Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
REGIANE GRIGOLI PESSARELLO
Estudo exploratório quanto ao consumo de
água na produção de obras de edifícios:
avaliação e fatores influenciadores
São Paulo
2008
2
REGIANE GRIGOLI PESSARELLO
Estudo exploratório quanto ao
consumo de água na produção de
obras de edifícios:
avaliação e fatores influenciadores
Monografia apresentada à Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de especialista em Tecnologia e Gestão
da Produção de Edifícios
Área de Concentração:
Engenharia de Construção Civil
Orientador:
Ubiraci Espinelli Lemes de Souza
São Paulo
Fevereiro de 2008
3
FICHA CATALOGRÁFICA
Pessarello, Regiane Grigoli
Estudo Exploratório quanto ao consumo de água na produção
de obras de edifícios: avaliação e fatores influenciadores / R.G.
Pessarello. -- São Paulo, 2008.
p. 114
Monografia (MBA em Tecnologia e Gestão na Produção de
Edifícios) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Programa de Educação Continuada em Engenharia.
1. Canteiro de obras (Administração) 2. Consumo de água
I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Programa de
Educação Continuada em Engenharia II. t.
4
DEDICATÓRIA
Aos queridos pais, Neide e Ambrósio, meus primeiros mestres e
incentivadores;
À irmã Daniele pela torcida;
Ao amado Afonso, companheiro dedicado e compreensivo;
E à querida Maria Izabella que, com sua meiguice, tornou-se a
razão de todo o meu esforço.
5
AGRADEDIMENTOS
As etapas de nossas vidas sempre são marcadas pela participação de pessoas.
Algumas muito especiais e outras nem tanto. Algumas que continuam entre nós,
outras que mudaram de cidade, mudaram de emprego ou mudaram de plano.
Em especial agradeço a DEUS por ter me dado forças para concluir mais essa
grande etapa e por ter colocado no meu caminho todas estas pessoas especiais,
dentre elas o meu querido mestre, que já não se encontra nesse plano, o
Professor e Engenheiro Eugênio Salvador Giamusso, que foi meu primeiro
incentivador na engenharia civil e que nunca mais esquecerei.
Nesta mais nova etapa finalizada, tive a felicidade e satisfação de poder contar
com outras pessoas muitos especiais, e por isso, agradeço de coração:
Ao meu querido orientador Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, que foi fonte de
motivação desde o primeiro dia em que eu o conheci. Com o seu jeito simples,
simpático e detentor de grande sabedoria, fez com que eu trilhasse esse caminho
com sucesso e satisfação.
Ao professor e engenheiro Jorge Batlouni e seus colaboradores Carlus Fabrício
Librais e Marcelo José, pelo tempo dedicado e pela simpatia no atendimento.
Aos amigos da turma, Gislaine Cheeswrigth, Joaquin Oviedo e Nelson Pacobello,
pela ótima convivência. E, em especial, aos amigos, Richard Dantas e Thomas
Diepenbruck, pela ajuda na elaboração deste trabalho e pela paciência e tempo
dedicados.
E, enfim, agradeço aos amigos da Editora Pini, em especial ao Mário Sérgio Pini e
Eric Cozza, que sempre me motivaram e acreditaram no meu potencial.
6
“Se tens de lidar com água, consulta primeiro a
experiência, e depois a razão”
Leonardo Da Vinci
(1452-1519)
7
RESUMO
Este trabalho busca entender o consumo de água na produção de obras de
edifícios, baseando-se em levantamento bibliográfico e estudos empíricos
realizados em três canteiros de obras.
Como resultados serão apresentados os tipos de fornecimento de água nas obras,
a demanda no canteiro, tanto para uso humano como para os serviços de
construção civil, além de valores de consumo de água na obra, como também a
avaliação preliminar das causas do consumo.
Como resultado principal, busca-se apresentar um indicador de consumo de água
para produção de obras de edifícios, que poderá contribuir para a previsão do
consumo de água na obra, favorecendo o aprimoramento do orçamento da obra e
contribuindo para uma gestão mais eficiente dos recursos, além de dar subsídios
para a melhoria da sustentabilidade ambiental na Construção Civil.
8
ABSTRACT
This paper deals with the consumption of water in the building construction
activities, based on bibliographic survey and empirical studies conducted in three
construction sites.
It discusses the types of provision of water for the sites, the water demand, both
for human use and for the services of construction, in addition to figures on water
consumption in the site, as well as the preliminary assessment of the causes of
such a consumption.
As the main result, an indicator of consumption of water building production is
presented, which may contribute to the estimation of water consumption in the
job, encouraging the improvement of the budget and contributing to improve
resources management. The paper also helps to improve environmental
sustainability in the construction.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ilustração do balanço hídrico global - adaptado de Gleick, 1993 – ÁGUAS DOCES
DO BRASIL ................................................................................................ 24
Figura 2 – Quantidade de água doce no planeta................................................... 25
Figura 3 – Quantidade detalhada de água doce no planeta...................................... 26
Figura 4 – Foto do caminhão pipa .................................................................... 33
Figura 5 – Poço artesiano revestido.................................................................. 36
Figura 6 – Modelo dos Fatores ........................................................................ 49
Figura 7 – Foto do empreendimento da Construtora A e imediações .......................... 56
Figura 8 – Foto do empreendimento da Construtora A em construção......................... 57
Figura 9 - Foto do Refeitório da obra da Construtora A .......................................... 59
Figura 10 – Foto do vestiário da obra da Construtora A .......................................... 59
Figura 11 – Foto da área de refeitório e vestiários na obra da Construtora A ................ 60
Figura 12 - Foto da bomba de recalque para distribuição nos pavimentos em construção na
obra da Construtora A ................................................................................. 60
Figura 13 – Foto da rede de distribuição de água nos pavimentos em construção na obra da
Construtora A............................................................................................ 61
Figura 14 – Tipo de fornecimento de água na obra da Construtora A .......................... 63
Figura 15 – Foto dos reservatórios para receber água proveniente de caminhão pipa na obra
da Construtora A........................................................................................ 63
Figura 16 - Foto do Empreendimento da Construtora B .......................................... 66
Figura 17 - Planta do apartamento com 90,70 m² do empreendimento da Construtora B . 67
Figura 18 - Planta do Apartamento com 100,70 m² do empreendimento da Construtora B 67
Figura 19 – Esquema de distribuição de água nos pavimentos em construção na obra da
Construtora B............................................................................................ 70
Figura 20 - Tipo de fornecimento de água na obra da Construtora B .......................... 72
Figura 21 – Perspectiva do empreendimento da Construtora C ................................. 74
Figura 22 - Planta 1 do apartamento da Construtora C .......................................... 75
Figura 23 - Planta 2 do apartamento da Construtora C .......................................... 75
Figura 24 - Planta 3 do apartamento da Construtora C .......................................... 75
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Consumo mensal de água na obra da Construtora A ................................ 81
Gráfico 2 - Consumo mensal de água na obra da Construtora B ................................ 82
Gráfico 3 – Consumo mensal de água na obra da Construtora C ................................ 83
Gráfico 4 – Consumo acumulado de água na obra da Construtora B............................ 84
Gráfico 5 – Curva de consumo por m² na obra da Construtora B ............................... 85
Gráfico 6 – Consumo acumulado de água na obra da Construtora A ........................... 86
Gráfico 7 – Tendência de consumo por m² na obra da Construtora A.......................... 86
Gráfico 8 – Consumo acumulado de água na obra da Construtora C ........................... 87
Gráfico 9 – Tendência de consumo por m² na obra da Construtora C.......................... 87
Gráfico 10 – Quantidade de pessoas por mês na obra da Construtora A ....................... 89
Gráfico 11 – Estimativa do consumo de água – humano x produção – obra da Construtora A
............................................................................................................ 90
Gráfico 12 – Quantidade de pessoas por mês na obra da Construtora B ....................... 91
Gráfico 13 - Estimativa do consumo de água – humano x produção – obra da Construtora B
............................................................................................................ 91
Gráfico 14 – Quantidade de pessoas por mês na obra da Construtora C ...................... 92
Gráfico 15 – Estimativa do consumo de água – humano x produção – obra da Construtora C
............................................................................................................ 93
Gráfico 16 – Consumo total de água por Homem hora na obra da Construtora A ............ 94
Gráfico 17 - Consumo total de água por Homem hora na obra da Construtora B ............ 94
Gráfico 18 – Consumo total de água por Homem hora na obra da Construtora C ............ 95
Gráfico 19 – Consumo mensal de água confrontado com as etapas construtivas na obra da
Construtora A............................................................................................ 96
Gráfico 20 - Consumo mensal de água confrontado com as etapas construtivas na obra da
Construtora B............................................................................................ 98
Gráfico 21 - Consumo mensal de água confrontado com as etapas construtivas na obra da
Construtora C ........................................................................................... 99
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tarifa dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria
Residencial .............................................................................................. 31
Tabela 2 - Tarifa dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria
Comercial ................................................................................................ 32
Tabela 3 – Tarifa dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria
Industrial ................................................................................................. 32
Tabela 4 - Tarifas dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria
Pública ................................................................................................... 32
Tabela 5 - Consumo de água na produção de concreto dosado na obra ....................... 42
Tabela 6 - Consumo de água na produção de argamassa industrializada...................... 43
Tabela 7 – Consumo de água na cura do concreto ................................................ 45
Tabela 8 – Consumo de água na dosagem de tinta para pintura de paredes.................. 46
Tabela 9 – Características principais do empreendimento da Construtora A ................. 57
Tabela 10 – Características construtivas do empreendimento da Construtora A ............. 58
Tabela 11 – Consumo de água por tipo de fornecimento no empreendimento da Construtora
A........................................................................................................... 62
Tabela 12 – Comparativo de custos da Construtora A entre o fornecimento de água por
caminhão pipa e Sabesp ............................................................................... 64
Tabela 13 – Quantidade média de pessoas na obra da Construtora A .......................... 65
Tabela 14 - Características principais do empreendimento da Construtora B ................ 68
Tabela 15 - Características construtivas do empreendimento da Construtora B ............. 69
Tabela 16 - Consumo de água por tipo de fornecimento no empreendimento da Construtora
B ........................................................................................................... 71
Tabela 17 - Quantidade média de pessoas na obra da Construtora B .......................... 73
Tabela 18 - Características principais do empreendimento da Construtora C................ 76
Tabela 19 - Características construtivas do empreendimento da Construtora C............. 77
Tabela 20 - Consumo de água na obra da Construtora C ......................................... 78
Tabela 21 – Quantidade média de pessoas na obra da Construtora C .......................... 79
Tabela 22 – Análise geral dos resultados........................................................... 100
Tabela 23 – Objetivos alcançados com o trabalho ............................................... 104
12
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................ 7
ABSTRACT ............................................................................................. 8
LISTA DE FIGURAS ................................................................................... 9
LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................10
LISTA DE TABELAS ..................................................................................11
SUMÁRIO ..............................................................................................12
1.
2.
3.
Introdução ......................................................................................15
1.1.
Considerações Iniciais ..................................................................15
1.2.
Contexto...................................................................................16
1.3.
Justificativa...............................................................................19
1.4.
Objetivo ...................................................................................21
1.5.
Metodologia ...............................................................................21
1.6.
Estruturação do trabalho...............................................................22
A água como recurso natural...............................................................23
2.1.
Quantidade de água no planeta.......................................................24
2.2.
Consumo de água ........................................................................26
Tipos de fornecimento de água para obras.............................................28
3.1. Rede de distribuição da SABESP ......................................................29
3.1.1. Processo de captação e distribuição ............................................. 29
3.1.2. Custos ................................................................................. 30
3.2. Caminhão Pipa............................................................................33
3.2.1. Custos ................................................................................. 33
3.3. Poço Artesiano ...........................................................................34
3.3.1. Processo de execução do poço artesiano........................................ 35
3.3.2. Custos ................................................................................. 37
3.4.
4.
Outros tipos de fornecimento de água ..............................................38
Demanda por água na construção de edificios .........................................39
4.1. Uso humano ...............................................................................39
4.1.1. Refeitório............................................................................. 40
4.1.2. Instalações hidro-sanitárias ....................................................... 40
4.1.3. Bebedouros........................................................................... 40
4.2. Uso
4.2.1.
4.2.2.
4.2.3.
4.2.4.
4.2.5.
4.2.6.
na execução do edifício...........................................................41
Fabricação de concreto ............................................................ 41
Fabricação de Argamassas ......................................................... 42
Cura do concreto .................................................................... 43
Teste de impermeabilização ...................................................... 45
Pintura a Látex ...................................................................... 46
Limpeza............................................................................... 46
5.
6.
13
Método para estudo do consumo de água ...............................................48
5.1.
Modelo dos fatores como referência ................................................48
5.2.
Proposição de modelo para entendimento do consumo .........................51
5.3.
Proposição de método para levantamento dos dados............................52
Estudos de casos ..............................................................................54
6.1. Estudo de Caso 1.........................................................................55
6.1.1. Caracterização da Construtora A ................................................. 55
6.1.2. Empreendimento .................................................................... 56
6.1.3. Características construtivas ....................................................... 57
6.1.4. Características das instalações de água do canteiro de obra ................ 58
a) Refeitório ......................................................................... 58
b) Instalações hidro-sanitárias .................................................... 59
c) Abastecimento nos andares .................................................... 60
6.1.5. Consumo e tipo de fornecimento de água no canteiro de obras ............ 61
6.1.6. Quantidade de pessoal na obra ................................................... 64
6.2. Estudo de Caso 2.........................................................................66
6.2.1. Caracterização da Construtora B ................................................. 66
6.2.2. Empreendimento .................................................................... 66
6.2.3. Características construtivas ....................................................... 68
6.2.4. Características das instalações de água do canteiro de obra ................ 69
a) Refeitório ......................................................................... 69
b) Instalações hidro-sanitárias .................................................... 69
c) Abastecimento nos andares .................................................... 69
6.2.5. Consumo e tipo de fornecimento de água no canteiro de obras ............ 70
6.2.6. Quantidade de pessoal ............................................................. 72
6.3. Estudo de caso 3 .........................................................................74
6.3.1. Caracterização da Construtora C ................................................. 74
6.3.2. Empreendimento .................................................................... 74
6.3.3. Características construtivas ....................................................... 76
6.3.4. Características das instalações de água do canteiro de obras ............... 77
a) Refeitório ......................................................................... 77
b) Instalações hidro-sanitárias .................................................... 77
c) Abastecimento nos andares .................................................... 77
6.3.5. Consumo e tipo de fornecimento de água no canteiro de obras ............ 78
6.3.6. Quantidade de pessoal ............................................................. 78
7.
