PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL PROGRAMA DE RECURSOS HUMANOS DA ANP PARA O SETOR PETRÓLEO E GÁS -PRH--ANP//MME//MCT PRH-ANP 16 PU UP UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ MONOGRAFIA: “Controle e Supervisão de pressão e vazão em Gasodutos” Bolsista: Fábio Pereira Feletto Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Murari Pinheiro Período: Agosto/2003 a Setembro/2005 I PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, a minha família, meus amigos e a todos que compartilharam junto a mim momentos de alegria e tristeza. I PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família e a todos que me ajudaram nos momentos de dificuldade para realização deste trabalho. Agradeço ao orientador Professor Carlos Murari Pinheiro pela ajuda no desenvolvimento deste trabalho. Agradeço ao Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional de Petróleo da Universidade Federal de Itajubá PRH-ANP 16, pela oportunidade recebida para concretização desta pesquisa, em especial aos coordenadores do programa Professores Jamil Haddad e Roberto Alves de Almeida. II PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL RESUMO A utilização de gasodutos é a maneira mais eficaz para o transporte de gás natural em longas distâncias, de forma que este gera um envio contínuo e ininterrupto de gás. O controle e supervisão das variáveis vazão e pressão são de fundamental importância para o funcionamento correto e seguro da rede. Para isso, a instalação depende de uma grande quantidade de equipamentos estar funcionando e se comunicando de maneira confiável, desde compressores em estações de compressão a válvulas de bloqueio de gás natural. Este trabalho vem em uma etapa inicial reunir informações descritivas dos componentes e dispositivos de um sistema de transporte de gás natural por dutos, passando pelos seus modelos, equações, maneiras de atuação e forma de controle. Os equipamentos de controle bem como o sistema SCADA de controle e supervisão de variáveis comumente utilizados nas instalações de gasodutos foram descritos analisando suas características e as novas tecnologias que poderão ser utilizadas em futuras construções e modernizações da malha existente. Na parte de simulação computacional, foram utilizados os modelos e equações obtidas previamente para simular o controle do compressor centrifugo de uma estação de compressão, além da plotagem de algumas de suas curvas especificas. Palavras Chaves: Gás Natural, Gasoduto, Sistema de controle, Controlador Programável, Supervisório, SCADA , Simulação. III PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL ABSTRACT The use of gas pipelines is the way most eficient for natural gas transport in long distances, of form that this provides a continuous and ininterrupted sending. The control and supervision of flow and pressure variables has a lot of importance in order to correct and safe working of the net. For this, the instalation depends of the work and communicating of a great amount of devices and equipaments, since compression stations to natural gas block valves. This work in a initial stage congregate descriptive information of the components and devices of a natural gas pipeline system, passing for its models, equations, performances and control way. The equipament of controle as well SCADA system of control and supervision with wide use in pipeline instalations was described analisyng its features and the new technologies that can be used in next constructions or net atualization. In computational simulation part, was used the models and equations gotten previously to simulate the control of a centrifugal compressor in a compressor station, beyond the print of some specify curves. Key Words: Natural Gas, Gas pipeline, Control system, Programable Controller, Supervision, SCADA, Simulation. IV PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL SUMÁRIO CAPÍTULO I - Descrição do sistema de transporte de gás natural por dutos e seus dispositivos 1.1. Introdução .............................................................................................................. 1 1.2. Componentes do sistema – Rede de dutos ........................................................... 2 1.3. Compressores ......................................................................................................... 5 1.3.1. Compressores à jato ............................................................................. 6 1.3.2. Compressores alternativos .................................................................... 7 1.3.3. 1.4. 1.5. 1.6. Efeito Simples ............................................................... 8 1.3.2.2. Duplo Efeito .................................................................. 9 Compressores dinâmicos ....................................................................... 9 1.3.3.1. Centrífugos ................................................................... 9 1.3.3.2. Axiais .......................................................................... 13 Máquinas primárias (Prime Movers) ....................................................................... 13 1.4.1. Motores Elétricos ................................................................................. 14 1.4.2. Turbinas a Vapor ................................................................................. 15 1.4.3. Turbinas a Gás .................................................................................... 15 Válvulas .................................................................................................................. 17 1.5.1. Válvulas de Bloqueio ............................................................................ 20 1.5.2. Válvulas de Alívio de Pressão .............................................................. 21 1.5.3. Válvulas Reguladora de Pressão ......................................................... 21 Medidores ............................................................................................................... 21 1.6.1. 1.6.2. 1.7. 1.3.2.1. Pressão ................................................................................................ 21 1.6.1.1. Manômetros ...........................................……….…….. 22 1.6.1.2. Strain Gauges .......................................……….……... 23 1.6.1.3. Medidor Diferencial Capacitivo ................................... 23 Vazão ................................................................................................... 23 1.6.2.1. Tipo Placa de Orifício ................................................. 24 1.6.2.2. Tipo Ultrasom ............................................................. 24 Considerações ........................................................................................................ 26 CAPÍTULO II - Controle de fluxo e pressão em gasodutos 2.1. Introdução ........................................................................................................ 27 2.2. Estrutura do sistema ........................................................................................ 28 2.2.1. Estação de Compressão ...................................................................... 28 2.2.2. Estação de Entrega .............................................................................. 37 V PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 2.2.3. Estação de Medição ............................................................................. 38 2.2.4. Válvulas De Bloqueio ....................................................................... 41 2.3. Problemas ........................................................................................................ 41 2.4. Considerações ................................................................................................. 43 CAPÍTULO III - Equipamentos digitais de processamento de controle 3.1. Introdução ........................................................................................................ 44 3.2. Equipamentos digitais de controle ................................................................... 44 3.2.1. Controladores Programáveis ............................................................... 45 3.2.1.1. Estrutura Básica ......................................................... 45 3.2.1.2. Funções Especiais ..................................................... 48 3.2.1.3. Programa Aplicativo ................................................... 49 3.2.1.4. Linguagens de Programação ..................................... 51 3.2.2. PC Industrial ........................................................................................ 52 3.2.3. Sensores Inteligentes .......................................................................... 54 3.3. Estruturas de controle ...................................................................................... 54 3.3.1. Estruturas utilizando CP ...................................................................... 55 3.3.2. Fieldbus ............................................................................................... 56 3.4. 3.3.2.1. Aspectos Técnicos ..................................................... 59 3.3.2.2. Topologias em Fieldbus ............................................. 63 3.3.2.3. FISCO ........................................................................ 63 Considerações ................................................................................................. 65 CAPÍTULO IV – Aplicação do sistema SCADA no controle e supervisão de gasodutos 4.1. Introdução ........................................................................................................ 66 4.2. Caracterização de um sistema SCADA ........................................................... 66 4.2.1. Sensores e Atuadores .......................................................................... 68 4.2.2. Estações Remotas ............................................................................... 68 4.2.3. Rede de Comunicações ....................................................................... 69 4.2.4. Estações de Monitoramento Central .................................................... 71 4.3. Funções ........................................................................................................... 71 4.3.1. Aquisição de dados .............................................................................. 72 4.3.2. Visualização de dados ......................................................................... 72 4.3.3. Processamento de alarmes ................................................................. 73 4.3.4. Tolerância a falhas ............................................................................... 74 4.4. Modos de comunicação ................................................................................... 74 VI PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 4.4.1. Comunicação Mestre-Escravo ............................................................. 74 4.4.2. Comunicação por Interrupção .............................................................. 75 4.5. Software …………………………………………………………………………...… 76 4.5.1. FactorySuite ………………………………………………………………... 77 4.6. 4.5.1.1. Intouch ................................................……………..… 78 4.5.1.2. Industrial SQL Server ……………………………………78 4.5.1.3. FactorySuite Web Server .............…………................ 79 4.5.1.4. InControl ..................................................................... 79 4.5.1.5. I/O Servers ................................................................. 79 Considerações ................................................................................................. 80 CAPÍTULO V - Simulação de sistemas de controle e compressão em gasodutos 5.1. Introdução ................................................................................................................... 81 5.2. Simulação Computacional .......................................................................................... 82 5.3. Simulação da compressão de gás natural .................................................................. 83 5.4. Simulação de controle ................................................................................................ 89 5.5. Softwares dedicados .................................................................................................. 93 5.6. Considerações finais .................................................................................................. 94 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 96 VII PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL LISTA DAS FIGURAS Figura 1: Perda de carga em tubulação horizontal ......................................................................... 5 Figura 2: diagrama exemplo de utilização de compressor à jato ................................................... 6 Figura 3: Diagrama do comportamento real de um compressor alternativo ................................... 7 Figura 4: Fator de perdas X razão de compressão- compressores alternativos ............................ 8 Figura 5: construção básica de um compressor centrifugo .......................................................... 10 Figura 6: Esquema funcional de uma turbina á gás ..................................................................... 15 Figura 7: Formas de estrangulamento de fluxo pelas válvulas .................................................... 18 Figura 8: Curva Head-Vazão ........................................................................................................ 30 Figura 9: Limite de surge .............................................................................................................. 32 Figura 10: Deslocamento do set-point por aumento da perda de carga pós-compressor ............ 34 Figura 11: Diagrama de fluxo interno de uma estação de compressão ....................................... 35 Figura 12: Estação de entrega ..................................................................................................... 38 Figura 13: Diagrama de blocos da medição ................................................................................. 39 Figura 14: Estação de medição .................................................................................................... 40 Figura 15: Estrutura básica de funcionamento do CP .................................................................. 45 Figura 16: Forma cíclica de trabalho do CP ................................................................................. 51 Figura 17: Etapas para programação de um CP .......................................................................... 52 Figura 18: Arquitetura tradicional com CP .................................................................................... 55 Figura 19: Arquitetura utilizando Fieldbus e instrumentos inteligentes ........................................ 59 Figura 20: Estrutura de controle e supervisão de processos ....................................................... 67 Figura 21: Esquema básico de funcionamento do sistema SCADA ............................................. 68 Figura 22: Estrutura de uma RTU com transmissão via radio modem ......................................... 70 Figura 23: Curva termodinâmica do compressor Solar C452 ....................................................... 85 Figura 24: Curva de compressor aproximada obtida através de modelo ..................................... 88 Figura 25: Curva de compressor aproximada para 8000 RPM .................................................... 88 Figura 26: Simulação do controle de capacidade de um compressor centrífugo por variação da rotação .......................................................................................................................................... 90 VIII PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 27: Pressão de descarga do compressor compensada .................................................... 91 Figura 28: Variação de rotação devido a degrau da pressão de descarga .................................. 92 Figura 29: Pressão de descarga para regime de distúrbio seqüencial ......................................... 92 Figura 30: Tela do software Pipeline Studio da Energy Solutions ................................................ 93 IX PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL LISTA DE VARIÁVEIS Q = Vazão volumétrica [cu ft/day] Pb = Pressão base [psia] Tb = Temperatura base [ºR] (1/f )0,5 = fator de transferência P1 = pressão entrada [psia] P2 = pressão saída [psia] T1= Temperatura de entrada [ºR] T2= Temperatura de saída[ºR] G = Constante do gás (ar=1) T = média da temperatura do gás [ºR] L = comprimento [milhas] D = Diâmetro interno da tubulação [pol] Di = Diâmetro do impelidor [pol] Z = fator de compressibilidade K = rugosidade efetiva [pol] Kp= coeficiente de perda de carga Le= comprimento equivalente Re= Número de Reynolds k = razão entre os calores específicos Cp/Cv H = head real [pé/libra quad] Hp= Head politrópico [pé/libra quad] Hth= Head termodinâmico H’= head por estágio [pé/libra quad] Pex= Potencia requerida no eixo [Hp] e0 = Eficiência geral do sistema Hp= Head politrópico [pé/libra quad] n = expoente politrópico da compressão N = velocidade rotativa [RPM] X PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL P= numero de pares de pólos µ = coeficiente de pressão C1 = constante de proporcionalidade f0= freqüência base [Hz] θ = ângulo entra o onda e escoamento [graus] Vs = velocidade do som no fluído [m/s] Vm= velocidade media [m] Ls= distancia entre os sensores [m] Tm= tempo médio [s] E= erro SP=set point XI PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL CAPÍTULO I TRANSPORTE DE GÁS NATURAL POR DUTOS 1.1- INTRODUÇÃO A malha nacional de transporte de gás natural via dutos foi profundamente modificada com a recente construção de novos gasodutos de grande porte e a crescente demanda por este tipo de fonte energética proporciona uma maior necessidade de otimização e expansão do sistema. Tal fato, portanto, modificou a matriz energética brasileira e junto trouxe alguns gargalos tecnológicos principalmente relacionados ao controle, supervisão e segurança de grandes gasodutos, que exigem soluções específicas. A simulação computacional por si só possui um caráter de extrema importância relacionada com o tópico, uma vez que é através deste tipo de atividade é que se torna possível a previsão de eventos sem a necessidade de envolver o meio físico real. É possível também a análise da utilização de determinados equipamentos utilizando tecnologia digital que possam atuar no campo e realizar um trabalho otimizado. Este trabalho vem descrever as peculiaridades do funcionamento de um sistema de transporte de gás via dutos e seus componentes, auxiliando na escolha das variáveis do processo que serão controladas, dos equipamentos e sistemas digitais para controle e monitoramento à distância. Sugerindo modificações em sistemas obsoletos e sugestões para implantação de novas unidades. Este capítulo mostra as características de um sistema de transporte de gás natural por dutos, relacionando seus principais componentes e equipamentos, e as equações que modelam as variáveis com o sistema em funcionamento. 