distintiva – no caso das escolas, “um rosto próprio” que lhe advém das opções/rejeições contempladas no projecto educativo, seja na dimensão do seu discurso pedagógico, seja na dimensão do seu programa de acção efectivamente concretizada. Com efeito, é o projecto educativo de cada escola – no que propõe e naquilo que é capaz de concretizar da sua proposta – que junto da comunidade social em que a escola está inserida, construirá a sua imagem e a imagem do seu corpo docente. A nosso ver, esta possibilidade de cada escola poder construir uma “cultura negociada” só será possível quando a escola puder e quiser assumindo uma margem de autonomia que lhe configura também a assunção de uma identidade própria um “ethos” que a distingue das outras escolas. NÓVOA ao apresentar o “retrato de uma escola eficaz” refere um conjunto de aspectos – autonomia, liderança organizacional, articulação curricular, organização do tempo, estabilidade profissional, formação do pessoal, participação dos pais, reconhecimento público, apoio das autoridades e salienta que no “retrato da escola” estão presentes conceitos como autonomia, ethos, identidade, imagem, valores partilhados, adesão, coesão, projectos, etc” (cfr. 1992, pp. 26-28). Existem tipos de culturas que se podem verificar no trabalho dos professores, que pretendemos analisar mais profundamente. 55 No entender de HARGREAVES são quatro as formas gerais de envolvimentos no trabalho docente: “o individualismo (…)” – o isolamento a que o professor está condicionado em contexto de sala de aula, sem a presença de outros colegas; “a colaboração (…)” – a entreajuda que se manifesta, como se de um treino se tratasse; “a colegialidade artificial (…)” – trabalho em grupo, nos tempos que estão destinados nos horários dos professores; “a balcanização (…)”– a divisão dos grupos disciplinares nas escolas com divisões por ciclos ou especialização curricular, ou seja, há uma divisão entre os professores perante a sua formação académica e o nível de ensino que lecciona (cfr. 1998, pp. 185-272). Quanto ao primeiro aspecto distingue-se pelo isolamento a que o professor está condicionado em contexto de sala de aula, sem a presença de outros colegas. Dentro deste âmbito, estão três temas inter-relacionados: o cuidado pessoal, a individualidade e a solidão. O cuidado pessoal pressupõe o envolvimento no dia-a-dia que rodeia o professor – como concluí das entrevistas efectuadas a diversos docentes (ibidem) – desde a alegria perante o sucesso nas aprendizagens, à partilha de espaços e momentos para além do tempo lectivo – recreio, preocupação em vigiar as brincadeiras das suas turmas, entre outros aspectos – quer seja em contexto de sala de aula ou não. Relativamente à individualidade, concordamos com o autor que deve ser encarada como uma mais-valia, uma qualidade a preservar, pois confere um „potencial criativo no ensino‟. O facto de alguns docentes imergirem em momentos de solidão, numa parte do seu tempo, não lhes retira qualidades. 56 Ao analisar a cultura dos professores, HARGREAVES refere que “nas culturas de colaboração [nomeadamente] as relações de trabalho em colaboração com os seus colegas tendem a ser: Espontâneas (…)” – as relações partem dos próprios professores; “Voluntárias (…)” – não há constrangimentos e o trabalho em conjunto é agradável e produtivo; “Orientadas para o desenvolvimento (…)” – os professores empenham-se nas actividades internas da escola e nas que desencadeiam novas actividades ou requeridas externamente; “Difundidas no tempo e no espaço (…)” – as actividades não são devidamente planeadas, nem calendarizadas; “Imprevisíveis (…)” – as actividades desenvolvidas nem sempre têm os resultados esperados (cfr. o.c., pp. 216-217). A verdadeira cultura de colaboração caracteriza-se pela partilha do trabalho e a existência de projectos comuns de modo a envolver professores de níveis diferentes de ensino. Contudo, tendo como referência os estudos de TEIXEIRA (1995), HARGREAVES (1998), FULLAN (2001), THURLER (2001), entre outros, não poderemos afirmar que nas escolas há efectivamente uma cultura de colaboração e de partilha. Ainda segundo HARGREAVES a colegialidade artificial reporta-se ao trabalho que os professores executam em grupo, nos tempos que lhes estão destinados nos seus horários. Por vezes, não existem esses momentos, então dificilmente trabalham em comum. Para uma melhor apreciação. A colegialidade artificial ainda se pode decompor nos seguintes pontos: “Regulada administrativamente (…)”; 57 “Compulsiva (…)”; “Orientada para a implementação (…)”; “Fixas no tempo e no espaço (…)”; “Previsíveis (…)” (o.c., pp. 219-220). Por último, a balcanização caracteriza-se pela divisão dos professores de acordo com os grupos disciplinares nas escolas e aos grupos de professores que se formam devido a relações de empatia ou de bom relacionamento. Regista-se uma divisão entre os professores segundo a sua formação académica, o nível de ensino que leccionam e a relação de proximidade que estabelecem entre si. Segundo HARGREAVES as culturas balcanizadas têm nas suas formas mais características “(…) quatro qualidades adicionais, quer entre os professores, quer noutros grupos: “Permeabilidade baixa (…)” – consiste na existência de pequenos grupos, que são limitadores perante outros grupos, subsistem entre si e centrados apenas no seu núcleo grupal; “Permanência elevada (…)” – relaciona-se com o tempo de existência dos grupos e a permanência dos elementos que o compõem, uma vez que a coesão é proporcional ao tempo; “Identificação pessoal (…)” – baseia-se na ligação que estabelecem os elementos do grupo, tendo uma identidade comum entre si e singular relativamente a outros grupos; “Compleição política (…)” – consiste na relação de interesses que se estabelece entre os professores, relacionada por exemplo com cargos, preferências de horários, entre outros (cfr. o.c., p. 241). 58 Em síntese, dos estudos realizados em escolas e apresentados por HARGREAVES (o.c., pp. 185-272), podemos concluir que, a comunicação entre os diversos intervenientes no meio escolar, alunos, professores, funcionários e direcção é indispensável para definir uma actuação comum alicerçada numa cultura de escola (re)construída num processo de debate e partilha de valores e objectivos educativos. Mas para comunicar eficazmente há pressupostos básicos que não podem ser ignorados, sendo um dos mais imediatos a existência de horários e espaços, em que professores e alunos possam trabalhar em conjunto, dentro e fora do tempo lectivo, seja em projectos de turma ou de escola. Os estudos apresentados também apontam para a responsabilização dos alunos mais velhos, para um melhor cumprimento das regras na escola. Convém ainda referir que, quando a cultura dos professores assenta em princípios de partilha, todos os actores no meio escolar tendem a usufruir de condições mais favoráveis a um entendimento saudável, assente em práticas e valores comuns. 3.2.2 Como se manifesta a cultura dos professores Relativamente à forma como se manifestam as culturas dos professores LIMA refere que “(…) deverão ser perspectivadas não apenas em termos de conhecimento, de valores, de crenças ou de concepções, mas também de comportamentos e de práticas. Fazer ou agir é culturalmente tão significativo como sentir ou pensar” (2002, p. 20). Entendemos que a abordagem da cultura dos professores se deverá estender às acções exercidas no decorrer do seu trabalho, concretamente, nas experiências e na partilha das mesmas. Mas para partilhar é preciso conhecer, analisar, debater; nesse sentido NIAS considera que “(…) deveria ser possível que os professores e directores de escola falassem abertamente, dentro e fora da profissão, acerca dos seus sentimentos e da forma como os gerem” (2001, p. 171). 59 É pela e na comunicação entre os membros da escola – e entendemos mesmo que entre todos os que se consideram membros de uma comunidade educativa escola – que é possível envolver todos os actores na busca de caminhos do sucesso educativo para que a escola existe. THÉVENET afirmará que “(…) só é possível mobilizar as pessoas através de projectos, certezas ou valores cuja força, permanência e eficácia criem oportunidades de envolvimento” (o.c., p. 9). Ora para que seja possível um grande envolvimento de toda a comunidade educativa, é primordial que existam projectos e actividades, que possam „abraçar‟ ou „envolver‟ o maior número de intervenientes. Efectivamente, a escola como organização precisa de ser conduzida numa perspectiva capaz de mobilizar de forma activa, em prol de uma consecução de algo importante, com significado, uma visão que seja partilhada por todos (cfr. BLANCHARD, 2007, pp. 22- 23). De certo modo, a visão partilhada na escola pressupõe que a comunicação e a responsabilidade dos diversos actores sejam uma prática comum. Presumimos que o insucesso que existe nas escolas públicas portuguesas possa estar relacionado com a carência de diálogo entre os intervenientes no meio escolar, embora estas hipóteses não se apoiem, nem se fundamentem em nenhuma investigação. Contudo, existem valores que estão subjacentes a uma cultura escolar, que os seus actores, alunos, professores e funcionários dinamizam, criam e orientam de forma consciente ou não (cfr. TEIXEIRA, o.c., p.79). Ao constatarmos as alterações que ocorrem na sociedade, consequentemente as mudanças ao nível da exigência dos alunos face aos professores, e as alterações do novo modelo de gestão, desde logo percepcionamos que o papel dos diferentes actores está em constante mutação. Na democratização do sistema educativo escolar, dois marcos 60 importantes na vida da escola portuguesa são: (1) o reconhecimento do direito de participação dos pais em vários órgãos de administração do estabelecimento de ensino (Lei nº 116/86 e Decreto-lei 175A/98 e (2) o reconhecimento de necessidades de descentralizar o administração escolar e de atribuir ao estabelecimento o usufruto da autonomia. Desde logo, a educação pressupõe uma dose de bom senso que regula a actuação dos pais como educadores. Neste momento, não pretendemos fazer uma reflexão aprofundada, mas apontar “a convergência entre família e escola [que] só poderá ser construída em processos: - de aceitação dos estatutos recíprocos da escola e da família; - de aprofundamento do conhecimento mútuo (a escola tem de se dar a conhecer e tem de ter desejo de conhecer); - de compreensão mútua do que a escola faz às suas famílias e do que as famílias fazem à escola; - de procura de plataformas de conhecimento sobre os papéis recíprocos; - de ensaios diversos de potenciação da intervenção educativa familiar e escolar” (ALVES-PINTO, 2003, p. 70). Na relação entre a escola e a família há ainda muito a fazer. Os pressupostos de uma aceitável convergência escola – família supra descritos, poderiam ser a base, a partir da qual se promove o respeito mútuo, a harmonia e o entendimento, proporcionando uma relação saudável, sem constrangimentos, entre todos os intervenientes e que conduzissem aos princípios consagrados na Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei nº 49/2005 de 30 de Agosto, concretamente no Capítulo I, artigo 3º, alínea l) - Princípios organizativos – “Contribuir para desenvolver o espírito e a prática democráticos, através da adopção de estruturas e processos participativos na definição da política educativa, na administração 61 e gestão do sistema escolar e na experiência pedagógica quotidiana, em que se integram todos os intervenientes no processo educativo, em especial os alunos, os docentes e as famílias” e no Capítulo II, artigo 7º, alíneas: “h) Proporcionar aos alunos experiências que favoreçam a sua maturidade cívica e sócio-afectiva, criando neles atitudes e hábitos positivos de relação e cooperação, quer no plano dos seus vínculos de família, quer no da intervenção consciente e responsável na realidade circundante” e “m) Participar no processo de informação e orientação educacionais em colaboração com as famílias”. Não temos a pretensão de explorar a relação escola-família, pois estaríamos a desviar da nossa problemática. No entanto, gostaríamos de manifestar a nossa reflexão a este nível, uma vez que a cultura dos professores e o trabalho desenvolvido em prol dos alunos, pode ser em muito influenciado pela relação escola-família. A articulação de todos os actores pode ser muito gratificante e benéfica. 3.3 Participação dos professores 3.3.1 As funções dos professores implicam participação No que concerne às actividades dos professores na escola, entendemos pertinente uma apresentação global do trabalho efectivo, que os professores desempenham. Com efeito, todo o trabalho docente pressupõe inúmeras interacções com os diversos actores educativos. TEIXEIRA considera a existência de uma multiplicidade de funções dos professores referindo, inclusivamente, que os mesmos são uns dos muitos actores do processo educativo, sendo a profissão docente baseada nas relações. Assim, centrando-se na perspectiva da relação, admite as seguintes funções: 62 função de relação, ligada ao facto de o professor ser uma pessoa que, como tal, deve dar a atenção a si próprio; função de promoção face aos seus alunos, que deve instruir e educar,; função de cooperação com os outros professores; função de complementaridade face aos pais dos alunos; função de descoberta do papel a partilhar com os demais trabalhadores da educação; função de extensão face à comunidade envolvente da escola (1995, pp.109123). A análise das funções dos professores apresentadas implicam inúmeras interacções dos docentes o que contribui para que o trabalho diário na escola seja muito intenso e abrangente. Os professores têm que gerir múltiplas situações decorrentes das relações que estabelecem. Na “função de descoberta do papel a partilhar com os demais trabalhadores da educação” pode vislumbrar-se um caminho ainda novo e por descobrir. Será que devemos olhar para os assistentes operacionais nas escolas, como elementos de grande importância, não apenas nas funções que desempenham, sobretudo nas relações que estes estabelecem com os outros actores educativos? Como poderão os professores aliar-se a estes actores de modo a considerá-los elementos de maior apoio? A última função dos professores enunciada por TEIXEIRA, “função de extensão face à comunidade envolvente da escola”, tem eco nas alterações ao nível de legislação decorrentes, particularmente do Decreto-Lei nº 75/2008 de 22 de Abril que podem abrir um novo caminho, pois a comunidade está efectivamente representada na Escola, através do Conselho Geral. 63 Com efeito, o trabalho desenvolvido pelos professores engloba inúmeras funções que, o tornam altamente exigente e complexo. NIAS destaca a emocionalidade que se encontra associada ao trabalho dos professores, pois é intensa e pode conduzir “(…) a sentimentos agudos de culpa, zanga, doença, depressão e esgotamento” (o.c., pp. 177179). Mas também pode, segundo TEIXEIRA, ser uma “profissão apaixonante”, enquanto espaço de realização, de desafio e de felicidade (2001, pp. 201-207). Os professores constituem um grupo distinto no grupo social mais vasto que é o da escola. Na realidade, a escola constitui-se como um palco de interacção de vários grupos: professores, alunos, funcionários, encarregados de educação e outros agentes sócioculturais da comunidade… Cada um destes actores, enquanto grupo, pode agir como um sistema social movido por uma cultura negociada e consensualizada ou comportar-se como mosaico composto de azulejos dissonantes sem uma referência comum de acção, isto é, o tipo de participação de cada um dos actores educativos pode revestir formas muito diferentes em função dos objectivos que norteiam essa participação. O sentimento de pertença à escola como comunidade educativa interiorizado pelo actor educativo – singular e grupal – determinará a sua atitude subjectiva e tipo de participação, fazendo ou não da escola “(…) um espaço partilhado por um conjunto de actores onde cada um tem a possibilidade de expressar a sua similitude e a sua diferença, nas normas, valores, estatutos e papéis são adquiridos, construídos, re-construídos ou desempenhados”. (BORGES, o.c., p. 159). 3.4 A participação e a implicação dos professores Relativamente à participação dos actores educativos cada indivíduo expressa determinada modalidade de participação de acordo com o grau de satisfação/insatisfação 64 que retira da participação e investimento na escola. Por conseguinte, as formas de participação variam de acordo com as diferentes situações a que o actor se confronta dentro da organização (cfr. ALVES-PINTO, 1998, pp. 164-167 e TEIXEIRA, 1995, pp. 162-163). BAJOIT apoia-se na obra de Hirschman, que propõe três categorias: abandono – „exit‟, protesto – „voice‟ e lealdade – „loyalty‟, acrescentando a apatia – „apaty‟. Para BAJOIT, tal como para Hirschman, as formas apresentadas referem-se às reacções face ao descontentamento que analisou sob o ponto de vista económico, ou seja, o descontentamento manifestado pelos consumidores de bens e serviços, tendo, como já foi referido anteriormente, BAJOIT acrescentado uma quarta categoria, a apatia que faltava para definir os indivíduos que participam passivamente (cfr. ALVES-PINTO, 1998, pp. 164-167 e TEIXEIRA, 1995, pp. 162-163). ALVES-PINTO reporta-se à forma de estar nas organizações decorrentes da interacção e do tipo de participação que pode existir: abandono, participação divergente (que corresponde ao protesto de BAJOIT), participação convergente (que corresponde à lealdade de BAJOIT) e participação apática. Explicitamos a tipologia de ALVES-PINTO (o.c., p. 165) no esquema seguinte: Regras de Interdependência Consolidadas ou Questionadas ou reproduzidas suprimidas Participação Convergente Participação Divergente Participação Apática Abandono Conservada ou melhorada Cooperação Deteriorada ou suprimida 65 No quadro seguinte sintetizamos as diferentes formas de participação alicerçadas na análise de ALVES-PINTO: Participação Participação Convergente Divergente Apatia Abandono Os actores ao Os actores não cumprem Os actores Os actores não participarem na as regras da organização; limitam-se a participam de organização respeitam embora exista cumprir todo na acção, as suas regras, envolvimento na acção, formalmente o o que acontece implicam-se na acção, ou seja, é orientada de que lhe é imposto, em situações podendo ou não modo a distorcer os sem manifestar concordar com as objectivos da escola, uma atitudes de revolta e ruptura total várias situações, vez que os objectivos de insatisfação relativamente aos com os respeitando sempre, os pessoais se impõem e se objectivos da objectivos da objectivos da sobrepõem aos organização. organização. instituição. objectivos da escola. TEIXEIRA aplicando a teoria de BAJOIT ao modo de participação dos professores6 distingue atitudes de participação e de não participação. Os professores que participam podem fazê-lo usando uma atitude de convergência/lealdade com os objectivos da escola ou com uma atitude de divergência/protesto, porque não há compatibilização entre os objectivos pessoais e os da escola ou existem sérias divergências com o modo de organização da vida escolar. Os professores que não participam adoptam um comportamento de apatia/pragmatismo ou abandono que se traduz na ruptura da relação com a escola (o.c., p. 163). 