Análise dos resultados.......................................................................80
7.1. Resultados obtidos e comentários por obra ........................................80
7.1.1. Consumo mensal de água .......................................................... 81
a) Construtora A ..................................................................... 81
b) Construtora B ..................................................................... 82
c) Construtora C ..................................................................... 83
7.1.2. Consumo acumulado de água em relação à área construída ................. 84
a) Construtora B ..................................................................... 84
b) Construtora A..................................................................... 86
c) Construtora C ..................................................................... 87
7.1.3. O consumo mensal de água confrontado com a mão-de-obra ............... 88
a) Construtora A ..................................................................... 89
b) Construtora B ..................................................................... 90
c) Construtora C ..................................................................... 92
14
O consumo mensal de água por Homem hora .................................. 93
a) Construtora A ..................................................................... 94
b) Construtora B ..................................................................... 94
c) Construtora C ..................................................................... 95
7.1.5. Consumo mensal de água e quantidade de pessoas confrontados com as
etapas construtivas ............................................................................ 95
a) Construtora A ..................................................................... 96
b) Construtora B ..................................................................... 97
c) Construtora C ..................................................................... 98
7.1.4.
7.2.
8.
Análise Geral das obras............................................................... 100
Considerações finais ....................................................................... 102
8.1.
Resultados obtidos com o trabalho ................................................ 102
8.2.
Resultados do trabalho para desenvolvimento do setor....................... 103
8.3.
Cumprimento dos objetivos ......................................................... 104
8.4.
Dificuldades e limitações do trabalho ............................................. 105
8.5.
Perspectivas de continuidade do estudo do tema ou aspectos correlatos. 105
9.
Apêndice ...................................................................................... 107
9.1.
10.
Planilhas de cálculos dos resultados obtidos..................................... 107
Bibliografia................................................................................ 108
10.1.
Referências bibliográficas......................................................... 108
10.2.
Bibliografia complementar ........................................................ 109
15
1.
Introdução
“A escassez de água é considerada uma das maiores preocupações do século.
Segundo prognósticos, cerca de 2/3 da população mundial pode ficar sem o insumo até 2020.”
Campanha da Fraternidade 2004
Organização das Nações Unidas
1.1. Considerações Iniciais
A palavra sustentabilidade tem sido repetida constantemente nos meios de
comunicação e o seu significado amplo deveria fazer com que refletíssemos as
nossas ações e apresentássemos alternativas inteligentes para que seus princípios
fossem cumpridos.
No Relatório “Nosso Futuro Comum” a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (1991) definiu o termo “desenvolvimento sustentável” como o
“desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a
capacidade das futuras gerações de satisfazer as suas próprias necessidades”.
As construções sustentáveis, portanto, devem ser planejadas de forma a permitir
que tal definição seja cumprida, ou seja, os recursos utilizados na construção
devem ser pensados de forma a não comprometer as gerações futuras.
16
Neste aspecto, podem-se relacionar os diversos fatores a serem pensados, para
uma construção sustentável, como sendo:
•
Derrubada de áreas verdes
•
Nível do lençol freático, para não contaminação
•
Impermeabilização das áreas de drenagem das chuvas
•
Equipamentos sanitários com consumo racionalizados (exemplo: torneiras
com acionamento e fechamento automático)
•
Racionalização dos recursos naturais na construção do edifício
O último item, “Racionalização dos recursos naturais na construção civil”, é um dos
fatores que motivou o estudo em questão, que visa apontar o consumo de água na
construção de edifícios, de forma que se possa, nas construções futuras, refletir
sobre o consumo estimado e propor ações para redução no uso deste recurso
natural.
1.2. Contexto
É indiscutível que a Construção Civil é um dos setores propulsores do crescimento
do país, gerando emprego e, conseqüentemente, renda para movimentar a
economia.
Portanto,
o
Programa para Aceleração do Crescimento - PAC, ou
“O espetáculo de desenvolvimento”, sugerido pelo atual presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, torna oportuna uma reflexão sobre os rumos do desenvolvimento e o
crescimento econômico que o Brasil merece, de forma que as gerações futuras
não se lembrem deste assunto com desgosto.
Neste sentido, TRIGUEIRO (2006) salienta a importância de se incorporar à agenda
do desenvolvimento a premissa da sustentabilidade, que remete a várias
perguntas incômodas para quem está no poder, como, por exemplo: como fazer o
país crescer sem potencializar a já preocupante destruição dos recursos naturais?
É possível gerar emprego e renda em escala sem aumentar o crescimento
desordenado das cidades? Como promover a expansão da fronteira agrícola sem
acelerar a destruição das florestas, a desertificação do solo e o uso perdulário da
17
água? Como crescer através da construção civil, sem comprometer as reservas de
água natural?
Mas, para ficar mais claro, vamos tomar como exemplo, num primeiro momento,
a agricultura, que consome cerca de 60% da água utilizada total em irrigação e
vem contribuindo para o nosso superávit na balança comercial. Em 2003 e 2004 o
crédito agrícola aumentou 20%, de acordo com TRIGUEIRO (2006), mas o governo
não exigiu nenhuma contrapartida dos agricultores em relação ao uso racional da
água na irrigação — segundo o especialista em Hidrologia da USP, Aldo Rebouças,
mais da metade da água usada nas lavouras do Brasil é desperdiçada. Portanto,
para que a agricultura brasileira seja próspera em longo prazo, não basta apenas
fazer Manuais (Agricultura Irrigada e o Uso Racional da Água – ANA – 2004); é
necessário, além de ensinar, fiscalizar e exigir, pois se os ajustes não forem feitos
agora, não adiantará serem feitos depois.
O mesmo ocorre com a área habitacional, pois se estima que, no Brasil, o déficit
habitacional seja de aproximadamente 6 milhões de unidades, conforme
TRIGUEIRO 2006. E a retomada do desenvolvimento está provocando uma nova
onda de construções, mas não se questiona o modelo de projeto que privilegie o
uso
racional
dos recursos.
O conceito de construção sustentável (“green
building”), bastante disseminado nos países ricos, onde os recursos naturais não
são mais abundantes, estabelece como prioridade na confecção de todos os
projetos imobiliários o baixo consumo de água, eficiência energética, infraestrutura para separação de recicláveis, uso de materiais que gerem menos
poluição e impacto ambiental e outros quesitos, normalmente ignorados pela
maioria dos construtores.
Há ótimos exemplos, inclusive no Brasil, de como é possível investir neste modelo
de construção sem descuidar dos custos do projeto — ou seja, o produto final
competitivo.
TRIGUEIRO (2006) complementa informando que um amplo diagnóstico — sem
precedentes na história do país — mobilizou 40 mil pessoas em todos os estados
18
representando diversos setores da sociedade civil.
Depois de três anos de
trabalho, esse movimento, que se revelou o mais amplo processo de participação
popular para definir políticas públicas do país, produziu um documento chamado
Agenda 21, que se divide em seis temas básicos: Agricultura Sustentável, Cidades
Sustentáveis, Infra-Estrutura e Integração Regional, Gestão e Recursos Naturais,
Redução
das
Desigualdades
Sociais
e
Ciência
e
Tecnologia
para
o
Desenvolvimento. E este imenso estoque de informações deveria inspirar as
discussões do Plano Plurianual (PPA), os programas de desenvolvimento do BNDES
e também os critérios para a liberação de crédito para indústria, agricultura e
construção civil.
Mas, infelizmente, ainda muito pouco é feito em relação aos milhares de alertas
dados pelos especialistas. Exploração desenfreada das águas subterrâneas, falta
de tratamento das águas superficiais, desperdício, falta de tratamento de esgoto
e inúmeros problemas que não caberiam em uma página.
Por exemplo, o consumo de água durante a construção de uma obra, foi abordado
de maneira superficial apenas no 76º Encontro Nacional da Indústria da
Construção – ENIC e gerou um tímido capítulo no Manual de “Conservação e Reúso
da Águas em edificações”, elaborado em cooperação com a ANA (Agência Nacional
de Águas), FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e SindusConSP (Sindicato da Indústria da Construção Civil). Embora o superintendente da ANA
(Agência Nacional de Águas) tenha afirmado, no evento, que a Construção Civil é
uma das áreas que mais consome água, tanto no ato de construir como no uso das
construções, não se deu maior atenção ao tema.
O contexto atual mostra uma preocupação crescente, por parte da sociedade, na
luta por um mundo melhor.
“Muito mais do que simples preservação do meio ambiente a todo custo, a
sustentabilidade se apóia em três pés: o desenvolvimento econômico, o
desenvolvimento social e, também, o respeito ao meio ambiente” (JOHN, 2006).
19
1.3. Justificativa
A escassez de água, que durante muitos anos esteve em foco e relacionava-se à
falta de água nas regiões áridas e semi-áridas, deixou de ser tema principal,
embora no Brasil, por exemplo, o problema da seca ainda afete grande parte da
população Nordestina, o mesmo ocorre com a poluição de rios e mananciais, que
também foi e ainda é tema de diversas teses, jornais e livros.
A preocupação maior agora é com relação ao esgotamento das reservas naturais
de água que deveria deixar de ser uma preocupação exclusiva dos ecologistas e
passar a comover a todos, já que a Água é essencial para a existência da vida e
garante o equilíbrio ambiental.
Por ser um recurso renovável, a preocupação com a escassez desse mineral
acirrou-se apenas no final do século 20, quando modificações climáticas passaram
a preocupar os cientistas. A partir daí alguns setores produtivos passaram a adotar
medidas visando à racionalização na utilização desse bem.
Na Construção Civil não foi diferente; de acordo com CAPRÁRIO (2006), as
primeiras ações sobre a necessidade de construções com menor impacto sobre o
meio ambiente ocorreram nos anos 70. Devido à primeira crise do petróleo, em
1973, os países desenvolvidos se depararam com a carência de recursos
energéticos em todos os segmentos da economia. Foi então que começaram a
surgir investigações para diminuir o consumo na fabricação de materiais e na
construção de prédios e, mesmo, para melhorar a gestão dos resíduos.
Nos Estados Unidos, o movimento organizou-se e foi criado o Conselho Nacional de
Construções Verdes (United States Green Building Council - USGBC), órgão
regulamentador das normas de construção no país e certificador das obras que
atendam às normas no mundo inteiro. Na China, as noções de desenvolvimento
sustentável também ganharam ares mais oficiais na última década. Uma grande
conferência sobre os “green buildings” discutiu as bases de uma política nacional
20
para criar mecanismos em prol da sustentabilidade nas edificações. O Ministério
das Construções chinês trabalha com a estimativa de reduzir, por exemplo, o
consumo de energia pela metade até 2012 e em 65% até 2020.
No Brasil há iniciativas interessantes; como por exemplo, a criação em agosto de
2007, do CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, que tem como um
dos objetivos, otimizar o uso dos recursos naturais. Entretanto, as iniciativas
ainda são muito tímidas, tendo em vista que o Brasil é o país com a maior
disponibilidade de água do planeta, cerca de 12% da água potável do globo
(THAME, 2000).
Alguns chegam até a conjecturar que o Brasil seria o maior exportador de água do
mundo. Nestas condições não seria demais se esperar que estivesse na vanguarda
dos processos de racionalização deste bem.
Além disso, as poucas ações existentes estão relacionadas com o edifício em
operação e pouco se fala no edifício em construção, não havendo indicadores, por
exemplo, do consumo de água/m² de edificação, embora o custo com o consumo
de água no edifício em construção represente 0,7% do custo total da obra, de
acordo com as pesquisas realizadas nas construtoras entrevistadas neste trabalho.
Com base nisso, este trabalho visa discutir o consumo de água na produção de
edifícios, tomando como base o estudo de campo em três obras. Será analisada a
utilização de água relativa ao consumo humano e aos serviços que necessitam de
água para sua execução.
21
1.4. Objetivo
O objetivo geral deste trabalho é aprimorar o entendimento sobre o consumo de
água nos canteiros de obras.
Os objetivos específicos podem ser expressos como:
• apresentar os tipos de fornecimento de água nas construções de edifícios,
bem como seus custos;
• criar um método para levantar informações sobre o consumo de água em
canteiros;
• discutir as fontes de consumo de água nas obras;
• criar banco inicial de dados de consumo de água em canteiros de obra;
• associar os consumos de água a possíveis fatores indutores.
1.5. Metodologia
Para elaboração deste trabalho, inicialmente foi realizada uma revisão
bibliográfica sobre a água, especificamente relacionada à quantidade de água no
planeta e aos principais consumos, bem como aos tipos de fornecimento de água
em obras.
Na seqüência, foram realizadas entrevistas com especialistas, com o objetivo
principal de identificar as principais demandas por água na construção de
edifícios. A partir daí, verificou-se a necessidade de levantar dados relativos ao
consumo de água nos canteiros, sendo identificadas 3 obras para estudo.
22
Após a identificação dos 3 canteiros a serem estudados, iniciou-se o levantamento
dos dados de consumo mensal e os fatores influenciadores, sendo realizada a
avaliação dos dados levantados.
1.6. Estruturação do trabalho
O trabalho está estruturado em 7 capítulos principais, relacionados ao consumo
de água na construção de edifícios. O primeiro deles consistiu em uma breve
abordagem sobre a água como recurso natural, a quantidade de água disponível
no planeta e seus diversos tipos de consumo.
Na seqüência serão apresentados os tipos de fornecimento de água e, em
seguida, a demanda de água na construção de edifícios residenciais e as
principais utilizações do bem nessa atividade.
Após este breve conhecimento do consumo de água, em termos gerais e na
construção de empreendimento residenciais, é apresentado um modelo para
estudo do consumo de água, tomando como base o Modelo dos Fatores.
No capítulo seguinte encontra-se o cerne da pesquisa; neste são apresentados os
dados de consumo de água em obras de diferentes tipologias e executadas por
construtoras de características distintas. O capítulo intitulado estudos de casos
apresentará também as características dos empreendimentos, tanto no que diz
respeito às características físicas como técnicas construtivas.
Posteriormente, inicia-se a análise dos resultados, que cruzará as informações
pesquisadas, com base no modelo de estudo proposto anteriormente, e, através
dessa análise, serão feitas as considerações finais, onde são tecidos comentários
e opiniões sobre o consumo de água na produção de edifícios e sugestões para
pesquisas posteriores sobre o assunto.
23
2.
A água como recurso natural
“Escassez e mau uso da água doce representam sérios e crescentes problemas que ameaçam o desenvolvimento sustentável
e a proteção do ambiente. Saúde humana e bem-estar, produção segura de comida, desenvolvimento industrial e
ecossistemas dos quais estes dependem, estão todos ameaçados, a menos que os recursos de água doce e solo sejam
utilizados de forma mais eficiente nas próximas décadas e muito mais do quem têm sido até agora”.
Conferência Internacional de Água e Desenvolvimento Sustentável
Eraldo Peres – ANA – Agência Nacional de Águas
Dublin, Irlanda 1992
Existem diferentes estimativas de água no globo terrestre e no Brasil. Entretanto,
de acordo com LANNA (1999 – ÁGUAS DOCES DO BRASIL), na maior parte das
estimativas os valores são discrepantes, pois derivam de abordagens distintas,
baseadas em informações diferentes.
