Aquecedor Solar reduz consumo de energia e água e preserva o meio ambiente Debater tecnologias usando o tema sustentabilidade como premissa básica e necessária, exige uma análise criteriosa de vários pontos de vista e que traduzam o real impacto destas tecnologias no desenvolvimento da sociedade em harmonia com o meio ambiente. Um dos principais temas da atualidade no Brasil e no mundo passa pelo uso dos aquecedores solares. Alguns setores menos informados têm declarado que a lei solar da Prefeitura de SP vai aumentar o consumo de água da cidade e que a lei deveria pensar no uso racional de água também. Cabe ressaltar, entretanto, que a lei de São Paulo que torna obrigatório o uso de aquecedores solares nas novas edificações pensou cuidadosamente no uso racional de energia, de água, na proteção do clima do planeta e no aumento de renda da população, ou seja, no desenvolvimento sustentável do país. Vamos analisar duas tecnologias distintas sob o ponto de vista de consumo de água e energia, analisando o chuveiro elétrico e o aquecedor solar. Consumo de Água A tabela 1 mostra o consumo de água que as duas tecnologias demandam: Um primeiro fato a constatar é que a decisão de usar mais ou menos água é decidida pelo consumidor e exclusivamente por ele. O aquecedor solar pode ser utilizado com vazão de 3 litros por minuto também, a exemplo do que é feito nas mais de 20 mil habitações de interesse social que hoje já usam os aquecedores solares. Portanto as vazões de consumo de água são exatamente as mesmas, ou seja, uma casa com padrão de banho de 3 litros por minuto, 8 minutos de banho e 4 moradores pode usar o chuveiro e o aquecedor solar consumindo para os banhos exatamente a mesma quantidade de água. O aquecimento solar é moderno porque pode ser acoplado a sistemas existentes, pode ser projetado em novas edificações por diferentes métodos, mas quem decide quanto tempo de banho e quais as vazões de água desejadas são os usuários. Hoje o consumidor pode comprar chuveiros e duchas com vazões que vão de 3 a 60 litros por minuto, este último valor demonstra que as mesmas empresas que disponibilizam chuveiros elétricos com vazões racionais entre 4 e 6 litros por minuto, também disponibilizam no mercado duchas e chuveiros com vazões muitíssimo superiores. Mas esta não pode ser o único ponto a ser analisado. O PROCEL - Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica da Eletrobrás, estima que existam entre 25 e 27 milhões de chuveiros elétricos instalados no Brasil. Esses equipamentos, além de consumirem cerca de 5% de toda a eletricidade produzida no país, são responsáveis por aproximadamente 18% do pico de demanda do sistema elétrico nacional. Por outro lado, para gerar a energia elétrica necessária para ligar o chuveiro elétrico somente no horário de ponta, ou seja, das 18 às 21 horas, se gasta muita água. Como citado, o chuveiro elétrico responde pela construção e operação de 18% de todas as usinas de energia elétrica construídas no Brasil, ou seja, cerca de 12.600 MW de potência no horário de ponta (quase uma Usina de Itaipu que hoje opera com 14.000MW). Neste horário de pico de demanda, várias termelétricas são acionadas para gerar energia para o banho habitual e pouco sustentável do brasileiro. No que concerne ao funcionamento das termelétricas, dois pontos que preocupam especialistas do mundo inteiro, nos parece merecer muita atenção: 1. O volume de água necessário à geração do vapor indispensável ao acionamento das turbinas, e 2. A poluição emitida pela queima dos combustíveis utilizados nas termelétricas, como o carvão mineral, o óleo combustível, o óleo diesel e o gás natural. Para ilustrar a preocupação com o consumo de água das termelétricas, vamos comparar o consumo de uma destas com o consumo de uma região metropolitana: a térmeletrica de SUAPE, em Pernambuco, localizada a cerca de 50 km do Recife é projetada para gerar 523 MW queimando gás natural e consumindo um volume de água aproximado de 36.000 m³/h (equivalente a 10 m³/s), enquanto a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) fornece aos 3 milhões de