6 Entendemos que esta tipologia de participação definida por M. TEIXEIRA pode também ser aplicada a outros actores educativos. 66 Em qualquer organização há diferentes formas de participação que os indivíduos manifestam, mas com o decorrer do tempo, podem mudar, por vários motivos, como a rotina, ou mudanças dentro da organização – liderança, leis, entre outros. Efectivamente, na actividade docente existem formas diferentes de participação, quer sejam na preparação das actividades lectivas integradas no Plano Anual de Actividades, no Projecto Educativo ou nas parcerias que a escola mantém com entidades, quer na concretização das mesmas. Por outro lado, nas reuniões, no exercício dos cargos existem igualmente diferentes tipos de participação que os professores podem apresentar. TEIXEIRA (o.c., pp. 178-189) apresenta um estudo sobre as implicações do professor na escola, apoiando-se nas seguintes vertentes: Envolvimento na programação das actividades da escola; Colaboração com os colegas na realização das tarefas escolares; Colaboração com a direcção da escola. Nesse estudo foi pedido aos professores que situassem o seu nível de envolvimento sobre uma escala de 7 posições, desde 1 (ausência de envolvimento/de colaboração) até 7 (elevado(a) envolvimento/colaboração). Assim, foi possível concluir que: A maioria dos professores inquiridos (68% dos respondentes situam o seu nível de envolvimento acima do nível médio (5, 6 e 7), contrariamente, há um número muito pequeno (9,9%) de respondentes que se situa nos níveis mais baixos (1, 2 e 3). Ainda foi possível verificar que existem diferenças consideráveis, conforme o nível de ensino, a idade e o facto de os professores desejarem permanecer ou mudar de profissão, não se registando variações significativas com o sexo dos respondentes. 67 Tendo em conta o nível de ensino, os professores do primeiro ciclo são os que afirmam ter um maior envolvimento na programação das actividades da escola, contrariamente aos do ensino secundário. Relativamente à idade os professores mais velhos declaram ter uma maior implicação na programação das actividades da escola, aumentando essa implicação com a idade dos respondentes. No que se refere à vontade de permanecer ou abandonar a profissão, o envolvimento é maior nos professores que querem continuar a exercer essa função do que os que querem abandonar. Na segunda vertente do estudo apresentado por TEIXEIRA, - colaboração com os colegas na realização das tarefas escolares, é possível concluir que: O envolvimento dos professores na programação da escola é muito elevado (45,7% dos respondentes) embora menos do que a anteriormente apresentada. Tal como na primeira vertente apresentada, o estudo é analisado ao nível das variações que ocorrem de acordo com o perfil dos respondentes. De novo não se verifica variação significativa pelo sexo. Relativamente ao nível de ensino, os professores do primeiro ciclo e do segundo são os que afirmam ter uma maior colaboração com os colegas, contrariamente aos do ensino secundário. No que se refere à idade, tal como na primeira vertente (envolvimento na programação das actividades da escola) os professores mais velhos declaram ter uma maior implicação, aumentando proporcionalmente em relação à idade dos respondentes. 68 De igual modo, na vontade de permanecer ou abandonar a profissão, a colaboração é maior nos professores que querem continuar a exercer essa função do que os que querem abandonar. Por último, na colaboração com a direcção da escola, a maioria dos respondentes afirma que colabora bastante (72,1%). No seguimento das vertentes apresentadas anteriormente, o estudo é analisado ao nível das variações que ocorrem de acordo com o perfil dos respondentes. Relativamente ao sexo dos respondentes, mais uma vez, não se registam variações significativas. Atendendo ao nível de ensino, continuam a ser os professores do primeiro ciclo os que confirmam ter uma maior colaboração com a direcção, contrariamente aos do ensino secundário. Também quanto à idade, tal como nas duas vertentes anteriores, os professores mais velhos declaram ter uma maior colaboração com a direcção, aumentando essa colaboração com a idade dos respondentes. Com resultados semelhantes aos dois itens anteriores, na vontade de permanecer ou abandonar a profissão, a colaboração com a direcção é maior entre os professores que querem continuar a exercer essa função, do que entre os que querem abandonar. Em suma, nos três itens apresentados, envolvimento na programação das actividades da escola, colaboração com os colegas na realização das tarefas escolares e colaboração com a direcção da escola, os resultados obtidos são em todos muito elevados, tendo-se mantido sempre o sentido das variações com as variáveis do perfil dos respondentes, bem como com a sua decisão de permanecer ou mudar de profissão. Neste estudo foi possível verificar que os professores mantêm com a escola uma ligação muito forte, o que contribui para um trabalho mais participativo e colaborativo, 69 com os órgãos de direcção da escola. Neste sentido, o trabalho que desenvolvem é com certeza mais profícuo e possivelmente, mais mobilizador de todos os actores7. Para HARGREAVES o empenho dos professores no desenvolvimento de uma cultura de colaboração pode assumir vertentes mais centradas nas actividades que os professores gostam de desenvolver com certos colegas, ou outras que nem sempre são analisadas sob o ponto de vista de maior proveito para todos os actores e que se tornam uma rotina. Digamos que nestas duas formas de colaboração, os professores tendem suscitar um trabalho mais orientado para a colegialidade. Assim, o autor considera que uma das estratégias para construir culturas colaborativas eficazes nas escolas passa pelo investimento em acções de colaboração associadas a tipos de liderança que possibilitem a sua promoção (1998, pp. 216-219). A construção de uma cultura de cooperação e colaboração docente depende da vontade ou desejo de se integrarem em grupos de trabalho e a concretização de acordo com o que é pretendido na escola. Dentro de todo o trabalho de cooperação docente existem constrangimentos devido às prioridades que cada um, individualmente, pode pretender com certas actividades ou ainda durante o desenvolvimento das tarefas que se pretende levar a cabo (THURLER, 2001, p.76-77). THURLER, para além dos tipos de cultura propostos por HARGREAVES, apresenta uma perspectiva sobre do funcionamento da cooperação docente, como uma “grande família”, em que cada professor comunica o que sente, cansaço, desilusão, alegria, e ouve dos seus colegas uma palavra de apoio, por vezes de incentivo e até de elogio. (cfr. o.c., p. 77). 7 Note-se que o estudo foi realizado em 1990 o que não garante, de nenhum modo, a sua actualidade. 70 No nosso entender, a partilha que caracteriza a cultura de cada escola e a relação entre os diversos actores educativos, são mais benéficas e completas, quanto maior for a entrega e partilha de todos. Nas nossas escolas falta ainda muito caminho para percorrer numa direcção que aponte valores comuns e partilha verdadeira. O processo de ensino poderia traduzir-se na relação entre: educação – comunidade, a essência do que deveria fazer parte no processo de ensino/aprendizagem. J. R. DIAS refere que “Se o processo de ensino consistir em mera transmissão de conhecimentos em ensinar é bom (…) visar a capacidade intelectual é melhor (…) para além de tudo isso, tiver em conta a preocupação pelo „desenvolvimento da pessoa humana‟ (…) ensinar é óptimo (…)” (2009, p. 38). No “desenvolvimento da pessoa humana”, o autor refere a Declaração Universal dos Direitos do Homem, no artigo 26º 2. Com as alterações do Decreto-Lei nº75/2008 de 22 de Abril o Projecto Educativo de Escola e o Plano Anual de Actividades obtiveram uma maior relevância no âmago da Escola. Porém, se a liderança não preconizar a essência dos projectos que se desenvolvem nas escolas, orientados para um trabalho efectivo de cooperação e partilha, então, teremos apenas folhas de papel que todos fingem que são importantes. 71 Conclusão A primeira parte desta dissertação articula-se à volta dos conceitos de liderança, comunicação, cultura profissional dos professores e participação docente nas escolas. Na exposição e análise destes conceitos tivemos em conta as abordagens de diferentes autores. Procurámos, sempre que possível, fundamentar as nossas orientações e opiniões nos autores que apresentámos. Tivemos em conta a alteração do modelo de gestão introduzida pelo Decreto-Lei nº 75/ 2009, comparando alguns dos seus aspectos aos do modelo anterior. Entendemos pertinente, a análise do conceito de liderança, fazendo referência aos grupos nas organizações, ao poder, à autoridade e à influência, aos tipos e fontes de poder nas organizações, e ainda à noção de visão e delegação de poderes. Em seguida, analisámos a liderança situacional, a liderança autocrática, liberal e democrática, a autoliderança, associada ao poder por detrás da delegação de poderes, e os traços mais salientes das lideranças: transaccional, transformacional e carismática. Fizemos ainda referência à mudança nas organizações e relevámos a perspectiva de GOLLEMAN sobre a inteligência e os tipos de liderança emocional. No que concerne à comunicação, o nosso segundo conceito em estudo, concluímos que a clareza da mensagem, o feedback ou retroacção, a correcção de eventuais erros no canal ou até a existência de ruído e a verdade associada à legitimidade na essência da comunicação contribuem para a eficácia do processo comunicacional. Salientámos que a comunicação humana se reveste de tal complexidade, que os interlocutores na relação que mantêm, podem ter diferentes respostas, como através de alguns dos estudos da Escola de Palo Alto. 72 Analisando, ainda, os estilos comunicacionais de REGO, pudemos concluir que o estilo assertivo é o que mais pode contribuir para uma comunicação eficaz, em qualquer organização. No que concerne à cultura profissional dos professores, começámos por abordar a problemática geral da cultura das organizações, através da qual, passámos ao estudo da cultura da escola que articulámos com a cultura profissional docente que, particularmente nos interessava. Para o estudo desta cultura servimo-nos de um estudo de THURLER que dá continuidade e, de algum modo, completa os estudos de HARGREAVES. Relativamente à cultura das organizações, socorremo-nos das definições de vários autores que procurámos, na medida do possível, integrar em duas grandes correntes da teoria organizacional: a teoria funcionalista, para quem a cultura é uma realidade homogénea, e a teoria crítica, que aborda a cultura como realidade heterogénea e com clivagens. Posteriormente, analisámos vantagens e perigos na cultura de empresa, a mudança de cultura e os efeitos da cultura, estes últimos, através das perspectivas já citadas. Ao abordar a cultura de escola interrogamo-nos se esta seria uma cultura de participação e de cooperação, pergunta a que procuraremos dar resposta na II parte deste trabalho. Finalmente referimo-nos aos tipos de participação dos professores na escola. Nesta abordagem fizemos referência a um estudo efectuado por TEXEIRA junto dos professores. Foi possível entender que nas escolas, existem mecanismos que possibilitam uma maior participação, formas de agir e actuar que se definem, tendo em vista a construção e reconstrução da escola. Entendemos que nos projectos da escola, como o Projecto 73 Educativo e o Plano Anual de Actividades da Escola existem inúmeras possibilidades de fomentar o trabalho colaborativo e sobretudo uma maior implicação de todos para uma cultura de escola efectiva. Na segunda parte desta dissertação apresentámos os resultados da nossa investigação, fundamentados na análise teórica apresentada na primeira parte. 74 PARTE II – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO 75 Introdução A escola e a sociedade encontram-se numa fase de grande mudança. As interacções diárias nas escolas, entre os diversos actores educativos, reflectem um modo de estar na escola diferente. Com as alterações ao nível do novo modelo de gestão (Decreto-Lei n.º 75/2008 de 22 de Abril) o poder executivo da escola deixa de ser um poder colegial, para passar a estar centrado numa só pessoa, o Director. As chefias intermédias, nomeadamente os coordenadores de departamento constituem uma extensão deste poder, em termos de orientação de recursos humanos e avaliação dos mesmos. Assim, as alterações na organização das escolas suscitaram mudanças nessas interacções, nomeadamente, no novo cargo – Director e no novo modo de escolha dos coordenadores. O que quisemos saber Procurámos compreender o modo como o Director actua na Escola, ao nível da liderança que exerce sobre os professores e da comunicação que estabelece com os mesmos; preocupação idêntica tivemos no que se refere aos Coordenadores de Departamento ou de Escola. Procurámos, ainda, analisar o tipo de cultura profissional dos professores e a sua participação na escola. Nesta segunda parte, começaremos por explicitar a metodologia utilizada, com particular referência ao instrumento de recolha de dados que construímos, evidenciando os cuidados que tivemos na construção das perguntas, ao tipo de análises que realizámos às respostas obtidas, e com a amostra do estudo que apresentaremos, caracterizada através da idade, do género, da situação profissional e do nível de ensino. 76 1 Metodologia utilizada Seguindo o percurso de investigação que nos é proposto por QUIVY e CAMPENHOUDT, (1992, pp. 22 ss), depois de definirmos o questionamento de partida, alicerçámos o nosso estudo numa fundamentação teórica, explicitada na primeira parte desta dissertação. Utilizámos como Instrumento de Recolha de Dados o questionário, na medida em que pretendíamos obter e tratar um elevado número de respostas e procedemos posteriormente à sua análise através de métodos quantitativos descritivos (frequências e, em alguns casos, determinação da moda, média e mediana, estas últimas, apenas para a descrição pela idade) e inferenciais, para o que utilizámos o teste de 2, que permite o estudo de variações significativas entre conceitos. Tivemos em conta que em Ciências Sociais só se admite que uma variação é significativa quando a probabilidade de erro é inferior ou igual a 0,05. Para analisar estatisticamente os resultados socorremo-nos das ferramentas de análise estatística do ISET. 1.1 O Instrumento de Recolha de Dados Como já referimos registam-se quatro variações significativas com a idade referindo-se às opiniões sobre a utilização dos estilos dirigista, visionário, conselheiro e relacional. Na construção das perguntas utilizámos tipologias que emergem das leituras que realizámos. Assim: 77 - as questões referentes à liderança basearam-se nos estilos de liderança propostos por GOLLEMAN et all e, ainda, por LEWIN; - as questões sobre a comunicação fundamentaram-se nos estilos comunicacionais de A. REGO e na abordagem da Escola de Palo Alto; - as questões referentes à cultura profissional dos professores reportam-se à tipologia de HARGREAVES; - a participação dos professores na escola e nas reuniões, seguiu uma tipologia de ALVES-PINTO. 1.2 A amostra do nosso estudo A nossa amostra foi constituída por Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico (1º, 2º e 3º ciclos) e Secundário, num total de 623 inquiridos. Os nossos respondentes leccionavam em escolas da Zona Norte e Centro, tendo o nosso inquérito sido realizado durante os meses de Fevereiro e Março de 2010. De seguida apresentaremos a amostra segundo a idade, o género, o sector de ensino e a situação profissional. Refira-se que nas escolas em que o nosso questionário foi distribuído, predominam os Directores que na anterior legislação eram Presidentes do Conselho Executivo. 78 1.2.1 Por Idade A idade dos nossos respondentes varia entre os 23 e os 63 anos de idade. A distribuição completa das idades é apresentada no histograma seguinte: Gráfico 1: Histograma das Idades dos respondentes 63 anos 62 anos 61 anos 60 anos 59 anos 58 anos 57 anos 56 anos 55 anos 54 anos 53 anos 52 anos 51 anos 50 anos 49 anos 48 anos 47 anos 46 anos 45 anos 44 anos 43 anos 42 anos 41 anos 40 anos 39 anos 38 anos 37 anos 36 anos 35 anos 34 anos 33 anos 32 anos 31 anos 30 anos 29 anos 28 anos 27 anos 26 anos 25 anos 24 anos 23 anos 0,0% 1,0% Moda = 36 anos 2,0% 3,0% Média = 41,51 4,0% 5,0% Mediana = 41 6,0% 7,0% 79 1.2.2 Por Género No que se refere ao género, os nossos respondentes são na sua maioria mulheres, tal como pode verifica-se no quadro e gráfico seguintes: Quadro 1: Distribuição da amostra segundo o Género Género Masculino Feminino Totais Moda = feminino N % 171 451 623 27,4% 72,4% 100% Gráfico 2: Distribuição da amostra segundo o Género 27,5% 72,5 % 1.2.3 Por Situação Profissional Tal como podemos verificar no quadro e gráfico seguintes a maioria dos nossos inquiridos pertence ao Quadro de Escola/Agrupamento. 