Portanto, os valores apresentados a seguir não têm como objetivo apresentar
valores definitivos, mas dar uma idéia de ordem de grandeza, que permitirá
reflexões importantes sobre o tema “consumo de água”.
24
2.1.
Quantidade de água no planeta
O volume total de água no planeta é estimado em 1,4x109 km³. No entanto,
apenas 2,5% podem ser considerados águas doces. Destes, 69% estão contidos nas
calotas polares, nos glaciares ou aqüíferos subterrâneos profundos. Resta,
portanto, um estoque de 11x106 km³ de água doce (Shiklomanov, 1993 – ÁGUAS
DOCES DO BRASIL).
Este volume não pode ser considerado exatamente como disponível – são as
precipitações sobre o planeta que, na maior parte, podem proporcionar um fluxo
de água renovável para atendimento às demandas humanas e ambientais.
Conforme ilustrado na Figura 1, as precipitações globais sobre o planeta são da
ordem de 378.000 km³/ano, dos quais 283.000 km³/ano caem sobre os oceanos e
95.000 km³/ano sobre os continentes.
Movimentação de massa
de vapor de água: 36
Oceano
Evaporação dos oceanos: 319
Precipitação sobre oceanos: 283
Rios
Precipitação sobre continente: 95
Continentes
Lagos
Evapotranspiração: 59
Vapor de água na
atmosfera: 13
Escoamento superficial e
de base: 36
Águas nos Oceanos:
1.380.000
Aqüíferos
Águas nos aqüíferos
sub-superficiais: 210.000
valores em 1.000 km³
Figura 1 - Ilustração do balanço hídrico global - adaptado de Gleick, 1993 – ÁGUAS DOCES DO BRASIL
25
A evaporação total é idêntica à precipitação. Contudo, 319.000 km³/ano
evaporam
dos
oceanos
e
apenas
59.000
km³/ano
evapotranspiram
dos
continentes. As precipitações sobre os continentes atingem 95.000 km³/ano
porque aos 59.000 km³/ano evapotranspirados, somam-se 36.000 km³/ano de
umidade, trazidos dos oceanos para os continentes pelas correntes atmosféricas.
Quantidade igual é devolvida pelos rios e aqüíferos subterrâneos aos oceanos.
Porém, nem todo este volume pode ser utilizado. Segundo LANNA, mais da
metade chega aos oceanos antes que possa ser captado e um oitavo atinge áreas
demasiadamente distantes para ser usado pelos seres humanos.
Especialistas estimam que a disponibilidade efetiva de água está entre 9.000 e
14.000 km³/ano (Shiklomanov, 1993, Postel, 1992 – ÁGUAS DOCES DO BRASIL);
mas parte dela é necessária para suporte do ambiente, não devendo ser utilizada
pelo homem, reduzindo ainda mais a disponibilidade efetiva.
De forma geral, Shiklomanov (1993 – ÁGUAS DOCES DO BRASIL) apresenta que, da
quantidade total de água na Terra, 97,50% está nos oceanos e mares; portanto, é
água salgada, e apenas 2,5% é água doce, conforme ilustra a figura 2.
Oceanos e Mares
97,50%
Água doce
2,50%
Figura 2 – Quantidade de água doce no planeta
26
Dos 2,50% da quantidade geral de água doce, 68,90% formam as calotas polares,
geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das montanhas altas da Terra;
29,90% restantes de água doce constituem as águas subterrâneas, 0,90%
respondem pela umidade do solo e pela água dos pântanos e apenas 0,3% são
relativas às águas doces contidas em rios e lagos, conforme figura 3.
Águas subterrâneas
29,90%
Rios e lagos
0,30%
Calotas polares,
geleiras e neves que
cobrem os cumes das
montanhas
68,90%
Unidade do solo e pela
água de pântanos
0,90%
Figura 3 – Quantidade detalhada de água doce no planeta
2.2.
Consumo de água
ALLAN (1998) estima que cada indivíduo necessitaria de cerca de 1 m³ de água,
por ano, para dessedentação, e adicionais 100 m³ para propósitos domésticos.
Para a produção de alimento a necessidade é muito maior, podendo atingir cerca
de 1.000 m³ per capita/ano.
De acordo com o estudo de FALKENMARK e WIDSTRAND (1992 – ÁGUAS DOCES DO
BRASIL), 100 litros por dia seriam o mínimo necessário para uma pessoa atender às
necessidades domésticas e de saúde, o que atingiria 36,5 m³ percapita/ano.
27
A Sabesp, Companhia de Água e Esgoto do Estado de São Paulo, aponta para o fato
de que, embora o Brasil possua 13,70% da água doce do planeta e 1/3 do maior
aquífero subterrâneo do mundo, com um volume de 50 bilhões de metros cúbicos,
a distribuição dessa água é desigual. Ainda mais quando se considera que o
crescimento demográfico e a modernização estimulam o consumo de água.
Além disso, o Brasil não apenas se destaca como o país com a maior
disponibilidade de água do planeta, mas também como o país com um dos maiores
consumos de água por pessoa, chegando a 200 litros por dia por pessoa, de acordo
com a SABESP, enquanto a ONU - Organização das Nações Unidas recomenda que
100 litros de água por dia seriam suficientes para atender às necessidades de
consumo e higiene.
28
3.
Tipos de fornecimento de água para obras
A distribuição da água amplia ainda mais o seu uso, principalmente quando há melhorias em áreas não abastecidas, a
chamada demanda reprimida.
Por mais que se invista em obras de melhorias no abastecimento público, um novo déficit hídrico pode ocorrer se o
consumo não for racionalizado.
Estação de Tratamento de Água do Alto Tietê
SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
A água, além de ser necessária para a higiene pessoal dos operários, é a matériaprima para fabricação de alguns materiais, como concretos e argamassas. Assim, é
necessário que se tenha quantidade suficiente e que a mesma apresente
qualidade compatível com as necessidades.
No caso de inexistência da rede pública de água no local da obra, caso pouco
comum em São Paulo, deve-se verificar a possibilidade de expansão da rede junto
à concessionária. Em não existindo a rede e nem mesmo plano para a expansão da
existente, tem-se como alternativas a perfuração de poços no local da obra ou,
ainda, a compra da água, que comumente é entregue através de caminhões pipa.
Existe também a possibilidade de captação da água da chuva.
Vale observar que, nos casos de obras de grande porte e longa duração, a água de
poço, desde que adequada às condições de uso, pode tornar-se uma alternativa
economicamente mais viável.
29
A seguir serão abordados os tipos mais comuns de fornecimento, focando a região
metropolitana de São Paulo; são eles:
• rede de distribuição da SABESP;
• caminhão pipa; e
• poços artesianos.
E, na seqüência, são apresentados, de forma sucinta, outros tipos de fornecimento
de água.
3.1.
Rede de distribuição da SABESP
Tanto para a higiene pessoal quanto para o uso no preparo dos materiais básicos
no canteiro, recomenda-se uso de água da rede pública, a qual apresenta
qualidade garantida. Isto porque a água sempre retém algum resíduo dos
materiais com os quais entrou em contato. Mesmo a água doce da natureza,
presente nos rios, lagos e lençóis subterrâneos, contém substâncias presentes no
meio ambiente, como sais dissolvidos, partículas em suspensão e microorganismos
que podem gerar contaminação e danos à saúde.
Em atendimento às exigências estabelecidas pela legislação pertinente ao
consumo e distribuição de água (Portaria 518/04 do Ministério da Saúde), a Sabesp
analisa a qualidade da água desde a captação até os pontos de consumo.
E,
sempre que as amostras apresentarem resultados fora dos padrões estabelecidos,
são tomadas ações corretivas para o restabelecimento do padrão de qualidade, o
que inclui a realização de novas análises.
3.1.1.
Processo de captação e distribuição
De acordo com os dados obtidos na SABESP, a primeira etapa do processo consiste
na retirada da água, ou seja, a captação em fontes; estas podem ser os
mananciais superficiais (rios, lagos e represas) ou profundos (poços).
30
Normalmente, a água bruta é bombeada dos mananciais e conduzida até as
Estações de Tratamento por meio de adutoras.
Na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, a Sabesp capta água há cerca
de 100 quilômetros da cidade, em complexos sistemas que envolvem túneis e
adutoras. Já no Interior do Estado existem cerca de 1.000 poços para
abastecimento da população.
Após o tratamento, a água tratada é armazenada inicialmente em reservatórios
de distribuição e depois em reservatórios de bairros, espalhados em regiões
estratégicas das cidades. Desses locais a água vai para as adutoras e, depois, para
as redes de distribuição, até chegar aos pontos de consumo.
Geralmente o armazenamento é feito em reservatórios. A responsabilidade da
Sabesp é entregar água até a entrada do domicílio, ou do canteiro, onde estão o
cavalete e o hidrômetro.
3.1.2.
Custos
A pesquisa realizada na SABESP apontou que a mesma não cobra pela água, pois
se trata de um bem público. Ela cobra pelos serviços de tratamento e distribuição
da água, coleta e tratamento do esgoto.
A política de tarifas é regida pelo Decreto 41.446/96, que dispõe sobre o
regulamento do sistema tarifário dos serviços prestados pela SABESP.
Para a
cobrança são levados em consideração diversos fatores, como custos dos serviços,
previsão para devedores, amortização das despesas, condições ambientais e
climáticas, quantidade consumida, categorias e condição econômica do usuário. A
intenção é associar a viabilidade econômica aos aspectos sociais dos serviços de
saneamento.
31
Geralmente, para cada domicílio ou canteiro de obras, há o registro de uma
unidade consumidora. Através dos hidrômetros instalados, faz-se a leitura e a
emissão da conta d'água e o registro do volume gasto.
O valor cobrado é sempre progressivo. No caso de consumo residencial, existe um
consumo mínimo padrão de 10 m³ ou 10 mil litros de água com um valor fixo. A
partir daí, existem faixas de consumo variáveis.
As categorias dividem-se em residencial, comercial, industrial e pública. Para
cada uma delas existe uma tabela com os valores estabelecidos para o consumo,
conforme Comunicado 04/07 da SABESP, conforme pode ser visto na Tabela 1,
Tabela 2, Tabela 3 e Tabela 4, apresentadas a seguir.
Tabela 1 - Tarifa dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria
Residencial
Classes de
consumo
(m³/mês)
0 a 10
11 a 20
Tarifas de
Tarifas de
água
esgoto
(R$)
(R$)
Residencial / Social (i)
4,21 /mês
4,21 /mês
0,73 / m³
0,73 / m³
21 a 30
2,57 / m³
2,57 / m³
31 a 50
3,67 / m³
3,67 / m³
acima de 50
4,05 / m³
4,05 / m³
0 a 10
11 a 20
Residencial / Favelas
3,22 /mês
3,22 /mês
0,36 / m³
0,36 / m³
21 a 30
1,21 / m³
1,21 / m³
31 a 50
3,67 / m³
3,67 / m³
acima de 50
4,05 / m³
4,05 / m³
0 a 10
11 a 20
Residencial / Normal
12,43 /mês
12,43 /mês
1,94 / m³
1,94 / m³
21 a 50
4,84 / m³
4,84 / m³
acima de 50
5,34 / m³
5,34 / m³
32
Tabela 2 - Tarifa dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria Comercial
Classes de
Tarifas de
Tarifas de
consumo
água
esgoto
(m³/mês)
(R$)
(R$)
Comercial / Entidade de Assistência Social (ii)
0 a 10
12,47 /mês
12,47 /mês
11 a 20
2,44 / m³
2,44 / m³
21 a 50
4,67 / m³
4,67 / m³
acima de 50
4,83 / m³
4,83 / m³
0 a 10
11 a 20
Comercial / Normal
24,94 /mês
24,94 /mês
4,84 / m³
4,84 / m³
21 a 50
9,31 / m³
9,31 / m³
acima de 50
9,69 / m³
9,69 / m³
Tabela 3 – Tarifa dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria Industrial
Classes de
consumo
(m³/mês)
0 a 10
11 a 20
Tarifas de
água
(R$)
Industrial
24,94 /mês
4,84 / m³
Tarifas de
esgoto
(R$)
24,94 /mês
4,84 / m³
21 a 50
9,31 / m³
9,31 / m³
acima de 50
9,69 / m³
9,69 / m³
Tabela 4 - Tarifas dos serviços de fornecimento de água e/ou coleta de esgotos - Categoria Pública
Classes de
consumo
(m³/mês)
0 a 10
11 a 20
Tarifas de
Tarifas de
água
esgoto
(R$)
(R$)
Pública com Contrato (iii)
18,70 /mês
18,70 /mês
3,63 / m³
3,63 / m³
21 a 50
6,98 / m³
6,98 / m³
acima de 50
7,26 / m³
7,26 / m³
0 a 10
11 a 20
Pública sem Contrato
24,94 /mês
24,94 /mês
4,84 / m³
4,84 / m³
21 a 50
9,31 / m³
9,31 / m³
acima de 50
9,69 / m³
9,69 / m³
No caso de construtoras, a SABESP as enquadra na tarifa do Tipo Industrial, tendo
um custo variando entre R$ 4,84 e R$ 9,69 por m³.
33
3.2.
Caminhão Pipa
Na cidade de São Paulo há uma série de empresas especializadas na entrega de
água potável utilizando caminhões pipa. Para tal, os equipamentos precisam ter
as instalações aprovadas pelo Ministério da Saúde, como, por exemplo, os
caminhões utilizados na entrega precisam ser revestidos com epóxi na parte
interna dos tanques.
Geralmente, os caminhões possuem capacidade de carregamento variando
entre
10 m³, 15 m³ e 30 m³.
Figura 4 – Foto do caminhão pipa
Para garantir a potabilidade da água, é obrigatório que a empresa apresente o
resultado das Análises Laboratoriais realizadas na fonte de coleta de água.
3.2.1.
Custos
O custo de fornecimento de água para um caminhão de 6 m³ é de R$ 150,00, ou
seja, R$ 25,00 por m³ e, para caminhão de 15 m³, é de R$ 250,00, ou seja, R$16,00
por m³, conforme cotação realizada em janeiro de 2008, na empresa Standlimp.
Ressaltando, que o preço cai consideravelmente em função da quantidade de
caminhões, ou seja, volume total contratado no mês.
34
3.3.
Poço Artesiano
A pesquisa no site de empresas executoras de poços artesianos, como HIDROGEO e
GARÇA POÇOS ARTESIANOS, mostrou que, desde os primórdios da história das
civilizações, as águas subterrâneas são utilizadas pelo homem, através de poços
rasos escavados.
Foi atribuído aos chineses o início da atividade de perfuração. Em 5.000 antes de
Cristo, eles já perfuravam poços com centenas de metros de profundidade.
Quando a própria pressão natural da água é capaz de levá-la até a superfície,
temos um poço artesiano. Quando a água não jorra, sendo necessária a instalação
de aparelhos para a captação da mesma, tem-se um poço semi-artesiano. Os
poços artesianos e semi-artesianos são tubulares e profundos.