1 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.2- COMPONENTES DO SISTEMA- REDE DE DUTOS A rede de dutos é composta por peças de seção circular cilíndricas geralmente compostas por aço, sendo interconectadas entre si de modo a se obter uma linha contínua pela qual o fluído irá escoar. A espessura do gasoduto é calculada a fim de suportar a pressão existente e a seção é obtida de modo a atender a vazão de projeto da linha. Toda a tubulação deve ser preservada por um sistema de proteção catódica para evitar a corrosão, além de um revestimento anticorrosivo externo. Uma gama de parâmetros relacionada à linha ou ao próprio gás natural transportado influencia diretamente nas variáveis pressão e vazão ao longo do sistema e, portanto devem ser considerados. Alguns parâmetros de maior importância são: - Coeficiente de atrito; - Gravidade específica do gás; - Fator de transferência; - Temperatura; A equação que determina a vazão do gás em dutos horizontais, considerando a transferência do fluído como um processo isotérmico pode ser expressa por : [1] 0 ,5 0,5 Tb 1 P12 − P 2 2 2 ,5 Q = 38.77. . . (1.1) .D Pb f GTLZ A determinação do tipo de fator de transmissão depende do regime de escoamento do fluído. Para isso existem algumas fórmulas de fluxo que já consideram tal fator para o calculo da vazão. Estas fórmulas estão descritas a seguir. 2 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Weimouth (para tubulação de aço): 0.5 Tb P12 − P22 2 , 667 Q = 433,5 D Pb GTLZ (1.2) Panhandle A: 1, 0788 Tb Q = 435,7 Pb P12 − P22 0,8539 TLZ G 0, 5392 D 2,6182 (1.3) New Panhandle: 1, 02 Tb Q = 737 Pb P12 − P22 0,961 G TLZ 0, 51 D 2,53 (1.4) De maneira geral, o regime de escoamento em operação natural dos gasodutos é bastante turbulento com números de Reynolds bastante elevados. Desta maneira o fator de transmissão se torna: 1 f 0 ,5 D = 4 log 3,7 k (1.5) e portanto a equação da vazão é expressa por: 0 ,5 2 2 Tb 3,7 D P1 − P2 2 ,5 Q = 155,08 log D Pb k GTLZ (1.6) Ao escoar por um trecho reto de tubulação, o fluído sofre uma perda de energia denominada perda de carga distribuída que é diretamente proporcional ao fator de atrito. Normalmente se utiliza um revestimento nas paredes internas de pintura epóxi com o objetivo de diminuir o fator de atrito e assim diminuir as perdas de carga. 3 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Existem vários tipos de equações para cálculo da perda de carga. Uma delas é denominada equação de Darcy-Weisbach: f .L.v 2 hf = D.2 g (1.7) Porém, durante toda a malha existem singularidades que pelo fato de acarretarem perturbações no escoamento, ocasionam perda de cargas localizadas maiores que a perda de carga distribuída e que são dadas por: hf = K p .v 2 2g (1.8) Entretanto, devido ao grande grau de empirismo destas equações (que podem acarretar em grandes erros) é preferível realizar o calculo da perda através da própria equação de vazão em linhas horizontais, fixando o valor de variáveis como vazão e pressão inicial. Desta forma, é possível obter uma função da perda de carga pelo comprimento da linha. Fixando assim a pressão inicial como 92 Kg/cm2 (≈ 1310psi), assumindo uma vazão de 20MMm3/dia (706,293 MMcft/dia) e assumindo valores típicos para a situação temos para o caso de uma tubulação com diâmetro interno de 32 polegadas, a perda de carga levantada e representada no gráfico da figura 1: 4 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 1: Perda de carga em tubulação horizontal A perda de carga que ocorre na realidade deve ser acrescida das perdas de carga localizadas e das perdas de carga devido ao relevo. Nos períodos de baixo consumo ocorre uma tendência de elevação da pressão na linha decorrente da diminuição da vazão. Desta maneira, o gasoduto passa a realizar um acumulo de energia na forma de armazenamento de gás, o que é uma característica importante, pois pode ser utilizado para suprir picos de demanda. Quando o sistema possui a mínima vazão e a máxima pressão denomina-se que o sistema é compatível. Na situação reversa, o sistema é denominado não compatível. 1.3- COMPRESSORES São estruturas mecânicas industriais de grande porte distribuídas pela linha de dutos com a finalidade de elevar a energia do gás natural pelo aumento da pressão, para que esta se encontre em um certo nível necessário para a sua transmissão compensando assim perdas provenientes do próprio consumo e pelo atrito com a parede interna do duto. Os tipos de compressores que podem ser utilizados em gasodutos basicamente se dividem em três: [1] 5 PRH-ANP 16 - Jato; - Dinâmicos RELATORIO FINAL o Centrífugos o Axiais - Volumétricos do tipo Alternativo o Efeito simples o Duplo efeito A definição do tipo de compressor a ser utilizado depende exclusivamente das condições de operação do gasoduto e seus aspectos econômicos, sendo, portanto o problema concentrado na definição da capacidade e na potência requerida por máquina. Para ajudar na escolha são utilizados alguns métodos como, por exemplo, através dos diagramas de Mollier. 1.3.1- Compressores à jato Os compressores a jato não possuem partes rotativas e utilizam o próprio gás a alta pressão para comprimir o gás à baixa pressão chegando assim a um nível intermediário. São utilizados em campos de gás natural para estimular poços com baixa pressão e assim aumentar a produção, além de permitir o transporte em gasoduto que necessite de pressão intermediária. A figura 2 apresenta um exemplo de utilização de um compressor à jato. Figura 2: diagrama exemplo de utilização de compressor à jato 6 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.3.2- Compressores alternativos De maneira geral, são representados pelos compressores tipo êmbolo e tipo membrana, sendo caracterizados como compressor volumétrico. São constituídos por um cilindro onde existe um pistão (ou êmbolo) que se desloca em movimento retilíneo alternativo, movimentado geralmente por um sistema de transmissão do tipo biela-manivela, sendo que a entrada e a saída do fluído é controlada por um conjunto de válvulas. Desta maneira, um compressor alternativo durante um ciclo deve realizar as operações de aspiração e descarga. Analisando o comportamento termodinâmico real de um compressor alternativo através de um plano de Clapeyron, obtemos o seguinte diagrama ilustrado na Fig. 3: Figura 3: Diagrama do comportamento real de um compressor alternativo FONTE: [3] As seções A e B (subpressão e sobrepressão respectivamente) ocorrem devido à resistência dos condutos de admissão além das inércias das válvulas de admissão e escape. Temos a existência também de um volume residual V “, já que nem todo o fluído comprimido abandona o cilindro, pois o pistão não pode chegar ao fundo deste onde ficam as válvulas, gerando assim o que é chamado de espaço nocivo ou clearance volume”. 7 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL A eficiência adiabática para este tipo de compressor é tomada como 100%, porém a sua eficiência mecânica é baixa quando comparada com os compressores centrífugos, por possuírem mais partes móveis. Sua eficiência geral varia exponencialmente de acordo com a razão de compressão empregada, de modo que é possível perceber tal fato através da função entre razão de compressão e fator de perdas (perdas devido a perdas de carga localizada nas válvulas e atrito do pistão e câmara) para compressores alternativos apresentada como gráfico ilustrado na Fig. 4: Figura 4: Fator de perdas X razão de compressão-compressores alternativos A formula 1.9 permite calcular o valor de potência teórico para uma certa diferença de pressão e volume, sendo dada por: k −1 P1V1 k P2 k − 1 HPteórico = . 229 (k − 1) P1 (1.9) sendo que Hp efetivo = Hp teórico X fator de perdas. 1.3.2.1- Efeito simples Neste tipo de máquina, a compressão de dá apenas de um lado do pistão, o que resulta em somente uma compressão para cada rotação do eixo. 8 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.3.2.2- Duplo efeito Existe uma câmara de compressão em cada lado do pistão, assim resultando em duas compressões para cada rotação do eixo. Existe uma haste deslizante em uma graxeta vedada, que estando na parte do cilindro posterior ao pistão acaba por realizar a articulação do mesmo [3]. 1.3.3- Compressores Dinâmicos São máquinas rotativas geradoras que tem como objetivo aumentar a energia utilizável de fluídos elásticos pelo aumento de sua pressão dinâmica.A forma de aquisição de energia cinética pelo fluído classifica os compressores deste tipo em axiais ou centrífugos. 1.3.3.1- Centrífugos (Fluxo radial) Neste tipo de compressor, o aumento de pressão se dá pela ação de um rotor provido de pás que faz com que gás seja impulsionado através de um impelidor atingindo velocidade elevada sendo posteriormente descarregado em um difusor formado por um caixa em forma de voluta ou por canais difusores. Ambos tem como objetivo fazer com que o gás perca velocidade. Desta forma, a energia cinética oferecida ao gás pelo rotor é praticamente toda revertida em pressão para o fluído. Podem ser classificados em ventiladores centrífugos, compressores centrífugos, turboventiladores e turbocompressores. Ventiladores centrífugos: são compostos por apenas um estágio de compressão e devido a exatamente este fato são destinados a produzirem diferenças de pressões pequenas, inferiores a 700 Kgf/m2 (1 psi). De tal maneira não são geralmente aplicados a industria de transporte de gás natural. Compressores centrífugos básicos: são também de rotor único, ou seja, proporcionam apenas um estágio de compressão a exemplo dos 9 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL ventiladores. Porém, devido à seus aspectos construtivos tal máquina é aplicada para gerar diferenças de pressões da ordem de 3500 Kgf/m2 (4,98 psi). A Fig. 5 ilustra sua estrutura básica. Figura 5: Construção básica de um compressor centrifugo [1] Turboventiladores: possuem vários estágios de compressão, porém mesmo desta forma não permitem diferenças de pressão muito elevadas. Turbocompressores: são os tipos de máquinas mais utilizadas em gasodutos de grande porte. Isso se dá por sua capacidade de gerar altas diferenças de pressão (bem acima de 10 Kgf/cm2), e justifica a utilização de refrigeração intermediária. Tal tipo de máquina é de difícil construção e exige acabamento mecânico com precisão o que encarece bastante seu custo final. Estes tipos de compressores apresentam geralmente baixo consumo de óleo lubrificante e custo de manutenção baixo devido a poucas partes móveis (impelidor e eixo). Não alcançam taxas de compressão altas como as unidades alternativas, porém propiciam uma entrega contínua de fluído sem variações no ciclo. A pressão de descarga varia sensivelmente com pequenas variações na velocidade de rotação, e devido a isso os acionadores designados para operar 10 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL com este tipo de compressor devem operar com variações de velocidade angular de 5%. Os três itens de maior importância para a definição de um compressor centrífugo em uma linha de transporte de gás natural trabalhando com uma determinada pressão de descarga e capacidade são: potência do eixo, temperatura de descarga e velocidade de operação. Para determinar estes valores inicialmente deve-se calcular o head (trabalho por unidade de massa comprimida) que é dado por: Hth = 144 ∫ Vdp (1.10) Porém, como para um compressor centrífugo o volume específico é uma variável. Portando assumindo um processo de compressão ideal politrópico, cujo o head é: P n Hp = ZRT1 2 P1 n −1 n −1 n − 1 (1.11) O rendimento termodinâmico associado ao processo politrópico resulta da divisão do head ideal pelo real da forma mostrada abaixo: ηp = Hp H (1.12) Sendo que o head real pode ser calculado por: H= Rk (T2 − T1 ) k −1 (1.13) A partir disso, podemos calcular a potencia requerida para compressão do gás usando 1.13: 11 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Pex = WH 33000e0 (1.13) A potencia no eixo é dada dividindo este resultado pela eficiência mecânica [1]. A temperatura de saída pode ser dada utilizando esta relação fundamental da termodinâmica: P T2 = T1 2 P1 k −1 k (1.14) A definição da rotação pode ser realizada utilizando o diâmetro do impelidor e coeficiente de pressão. A expressão é a mostrada a seguir: N= 1300 Di H' µ (1.15) µ = 0,55 – Valor médio para um estágio de um turbocompressor tipo Clark. O compressor centrífugo não pode atuar abaixo de uma capacidade mínima, pois a partir deste ponto este entra em instabilidade que vem acompanhado de um ruído denominado surge ou pumping. Tal limite está intimamente ligado pelo ângulo de descarga do impelidor, sendo na média das máquinas este ponto se dá em 50% do ponto de maior eficiência. Existe um outro fenômeno limitante denominado stall ou limite de stonewall, que se resume quando a velocidade do gás do impelidor no 1º estágio (ou outro) chega próxima a velocidade do som. Tal fato gera ondas de choque que efetuam um processo de blocagem na máquina. 12 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.3.3.2- Axiais São compressores que tem como princípio de funcionamento proporcionar a aceleração axial do fluído, ou seja, uma aceleração paralela ao eixo rotativo da máquina para que depois tal energia seja convertida em pressão. Estes tipos de compressores são menos utilizáveis na indústria de transporte de gás natural, porém podem ser utilizados em algumas aplicações específicas.Existem três classes de compressores axiais: os ventiladores helicoidais, ventiladores turbo-axiais e turbocompressores axiais. Os primeiros são os mais simples, dotados apenas de uma hélice e que tem aplicabilidade somente para movimentação de ar ambiente e não são utilizados para compressão de gás. Os ventiladores turbo-axiais são como os ventiladores helicoidais, porém possuem uma carcaça que permite canalizar o fluído na entrada e na saída do rotor. São utilizáveis para baixas pressões e grandes vazões. Os turbocompressores axiais são os que são realmente aplicáveis ao transporte de gás, por sua vez também trabalham como ventiladores, mas são bem mais eficazes devido a seu aspecto construtivo que integraliza em um só elemento vários estágios de compressão. Cada estágio possui pás fixas e móveis que formam um conjunto difusor-distribuidor. São aparelhos de dimensão bem menores que um compressor centrífugo apesar de não possuírem a mesma capacidade de compressão por estágio [3]. 1.4- MÁQUINAS PRIMÁRIAS (PRIME MOVERS) São máquinas que transformam algum tipo de energia em energia mecânica e tem como objetivo gerar a potência necessária para a compressão do Gás Natural. A escolha de um tipo de gerador utilizado em um sistema depende intimamente das características do tipo de compressor empregado. 13 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.4.1- MOTORES ELÉTRICOS Motores elétricos de grande porte são amplamente utilizados. Demandam baixa manutenção além de possibilitar um controle automático diminuindo os custos gerais. O compressor vem tomando espaço no cenário da industria de transporte de gás natural nos últimos 10 anos, por sua eficiência. A grande limitação deste tipo de máquina era a velocidade. Para países que utilizam linhas elétricas de 60Hz, o limite teórico de velocidade era de 3600 RPM na utilização de motores síncronos e um pouco menos na utilização de MIT´s (motores de indução trifásicos), a menos que fosse utilizado um sistema de transmissão com engrenagens, o que encarecia muito o custo final. Por esta limitação, tal tipo de máquina não era costumeiramente utilizado junto com compressores centrífugos, já que necessitam de altas rotações. A rotação síncrona de um motor é dada por: N= 60 f P (1.16) O desenvolvimento no controle de velocidade de motores indutivos possibilitou a conexão de motores diretamente a compressores centrífugos através de inversores de freqüência e acoplamentos hidráulicos, já que permitem uma variação de velocidade adequada [12]. Tal equipamento ainda possui custo bastante elevado, pois devem permitir a variação de freqüência em alta potencia. Uma tendência aponta que estes equipamentos sejam barateados no futuro. Outro fator importante é a disponibilidade de rede elétrica de grande porte próximo a estação de compressão. Desta forma, os motores elétricos representam uma alternativa promissora para o futuro da compressão para transporte de gás natural por dutos. 14 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.4.2- TURBINAS A VAPOR Tal tipo de máquina possui uma peculiaridade interessante que é o fato de possibilitar o consumo de qualquer combustível sendo ele sólido, líquido ou gasoso. Podendo ser utilizado o que for mais economicamente viável na área, o que não é uma vantagem quando analisamos transporte de gás natural, pois este é a fonte mais viável de energia. Pode ser acoplado a compressores centrífugos por permitir alta velocidade de rotação, mas seus custos com manutenção e consumo são elevados. 