80 Quadro 2: Distribuição da amostra segundo a Situação Profissional Situação Profissional Quadro de Escola / Agrupamento Quadro de Zona Pedagógica Contratado Totais N 395 70 155 623 % 63,4% 11,2% 24,9% 100,0% Gráfico 3: Distribuição da amostra segundo a Situação Profissional 1.2.4 Por Nível de Ensino Como o quadro seguinte permite verificar a maior parte dos respondentes da nossa amostra lecciona no 2º Ciclo do Ensino Básico. Quadro 3: Distribuição da amostra segundo o Nível de Ensino Nível de Ensino Pré-Escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 3º Ciclo e Secundário Totais N 30 160 189 86 60 623 % 4,8% 25,7% 30,3% 13,8% 9,6% 100,0% 81 Explicitando graficamente estes resultados obtemos o seguinte. Gráfico 4: Distribuição da amostra por Nível de Ensino 2 Liderança do Director na Escola Toda a organização pressupõe a existência de pessoas que a orientam e organizam em função de determinados valores, visões e objectivos. Efectivamente a liderança assume um papel fundamental em qualquer organização. Nas escolas, como em qualquer organização, o modo como se exerce a liderança tem repercussões sobre todos os actores educativos. Com a alteração legislativa a que já nos referimos e que põe na cúpula um órgão uninominal – o director – atribuindo-lhe poderes vários, designadamente o de escolher os coordenadores de escola e de departamento, procurámos conhecer a opinião dos professores sobre os estilos de liderança presentes na escola. Analisámos os estilos de liderança mais utilizados pelo Director a partir da tipologia de GOLEMAN et all sobre que nos debruçámos na primeira parte desta 82 dissertação, fazendo corresponder a cada um dos tipos de liderança um indicador, como se explicita no quadro seguinte: VISIONÁRIO O(A) Director(a) tenta dinamizar os colegas para as propostas em que acredita. CONSELHEIRO O(A) Director(a) encoraja os professores ajudando a que cada um encontre a melhor maneira de fazer as coisas. RELACIONAL O(A) Director(a) procura ter uma boa relação com os professores e criar bom ambiente entre eles. DEMOCRÁTICO O(A) Director(a) valoriza o contributo de todos e obtém o empenho dos professores através da participação. PRESSIONADOR O(A) Director(a) é muito exigente não só com os outros, mas também com ele(a) próprio(a). DIRIGISTA O(A) Director(a) acha que quem não concorda com ele(a) está contra ele(a). 2.1 Frequência das respostas – Indicadores Parcelares Procurámos saber os estilos de liderança que o Director mais utiliza através dos indicadores parcelares já referidos. O quadro seguinte apresenta-nos as respostas que obtivemos. Quadro 4: Frequências das respostas – Indicadores Parcelares Pensando no(a) seu(sua) Director(a) qual destas afirmações traduz melhor a forma como intervém, junto dos professores… VISIONÁRIO CONSELHEIRO RELACIONAL DEMOCRÁTICO PRESSIONADOR DIRIGISTA N % N % N % N % N % N % Discordo Totalmente Discordo 18 2,9% 9 1,4% 12 1,9% 13 2,1% 9 1,4% 118 18,9% 34 5,5% 60 9,6% 34 5,5% 61 9,8% 66 10,6% 241 38,7% Não Concordo Nem Discordo Concordo Concordo Totalmente 153 24,6% 207 33,2% 135 21,7% 133 21,3% 250 40,1% 172 27,6% 302 48,5% 259 41,6% 275 44,1% 322 51,7% 233 37,4% 49 7,9% 91 14,6% 67 10,8% 151 24,2% 74 11,9% 48 7,7% 20 3,2% 83 Analisando a distribuição das respostas verificamos que a maioria dos professores assume que o Director usa uma liderança relacional (68,3%). Já o estilo dirigista é o que parece menos utilizado, segundo os nossos inquiridos (57,6%). Os valores que apresentamos correspondem ao somatório das percentagens obtidas nas respostas de concordância e concordância total ou discordância e discordância total. 2.2 Variações de opinião sobre os estilos de Liderança do Director com o perfil dos respondentes Em seguida analisámos as variações da Liderança do Director com o perfil dos respondentes que é possível observar no quadro seguinte: Quadro 5: Variações da Liderança do Director com o perfil dos respondentes Liderança do Director VISIONÁRIO CONSELHEIRO RELACIONAL DEMOCRÁTICO PRESSIONADOR DIRIGISTA Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Idade Género Situação Profissional Nível de Ensino 4 13,45 0,01 4 7,80 0,10 4 5,83 0,21 4 3,91 0,42 4 4,24 0,37 4 5,83 0,21 2 1,06 0,59 2 3,39 0,18 2 1,15 0,56 2 0,30 0,86 2 2,83 0,24 2 0,05 0,98 4 11,35 0,02 4 1,13 0,89 4 16,70 0,00 4 8,33 0,08 4 2,90 0,57 4 4,94 0,29 4 7,90 0,10 4 24,28 0,00 4 37,69 0,00 4 39,51 0,00 4 3,48 0,48 4 6,44 0,17 84 O quadro anterior permite-nos concluir que, dos estilos de liderança utilizados pelo Director, apenas, o estilo visionário apresenta variações significativas com a idade dos respondentes. Os estilos de liderança relacional e visionário variam significativamente com a Situação Profissional. Quando considerámos o ”Nível de Ensino” registam-se variações significativas relativamente aos estilos democrático, relacional e conselheiro. Não se regista nenhuma variação significativa com o género. De seguida analisaremos o sentido das variações significativas. 2.2.1 Variação por Idade Como o quadro seguinte permite verificar a opinião dos professores relativamente à utilização do estilo Visionário pelo Director é sempre maioritária em todas as faixas etárias e cresce à medida que aumenta a idade dos respondentes. Quadro 6: Variação por Idade - Estilo Visionário Idade Liderança - Director VISIONÁRIO Discordância [1,2] Pouca Concordância [3,3] Concordância [4,5] [23,35] 17 10% 60 34% 101 57% 178 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 13,45 [36,49] [50,63] TOTAL 21 14 52 08% 09% 09% 63 27 150 25% 17% 25% 169 118 388 67% 74% 66% 253 159 590 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 2.2.2 Variação por Situação Profissional Como já referimos registam-se duas variações significativas com a situação profissional referindo-se às opiniões sobre a utilização dos estilos visionário e relacional. 85 Começaremos por analisar a variação do estilo visionário pela situação profissional: Quadro 7: Variação por Situação Profissional – Director – Estilo Visionário Situação Profissional Q. E./A. Q.Z.P. Contr. TOTAL Liderança - Director VISIONÁRIO Discordância 33 5 13 52 [1,2] 09% 08% 09% 09% Pouca Concordância 81 20 52 150 [3,3] 21% 31% 35% 25% Concordância 266 40 85 388 [4,5] 70% 62% 57% 66% 178 253 159 590 TOTAL 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 11,35 Probabilidade Observada = 0,02 Pela observação dos dados do quadro podemos concluir que a opinião dos professores relativamente à utilização do estilo Visionário pelo Director é sempre maioritária em todos os níveis profissionais e decresce à medida que o vínculo é menor (Professores contratados). Constatámos que esta variação é congruente com a variação encontrada com a idade. Analisemos, agora, a variação do estilo relacional com a situação profissional. Quadro 8: Variação por Situação Profissional – Director – Estilo Relacional Situação Profissional Q. E./A. Q.Z.P. Contr. TOTAL Liderança - Director RELACIONAL Discordância 20 13 12 52 [1,2] 05% 19% 08% 09% Pouca Concordância 91 13 31 150 [3,3] 24% 19% 21% 25% Concordância 275 42 107 388 [4,5] 71% 62% 71% 66% 386 68 150 604 TOTAL 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 16,70 Probabilidade Observada = 0,00 86 De novo se verifica que a maioria dos respondentes assume que o director usa o estilo relacional; são, contudo os docentes dos Quadros de Zona Pedagógica quem tem uma opinião menos favorável. 2.2.3 Variações por Nível de Ensino Como já referimos registaram-se variações significativas com o nível de ensino relativamente aos estilos relacional, democrático e conselheiro. No quadro seguinte apresentámos as variações estilo Relacional do Director segundo o Nível de Ensino. Quadro 9: Variação por Nível de Ensino – Director – Estilo Relacional Nível de Ensino Pré-Esc. Liderança - Director RELACIONAL e 1º Ciclo Discordância 20 [1,2] 11% Pouca Concordância 66 [3,3] 36% Concordância 98 [4,5] 53% 184 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 37,69 3º Ciclo e TOTAL Sec. 14 12 46 08% 05% 08% 29 39 134 16% 17% 22% 143 183 424 77% 78% 70% 186 234 604 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 2º Ciclo Perante a análise do quadro anterior verificámos que são os professores do PréEscolar e do 1º ciclo que têm uma opinião menos favorável ainda que mantendo-se a situação de em todos os níveis de ensino existir uma maioria que considera que o director utiliza um estilo relacional Analisando, agora, as variações relativamente ao estilo democrático verifica-se, de novo, que a opinião mais desfavorável pertence aos educadores e professores do 1º ciclo mas neste caso as opiniões favoráveis destes profissionais não atinge os 50%, como pode verificar-se no quadro seguinte: 87 Quadro 10: Variação por Nível de Ensino – Director – Estilo Democrático Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo e 2º Ciclo TOTAL Sec. Liderança - Director DEMOCRÁTICO e 1º Ciclo Discordância 38 13 23 74 [1,2] 21% 07% 10% 12% Pouca Concordância 58 34 40 132 [3,3] 32% 18% 17% 22% Concordância 88 138 168 394 [4,5] 48% 75% 73% 66% 184 185 231 600 TOTAL 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 39,51 Probabilidade Observada = 0,00 Como já referimos registam-se quatro variações significativas com a idade referindo-se às opiniões sobre a utilização dos estilos dirigista, visionário, conselheiro e relacional. Quadro 11: Variação por Nível de Ensino – Director – Estilo Conselheiro Nível de Ensino Pré-Esc. Liderança - Director CONSELHEIRO e 1º Ciclo Discordância 31 [1,2] 17% Pouca Concordância 77 [3,3] 43% Concordância 73 [4,5] 40% 181 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 24,28 3º Ciclo e TOTAL Sec. 16 22 69 09% 10% 12% 50 79 206 27% 34% 34% 121 130 324 65% 56% 54% 187 231 599 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 2º Ciclo Verificámos que são, de novo, professores do Ensino Pré-Escolar e 1º Ciclo os que menos concordam que o Director utilize o estilo conselheiro; os professores do 2º Ciclo são os que mais consideram que o director utiliza este estilo. Note-se que as opiniões assumidas pelos Educadores e os professores do 1º ciclo, no que se refere aos estilos democrático, relacional e conselheiro podem estar ligadas à grande mudança que ocorreu no modelo de administração das escolas, já a partir da legislação de 1998, que lhes retirou as margens de autonomia de que usufruíam 88 nomeadamente ao nível do Conselho Escolar. Por outro lado, a reorganização do sistema em agrupamentos de escola afastou os professores, mesmo fisicamente, do director que está normalmente numa escola diferente da sua o que justifica maior distanciamento e decisões tomadas à distância e sem participação directa dos professores não sendo, provavelmente, consideradas as suas opiniões ao nível do agrupamento, mesmo existindo um Coordenador de Escola. 3 Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola No ponto anterior analisamos os estilos de liderança de GOLEMAN et all, no que concerne ao Director. Neste, vamos analisar os estilos de liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola tendo em conta os mesmos estilos de liderança apresentados nesse ponto. Tal como já referimos no ponto anterior, com o novo modelo de gestão o poder executivo da escola transfere-se de um poder colegial, para estar centrado numa só pessoa, o Director. As chefias intermédias, nomeadamente os Coordenadores de Departamento e de Escola constituem uma extensão deste poder, em termos de orientação de recursos humanos e avaliação dos mesmos. Assim, analisámos os estilos de liderança mais utilizados pelos Coordenadores de Departamento e de Escola, a partir da tipologia de GOLEMAN et all já referida. No quadro seguinte explicitámos, em consonância com a primeira parte desta dissertação, a tipologia referida anteriormente, fazendo corresponder a cada um dos estilos de liderança um indicador, como se pode verificar: 89 VISIONÁRIO CONSELHEIRO RELACIONAL DEMOCRÁTICO PRESSIONADOR DIRIGISTA O(A) Coordenador(a) procura dinamizar os colegas para as propostas em que acredita. O(A) Coordenador(a) estimula os professores apoiando cada um de modo a ajudar a atingir os objectivos pretendidos. O(A) Coordenador(a) procura ter uma boa relação com os professores e estimula um bom relacionamento entre todos. O(A) Coordenador(a) ouve todos os professores e procura obter o seu empenho nas actividades. O(A) Coordenador(a) exige tanto de si como dos colegas do Departamento. O(A) Coordenador(a) impõe que os professores façam o que ele entende e não está aberto a sugestões dos colegas. 3.1 Frequência das respostas – Indicadores Parcelares Procurámos saber os estilos de liderança que o Coordenador de Departamento ou de Escola mais utiliza através dos indicadores que apresentámos no quadro seguinte, conjuntamente com a frequência desses estilos. Quadro 12: Frequências das respostas – Indicadores Parcelares Pense no(a) seu(sua) Não Coordenador(a) de Departamento Discordo ou de Escola quanto à forma como Totalmente Discordo Concordo Nem Concordo Concordo Totalmente Discordo intervém junto dos professores… N 18 23 108 347 119 % 2,9% 3,7% 17,3% 55,7% 19,1% N 17 40 147 302 111 % 2,7% 6,4% 23,6% 48,5% 17,8% N 6 15 78 295 222 % 1,0% 2,4% 12,5% 47,4% 35,6% N 12 36 80 314 176 % 1,9% 5,8% 12,8% 50,4% 28,3% N 14 35 155 281 127 % 2,3% 5,7% 25,3% 45,9% 20,8% N 266 209 90 33 16 % 42,7% 33,5% 14,4% 5,3% 2,6% VSIONÁRIO CONSELHEIRO RELACIONAL DEMOCRÁTICO PRESSIONADOR DIRIGISTA 90 Analisando a distribuição das respostas verificámos que a maioria dos professores afirma que o Coordenador de Departamento ou de Escola recorre ao estilo relacional (83%), sendo o estilo dirigista o mais rejeitado como estilo de liderança utilizado pelo coordenador. Os valores que apresentamos na nossa análise são o somatório das percentagens obtidas na concordância e na concordância total dos inquiridos. O estilo pressionador obteve uma concordância de 66,7%, que pode estar relacionada com a exigência que o Coordenador exerce sobre os professores na entrega atempada de toda a documentação necessária. Se compararmos os estilos de liderança mais assumidos pelo director (quadro 4) com os que se reportam aos estilos a que o Coordenador de Departamento ou de Escola (quadro 12) mais recorre verificámos que são os mesmos, correspondendo a estilos que geram ressonância – relaciona democrático, visionário e conselheiro; todavia, os valores obtidos são maiores em todos os estilos de liderança, no que concerne ao Coordenador. Note-se uma diferença expressiva no que concerne à utilização do estilo pressionador Uma das razões para a obtenção destes resultados pode estar relacionada com o maior conhecimento e proximidade que os professores têm do seu Coordenador de Departamento ou de Escola, do que a que têm com o Director. Embora, como já referimos anteriormente, na caracterização da nossa amostra, a maioria dos Directores das escolas, em que o nosso questionário foi distribuído, estavam na direcção dessas escolas como Presidentes do Conselho Executivo. 91 3.2 Variação de opinião sobre os estilos de Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola com o perfil dos respondentes No quadro seguinte apresentámos as variações da Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola com o perfil dos respondentes. Quadro 13: Variações da Liderança do Coordenador de Departamento/Escola com o perfil dos respondentes Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola VISIONÁRIO CONSELHEIRO RELACIONAL8 DEMOCRÁTICO PRESSIONADOR DIRIGISTA Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. 2 (Ob.) Prob. Ob. Idade Género Situação Profissional Nível de Ensino 4 12,29 0,02 4 12,64 0,01 4 15,88 0,00 4 4,29 0,37 4 2,24 0,69 4 13,13 0,01 2 2,47 0,29 2 5,51 0,06 2 2,73 0,26 2 0,69 0,71 2 0,30 0,86 2 9,69 0,01 4 6,40 0,17 4 1,44 0,84 4 6,81 0,15 4 2,42 0,66 4 0,68 0,95 4 2,90 0,57 4 14,15 0,01 4 13,92 0,01 4 26,43 0,00 4 27,11 0,00 4 19,18 0,00 4 6,25 0,18 O quadro anterior permite-nos concluir que: 1) relativamente à variação com a idade a maioria dos estilos de liderança apresentam variações significativas, excepto os estilos democrático e pressionador; 2) só o estilo dirigista varia com o género; 3) não se regista nenhuma variação significativa com a situação profissional e 4) todos os estilos de liderança apresentam variações com o nível de ensino, excepto o dirigista. 8 O intervalo utilizado é diferente dos restantes estilos de liderança apresentados. 92 3.2.1 Variação por Idade Como já referimos registam-se quatro variações significativas com a idade referindo-se às opiniões sobre a utilização dos estilos, visionário, conselheiro, relacional e dirigista. Analisemos, a variação do estilo visionário com a idade. Quadro 14: Variação por Idade – Coordenador de Departamento/Escola – Estilo Visionário Idade Liderança - Coordenador de Escola ou Departamento - VISIONÁRIO Discordância [1,2] Pouca Concordância [3,3] Concordância [4,5] TOTAL Graus de liberdade = 4 [23,35] 21 12% 33 18% 127 70% 181 100% 2 observado = 12,29 [36,49] [50,63] TOTAL 11 9 41 04% 06% 07% 52 23 108 20% 14% 18% 200 131 458 76% 80% 75% 263 163 607 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,02 Verificámos pelos dados do quadro que a opinião dos professores relativamente à utilização do estilo Visionário pelo Coordenador de Departamento ou de Escola é sempre maioritariamente concordante em todas as faixas etárias e cresce à medida que aumenta a idade dos respondentes, contrariamente ao que observamos anteriormente no estilo Dirigista. De seguida, analisámos a variação do estilo conselheiro com a idade. Quadro 15: Variação por Idade - Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Conselheiro Idade Liderança - Coordenador de Escola ou Departamento - CONSELHEIRO Discordância [1,2] Pouca Concordância [3,3] Concordância [4,5] TOTAL Graus de liberdade = 4 [23,35] [36,49] [50,63] TOTAL 23 16 18 57 13% 06% 11% 09% 53 55 38 146 29% 21% 23% 24% 105 193 108 406 58% 73% 66% 67% 181 264 164 609 100% 100% 100% 100% 2 observado = 12,64 Probabilidade Observada = 0,01 93 Pela análise do quadro anterior verificámos que a opinião dos professores relativamente à utilização do estilo Conselheiro pelo Coordenador de Departamento é maioritariamente assumida em todas as faixas etárias, sendo maior entre os professores com idades compreendidas entre os 36 e os 49 anos de idade (intermédias). Analisemos, agora, a variação do estilo relacional com a idade. Quadro 16: Variação por Idade – Coordenador de Departamento/Escola – Estilo Relacional Idade Liderança - Coordenador de Departamento ou de Escola - RELACIONAL Discordância [1,2] Pouca Concordância [3,3] Concordância [4,5] TOTAL Graus de liberdade = 4 [23,35] 2 observado = 15,88 43 24% 89 49% 49 27% 181 100% [36,49] [50,63] TOTAL 34 22 99 13% 13% 16% 129 73 291 49% 44% 48% 98 71 218 38% 43% 36% 261 166 608 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 Verificámos que, a opinião dos professores relativamente à utilização do estilo Relacional pelo Coordenador de Departamento ou de Escola cresce à medida que aumenta a idade dos respondentes, todavia, sem percentagens maioritárias, em todos os intervalos de idades. Por fim, analisámos a variação do estilo dirigista com a idade: Quadro 17: Variação por Idade - Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Dirigista Idade Liderança – Coordenador de Departamento [23,35] [36,49] [50,63] TOTAL ou de Escola – DIRIGISTA Discordância 130 209 129 468 [1,2] 72% 80% 79% 77% Pouca Concordância 31 28 30 89 [3,3] 17% 11% 18% 15% Concordância 19 25 5 49 [4,5] 11% 10% 03% 08% TOTAL 180 262 164 606 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 13,13 Probabilidade Observada = 0,01 94 Pela observação dos dados do quadro anterior podemos concluir que, a opinião dos professores relativamente à utilização do estilo Dirigista pelo Coordenador de Departamento ou de Escola é sempre maioritariamente discordante em todas as faixas etárias. A concordância é escassa e diminui à medida que aumenta a idade dos professores. 