Existe também o poço caipira ou convencional, que obtém água dos lençóis
freáticos - rios subterrâneos originados em profundidades pequenas. Devido ao
fato de serem rasos, os poços caipiras estão mais sujeitos à contaminações por
água de chuva e até mesmo por infiltrações de esgoto.
O Estado de São Paulo é atualmente o maior usuário das reservas subterrâneas do
país. Cerca de 65% da zona urbana e aproximadamente 90% das suas indústrias são
abastecidas, de forma parcial ou total, pelos poços.
Em São Paulo a licença para perfuração e utilização de poço é concedida pelo
Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE, que estabelece as normas que
regem o projeto de construção de poços tubulares profundos e controlam sua
utilização.
A Sabesp é responsável pelo tratamento da água de poços principalmente no
Interior do Estado de São Paulo. A água é tratada e controlada rigorosamente para
atender as condições de potabilidade exigidas pela Organização Mundial da Saúde.
35
3.3.1.
Processo de execução do poço artesiano
De acordo com a GARÇA POÇOS ARTESIANOS, a perfuração de poços tubulares
profundos é uma atividade especializada na área de engenharia, portanto, todo
esforço deve estar centralizado na contratação de empresas de perfuração de
poços que possuam quadros especializados de funcionários, geólogos, engenheiro
de minas ou engenheiros com especialização na área reconhecida pelo CREA.
Além disso, um bom projeto para um poço deve ter levado em conta os seguintes
elementos básicos, conforme indica a empresa HIDROGEO:
• consulta a mapas geológicos e hidrogeológicos;
• análise quanto ao comportamento e disposições das feições estruturais da
região;
• análise dos poços existentes, quanto à profundidade, tipo de aqüífero, tipo
de
rochas
perfuradas,
volume
de
água
bombeada,
características
hidroquímicas etc.
Determinado o melhor local para a perfuração do poço, a perfuração deverá se
processar de acordo com as normas técnicas e dentro de uma tecnologia que
possibilite a maior segurança possível.
Existem basicamente dois tipos de perfurações, sendo elas:
•
Poços Perfurados em Rochas Sedimentares:
Na perfuração em rochas sedimentares, o poço é totalmente revestido,
conforme figura 5, e constituído de tubos cegos intercalados com
ranhurados (filtros), por onde o fluxo de água penetra, formando assim a
coluna de revestimento, e ao seu redor, entre a parede do poço e a coluna
de revestimento, são preenchidos por seixos selecionados (pré filtro).
36
•
Poços Perfurados em Rochas Sãs (Cristalino):
Os poços perfurados em rocha sã são revestidos até que se encontre a
camada rochosa, onde insere-se tubo em aço inox, Aço Galvanizado, Aço
Carbono ou PVC Geomecânico. O espaço entre a parede do poço e o tubo
será cimentado com pasta de cimento, evitando assim que água de
superfície adentre para o interior do poço. Dá-se seqüência na perfuração
na rocha sã não havendo necessidade de se aplicar tubos nesta etapa.
Após a conclusão da perfuração, o poço será submetido a um teste de
bombeamento para definição da vazão máxima a ser extraída e, também, para
dimensionamento correto do conjunto moto bomba.
Figura 5 – Poço artesiano revestido
37
Posteriormente deve ocorrer a análise da água, que consiste na coleta da água
bombeada e encaminhamento ao laboratório especializado, com a finalidade de
caracterizar a sua qualidade.
O poço deverá ser operado de acordo com os dados apresentados pela empresa
construtora, que deverá fornecer um projeto operacional indicando a vazão
ótima (quantidade de água em litros/hora) de exploração e o tempo máximo
(horas/dia) de funcionamento da bomba. Estes dados são obtidos no ensaio de
produção realizado no poço. Além disso, é aconselhável um monitoramento desde
o início de sua operação, como indicado a seguir:
•
Monitoramento da operação:
a. Vazão (litros/hora)
b. Níveis estático e dinâmico
c. Tempo de funcionamento
•
Monitoramento da qualidade da água:
a. Periodicamente devem ser executadas análises físico químicas
e
bacteriológicas.
É
fundamental que a operação do poço seja supervisionada por técnico
legalmente habilitado (geólogo, engenheiro de minas, engenheiro cívil e/ou
engenheiro químico).
Além do monitoramento, os poços devem receber manutenções periódicas, com a
finalidade de preservar o seu bom funcionamento. Nas inspeções, devem ser
verificadas as condições ambientais, qualidade da água produzida, revestimentos,
filtros, bombas, instalações hidráulicas e elétricas.
3.3.2.
Custos
Para construção de um poço artesiano com aproximadamente 50 metros de
profundidade, estima-se que o custo seja de aproximadamente R$ 30.000,00,
38
conforme pesquisa realizada pela Editora Pini no Estado de São Paulo e publicada
na REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO de novembro de 2007.
3.4.
Outros tipos de fornecimento de água
Além dos fornecimentos citados acima, é possível ter outros tipos de
fornecimento de água; são eles:
•
Poço manual: poço normalmente cavado a mão e de baixo custo. Neste tipo
de poço a água é captada do lençol freático.
•
Mini-artesiano ou mini-poço: nome que provavelmente foi inventado para
concorrer com o artesiano e/ou semi-artesiano, mas que não passa de uma
cisterna de 6 polegadas.
•
Cisterna: são reservatórios que captam água da chuva
Vale a pena ressaltar que os poços acima referidos, ou seja, Poço Manual,
Cisterna, Mini Poço, Mini Artesiano, têm uma variação na profundidade de 4 a 40
metros, dependendo da variação do lençol freático.
39
Demanda por água na construção de edificios
4.
“A água é elemento essencial ao abastecimento do consumo humano, ao desenvolvimento de atividades industriais e
agrícolas, e de importância vital aos ecossistemas”.
Haroldo Palo Jr. – ANA – Agência Nacional de Águas
Aldo da C. Rebouças
Na construção de edifícios, como em outros tipos de obras, a água é um elemento
importante, sendo essencial para o consumo humano e indispensável na execução
de alguns serviços.
A seguir são apresentadas as principais utilizações da água, tanto em termos das
necessidades fisiológicas, como para a execução de serviços.
4.1.
Uso humano
No canteiro de obras a utilização da água para as necessidades humanas está
relacionada, basicamente, às demandas essenciais dos funcionários do canteiro e
estas são preservadas de acordo com a legislação trabalhista.
Na Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho, a NR – 18, são citados os
itens básicos para o trabalhador, sendo destacados apenas os relacionados com a
utilização de água no canteiro, como:
•
refeitórios;
•
instalações hidro-sanitárias;
•
bebedouros.
40
Em linhas gerais, SILVA (2006) estima que o consumo diário por operário não
alojado chega a 45 litros por dia, não estando inclusa a refeição. No caso da
refeição ser preparada na obra, este número passa para 65 litros por dia.
4.1.1.
Refeitório
De acordo com a NR – 18, o refeitório deverá ter em seu interior, ou nas
proximidades, lavatórios para a lavagem de mãos e de marmitas.
No caso de preparo de refeições na obra, a cozinha deverá ter pia, além de
equipamentos de refrigeração.
4.1.2.
Instalações hidro-sanitárias
O vestiário, com instalações hidro-sanitárias, é elemento obrigatório em todo o
canteiro de obras; este é necessário para permitir a troca de roupa dos
trabalhadores e a higiene pessoal.
As instalações sanitárias deverão ser constituídas de um conjunto composto de
lavatório, bacia sanitária e mictório, para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores
ou fração, e um chuveiro, para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração.
4.1.3.
Bebedouros
É obrigatório, no alojamento, o fornecimento de água potável, filtrada e fresca,
para os trabalhadores, por meio de bebedouros de jato inclinado ou equipamento
similiar que garanta as mesmas condições, na proporção de 1 (um) para cada
grupo de 25 (vinte e cinco) trabalhadores ou fração.
41
4.2.
Uso na execução do edifício
De maneira geral, a água não é vista e nem tratada como material de construção,
tanto que nas composições de custos dos serviços de engenharia não se inclui o
item água, mesmo sabendo-se que, para a confecção de um metro cúbico de
concreto, gasta-se em média de 160 a 200 litros e, na compactação de um metro
cúbico de aterro, podem ser consumidos até 300 litros de água, conforme NETO
(2005).
NETO (2005) ainda salienta que a água é usada em quase todos os serviços de
engenharia, às vezes como componente e outras vezes como ferramenta,
entrando como componente nos concretos e argamassas e na compactação dos
aterros e como ferramenta nos trabalhos de limpeza, resfriamento e cura do
concreto.
A água é um dos componentes mais importantes na confecção de concretos e
argamassas e imprescindível na umidificação do solo em compactação de aterros.
A água, complementa NETO (2005), é um material de construção nobre, que
influencia diretamente na qualidade e segurança da obra.
A
utilização
da
água
na
execução
do
edifício,
conforme
mencionado
anteriormente, ocorre em vários serviços de construção, sendo apresentados a
seguir alguns deles.
4.2.1.
Fabricação de concreto
Na fabricação do concreto, tanto na obra, quanto em usinas, é utilizada água na
dosagem e a qualidade dos concretos depende indiretamente desta dosificação, já
que está diretamente relacionada ao fator água/cimento, influenciando o
incremento da resistência à compressão. Ou seja, quanto maior for a relação água
x cimento, menor será a resistência dos concretos.
42
A quantidade de água de amassamento deve ser a mínima compatível com as
exigências da colocação na obra, sendo a água em excesso muito prejudicial a
resistência dos concretos. Apesar disso, o consumo de água na execução de uma
estrutura de concreto é elevada e não pode ser desprezada.
As estimativas de consumo de água na fabricação de concreto virado na obra,
apresentadas na Tabela 5, são baseadas nas composições do livro TCPO (2003),
juntamente com os dados do livro CADERNO DE ENCARGOS (GUEDES, 2004). Os
consumos variam de acordo com o traço e, consequentemente, com o fator água x
cimento.
Tabela 5 - Consumo de água na produção de concreto dosado na obra
Fck (MPa)
Fator água x
cimento (l/kg)
(**)
Cimento (kg/m³)
(*)
Água (l/m³)
0,88
241
212,08
0,79
280
221,20
0,68
305
207,40
10
(*) 03310.8.1.1
15
(*) 03310.8.1.3
18
(*) 03310.8.1.5
Fonte: (*) Conforme composições do livro TCPO
(**) Conforme livro Caderno de Encargos ficha E-CON.1
4.2.2.
Fabricação de Argamassas
As argamassas podem ser feitas na própria obra ou industrializadas; em ambos os
casos é necessária a dosagem na obra com água.
43
Como na fabricação de concreto, a água influencia na qualidade e desempenho
final da argamassa e o excesso pode prejudicar, dentre outras coisas, a aderência
da argamassa, sua resistência ou ainda dar trabalhabilidade inadequada.
O consumo de água em argamassa, quando analisado de forma geral, torna-se
representativo.
Na Tabela 6, são apresentadas as estimativas de consumo apenas para argamassas
industrializadas.
Tabela 6 - Consumo de água na produção de argamassa industrializada
Uso
Marca
Assentamento de
blocos
Assentamento de
blocos
Assentamento de
peças cerâmicas
Quantidade de
Litros de
água
Embalagem
água por
recomendada
(kg)
kilo
na embalagem
(Litros/kg)
(*)
Quartzolit
20
3,0 a 3,4 litros
0,17
Votomassa
50
7,2 a 7,6 litros
0,15
Quartzolit
20
4,6 litros
podendo variar
+- 5%
0,23
Assentamento de
peças cerâmicas
Chapisco
Emboço
Votomassa
20
4,1 a 4,3 litros
0,22
Votomassa
Quartzolit
30
0,11
Reboco
Quartzolit
20
Reboco
Votomassa
50
3,0 a 3,4 litros
5,2 litros
podendo variar
+- 5%
7,2 a 7,6 litros
0,26
0,15
Fonte: (*) Os dados foram obtidos através de consulta aos catálogos e embalagens dos produtos
4.2.3.
Cura do concreto
A “cura”, como é denominado o processo de endurecimento do concreto, torna-o
resistente e mais durável, quando bem realizada. YAZIGI (2004) orienta que o
concreto deve ser mantido umedecido por diversos dias após a sua concretagem,
44
pois a água é indispensável às reações químicas que ocorrem durante ao
endurecimento do concreto, principalmente durante os primeiros dias.
Caso o concreto não seja curado devidamente, torna-se enfraquecido, podendo
ocorrer fissuras, com prejuízo de sua durabilidade e aparência.
Vale a pena ressaltar que a cura do concreto deve ocorrer de acordo com a NBR6118 de 2003. Além disso, GUEDES (2004) complementa, informando que qualquer
que seja o processo empregado para a cura do concreto, a aplicação deverá
iniciar-se tão logo termine a pega, devendo continuar por período mínimo de 7
dias.
Considere-se que:
• quando no processo de cura for utilizada uma camada de pó de serragem, de
areia
ou
qualquer
outro
material
adequado,
permanentemente molhado e esta camada
este
deverá
ser
terá, no mínimo 5 cm de
espessura;
• quando for utilizado processo de cura por aplicação de vapor d’água, a
temperatura será mantida entre 38°C e 66°C, por um período de
aproximadamente 72 horas.
São admitidos, atualmente, os seguintes tipos de cura:
• molhagem contínua das superfícies expostas do concreto com água;
• cobertura com tecidos de aniagem, mantidos saturados por água;
• cobertura por camadas de serragem ou areia saturadas por água;
• lonas plásticas ou papéis betumados impermeáveis, mantidos sobre
superfícies expostas, devendo ser de cor clara para evitar o aquecimento do
concreto e a subseqüente retração térmica;
• películas de cura química.
45
O consumo de água na cura do concreto varia em função do tipo de cura. Na
Tabela 7 são apresentadas as estimativas, de acordo com dados empíricos
levantados junto às construtoras.
Tabela 7 – Consumo de água na cura do concreto
Tipo
Espessura (cm)
Água (l/m²)
Molhagem de tecidos
2,0
0,02
Lâmina de água
5,0
0,05
Fonte: dados empíricos (consulta às construtoras dos Estudos de Casos)
4.2.4.
Teste de impermeabilização
O serviço de impermeabilização consiste na proteção das construções contra a
infiltração de água. A camada de impermeabilização pode ser rígida ou flexível;
pode ser constituída por membranas ou mantas.
O serviço de impermeabilização está relacionado com o consumo de água, devido
aos procedimentos inclusos em seu método executivo, ou seja, após a execução
de uma impermeabilização, é recomendado que seja efetuado um teste com
lâmina d´água, com duração mínima de 72 horas, para verificação da aplicação do
sistema empregado, orienta YAZIGI (2004).
Os consumos de água em testes de impermeabilização vão depender dos
elementos a serem testados; por exemplo, o consumo de água para teste em uma
piscina será bem mais elevado do que o consumo de água para teste de um piso
de banheiro.