1.4.3- TURBINAS A GÁS São equipamentos rotativos que tem como objetivo transformar energia química da combustão de combustíveis gasosos em energia mecânica. Possui uma série de dispositivos que em conjunto possibilitam a compressão de ar como comburente da reação, mesclando este com o fluído combustível (próprio gás natural). Queima a mistura através de uma parte ignitora e captação da energia através da turbina de potência, transferindo a um eixo rotativo posteriormente acoplado ao compressor (Fig. 6). Figura 6: Esquema funcional de uma turbina á gás. Portanto podemos salientar quatro componentes mais importantes no processo construtivo de uma turbina a gás [6]: 15 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL O Compressor de ar trabalha para garantir alta razão de compressão para o ar (12:1), fazendo assim com que a queima libere maior energia, podendo ser axial ou centrífugo. O regenerador funciona de maneira a aproveitar melhor termodinamicamente os recursos, transformando parte do calor do gás de saída para o ar de entrada, podendo em alguns casos gerar uma redução do consumo na faixa de 30%. Os combustores são responsáveis pela elevação da temperatura e combustão da mistura, fornecendo o residual para a turbina. A turbina de potência é responsável pela transformação efetiva da energia obtida em energia mecânica. Existem as turbinas de fluxo axial e as turbinas de influxo-radial com diferentes princípios de funcionamento, porém em 80% das aplicações a utilização é de fluxo axial. Existe também uma outra turbina, a de alta pressão que geralmente são acopladas ao compressor de ar, com o objetivo de se melhorar a eficácia da expansão. As turbinas a gás podem ser classificadas segundo vários critérios: Podem possuir um ou dois eixos, uma vez que as turbinas com um eixo geralmente são utilizadas para movimentação de geradores e as com dois eixos para acionamento mecânico geral, podendo assim atuar-se tanto no eixo do compressor quanto no eixo principal de fornecimento. Referente aos aspectos construtivos elas podem ser aeroderivativas, que possuem no seu projeto considerações principalmente a respeito da otimização dos fatores tamanho e peso, ou podem ser industriais, que priorizam neste caso a sua eficácia e resistência no ambiente de trabalho. Quanto à eficiência termodinâmica, já que esta pode trabalhar em ciclo simples (sem regenerador) onde os gases são exauridos na atmosfera. Ou com 16 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL ciclo regenerativo (com regenerador), onde o calor dos gases da saída aquece o ar de entrada e em ciclo combinado, onde o calor da exaustão é utilizado para acionar uma turbina a vapor, gerando uma maior eficiência termodinâmica ao processo. O consumo de uma turbina a gás é relativamente alto, porém como o gás natural é um combustível extremamente energético o custo é reduzido. Para um ciclo regenerativo, a eficiência térmica máxima é da ordem de 27,5%. 1.5- VÁLVULAS Em toda a totalidade da linha de transmissão de gás natural será encontrada uma vasta gama de válvulas realizando os mais diversos tipos de funções, mas todas elas têm em comum a intervenção junto ao fluxo de gás. São acopladas junto aos atuadores, que podem ser acionados eletricamente, pneumaticamente ou hidraulicamente, por meio de um sistema de controle a distancia ou próximo ao próprio processo. As válvulas utilizadas em um gasoduto são robustas e feitas de materiais que apresentam resistência mecânica elevada (normalmente aço carbono, ferro fundido ou bronze) de modo a permitir sua aplicação em altas pressões, necessitando também uma resistência à corrosão e temperatura. Basicamente seguem um dos quatro métodos de funcionamento de válvulas [7]: Tipo Borboleta: É constituída por um disco de mesmo diâmetro o qual pode ser rotacionado por volta da lentilha dentro da tubulação, limitando a área livre e assim permitindo uma maior ou menor passagem de fluxo. Proporciona uma alta perda de carga, pois gera turbulência no fluído. Tipo globo e de agulha: Baseia-se no lançamento de um disco contra uma abertura para bloquear o fluxo. A válvula agulha normalmente é utilizada para controles muito finos de vazão. 17 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Tipo diafragma: Tal válvula consiste em um corpo cilíndrico no qual na parte superior existe uma membrana plástica interna que é movimentada perpendicularmente na direção do fluxo por um pistão controlado externamente. Normalmente existe um canal elevado na parte central da válvula por onde o fluxo escoa, e ali é que a membrana interrompe o fluxo, porém existem dispositivos também com a passagem reta. Tipo esférica e gaveta: Possui uma esfera com um furo ou cunha que ao deslizar por uma abertura proporciona o estrangulamento ou abertura do fluxo, sendo este deslizamento externamente controlado. São utilizadas geralmente para o controle ON-OFF. Um importante parâmetro das válvulas reguladoras é a característica de fluxo, que consiste na relação do fluxo passante pela válvula e sua porcentagem de fechamento. Isso se dá de acordo com a forma de estrangulamento do fluxo. A Fig. 7 mostra alguns tipos de estrangulamento de fluxo. Figura 7: Formas de estrangulamento de fluxo pelas válvulas A cada válvula com um tipo de estrangulamento diferente segue uma curva de fluxo por abertura. Uma válvula com estrangulamento tipo b acima possui uma curva linear de abertura x vazão. As válvulas de controle industrial são geralmente dotadas de atuadores. Estes dispositivos integrantes das válvulas são responsáveis por fornecer a força necessária para que a válvula se movimente de maneira adequada a atuar no sistema. Os atuadores podem ser das seguintes naturezas 18 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL : o Pneumáticos; o Elétricos; o Hidráulicos; o Mecânicos; A maioria dos atuadores utilizados em válvulas de controle são pneumáticos. Dentre estes se destacam os do tipo diafragma, pinhão e pistão. Neste tipo de atuador o sinal de controle é um sinal pneumático (ar ou outro gás) que fornece o comando para o fechamento da válvula. Os atuadores elétricos são de maneira geral um sistema de motoredução acoplados a haste da válvula de forma a possibilitar o acionamento. A maior vantagem deste tipo de atuador é o fato de ser acionado eletricamente, minimizando o efeito da distância do elemento que gera o sinal ao sistema. Os atuadores hidráulicos são conjuntos que necessitam de reservatórios de óleo, válvulas e bombas para efetuar o acionamento da válvula principal. Por depender de uma gama muito grande de equipamentos não são muito utilizadas. Os atuadores mecânicos são compostos por um dispositivo que possibilita a movimentação de uma haste acionando a válvula. São pouquíssimos utilizados e somente em aplicações que exijam pouco torque devido suas perdas mecânicas. Outros dispositivos importantes que podem vir incorporados a algumas válvulas são os posicionadores. Estes dispositivos são controladores que funcionam com sinais de controle pneumáticos ou eletro-eletrônicos e tem como função manter uma relação entre haste o eixo e o sinal aplicado. Desta forma são atribuídas as mesmas características de um controlador que influência diretamente na dinâmica do sistema como o ganho, tempo morto entre outros. De maneira geral, estes dispositivos são dotados de um ajuste de ganho de modo a propiciar uma adequação ao sistema controlado. Em gasodutos por ser um processo rápido, este ajuste deve estar próximo ao mínimo e o ajuste da 19 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL velocidade do ar de saída deve estar no máximo, de modo a permitir uma resposta correta. Os posicionadores são classificados quanto ao tipo de atuador utilizado. Podem ser rotativos (válvula esfera, borboleta) ou lineares (válvulas globo e gaveta). Atualmente existem posicionadores que funcionam com protocolos digitais, inclusive integrados a redes Fieldbus. Quando as válvulas são dotadas de posicionadores acionados eletricamente são chamadas de válvula proporcionais. A abertura deste tipo de válvula depende do nível de tensão aplicado em sua entrada, desta forma podendo-se controlar a vazão através da aplicação de um sinal de tensão. Este tipo de válvula possui grande aplicação em gasodutos. Tais válvulas são combinadas dentro do sistema a fim de realizar determinadas funções pelas quais são classificadas. 1.5.1- VÁLVULAS DE BLOQUEIO São equipamentos que permitem o corte no fluxo de gás e assim possibilitando o isolamento de parte da linha para manutenção ou emergência. Provida de atuadores pneumáticos utilizam o próprio gás natural para propiciar o acionamento além de possuírem também dispositivo de proteção de rápida atuação no sistema para bloquear o fluxo no caso de mau funcionamento, como falha de controle, excesso de pressão ou vazão (vazamentos, fogo, falha nos controladores etc). São válvulas que possuem principio de funcionamento ONOFF. Possuem sistema de monitoramento de posição, que indica se está aberta ou fechada e transmite esta informação de maneira que isto possa ser monitorado em uma estação central. 20 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.5.2 - VÁLVULAS DE ALÍVIO DE PRESSÃO A ação desta válvula trabalha para prevenir sobrepressões no sistema, atuando automaticamente quando um limite de pressão previamente estabelecido é transposto. Normalmente são utilizados em conjunto com as válvulas de bloqueio automático, aliviando o gradiente de pressão formado no acionamento desta. 1.5.3 - VÁLVULAS REGULADORA DE PRESSÃO É uma válvula tipo diafragma que tende a manter os níveis de pressão em um valor que permita a transferência. É utilizada principalmente nas estações de entrega e assim mantém a pressão do duto em níveis aceitáveis para os sistemas de consumo. 1.6- MEDIDORES A medição confiável das variáveis pressão e vazão são imprescindíveis para garantir o bom funcionamento do duto, manter a segurança e garantir o faturamento. Para realizá-la existe uma enorme quantidade de equipamentos, os quais serão citados os mais importantes. De maneira geral funcionam como transdutores convertendo o valor de grandeza física em um sinal elétrico de corrente analógico padrão de 4 a 20 mA. Ou outro qualquer que permita a comunicação com a porta de entrada analógica de controladores programáveis, e com uma série de instrumentos possibilitando um monitoramento a distância. 1.6.1- PRESSÃO A medição de pressão ocorre sempre de maneira comparativa, diferenciando-se apenas pela referência em questão. A medição da pressão 21 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL absoluta do gás se dá pela soma da pressão barométrica mais a pressão manométrica do gás. De maneira geral, são utilizados manômetros de precisão e transmissores de pressão, como os sensores capacitivos ou piezelétricos. 1.6.1.1- MANÔMETROS Podem ser utilizados inúmeros tipos de manômetro na medição de pressão: Manômetro de coluna: É constituído por um tubo com uma escala graduada e diâmetro constante onde fica uma quantidade pré-estabelecida de fluido incompressível no qual a força é aplicada, e assim a indicação na escala do valor de pressão é efetuada. Pode ser feita uma configuração com Ponte de Wheatstone de modo a fornecer um sinal analógico referente à medida efetuada. Manômetro Bourdon: Consiste em um tubo em configuração elíptica no qual uma ponta é livre e a outra fixa. Quando é aplicada a pressão, existe uma tendência de o tubo se tornar circular, assim gerando um deslocamento que pode ser medido. Para transferência da pressão em uma determinada região interna do duto (normalmente central) são utilizados tubos de Pitot, que são sondas compostas simplesmente por um tubo que fica alinhado com o fluxo de modo transferir a pressão existente para uma parte externa, e assim realizar a medição por um manômetro. No tubo de Pitot simples a pressão medida é a soma da pressão estática e pressão dinâmica. Utilizando-se o tubo de Pitot estático ou tubo de Prandtl é possível a medição de somente a pressão dinâmica, pois existe um outro tubo que permite que a leitura já esteja sem a pressão estática. Para realizar uma medida media de pressão em uma tubulação pode-se efetuar uma tomada em anel. 22 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.6.1.2- STRAIN GAUGES São pequenas células de silício que possuem resistência elétrica variável de acordo com o nível de esforço mecânico ao qual é submetido. Normalmente são montados e uma membrana que é submetida ao nível de pressão que deseja ser medido. Assim, os sensores podem ser utilizados em uma configuração ponte de Wheatstone na qual a resistência dos quatro elementos varia com a pressão, fornecendo então um sinal de tensão correspondente à medida de pressão. 1.6.1.3- MEDIDOR DIFERENCIAL CAPACITIVO Consiste em um dispositivo com duas membranas nas quais as pressões serão aplicadas. É provido de dutos que transferem as grandezas até seu interior por meio de um óleo viscoso, onde as placas metálicas são encontradas. A diferença entre as duas faz com que a placa metálica móvel central se envergue para um dos lados diminuindo a distância para uma das placas e aumentando para a outra e desta forma mudando a relação: C = ε. Ac dc (1.17) Desta forma existe uma variação do valor da capacitância entre as placas, para uma determinada diferença de pressão, que coletada e tratada por um circuito indica o valor diferencial. São sensores normalmente muito precisos. 1.6.2- VAZÃO Existem os mais variados tipos de sensores de vazão: Venturis, Placas de Orifício, Turbinas, ultra-som, hélices etc. A maioria dos medidores utiliza os princípios de medição da velocidade do fluido ou da variação de energia cinética. 23 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Todos os tipos de medidores de vazão devem ser instalados em trecho reto de tubulação, e em caso de medição para faturamento, deve ser respeitada uma distância de 120 diâmetros de qualquer singularidade. 1.6.2.1- TIPO PLACA DE ORIFÍCIO Consiste em uma placa com uma passagem circular no meio que é colocada de modo a promover o estrangulamento do fluxo, alterando assim o perfil de velocidade do escoamento.Seu principio de funcionamento é similar ao medidor venturi, porém necessita de um acabamento de usinagem não tão perfeita, além de gerar uma menor perda de carga. Para o calculo da vazão é necessário o monitoramento da diferença pressão no medidor, que é feita geralmente um pol. a esquerda e a direita da placa. De tal forma modelando o problema partindo da equação de Bernoulli para fluídos tem-se que: Q = C1 ∆P (1.18) onde C1 é comumente é obtido através de calibração do equipamento, mas pode ser obtido também de maneira teórica. 1.6.2.2- TIPO ULTRASOM Tal dispositivo utiliza o conceito de físico de propagação de ondas em um meio para determinar a vazão. Existem duas classificações possíveis para sensores deste tipo [7]: Efeito Doppler: Baseiam-se no principio Doppler da variação da freqüência de ondas entre células emissoras e receptoras estando em movimento relativo. A faixa de freqüência utilizada é de 150Khz à 5Mhz, porém para ser utilizado o fluido deve possuir uma quantidade de partículas em suspensão maior que 1% e menor que 10%. 24 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Emissor e receptor ficam instalados externamente alinhados nas laterais da tubulação, sendo assim realizada a emissão do sinal e captação devido a reflexão nas partículas em suspensão do fluído sendo medida, portanto a freqüência de chegada. De tal forma é possível calcular a vazão utilizando 1.19: Q= π .D 2 vs ∆f . 4 cosθ f 0 (1.19) Tempo de trânsito: Este tipo de medidor possui uma abordagem diferente do efeito Doppler, pois a vazão neste caso é medida através da detecção do tempo em que a onda emitida demora para chegar ao receptor passando pelo escoamento. Neste caso os sensores são conjuntos emissores/receptores colocados sobre a tubulação com uma certa distância préestabelecida que emitem e recebem sinais calculando o tempo de chegada (a onda caminha contra e a favor do escoamento). Este tipo é aplicável para medição de fluidos limpos com nível de partículas em suspensão menor que 3%, e portanto é mais aplicável para medição de gás natural. Assim, a velocidade média pode ser calculada por: Vm = ∆T Ls Tm2 2 cosθ (1.20) Podem ser instalados aproveitando as configurações Z, V e W de acordo com o diâmetro do duto para permitir maior exatidão. Em dutos de grandes diâmetros a configuração z é mais adequada devido ao problema de atenuação de sinal, enquanto nos tubos de diâmetros menores, são utilizadas as configurações W e V para aumentar a exatidão do instrumento. 25 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 1.7- CONSIDERAÇÕES Este capítulo mostrou uma visão geral de uma linha de transporte de Gás Natural e seus principais componentes, bem como apresentou as fórmulas que modelam seu funcionamento. Estas informações são importantes, pois é através da análise da estrutura de funcionamento e do modelamento de tais equipamentos é que se torna possível à implementação de sistemas de controle e supervisão, além de softwares que possibilitam a simulação computacional destes processos. 26 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL CAPITULO II CONTROLE DE FLUXO E PRESSÃO EM GASODUTOS 2.1-) INTRODUÇÃO O controle das características de pressão e vazão de uma linha de gasoduto é uma tarefa que exige um complexo sistema de aquisição e monitoramento dos dados, efetuando medições de uma gama de variáveis, analises e atuações automáticas nos atuadores e máquinas primarias da rede. O bom funcionamento de uma malha de dutos de transporte de gás natural exige o conhecimento detalhado dos seus componentes. São necessárias estratégias de operação e controle que permitem que o sistema não entre em situação de insegurança que possa vir a causar um colapso na rede. Desta maneira, os estudos das características do sistema e dos seus fenômenos correlacionados, são de fundamental importância, tanto para definição de uma estratégia de controle que possibilite um bom desempenho, quanto para a construção de modelos que permitam representá-lo adequadamente em análises diversas. Neste capitulo a abordagem será especifica para o sistema de controle de uma linha de transporte de gás como um todo, utilizando para isso estruturas consolidadas em sistemas atuais, mostrando os princípios de funcionamento dinâmico das estações e os componentes que compõem a malha. Para tanto, serão necessários conceitos de engenharia de controle moderno e também de conceitos sobre termodinâmica. Além do funcionamento normal, serão abordadas situações de falhas de um gasoduto, como por exemplo, situações de vazamentos e as medidas que possibilitam a correção e/ou compensação de falhas. As conceituações serão focadas em uma linha que utiliza compressores centrífugos e com acionadores por turbinas á gás. 27 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 2.2-) ESTRUTURA DO SISTEMA Por toda a linha existem estações que realizam as funções necessárias para o transporte, integrando a ação dos componentes vistos no capitulo anterior. Existem basicamente três tipos de estações: Estação de compressão: Provida de compressores, acionadores e válvulas que compensam as perdas cargas do gás promovendo o aumento da pressão do fluido. Estação de entrega: Permite a entrega ao consumo do gás transportado. É dotada de válvulas que permitem a redução de pressão a níveis específicos de operação. Estação de Medição: Possuem medidores que medem os valores das variáveis para análises e cálculos diversos. Cada tipo de estação possui um modo de atuação dentro do sistema. Desta forma, a análise deve ser focada em cada tipo de estação, além de alguns dispositivos isolados. 