3.2.2 Variação por Género Como referimos anteriormente apenas o estilo Dirigista varia com o género. No quadro seguinte podemos verificar que são as professoras quem mais assume que Coordenador de Departamento ou de Escola recorre ao estilo de liderança Dirigista. Quadro 18: Variação por Género - Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Dirigista Género Liderança - Coordenador Escola ou de Departamento - DIRIGISTA Discordância [1,2] Pouca Concordância [3,3] Concordância [4,5] TOTAL Graus de liberdade = 4 2 observado = 9,69 Masculino Feminino TOTAL 123 351 474 73% 79% 77% 36 54 90 21% 12% 15% 9 40 49 05% 09% 08% 168 445 613 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 Como referimos anteriormente, não se regista qualquer variação com situação profissional. Começámos por analisar a variação do estilo Relacional com o nível de ensino. 3.2.3 Variação por Nível de Ensino Como já referimos, com excepção do estilo Dirigista, registam-se variações significativas com o nível de ensino relativamente a todos os estilos de liderança. 95 Quadro 19: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Relacional Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo 2º Ciclo TOTAL Liderança - Coordenador de Departamento e 1º Ciclo e Sec. ou de Escola - RELACIONAL Discordância 36 34 27 97 [1,2] 19% 18% 11% 16% Pouca Concordância 109 84 100 293 [3,3] 58% 45% 42% 48% Concordância 43 70 109 222 [4,5] 23% 37% 46% 36% TOTAL 188 188 236 612 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 26,43 Probabilidade Observada = 0,00 Pela análise do quadro anterior constatámos que são os professores 3º Ciclo e Secundário os que mais assumem que o estilo de liderança do Coordenador é o relacional; a concordância dos respondentes cresce à medida que aumenta o nível de ensino. Em seguida, analisámos, a variação do estilo Visionário com o nível de ensino. Quadro 20: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Visionário Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo e 2º Ciclo TOTAL Liderança - Coordenador de Departamento e 1º Ciclo Sec. ou de Escola - VISIONÁRIO Discordância 23 8 10 41 [1,2] 12% 04% 04% 07% Pouca Concordância 36 31 39 106 [3,3] 19% 17% 17% 17% Concordância 131 146 187 464 [4,5] 69% 79% 79% 76% TOTAL 190 185 236 611 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 14,15 Probabilidade Observada = 0,01 Da análise do quadro anterior verificámos que a opinião dos professores relativamente à utilização do estilo Visionário pelo Coordenador de Escola ou de Departamento é maioritária em todos os níveis de ensino, sendo menos forte no Ensino Pré-Escolar e 1º Ciclo. Analisemos, agora, a variação do estilo Democrático com o nível de ensino. 96 Quadro 21: Variação por Nível de Ensino - Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Democrático Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo e 1º 2º Ciclo TOTAL Liderança - Coordenador de Departamento e Sec. Ciclo ou de Escola - DEMOCRÁTICO Discordância 29 10 9 48 [1,2] 15% 05% 04% 08% Pouca Concordância 31 22 25 78 [3,3] 16% 12% 11% 13% Concordância 130 155 203 488 [4,5] 68% 83% 86% 48 TOTAL 190 187 237 614 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 27,11 Probabilidade Observada = 0,00 Podemos concluir que, tal como no estilo anterior, os professores assumem maioritariamente em todos os níveis de ensino que o Coordenador recorre ao estilo Democrático; esta opinião cresce à medida que aumenta o nível de ensino. A análise da variação do estilo pressionador com o nível de ensino, também evidencia que a maioria, em todos os níveis de ensino, considera que este estilo é utilizado pelo coordenador sendo que esta opinião cresce, novamente, à medida que aumenta o nível de ensino. Quadro 22: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola - Estilo Pressionador Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo 2º Ciclo TOTAL Liderança - Coordenador de Departamento e 1º Ciclo e Sec. ou de Escola - PRESSIONADOR Discordância 21 14 14 49 [1,2] 11% 08% 06% 08% Pouca Concordância 61 51 41 153 [3,3] 32% 27% 18% 25% Concordância 107 121 178 406 [4,5] 57% 65% 76% 67% TOTAL 189 186 233 608 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 19,18 Probabilidade Observada = 0,00 97 Por fim, na análise da variação do estilo Conselheiro com o nível de ensino, podemos concluir que, ele é, de novo, maioritariamente assumido em todos os níveis de ensino, crescendo com o nível de ensino. Quadro 23: Variação por Nível de Ensino – Coordenador de Departamento/Escola – Estilo Visionário Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo 2º Ciclo TOTAL Liderança - Coordenador de Departamento e 1º Ciclo e Sec. ou de Escola - CONSELHEIRO Discordância 20 25 12 57 [1,2] 11% 13% 05% 09% Pouca Concordância 53 33 57 143 [3,3] 28% 18% 24% 23% Concordância 117 129 167 413 [4,5] 62% 69% 71% 67% TOTAL 190 187 236 613 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 13,92 Probabilidade Observada = 0,01 Em seguida, analisámos a liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões, recorrendo à tipologia de LEWIN. 4 Liderança do Coordenador de Escola ou de Departamento – segundo os estilos de LEWIN No ponto três analisámos os estilos de liderança de GOLEMAN et all, no que concerne ao Coordenador de Departamento ou de Escola. Analisaremos, agora, os estilos de liderança mais utilizados pelo Coordenador de Departamento ou de Escola a partir da tipologia de LEWIN sobre que nos debruçámos na primeira parte desta dissertação, fazendo corresponder a cada um dos tipos de liderança dois indicadores como se explicita no quadro seguinte: 98 Autocrática Toma a decisão final, independentemente da concordância de todos os professores. Os professores cumprem sempre o que o(a) coordenador(a) pretende. Liberal Democrática Os professores dão a sua opinião sabendo que o(a) coordenador(a) não se vai opor. O(a) coordenador(a) aceita habitualmente as propostas dos professores. O(a) coordenador(a) procura aproximar as opiniões e encontrar uma alternativa aceitável pela maioria. O(a) coordenador(a) encoraja a participação de todos, procurando uma decisão conjunta. 4.1 Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões – distribuição das respostas Procurámos saber os estilos de liderança que o Coordenador mais utiliza nas reuniões através dos indicadores que construímos. No quadro seguinte observámos a frequência e a percentagem obtidas e cada um dos indicadores. Quadro 24: Coordenador Departamento/Escola – Estilos de Liderança – LEWIN Nas reuniões de departamento, como reage habitualmente o(a) coordenador(a), quando os professores têm opiniões diferentes da sua? Toma a decisão final, independentemente da concordância de todos os professores. Os professores dão a sua opinião sabendo que o(a) coordenador(a) não se vai opor. Os professores cumprem sempre o que o(a) coordenador(a) pretende. O(a) coordenador(a) procura aproximar as opiniões e encontrar uma alternativa aceitável pela maioria. O(a) coordenador(a) aceita habitualmente as propostas dos professores. O(a) coordenador(a) encoraja a participação de todos, procurando uma decisão conjunta. N % 45 7,2% 48 7,7% 31 5,0% 255 40,9% 43 6,9% 184 29,5% 99 Analisando a distribuição das respostas verificámos que elas se concentram em torno de duas atitudes correspondentes à liderança democrática; “procura aproximar as opiniões e encontrar uma alternativa aceitável pela maioria” e “encoraja a participação de todos, procurando uma decisão conjunta”. 4.1.1 Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões – Recodificação das respostas No quadro seguinte apresentámos os resultados da recodificação das respostas obtidas: Quadro 25: Liderança do Coordenador de Departamento/Escola nas reuniões – Recodificação das respostas Liderança do Coordenador de Departamento ou N % Autocrática 76 12,2% Liberal 91 14,6% Democrática 439 70,5% de Escola nas reuniões Como era esperável a partir do quadro da distribuição das frequências simples, a maioria dos respondentes considera a liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões democrática. De facto, tendo em conta a análise dos estilos de liderança de GOLLEMAN at all, foi possível verificar que os estilos de liderança a que o Coordenador de Departamento ou de Escola mais recorre são o relacional (83%) e o democrático, o que evidencia a coerência das respostas que obtivemos. 100 4.1.2 Variação da Liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões com o perfil dos respondentes Pela análise dos dados do quadro podemos concluir que apenas se regista variação significativa por nível de ensino. Quadro 26: Variação da Liderança do Coordenador de Departamento/Escola nas reuniões com o perfil dos respondentes – recodificação dos três estilos de liderança Liderança do Coordenador de Situação Nível de Profissional Ensino 2 4 4 1,52 5,55 8,42 14,57 0,82 0,06 0,08 0,01 Idade Género Graus de Liberdade 4 2 (Observado) Probabilidade Observada Departamento/Escola nas reuniões 4.1.3 Variação por Nível de Ensino O quadro abaixo apresenta a variação por nível de ensino nos estilos de liderança segundo LEWIN (autocrática, liberal e democrática). Quadro 27: Variação por Nível de Ensino – recodificação dos três estilos de liderança Nível de Ensino Pré-Esc. Recodificação da Liderança do e 1º Ciclo Coordenador nas reuniões 20 Autocrática 11% 53 Liberal 28% 117 Democrática 62% TOTAL 185 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 14,57 2º Ciclo 3º Ciclo e Sec. TOTAL 25 12 76 13% 05% 13% 33 57 91 18% 24% 15% 129 167 438 69% 71% 72% 185 235 605 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 Da análise do quadro anterior podemos concluir que a opinião dos professores relativamente à utilização da liderança Democrática pelo Coordenador de Escola ou de Departamento nas reuniões é maioritária em todos os níveis de ensino, crescendo à medida que aumenta o nível de ensino. 101 Passaremos, de seguida, à análise dos resultados relativos à problemática da comunicação. 5 Comunicação do Director – estilos comunicacionais segundo REGO Ao longo do tempo a comunicação tem vindo a assumir uma importância crescente nas interacções. Nas organizações a comunicação entre os diversos membros, por um lado, facilita o relacionamento, mas pode, também, condicioná-lo. Para analisarmos a comunicação do Director junto dos professores, utilizámos os estilos comunicacionais de REGO sobre que nos debruçámos na primeira parte desta dissertação, fazendo corresponder a cada um dos tipos comunicacionais dois indicadores como se explicita no quadro seguinte: Recorre à pressão pessoal para convencer os professores quando entende. Agressivo Tem comportamentos intimidatórios, no sentido de levar por diante a sua opinião. Passivo Assertivo Faz tudo para evitar situações de conflito. Desiste com facilidade, sempre que existem situações difíceis. Defende as suas opiniões de forma clara, procurando a adesão dos colegas. Apresenta de forma construtiva os seus objectivos e opiniões. 5.1 Comunicação do Director – frequências das respostas Procurámos saber os estilos comunicacionais que o Director utiliza com mais frequência, junto dos professores, através dos indicadores que apresentámos no quadro seguinte: 102 Quadro 28: Comunicação do Director – frequências das respostas – Estilos comunicacionais de REGO Assertivo Passivo Agressivo Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Recorre à pressão pessoal para convencer os professores quando entende. Tem comportamentos intimidatórios, no sentido de levar por diante a sua opinião. Faz tudo para evitar situações de conflito. Desiste com facilidade, sempre que existem situações difíceis. Defende as suas opiniões de forma clara, procurando a adesão dos colegas. Apresenta de forma construtiva os seus objectivos e opiniões. N % N % N % N % N % N % Discordo Totalmente Discordo Não Concordo Nem Discordo Concordo Concordo Totalmente 174 184 144 81 21 28,8% 197 32,5% 12 2,0% 192 31,7% 30,5% 191 31,5% 54 8,9% 240 39,6% 23,8% 139 22,9% 157 25,9% 138 22,8% 13,4% 52 8,6% 262 43,2% 26 4,3% 3,5% 27 4,5% 121 20,0% 10 1,7% 18 3,0% 4 32 5,3% 30 159 26,2% 127 297 49,0% 330 100 16,5% 116 0,7% 4,9% 20,9% 54,4% 19,1% Da análise do quadro anterior concluímos que o estilo comunicacional mais utilizado pelo Director é o assertivo. Quando, ao nível dos estilos de liderança de GOLEMAN, verificámos que o estilo de liderança a que, segundo os nossos inquiridos, o Director mais recorre é o relacional, era esperável que a assertividade comunicacional fosse, também, a mais indicada. De facto, perante resultados tão significativos, ao nível da liderança, cremos que numa comunicação eficaz, o estilo comunicacional adequado é o assertivo. De seguida, apresentamos as frequências do indicador agregado dos três estilos comunicacionais de REGO com a seguinte ordem: assertivo, passivo e agressivo. 5.2 Estilo Assertivo: indicador agregado Como o quadro seguinte permite verificar, a distribuição das respostas encontra-se na maioria acima do ponto médio. 103 Quadro 29: Estilo comunicacional Assertivo do Director – indicador agregado Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Agregado de Assertivo N Discordância 3 3 1 4 10 5 30 6 103 7 92 8 226 9 80 Concordância 54 % 0,5% 0,2% 1,7% 5,0% 17,2% 15,4% 37,7% 13,4% 9,0% 5.3 Estilo Passivo – indicador agregado Conforme o quadro seguinte permite verificar, a distribuição das respostas, relativamente ao estilo passivo encontra-se na sua maioria abaixo do ponto médio. Quadro 30: Estilo comunicacional Passivo do Director – indicador agregado Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Agregado de Passivo N Discordância 8 3 16 4 48 5 130 6 279 7 98 8 20 Concordância 5 % 1,3% 2,6% 7,9% 21,5% 46,2% 16,2% 3,3% 0,8% Por fim, apresentámos o último estilo comunicacional agressivo. Como pode verificar-se no quadro seguinte a distribuição das respostas encontra-se na sua maioria abaixo do ponto médio. 104 5.4 Estilo Passivo – indicador agregado Quadro 31: Estilo comunicacional Agressivo do Director – indicador agregado Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Agregado de Agressivo N Discordância 140 3 68 4 117 5 79 6 98 7 35 8 43 9 3 Concordância 17 % 23,3% 11,3% 19,5% 13,2% 16,3% 5,8% 7,2% 0,5% 2,8% 5.5 Variação dos estilos comunicacionais de REGO com o perfil dos respondentes De seguida analisámos as variações dos estilos comunicacionais com o perfil dos respondentes como é possível observar no quadro seguinte: Quadro 32: Variações dos estilos comunicacionais do Director com o perfil dos respondentes Estilos comunicacionais do Director Graus Lib. Agressivo 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. Passivo 2 (Ob.) Prob. Ob. Graus Lib. Assertivo 2 (Ob.) Prob. Ob. Verificámos que, na Idade Género 4 11,42 0,02 4 7,94 0,09 4 5,69 0,22 2 2,94 0,23 2 0,07 0,96 2 0,97 0,62 perspectiva dos nossos Situação Profissional 4 15,53 0,00 4 1,91 0,75 2 0,07 0,97 respondentes, Nível de Ensino 4 4,41 0,35 4 13,69 0,01 4 7,90 0,07 dos estilos comunicacionais utilizados pelo Director, o estilo agressivo apresenta variações 105 estatisticamente significativas com a idade e com a situação profissional e as opiniões sobre o estilo passivo variam significativamente com o nível de ensino. Não se regista qualquer variação significativa do estilo comunicacional assertivo com o perfil dos respondentes. De seguida analisaremos o sentido das variações significativas. 5.5.1 Variação por Idade Como o quadro seguinte permite verificar a maioria dos professores discorda de que o estilo comunicacional do Director seja Agressivo; esta opinião cresce à medida que aumenta a idade dos respondentes. Quadro 33: Por Idade - Estilo comunicacional Agressivo do Director Idade Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Discordância [2,5] Pouca concordância [6,6] Agressivo Concordância [7,10] TOTAL Graus de liberdade = 4 [23,35] 114 64% 41 23% 24 13% 179 100% 2 observado = 11,42 [36,49] [50,63] TOTAL 166 116 396 65% 73% 67% 38 19 98 15% 12% 17% 51 23 98 20% 15% 17% 255 158 592 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,02 5.5.2 Por Situação Profissional Como já referimos regista-se uma variação com a situação profissional no que concerne às opiniões dos professores, sobre a utilização do estilo comunicacional Agressivo pelo Director com dos professores. 