46
4.2.5.
Pintura a Látex
As superfícies rebocadas, na grande maioria, recebem como acabamento final a
pintura látex.
A tinta látex tem sua composição à base de copolímeros de PVA, segundo YAZIGI
(2004) e a relação do consumo de água no serviço de pintura a látex se dá pelo
fato de as tintas látex serem diluídas em água antes da aplicação.
De acordo com YAZIGI (2004), as tintas látex devem ser diluídas em 20% de água;
portanto, tem-se na Tabela 8 a estimativa de consumo de água para o serviço de
pintura.
Tabela 8 – Consumo de água na dosagem de tinta para pintura de paredes
Tipo de Látex
Número de
demãos
Tinta (l/m²) (*)
Água (l/m²)
2
0,17
0,03
2
0,17
0,03
Látex PVA
(*) 09910.8.10.1
Látex Acrílico
(*) 09910.8.11.1
Fonte: (*) Conforme composições do livro TCPO
4.2.6.
Limpeza
A utilização de água na limpeza de ferramentas ou após a execução de alguns
serviços é imprescindível, pois alguns resíduos da construção, se não retirados
adequadamente, podem danificar a ferramenta e manchar ou danificar a
superfície.
47
Por exemplo, as manchas de tintas deverão ser retiradas com espátula, ou palha
de aço e, posteriormente, todas as superfícies cerâmicas, ou com pedras, deverão
ser lavadas com água ou sabão, conforme YAZIGI (2004).
Mesmo quando não há resíduo/sujeira proveniente da construção, como tinta,
argamassa ou cola, a poeira ou fuligem da obra deve ser retirada, sendo
geralmente as superfícies lavadas utilizando-se máquinas com jato de água.
Além dos consumos citados anteriormente, há ainda a utilização de água na
lavagem de pneus dos veículos, como dos caminhões de terra que saem da obra,
principalmente nas etapas iniciais da construção.
Outra fonte consumidora de água, indiretamente relacionada à limpeza da obra, é
a molhagem das vias nos períodos de clima muito seco, com o objetivo de reduzir
a poeira na obra.
48
5.
Método para estudo do consumo de água
“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade:
só tem valor quando acaba"
Haroldo Palo Jr. – ANA – Agência Nacional de Águas
João Guimarães Rosa
5.1.
Modelo dos fatores como referência
O Modelo dos fatores foi proposto por H. Randolph Thomas, da Pennsylvania State
University – Estados Unidos da América.
THOMAS; YIAKOUMIS (1987) mostram que o efeito cumulativo dos fatores pode
gerar um pico no gráfico do consumo real, podendo gerar dificuldades na
interpretação dos resultados, conforme aponta a Figura 6, a seguir.
49
Figura 6 – Modelo dos Fatores
O entendimento destes fatores permite a definição de um modelo para previsão
dos consumos.
De acordo com SOUZA (1996), o modelo pode ser expresso matematicamente,
levando em consideração o efeito dos fatores citados, conforme indica a seguinte
equação genérica:
Ct = f (t) = k1 x F1 + … + kn x Fn + f*1 x (X1) + … f*m x (Xm)
Onde:
Ct = consumo relativo ao dia “t”
f(t) = curva de aprendizado sob as condições de referência
ki = parcelas aditivas dos fatores qualitativos Fi
F1, F2, ..., Fn = fatores qualitativos (ausência = 0; presença = 1)
F*j (xj) = função tendo como variável o fator quantitativo Xj
X1, X2, ..., Xm = fatores quantitativos (carecem de medição)
50
Observando a figura e a equação, que representam o Modelo dos Fatores, SOUZA
(1996) cita que se torna possível detectar as “principais idéias” contidas no
mesmo, quais sejam:
•
“Se as condições de trabalho se mantivessem constantemente iguais a uma
situação de referência, o consumo somente variaria se houvesse
aprendizado.”
•
“Duas categorias de fatores - qualitativos e quantitativos - podem, quando
diferentes da situação de referência, fazer que o consumo estabelecido
seja diferente do de referência.”
Os fatores qualitativos – coeficientes ki na equação – devem ser verificados
somente quanto à sua presença, obtendo-se resposta do tipo sim ou não no
momento de seu questionamento. “Caso a resposta seja afirmativa, isto implica
num acréscimo (ou decréscimo) do consumo igual a ki (SOUZA, 1996)”.
“Para os fatores quantitativos, necessita-se que estes sejam medidos diariamente,
corrigindo-se o resultado diário em função destas medições”.
Este modelo enfatiza a necessidade de se ter uma coleta de dados padronizada
para que se possa garantir a consistência durante a análise dos mesmos (THOMAS;
YIAKOUMIS, 1987).
Embora as colocações supracitadas tenham sido, originalmente, feitas para fins do
estudo da produtividade da mão-de-obra, coube a sua adaptação para o consumo
de água, se os serviços, ou pessoas, consumissem a mesma quantidade de água
não haveria variações no gráfico de consumo. As variações ocorrem em função de
alguns fatores relacionados, ao conteúdo e contexto das atividades ou a
anormalidades que venham a ocorrer.
51
5.2.
Proposição de modelo para entendimento do consumo
A utilização deste modelo como referência, tem o objetivo de apresentar o
consumo de água e identificar de forma qualitativa os fatores que fazem este ser
mais elevado em determinadas situações.
Basicamente, serão apresentados o consumo de água e os fatores que poderiam
influenciar neste consumo.
Vale a pena ressaltar que, neste trabalho, o modelo não será aplicado com todas
as suas possibilidades, isto porque não foram realizadas coletas diárias e
padronizadas que pudessem garantir a consistência mais forte dos dados.
Para aplicação do modelo na sua totalidade seria necessário realizar medições
com levantamentos dos fatores que pudessem estar relacionados à elevação do
consumo; dessa forma, seria possível ajustar a equação, conforme abordado no
item anterior.
Ainda que exploriatoriamente, no entanto, podem-se citar como exemplos de
fatores possíveis de avaliação pelo modelo.
Fatores ligados ao conteúdo:
•
Serviços que consomem uma quantidade de água elevada
Fatores ligados ao contexto:
•
Dia com temperatura elevada, fazendo com que os funcionários consumam
mais água
Anormalidades:
•
Vazamento nas instalações hidráulicas do canteiro
52
5.3.
Proposição de método para levantamento dos dados
A metodologia utilizada baseou-se na coleta de dados para um estudo simplificado
do consumo de água nos canteiros de obra. Para tal, foram analisados documentos
disponíveis na obra, como as contas de água do canteiro no período da execução
da obra.
As contas analisadas foram da Companhia de Água e Esgoto, como também as
faturas de Empresas fornecedoras de água em caminhão pipa.
Além dos dados relativos ao consumo, foi necessário o levantamento dos dados
relativos à quantidade de pessoal na obra, quantidade de serviços executados no
período analisado e, também, fatos que pudessem determinar a elevação ou
queda do consumo.
As informações relativas à quantidade de serviço executado em determinado
período são comumente acompanhadas pelo gestor da obra, através do
cronograma físico da obra; portanto, o referido documento também foi analisado.
Com a organização de todos os dados foi possível verificar os períodos da obra em
que se consome mais água e, consequentemente, as atividades consumidoras.
De forma geral, a metodologia apresentada passa por seis etapas principais; são
elas:
1ª Etapa – Coleta dos dados relativos ao consumo de água
Essa etapa visa quantificar o consumo de água periodicamente. Para maior
facilidade, definiu-se que os períodos unitários seriam mensais, tendo em vista
que as contas de água são mensais.
No trabalho em questão, foram analisadas as contas de água da Companhia de
Água e Esgoto e as faturas de Empresas fornecedoras de água em caminhão pipa.
53
2ª Etapa – Levantamento dos dados de Pessoal
Essa etapa se desenvolve no escritório da empresa e visa levantar a quantidade de
pessoas que trabalhavam na obra nos períodos pré-determinados. As informações
são levantadas através do Diário de Obra.
3ª Etapa – Levantamento dos dados de Canteiro
Os dados de canteiro referem-se à quantidade de pessoal na obra, tipo de
distribuição de água para os pavimentos em construção, bem como as informações
relativas aos elementos do canteiro, como refeitórios, sanitários, vestiários, etc.
4ª Etapa – Levantamento dos dados de serviço
Os dados de serviços são relativos às etapas construtivas ocorridas nos períodos
unitários, definidos como mensais.
São facilmente disponíveis em obras cujo
gestor mantém o cronograma físico da obra atualizado.
5ª Etapa – Organização dos dados
Os dados levantados devem ser organizados cronologicamente através de planilhas
em Excel.
6ª Etapa – Processamento e análise
De posse de todos os dados conferidos, procura-se gerar indicadores de consumo e
correlações com os fatores considerados relevantes para explicar as situações
encontradas.
54
6.
Estudos de casos
“O problema da água é mais uma questão de gerenciamento que de escassez”.
Eraldo Peres – ANA – Agência Nacional de Águas
Organização das Nações Unidas
O estudo de caso busca apresentar, através de elementos obtidos diretamente na
pesquisa de campo, informações primárias e essenciais para que se possa alcançar
o objetivo principal do trabalho, conforme TACHIZAWA e MENDES.
Com base nisso e no objetivo do trabalho, definiu-se que seria necessário estudar
o consumo de água na construção de edifícios residenciais, tomando como base o
levantamento de dados das obras.
Na seleção das construtoras e respectivas obras, optou-se pela escolha de
construções com tipologias diferentes, além de construtoras com participações de
mercado e organizações internas bastante distintas.
Nesse processo, foram selecionadas a Construtora A, por ser uma construtora de
grande porte, com atuação mundial e estrutura e processos organizacionais bem
definidos. A obra residencial da construtora destaca-se pelo tamanho e padrão,
sendo constituída por 9 torres de altíssimo padrão.
55
Na seqüência, foi escolhida a Construtora B, que é uma construtora de médio
porte e atualmente passa por processos de melhoria contínua da qualidade.
Dentre esses processos, destaca-se o controle do consumo de bens e serviços nas
obras, como o controle do consumo de materiais, mão-de-obra, além de água e
energia.
A obra escolhida é de médio padrão e teve, durante o período de
execução, um controle do consumo de água.
Por fim, escolheu-se uma construtora de pequeno porte, Construtora C, que tem
como foco principal a prestação de serviços de mão-de-obra e difere das demais
por ter uma estrutura organizacional enxuta. A obra selecionada também difere
por ser em alvenaria estrutural.
6.1.
Estudo de Caso 1
6.1.1.
Caracterização da Construtora A
A Construtora A é uma multinacional fundada em 1873, que passou a estabelecerse no mercado mundial a partir dos anos 50, particularmente no Oriente Médio.
Um fato importante na história da empresa, foi a aquisição, em 1999, de uma
empresa líder do mercado americano de edificações.
Em 2004, a Construtora A teve um total de vendas de US$17 bilhões no ano e
atualmente posiciona-se entre as 5 mais importantes companhias de engenharia e
construção mundiais.
No Brasil, atua desde 1966, tendo ultrapassado a marca de 4,7 milhões de m²
construídos e estando nos últimos anos entre as 15 maiores construtoras do país.
Com sede em São Paulo, executa obras em todas as regiões do país, porém
predominantemente nas regiões Sudeste e Sul.
Atualmente a empresa possui cerca de três mil colaboradores, dos quais mais de
70% são subcontratados. Seu faturamento anual gira em torno de 250 milhões de
reais. E um dos fatos que se destaca na empresa é que cerca de um terço dos
56
contratos atuais são de clientes que já fizeram obras com a empresa
anteriormente.
6.1.2.
Empreendimento
A obra tem 120.000 m² de área construída e está localizada junto ao Parque e
Shopping Villa-Lobos.
O empreendimento destaca-se por reunir 9 torres de 25 pavimentos, com
apartamentos de alto padrão totalmente personalizados, além de uma praça
exclusiva com 13.000 m².
O projeto prevê infra-estrutura completa, com geradores de energia, sistemas de
controle de acesso, detecção de incêndio, automação predial e segurança 24
horas.
Figura 7 – Foto do empreendimento da Construtora A e imediações
57
Na Tabela 9 é apresentada a ficha resumida do empreendimento.
Tabela 9 – Características principais do empreendimento da Construtora A
Área construída
120.000 m²
Área do terreno
34.000 m²
Torres
Nove
Pavimentos
23 pavimentos tipo, cobertura dupléx, térreo,
mezanino e 2 subsolo
Apartamentos por andar
Um apartamento por andar
Total de unidades
216 apartamentos
Área útil dos apartamentos
307 m²
Área de lazer
Praça exclusiva com 13.000 m², salão de festas
com espaço gourmet, churrasqueira e forno de
pizza, sala de ginástica, sauna com ducha,
playground e serviços pay-per-use (chaveiro, baby
sitter, motoboy etc.), além de outras áreas de
lazer com toda a infra-estrutura de um clube.
6.1.3.
Características construtivas
A obra teve início em dezembro de 2003 e o término está previsto para Fevereiro
de 2008.
I
Figura 8 – Foto do empreendimento da Construtora A em construção
58
Na Tabela 10 são apresentadas as principais características construtivas da
edificação de interesse para este trabalho.
Tabela 10 – Características construtivas do empreendimento da Construtora A
Fundações
Fundação em estacas encamisadas na
projeção das torres e em estacas
pré-fabricadas nas garagens de periferia
Reticulada de concreto armado moldado
Estrutura
no local
Vedações
Paredes com blocos de concreto
Laje
Laje de concreto com contrapiso
Revestimento
das
paredes Áreas secas: Argamassa/gesso
internas
Áreas úmidas: azulejo
Revestimento da fachada
Emboço
e
Revestimento
cimentício
pigmentado
Forro
Gesso liso em lajes e gesso acartonado
em banheiros e corredores
Instalações hidráulicas
Água fria e esgoto: PVC
Água quente: Polipropileno Reticulado
6.1.4.
Características das instalações de água do canteiro de obra
a) Refeitório
Na obra da Construtora A, todos os colaboradores, tanto os funcionários da
empresas como os funcionários dos sub-empreiteiros, recebem as refeições, que é
preparada na cozinha da obra.
O refeitório tem capacidade para atender 350 pessoas simultaneamente; portanto
ele funciona em 2 turnos.
59
Figura 9 - Foto do Refeitório da obra da Construtora A
b) Instalações hidro-sanitárias
As instalações hidro-sanitárias da obra possuem 85 chuveiros e 40 boxes com
bacias sanitárias, estando em conformidade com a NR – Norma Regulamentadora
nº 18.
Figura 10 – Foto do vestiário da obra da Construtora A
60
Figura 11 – Foto da área de refeitório e vestiários na obra da Construtora A
c) Abastecimento nos andares
Para o abastecimento de água nos pavimentos das torres em construção há uma
bomba de recalque que distribui a água até o pavimento superior em construção,
conforme figura 12.