2.2.1- ESTAÇÃO DE COMPRESSÂO A estação de compressão é responsável pela manutenção da pressão na linha atuando de modo a fornecer energia na forma de pressão dinâmica ao fluído. O controle de pressão é responsável pelas características de fluxo do produto. Um gasoduto geralmente opera com diversas faixas de regime de trabalho, devendo o sistema de controle possuir uma grande flexibilidade. Os fenômenos físicos e dinâmicos com influência nas variáveis pressão e vazão que mais ocorrem no sistema são: 28 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL - Variação da vazão devido a uma variação do consumo (suprimento); - Variação de temperatura; - Variação dos perfis de escoamento; - Variação das características intrínsecas do gás natural; Em uma estação de compressão as ações dinâmicas são rápidas, e desta forma os recursos de controle automático são utilizados para minimizar os efeitos das mesmas, que poderiam levar o sistema a uma condição de inoperabilidade. Portanto, cada máquina em uma estação de compressão, independentemente da configuração em que se encontram (série ou paralelo), possuem um conjunto de instrumentos que proporcionam o controle de capacidade, de forma a manter uma determinada variável operando dentro de certa faixa de atuação. Em quase a totalidade dos casos, as variáveis controladas são: o Pressão de sucção o Pressão de descarga o Vazão Para o controle da pressão de sucção faz-se uma atuação na vazão mássica do compressor de forma a que esta se iguale a vazão mássica de suprimento, ou seja, toda a vazão a montante é comprimida e entregue a jusante. Adotando o controle da pressão de descarga, a atuação é feita no sentido de se igualar à vazão mássica do compressor à vazão mássica de descarga, com adequação da pressão de sucção ao processo. No controle de vazão mássica, a atuação do controlador ocorre sobre o compressor, de modo a estabilizar o sistema em caso de alterações a jusante e montante da máquina que inferem nas variáveis controladas. 29 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL No caso de compressores centrífugos, são utilizados os seguintes métodos para o controle de capacidade: - Variação de rotação; - Estrangulamento de sucção através de válvulas controladas; - Variação do ângulo das pás impelidoras; Fonte: [4] Pelo fato dos compressores centrífugos possuírem intrinsecamente em suas curvas de head-vazão uma pequena inclinação, uma grande sensibilidade da vazão pela variação de rotação ocorre neste tipo de máquina. Devido a esta característica, a variação na velocidade de rotação do compressor é utilizada como meio de compensação das alterações de uma determinada variável de processo, de maneira que fique constante. O controle através de estrangulamento da sucção consiste na instalação de uma válvula que estrangula o fluxo de modo a gerar uma perda de carga na tubulação de sucção do compressor. É gerada assim, uma diferença de pressão entre a sucção do sistema e a entrada da máquina de compressão, que depende exclusivamente da posição de abertura da válvula. A variação do ponto de trabalho na curva head-vazão relacionado com a abertura da válvula de estrangulamento se dá de acordo com o gráfico a seguir: Figura 8: Curva Head-Vazão. 30 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL O controle através de mudança do ângulo de pás guias consiste na atuação em um componente interno do compressor centrifugo provido de pás com ângulos controláveis de orientação, geralmente instalado no primeiro estágio. Isto proporciona uma rotação inicial do escoamento de forma com que a entrada de gás não seja puramente radial. De acordo com as características desta rotação, ocorrerá mais ou menos transferência de energia para o gás. De maneira geral, a técnica de variação de rotação é mais utilizada. A técnica de estrangulamento de sucção na maioria dos casos é utilizada somente em caso quando a variação da rotação é impossível ou muito difícil, pois energeticamente ela não é interessante pelo fato de inserir uma perda de carga no sistema. A técnica de variação do ângulo das pás guias também não é muito utilizada por esta razão, além de necessitar equipamentos especiais. Um modelo bastante simples, mas que permite uma análise sobre a atuação do controle de capacidade em termos de head termodinâmico e vazão volumétrica de sucção e rotação é: H th = A.N 2 + B.N .V1 + C.V12 (2.1) Onde A, B e C são constantes. Este modelo constitui uma família de parábolas na curva de vazão volumétrica por head termodinâmico. Não menos importante do que o controle de capacidade torna-se necessário à existência de um controle anti-surge, de modo a fazer com que o sistema não entre em uma condição de inoperabilidade devido a uma diminuição da vazão. O sistema de controle anti-surge utiliza um sistema de circulação paralelo ao compressor composto de uma válvula com atuador controlado automaticamente. Assim, a vazão excedente da saída recircula para a entrada, fazendo o compressor trabalhar próximo ao limite de estabilidade, mas em condições aceitáveis. 31 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Tomando o sistema isolado, ou seja, sem considerar a existência de um controle de capacidade, o limite de surge seria dado por somente um ponto de operação, e o set-point do controle atua próximo a este ponto respeitando uma margem de segurança. O controlador anti-surge baseia-se então em uma medição de erro: E = VC − SP ( 2.2 ) Sendo que sempre que o erro possui um valor positivo a válvula deve se encontrar na posição fechada. Porém, colocando em conjunto com o controle anti-surge um controle de capacidade como o de variação de rotação, possuímos devido à existência de varias curvas head-vazão, vários pontos operacionais se estabelecem, portanto uma curva limite de surge é definida de acordo com a figura 9: Figura 9: Limite de surge Os controladores utilizados para o controle de capacidade e anti-surge devem possuir as ações proporcional e integral. A ação integral é indispensável, pois atua aproximando o ponto de operação do set-point, não deixando que se 32 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL aproxime do limite de surge no controle de surge, e aproximando do valor desejado no caso do controle de capacidade. Basicamente o limite de surge varia (mesmo que pouco), com a compressibilidade do gás que passa pelo compressor, que pode ser modificada por uma mudança na temperatura de sucção ou mudança no peso molecular intrínseco do gás natural. Para definição do limite anti-surge em um único ponto, é necessário a consideração desta variável em seu grau mais desfavorável, ou seja, com a máxima compressibilidade. De maneira bastante simplificada, podemos definir a curva de surge como uma parábola: H p = α1.V 12 (2.3) A única forma de se estabelecer de maneira precisa o limite de surge é a efetuação de teste nas instalações definitivas do sistema. Torna-se necessário à realização de um estudo sobre como o controle de capacidade e o controle antisurge interagem entre si. Basicamente, a análise feita com relação a condições de regime permanente denomina-se interação estática e em regimes transitórios denomina-se interação dinâmica. Em sistemas bem ajustados de controle, com variações pequenas no processo e atuando em regime permanente, a interação estática entre os controles de capacidade e anti-surge pode ser utilizada como modo de representação. Para tal sistema de análise considera-se que as variáveis estejam fixas em seus respectivos set-points. As perturbações basicamente podem ser de dois tipos: - Variações da perda de carga do sistema pós-compressor; - Variações de suprimento; 33 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Mantida a vazão de suprimento e a pressão de sucção como constantes supondo um aumento da pressão de descarga, a tendência é o controle de capacidade atuar de forma a manter a vazão constante, até que o sistema esteja próximo do surge. Assim o sistema passa a operar acompanhando a linha limite de surge. A figura a seguir mostra a pressão de descarga em função da vazão mássica neste caso, considerando um controle de capacidade baseado na variação da rotação. Figura 10: Deslocamento do set-point por aumento da perda de carga pós-compressor [4] No caso de existir uma queda no suprimento, o controle de capacidade atua para se adequar à vazão exigida pelo sistema e a válvula de reciclo atua para que o limite de surge não seja ultrapassado. A interação dinâmica ocorre quando são efetuadas manobras no sistema, sendo que a simulação dinâmica se torna indispensável para ser possível determinar as condições do sistema após distúrbio. De maneira geral, devido à interação entre os controladores, estes podem se tornar mais lentos ou mais rápidos, podendo permitir grandes desvios das variáveis com relação aos set-points ou mesmo ocasionando instabilidade. 34 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL A interação entre os controles pode ser: Positiva: A ação do controle de capacidade é adjacente a do controle anti-surge. Negativa: A ação do controle de capacidade é oposta a do controle antisurge; O diagrama P&ID (Pipes&Instrumentation devices) hidráulico de uma estação de compressão de um gasoduto real é representado pela figura abaixo. Figura 11: Diagrama de fluxo interno de uma estação de compressão FONTE: Folder TBG Analisando o circuito hidráulico, percebemos logo que os compressores estão dispostos em paralelo, o que permite parar ou partir máquinas de acordo com a vazão demandada pelo sistema, ou também controlar uma variável do sistema através da modulação da capacidade das máquinas. A estação em análise possui dois compressores nesta configuração com um terceiro em standby. Este número pode ser maior em outras aplicações, dependendo exclusivamente da topologia da estação de compressão. 35 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Este tipo de operação requer um sistema de controle fino e bem ajustado, de maneira a permitir a partida e a parada de uma das máquinas com a outra em funcionamento e da mesma forma para evitar a sobrecarga de uma das máquinas na operação. De maneira geral, é definido um método de divisão de carga, que pose ser utilizando um controlador principal fornecendo o set-point para outros dois controladores secundários com ação integral, cada um conectado a um dos compressores. No caso é possível verificar que o circuito hidráulico se aplica somente para uma máquina o que é o suficiente para a análise inicial. Em estações de compressão deste tipo, antes de passar pelos compressores, existem filtros que retiram as impurezas do gás e limitam as partículas em um tamanho aceitável para que a turbina não seja danificada. Existe um elemento que pode ser utilizado de modo a manter a pressão de sucção do compressor em um certo nível, neste caso representado por uma válvula controladora de pressão que se encontra instalada na entrada da tubulação com uma válvula manual em configuração by-pass. Um controlador pode atuar diretamente nesta válvula com base na indicação de um medidor de pressão fixado na entrada da turbina, caracterizando uma estrutura de controle do tipo pressão de sucção invariante. Com o acréscimo de pressão a temperatura do gás se eleva. Assim, na saída do compressor existe uma etapa de resfriamento, geralmente com ventiladores, que abaixam para a temperatura normal de transmissão. Após esta etapa, o gás é liberado para a saída da estação onde se junta com a saída dos outros compressores atuantes, aonde a pressão também é monitorada. No controle de capacidade, existe um controlador programável em conjunto com um sistema de monitoramento da pressão de saída e entrada da estação, que tem ação direta na rotação da turbina a gás, caracterizando, portanto um sistema de controle de capacidade por variação de rotação. Uma pequena parcela do gás transportado é utilizada como combustível para a turbina. Este consumo pode ser caracterizado, para efeito de simulação interna do duto, como uma leve vazão a ser quantizada. 36 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Pode-se ressaltar a característica de alarme do medidor de vazão de modo a proteger a integridade do compressor. 2.2.2- ESTAÇÃO DE ENTREGA A linha de transmissão de gás possui várias estações de entrega (denominadas city-gates) durante toda a sua extensão, cada uma com sua determinada capacidade de entrega. O consumo é variável, assim a linha como um todo deve se adequar a esta dinâmica de consumo e, portanto a vazão. Torna-se necessário uma etapa de redução de pressão do gás para um nível aceitável de segurança para o consumo. Basicamente o sistema de entrega envolve quatro passos: - Passagem por filtros e cartuchos; - Troca de calor entre o gás e uma caldeira (boiler); - Redução de pressão; - Etapa de medição; A passagem do gás por filtros e cartuchos permite a retirada de água e de outras partículas. A etapa de aquecimento do gás passando por uma caldeira é necessária com o objetivo de evitar que o gás fique com temperaturas extremamente baixas (abaixo de 0ºC) na etapa de redução e comprometa a estrutura de dutos. Na etapa de redução o gás passa por válvulas redutoras de pressão controladas através de atuadores pneumáticos, que trabalham de forma a manter a pressão do gás em níveis aceitáveis. Na etapa final o gás passa por medidores (geralmente do tipo turbina) que contabilizam a quantidade de gás que esta sendo entregue a distribuidora. Este valor é convertido para uma unidade de energia e enviado para uma central de controle e supervisão. Da mesma forma que em uma estação de compressão, uma parte do gás é utilizada como fonte de energia para a estação de entrega, onde a maior 37 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL parte do consumo ocorre nos aquecedores. O set-point da pressão do gás na saída de estação é bem delimitado, por razões contratuais e de segurança a junto às distribuidoras. Cada estação de entrega pode ser contabilizada em termos de simulação da linha, como um ramo com uma determinada perda de carga e com u ma determinada vazão que pode variar ao longo do tempo. É possível verificar, portanto a existência destas etapas em um diagrama de fluxo de uma estação de entrega como ilustrado na Fig. 12: Figura 12: Estação de entrega [Folder TBG] 2.2.3- ESTAÇÃO DE MEDIÇÃO A estação de medição é basicamente constituída por um conjunto de equipamentos de precisão que possibilitam a efetuação da medição da vazão da linha principal, principalmente para efeito de faturamento. São utilizados equipamentos com altas classes de precisão, para minimizar erros de faturamento. 38 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL O sistema de medição de variáveis e aquisição de dados do processo, tanto para fins de tarifação (estação de medição), quanto para controle e supervisão, seguem basicamente a estrutura indicada na Fig.13: Figura 13: Diagrama de blocos da medição. Elemento primário: São os medidores, elementos que possibilitam as condições necessárias à medição. São placas de orifício, manômetros, termistores etc. Sensor: O sensor possui a função de detectar o nível da variável e assim converter este nível para um sinal elétrico ou mecânico proporcional. Conversor: Converte os sinais dos sensores em níveis compatíveis com os controladores e/ou atuadores do sistema. Se o sinal do próprio sensor for adequado, a existência do conversor não é necessária. Um exemplo em gasodutos consiste nos computadores de vazão, que hoje possuem varias funções agregadas, além de já converter o sinal de vazão para as unidades do sistema. Amplificador: Aumenta a magnitude do sinal do conversor ou sensor. Transmissor: Possibilita o envio do sinal captado do sistema para um outro local. Pode ser simplesmente um sistema de cabos, que transmite um sinal elétrico, até um sistema de transmissão e recepção via satélite ou fibras ópticas. Indicador: Promove a indicação e leitura da variável medida. 39 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Esta estrutura é perfeitamente adequada ao sistema de medição de variáveis nas estações, podendo se tornar mais ou menos complexa dentro do contexto de aplicação ao se utilizar controladores, sistemas de transmissão remota, sensores inteligentes etc. No caso das estações para a medição de gás, os equipamentos listados acima devem possuir classes de exatidão adequadas a aplicação, objetivando minimizar todas as formas de erro nas medições das variáveis do sistema. Tais estações utilizam normalmente medidores do tipo placa de orifício, turbina ou ultra-som. Outros dispositivos também podem ser agregados à estação, como equipamentos para lançamento de pig´s de limpeza e/ou reparo e medidores adicionais de pressão, vazão ou potencial, como pode ser verificado na figura abaixo. Figura 14: Estação de medição [Folder TBG]. Todos os equipamentos possuem comunicação com a central de controle e supervisão, que recebe os dados, toma decisões e pode atuar no sistema remotamente. 40 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Os equipamentos devem possuir segurança intrínseca especifica. Esta técnica permite a proteção de áreas classificadas na utilização de equipamentos elétricos, de forma que estes não constituam uma fonte de ignição em atmosferas explosivas. São utilizados invólucros apropriados e limita-se a energia dos sinais transmitidos na instrumentação empregada, de forma que a energia utilizada não seja suficiente para causar uma explosão em uma atmosfera explosiva. Logicamente, esta característica dos equipamentos deve ser aplicada a todo o gasoduto, não sendo aplicável apenas em estações de medição. 