106 Quadro 34: Por Situação Profissional - Estilo comunicacional Agressivo Situação Profissional Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Discordância [2,5] Pouca concordância [6,6] Agressivo Concordância [7,10] TOTAL Graus de liberdade = 4 Q. E. /A. 265 70% 55 14% 60 16% 380 100% 2 observado = 15,53 Q. Z. P. Cont. TOTAL 40 97 402 58% 66% 67% 9 34 98 13% 23% 16% 20 17 97 29% 11% 16% 69 148 597 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 Pela análise do quadro anterior verificámos que a maioria dos professores discorda que o estilo comunicacional do Director seja Agressivo, sendo mais forte a discordância dos professores de Quadro de Escola ou de Agrupamento. 5.5.3 Por Nível de Ensino – Estilo comunicacional Passivo do Director Como podemos verificar no quadro seguinte, a maioria dos respondentes vê o Director como pouco ou nada passivo, sendo mais forte essa opinião entre os professores do 3º ciclo e do Ensino Secundário. Quadro 35: Por Nível de Ensino - Estilo comunicacional Passivo Nível de Ensino Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Discordância [2,5] Pouca concordância [6,6] Passivo Concordância [7,10] TOTAL Graus de liberdade = 4 Pré-Esc. e 1º Ciclo 51 28% 85 46% 48 26% 184 100% 2 observado = 13,69 2º Ciclo 3º Ciclo Sec. TOTAL 58 93 202 31% 40% 34% 85 106 276 46% 46% 46% 43 32 123 23% 14% 20% 186 231 601 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 107 No ponto seguinte analisaremos de novo a comunicação que o Director estabelece com os professores recorrendo à tipologia da Escola de Palo Alto. 6 Comunicação do Director – Escola de Palo Alto No ponto anterior analisámos o estilo comunicacional do Director segundo REGO. Neste ponto pretendemos analisar a comunicação do Director junto dos professores, segundo a tipologia da Escola de Palo Alto. Assim, no nosso estudo pretendemos analisar as interacções comunicacionais que o(s) interlocutor(es) podem estabelecer fazendo corresponder a cada hipótese um indicador, como se explicita no quadro seguinte: Ouve com atenção as opiniões dos professores e se eles o(a) Confirmação convencerem acaba por as aproveitar. Diz logo que discorda e explica porquê. Rejeição Desconfirmação Não liga e é como se ninguém lhe tivesse feito proposta nenhuma. 6.1 Comunicação do Director – frequência das respostas O quadro seguinte permite-nos analisar a distribuição das respostas: Quadro 36: Comunicação do Director – Escola de Palo Alto – frequências das respostas Se um professor ou grupo de professores apresentar uma proposta com que o(a) Director(a) não concorda à partida, como é que pensa que ele(a) reage habitualmente? Ouve com atenção as opiniões dos professores e se eles Confirmação o(a) convencerem acaba por as aproveitar. Rejeição Desconfirmação N % 406 65,2% Diz logo que discorda e explica porquê. 147 23,6% Não liga e é como se ninguém lhe tivesse feito proposta nenhuma. 53 8,5% 108 Como o quadro anterior permite verificar, a maioria dos professores assume que o Director recorre à confirmação. De novo se regista uma coerência destas respostas com as obtidas ao nível dos estilos de liderança, em que os nossos respondentes assumem como mais utilizado pelo Director o estilo Relacional. De facto é a confirmação que, ao reconhecer o outro, permite que a relação aconteça. 6.1.1 Variação da Comunicação do Director – Escola de Palo Alto com o perfil dos respondentes No quadro seguinte apresentámos as variações do tipo de comunicação do Director segundo a tipologia da Escola de Palo Alto segundo o perfil dos respondentes: Quadro 37: Variação da Comunicação do Director – Escola de Palo Alto com o perfil dos respondentes Se um professor ou grupo de professores apresentar uma proposta com que o(a) Director(a) não concorda à partida, como é que pensa que ele(a) reage habitualmente? O Nível de Ensino Idade Género Situação Profissional Graus de Liberdade 4 2 4 4 2 (Observado) 7,01 0,19 11,51 13,14 Probabilidade Observada 0,14 0,91 0,02 0,01 quadro anterior permite-nos concluir que, apenas, existe variação estatisticamente significativa com a situação profissional e com o nível de ensino. Não se regista qualquer variação significativa com a idade, nem com o género. De seguida analisaremos o sentido das variações. 6.1.2 Por Situação Profissional O quadro seguinte permite-nos verificar que a maioria dos professores assume que o Director considera as opiniões deles e tenta aceitar as propostas, provenientes de 109 qualquer situação profissional. Essa maioria é menos forte entre os professores do Quadro de Zona Pedagógica; estes professores são os que, embora minoritariamente, mais assumem a existência de uma atitude de desconfirmação. Quadro 38: Por Situação Profissional - Comunicação do Director Situação Profissional Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Q. E./A. 260 68% 98 Rejeição 26% 25 Desconfirmação 07% 383 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 11,51 Confirmação Q. Z. P. Contratado TOTAL 44 100 404 63% 67% 67% 13 36 147 19% 24% 24% 13 14 52 19% 09% 09% 70 150 603 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,02 Analisemos, agora, a variação da comunicação do Director com o nível de ensino. 6.1.3 Por Nível de Ensino – Comunicação do Director – Escola de Palo Alto Quadro 39: Por Nível de Ensino - Comunicação do Director Nível de Ensino Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… Pré-Esc. e 1º Ciclo 123 65% 55 Rejeição 29% 10 Desconfirmação 05% 188 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 13,14 Confirmação 2º Ciclo 3º Ciclo e Sec. TOTAL 120 161 404 65% 70% 67% 51 41 147 28% 18% 24% 14 28 52 08% 12% 09% 185 230 603 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 Como o quadro anterior permite verificar, a maioria dos professores de todos os níveis de ensino, assume que o Director considera as suas opiniões e tenta aceitar as 110 propostas que fazem. Essa maioria é mais forte entre os professores do 3º Ciclo e do Ensino Secundário. De seguida, analisámos ao modo como os professores analisam a comunicação que o Coordenador de Departamento ou de Escola estabelece com eles utilizando a mesma tipologia da Escola de Palo Alto. 7 Comunicação do Coordenador de Escola ou de Departamento – Escola de Palo Alto No ponto anterior analisámos a comunicação do Director com os professores, segundo a tipologia da Escola de Palo Alto; neste ponto analisaremos recorrendo à mesma tipologia, a comunicação que o Coordenador de Departamento ou de Escola utiliza na relação com os professores. Analisámos a tipologia da Escola de Palo Alto de acordo com os três tipos de respostas possíveis, como explicitamos no primeiro capítulo desta dissertação, fazendo corresponder a cada resposta, um indicador como se explicita no quadro seguinte: Confirmação Rejeição Desconfirmação O(A) Coordenador(a) de Departamento ou de Escola ouve com atenção e tenta aproveitar a sua sugestão. Face a uma proposta feita ao(à) Coordenador(a) de Departamento ou de Escola sobre qualquer tema ele(a) tende a rejeitá-la, embora explique porquê. O(A) Coordenador(a) de Departamento ou de Escola ignora a proposta apresentada. 111 7.1 Comunicação do Coordenador de Escola ou de Departamento – frequência das respostas Procurámos saber que tipo de resposta é mais frequente na relação que se estabelece entre o Coordenador de Escola ou de Departamento e os professores. O quadro abaixo apresenta a frequência das respostas: Quadro 40: Comunicação do Coordenador de Escola/Departamento – Escola de Palo Alto – frequência das respostas Quando numa reunião de departamento faz uma proposta diferente da que foi apresentada pelo(a) Coordenador(a) de Departamento ou N % 518 83,1% 78 12,5% 19 3,0% de Escola, o que acontece? Confirmação O(A) Coordenador(a) de Departamento ou de Escola ouve com atenção e tenta aproveitar a sua sugestão. Face a uma proposta feita ao(à) Coordenador(a) de Rejeição Departamento ou de Escola sobre qualquer tema ele(a) tende a rejeitá-la, embora explique porquê. Desconfirmação O(A) Coordenador(a) de Departamento ou de Escola ignora a proposta apresentada. Analisando a distribuição das respostas verificámos que a esmagadora maioria dos professores assume que o Coordenador de Escola ou de Departamento considera a opinião dos inquiridos, ouve e tenta aproveitar as sugestões dos colegas. Note-se que esses valores são superiores aos obtidos na comunicação com o Director, tal como ocorreu na comparação entre os estilos de liderança. 112 7.2 Variação da Comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola com o perfil dos respondentes De seguida analisámos as variações da comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola com o perfil dos respondentes, como podemos observar no quadro seguinte9: Quadro 41: Variação da Comunicação do Coordenador de Departamento/Escola com o perfil dos respondentes Quando numa reunião de departamento faz uma proposta diferente da que foi apresentada pelo(a) Coordenador(a) de Departamento ou de Escola, o que acontece? Graus de Liberdade Idade Género Situação Profissional Nível de Ensino 2 1 2 2 2 (Observado) 8,82 0,90 5,02 22,61 Probabilidade Observada 0,09 0,34 0,08 0,00 Pela análise do quadro anterior concluímos que, apenas, existe variação estatisticamente significativa com o nível de ensino. De seguida analisaremos o sentido desta variação. 7.2.1 Por Nível de Ensino Como podemos verificar no quadro seguinte a maioria dos professores de todos os níveis de ensino considera que o Coordenador de Departamento ou de Escola usa um estilo de confirmação na comunicação que estabelece com os professores; essa opinião aumenta à medida que se sobe no nível de ensino. 9 Não se considerou a hipótese “desconfirmação” dada a não aplicabilidade do teste de 2 a frequências tão baixas. 113 Quadro 42: Por Nível de Ensino - Comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola Nível de Ensino Quando numa reunião de departamento faz uma proposta diferente da que foi apresentada pelo(a) Coordenador(a) de Departamento ou de Escola, o que acontece? Pré-Esc. e 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo e Sec. TOTAL 142 159 214 515 78% 88% 93% 87% 41 22 15 78 Rejeição 22% 12% 07% 13% 183 181 229 593 TOTAL 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 2 2 observado = 22,61 Probabilidade Observada = 0,00 Confirmação De seguida, analisaremos a comunicação interna na Escola. 8 Comunicação interna na Escola A comunicação interna na Escola tende a assumir um papel cada vez mais importante na vida de todos os actores, quer ao nível da comunicação formal quer ao nível informal. A comunicação formal pode manifestar-se em sentidos diferentes. Aliás em toda as organizações a comunicação tende a ser cada vez mais abrangente, pois a desenvolvimento tecnológico permitiu uma comunicação actual à distância. Nos nossos dias é possível comunicar com rapidez entre todos membros de uma organização, o que facilita o acesso a uma informação actualizada. Com efeito, nas escolas o recurso ao correio electrónico e ao sítio da Escola na Internet (página na Internet, Moodle…) permite que, facilmente, os actores educativos possam estar actualizados. 114 Assim, entendemos pertinente a análise da comunicação interna nas escolas, de modo a aferirmos a evolução dos meios de comunicação. Procurámos saber como os professores tomam conhecimento da informação na sua escola, mediante as situações possíveis e a frequência de cada uma, como se explicita no quadro seguinte: Quadro 43: Frequência das respostas sobre a Comunicação interna na Escola Toma conhecimento da informação na sua escola por: N Por correio electrónico. % N Por ordem de serviço. % N Por afixação em placard. % Por publicação no sítio da Escola na Internet N (página na Internet, Moodle…) % N Em reuniões. % N Em conversa ocasional. % Nada Frequente Pouco Frequente Frequente Muito Frequente 24 3,9% 41 6,6% 48 7,7% 110 17,7% 6 1,0% 124 19,9% 74 11,9% 152 24,4% 158 25,4% 141 22,6% 93 14,9% 224 36,0% 219 35,2% 273 43,8% 239 38,4% 191 30,7% 314 50,4% 162 26,0% 289 46,4% 102 16,4% 138 22,2% 133 21,3% 171 27,4% 62 10,0% Pela análise do quadro anterior concluímos que os professores tomam conhecimento da informação interna, por vários meios de comunicação de que prevalece o correio electrónico (81%) e as reuniões (77,8%). Entendemos que, ao nível da comunidade escolar, pode ser uma mais-valia, os encarregados de educação terem acesso ao sítio da Escola na Internet, pois podem estar actualizados com relativa facilidade, pela redução de barreiras, desde a distância ou mesmo dificuldades de deslocação física. 115 9 Cultura Profissional dos Professores segundo HARGREAVES Na escola existem tipos de culturas que se podem verificar no trabalho dos professores. Para analisarmos os tipos de culturas profissionais dos professores recorremos à tipologia de HARGREAVES, como explicitamos na primeira parte desta dissertação. Analisámos a cultura dos professores, a partir de duas dimensões: a preparação do Plano Anual de Actividade e a sua concretização. Assim, começaremos pela análise das culturas profissionais dos professores a partir do modo como participam na preparação do Plano Anual de Actividades, fazendo corresponder a cada um dos tipos de cultura indicadores, como se explicita no quadro seguinte: Individualismo Colaboração Colegialidade artificial Balcanização Os professores só fazem propostas que possam executar sozinhos nas suas aulas. Os professores propõem actividades para serem realizadas em trabalho conjunto com os colegas. Os professores fazem propostas, mas só trabalham em grupo, quando têm esse tempo atribuído no seu horário Os professores só querem trabalhar com colegas com que se dêem bem. 9.1 Culturas profissionais dos professores na preparação do Plano Anual de Actividade – frequência das respostas Procurámos compreender as culturas profissionais dos professores através dos indicadores que apresentamos no quadro seguinte, conjuntamente com a frequência das repostas. 116 Quadro 44: Culturas profissionais dos professores na preparação do PAA - frequência das respostas Quando se prepara o Plano Anual de Actividades o que acontece com a maioria dos professores? Individualismo Colaboração Colegialidade artificial Balcanização Os professores só fazem propostas que possam executar sozinhos nas suas aulas. Os professores propõem actividades para serem realizadas em trabalho conjunto com os colegas. N % 15 5,7% 181 69,1% 35 13,4% 31 11,8% Os professores fazem propostas, mas só trabalham em grupo, quando têm esse tempo atribuído no seu horário Os professores só querem trabalhar com colegas com que se dêem bem. Analisando a distribuição das respostas verificámos que a maioria dos professores assume a existência de uma cultura de colaboração na preparação do Plano Anual de Actividades. 9.2 Variação da cultura profissional dos professores com o perfil dos respondentes O quadro seguinte apresenta a variação da cultura profissional dos professores com o perfil dos respondentes. Quadro 45: Variação da cultura profissional dos professores com o perfil dos respondentes Quando se prepara o Plano Anual Situação Nível de Profissional Ensino 2 4 4 1,94 1,19 5,01 20,60 0,75 0,55 0,29 0,00 Idade Género Graus de Liberdade 4 2 (Observado) Probabilidade Observada de Actividades o que acontece com a maioria dos professores? 117 Da análise do quadro anterior podemos concluir que, apenas, se regista variação significativa com o nível de ensino. 9.2.1 Variação por Nível de Ensino Como o quadro seguinte permite verificar a opinião dos professores relativamente à colaboração dos professores na preparação do Plano Anual de Actividade, é sempre maioritária em todos os níveis de ensino. Todavia, essa colaboração é menos fortemente assumida pelos professores do Ensino Pré-Escolar e 1º Ciclo. Estes assumem mais do que os outros (embora sempre minoritariamente) a existência de uma cultura de colegialidade artificial e de balcanização. Quadro 46: Por Nível de Ensino – Cultura profissional dos professores Nível de Ensino Pré-Esc. Culturas profissionais dos professores e 1º Ciclo preparação do Plano Anual de Actividades 42 Colaboração 55% 19 Colegialidade artificial 25% 16 Balcanização 21% 77 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 20,60 2º Ciclo 3º Ciclo e Sec. TOTAL 61 77 180 84% 80% 73% 5 11 35 07% 11% 14% 7 8 31 10% 08% 13% 73 96 246 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 Tal como já explicitámos no início, procurámos também conhecer os tipos de culturas presentes na concretização do Plano Anual de Actividades. 118 9.3 Culturas profissionais dos professores na concretização do Plano Anual de Actividade – frequência das respostas Procurámos conhecer as culturas profissionais dos professores na concretização do Plano Anual de Actividade através dos indicadores que apresentamos conjuntamente com frequência das respostas obtidas. Quadro 47: Culturas profissionais dos professores na concretização de partes do PAA Quando se está a concretizar partes do Plano Anual de Actividades que tem a ver com toda a escola, o que acontece frequentemente? N % Balcanização Os professores preferem dividir o trabalho e cada um trabalha por si. 184 29,8% Colegialidade artificial Os professores trabalham em conjunto para que as actividades corram o melhor possível. 29 4,7% Colaboração Os professores só trabalham em conjunto se a isso forem obrigados. 367 59,5% Individualismo Os professores preferem trabalhar com os colegas com quem se relacionam bem. 37 6,0% Como podemos verificar no quadro anterior, a maioria dos professores aponta parra uma cultura de colaboração na concretização do Plano Anual de Actividades. Salientámos que na preparação do Plano Anual de Actividades os professores assumem que colaboram mais do que na concretização. Ainda, comparando as opiniões dos professores, os resultados obtidos neste quadro, ao nível da balcanização, são superiores aos que obtivemos na preparação do PAA, onde apenas 11,8% assumiu o indicador deste tipo de cultura. Possivelmente, na concretização das tarefas há mais professores que preferem trabalhar com os colegas com que se relacionam melhor (29,8%). 