Figura 12 - Foto da bomba de recalque para distribuição nos pavimentos em construção na obra da
Construtora A
61
A distribuição nos andares é feita em cascata, a partir do reservatório localizado
no pavimento superior em construção.
Figura 13 – Foto da rede de distribuição de água nos pavimentos em construção na obra da
Construtora A
6.1.5. Consumo e tipo de fornecimento de água no canteiro de obras
O fornecimento de água na obra da Construtora A foi realizado pela rede de
distribuição da SABESP e através de caminhões pipa.
Na Tabela 11 são apontados os consumos de água no período de junho de 2004 a
maio de 2006, tanto da rede de distribuição da SABESP, quanto através de
caminhões pipa.
62
Tabela 11 – Consumo de água por tipo de fornecimento no empreendimento da Construtora A
SABESP
Meses
Caminhão Pipa
Total
m³
%
AGUAMAR ANCHIETA
BOM
JESUS
FONTE
CELESTE
Total
m³
%
Consumo
total de
água por
mês (m³)
1
jun/04
73
100%
2
jul/04
159
22%
561
561
78%
720
3
ago/04
103
3%
3777
3777
97%
3880
4
set/04
529
10%
4581
4581
90%
5110
5
out/04
767
22%
2688
2688
78%
3455
6
nov/04
216
6%
3360
3360
94%
3576
7
dez/04
225
8%
43
2712
2755
92%
2980
8
jan/05
216
25%
80
578
658
75%
874
9
fev/05
302
19%
1284
1284
81%
1586
10 mar/05
399
30%
935
935
70%
1334
11 abr/05
762
35%
1397
1397
65%
2159
12 mai/05
698
42%
947
947
58%
1645
13 jun/05
660
29%
1635
1635
71%
2295
14 jul/05
370
20%
1473
1473
80%
1843
15 ago/05
375
18%
1751
1751
82%
2126
16 set/05
390
20%
1569
1569
80%
1959
17 out/05
407
22%
1486
1486
78%
1893
18 nov/05
277
14%
20
1663
1683
86%
1960
19 dez/05
219
9%
340
1828
2168
91%
2387
20 jan/06
221
12%
1555
1555
88%
1776
21 fev/06
294
12%
340
1742
2082
88%
2376
22 mar/06
349
11%
550
2147
2697
89%
3046
23 abr/06
281
11%
370
1817
2187
89%
2468
24 mai/06
203
10%
450
1441
1891
90%
2094
8495
16%
2070
25248
45120
84%
53615
TOTAL
73
123
17679
63
Através da análise dos tipos de fornecimento, percebe-se que no período
analisado, 84% do fornecimento de água na produção do edifício ocorreram
através de caminhões pipa e 16% através da rede de distribuição da SABESP,
conforme Figura 14.
Caminhão pipa
84%
Sabesp
16%
Figura 14 – Tipo de fornecimento de água na obra da Construtora A
Para armazenagem da água proveniente dos caminhões pipa a obra possui
reservatórios com capacidade de armazenagem de 20.000 litros, conforme Figura
15, que mostra 5 reservatórios de 4.000 litros cada um.
Figura 15 – Foto dos reservatórios para receber água proveniente de caminhão pipa na obra da
Construtora A
64
A opção do caminhão pipa baseou-se em um comparativo de custos realizado pela
construtora em agosto de 2005, que comparou os custos com o abastecimento de
água através da Sabesp e através de caminhão pipa, conforme Tabela 12.
Tabela 12 – Comparativo de custos da Construtora A entre o fornecimento de água por caminhão
pipa e Sabesp
Tipo de abastecimento
Preço por m³
SABESP
R$ 15,00
Caminhão Pipa
R$ 6,00(*)
(*) custo para entrega de 1 caminhão por dia
Vale a pena ressaltar que a água da Sabesp foi utilizada exclusivamente para
abastecer as áreas de vivência, ou seja, refeitório e vestiários, e o reservatório
para o serviço de cravação de estacas tubadas.
6.1.6.
Quantidade de pessoal na obra
Na Tabela 13 é apresentada a média de pessoas em cada mês do período
analisado, tomando como base os apontamentos passados pela construtora nas
entrevistas realizadas.
65
Tabela 13 – Quantidade média de pessoas na obra da Construtora A
Mês
Média de Pessoas no mês
jun/04
22
jul/04
93
ago/04
93
set/04
91
out/04
109
nov/04
123
dez/04
118
jan/05
103
fev/05
127
mar/05
170
abr/05
213
mai/05
284
jun/05
322
jul/05
338
ago/05
445
set/05
480
out/05
498
nov/05
519
dez/05
506
jan/06
535
fev/06
585
mar/06
682
abr/06
699
mai/06
623
66
6.2.
Estudo de Caso 2
6.2.1.
Caracterização da Construtora B
A Construtora B foi fundada em 1990 e hoje tem mais de 20 empreendimentos
entregues.
Atualmente a construtora está com 8 obras em andamento e conta com
aproximadamente 100 funcionários, nas áreas técnicas e de administração, sendo
a mão-de-obra de produção toda subcontratada.
O Sistema da Qualidade da empresa foi implantado em 1999, sendo o controle do
consumo de água e energia itens do mesmo.
6.2.2.
Empreendimento
A obra da Construtora B está localizada no bairro da Aclimação, em São Paulo e
possui 5.100 m² de área total construída, com 1 torre de 11 pavimentos e 33
apartamentos, sendo 3 unidades por andar.
Figura 16 - Foto do Empreendimento da Construtora B
67
Figura 17 - Planta do apartamento com 90,70 m² do empreendimento da Construtora B
Figura 18 - Planta do Apartamento com 100,70 m² do empreendimento da Construtora B
68
Na Tabela 18 é apresentada a ficha resumida do empreendimento.
Tabela 14 - Características principais do empreendimento da Construtora B
Área construída
5.100 m²
Torres
Uma
Pavimentos
Onze pavimentos tipo
Apartamentos por andar
Três
Total de unidades
33 apartamentos
Área útil dos apartamentos
2 opções de planta – 90,70 m² e 100,70 m²
Dormitórios
Três
Área de lazer
Salão de festas com copa, sala de ginástica,
sauna com ducha e sala de massagem,
playground, quadra esportiva gramada, piscina
adulto e infantil e churrasqueira
6.2.3.
Características construtivas
O empreendimento foi lançado em maio de 2003 e a obra efetivamente iniciou-se
em janeiro de 2004.
A duração total do processo de construção foi de 20 meses, tendo em vista que a
entrega das unidades iniciou-se em agosto de 2005.
Na Tabela 19 são relacionadas as principais características construtivas da
edificação.
69
Tabela 15 - Características construtivas do empreendimento da Construtora B
Fundações
Hélice Contínua
Estrutura
Concreto Armado Convencional
Vedações
Blocos de concreto
Laje
Moldada in loco com contrapiso
Janelas
Alumínio anodizado branco
Portas
Madeira
Revestimento das paredes
Áreas secas: gesso
internas
Áreas úmidas: azulejo
Revestimento da fachada
Argamassa
Revestimento de piso
Apartamento: Piso cerâmico e contrapiso
Instalações hidráulicas
Água fria e esgoto: PVC
Água quente: cobre
6.2.4.
Características das instalações de água do canteiro de obra
a) Refeitório
Na obra da Construtora B, todos os colaboradores, tanto os funcionários da
empresa como os funcionários dos subempreiteiros, possuíam refeitório para
fazerem as refeições, que eram trazidas pelos operários.
b) Instalações hidro-sanitárias
As instalações sanitárias da obra possuíam 8 chuveiros e 4 boxes com bacias
sanitárias.
c) Abastecimento nos andares
Para o abastecimento de água nos pavimentos da torre em construção havia uma
bomba de recalque que levava a água até o pavimento superior em construção,
neste havia uma caixa d´agua de 3.000 litros, que por sua vez distribuía aos
pavimentos inferiores, conforme Figura 23.
70
Caixa d´agua de
3.000 litros
torneira
Tubulação de
distribuição de
água nos
andares
Lata de
200 litros
mangueira
Tubulação de
ligação do
reservatório
inferior ao
superior
Subsolo
bomba
Reservatório do
subsolo
(definitivo)
Figura 19 – Esquema de distribuição de água nos pavimentos em construção na obra da Construtora
B
A distribuição nos andares era feita em cascata, havendo uma torneira em
andares alternados, ou seja, em um andar havia torneira e no próximo havia
mangueira.
6.2.5.
Consumo e tipo de fornecimento de água no canteiro de obras
Na obra da Construtora B o fornecimento de água foi realizado em grande parte
pela rede de distribuição da SABESP, havendo meses em que a construtora optou
pelo fornecimento de água através de caminhões pipa.
Na Tabela 20, são apontados os consumos de água no decorrer da construção do
edifício; são apresentados os consumos através da rede de distribuição da SABESP
e através de caminhões pipa.
71
Tabela 16 - Consumo de água por tipo de fornecimento no empreendimento da Construtora B
SABESP
Meses
PIPA
m³
%
18
100%
m³
%
Consumo
total de
água por
mês (m³)
1
mai/03
2
jun/03
0
3
jul/03
0
4
ago/03
5
set/03
0
6
out/03
0
7
nov/03
4
100%
4
8
dez/03
5
100%
5
9
jan/04
15
100%
15
10
fev/04
14
100%
14
11
mar/04
65
100%
65
12
abr/04
111
100%
111
13
mai/04
14
jun/04
52
100%
52
15
jul/04
52
100%
52
16
ago/04
69
87%
10
13%
79
17
set/04
87
64%
50
36%
137
18
out/04
102
100%
19
nov/04
106
91%
20
dez/04
78
100%
78
21
jan/05
141
100%
141
22
fev/05
140
100%
140
23
mar/05
109
100%
109
24
abr/05
79
86%
13
14%
92
25
mai/05
106
75%
35
25%
141
26
jun/05
180
45%
222
55%
402
27
jul/05
113
76%
36
24%
149
28
ago/05
183
100%
1837
82%
TOTAL
8
18
100%
8
30
100%
30
102
10
9%
116
183
405
18%
2242
72
Através da análise dos tipos de fornecimento, percebe-se que 82% do
fornecimento de água na produção do edifício ocorreram através da rede da
SABESP e apenas 18% através de caminhões pipa, conforme Figura 24.
Pipa
18%
Sabesp
82%
Figura 20 - Tipo de fornecimento de água na obra da Construtora B
6.2.6.
Quantidade de pessoal
A quantidade de pessoal média foi levantada através do controle efetuado no
Diário de obra, e encontra-se na Tabela 17.
73
Tabela 17 - Quantidade média de pessoas na obra da Construtora B
Meses
Média de Pessoas no mês
1
jan/04
6
2
fev/04
9
3
mar/04
12
4
abr/04
21
5
mai/04
31
6
jun/04
31
7
jul/04
34
8
ago/04
45
9
set/04
49
10
out/04
49
11
nov/04
53
12
dez/04
66
13
jan/05
58
14
fev/05
52
15
mar/05
50
16
abr/05
42
17
mai/05
43
18
jun/05
30
19
jul/05
15
74
6.3.
Estudo de caso 3
6.3.1.
Caracterização da Construtora C
A Construtora C atua no segmento da construção civil desde 1988. Ao longo desses
anos, vem atuando especialmente na prestação de serviços de mão-de-obra,
sendo subcontratada para execução de serviços específicos, em obras de outras
construtoras, como Cyrela, Hochtief, Impar, Matec, Rossi e outros.
Com mais de 400 funcionários, ao longo dos 20 anos de atuação consolidou-se
como prestadora de serviços, especialmente em alvenaria estrutural e, em 2005,
resolveu lançar o seu primeiro empreendimento, que é objeto desse estudo,
relativo ao consumo de água na construção de edifícios.
6.3.2.
Empreendimento
O empreendimento fica a 600 metros da estação Jabaquara do metrô e tem área
total construída de 4.200 m², com 1 torre de 9 pavimentos.
Figura 21 – Perspectiva do empreendimento da Construtora C
75
Com três opções de plantas, os apartamentos têm entre 49 e 58 m² de área útil e
possuem 2 dormitórios, com opção de um deles ser suíte.
Figura 22 - Planta 1 do apartamento da Construtora C
Figura 23 - Planta 2 do apartamento da Construtora C
Figura 24 - Planta 3 do apartamento da Construtora C
76
Na Tabela 14 é apresentada a ficha resumida do empreendimento.
Tabela 18 - Características principais do empreendimento da Construtora C
Área construída
4.200 m²
Torres
Uma
Pavimentos
Nove pavimentos tipo, térreo e subsolo
Apartamentos por andar
Térreo: 3 unidades; e Tipo: 6 unidades
Total de unidades
57 unidade
Área útil dos apartamentos
Opções de 49,33 a 58,15 m²
Dormitórios
Dois com opção de um deles ser suíte
Área de lazer
Salão de festas, churrasqueira, cozinha
gourmet, sala de ginástica e playground
6.3.3.
Características construtivas
O prédio residencial tem como característica principal a construção em alvenaria
estrutural de blocos de concreto, sendo esta executada com operários da própria
construtora.
O início da obra foi em setembro de 2005 e o término em janeiro de 2007;
portanto, foram 17 meses de construção.
Na Tabela 15 são relacionadas as principais características construtivas da
edificação.
77
Tabela 19 - Características construtivas do empreendimento da Construtora C
Fundações
Hélice contínua
Estrutura
Alvenaria estrutural de blocos concreto
Vedações
Blocos de concreto estrutural de concreto
Laje
Concreto armado
Janelas
Alumínio anodizado
Portas
Madeira
Revestimento das paredes internas
Áreas secas: Argamassa/gesso
Áreas úmidas: azulejo
Revestimento da fachada
Argamassa
Revestimento de piso
Apartamento: Piso cerâmico e contrapiso
Instalações hidráulicas
Água fria e esgoto: PVC
Água quente: cobre
6.3.4.
Características das instalações de água do canteiro de obras
a) Refeitório
Na obra da Construtora C todos os colaboradores possuíam refeitório para fazerem
as refeições, que eram trazidas pelos operários.
b) Instalações hidro-sanitárias
As instalações sanitárias da obra estavam localizadas em uma área com 30 m²,
onde haviam banheiros e vestiários de acordo com a NR – Norma Regulamentadora
nº 18.
c) Abastecimento nos andares
O abastecimento de água nos pavimentos da torre em construção ocorria da
mesma forma que o da obra da Construtora C, ou seja, a água era bombeada até
o último pavimento e depois distribuída por gravidade para os andares inferiores.
78
6.3.5.
Consumo e tipo de fornecimento de água no canteiro de obras
Na obra da Construtora C, o fornecimento de água foi totalmente pela rede de
distribuição da SABESP, sendo apresentados, na Tabela 16, os consumos por mês
no período analisado.
Tabela 20 - Consumo de água na obra da Construtora C
Meses
Fornecimento de
água (m³)
SABESP
6.3.6.