habitantes da região metropolitana do Recife cerca de 12 m³/s. Portanto, uma única usina térmica de 523 MW consume mais que o volume d’água fornecido aos habitantes de uma metrópole como o Recife. Por volta de 90% da água utlizada pelas termelétricas evapora, comprometendo assim a disponibilidade hídrica para outros usos na bacia hidrográfica. Se alocarmos o consumo de água das termelétricas aos distintos usos de eletricidade, a quota parte dos chuveiros elétricos é de aproximadamente 48 litros por domicilio. Deste resultado podemos afirmar que o uso de aquecedores solares economiza pouco mais de 17.000 litros de água por ano e por domicilio. Para a cidade de São Paulo, com seus mais de 11 milhões de habitantes, a hipotética substituição dos chuveiros por aquecedores solares economizaria mais de 48 bilhões de litros de água por ano, e isto ao longo de 20 anos, vida útil dos aquecedores solares. Não é a toa que Israel, país que sofre de forte escassez hídrica, os aquecedores solares são obrigatórios desde 1980. Por seu lado a poluição gerada pelas termelétricas tem aspectos locais e globais, estes últimos relativos às mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis. Quanto a este importante problema global, os aquecedores solares têm muito a contribuir, e istó é percebido pela maioria dos tomadores de decisão a nível global, como ilustra pesquisa realizada em 2007 pela International Union for Conservation of Nature: a entidade procurou avaliar quais tecnologias disponíveis inspiram mais confiança em sua capacidade de combater o aquecimento global durante a reunião da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) realizada em Bali em dezembro passado. A solução com maior índice de aprovação na pesquisa foi o uso de energia solar para aquecimento de água (74%). Nesta pesquisa, a IUCN ouviu mil integrantes de governos, de organizações não governamentais e do setor industrial de 105 países. Consumo e produção de energia elétrica A tabela 2 mostra o consumo de energia elétrica e custo de produção de energia que as duas tecnologias demandam: Tecnologia Consumo diário de energia eletrica por domicilio Consumo anual de energia elétrica por domicilio Custo anual de energia eletrica por domicilio Custo para geração,transmissão e distribuição de energia elétrica por domicilio Aquecedor Solar 0,7 kWh 255 kWh R$178,50 0 Chuveiro 2,34 kWh 854 kWh R$ 597,80 R$ 3.520,00 Conforme citado acima, 18% da capacidade de geração de eletricidade instalada no Brasil é acionada nos momentos de pico pelo conjunto de chuveiros elétricos, o que adiciona um custo extra ao sistema elétrico, que neste momento tem que ter capacidade instalada para gerar, transmitir e distribuir esta eletricidade. Cada novo chuveiro elétrico instalado custa para o sistema elétrico cerca de R$ 3.520,00 entre geração, transmissão e distribuição energia elétrica. Claro que este custo imposto pelo conjunto de chuveiros recai sobre o bolso do consumidor. Os aquecedores solares são equipamentos que reduzem significativamente os consumos de energia elétrica e de gás dos usuários de água quente. Um aquecedor solar bem dimensionado supre com facilidade em qualquer região do país mais de 70% das necessidades de água quente dos consumidores e os outros 30% são supridos com tecnologias convencionais como o próprio chuveiro elétrico ou aquecedores a gás. Com isto, um domicílio economiza por ano mais de R$ 400,00. Para o conjunto dos 11 milhões de habitantes de São Paulo, esta economia anual na conta de energia elétrica seria da ordem de R$ 1 bilhão. Para o setor elétrico, e indiretamente para nós, os consumidores de energia, a economia em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica ultrapassaria os R$ 9 Bilhões. Sustentabilidade pensada Usar aquecimento solar é ato de desenvolvimento e racionalidade sob todos os aspectos. Economiza-se energia, economiza-se água, evolui-se para uma cultura solar. Mais uma vez, parabéns a cidade de São Paulo. Para mais informações www.cidadessolares.org.br www.vitaecivilis.org.br www.ligadoemenergiasolar.org.br www.dasolabrava.org.br