119 9.4 Variação da cultura profissional dos professores na concretização do PAA com o perfil dos respondentes De seguida analisámos as variações da cultura profissional dos professores na concretização do Plano Anual de Actividades com o perfil dos respondentes como é possível observar no quadro seguinte: Quadro 48: Variação da cultura profissional dos professores na concretização do PAA com o perfil dos respondentes Quando se está a concretizar partes do Plano Anual de Actividades que Situação Nível de Profissional Ensino 3 6 4 15,90 8,96 20,76 20,04 0,01 0,03 0,00 0,00 Idade Género Graus de Liberdade 6 2 (Observado) Probabilidade Observada tem a ver com toda a escola, o que acontece frequentemente? O quadro anterior permite-nos concluir que se registam variações significativas com todos os dados relativos ao perfil dos respondentes. De seguida analisaremos o sentido das variações. 9.4.1 Variação por Idade Como o quadro seguinte permite verificar a maioria dos professores, em todas as faixas etárias consideradas, assume que existe uma cultura de colaboração na concretização do PAA. Todavia, essa colaboração é menos fortemente assumida pelos professores mais velhos, onde a cultura da balcanização aparece como bastante expressiva. 120 Quadro 49: Por Idade – Cultura profissional dos professores Idade Culturas profissionais dos professores – concretização do Plano Anual de Actividades [23,35] 45 25% 11 Colegialidade artificial 06% 111 Colaboração 62% 11 Individualismo 06% 178 TOTAL 100% Graus de liberdade = 6 2 observado = 15,90 Balcanização [36,49] [50,63] TOTAL 69 68 182 26% 41% 30% 14 4 29 05% 02% 05% 164 86 361 62% 52% 59% 19 7 37 07% 04% 06% 266 165 609 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 De seguida analisaremos a variação das culturas profissionais dos professores na concretização do Plano Anual de Actividades com o género. 9.4.2 Variação por Género Quadro 50: Por Género – Cultura profissional dos professores Género Culturas profissionais dos professores – concretização do Plano Anual de Actividades Balcanização Colegialidade artificial Colaboração Individualismo TOTAL Graus de liberdade = 6 2 observado = 15,90 Masculino Feminino TOTAL 56 128 184 33% 29% 30% 12 17 29 07% 04% 05% 97 269 366 57% 60% 59% 4 33 37 02% 07% 06% 169 447 616 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 121 Como o quadro anterior permite verificar a maioria dos professores afirma que na concretização do Plano Anual de Actividades há colaboração entre os docentes. Todavia, essa colaboração é mais fortemente assumida pelas professoras; também elas assumem mais do que os homens a cultura do individualismo, eventualmente, decorrente de uma maior sobrecarga de trabalho fora da escola. 9.4.3 Variação por Situação Profissional Como podemos verificar a maioria dos professores assume que, na concretização do Plano Anual de Actividades, há colaboração entre todos os docentes, crescendo esta opinião à medida que diminui o vínculo profissional. A maior balcanização aparece entre os professores do Quadro de Escola ou de Agrupamento seguido dos Quadros de Zona Pedagógica. Quadro 51: Por Situação Profissional – Cultura profissional dos professores na concretização do PAA Situação Profissional Culturas profissionais dos professores – concretização de partes do Plano Anual de Actividades Balcanização Q. E./A. 138 35% 14 Colegialidade artificial 04% 219 Colaboração 56% 22 Individualismo 06% 393 TOTAL 100% Graus de liberdade = 6 2 observado = 20,76 Q. Z. P. Contratado TOTAL 21 25 184 30% 17% 30% 3 12 29 04% 08% 05% 41 105 365 59% 70% 59% 5 9 36 07% 06% 06% 70 151 614 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 122 9.4.4 Variação por Nível de Ensino De novo, a maioria dos professores assume uma cultura de colaboração, que é menos expressa pelos professores do 3º Ciclo e no Ensino Secundário. Possivelmente, estes resultados estarão relacionados com a exigência do currículo, desde as Provas Globais, Exames e preparação para as provas de ingresso ao Ensino Superior, que podem condicionar a participação dos professores em diversas actividades dos Plano Anual de Actividades. Quadro 52: Por Nível de Ensino – Cultura profissional dos professores na concretização do PAA Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo e TOTAL 2º Ciclo Culturas profissionais dos professores e 1º Ciclo Sec. preparação do Plano Anual de Actividades 61 32% 4 Colegialidade artificial 02% 116 Colaboração 62% 7 Individualismo 04% 188 TOTAL 100% Graus de liberdade = 6 2 observado = 22,04 Balcanização 42 81 184 22% 34% 30% 18 7 29 10% 03% 05% 114 134 364 61% 56% 59% 13 17 37 07% 07% 06% 187 239 614 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 Analisaremos, de seguida, os resultados relativos à participação dos professores na escola e nas reuniões. 10 Participação dos professores na perspectiva de ALVES-PINTO Na participação dos actores educativos cada indivíduo expressa determinada modalidade de participação de acordo com o grau de satisfação/insatisfação que retira da participação e investimento na escola. Por conseguinte, as formas de participação variam 123 de acordo com as diferentes situações a que o actor se confronta dentro da organização, tal como explicitamos na primeira parte desta dissertação. Assim, utilizamos uma tipologia de ALVES-PINTO, em que fazemos corresponder dois indicadores a cada um dos tipos de participação, como se verifica no quadro seguinte: Os professores intervêm sempre que possível, dão as suas razões e Participação sugestões mesmo que elas lhes dêem trabalho. Convergente Os professores cooperam e colaboram activamente, quer nas reuniões e quer nas actividades da escola. Participação Divergente Os professores manifestam pouco interesse nas reuniões, salvo se estiverem em desacordo, situação em que protestam. Os professores expressam desinteresse e impedem a participação. Participação Apática Os professores estão presentes nas actividades da escola, mas deixam que sejam os outros a trabalhar. Os professores não intervêm para não sobrar trabalho para si. Os professores marcam presença mas logo que podem abandonam o Abandono trabalho. Os professores vão às reuniões mas aproveitam o tempo para fazer outras coisas. 10.1 Participação dos professores na escola – frequência das respostas Procurámos saber como participam os professores na sua escola, tendo em conta a tipologia de participação de ALVES-PINTO. O quadro seguinte apresenta a frequência das respostas que obtivemos: 124 Quadro 53: Frequência da participação dos professores na escola – segundo ALVES-PINTO Pensando na forma como os professores estão na sua escola qual a afirmação que corresponde mais ao que vê: N % 95 15,4% 200 32,5% 35 5,7% 32 5,2% 2 0,3% 9 1,5% 231 37,6% 11 1,8% Os professores intervêm sempre que possível, dão as Participação suas razões e sugestões mesmo que elas lhes dêem trabalho. Convergente Os professores cooperam e colaboram activamente, quer nas reuniões e quer nas actividades da escola. Os professores manifestam pouco interesse nas reuniões, salvo se estiverem em desacordo, situação Participação Divergente em que protestam. Os professores expressam desinteresse e impedem a participação. Os professores estão presentes nas actividades da Participação Apática escola, mas deixam que sejam os outros a trabalhar. Os professores não intervêm para não sobrar trabalho para si. Os professores marcam presença mas logo que podem abandonam o trabalho. Abandono Os professores vão às reuniões mas aproveitam o tempo para fazer outras coisas. Analisando a distribuição das respostas verificámos que a maioria dos professores assume participar na sua escola. 10.2 Participação dos professores na escola: recodificação das respostas No quadro seguinte apresentámos a frequência das respostas recodificadas; como já se podia presumir das frequências simples, a esmagadora maioria dos professores diz participar na escola, de modo convergente. 125 Quadro 54: Participação dos professores – Recodificação Participação dos professores na escola – Recodificação N % Participação Convergente 431 70,1% Participação Divergente 97 15,8% Apatia 44 7,2% Abandono 43 7,0% 10.3 Variação da participação dos professores na escola segundo o perfil dos respondentes A análise do quadro seguinte permite-nos concluir que se regista variação significativa, apenas, com o nível de ensino. Quadro 55: Variação da participação dos professores com o perfil dos respondentes Pensando na forma como os professores estão na sua escola qual a afirmação que corresponde mais ao que vê: Graus de Liberdade Idade Género Situação Profissional Nível de Ensino 6 3 6 6 2 (Observado) 7,93 0,74 10,52 32,37 Probabilidade Observada 0,24 0,86 0,10 0,00 10.3.1 Variação por Nível de Ensino Pela análise do quadro seguinte concluímos que, a maioria dos professores de todos os níveis de ensino assume que participa na escola, de modo convergente; a opinião menos favorável corresponde aos professores do Ensino Pré-Escolar e do 1º Ciclo que, mais do que os outros, assumem alguma participação divergente. 126 Quadro 56: Por Nível de Ensino – Participação dos professores na escola Nível de Ensino Participação dos professores na escola Pré-Esc. 3º Ciclo e 2º Ciclo e 1º Ciclo Sec. 118 63% 47 Participação Divergente 25% 17 Apatia 09% 5 Abandono 03% 187 TOTAL 100% Graus de liberdade = 6 2 observado = 32,37 Participação Convergente TOTAL 140 171 429 74% 72% 70% 20 30 97 11% 13% 16% 7 20 44 04% 08% 07% 22 16 43 12% 07% 07% 189 237 613 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 De seguida, analisaremos os resultados obtidos relativamente à participação dos professores nas reuniões. 10.4 Participação dos professores nas reuniões Procurámos saber como participam os professores nas reuniões, recorrendo à mesma tipologia de participação (ALVES-PINTO), fazendo corresponder a cada um dos tipos de participação, como se explicita no quadro seguinte: Participação Intervém, dá as suas razões e propõe uma alternativa mesmo que ela Convergente lhe dê trabalho. Participação Manifesta a sua discordância e tenta impedir que a decisão seja Divergente Participação Apática Abandono tomada. Não intervém para não sobrar para si. Logo que pode saí da reunião e vai tratar de outros assuntos. 127 10.5 Participação dos professores na escola – frequência das respostas Como podemos verificar no quadro seguinte, a esmagadora maioria dos professores assume que participa nas reuniões, respeitando os objectivos da escola. Estes resultados encontram-se em linha com os obtidos relativamente à participação geral na escola. Quadro 57: Participação dos professores nas reuniões – frequência das respostas Numa reunião complicada se se estiver para tomar uma decisão com que não concorda, o que faz? Logo que pode saí da reunião e vai tratar de outros Abandono assuntos. Participação Não intervém para não sobrar para si. Apática Participação Manifesta a sua discordância e tenta impedir que a Divergente decisão seja tomada. Participação Convergente Intervém, dá as suas razões e propõe uma alternativa mesmo que ela lhe dê trabalho. N % 26 4,2% 78 12,7% 62 10,1% 450 73,1% 10.6 Variação da participação dos professores na escola com o perfil dos respondentes Pela análise do quadro seguinte podemos concluir só se registam variações significativas de opinião relativamente à participação dos professores nas reuniões com a situação profissional dos respondentes. Quadro 58: Variação da participação dos professores nas reuniões com o perfil dos respondentes Numa reunião complicada se se Situação Nível de Profissional Ensino 2 4 4 6,64 3,11 11,42 5,71 0,16 0,21 0,02 0,22 Idade Género Graus de Liberdade 4 2 (Observado) Probabilidade Observada estiver para tomar uma decisão com que não concorda, o que faz? 128 10.6.1 Variação por Situação Profissional Como podemos verificar no quadro10 a maioria dos professores assume maioritariamente que participa na escola; essa participação decresce à medida que o vínculo profissional é mais instável. Quadro 59: Por Situação profissional – Participação dos professores na escola Situação Profissional Participação dos professores na escola Q. E./A. 47 13% 29 Participação Divergente 08% 297 Participação Convergente 80% 373 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 11,42 Participação Apática Q.Z.P. Contratados TOTAL 6 25 78 10% 17% 13% 10 23 62 16% 15% 11% 47 103 447 75% 68% 76% 63 151 587 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,02 De seguida, analisaremos os resultados obtidos relativamente à opinião dos professores sobre a escola. 11 Opinião dos professores sobre a escola Para conhecermos a opinião dos professores relativamente a aspectos importantes da escola, utilizámos uma escala de 1- Muito Fraca a 5 – Muito boa. Assim, perante as cinco situações apresentadas, os professores teriam de situar a sua resposta na escala referida anteriormente. De seguida, analisaremos cada uma das situações apresentadas aos respondentes, 10 Não se considerou a hipótese “abandono” dado a não aplicabilidade do teste de 2 a frequências tão baixas. 129 11.1 Participação dos professores em actividades – frequência das respostas Como o quadro seguinte permite verificar, a maioria dos respondentes assume que a participação dos professores em actividades é boa. Quadro 60: Participação dos professores em actividades - frequência das respostas Participação dos professores em actividades N % Razoável ou fraca [1,3] 235 37,8% Boa [4,4] 328 52,7% Muito boa [5,5] 59 9,5% 11.2 Variação da participação dos professores em actividades com o perfil dos respondentes De seguida analisámos as variações de opinião sobre participação dos professores em actividades segundo o perfil dos respondentes; os resultados que obtivemos estão sintetizados no quadro seguinte: Quadro 61: Variações da participação dos professores em actividades com o perfil dos respondentes Participação dos professores em actividades Graus de Liberdade 2 Situação Profissional 4 Nível de Ensino 4 4,95 4,07 2,20 4,23 0,29 0,13 0,70 0,38 Idade Género 4 2 (Observado) Probabilidade Observada Como podemos verificar não se regista qualquer variação significativa com nenhuma das características consideradas do perfil dos inquiridos. 130 11.3 Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores – frequência das respostas O quadro seguinte apresenta a frequência das respostas no que concerne à receptividade do Conselho Pedagógico às propostas dos professores. De novo verificámos que a maioria dos professores assume que a receptividade do Conselho às suas propostas é boa. Quadro 62: Receptividade do Conselho Pedagógico face às propostas dos professores – frequência das respostas Receptividade dos professores face às propostas dos professores N % Razoável ou fraca [1,3] 235 37,8% Boa [4,4] 328 52,7% Muito boa [5,5] 59 9,5% De seguida analisámos a variação da receptividade do Conselho Pedagógico face às propostas dos professores com o perfil dos respondentes. 11.4 Variação da receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores com o perfil dos respondentes Como o quadro seguinte permite verificar, apenas, se registam variações significativas com a idade e com o nível de ensino. Quadro 63: Variação da receptividade do Conselho Pedagógico face às propostas dos professores com o perfil dos respondentes Receptividade dos professores face às propostas dos professores Graus de Liberdade 2 Situação Profissional 4 Nível de Ensino 4 18,83 4,37 2,87 27,00 0,00 0,11 0,58 0,00 Idade Género 4 2 (Observado) Probabilidade Observada 131 Em seguida analisámos o sentido das variações. 11.4.1 Variação por Idade Enquanto os professores mais novos consideram maioritariamente existir uma baixa receptividade às propostas dos professores os de idade intermédia e os mais velhos consideram que a receptividade é boa ou muito boa. A opinião favorável cresce com a idade dos respondentes, o que é compreensível já que os mais novos são, genericamente, os menos ouvidos pelos seus pares. Quadro 64: Variação da Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores por Idade Idade Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores [23,35] 111 63% 57 Boa [4,4] 32% 9 Muito boa [5,5] 05% 177 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 18,83 Razoável ou fraca [1,3] [36,49] [50,63] TOTAL 129 69 309 49% 42% 51% 120 80 257 46% 48% 43% 12 16 37 05% 10% 06% 261 165 603 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 11.4.2 Variação por Nível de Ensino Como o quadro seguinte permite verificar, os professores do ensino Pré-Escolar e 1º Ciclo são os que mais assumem que a receptividade é baixa; esta opinião decresce à medida que se progride no nível de ensino, chegando a maioria dos professores do 3º ciclo e secundário a considerá-la boa. 132 Quadro 65: Variação da Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores por Nível de Ensino Nível de Ensino Pré-Esc. 3º Ciclo e TOTAL 2º Ciclo Receptividade do Conselho Pedagógico, e 1º Ciclo Sec. face às propostas dos professores 119 97 93 309 Razoável ou fraca [1,3] 63% 52% 40% 51% 60 84 117 261 Boa [4,4] 32% 45% 50% 43% 9 6 22 37 Muito boa [5,5] 05% 03% 09% 06% 188 187 232 607 TOTAL 100% 100% 100% 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 27,00 Probabilidade Observada = 0,00 A posição expressa pelos educadores e professores do 1º ciclo pode decorrer do facto de, com a organização das escolas em Agrupamentos, serem estes profissionais que estão mais longe do centro de decisões mesmo tendo um representante no Conselho Pedagógico. Em seguida analisaremos a dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento de actividades. 11.5 Dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento das actividades Como podemos concluir pela análise do quadro seguinte a maioria dos professores assume que a dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento de actividades é boa ou muito boa. 133 Quadro 66: Dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento das actividades – frequência das respostas Dinamização/coordenação dos professores no N % Razoável ou fraca [1,3] 255 41,3% Boa [4,4] 309 50,0% Muito boa [5,5] 54 8,7% desenvolvimento das actividades De seguida apresentámos as variações de opinião sobre a dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento de actividades segundo o perfil dos respondentes. Quadro 67: Variação da participação dos professores em actividades com o perfil dos respondentes Dinamização/coordenação dos Situação Nível de Profissional Ensino 2 4 4 5,63 0,60 7,53 3,13 0,23 0,74 0,11 0,54 Idade Género Graus de Liberdade 4 2 (Observado) Probabilidade Observada professores no desenvolvimento das actividades Como o quadro anterior permite verificar não se registaram variações significativas com nenhuma das variáveis consideradas do perfil dos inquiridos. 