Consumo total de
água (m³)
1
set/05
22,00
22,00
2
out/05
57,00
57,00
3
nov/05
34,00
34,00
4
dez/05
38,00
38,00
5
jan/06
47,00
47,00
6
fev/06
63,00
63,00
7
mar/06
81,00
81,00
8
abr/06
98,00
98,00
9
mai/06
75,00
75,00
10
jun/06
81,00
81,00
11
jul/06
76,00
76,00
12
ago/06
114,00
114,00
13
set/06
116,00
116,00
Quantidade de pessoal
Na Tabela 21 é apresentada a média de pessoas em cada mês do período
analisado, tomando como base os apontamentos passados pela construtora nas
entrevistas realizadas.
79
Tabela 21 – Quantidade média de pessoas na obra da Construtora C
Meses
Média de Pessoas no mês
1
set/05
14
2
out/05
14
3
nov/05
14
4
dez/05
18
5
jan/06
21
6
fev/06
23
7
mar/06
25
8
abr/06
28
9
mai/06
33
10
jun/06
38
11
jul/06
33
12
ago/06
45
13
set/06
55
80
Análise dos resultados
7.
“Mais fácil me foi encontrar as leis com que se movem os corpos celestes, que estão a milhões de quilômetros, do que
definir as leis do movimento da água, que escoa frente aos meus olhos.”
Galileu Galilei
Haroldo Palo Jr. – ANA – Agência Nacional de Águas
(1564 – 1642)
7.1.
Resultados obtidos e comentários por obra
A partir dos levantamentos realizados em cada uma das obras, apontando o
consumo de água, a quantidade média de pessoas na obra e as etapas construtivas
executadas nos períodos analisados, tornou-se possível a análise dos dados
graficamente, resultando nas seguintes informações por construtora:
•
Consumo mensal de água
•
Consumo acumulado de água em relação à área construída
•
Consumo mensal de água confrontado com a mão-de-obra
•
Consumo mensal de água por Homem hora
•
Consumo mensal de água e quantidade de pessoas confrontados com as
etapas construtivas
Cabe ressaltar que os cálculos relativos às análises gráficas apresentadas a seguir
podem ser consultados nas planilhas anexas.
81
7.1.1.
Consumo mensal de água
Os dados de consumo mensal de água foram levantados nas construtoras, através
da consulta em contas de água da Sabesp e faturas relativas à compra de água por
empresas de fornecimento em caminhão pipa.
Através destes dados, foi possível elaborar gráficos, cujo principal objetivo é
mostrar o consumo de água ao longo dos meses de produção do edifício e apontar
os meses e/ou períodos de maior consumo.
a) Construtora A
Os consumos de água apontados no Gráfico 1 referem-se aos dados coletados no
período de junho de 2004 a maio de 2006, portanto, 23 meses. Ressalta-se que,
em maio de 2006 a obra não estava concluída.
Consumo mensal - Construtora A
6.000
5.110
5.000
3.880
3.576
3.455
3.000
3.046
2.980
2.295
2.159
1.586
1.843
1.959 1.893
1.960
2.468
2.094
2.376
1.776
1.334
1.000
720
874
Período analisado
Gráfico 1 – Consumo mensal de água na obra da Construtora A
6
m
ai
/0
6
ab
r/0
5
no
v/
05
de
z/
05
ja
n/
06
fe
v/
06
m
ar
/0
6
ou
t/0
ju
l/0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
5
m
ai
/0
5
ju
n/
05
ab
r/0
ou
t/0
4
no
v/
04
de
z/
04
ja
n/
05
fe
v/
05
m
ar
/0
5
73
ju
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
0
1.645
2.387
2.126
2.000
ju
n/
04
Consumo (m³)
4.000
82
Verifica-se, através dos cálculos realizados e do gráfico apresentado, que, embora
o consumo médio da obra tenha sido de 2.234 m³/mês e a mediana de 2.110
m³/mês, no início da obra, mais precisamente nos dois primeiros meses, o
consumo de água foi discreto em relação aos cinco meses posteriores, que foi em
média de 3.800 m³ de água por mês, devido a execução da fundação.
b) Construtora B
A obra da Construtora B estava concluída quando os dados foram levantados;
portanto, os dados referem-se ao período total de execução da obra.
Consumo mensal - Construtora B
450
402
400
350
Consumo (m³)
300
250
183
200
141
150
137
111
100
65
50
18
-
-
8
-
-
4
5
15
14
52
102
149
109
78
92
52
30
m
ai
/0
ju 3
n/
03
ju
l/0
ag 3
o/
0
se 3
t/0
ou 3
t/0
no 3
v/
0
de 3
z/
0
ja 3
n/
04
fe
v/
0
m 4
ar
/0
ab 4
r/0
m 4
ai
/0
ju 4
n/
04
ju
l/0
ag 4
o/
0
se 4
t/0
ou 4
t/0
no 4
v/
0
de 4
z/
0
ja 4
n/
05
fe
v/
0
m 5
ar
/0
ab 5
r/0
m 5
ai
/0
ju 5
n/
05
ju
l/0
ag 5
o/
05
-
79
141
140
116
Período analisado
Gráfico 2 - Consumo mensal de água na obra da Construtora B
Vale a pena ressaltar que embora os apontamentos sejam de 28 meses a obra,
efetivamente começou em janeiro de 2004, data de início do diário de obra e
data em que o pessoal efetivamente começou os serviços na obra; portanto, o
período de execução da obra foi de 19 meses e, neste prazo, o consumo médio
mensal de água observado foi de 107 m³/mês e a mediana foi de 102 m³/mês.
83
Analisando os dados, percebe-se que o aumento do consumo foi gradual, havendo
pequenos picos ao longo do período de execução e um pico máximo de consumo
de água no mês de junho de 2005, quando o consumo praticamente triplicou em
relação aos meses anteriores, passando de 400 m³.
c) Construtora C
Os dados relativos ao consumo de água na obra da Construtora C, referem-se ao
período de um ano compreendido entre os meses de setembro de 2005 a setembro
de 2006.
Em setembro de 2006 a obra da Construtora C estava na fase de pintura e,
portanto, não estava concluída.
Consumo mensal - Construtora C
140
120
114
116
Consumo (m³)
100
98
81
81
80
76
75
57
60
63
47
40
34
20
38
22
set/05
out/05
nov/05
dez/05
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
Período analisado
Gráfico 3 – Consumo mensal de água na obra da Construtora C
No Gráfico , percebe-se que o consumo de água vai aumentando gradativamente
com o decorrer da obra e alcança um pico nos últimos dois meses de análise, que
ultrapassam os 100 m³, embora a média de consumo mensal seja de 69 m³/mês e
a mediana seja de 75 m³/mês.
84
7.1.2.
Consumo acumulado de água em relação à área construída
Os dados apresentados a seguir referem-se ao consumo de água acumulado no
período analisado e a sua relação com a área construída.
Através do consumo acumulado, serão apontados os valores médios e medianos de
consumo de água mensal, o valor de consumo de água real por área construída e o
valor de consumo de água estimado por área construída, através da curva de
tendência.
Para tal análise, iniciou-se pela obra da Construtora B, já que os dados de
consumo de água desta obra referem-se ao período de execução total da obra.
a) Construtora B
Analisando o consumo acumulado na obra da Construtora B, é possível chegar em
alguns valores médios; por exemplo, como a obra efetivamente começou em
janeiro de 2004, verifica-se que o consumo médio por mês foi de 110 m³ e a
mediana foi de 105 m³ por mês no período compreendido entre janeiro de 2004 e
agosto de 2005.
Consumo acumulado - Construtora B
2.500
2.242
2.059
1.910
1.509
1.500
1.276
886
1.000
1.167
1.368
808
374
500
18
-
1.027
18
18
26
26
26
30
35
50
64
129
240
453
590
692
270 322
m
ai
/0
3
ju
n/
03
ju
l/0
3
ag
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3
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3
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03
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4
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4
ou
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4
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04
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z/
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ja
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05
m
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5
ab
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5
m
ai
/0
5
ju
n/
05
ju
l/0
5
ag
o/
05
Consumo (m³)
2.000
Período analisado
Gráfico 4 – Consumo acumulado de água na obra da Construtora B
85
É possível observar, através do Gráfico 4, que o consumo total de água chegou a
2.242 m³, o que corresponde a 0,7% do valor total da obra, conforme análise da
curva ABC de custos, disponibilizada pela empresa.
Verifica-se, também, que o consumo de água por área construída foi de 0,44 m³
por m², conforme Gráfico 5.
Curva de consumo por m² - Construtora B
0,500
0,440
0,450
0,404
0,400
Linha de tendência Polinomial
Consumo (m³/m²)
0,350
0,375
Consumo por m² (m³/m²)
0,300
0,250
2
R = 0,9951
0,250
0,200
0,100
0,053
0,025 0,047
0,004
0,004 0,005
0,005 0,006 0,007
0,073
0,116
0,089
0,013
m
ai
/0
3
ju
n/
03
ju
l/0
3
ag
o/
03
se
t/0
3
ou
t/0
3
no
v/
03
de
z/
03
ja
n/
04
fe
v/
04
m
ar
/0
4
ab
r/0
4
m
ai
/0
4
ju
n/
04
ju
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
ou
t/0
4
no
v/
04
de
z/
04
ja
n/
05
fe
v/
05
m
ar
/0
5
ab
r/0
5
m
ai
/0
5
ju
n/
05
ju
l/0
5
ag
o/
05
-
0,296
0,174
0,158
0,150
0,050
0,268
0,229
0,201
(0,050)
Período analisado
Gráfico 5 – Curva de consumo por m² na obra da Construtora B
Tendo em vista que os dados da obra da Construtora B referem-se ao período total
de execução da obra, foi possível traçar no gráfico a Linha de tendência tomando
como base os valores de m³/m² ao longo do período.
Através das ferramentas do software Excel, verificou-se que a Linha de tendência
que melhor se adaptou aos dados de consumo de água foi a Polinomial, sendo que
o valor de R² resultante foi de 0,9951.
Cabe ressaltar que quanto mais próximo de 1 estiver o valor de R², maior a
confiabilidade dos dados de tendência.
Tomando como base esta análise, a Linha de tendência será aplicada nas outras
duas obras, para estimativa do consumo de água por m² (m³/m²).
86
b) Construtora A
Na obra da Construtora A o consumo chegou a mais de 53.000 m³ de água
consumida no período analisado, conforme Gráfico 6, o que resulta em média de
2.200 m³ por mês e em mediana de 2.110 m³ por mês.
Consumo acumulado - Construtora A
60.000
53.615
46.007
50.000
49.053
Consumo (m³)
41.855
37.508
40.000
33.656
27.392
30.000
20.668
29.687
39.468
35.615
31.530
25.747
22.254
16.814
20.000
23.588
43.631
19.794
9.783
10.000
13.238
793
m
ai
/0
6
/0
6
/0
6
m
ar
/0
6
ab
r/0
6
fe
v
05
5
05
ja
n
de
z/
no
v/
t/0
5
ou
t/0
se
/0
5
5
l/0
5
ag
o/
05
ju
ju
n
m
ai
/0
/0
5
m
ar
/0
5
ab
r/0
5
/0
5
fe
v
ja
n
04
de
z/
4
no
v/
ou
t/0
t/0
4
se
l/0
4
ag
o/
04
ju
/0
4
ju
n
04
4.673
73
0
Período analisado
Gráfico 6 – Consumo acumulado de água na obra da Construtora A
Tendo em vista que a obra ainda não foi concluída e o término está previsto para
fevereiro de 2008, através da Linha de tendência Polinomial utilizada na obra da
Construtora B, é possível estimar o consumo por m² da obra em questão,
conforme mostrado no Gráfico 7, que apontou para um consumo de 0,68 m³ por
m² de área construída, com valor de R² de 0,9904.
Tendência de consumo por m² - Construtora A
0,700
Linha de tendência Polinomial
0,600
Consumo por m² (m³/m²)
R2 = 0,9904
0,500
0,447
0,383
0,329 0,364
0,313
0,280
0,400
0,300
0,165
0,200
0,100
0,185
0,197
0,247
0,110
0,082
0,001
Período analisado
Gráfico 7 – Tendência de consumo por m² na obra da Construtora A
fe
v/
08
7
de
z/
07
ou
t/0
ju
n/
07
ag
o/
07
fe
v/
07
ab
r/0
7
6
de
z/
06
ou
t/0
ju
n/
06
ag
o/
06
fe
v/
06
ab
r/0
6
5
de
z/
05
ou
t/0
ju
n/
05
ag
o/
05
fe
v/
05
ab
r/0
5
ou
t/0
4
de
z/
04
ju
n/
04
ag
o/
04
Consumo (m³/m²)
0,800
87
c) Construtora C
O consumo médio de água na obra da Construtora C foi de 70 m³ por mês e a
mediana apontou para um consumo de 75 m³ por mês, conforme Gráfico 8.
Consumo acumulado - Construtora C
1000
902
900
786
800
Consumo (m³)
700
672
596
600
515
500
440
400
342
300
198
200
113
100
22
0
set/05
261
151
79
out/05
nov/05
dez/05
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
Período analisado
Gráfico 8 – Consumo acumulado de água na obra da Construtora C
O total consumido, até o mês de setembro de 2006, chegou a mais de 900 m³ e,
embora os dados de consumo não tenham sido coletados até o término da obra, o
consumo estimado por m² foi de 0,37 m³ por m² de área construída, conforme
Linha de tendência Polinomial apresentada no Gráfico 9, com valor de R² igual a
0,9984.
Tendência de consumo por m² - Construtora C
0,400
0,350
Linha de tendência Polinomial
Consumo (m³/m²)
0,300
Consumo por m² (m³/m²)
R2 = 0,9984
0,250
0,215
0,187
0,200
0,142
0,150
0,081
0,100
0,036
0,050
0,005
0,019
0,047
0,105
0,160
0,123
0,062
0,027
0,000
set/05
out/05 nov/05 dez/05 jan/06
fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06
jul/06
ago/06 set/06
out/06 nov/06 dez/06 jan/07
Período analisado
Gráfico 9 – Tendência de consumo por m² na obra da Construtora C
fev/07
88
7.1.3.
O consumo mensal de água confrontado com a mão-de-obra
As análises gráficas a seguir buscam apresentar a influência da quantidade de
pessoas no consumo total de água da obra, conforme já ressaltado no item 4.1 do
capítulo 4, que tratava sobre a demanda de água no canteiro, mais
especificamente sobre o consumo humano.
Neste mesmo item, foi apontado que o consumo diário de água por operário é da
ordem de 45 litros a 65 litros por dia, conforme SILVA (2006), sendo o valor de 65
litros por dia indicado para os casos em que a refeição do operário é preparada na
própria obra.
Tomando como base estes dados e as informações levantadas junto ao engenheiro
da Construtora A (que media separadamente o consumo de água para as áreas de
vivência), que apresentou um consumo diário de 51 litros de água por operário,
verificou-se que o consumo relativo ao uso humano é bastante relevante.