2.2.4- VÁLVULAS DE BLOQUEIO As válvulas de bloqueio existentes no sistema possuem a função de isolar trechos da linha em caso de vazamentos ou situações que signifiquem risco ao processo. Cada válvula é acionada através de um circuito hidráulico, que possui um redutor de pressão, além de um medidor de vazão em série com a linha, que utiliza o próprio gás natural como fluido, possibilitando o intertravamento em casos extremos. De acordo com a medição de pressão diferencial do medidor placa de orifício, o circuito hidráulico atua de forma a executar o bloqueio, que pode ocorrer devido a uma vazão excessiva (rompimento do duto) ou por sobrepressão no duto. 2.3- PROBLEMAS Dentro de um sistema tão grande e com tantas variáveis, existem grandes possibilidades de ocorrerem imprevistos. Porém, isto esta diretamente ligado a qualidade e direcionamento dos equipamentos empregados no gasoduto. De maneira geral, o sistema inicialmente está susceptivo à: 41 PRH-ANP 16 - Problemas ligados a sobrepressão; - Problemas ligados a subpressão; - Transitórios de pressão e vazão; - Falhas em equipamentos; - Vazamentos; RELATORIO FINAL Sendo que estes últimos são os mais problemáticos, pois os outros podem ser contornados através de ações implementadas nos controles, com a previsão de redundâncias e com manutenção preventiva. No caso de vazamentos, a indeterminação de onde e como o problema irá acontecer é a pior ocorrência não desejada, que pode ocasionar desastres ambientais e acidentes fatais. Dentro das soluções encontram-se técnicas de detecção por gradientes de vazão, pressão e acústicas. A tecnologia ALDS (Acoustic Leak Detection System) tem se mostrado a mais eficaz existente na detecção destes problemas. Consiste numa técnica que utiliza sensores acústicos em pontos estratégicos da linha de modo a captar ondas sonoras especificas. Estas ondas sonoras têm natureza subsônica (abaixo de 1Hz) e são provocadas pelo gradiente de pressão exercido no sistema quando ocorre uma ruptura. Os receptores são sincronizados a um sistema GPS que permite a localização do vazamento com uma boa eficácia. Algumas outras características deste sistema são: [13] - Possibilita a localização do vazamento com a linha sem fluxo (bloqueada); - Localização de vazamento com precisão de ±40m a ±80m; - Detecção muito rápida, entre 20s a 70s da ocorrência; - Baixa taxa de falsos alarmes (uma por ano); - Sensibilidade muito boa (pode detectar furos de 3mm a 5mm de diâmetro); - Interface com sistema SCADA para Alarmes; 42 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 2.4- CONSIDERAÇÕES Este capítulo permitiu a visualização das estratégias de controle de pressão e vazão de uma linha de gás natural, além dos principais componentes de cada estação e suas características principais. O conhecimento prévio das características intrínsecas de cada etapa do processo é fundamental devido à escolha das estratégias de controle adequadas. A forma de atuação dos equipamentos frente ao fluxo de gás é de fundamental importância ao funcionamento do sistema, com o objetivo de minimizar falhas decorrentes de situações aonde os limites dos equipamentos são cobrados em situações anômalas ou de falhas de equipamentos. 43 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL CAPITULO III EQUIPAMENTOS E SISTEMAS PARA PROCESSAMENTO E CONTROLE 3.1- INTRODUÇÃO Cada estação explicitada no capitulo anterior forma um subsistema de um sistema maior que é o gasoduto. Desta forma, diversas ações devem ser realizadas nestes subsistemas de maneira automatizada, como o controle da rotação de compressores ou o controle de válvulas proporcionais ou discretas. São necessários instrumentos com capacidade de processamento e tomada de decisão atuando nestas unidades. Tanto para efetuação dos controles propriamente dito, quanto no monitoramento de uma grande quantidade de variáveis. Muito utilizado em plantas industriais, os CP´s (Controladores Programáveis) possuem uma enorme gama de utilização em sistemas de transporte de gás via dutos. Sua robustez, confiabilidade e facilidade de programação permitem a utilização deste tal equipamento em aplicações bastante criticas. Novas arquiteturas de controle e automação como o Fieldbus (Barramentos de Campo), possibilitam sistemas mais integrados, eficazes e mais imunes à falhas de comunicação de dados. 3.2 - EQUIPAMENTOS DIGITAIS DE CONTROLE O controle de pressão de um duto ocorre na estação de compressão atuando na turbina, aumentando ou diminuindo a velocidade de rotação do compressor como visto no capitulo II, verificando os limites (surge e stonewall) para que o sistema não entre em colapso. Para esta aplicação, o controle deve ser realizado através de um equipamento capaz de executar um algoritmo de controle, tanto de velocidade, 44 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL como para o controle anti-surge, podendo empregar-se um CP ou um computador industrial. 3.2.1 - CONTROLADORES PROGRAMÁVEIS (CP´S). O CP é um equipamento com capacidade de processamento como um computador de uso industrial no qual é possível a implementação de uma lógica de controle. Pode possuir um grande número de entradas e saídas e funções de controle, além de funções avançadas de comunicação. A facilidade da programação e sua robustez, aliadas a extrema diversidade de equipamentos deste tipo existentes no mercado, fazem deste a primeira alternativa de controle de processos industriais e em especial no controle de estações de compressão, que exige que o sistema de controle seja robusto à falhas. 3.2.1.1 - ESTRUTURA BASICA A estrutura básica de um CP é composta basicamente: - Pontos de entrada; - Pontos de saída; - Unidade Central de Processamento; Figura 15: Estrutura básica de funcionamento do CP 45 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Cada sinal recebido pelo CP, a partir de dispositivos ou componentes externos (sensores do campo), são vistos como pontos de entrada. Os pontos de entrada podem ser digitais ou analógicos. As entrada digitais reconhecem apenas dois estados: ligado ou desligado. Já os pontos de entrada analógicos reconhecem sinais com variações entre valores mínimos e máximos. Normalmente a resolução é dada como um número múltiplo de dois (256, 1024, 4096, ...). Estes valores dependem do número de bits usado pelo conversor A/D da entrada. Os sinais das entradas analógicas podem ser provenientes de termopares, sensores resistivos de posição, sinais 4 a 20mA ou 0 a 10V, tensão, corrente, etc. Cada sinal produzido pelo CP para acionar dispositivos ou componentes do sistema de controle (atuadores) constitui um ponto de saída. Novamente, podemos separar em saídas digitais ou analógicas. Da mesma forma que as entradas, as saídas digitais possuem apenas dois estados, enquanto saídas analógicas possuem faixas de valores, sendo que a precisão se encontra ligada ao numero de bits do conversor D/A correspondente. Pontos de saída digitais podem ser utilizados no acionamento de relés, contatores ou ainda dispositivos de eletrônica de potencia como SCR´s, TRIACS e IGBT´s. As saída analógicos, podem fornecem correntes de 4 a 20mA, ou tensões de 0 a 10V ( mais comuns). São usados para atuar válvulas proporcionais, o que deve acontecer, por exemplo, na válvula de controle anti-surge e na válvula de entrada do compressor de uma estação de compressão. A conexão de sensores e sinais externos no controlador programável deve ser feita com certo cuidado, devido a possibilidade de ocorrência de interferência elétrica induzida por cabos de força ou acionamento. Como os sinais de entrada, normalmente têm níveis de tensão e corrente pequenos (mV, no caso de termopares), eles se tornam susceptíveis a interferências de campos elétricos e magnéticos a sua volta. Assim, cabos de entradas analógicas devem ter malha de blindagem, e os cabos de entradas (tanto analógicas quanto digitais) devem ser conduzidos dos sensores ao CP via eletroduto ou calha específica, de metal e com aterramento. Tais medidas aumentam a confiabilidade e robustez do 46 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL sistema. Não se deve misturar aos cabos de entrada com cabos de acionamento ou cabos de força. No caso de cruzamento entre cabos de entrada e cabos de força ou acionamento, fazer o cruzamento a 90°, de forma a minimizar a possibilidade de interferências. Deve-se evitar colocar cabos de entrada e cabos de força “correndo” em paralelo em um eletroduto ou calha, pois o acoplamento indutivo e capacitivo entre eles será maximizado. A utilização de entradas analógicas a corrente (4 a 20mA) possuem maior imunidade a ruídos elétricos do que entradas a tensão, pois apresentam uma menor impedância. São mais aplicáveis em sistemas de controle para gasodutos por esta característica. Da mesma forma, as saídas analógicas são pontos de saída de baixa potência e, por isso, devem ser isoladas de cabos de força ou acionamento. Podem ser incluídas no eletroduto ou calha com os cabos de entrada ao CP. No caso de atuação de cargas indutivas, há de se considerar ainda a supressão da força contra-eletromotriz gerada na bobina do atuador ao desligá-lo. A unidade central de processamento é responsável pelo funcionamento de todo a lógica de controle e supervisão. É composta por microprocessadores ou microcontroladores responsáveis pela execução do programa aplicativo que fica residente na memória interna. Pode manipular dados binários, decimais, hexadecimais, etc. A memória interna é dividida em: o Memória do usuário; o Memória de dados; o Memória de entrada e saída; o Memória do programa monitor; A memória do usuário é onde se armazena o programa da aplicação desenvolvido pelo usuário. Pode ser alterada conforme a necessidade, sendo que alguns modelos de CP admitem a mudança em funcionamento inclusive “a quente”. A memória de dados é a região de memória destinada a armazenar os dados do programa do usuário. Estes dados são valores de temporizadores, 47 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL valores de contadores, códigos de erro, senhas de acesso etc. São valores armazenados que serão consultados e ou alterados durante a execução do programa do usuário. Em alguns CP´s, utiliza - se a bateria para reter os valores desta memória no caso de uma queda de energia. A memória imagem das entradas e saídas é responsável por armazenar os valores das entradas e saídas durante a execução cíclica do CP. Já a memória do programa monitor é a região onde fica armazenado o sistema operacional do CP [11]. 3.2.1.2 - FUNÇÕES ESPECIAIS Alguns CP´s possuem funções adicionais adequadas para o controle de dutos. Além de funções de lógica combinacional e de seqüênciamento (para realizar controles lógicos e intertravamentos), possuem também funções especiais como: o Função de controle PID; o Comunicação via rede; o Transmissão de dados wireless; O controle da variação de velocidade de um compressor centrífugo de uma estação de compressão de gás deve possuir característica Proporcional e Integral, por exemplo. Em CP´s modulares pode se acoplar à função PID em separado, de modo que o módulo executa o controle independente do controlador. O controlador programável interage com o módulo através de instruções de transferências de blocos de palavras. O controlador envia ao módulo os parâmetros de ajuste de controle, tais como, ganhos, valores de setpoint, valores de alarme de alta e baixa e limites máximos de saída. O controlador pode obter do módulo os dados referentes ao processo, valores de entradas e saídas analógicas, limites de alarme e diagnósticos do próprio módulo. 48 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Em algumas versões de controladores não existe um módulo específico para o controle PID sendo que o controle é realizado pelo próprio CP pela forma de instruções previamente inseridas no programa de usuário. A comunicação via rede proporciona uma possibilidade de integração do CP com outros equipamentos de medição e controle como, por exemplo, FieldBus e sistemas SCADA. Normalmente a comunicação destes equipamentos é realizada utilizando protocolos tipo Ethernet/TCP, MODBUS/TCP, Foundation Fieldbus, DeviceNet ou Profibus. Em sistemas de controle de dutos de grande porte, essa característica se torna essencial, pois a comunicação de dispositivos adicionais como os computadores de vazão, geralmente são realizadas através destes de protocolos de comunicação. Existem CP´s que possuem capacidade de redundância de CPU´s, fonte de alimentação, e eventualmente de módulos de entradas e saídas, o que aumenta a confiabilidade do sistema. No controle de gasodutos, o sistema deve ser instalado com o máximo nível de redundância possível, de forma a evitar uma eventual falha nos processos devido a saída de operação do controlador. 3.2.1.3 - PROGRAMA APLICATIVO A lógica que avalia a condição dos pontos de entrada e dos estados anteriores do CP, executando as funções desejadas e acionando as saídas, é chamado de programa aplicativo ou simplesmente programa do CP. Para isso, o controlador lê ciclicamente as entradas, transferindo-as para uma memória imagem (que recebe em cada endereço correspondente a uma entrada o seu valor). De posse da memória imagem e dos estados internos gerados pelos ciclos de execução anteriores, o CP gera uma memória imagem das saídas conforme as operações definidas no programa aplicativo. Por fim, a memória imagem das saídas é transferida para as saídas (valor 0 ou 1 causa o desligamento ou acionamento de uma saída digital, ou um valor numérico modifica o valor de corrente ou tensão de uma saída analógica). Como em vários sistemas de controle ou de automação é necessário o maior grau de 49 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL paralelismo possível (em qualquer processo sempre pode ocorrer mais de um evento diferente ao mesmo tempo), são empregados nos CP´s métodos adequados para atualizações de dados nos controles. Neste método os parâmetros de entrada (estado de ligações e valores de variáveis) são mantidos numa tabela acessível por qualquer um dos blocos de instrução que esteja sendo interpretado (memória imagem das entradas). Uma segunda tabela (memória imagem das saídas), com os resultados produzidos pela interpretação de cada bloco, vai sendo montada à medida que os blocos vão sendo lidos e interpretados. Assim, cada bloco poderá utilizar qualquer um dos parâmetros de entrada sem que estes sejam alterados devido à atuação de algum outro bloco funcional. Depois, no final do ciclo, a tabela de saída (com os resultados) é movida diretamente para a tabela de entrada para que os novos valores estejam disponíveis igualmente para todos os blocos no próximo ciclo. É fácil perceber que esta forma de funcionamento faz com que todos os blocos sejam interpretados de forma virtualmente paralela, o que permite a elaboração de programas segmentados, onde cada parte pode controlar um processo independentemente e ao mesmo tempo em que as demais. 50 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 16: Forma cíclica de trabalho do CP Esta estrutura, porém pode ser problemática quando se trabalha com variáveis que podem variar muito rapidamente, pois neste caso a velocidade do ciclo de execução do programa acarretaria em perda de informação. Assim, se torna necessário à inclusão de interrupções no programa de modo a fazer a leitura de determinada variável durante a própria execução do programa. Esta característica pode ser importante na detecção rápida de variações abruptas dos gradientes de pressão e vazão em gasodutos. 3.2.1.4 - LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO De acordo com a norma internacional IEC 61131-3 existem cinco tipos básicos de linguagens para CP´s: o Ladder ou diagrama de contatos; o Linguagem por blocos funcionais; o SFC - diagrama de funções seqüenciais; o Lista de instruções; 51 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL o Texto estruturado; De maneira geral, os fabricantes de CP´s possuem softwares que possibilitam a programação por parte do projetista em várias destas linguagens, propiciando uma intercambiabilidade e agrupamento entre elas dentro de um único projeto. A estrutura básica para a criação e implementação de uma lógica de controle para uma aplicação segue os seguintes passos: Figura 17: Etapas para programação de um CP. 3.2.2- PC INDUSTRAL O PC Industrial é um equipamento que funciona exatamente da mesma forma que um computador pessoal convencional. Porém, possui diversas características adicionais como: - Maior robustez externa para poder trabalhar em ambiente industrial; - Usa componentes mais confiáveis; - Possibilidade de funcionar 24 horas ininterruptas; - Utiliza sistema operacional mais robusto; 52 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL A utilização deste tipo de equipamento para função de controle possui algumas vantagens e desvantagens em relação a um CP, como: - Utilização de ambientes gráficos conhecidos; - Existência de IHM amigável; - Arquitetura aberta; - Possibilidade de utilização de um software supervisório no próprio equipamento, possibilitando a coleta de dados e emissão de logs; - Maior facilidade na instalação em rede (utilização de TCP/IP); - Susceptibilidade a propagação de vírus via rede e/ou mídia de entrada; - Confiabilidade do Sistema operacional; - Confiabilidade do microcomputador; Este equipamento ainda não é utilizado em aplicações criticas de controle como no controle de dutos, pois sua confiabilidade ante ao CP ainda é discutível. Porém, atualmente são grandes os esforços de empresas do setor de automação no sentido de se unir as melhores características dos dois equipamentos. Por exemplo, a criação da Ethernet industrial (que está em aprimoramento) pode aumentar a confiabilidade destes sistemas. Existem também cartões de comunicação entre CP´s e computadores industriais. Estes cartões são muito utilizados e são importantes na automação de processos e máquinas, pois permitem que um sinal recebido por um CP, possa acionar um contato de outro CP ou de uma placa conversora A/D instalada em um computador distante. Tal tecnologia pode ser utilizada para coleta de informações em um sistema de aquisição de dados para gasodutos que não disponibilizem de transmissão via satélite. Realizando a transmissão de dados via rede telefônica ou Internet. 53 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 3.2.3 - SENSORES INTELIGENTES Sensores inteligentes, de acordo com a norma IEEE1451, são dispositivos que integram em si o elemento de medição, as funções de compensação, as de processamento de dados e as de comunicação com uma rede. Eles podem ser projetados para serem autocalibráveis, realizarem autoteste, e utilizarem técnicas de processamento digital, entre outras. O sensor instalado no campo possui um microcontrolador acoplado que o fornece essa capacidade de processamento. Desta forma, a informação captada pelo sensor já é analisada pelo processador e a tomada de decisão é enviada ao atuador correspondente através de vias de rede tipo fieldbus. Atualmente já existem microcontroladores que integram em si subsistemas de JAVA, BASIC e protocolos de comunicação como o TCP/IP, cuja implementação em dispositivos programáveis pode vir a ser uma possibilidade concreta de extensão num futuro próximo. Pelo fato de ser uma tecnologia nova, ainda estes sensores inteligentes não são freqüentemente utilizados no controle de sistemas com risco intrínseco, porém são grandes promessas nesta área. 3.3- ESTRUTURAS DE CONTROLE De maneira geral, os diversos sistemas de controle podem ser classificados como centralizado e distribuído. O controle centralizado tem como base uma única central de controle atuando em um processo com centenas ou milhares de pontos de entrada e saída. Já nos sistemas de controle distribuído, as etapas de controle são divididas de forma a se obter um sistema onde o controle é executado próximo aos elementos de captação de dados ou neles próprios (sensores “inteligentes”). Cada arquitetura de controle utiliza uma destas configurações. O controle totalmente centralizado não é mais utilizado em novas unidades. Em gasodutos, o que se verifica é a possibilidade de atuação no sistema através de 54 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL uma central de controle e monitoramento, mas com o controle afetivo dos equipamentos sendo executado próximo destes. A maneira de controle e comunicação de dados está intimamente ligada as estruturas de controle utilizadas nos subsistemas de uma linha de dutos. 