11.6 O trabalho em conjunto dos professores Como podemos verificar no quadro seguinte no que concerne ao trabalho em conjunto dos professores, a maioria dos professores classifica o trabalho em conjunto dos professores como bom ou muito bom, ainda que se regista uma percentagem muito apreciável dos que o consideram, apenas, razoável ou mesmo fraco (mais de 40 %) 134 Quadro 68: O trabalho em conjunto dos professores - frequência das respostas O trabalho em conjunto dos professores N % Razoável ou fraca [1,3] 275 44,3% Boa [4,4] 288 46,4% Muito boa [5,5] 58 9,3% Em seguida analisaremos as variações de opinião sobre o trabalho em conjunto dos professores segundo as características do perfil dos respondentes. 11.6.1 Variação do trabalho em conjunto dos professores com o perfil dos respondentes Como podemos verificar no quadro seguinte a opinião sobre o trabalho em conjunto dos professores, apresenta variações significativas com o género, a situação profissional e o nível de ensino. Quadro 69: Variação do trabalho em conjunto dos professores com o perfil dos respondentes O trabalho em conjunto dos professores Graus de Liberdade 2 Situação Profissional 4 Nível de Ensino 4 2,72 6,80 12,62 11,55 0,61 0,03 0,01 0,02 Idade Género 4 2 (Observado) Probabilidade Observada Analisaremos, agora, o sentido das variações. 11.6.2 Variação por Género O quadro seguinte permite verificar que a maioria dos professores, de ambos os géneros assume que o trabalho em conjunto dos professores é bom ou muito bom, sendo as mulheres a assumir uma posição mais positiva. 135 Quadro 70: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Género Género O trabalho em conjunto dos professores Razoável ou fraca [1,3] Boa [4,4] Muito boa [5,5] TOTAL Graus de liberdade = 2 2 observado = 6,80 Masculino Feminino TOTAL 75 199 274 44% 44% 44% 88 200 288 51% 45% 46% 8 50 58 05% 11% 09% 171 449 620 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,03 No quadro seguinte apresentámos a variação de opinião sobre o trabalho conjunto dos professores segundo a situação profissional dos respondentes Quadro 71: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Situação Profissional Situação Profissional Trabalho em conjunto dos professores Razoável ou fraca [1,3] Q. E./A 187 48% 167 Boa [4,4] 42% 39 Muito boa [5,5] 10% 393 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 12,62 Q. Z. P. Contratado TOTAL 34 52 273 49% 34% 44% 29 91 287 41% 59% 46% 7 12 58 10% 08% 09% 70 155 618 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 Verificámos pela análise do quadro que são os professores dos Quadros de Escola/Agrupamento e dos Quadros de Zona Pedagógica que têm posições mais extremas: são eles que, relativamente, consideram o trabalho em conjunto mais fraco e melhor, ao nível do “muito bom”. Por fim, analisaremos a variação com o nível de ensino. 136 11.6.3 Variação por Nível de Ensino Como podemos verificar no quadro seguinte a maioria dos professores assume que o trabalho em conjunto com os professores é bom a muito bom. A opinião desfavorável cresce com o nível de ensino dos respondentes. Quadro 72: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Nível de Ensino Nível de Ensino Trabalho em conjunto dos professores Pré-Esc. 3º Ciclo e 2º Ciclo e 1º Ciclo Sec. 73 38% 89 Boa [4,4] 47% 28 Muito boa [5,5] 15% 190 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 11,55 Razoável ou fraca [1,3] TOTAL 83 115 271 44% 48% 44% 94 105 288 50% 44% 47% 12 18 58 06% 08% 09% 189 238 617 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,02 Finalmente vamos analisar a última situação proposta no nosso questionário: as relações pessoais entre os professores. 11.7 Relações pessoais entre os professores Pela análise do quadro seguinte podemos concluir que a maioria dos professores assume que as relações pessoais entre os professores são boas ou muito boas. Quadro 73: Relações pessoais entre os professores - frequência das respostas Relações pessoais entre os professores N % Razoável ou fraca [1,3] 246 36,4% Boa [4,4] 305 49,1% Muito boa [5,5] 70 11,3% 137 De seguida analisaremos a eventual variação de opinião sobre as relações pessoais entre os professores segundo o perfil dos respondentes. 11.8 Variação das relações pessoais entre os professores com o perfil dos respondentes O quadro seguinte permite-nos concluir que se registam variações estatisticamente significativas com o género e com o nível de ensino. Quadro 74: Variação das relações pessoais entre os professores com perfil dos respondentes Relações pessoais entre os professores Graus de Liberdade 2 Situação Profissional 4 Nível de Ensino 4 6,26 6,33 5,26 16,18 0,18 0,04 0,26 0,00 Idade Género 4 2 (Observado) Probabilidade Observada De seguida analisaremos o sentido das variações significativas. 11.8.1 Variação por Género O quadro seguinte apresenta a variação do trabalho em conjunto dos professores segundo o género, verificando-se que são as mulheres quem assumem uma opinião mais favorável. Quadro 75: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Género Género Relações pessoais entre os professores Razoável ou fraca [1,3] Boa [4,4] Muito boa [5,5] TOTAL Graus de liberdade = 2 2 observado = 6,33 Masculino Feminino TOTAL 67 179 246 39% 40% 40% 93 211 304 54% 47% 49% 11 59 70 06% 13% 11% 171 449 620 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,04 138 11.8.2 Variação por Nível de Ensino Pela análise do quadro seguinte concluímos que, a opinião desfavorável decresce à medida que se progride no ciclo de estudos leccionado. Quadro 76: Variação do trabalho em conjunto dos professores por Nível de Ensino Nível de Ensino Relações pessoais entre os professores Pré-Esc. 3º Ciclo e 2º Ciclo e 1º Ciclo Sec. 87 46% 72 Boa [4,4] 38% 31 Muito boa [5,5] 16% 190 TOTAL 100% Graus de liberdade = 4 2 observado = 16,80 Razoável ou fraca [1,3] TOTAL 71 87 245 38% 37% 40% 102 130 304 54% 55% 49% 16 21 68 08% 09% 11% 189 238 617 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 12 Cruzamentos entre conceitos De seguida procurámos analisar a ocorrência de eventuais relações significativas entre variáveis que relevam dos conceitos estudados. Assim, analisaremos: - as relações entre participação dos professores na preparação e na concretização do PAA segundo as culturas profissionais docentes; - as relações entre a participação dos professores na escola e nas reuniões e o estilo de comunicação utilizado quer pelo director quer pelo coordenador, segundo a perspectiva da Escola de Palo Alto e - as relações entre a participação dos professores nas reuniões e os estilos de liderança de K. LEWIN. Começaremos por apresentar o cruzamento entre a participação dos professores na preparação do Plano Anual de Actividades escola e as culturas profissionais docentes. 139 12.1 Participação dos professores na escola e as culturas profissionais dos professores na preparação do Plano Anual de Actividades Como podemos verificar no quadro seguinte, a maioria dos professores que assume participar convergentemente na escola, assume também uma cultura profissional de colaboração na preparação do Plano Anual de Actividades; a maioria dos que assumem participar divergentemente situam a cultura dos professores com o da colegialidade artificial. Quadro 77: A participação dos professores na preparação do PAA e as culturas profissionais dos professores Culturas profissionais dos professores na preparação do PAA Colaboração Colegialidade Balcanização TOTAL Participação dos professores na escola 143 81% 16 Participação Divergente 09% 5 Participação Apática 03% 12 Abandono 07% 176 TOTAL 100% Graus de liberdade = 6 2 observado = 65,69 Participação Convergente Artificial 11 10 164 31% 32% 68% 18 10 44 51% 32% 18% 4 4 13 11% 13% 05% 2 7 21 06% 23% 09% 35 31 242 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 De seguida analisaremos o cruzamento da participação dos professores na escola e as culturas profissionais dos professores na concretização do Plano Anual de Actividades. 140 12.2 Participação dos professores na escola e as culturas profissionais dos professores na concretização do PAA Como pode verificar-se no quadro seguinte quem assume uma participação convergente na escola assume, muito maioritariamente, que colabora com os colegas na concretização do Plano Anual de Actividades; identicamente, mas em percentagem inferior, também os professores que assumem este tipo de participação, assumem uma cultura de individualismo. Esta segunda relação maioritária pode estar ligada à lógica positiva da cultura de individualismo (a individualidade) a que HARGREAVES se refere e a que aludimos na I parte desta dissertação11. Quadro 78: Cruzamento da participação e as culturas profissionais dos professores na concretização do PAA Culturas profissionais dos professores na concretização do PAA Balcanização Participação dos professores na escola Colegialidade Artificial 84 11 46% 38% 52 7 Participação Divergente 28% 24% 32 1 Participação Apática 17% 03% 15 10 Abandono 08% 34% 183 29 TOTAL 100% 100% Graus de liberdade = 9 2 observado = 141,57 Participação Convergente Colaboração Individualismo TOTAL 307 26 428 85% 70% 70% 31 5 95 09% 14% 16% 7 4 44 02% 11% 07% 15 2 42 04% 05% 07% 360 37 609 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 No quadro seguinte apresentaremos o cruzamento da participação dos professores pela comunicação do Director com os professores. 11 Ver p. 55 deste trabalho. 141 12.3 Participação dos professores na escola e a comunicação do Director com os professores (segundo a tipologia da Escola de Palo Alto) Verificámos que os professores que mais consideram existir uma comunicação de confirmação são também os que mais fortemente assumem uma participação convergente e menos admitem uma participação apática. Quadro 79: Cruzamento da participação e a comunicação do Director com os professores Comunicação do Director junto dos professores Participação dos professores na escola Confirmação 298 75% 58 Participação Divergente 15% 20 Participação Apática 05% 23 Abandono 06% 399 TOTAL 100% Graus de liberdade = 6 2 observado =15,97 Participação Convergente Rejeição Desconfirmação TOTAL 89 32 419 61% 60% 70% 27 9 94 18% 17% 16% 17 7 44 12% 13% 07% 13 5 41 09% 09% 07% 146 53 598 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 Agora, analisaremos a relação entre a participação dos professores na escola e a comunicação que Coordenador de Departamento ou de Escola estabelece com os professores. 12.4 Participação dos professores na escola e a comunicação que o Coordenador de Departamento ou de Escola estabelece com os professores Como o quadro seguinte permite verificar os professores que mais assumem a confirmação como a atitude mais frequente na comunicação que o coordenador de departamento ou de escola estabelece com os professores são, também, os que mais dizem 142 ter uma participação convergente; os que mais assumem uma prática comunicacional de rejeição são também os que mais assumem uma participação divergente ou apática, ainda que estas apareçam sempre como minoritárias face à participação convergente. Quadro 80: A participação dos professores na escola segundo o tipo de comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola com os professores Comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola junto dos professores Confirmação Participação dos professores na escola Participação Convergente Participação Divergente Participação Apática Abandono TOTAL Graus de liberdade = 3 2 observado = 30,36 Rejeição TOTAL 376 40 416 74% 51% 71% 71 18 89 14% 23% 15% 27 16 43 05% 21% 07% 36 4 40 07% 05% 07% 510 78 588 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 De seguida, analisaremos a relação entre a participação dos professores nas reuniões e o tipo de comunicação que o Coordenador de Departamento ou de Escola estabelece com os professores. 12.5 Participação dos professores nas reuniões e a comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola (reuniões) Como o quadro seguinte permite verificar, ainda que a participação convergente seja sempre maioritária ela é mais assumida por aqueles que consideram que o Coordenador de Departamento ou de Escola assume uma atitude de confirmação. A 143 participação divergente, ainda que minoritária é muito mais assumida pelos que consideram que existe um tipo de comunicação de “rejeição”. Quadro 81: Participação dos professores nas reuniões e a comunicação do Coordenador de Departamento/Escola Comunicação do Coordenador de Departamento ou de Escola Confirmação Participação dos professores nas reuniões Participação Apática Participação Divergente Participação Convergente TOTAL 2 observado =9,77 Graus de liberdade = 2 Rejeição TOTAL 63 11 63 13% 16% 13% 41 13 41 08% 19% 08% 397 44 397 79% 65% 79% 501 68 501 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,01 12.6 Participação dos professores e a liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola (reuniões) Analisaremos, agora, a participação dos professores segundo o tipo de liderança assumido pelo Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões. Quadro 82: Cruzamento da participação dos professores e a liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões A liderança do Coordenador de Departamento ou de Escola nas reuniões Participação dos professores nas reuniões Participação Convergente Participação Divergente Participação Apática Abandono TOTAL Graus de liberdade = 6 Autocrática Liberal 33 44% 19 25% 16 21% 7 09% 75 64 70% 12 13% 4 04% 11 12% 91 100% 2 observado =42,80 Democrática TOTAL 326 75% 61 14% 24 06% 24 06% 435 423 70% 92 15% 44 07% 42 07% 601 100% 100% 100% Probabilidade Observada = 0,00 144 Como o quadro anterior permite verificar os que assumem uma participação convergente maioritariamente consideram que a liderança exercida pelo coordenador nas reuniões é de tipo democrático ou liberal. Os que assumem uma participação divergente ou apática, mesmo que em minoria, assumem mais do que os outros que o tipo de liderança utilizado é autocrático. Conclusão Os resultados que obtivemos, depois de realizadas as análises às respostas relativas à liderança, à comunicação, à participação e à cultura profissional dos professores, apontaram de forma decidida, e de algum modo inesperado, para uma posição de optimismo e confiança dos nossos respondentes em si próprios e no trabalho que desenvolvem nas suas escolas, bem como nas pessoas que lideram as escolas onde leccionam. Ao nível dos estilos de liderança12, a que o Director mais recorre os mesmos inquiridos apontam mais fortemente para o estilo relacional. Igualmente, relativamente ao Coordenador de Departamento ou de Escola os nossos respondentes assumem que o estilo relacional predomina, ainda com valores mais elevados do que os que obtivemos relativamente ao Director. Uma das razões desta diferença pode decorrer da proximidade que os professores mantêm com o Coordenador e que nem sempre têm com o Director. Por outro lado, é maior a percentagem da utilização do estilo pressionador na situação dos coordenadores do que a que obtivemos relativamente ao Director. Possivelmente, como é o 12 Propostos por GOLEMAN et all. 145 Coordenador que solicita a apresentação da documentação escolar que tem que ser entregue dentro dos prazos estipulados (planificações, requisição de material, preparação das actividades do Plano Anual de Actividade…), recai sobre este uma exigência maior de cumprimento de prazos pelos professores e alguma pressão. Estudámos a comunicação entre o director e o coordenador com os professores, socorrendo-nos de duas tipologias: uma de REGO e outra da Escola de Palo Alto. Usando a tipologia de REGO, aplicada à comunicação entre o director e os professores, os nossos respondentes apontam, muito maioritariamente, para o estilo comunicacional assertivo. Recorrendo à tipologia da Escola de Palo Alto, pudemos verificar que os nossos respondentes, de forma muito maioritária, assumem que tanto o director como o coordenador de departamento ou de escola utilizam, na comunicação que com eles estabelecem uma comunicação de tipo confirmação. Tendo, ainda, procurado conhecer como circula a informação na escola, verificámos que os professores tomam maioritariamente conhecimento da informação por correio electrónico e nas reuniões. Relativamente à cultura profissional dos professores, aferida pela participação na preparação e na execução do PAA, os nossos respondentes maioritariamente apontaram para uma cultura de colaboração. No que concerne à participação dos professores, tanto nas diferentes actividades da escola como nas reuniões, servimo-nos de uma tipologia de ALVES-PINTO, adaptada a 146 partir de BAJOIT. As respostas que obtivemos situam-se muito maioritariamente no quadro da participação convergente. Tendo analisado a ocorrência de eventuais variações significativas segundo as características dos respondentes, nos casos em que estas ocorrem, encontrámos algumas tendências: - relativamente à idade a opinião menos favorável pertence aos mais novos; com uma única excepção relativamente à cultura profissional dos professores expressa na concretização do PAA em que a opinião menos desfavorável pertence aos mais velhos sendo, aliás, este grupo o que mais assume uma cultura balcanizada. - relativamente ao género são as mulheres que emitem opiniões mais favoráveis13 - relativamente ao nível de ensino, na maioria das situações, as opiniões menos favoráveis ou mais desfavoráveis pertencem aos docentes do Pré-escolar e do 1º ciclo. Registam-se aqui, contudo algumas excepções: estes docentes são os que menos consideram existir um estilo pressionador por parte do coordenador e são os que têm opinião mais favorável sobre o trabalho em conjunto e sobre as relações entre professores. A variação que ocorre com o nível de ensino, como já referimos, designadamente no que se reporta às relações com o Director e com o Conselho Pedagógico pode estar ligada à distância que cada escola tem da escola sede dos Agrupamentos de Escola e à perda de autonomia que as escolas deste nível de ensino possuíam antes da constituição dos Agrupamentos. Por último, analisámos a ocorrência de eventuais relações significativas entre variáveis que relevam dos conceitos estudados. Pudemos verificar que: 13 Registam-se muito poucas variações significativas segundo o género dos respondentes. 147 1º - Existe uma grande coerência interna nas respostas o que se confirma no sentido das variações entre conceitos. 2º - Os professores que assumem uma participação convergente são os que mais assumem uma cultura profissional de colaboração mas, também, ainda que em menor percentagem mas sempre maioritária, assumem uma cultura de individualismo quando a cultura é analisada a partir da concretização do Plano Anual de Actividades, o que nos faz evocar o que HARGREAVES afirma relativamente a este tipo de cultura na sua dimensão de “individualidade”. 3º - São, ainda, os professores que assumem uma participação convergente os que mais assumem que tanto o Director de escola como o Coordenador que utilizam uma comunicação de confirmação. 4º - Recorrendo ao tipo de liderança proposto por K. LEWIN os professores que assumem uma participação convergente são os que mais consideram que o Coordenador utiliza um estilo democrático. 148 CONCLUSÃO Na primeira parte desta dissertação analisámos os seguintes conceitos: liderança, comunicação, cultura profissional dos professores e participação. Nos conceitos que nos propusemos estudar, fundamentámos as nossas orientações e opiniões, nos autores que apresentámos. Explorámos a temática da liderança nas organizações e posteriormente na escola, numa perspectiva globalizante. Neste sentido, evidenciámos os estilos de liderança que poderão contribuir, para a obtenção de ressonância, nomeadamente, ao nível da inteligência emocional. Os resultados do nosso inquérito permitiram-nos concluir que o estilo de liderança a que o Director mais recorre é o estilo relacional. Igualmente, para o Coordenador de Departamento ou de Escola obtivemos a mesma preferência, ainda com percentagens mais elevada. Uma das razões que apontámos refere-se à proximidade que os professores mantêm com o Coordenador e que nem sempre têm com o Director. Por outro lado, é maior a percentagem dos que consideram o recurso dos coordenadores ao estilo pressionador, o que provavelmente se pode explicar pelo facto de ser o coordenador que tem um contacto mais directo com os professores tendo que lhes exigir o cumprimento de prazos para determinadas tarefas, maioritariamente de tipo burocrático, o menos agradável de cumprir pelos docentes. Este é um dos poucos casos em que os docentes da educação Pré-Escolar e do 1º ciclo têm uma opinião menos desfavorável do que os dos ciclos superiores. O segundo conceito tratado reporta-se à comunicação. Como referem alguns autores, a clareza da mensagem, o feedback ou retroacção, a correcção de eventuais erros 149 no canal e a verdade associada à legitimidade na essência da comunicação contribuem para a eficácia do processo comunicacional. Também concluímos que a comunicação humana se reveste de grande complexidade. Para um melhor aprofundamento desta problemática debruçámo-nos sobre alguns dos estudos realizados pela Escola de Palo Alto. Recorremos a esta tipologia, posteriormente, para procurar compreender as relações por detrás do estilo de comunicação que os Directores e os Coordenador de Departamento ou de Escola estabelecem com os professores. Os resultados que obtivemos vão na linha da perspectiva globalmente positiva dos nossos respondentes, tendo sido a confirmação o estilo mais apontado. De facto, tendo presente que a confirmação consiste na aceitação e confirmação da definição que cada um faz da relação e de si próprio, ou seja, do próprio indivíduo e do outro com que interage, verificámos a opinião altamente positiva dos nossos respondentes relativamente aos seus superiores hierárquicos. Analisámos ainda a comunicação do Director segundo os estilos comunicacionais de REGO e verificámos que, de novo, a opinião é altamente favorável considerando a maioria dos nossos respondentes que o Director recorre ao estilo assertivo. Com efeito, o estilo assertivo é o desejado e o que contribui para uma comunicação eficaz, em qualquer organização. Os resultados que obtivemos relativamente à comunicação eram expectáveis, uma vez que segundo a opinião maioritária dos nossos respondentes, o estilo de liderança a que o Director e o Coordenador de Departamento ou de Escola mais recorrem é o estilo relacional. 150 Se as chefias de topo utilizam um discurso construtivo junto dos professores, em que os pontos de vista ou opiniões são expostos de forma directa e honesta, então, estamos claramente numa situação de partilha de opiniões de entendimento. No que concerne à cultura profissional dos professores e à participação, o ponto de partida foi a abordagem da cultura nas organizações, com incidência nos conceitos e respectivas características. De seguida, foi explorada, de forma sucinta, a origem da cultura das organizações. Posteriormente, analisámos a cultura na organização, dos tipos de culturas às vantagens e perigos na cultura de empresa, a mudança de cultura e os efeitos da cultura, estes últimos, aferindo duas perspectivas, a funcionalista e a crítica. Seguidamente tratámos da cultura escolar, tendo como objectivo compreender os tipos de cultura que existem na escola, particularmente expressas através das culturas profissionais dos professores. De novo, os resultados do nosso estudo são positivos apontando maioritariamente para a existência de uma cultura de colaboração. Por fim, analisámos os tipos de participação dos professores segundo uma tipologia de ALVES-PINTO, que se baseia num estudo de BAJOIT, de modo a perceber que participação têm os professores na escola e nas reuniões. Foi possível entender que nas escolas, existem mecanismos que possibilitam uma maior participação, formas de agir e actuar que se definem, tendo em vista a construção e reconstrução da escola. Designadamente, entendemos que o Projecto Educativo e o Plano Anual de Actividades da Escola oferecem inúmeras possibilidades de fomentar o trabalho colaborativo e sobretudo uma maior implicação de todos para uma cultura de escola efectiva. 151 No que concerne à participação dos professores na preparação e concretização de partes do Plano Anual de Actividades, estes actores assumem que participam activamente na preparação das actividades do Plano Anual de Actividades e na sua execução. Depois de analisados os resultados obtidos através dos conceitos estudados e a variação com o perfil dos respondentes, efectuámos o cruzamento entre conceitos. Tal como já tínhamos compreendido através das respostas obtidas, há uma coerência entre as respostas dadas. De facto, os resultados que obtivemos foram mais favoráveis, do que prevíamos, tendo em conta as alterações decorridas ao nível da gestão e organização escolar. A forma como cada professor se revê e como “sente” a sua escola, permite (ou não) uma identificação com a instituição de ensino onde lecciona. Por outro lado, a comunidade educativa assume um papel mais activo no seio da escola, com as alterações introduzidas pelo novo modelo de gestão. Se assumirmos que cada uma das partes envolvidas – escola e comunidade – têm papéis próprios e que uma das preocupações fundamentais deve ser a conjugação plena das capacidades de cada um para o desenvolvimento de todos estaremos a construir uma escola completa de todos e para todos. Trabalho futuro As abordagens que efectuámos permitiram um conhecimento actual de como os professores que ouvimos vêem as pessoas que os lideram e como estabelecem a comunicação com esses líderes – Director e Coordenador de Departamento ou de Escola. As alterações relativas ao novo modelo de gestão e organização são recentes e as conclusões que obtivemos no nosso estudo foram, como referimos, bastante positivas. 152 Considerando que a aplicação do actual modelo de organização e gestão das escolas ainda é recente, este panorama poderá alterar-se no futuro com a assumpção de lideranças mais fortes. Como referimos anteriormente, predominam nas escolas onde o nosso questionário foi distribuído, os Directores que na anterior legislação eram Presidentes do Conselho Executivo. O trabalho que agora apresentamos deve ser continuado e desenvolvido com a repetição do mesmo inquérito ou de inquérito semelhante, agora, com uma intencionalidade comparativa e que sejam consideradas outras variáveis como: a origem profissional do Director, no sentido de saber se era anteriormente presidente do Conselho Executivo ou se se candidatou pela primeira vez a director; e o tempo exercido na direcção. 153 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, M., (1986), O Processo de Comunicação nas Organizações, Universidade dos Açores, (policopiado) ALVES-PINTO, C. et all (1986), Análise Social e Organizacional da Educação, Lisboa, Escola Superior de Educação de Lisboa, pp. 139-162 ALVES-PINTO, C., (1995), Sociologia da Escola, Amadora, McGraw-Hill ALVES-PINTO, C., (2003), “Da socialização familiar à socialização escolar: representações de pais e alunos sobre as práticas educativas familiares”, in C. ALVES-PINTO, e M. TEIXEIRA (org.) 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Consideramos importante recolher informação sobre alguns aspectos relativos à actividade docente. Para podermos compreender o que os professores pensam pedimos a vossa colaboração. O questionário é anónimo e destina-se a fins de investigação académica. Obrigado pela sua colaboração. Não escrever neste espaço 1. Idade _____ anos 2. Sexo: Masculino ____A ____B ____C ____D Feminino 3. Situação Profissional (assinale com o que corresponde ao seu caso): Quadro de Escola / Agrupamento Quadro de Zona Pedagógica Contratado 4. Nível de ensino (assinale com o que corresponde ao seu caso): Pré-Escolar 1º Ciclo 2º Ciclo Secundário ____E 3º Ciclo 5. Pensando na forma como os professores estão na sua escola qual a afirmação que corresponde ____F mais ao que vê: (assinale com uma e só uma das respostas, a que melhor se adequa à sua opinião). 1. Os professores manifestam pouco interesse nas reuniões, salvo se estiverem em desacordo, situação em que protestam. 2. Os professores intervêm sempre que possível, dão as suas razões e sugestões mesmo que elas lhes dêem trabalho. 3. Os professores estão presentes nas actividades da escola, mas deixam que sejam os outros a trabalhar. 4. Os professores marcam presença mas logo que podem abandonam o trabalho. 5. Os professores expressam desinteresse e impedem a participação. 6. Os professores não intervêm para não sobrar trabalho para si. 7. Os professores cooperam e colaboram activamente, quer nas reuniões e quer nas actividades da escola. 8. Os professores vão às reuniões, mas aproveitam o tempo para fazer outras coisas. 6. Pense no(a) seu(sua) coordenador(a) de departamento ou de escola quanto à forma como intervém o junto dos professores… (assinale com a quadrícula que corresponde à sua opinião relativamente a cada uma das afirmações). 1. O(A) Coordenador(a) impõe que os professores façam o que ele entende e não está aberto a sugestões dos colegas. 2. O(A) Coordenador(a) ouve todos os professores e procura obter o seu empenho nas actividades. 3. O(A) Coordenador(a) procura ter uma boa relação com os professores e estimula um bom relacionamento entre todos. 4. O(A) Coordenador(a) exige tanto de si como dos colegas do Departamento. 5. O(A) Coordenador(a) estimula os professores apoiando cada um de modo a ajudar a atingir os objectivos pretendidos. 6. O(A) Coordenador(a) procura dinamizar os colegas para as propostas em que acredita. Concordo Totalmente Concordo Não Concordo Nem Discordo Discordo Discordo Totalmente ____G ____H ____I ____J ____K ____L 157 7. Quando se prepara o Plano Anual de Actividades o que acontece com a maioria dos professores? (assinale com uma e só uma das respostas, a que melhor se adequa à sua opinião). ____M 1. Os professores só fazem propostas que possam executar sozinhos nas suas aulas. 2. Os professores propõem actividades para serem realizadas em trabalho conjunto com os colegas. 3. Os professores fazem propostas, mas só trabalham em grupo, quando têm esse tempo atribuído no seu horário. 4. Os professores só querem trabalhar com colegas com que se dêem bem. 8. Considere a forma como o(a) Director(a) da sua escola intervém… (assinale com a quadrícula que corresponde à sua opinião relativamente a cada uma das afirmações). 1. Recorre à pressão pessoal para convencer os professores quando entende. 2. Faz tudo para evitar situações de conflito. 3. Defende as suas opiniões de forma clara, procurando a adesão dos colegas. 4. Desiste com facilidade, sempre que existem situações difíceis. 5. Tem comportamentos intimidatórios, no sentido de levar por diante a sua opinião. 6. Apresenta de forma construtiva os seus objectivos e opiniões. Concordo Totalmente Concordo Não Concordo Nem Discordo Discordo Discordo Totalmente ____N ____O ____P ____Q ____R ____S 9. Nas reuniões de departamento, como reage habitualmente o(a) coordenador(a), quando os ____T professores têm opiniões diferentes da sua? (assinale com uma e só uma das respostas, a que melhor se adequa à sua opinião). 1. Toma a decisão final, independentemente da concordância dos professores. 2. Os professores dão a sua opinião sabendo que o(a) coordenador(a) não se vai opor. 3. Os professores cumprem sempre o que o(a) coordenador(a) pretende. 4. O(a) coordenador(a) procura aproximar as opiniões e encontrar uma alternativa aceitável pela maioria. 5. O(a) coordenador(a) aceita habitualmente as propostas dos professores. 6. O(a) coordenador(a) encoraja a participação de todos, procurando uma decisão conjunta. 10. Se um professor ou grupo de professores apresentar uma proposta com que o(a) Director(a) não concorda à partida, como é que pensa que ele(a) reage habitualmente? (assinale com uma e só uma das respostas, a que melhor se adequa à sua opinião). 1. Ouve com atenção as opiniões dos professores e se eles o(a) convencerem acaba por as aproveitar. 2. Diz logo que discorda e explica porquê. 3. Não liga e é como se ninguém lhe tivesse feito proposta nenhuma. ____U 158 11. Pensando no(a) seu(sua) Director(a) qual destas afirmações traduz melhor a forma como intervém, junto dos professores… (assinale com a quadrícula que corresponde à sua opinião relativamente a cada uma das afirmações). 1. O(A) Director(a) é muito exigente não só com os outros, mas também com ele(a) próprio(a). 2. O(A) Director(a) valoriza o contributo de todos e obtém o empenho dos professores através da participação. 3. O(A) Director(a) procura ter uma boa relação com os professores e criar bom ambiente entre eles. 4. O(A) Director(a) acha que quem não concorda com ele(a) está contra ele(a). 5. O(A) Director(a) encoraja os professores ajudando a que cada um encontre a melhor maneira de fazer as coisas. 6. O(A) Director(a) tenta dinamizar os colegas para as propostas em que acredita. Concordo Totalmente Concordo Não Concordo Nem Discordo Discordo Discordo Totalmente ____V ___W ____X ____Y ____Z ___AA 12. Quando numa reunião de departamento faz uma proposta diferente da que foi apresentada ___AB pelo(a) Coordenador(a) de Departamento, o que acontece? (assinale com uma e só uma das respostas, a que melhor se adequa à sua opinião). 1. O(A) Coordenador(a) de Departamento ouve com atenção e tenta aproveitar a sua sugestão. 2. Face a uma proposta feita ao(à) Coordenador(a) de Departamento sobre qualquer tema ele(a) tende a rejeitá-la, embora explique porquê. 3. O(A) Coordenador(a) de Departamento ignora a proposta apresentada. 13. Quando se está a concretizar partes do Plano Anual de Actividades que tem a ver com toda a ___AC escola, o que acontece frequentemente? (assinale com uma e só uma das respostas, a que melhor se adequa à sua opinião). 1. Os professores preferem trabalhar com os colegas com quem se relacionam bem. 2. Os professores só trabalham em conjunto se a isso forem obrigados. 3. Os professores trabalham em conjunto para que as actividades corram o melhor possível. 4. Os professores preferem dividir o trabalho e cada um trabalha por si. 14. Numa reunião complicada se se estiver para tomar uma decisão com que não concorda, o que faz? (assinale com uma e só uma das respostas, a que melhor se adequa à sua opinião). 1. Logo que pode saí da reunião e vai tratar de outros assuntos. 2. Manifesta a sua discordância e tenta impedir que a decisão seja tomada. 3. Não intervém para não sobrar para si. 4. Intervém, dá as suas razões e propõe uma alternativa mesmo que ela lhe dê trabalho. ___AD 159 15. Toma conhecimento da informação na sua escola: (assinale com a quadrícula que corresponde à sua opinião). Muito Frequente Frequente Pouco Nada Frequente Frequente 1. Por correio electrónico. ___AE 2. Por ordem de serviço. ___AF 3. Por afixação em placard. ___AG 4. Por publicação no sítio da Escola na Internet (página ___AH 5. Em reuniões. ___AI 6. Em conversa ocasional. ___AJ na Internet, Moodle…) 16. Pensando na sua escola, como avalia os seguintes aspectos: (para cada aspecto faça um círculo à volta da resposta que melhor corresponde à sua opinião). ___AK 1. Participação dos professores em actividades 1 Muito fraca 2 Fraca 3 Razoável 4 Boa 5 Muito boa ___AL 2. Receptividade do Conselho Pedagógico, face às propostas dos professores 1 Muito fraca 2 Fraca 3 Razoável 4 Boa 5 Muito boa ___AM 3. Dinamização/coordenação dos professores no desenvolvimento das actividades 1 Muito fraca 2 Fraca 3 Razoável 4 Boa 5 Muito boa ___AN 4. O trabalho em conjunto dos professores 1 Muito fraca 2 Fraca 3 Razoável 4 Boa 5 Muito boa ___AO 5. Relações pessoais entre os professores 1 Muito fraca 2 Fraca 3 Razoável 4 Boa 16. Desempenha algum cargo na escola? (assinale com o que corresponde ao seu caso). Sim 5 Muito boa ___AP Não Se sim, qual(ais)? ____________________________________________________________ ___AQ