3.3.1- ESTRUTURAS UTILIZANDO CP A estrutura de controle mais utilizada atualmente em processos é a que se baseia em um controlador programável como central de controle de um determinado processo. Neste tipo de configuração existe uma grande utilização de cabos e condutores para permitir a transferência de sinal do processo ao CP e vice-versa. Por exemplo, no caso de uma estação de compressão, os cabos dos sensores e atuadores devem seguir todos de forma a chegar no módulo de I/O do CP. Figura 18: Arquitetura tradicional com CP. Não é difícil perceber que nesta topologia se torna necessário uma grande quantidade de cabos, pois de cada sensor deve sair pelo menos um par de cabos até o módulo do controlador. Isto pode ser um problema em caso de estações onde os equipamentos se encontram muito espaçados uns dos outros, ou que sejam de grande porte devido ao alto custo de instalação. 55 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 3.3.2- FIELDBUS O conceito de fieldbus ou, barramento de campo, consiste em interligar os sensores e atuadores de um subsistema através de uma rede multi-drop de comunicação (com base no modelo OSI) formada por um único cabo. A comunicação entre os dispositivos é efetuada de maneira digital, através de frame de dados, utilizando o formato serial. Isso proporciona algumas vantagens: o Transmissão de dados eficiente; o Maior imunidade a interferências eletromagnéticas; o Maior confiabilidade dos dados (com utilização de bits de paridade); o Comunicação bi-direcional (Half-Duplex); A norma IEC 61158, objetivando a regulamentação de alguma padronização na área, definiu a existência de 8 tipos de Fieldbus, com protocolos e formas de atuação diferentes: Fieldbus Foundation; ControlNet; Profibus; PNet; High Speed Ethernet; SwiftNet; WorldFip; Interbus. Destaca-se a utilização dos sistemas Profibus, Fieldbus Foundation e Interbus. O Foundation Fieldbus, por exemplo, mantém muitas das características operacionais do sistema analógico 4-20 mA, tais como uma interface física com padronização da fiação, dispositivos alimentados por um único par de fios e as opções de segurança intrínseca, e ainda oferece uma série de benefícios adicionais aos usuários: Interoperabilidade: Com a interoperabilidade, um dispositivo Fieldbus pode ser substituído por um dispositivo similar com maior funcionalidade de um outro fornecedor, mantendo as características originais. Isto permite aos usuários mesclar dispositivos de campo e sistemas de vários fornecedores. Dispositivos individuais Fieldbus podem transmitir e receber a informação de variáveis, 56 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL permitindo que novos dispositivos sejam adicionados ao barramento sem interromper o sistema. Dados de Processo Mais Completos: Com o Fieldbus as variáveis de cada dispositivo podem ser enviadas a supervisório para análises, registros, estudos de otimização de processo e geração de relatórios. Vista expandida do processo: Mecanismos eficientes de comunicação de dados permitem que os erros possam ser reconhecidos mais rapidamente e com uma maior precisão. Como conseqüência, os operadores de planta são notificados de condições anormais ou da necessidade de manutenção preventiva. Esta característica permite uma ação corretiva mais rápida em caso de falha, por exemplo, uma ocasião de vazamentos de gás. Maior Segurança da unidade: Fornecendo aos operadores notificações e avisos antecipados de circunstâncias perigosas, pendentes e atuais, a tecnologia Fieldbus permite a ação corretiva antes de uma parada não planejada. As potencialidades de diagnóstico das unidades reduzem também a necessidade do acesso freqüente às áreas perigosas, minimizando assim os riscos pessoais. Redução de Custos de fiação e de Manutenção: O Fieldbus pode utilizar a fiação já existente, e as conexões multi-drop fornecem economias significativas nos custos de instalação. Isto inclui reduções nos custos em barreiras de segurança intrínseca e de cabos, particularmente nas áreas onde a fiação já está presente. Redução de custo adicional pode ser conseguida com a redução do tempo necessário para a construção e partida do sistema, bem como com a simplificação da programação das funções do controle e de lógica, usando os blocos de função embutidos nos dispositivos. Com objetivo de alcançar uma maior confiabilidade, foi prevista em sistemas de Fieldbus a capacidade de substituição imediata de instrumentação de controle, em caso de pane, por outro de modo a implementar a mesma função. Pela necessidade de se integrar um subsistema, não importando o 57 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL fabricante dos equipamentos, a padronização das funções foram distribuídas através de blocos funcionais (BF´s). Assim, interligando blocos funcionais é fácil restabelecer uma estratégia de controle e a programação do processo a ser controlado. Na configuração seleciona-se a FB e em que dispositivo será executado. Atualmente a tecnologia Fieldbus atua em conjunto com um CP ou um PC industrial na execução de algoritmos de controle. Existe uma tendência de utilização de sensores inteligentes e distribuição máxima das estruturas de controle. De maneira geral, é possível aplicar o sistema de Fieldbus em três estruturas básicas: o Blocos de E/S digitais adaptando os sinais de sensores e atuadores de um sub-sistema à uma rede Fieldbus, com o controle feito por um CP ou PC industrial; o Utilização de sensores e atuadores inteligentes com controle sendo feito parte no próprio instrumento, ou parte pelo CP/PC industrial que realiza também a comunicação com o supervisório; o Utilização de sensores inteligentes realizando o controle completo em comunicação com o supervisório; 58 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 19: Arquitetura utilizando Fieldbus e instrumentos inteligentes. A forma mais usual de utilização é com blocos de entrada e saída, utilizando os sensores e atuadores sem capacidade de processamento. Estes blocos possibilitam a transferência de sinais de padrões de corrente e tensão tradicionais utilizados por sensores e atuadores (4-20mA, 0-5V etc), para sinais digitais dos protocolados de redes ou sistemas Fieldbus. Desta forma tais blocos devem estar fisicamente próximos ao processo para possibilitar uma economia de cabeamento. 3.3.2.1 - ASPECTOS TÉCNICOS Existem vários fatores que podem influenciar o desempenho de um sistema de controle via rede Fieldbus. Alguns deles são: o Modelo da rede; o Eficiência do protocolo de comunicação; o Taxa de transmissão; Uma rede Fieldbus basicamente pode ser duas naturezas: origem-destino, no qual as informações são endereçadas a um determinado equipamento que irá usufruir daquele dado; ponto-a-ponto; ou do tipo produtor-consumidor, onde a informação possui um identificador e pode ser utilizada por qualquer 59 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL equipamento que esteja ligado ao barramento no momento em que ela for disponibilizada. Este último modelo é o modo mais eficiente para transferência de dados entre vários usuários. Desta forma, o sinal do sensor de rotação do compressor em uma estação de compressão é consumido pelo controlador ao mesmo tempo em que um indicador mostra a visualização da grandeza em IHM, por exemplo. Da mesma forma, o atuador da turbina consome a informação oriunda do controlador. A eficiência do protocolo de comunicação é dada basicamente através da comparação do total de bytes que trafegam na rede e do numero de bytes que correspondem aos dados. A taxa de transmissão do sistema é padronizada através de normas. Os tipos mais comuns de comunicação existentes entre equipamentos são: o Ponto a ponto: Dados enviados no barramento são aproveitados pelos dispositivos que necessitam. o Mestre-escravo: O mestre solicita o envio de informação de todos os dispositivos do barramento. o Multimestre: Podem existir outros equipamentos mestres. Necessário a utilização de Token. As redes tipo produtor-consumidor são capazes de suportar qualquer um dos três modos de comunicação. O Fieldbus é baseado no sistema OSI, porém não possui todas as suas definições de camadas. As camadas do Fieldbus se dividem em: camada física e camadas de software. 60 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Camada física A camada física trata do meio físico, equipamentos, conectores dentre outros dispositivos para a realização das interligações. A norma ANSI/ISAS50.02-1992 define e conceitua os principais itens. Alguns deles são: o Transmissão de dados somente digital; o Comunicação bidirecional; o Velocidades de transmissão de 31,25 Kb/s, 1.0 Mb/s e 2.5 Mb/s; o Modulação de tensão (acoplamento paralelo); o Código Manchester; o Barramento sem energia, não intrinsecamente seguro o Barramento com energia, não intrinsecamente seguro; o Barramento sem energia, intrinsecamente seguro; o Barramento com energia, intrinsecamente seguro. Os sistemas Fieldbus, para serem utilizados em sistemas para controle de gasodutos, devem possuir segurança intrínseca, ou seja, possuir níveis de tensões e correntes limitados para não haver risco de explosões. A velocidade normalizada é 31,25 Kb/s para instrumentos em campo. As outras velocidades são utilizadas para a interligação de bridges e gateways para a conexão em alta velocidade destes dispositivos. Nível de Enlace Este nível controla o acesso ao meio de transmissão, determinando quem pode transmitir e em que momento, garantindo também que os dados cheguem de maneira correta aos equipamentos. A garantia de integridade é feita por dois bytes calculados através um polinômio de check aplicado a todos os bytes da mensagem e que é acrescentado no final da mesma. A camada de enlace possui ainda uma série de características técnicas como: 61 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL o Forma de acesso ao meio: pode ser por passagem de Token, Requisição de Token ou resposta Imediata. Na passagem Token, o equipamento que o recebeu envia a informação e o retorna para o Link Active Scheduler (LAS). Na requisição de Token, o equipamento que deseja enviar a informação solicita o mesmo através de um código em uma das resposta transmitidas por ele no barramento. Em resposta imediata, o mestre permite que a estação responda através de uma mensagem. o Sincronização do tempo: Importante para manter o sincronismo do barramento. o Escalonamento: Coordenação do tempo necessário para cada transmissão na rede, definindo prioridades. o Endereçamento: Pode ser usado para endereçar desde uma variável até um grupo de estações. o Passagem do Token num anel lógico: Método utilizado pelo Profibus. Nível de Aplicação O nível de aplicação é responsável pela definição de como ler, escrever e iniciar um aplicativo em uma estação remota sendo que a principal tarefa é a definição de uma sintaxe para as mensagens. Ele também define a forma de transmissão das mensagens, ou seja, se esta se dá imediatamente, ou somente uma vez quando requisitado pelo consumidor ou ainda ciclicamente. O gerenciamento define como inicializar a rede e suas atribuições subseqüentes. Ele também controla a operação da rede com levantamento estatístico de detecção de falhas e de adição de um novo elemento ou remoção de uma estação. O gerenciamento ainda faz o monitoramento continuo do barramento para identificar a adição de novas estações. 62 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Nível do Usuário Este nível possui como objetivo definir a forma de acesso de informação dentro dos equipamentos Fieldbus e ainda de como esta informação pode ser distribuída por entre os nós da rede. Este atributo é fundamental para aplicações em controle de processo. A aquisição de dados, controle PID, cálculos e atuação dentre outras funções são definidos dentro do sistema Fieldbus, através de blocos funcionais que contém um algoritmo, uma base de dados (entradas e saídas) e um nome definido pelo usuário (Tag name). Cada equipamento FIELDBUS contém um número definido de blocos funcionais. 3.3.2.2- TOPOLOGIAS EM FIELDBUS são: As topologias que de maneira geral são utilizadas em um sistema Fieldbus o Topologia Ponto a Ponto: Ligação em série de todos os equipamentos utilizados na aplicação. As instalações que utilizam esta topologia devem usar conectores de maneira que a desconexão de um equipamento não interrompa a continuidade da rede. o Topologia de Barramento com Spurs: Barramento único com equipamentos ou barramentos secundários (spurs) diretamente. o Topologia End to End: Utilizada na conexão de apenas dois equipamentos. Pode estar no campo ou ainda ligar um equipamento de campo ao Device Host. o Topologia em Árvore: Concentração em caixas de campo a ligação de vários equipamentos. o Topologia Mista: Topologia que mescla as topologias em árvore, barramento de spurs e ponto-a-ponto. 63 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 3.3.2.3- FISCO Um sistema FISCO (Fieldbus Intrinsically Safe Concept) nada mais é que um sistema Fieldbus capaz de possuir um barramento intrinsecamente seguro e capaz de suprir a altas demandas de consumo. Este sistema foi concebido através de severos testes. Alguns dos requisitos do padrão são: o Única fonte de alimentação ativa por sistema; o Nós passivos com indutâncias e capacitâncias internas desprezíveis; o Comprimento máximo do cabeamento de 1000m com terminações nas duas pontas; o Equipamentos de campo e fonte de alimentação compatível com sistema FISCO; O sistema consiste de uma série de especificações técnicas para todos os elementos da camada física, de forma a possibilitar uma melhor utilização do sistema. O conceito FISCO foi otimizado para que seja permitido um numero maior de equipamentos de campo, de acordo com o comprimento do barramento, levando-se em conta as variações das características do cabo, terminadores, segurança intrínseca, etc. Desta maneira consegue-se aumentar a capacidade de corrente por segmento. A solução FISCO permite que se tenha 10 a 12 equipamentos por segmento fieldbus ao invés de 4 ou 5 de alguns sistemas típicos. Este padrão, portanto é bastante aplicável em ambientes com risco de explosão como no setor de petróleo e gás, podendo ser utilizado no controle de gasodutos para aumentar a segurança do sistema [14]. 64 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 3.4-) CONSIDERAÇÕES Mostrou-se através deste capítulo os princípios de funcionamento de equipamentos dedicados a efetuar o controle em sistemas de dutos. As estruturas de controle podem ser aplicadas em várias etapas de um gasoduto, como por exemplo, diversas estações de compressão interligadas através de um sistema SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition) de forma a se obter os dados de supervisão e possibilitar também um monitoramento à distância das mesmas. Este tipo de integralização será o tema abordado no próximo capitulo. 65 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL CAPITULO IV APLICAÇÃO DO SISTEMA SCADA NO CONTROLE DE VARIÁVEIS 4.1- INTRODUÇÃO O sistema SCADA (Supervisory Control and Data Aquisition) é o sistema mais utilizado no controle de gasodutos e polidutos modernos em todo o mundo, por sua grande versatilidade e capacidade de gerenciamento e atuação à grandes distâncias em sistemas de grande porte. Os primeiros sistemas SCADA possuíam natureza estritamente telemétrica, atuando de maneira a informar de maneira periódica a situação de um determinado sistema através de monitoramento da condição dos dispositivos e de sinais referentes ao processo. E a interface com o operador a distância ocorria através de indicadores em painéis luminosos, constituindo um sistema supervisório básico. Com o advento dos computadores como instrumentos de análise e tratamentos de dados e sinais, juntamente com a capacidade de processamento de funções complexas, possibilitou-se que funções de controle fossem também implementadas de modo a utilizar o computador como central de controle com gerenciamento de milhares de variáveis simultaneamente. O grande número de variáveis a serem controladas em um gasoduto e o risco inerente a atividade, necessita de um sistema robusto e insusceptível à falhas. Desta forma, o sistema SCADA vem a atender estes requisitos, como será visto neste capítulo. 4.2- CARACTERIZAÇÃO DE UM SISTEMA SCADA O sistema de controle e monitoramento de um gasoduto segue, de maneira geral, a estrutura de qualquer sistema automatizado, que em linhas gerais pode ser representado através da figura abaixo. 66 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 20: Estrutura de controle e supervisão de processos. Os sistemas SCADA atuam de acordo com esta filosofia, porém possibilitam outras facilidades não previstas neste esquemático (Fig. 21). São compostos por dispositivos que podem ser classificados basicamente pelas seguintes unidades: - Sensores e atuadores - Estações remotas - Rede de comunicações - Estações de monitoramento central 67 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 21: Esquema básico de funcionamento do sistema SCADA. 4.2.1- SENSORES E ATUADORES Os sensores e atuadores são dispositivos conectados aos dispositivos da rede com o objetivo de serem controlados e monitorizados pelo sistema SCADA. Os sensores realizam a conversão dos parâmetros físicos para sinais analógicos e digitais legíveis pela estação remota. São as variáveis de entrada do sistema, que serão analisadas para a realização do controle. Os atuadores são dispositivos (pneumáticos ou elétricos) que permitem modificar as variáveis do sistema, ligando, desligando ou controlando determinados equipamentos. São desta forma, as saídas do sistema de controle. 4.2.2- ESTAÇÕES REMOTAS O processo de controle e aquisição de dados tem inicio nas estações remotas, compostas por CP´s (Controladores Programáveis) e/ou RTUs (Remote Terminal Units), com a leitura dos valores atuais dos dispositivos que lhes estão associados e o respectivo controle. Os RTU´s são unidades com base em computador, dedicadas à aquisição de dados ao controle de processos através dos quais as estações 68 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL centrais de monitoramento. Comunicam-se com os dispositivos existentes no gasoduto. São basicamente constituídos por: o CPU e memória volátil; o Memória não volátil para armazenamento de programas e dados o Capacidade de comunicação serial e/ou modem. o Fonte de tensão com backup a bateria o Auto-monitoramento contra falhas Os CP´s, como foi explicitado no capitulo anterior, apresentam como principal vantagem à programação conhecida pelos instrumentistas e o controle de I/O. Por outro lado, os RTU´s possuem boas capacidades de comunicação, incluindo comunicação via rádio, satélite e internet, estando especialmente indicados para situações adversas onde a comunicação é difícil. Ideais para a atuação em estações de compressão, medição ou distribuição, que de maneira geral se encontram distante da central. O RTU ainda possui um importante diferencial, é multi–tarefa com recursos para atendimento de interrupções e escalonamento de tarefas, diferentemente do CP que executa as tarefas passo a passo de maneira seqüencial. Esta característica é importante fator na detecção de falhas em curto especo de tempo. Atualmente existe uma convergência no sentido de reunir as melhores características destes dois equipamentos, a facilidade de programação e controle dos CP´s e as capacidades de comunicação dos RTU´s. 4.2.3- REDE DE COMUNICAÇÕES A rede de comunicações é a plataforma através da qual a informação de um sistema SCADA é transferida. As redes de comunicação podem ser implementadas através dos seguintes meios físicos (entre outros meios possíveis), tendo em consideração os requisitos do sistema e as distâncias a cobrir: 69 PRH-ANP 16 - RELATORIO FINAL Cabos - Os cabos estão indicados para a cobertura de pequenas distâncias, normalmente em fábricas, não sendo adequados para grandes distâncias devido ao elevado custo da cablagem, instalação e manutenção; - Linhas Dial-Up - As linhas Dial-Up podem ser usadas em sistemas com atualizações periódicas, os quais não necessitem de uma conexão permanente. Desta forma, quando for necessário comunicar com uma estação remota é efetuada uma ligação para o respectivo número; - Linhas Dedicadas - As linhas dedicadas são usadas em sistemas que necessitam de conexão permanente. Esta é uma solução cara, pois é necessário o aluguel permanente de uma linha telefônica ligada a cada estação remota; - Radio Modems – Dispositivos são usados em locais onde não estão acessíveis linhas telefônicas (Fig. 22). Por vezes, em situações onde uma ligação direta via rádio não pode ser estabelecida devido à distância, é necessária a instalação de dispositivos repetidores. Figura 22: Estrutura de uma RTU com transmissão via radio modem. 70 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Satélite: São aplicadas em sistemas de distancias extremamente longas - (gasodutos de grande porte e com grande distancia da central). Existem alguns sistemas usuais de envio de dados via satélite sendo dois dos mais importantes o Inmarsat e Vsat (very small aperture terminal) dentre outros sistemas. As atualizações para a central podem ser em tempo real ou entre intervalo de tempo. - Fibra Óptica: As informações digitalizadas podem ser transferidas através de fibra óptica. O custo, a exemplo do sistema com cabos, é o grande limitador do uso deste meio que se torna inviável para grandes distancias. 4.2.4- ESTAÇÕES DE MONITORAMENTO CENTRAL A estação de monitoramento central é a unidade principal do sistema SCADA, sendo responsável por recolher a informação gerada pelas estações remotas e agir em conformidade com os eventos. Podem estar centralizadas num único computador, ou distribuída por uma rede de computadores de modo a permitir a divisão da informação proveniente do sistema SCADA, facilitando o processamento. A interação entre os operadores e o sistema SCADA (campo) é realizada através de uma interface Homem-Máquina. Assim é possível visualizar um diagrama representativo do gasoduto, a representação gráfica das estações remotas (compressão, medição e entrega), os valores atuais dos equipamento, e a apresentação dos alarmes detectados através de software especifico instalado nos computadores da estação de monitoramento central. Este software permite a visualização em vários níveis, desde uma visão geral tanto quanto uma visão especifica de determinado equipamento, como por exemplo, um compressor e a sua vazão e pressões internas especificas. 4.3- FUNÇÕES Os sistemas SCADA apresentam, entre outras, as seguintes funções: - Aquisição de dados 71 PRH-ANP 16 - Visualização de dados - Processamentos de alarmes - Tolerância à falhas RELATORIO FINAL 4.3.1- AQUISIÇÃO DE DADOS A aquisição de dados é o processo que envolve a coleta e transmissão de dados desde o gasoduto, eventualmente de remotas, até às estações centrais de monitoramento. O processo de aquisição de dados inicia-se no gasoduto, onde as estações remotas lêem os valores dos dispositivos de medição conectados a linha. O sinal de 4 à 20 mA, padrão da maioria dos instrumentos, é digitalizado com algum instrumento (A/D) e depois condicionado para a transmissão. Normalmente é utilizado um computador de vazão, onde as variáveis são digitalizadas e transferidas utilizando um protocolo digital (MODBUS / TCP/IP entre outros) compatível com o sistema de transmissão utilizado. (via satélite ou rede telefônica). Na fase de transmissão de dados deve ser escolhido um modo de comunicação, quer em modo de comunicação por polling, quer em modo de comunicação por interrupção (Report by Exception), e desta forma os dados são transmitidos através da rede de comunicações até à estação central. Por fim, o processo de aquisição de dados é concluído com o respectivo armazenamento em bases de dados. 4.3.2- VISUALIZAÇÃO DE DADOS A visualização de dados consiste na apresentação de informação através de interfaces homem-máquina, geralmente acompanhados por animações, de modo a simular a evolução do estado dos dispositivos controlados na instalação fabril. 72 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Os sistemas SCADA permitem visualizar, além dos dados recolhidos, previsões e tendências do processo produtivo com base em valores recolhidos e valores parametrizados pelo operador, bem como gerar gráficos e relatórios relativos a dados atuais e os armazenados em histórico. Além disso, funções do software principal podem possibilitar a visualização gráfica de gradientes de pressão, vazão, temperatura, velocidade no duto. Fazem o acompanhamento de PIG´s de limpeza e inspeção, além de efetuar o calculo de inventario da linha e auxiliar na detecção de vazamentos. 4.3.3- PROCESSAMENTO DE ALARMES O processamento de alarmes assume um papel de elevada importância na medida em que permite informar situações de funcionamento adverso e anomalias no sistema, sugerir medidas a tomar e, em determinadas situações, reagir automaticamente mediante parâmetros previamente estabelecidos. O computador ao analisar os dados recolhidos, verifica se algum dos dispositivos gerou valores de exceção indicadores de situações de alarme. No tratamento de valores digitais, as situações de alarme podem ser detectadas através de uma variável que assume o valor 0 ou 1; no tratamento de valores analógicos são definidos valores que limitam as situações aceitáveis, de modo a que quando os valores lidos estiverem situados fora das faixas de valores permitidos seja detectada uma situação de alarme. Além das situações de alarme detectadas com base nos valores lidos pelos dispositivos, os sistemas SCADA podem fazer soar alarmes com base na ocorrência de determinadas combinações de eventos. Os alarmes são classificados por níveis de prioridade em função da sua gravidade, sendo reservada a maior prioridade para os alarmes relacionados com questões de segurança. Em situações de falha do servidor ou da rede de comunicações, é possível efetuar o armazenamento das mensagens de alarme em buffer, o que, aliado à capacidade de transmissão de mensagens de alarme para vários servidores, permite atingir um maior grau de tolerância à falhas. 73 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Através da informação proveniente de login, os sistemas SCADA identificam e localizam os operadores, de modo a filtrar e encaminhar os alarmes em função das suas áreas de competência e responsabilidade. Os sistemas SCADA guardam em arquivos digitais a informação relativa a todos os alarmes gerados, de modo a permitir que posteriormente se proceda a uma análise mais detalhada das circunstâncias que geraram a sua origem. 4.3.4- TOLERÂNCIA A FALHAS Para atingir níveis aceitáveis de tolerância à falhas é usual a existência de informação redundante na rede e de máquinas backup como CP´s em standby, de modo a permitir que sempre que se verifique uma falha num computador, o controle das operações seja transferido automaticamente para outro computador (uma réplica de backup) sem que se notem interrupções significativas. Tais redundâncias acarretam um aumento significativo na confiabilidade da linha de dutos a ser controlada, devido a menor exposição do sistema de controle e aquisição de dados a colapsos por falhas individuais. 4.4- MODOS DE COMUNICAÇÃO Os sistemas SCADA utilizam genericamente dois modos de comunicação: sistema mestre-escravo e comunicação por interrupção, normalmente designada por Report by Exception. 4.4.1- COMUNICAÇÃO MESTRE-ESCRAVO Neste modo de comunicação, a estação central (Mestre) tem o controle absoluto das comunicações, efetuando seqüencialmente o polling aos dados de cada estação remota (Escravo), que apenas responde à estação central após a recepção de um pedido, ou seja, em configuração de envio de dados half-duplex. Cada estação remota é identificada por um endereço único. Se uma estação remota não responder durante um pré-determinado período de tempo, 74 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL às solicitações que lhe são dirigidas, a estação central efetua novas tentativas de polling antes de avançar para a próxima estação. São apresentadas as principais vantagens e desvantagens deste modo de comunicação. Vantagens - Simplicidade no processo de recolha de dados; - Inexistência de colisões no tráfego da rede; - Permite, devido ao seu caráter determinístico, calcular a largura de banda utilizada pelas comunicações e garantir os tempos de resposta; - Facilidade na detecção de falhas de ligação; - Permite o uso de estações remotas não inteligentes. Desvantagens - Incapacidade, por parte das estações remotas, de comunicar situações que requeiram tratamento imediato por parte da estação central; - O aumento do número de estações remotas leva a impactos negativos no tempo de espera; - A comunicação entre estações remotas tem obrigatoriamente que passar pela estação central. 4.4.2- COMUNICAÇÃO POR INTERRUPÇÃO Neste modo de comunicação a estação remota monitora os seus valores de entrada e quando detecta alterações significativas, os valores que ultrapassarem os limites definidos, inicia a comunicação com a estação central e a conseqüente transferência de dados. O sistema está implementado de modo a permitir a detecção de erros e recuperação de colisões. 75 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Antes de iniciar a transmissão, a estação remota verifica se o meio de transmissão está para ser utilizado por outra estação, aguardando se isto ocorrer, um tempo aleatório antes de efetuar nova tentativa de transmissão. Em caso de colisões excessivas em que o sistema é gravemente afetado, a estação remota cancela a transmissão aguardando que a estação central proceda à leitura dos seus valores através de polling. São apresentadas as principais vantagens e desvantagens deste modo de comunicação. Vantagens - Evita a transferência de informação desnecessária, diminuindo o tráfego na rede; - Permite uma rápida detecção de informação com caráter urgente; - Permite comunicação entre estações remotas (Escravo/Escravo). Desvantagens - A estação central apenas consegue detectar falhas na ligação após um determinado período de tempo, ou seja, quando efetua polling ao sistema; - É necessária a existência de ação por parte do operador para obter os valores atualizados. 4.5- SOFTWARE O software do sistema SCADA é o que permite a interface entre o operador e o gasoduto. Através do software o operador da central de controle e supervisão consegue não só visualizar o que ocorre no sistema como um todo, como atuar nele à distância. O pacote de maneira geral é comprado pela companhia detentora da concessão de operação do gasoduto, e assim esta irá implementar a construção de um aplicativo cujo tamanho, detalhamento e formas 76 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL de visualização será de acordo com a sua aplicação, como tamanho da rede, numero de estações, compressores dentre outros fatores. Existem ferramentas que possibilitam a emissão de relatórios, análise dos dados, otimização e ferramentas para facilitar a visualização. Além disso, existem funções adicionais que podem ser somadas ao pacote original, que possibilitam, por exemplo, o monitoramento de “pigs” de limpeza e inspeção, detecção de vazamentos, cálculo de armazenamento de gás nos dutos e acompanhamento dos gradientes hidráulicos da linha. 4.5.1- FACTORYSUITE Como exemplo de software para aplicações em sistemas SCADA, temos o pacote Factorysuite da Wonderware que possui os seguintes componentes: • InTouch • IndustrialSQL Server • FactorySuite Web Server • InControl • InTrack • InBatch • I/O Servers A combinação do IndustrialSQL Server com o InTrack e o InTouch permite obter informação sobre o processo de produção em tempo real, e armazenar um histórico completo das operações e dos produtos, para posterior análise. Esta combinação pode ser otimizada com a adição do InBatch e do SPCPro de modo a incorporar processamento de lotes e estatísticas. Através da publicação no FactorySuite Web Server, a informação pode ficar acessível aos vários utilizadores da empresa através da Internet. Os componentes do FactorySuite estão integrados, o que significa menor necessidade de codificação, menos interfaces, menor tempo de configuração e 77 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL inexistência de custos adicionais para integração. Dado que todos os componentes têm uma base de dados comum, trabalham em conjunto, partilham informação entre aplicações, têm a mesma aparência e suportam mecanismos de comunicação comuns. O FactorySuite permite aumentar a sua funcionalidade através do uso de toolkits, OPC, DCOM, VBA e ActiveX. 4.5.1.1- InTouch O InTouch é uma interface gráfico homem-máquina, desenvolvido para a indústria de automação, supervisão e controle de processos que permite a visualização de ambientes industriais compostos por várias unidades fabris interligadas, disponibilizando ao operador toda a informação necessária. O InTouch é composto por diversos componentes que permitem visualização, acesso a dados, integração com componentes e sistemas externos, gestão e manutenção de históricos, tratamento de eventos e alarmes, elaboração de relatórios e ferramentas de análise. As aplicações desenvolvidas com o InTouch podem-se conectar aos servidores via Internet através do protocolo standard HTTP, podendo eventualmente utilizar dados e processar alarmes de vários servidores em simultâneo. Utiliza o protocolo TCP. 4.5.1.2- IndustrialSQL Server O IndustrialSQL Server é uma base de dados relacional que adquire e armazena todo o histórico de um elevado número de dispositivos de controlo e aquisição através do uso de servidores de I/O e de vários nós InTouch e InControl. Adicionalmente integra toda esta informação com dados de configuração, mensagens de alarmes e eventos, dados estatísticos e outros dados associados à produção. 78 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 4.5.1.3- FactorySuite Web Server O FactorySuite Web Server é a porta de acesso à informação do processo produtivo que permite aos utilizadores, independentemente de se encontrarem a utilizar dados no local, ou remotamente através da Internet, obter uma interface idêntica. O FactorySuite Web Server permite administrar e distribuir as aplicações InTouch e a informação através da Internet/intranet. O FactorySuite Web Server suporta a nível de segurança, o protocolo SSL (Secure Socket Layer), a autenticação de senhas e o uso de certificados digitais, além de restrições de leitura/escrita. 4.5.1.4- InControl O InControl disponibiliza uma alternativa aos CP´s com custos mais reduzidos. Comparado com os CP´s, o InControl, em execução num sistema aberto, oferece um controle mais robusto, maior conectividade e capacidades lógicas mais sofisticadas para o tratamento de processos complexos discretos e em lote. 4.5.1.5- I/O Servers Os I/O Servers permitem estabelecer comunicação entre os dispositivos de hardware e o FactorySuite. O FactorySuite disponibiliza vários servidores de I/O para interface com os dispositivos instalados nas fábricas, permitindo efetuar conexões com, entre outros, CP´s e RTU´s. Existem diversos outros tipos de fabricantes que fornecem pacotes de sistemas SCADA similares, como o sistema da Motorola com utilização de MOSCAD (Motorola Scada). 79 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 4.6- CONSIDERAÇÕES Este capítulo apresentou a conceituação de sistemas SCADA na supervisão e controle de variáveis de duto, bem como algumas características de utilização e softwares. Pode-se perceber a importância de tal sistema no que se diz respeito à modernização e automação de gasodutos já existentes e aplicações em novas instalações que irão ser construídas. O sistema SCADA é de fundamental importância na prevenção de falhas como vazamentos, para evitar operações inadequadas de controle, juntamente com medições e monitoramento das características em tempo real do sistema. Pode-se perceber também uma sucinta vantagem na utilização de sistemas SCADA agregados as unidades terminais remotas (RTU´s) para aquisição de dados. Tanto quanto por sua característica de escalonamento de tarefas quanto suas características de telecomando, tele-supervisão e telecontrole intrínsecas, sem necessidade de aquisição de sistemas adicionais. 80 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL CAPITULO V SIMULAÇÃO DE SISTEMAS DE CONTROLE E COMPRESSÃO EM GASODUTOS 5.1 - INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a simulação computacional vem assumindo uma importância cada vez maior como ferramenta de aquisição de conhecimento. No inicio da pesquisa operacional, os problemas eram resolvidos por meio da obtenção dos melhores resultados possíveis para cada parte individual do modelo. Porém, de maneira natural e acompanhando o desenvolvimento tecnológico, ocorreu um aumento da complexidade dos problemas acarretando a necessidade de se utilizar uma abordagem mais sistêmica e generalista. A simulação utilizou-se, inicialmente, de linguagens de programação geral, como o FORTRAN e PASCAL. Mas, à medida que a complexidade das observações e a capacidade dos recursos computacionais cresceram, surgiram os programas de simulação de propósito geral e que são os baseados em funções que representam a dinâmica dos sistemas reais. Atualmente existe uma gama de softwares comerciais que possibilitam a simulação computacional de sistemas complexos. Muitos deles são dedicados a determinada área do conhecimento, e muitas vezes a aplicações bastante especificas. Este capítulo tem como objetivo mostrar algumas das aplicações que a simulação computacional permite quando aplicada ao sistema de controle de um gasoduto. 81 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL 5.2 - SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL A simulação computacional tem se constituído numa ferramenta poderosa para a compreensão dos fenômenos físicos, químicos e energéticos em sistemas reais. A utilização desta ciência dentro da área de engenharia já tem sua importância consolidada devido a sua extrema praticidade. A concorrência nos mercados locais e internacionais tem levado as empresas a tornarem-se cada vez mais competitivas e atentas as mudanças no mercado, possibilitando-lhes melhorias em seus processos produtivos. A simulação computacional foi utilizada, portanto, como ferramenta de análise das possíveis oportunidades de melhorias a serem introduzidas em sistemas e processos produtivos. De maneira geral pode-se apontar alguns motivos que justificam o grande investimento nesta área de pesquisa: - Simulações computacionais possibilitam uma estreita ligação entre a teoria e a experiência. Simulações numéricas bem elaboradas podem conduzir a melhorias do processo; - Não existe a necessidade de gerar modificações no meio físico para se obter conclusões; - O universo acessível à simulação computacional não está limitado a processos que ocorrem na natureza; - Possibilidade de simulação com quebras de simetria e efeitos não-lineares incorporados; O próprio gráfico da figura 1 apresentado no capitulo I é fruto da aplicação computacional utilizando o software MATLAB e a equação de vazão em tubos longos. Nesta simulação foi imaginada uma situação hipotética onde existe uma longa tubulação somente com perdas de carga distribuída e sem inclinação. 82 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Boa parte das aplicações da simulação computacional é na solução numérica de problemas. A grande velocidade de processamento pode ser utilizada para fazer um numero de iterações por segundo, de forma que tal característica aplicada a equações que regem o funcionamento do sistema, pode-se gerar valores tão precisos quanto se queira. Um dos problemas mais pesquisados e relevantes de engenharia, em suas mais diversas áreas, é a modelagem e simulação dinâmica de sistemas. Com o aumento da competitividade entre as empresas, um melhor desempenho dinâmico dos sistemas toma uma grande relevância o sentido de que seu entendimento possibilita uma análise capaz de diminuir perdas e aumentar a eficiência e robustez do processo. Além disso, tal entendimento fornece maiores informações sobre fenômenos que podem causar problemas. 5.3- SIMULAÇÃO DA COMPRESSÃO DE GAS NATURAL Um exemplo simples de simulação computacional foi implementado em um programa com MATLAB de maneira a se permitir o calculo do head termodinâmico, além do head real e a eficiência termodinâmica. Este programa lançou mão das equações (1.11), (1.12) e (1.13) citadas durante o capitulo I. % PROGRAMA PARA CALCULO DE HEAD POLITROPICO disp('Entre com os dados do sistema'); MW = input ('Entre com o Peso Molecular= '); P1 = input ('Entre com Pressao Sucçao= '); T1 = input ('Entre com Temp entrada= '); P2 = input ('Entre com Pressao de descarga= '); T2 = input ('Entre com Temp de saida= '); R = input ('Entre com R= '); k = input ('Entre com coef adiabatico= '); 83 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL % Calculo do Head Politropico, real e eficiencia quo = log(T2/T1)/log(P2/P1) % (n-1)/n Hp = (1/(quo*MW))*R*T1*[((P2/P1)^quo)-1] H = (T2-T1)*R*k/((k-1)*MW) ep = Hp/H % FIM Tal aplicação possibilita a calculo automático dos valores a partir da entrada das temperaturas e pressões de sucção e de entrada, além das características do gás natural. Desta maneira, poderíamos facilmente implementar uma rotina de forma a que estes dados fossem lidos de um arquivo com dados seqüenciais, e assim realizar uma análise seqüencial dos resultados. Como já foi dito anteriormente, estes dados inseridos podem ou não ser oriundos do processo real. As mais variadas combinações de dados podem ser montadas de forma a analisar o head e a eficiência em condições de extranormalidade. Em uma outra situação, tem-se posse de uma curva para uma determinada rotação de um compressor de uma estação de compressão de gás natural similar o apresentado no capitulo II. Deseja-se então a expansão desta curva para outras Através da utilização do software MATLAB, foi feito um programa que possibilita o traçado de curvas no plano Vazão X Head Politrópico referentes a um compressor exposto a um controle de capacidade tipo variação de rotação do compressor. Foi utilizada para isto uma curva de performance termodinâmica como base de um compressor real Solar C452 retirada do catalogo do fabricante. É importante notar que esta curva esta utilizando a base isentrópica. 84 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 23: Curva termodinâmica do compressor Solar C452 Analisando a curva básica do compressor, verifica-se que a curva de head isentrópico possui em sua característica um ponto de inflexão máximo separando a curva em duas, uma praticamente linear em um trecho de variação de vazão e uma levemente parabólica para um segundo trecho de vazão. Sendo que a interseção entre as duas curvas se dá o ponto de head máximo. Neste caso, se torna impossível à análise desta curva de uma maneira generalista através de uma só equação. Os modelos das curvas serão tratados independentemente através do modelo do compressor descrito na equação (2.1), de forma a conseguirmos uma formulação que permita o modelamento deste tipo especifico de compressor. Para este programa devem ser capturados alguns pontos da curva de operação do compressor em questão, pois são necessários para a composição da curva básica e da definição dos parâmetros e das constantes do modelo. Também é necessário é o conhecimento da rotação referente à curva inicial. 85 PRH-ANP 16 % PROGRAMA RELATORIO FINAL PARA CALCULO DAS CURVAS DE OPERAÇAO DE COMPRESSOR disp('Entre com os dados da curva'); pt1 = input ('Entre com vo ponto 1= '); pt2 = input ('Entre com vo ponto 2= '); pt3 = input ('Entre com vo ponto 3= '); pt4 = input ('Entre com vo ponto 4= '); ptmax= input ('Entre com o ponto de maximo Head= '); N = input ('Entre com a velocidade de rotaçao do grafico base= '); Q1 = input ('Entre com a vazao minima do graf A= '); Q2 = input ('Entre com a vazao max do graf A= '); Q3 = input ('Entre com a vazao min do graf B= '); Q4 = input('Entre com a vazao max do graf B= '); % Calculo das constantes Ya=[N^2 N*pt1(1) pt1(1)^2;N^2 N*pt2(1) pt2(1)^2;N^2 N*ptmax(1) ptmax(1)^2]; Xa=[pt1(2);pt2(2);ptmax(2)]; ABCa=Ya\Xa; Aa=ABCa(1); Ba=ABCa(2); Ca=ABCa(3); Yb=[N^2 N*ptmax(1) ptmax(1)^2;N^2 N*pt3(1) pt3(1)^2;N^2 N*pt4(1) pt4(1)^2]; Xb=[ptmax(2);pt3(2);pt4(2)]; ABCb=Yb\Xb; Ab=ABCb(1); Bb=ABCb(2); Cb=ABCb(3); disp(ABCa); disp(ABCb); % Modelo do compressor Vea=[Q1:1:Q2]; Veb=[Q3:1:Q4]; Hfa=Ca*(Vea.^2)+ Ba*Vea.*N + Aa*(N^2); Hfb=Cb*(Veb.^2)+ Bb*Veb.*N + Ab*(N^2); plot(Vea,Hfa,Veb,Hfb); grid; 86 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL xlabel ('Vazao volumetrica [m3/s]'); ylabel ('Head termodinamico isentropico [KJ/Kg]'); % Nova rotaçao de trabalho N2 = input ('Entre com a nova rotaçao= '); Hfa=Ca*(Vea.^2)+ Ba*Vea.*N2 + Aa*(N2^2); Hfb=Cb*(Veb.^2)+ Bb*Veb.*N2 + Ab*(N2^2); plot(Vea,Hfa,Veb,Hfb); grid; xlabel ('Vazao volumetrica [m3/s]'); ylabel ('Head termodinamico isentropico [KJ/Kg]'); %FIM Como resultado deste programa, obtém-se um gráfico aproximado das condições de head por vazão do compressor na sua situação original. Logicamente de acordo com a exatidão dos pontos inseridos, o gráfico resultante ficará mais ou menos próximo do real. Para a confecção deste programa foi fundamental a capacidade do MATLAB de resolver sistemas lineares de maneira direta e fácil. Em outro software de programação tradicional, este trabalho necessitaria da construção de uma rotina para resolução numérica através de métodos como, por exemplo, Gauss-Seidel. Neste gráfico, pode-se inserir uma nova rotação, sendo que o programa adaptará o modelo para a referida rotação. Os gráficos abaixo foram obtidos para um compressor cuja curva segue o molde da curva do compressor solar C452 a uma rotação inicial de 10000 RPM. 87 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 24: Curva de compressor aproximada obtida através de modelo. O segundo gráfico se dá para uma situação onde o controle de capacidade atuou diminuindo a rotação para 8000 RPM. Figura 25: Curva de compressor aproximada para 8000 RPM. 88 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Desta forma então fica fácil notar a possibilidade de se formar uma família de curvas, de modo a analisar as características resultantes da variação de velocidade de rotação de um compressor em um gasoduto a comparar com o head termodinâmico e a vazão volumétrica. O resultado obtido em comparado com a curva real é bastante satisfatório, demonstrando que o modelo é adequado, bastando como dados de entrada apenas o conhecimento de alguns pontos de operação da unidade. 5.4 - SIMULAÇÃO DO CONTROLE O controlador utilizado no controle de capacidade dos compressores centrífugos deve possuir a ação integral como já foi salientado no capitulo II. Utilizando o software Simulink do pacote MATLAB, foi possível a realização de uma simulação hipotética de um sistema de controle de capacidade através da variação da rotação de um sistema de compressão de um gasoduto. Desta forma, foi possível a construção de um modelo que implementasse a dinâmica de um sistema proporcional integral aplicada por um controlador tipo CP de forma discreta. A dinâmica do sistema do compressor e da turbina não foram consideradas como sendo ganhos estáticos. Neste caso, a metodologia encontrada para a simulação foi à aplicação da equação de head termodinâmico (1.11), porém aplicada de forma referenciada a um sistema adiabático. E da equação de modelo estático do compressor (2.1), tomando como parâmetros, aqueles obtidos através do programa anterior (para o compressor base já citado). A saída do controlador PI é a própria informação de comando da rotação da turbina e do compressor centrífugo, de modo que esta varia de acordo com o erro de pressão. O diagrama de blocos do simulink representativo do sistema ficou desta forma: 89 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 26: Simulação do controle de capacidade de um compressor centrífugo por variação da rotação. Nesta simulação, foi tomado também que a variável de controle seria a pressão de descarga do compressor. Além disso, as condições de vazão volumétrica de sucção, pressão de entrada, característica do gás ou temperatura de entrada foram fixadas utilizando valores típicos para uma estação de compressão podendo, entretanto podem ser variadas no modelo do compressor. Foram estipulados valores arbitrários através da simulação que possibilitassem uma melhor visualização das condições do sistema. O ganho derivativo foi colocado neste caso como zero, para a situação apenas do PI. As variáveis monitoradas foram à rotação do compressor, o erro obtido e a saída de pressão de descarga. O resultado da pressão de saída está ilustrado na figura a seguir. 90 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 27: Pressão de descarga do compressor compensada. Pode-se verificar no gráfico que o sistema se estabiliza rapidamente na pressão de set-point desejado. No tempo igual a 3s foi simulado uma variação da pressão de descarga em degrau ocorrida devido alguma manobra no sistema. Percebe-se o controlador assim que percebe a variação de pressão atua no sentido de compensa-la. Da mesma forma, pode se verificar que a rotação da turbina é incrementada pelo controlador de modo a possibilitar o fornecimento de tal pressão de descarga. O seu perfil pode ser obtido através da simulação representada pela Fig. 28. 91 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Figura 28: Variação de rotação devido a degrau da pressão de descarga. Após isso foi considerado como distúrbio um sinal de variação de pressão repetitivo, de forma a verificar a ação do controlador em tal situação. As variações eram do tipo rampa linear de 0 a 15 bar em 500ms e caindo abruptamente para zero neste tempo.O resultado de pressão de descarga obtido foi: Figura 29: Pressão de descarga para regime de distúrbio seqüencial. 92 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Foi possível verificar que o controle mesmo em uma condição extrema de variação tende a manter a pressão próxima de um limite pré-estabelecido. 5.5 - SOFTWARES DEDICADOS Existem alguns softwares que possuem o objetivo especifico de simulação computacional de gasodutos. Alguns deles são: o Pipeline Studio; o PIPESIM; o FlowTran; o ATMOS Gsim; Estes softwares possuem vários modelos embutidos na forma de elementos, de modo a que o sistema em questão pode ser facilmente implementado pelo usuário (Fig. 30). Possibilitam a simulação de dutos em condições de operação ou não, podendo construir gradientes de pressão, temperatura, vazão etc. Figura 30: Tela do software Pipeline Studio da Energy Solutions. 93 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Alguns softwares permitem interligação com o sistema SCADA e podem trabalhar on-line ou off-line, ou seja, possibilitam a utilização das próprias variáveis do sistema real, fornecendo resultados bem mais precisos. Por exemplo, o software da Atmos , o Gsim, possui esta característica. Geralmente estes softwares possuem funções adicionais já implementadas como a simulação do lançamento de pig´s e também simulam condições de anomalia como em caso de vazamentos. 5.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste trabalho foi possível efetuar a análise dos aspectos técnicos de um sistema de transporte de gás de forma geral. O conteúdo teórico obtido através da pesquisa bibliográfica possibilitou um ganho extremamente considerável no sentido de possibilitar um trabalho que reunisse uma gama de informações de modo a possibilitar a análise sobre a técnica de funcionamento de um gasoduto. Foi analisado o aspecto construtivo dos componentes da linha, levantando a forma de que estes interagem com o sistema, levantando as equações que regem o seu funcionamento, possibilitando o calculo de variáveis importantes para o funcionamento do gasoduto (como head termodinâmico e rotação de trabalho). Uma análise das estratégias de controle de pressão e vazão de um gasoduto foi efetuada de modo a explicitar a maneira energeticamente mais eficiente evitando perdas desnecessárias. Foram apontadas futuras possibilidades de melhoria do sistema com a evolução tecnológica, como é o caso da utilização de motores elétricos como máquinas primárias dos compressores centrífugos de estações de compressão, através do uso de inversores de freqüência de grande porte. A conceituação dos limites operativos do sistema, surge e stonewall, foram efetuadas, mostrando que se ultrapassados poderiam acarretar um colapso do sistema. 94 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL Os equipamentos que efetuam o processamento de controle e supervisão, e suas referentes arquiteturas foram descritos objetivando uma possibilidade de escolha por um modelo mais adequado. Foi mostrado que novas tecnologias como o FISCO e sensoriamento inteligente, junto com a utilização de controladores programáveis são relevantes por sua robustez e confiabilidade, e são muito utilizadas pela maioria dos projetistas. A descrição dos aspectos técnicos de um sistema SCADA de supervisão e controle possibilitou explicitar sua relevância dentro do sistema, com suas características telemétricas e operacionais, além de possibilitar o entendimento necessário para sua aplicação em novas instalações de transporte de Gás Natural. Foi ainda ressaltada a importância da simulação computacional para este tipo de aplicação, com a construção de pequenas rotinas capazes de fornecer resultados importantes para análise do funcionamento da linha. Toda a análise baseou-se em um sistema típico, porém os conceitos e dados aqui obtidos podem ser expandidos a linhas de diferentes portes, provendo assim uma fonte de conhecimento tanto para novas aplicações, quanto para modernização de antigas e obsoletas linhas de transporte de Gás Natural. 95 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL BIBLIOGRAFIA [1]- Gas Engineering Handbook,1965. Industrial Press. [2]- Soares, Joshuah.M.A, 1981 .Fordham University, New York. Manual de pneumática e hidráulica. [3]- Costa, Ennio, 1978. Edgard Blücher Ltda. Compressores. [4]- Rodrigues, Paulo Sergio, 1991. Compressores industriais. Editora EDC. [5]- Santos , José Horta, 1979. Automação Industrial. Rio de Janeiro. [6]- Boyce, Meherwan P, 1995. A Gás turbine Engineering handbook. Gulf Publishing Company. [7]- Bortoni, Edson C, 2002. Apostila Instrumentação. IEE.Unifei. [8]- Ogata, Katsuhiko, 1997. Modern Control Engineering. Minnesota – USA: Ed. Prentice-Hall, Inc. Tradução: Severo, Bernardo, 2000. Engenharia de Controle Moderno. Rio de Janeiro - Ed. LTC. Instituto Militar de Engenharia, IME. [9]- Gordon, Geoffrey, 1969. System simulation. Ed. Prentice-Hall,Inc. [10]- Bezerra, Rossini, 2000. Apostila Instrumentação de processos. [11]- UFRJ. Programa Prodenge. Controladores Lógicos Programáveis. ARTIGOS [12]- Wrenn jr., Frederick. Eletric Powered Compressors. 96 PRH-ANP 16 RELATORIO FINAL [13]- Alonso, Julio. Controle & Instrumentação. 2004. [14]- Cassiolato, Cesar. Smar. Controle &Instrumentação. 2004 97