Portanto, os gráficos a seguir buscam demonstrar que o aumento do número de
pessoas na obra segue a mesma tendência de aumento do consumo de água ao
longo do período de construção. Considera-se ainda a expectativa do autor, de
que a maior presença de pessoas esteja associada também a uma execução maior
de serviços (que também demandam água).
Com base nisso, serão realizadas duas análises gráficas: uma que apresenta o
consumo por m³ da água e a quantidade de pessoas na obra por mês; e outra que
apresenta a estimativa de consumo água demandada para o uso humano e a
quantidade demandada para o uso na produção.
89
a) Construtora A
Na obra da Construtora A, observou-se que o número de operários da obra e
consumo de água aumentou ao longo do período de execução da obra.
A única ressalva é para os primeiros meses, onde o consumo é significativamente
superior em relação ao número de operários, conforme Gráfico 10.
Quantidade de pessoas e consumo de água por mês - Construtora A
Média de Pessoas no mês
4.000
3.880
3.455
3.000
3.576
3.046
2.980
585
682 699 623
6
535
/0
6
506
ab
r/0
519
2.094
ar
/0
6
480 498
fe
v/
06
1.776
m
ai
1.960
m
445
1.893
2.468
2.376
ja
n/
06
338
2.387
1.959
de
z/
05
322
ju
l/0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
213 284
/0
5
ju
n/
05
170
5
127
m
ai
103
ab
r/0
118
ar
/0
5
123
fe
v/
05
109
ja
n/
05
91
de
z/
04
93
ou
t/0
4
no
v/
04
73 93
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
ju
n/
04
874
720
22
m
1.000
1.645
1.334
1.843
ou
t/0
5
no
v/
05
1.586
2.126
2.295
2.159
2.000
0
Consumo total de água (m³)
5.110
5.000
ju
Quantidade de pessoas e consumo (m³)
6.000
Período analisado
Gráfico 10 – Quantidade de pessoas por mês na obra da Construtora A
Tomando como base o consumo de 51 litros de água por operário da obra
(inclusive preparo de refeições), foi possível estimar a quantidade de água
demandada para o consumo humano e a quantidade demandada para a produção
do edifício, conforme Gráfico 11.
90
Estimativa de consumo de água - humano x produção - Construtora A
2.500,00
Estimativa de consumo na produção (m³)
2.000,00
Estimativa do consumo humano global (m³)
Consumo (m³)
1.500,00
1.000,00
500,00
ju
l/0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
ou
t/0
5
no
v/
05
de
z/
05
ja
n/
06
fe
v/
06
m
ar
/0
6
ab
r/0
6
m
ai
/0
6
ju
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
ou
t/0
4
no
v/
04
de
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04
ja
n/
05
fe
v/
05
m
ar
/0
5
ab
r/0
5
m
ai
/0
5
ju
n/
05
ju
n/
04
-
(500,00)
Período analisado
Gráfico 11 – Estimativa do consumo de água – humano x produção – obra da Construtora A
Através do Gráfico 11, verifica-se claramente a influência da quantidade de
pessoas na obra em relação ao consumo de água, sendo que, em média, metade
do consumo de água é relativo ao uso humano.
b) Construtora B
Na obra da Construtora B, como foi possível coletar os dados de todo o período de
execução da obra, percebe-se através do Gráfico 12, que o consumo de água e o
número de pessoas na obra aumentam gradativamente.
Entretanto, nos últimos meses, com a realização dos serviços finais para entrega
do empreendimento, o número de pessoas na obra diminui, porém o consumo não,
isto porque no término da obra há um grande consumo de água para realizar a
limpeza geral da edificação, conforme pesquisa realizada no diário de obra da
construtora.
91
Quantidade de pessoas - Construtora B
450
Consumo total de água (m³)
402
350
300
250
183
200
141
150
137
111
109
52
50
42
43
30
15
04
ja
n/
05
fe
v/
05
m
ar
/0
5
ab
r/0
5
m
ai
/0
5
ju
n/
05
ju
l/0
5
ag
o/
05
58
149
92
de
z/
04
4
53 66
49
no
v/
4
4
49
ou
t/0
04
t/0
se
ag
o/
l/0
4
4
n/
0
ju
m
ai
/0
r/0
34
141
140
116
78
45
31
31
21
4
4
/0
30
14
ab
m
ar
4
fe
v/
03
12
ja
de
z/
3
-
5 6 15
9
n/
0
4
03
3
ou
t/0
03
t/0
3
l/0
3
ju
3
n/
0
ju
m
ai
/0
-
se
-
0
8
no
v/
18
04
65
50
102
79
52 52
ju
100
ag
o/
Quantidade de pessoas e consumo (m³)
Média de Pessoas no mês
400
Período analisado
Gráfico 12 – Quantidade de pessoas por mês na obra da Construtora B
No Gráfico 13, embora o consumo de água se eleve consideravelmente em relação
à quantidade de pessoas nos últimos meses. Verificou-se nos cálculos realizados,
que a estimativa de consumo de água para uso humano é em média praticamente
a mesma que o consumo de água nos serviços de produção.
Estimativa de consumo de água - Construtora B
450,00
400,00
Estimativa de consumo na produção (m³)
350,00
Estimativa do consumo humano global (m³)
Consumo (m³)
300,00
250,00
200,00
150,00
100,00
50,00
m
ai
/0
3
ju
n/
03
ju
l/0
3
ag
o/
03
se
t/0
3
ou
t/0
3
no
v/
03
de
z/
03
ja
n/
04
fe
v/
0
m 4
ar
/0
4
ab
r/0
4
m
ai
/0
4
ju
n/
04
ju
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
ou
t/0
4
no
v/
04
de
z/
04
ja
n/
05
fe
v/
0
m 5
ar
/0
5
ab
r/0
5
m
ai
/0
5
ju
n/
05
ju
l/0
ag 5
o/
05
(50,00)
Período analisado
Gráfico 13 - Estimativa do consumo de água – humano x produção – obra da Construtora B
92
c) Construtora C
Na obra da Construtora C, observou-se que o número de operários também
aumentou ao longo do período de execução da obra, bem como o consumo de
água, conforme Gráfico 14.
Quantidade de pessoas e consumo de água por mês - Construtora C
Quantidade de pessoas e consumo (m³)
140
Média de Pessoas no mês
120
Consumo total de água (m³)
114
100
81
80
60
81
75
76
63
57
55
47
40
20
116
98
22
14
14
14
33
38
34
18
25
21
23
jan/06
fev/06
38
33
45
28
0
set/05
out/05
nov/05
dez/05
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
Período analisado
Gráfico 14 – Quantidade de pessoas por mês na obra da Construtora C
Para consolidar a idéia de que o consumo humano é relevante, também foi gerado
o Gráfico 15, que estimou um consumo de 45 litros de água por pessoa e por dia
na obra (obra sem preparo de refeições), apontando os consumos na produção e
humano.
93
Estimativa de consumo de água - Construtora C
140,00
Estimativas de consumo de água humano
global (m³)
120,00
Estimativa de consumo na produção (m³)
Consumo (m³)
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
set/05
out/05
nov/05
dez/05
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
Período analisado
Gráfico 15 – Estimativa do consumo de água – humano x produção – obra da Construtora C
Com base no Gráfico 15, estima-se que em média 47% do consumo de água na
obra são relativos ao uso humano e 53% relativos à produção.
7.1.4.
O consumo mensal de água por Homem hora
Com base nas análises anteriores, verificou-se que, com o aumento dos serviços
na obra, concomitantemente a quantidade de pessoal na obra aumenta e o
consumo de água também; portanto, resolveu-se analisar o consumo total de água
da obra por Homem hora e chegou-se aos resultados por obra indicados no texto a
seguir.
94
a) Construtora A
Na obra da Construtora A o consumo de água por homem hora pode ser observado
mês a mês através do Gráfico 16.
Consumo total de água por Homem hora (m³/Hh) - Construtora A
0,0350
0,0320
0,0300
Consumo (m³/Hh)
0,0264
0,0250
0,0201
0,0200
0,0163
0,0151
0,0150
0,0078
0,0050
0,0050
0,0185
0,0146
0,0150
0,0121
0,0154
0,0151
0,0138
0,0138
0,0111 0,0107
0,0086
0,0100
0,0180
0,0152
0,0124
0,0105
0,0096
0,0080
/0
6
ai
m
m
ar
/0
6
ab
r/0
6
n/
06
fe
v/
06
ja
5
no
v/
05
de
z/
05
ou
t/0
ju
l/0
5
ag
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05
se
t/0
5
/0
5
n/
05
ju
ai
m
m
ar
/0
5
ab
r/0
5
n/
05
fe
v/
05
ja
4
no
v/
04
de
z/
04
ou
t/0
ju
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
ju
n/
04
0,0000
Período analisado
Gráfico 16 – Consumo total de água por Homem hora na obra da Construtora A
E através dos dados levantados, verificou-se que a média de consumo de água foi
de 0,0144m³/Hh e a mediana que foi 0,0142 m³/Hh.
b) Construtora B
Na obra da Construtora B os resultados não foram diferentes e apontaram para
0,0156 m³ de água consumidos por Homem hora e a mediana de 0,0099 m³/Hh,
tomando como base os dados do Gráfico 17.
Consumo total de água por Homem hora (m³/Hh) - Construtora B
0
0,0609
0
Consumo (m³/Hh)
0
0,0448
0
0
0,0253
0,0242
0
0,0128
0,0118
0
0,0074
0,0044
jan/04
0,0077 0,0069
fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04
jul/04
0,0111
0,0099
0,0080
0,0147
0,0122
0,0095
0,0099
0,0099
0,0054
ago/04 set/04
out/04 nov/04 dez/04 jan/05
fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05
Período analisado
Gráfico 17 - Consumo total de água por Homem hora na obra da Construtora B
jul/05
95
c) Construtora C
O mesmo procedimento de cálculo foi aplicado à obra da Construtora C, conforme
Gráfico 18.
Consumo total de água por Homem hora (m³/Hh) - Construtora C
0
0,0185
0
0
0,0147
0,0159
Consumo (m³/Hh)
0
0
0
0,0115
0,0125
0,0110
0,0096
0,0097
0,0105
0,0103
0,0102
0,0096
0
0
0,0071
0
0
set/05
out/05
nov/05
dez/05
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
Período analisado
Gráfico 18 – Consumo total de água por Homem hora na obra da Construtora C
Nesta obra, os cálculos realizados apontaram para o consumo de água médio de
0,0116 m³/Hh e mediana de 0,0105 m³/Hh.
7.1.5. Consumo mensal de água e quantidade de pessoas confrontados
com as etapas construtivas
Embora tenha sido observado que o consumo de água para uso humano é bastante
relevante, vale a pena analisar os serviços executados na obra em relação ao
consumo mensal.
Para análise, foram consultados os cronogramas físicos das obras e as datas
aproximadas de início e térmico das etapas construtivas; com isso foi possível
identificar, no gráfico, os períodos de execução de cada etapa.
96
Dessa forma, é possível analisar graficamente os possíveis fatores relacionados ao
aumento ou redução do consumo de água na construção do edifício, relacionandoos às etapas construtivas.
E, embora o Modelo dos fatores, proposto anteriormente para analisar os fatores
que influenciam o consumo, aponte para fórmulas matemáticas, a aplicação do
modelo nos gráficos a seguir ocorre de forma qualitativa, sendo apontados de
forma simplificada apenas os fatores que poderiam elevar ou reduzir o consumo
de água.
a) Construtora A
Com relação ao empreendimento da Construtora A, cabe ressaltar que, em maio
de 2006, das 9 torres do empreendimento, 5 edifícios estavam na fase de
Revestimento e 4 estavam na fase de Estrutura e Alvenaria.
Portanto, verifica-se, através do Gráfico 19, que em função de várias etapas
construtivas ocorrerem simultaneamente, torna-se difícil fazer uma análise
gráfica.
Quantidade de pessoas e consumo de água por mês x etapas construtivas - Construtora A
6.000
Consumo total de água (m³)
Revestimento
Impermeabilização
Alvenaria
3.880
3.576
Estrutura
3.455
3.046
2.980
Estacas Tubadas
Parede Diafragma
1.893
1.960
2.468
2.376
1.776
2.094
585
682 699 623
6
535
/0
6
506
m
ai
519
ab
r/0
480 498
ar
/0
6
445
fe
v/
06
338
ja
n/
06
322
ju
l/0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
213 284
ju
n/
05
5
170
/0
5
127
m
ai
103
ab
r/0
118
ar
/0
5
123
fe
v/
05
109
ja
n/
05
91
de
z/
04
93
ou
t/0
4
no
v/
04
93
ju
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
0
73
2.387
1.959
1.334
874
720
22
m
1.000
1.645
1.843
de
z/
05
1.586
2.126
2.295
2.159
2.000
ou
t/0
5
no
v/
05
3.000
m
4.000
ju
n/
04
Quantidade de pessoas e consumo (m³)
Média de Pessoas no mês
5.110
5.000
Período analisado
Gráfico 19 – Consumo mensal de água confrontado com as etapas construtivas na obra da
Construtora A
97
Entretanto, alguns pontos podem ser observados com clareza; são eles:
•
elevação do consumo de água com o início dos serviços de Fundação, isto
porque, no processo executivo das estacas tubadas, é utilizada bastante
água no processo de perfuração da rocha. Em linhas gerais, a água tornase elemento imprescindível na retirada dos detritos provenientes da
perfuração da rocha, ou seja, a água é injetada simultaneamente à
perfuração da rocha e os detritos resultantes da perfuração são bombeados
para fora juntamente com a água injetada.
Cabe ressaltar, que nos meses de julho/04 a janeiro/05, eram utilizados 3
(três) equipamentos de perfuração, sendo esta quantidade reduzida para 1
(um) equipamento a partir do mês de janeiro/05, motivo pelo qual o
consumo neste período era bastante elevado.
•
elevação do consumo com o início dos serviços de Estrutura;
•
elevação do consumo com os testes de impermeabilização, realizados na
obra no mês de março de 2006, conforme informações obtidas em
entrevista com o engenheiro da obra.
b) Construtora B
Na obra da Construtora B, conforme já mencionado anteriormente, verifica-se
uma elevação significativa no consumo de água nos últimos meses, de acordo com
o Gráfico 20.
98
Quantidade de pessoas e consumo de água por mês x etapas construtivas - Construtora B
Média de Pessoas no mês
Revestimento Externo
Consumo total de água (m³)
402
400
Pintura
Revestimento Interno
350
Impermeabilização
300
Instalações Hidráulicas
Instalações Elétricas
250
Estrutura
200
183
Fundações
Alvenaria
141
150
137
111
100
65
50
18
0
-
-
-
4
5 6 15
9
12
30
14
21
31
79
52 52
31
34
141
140
116
109
78
45
49
49
53 66
58
52
50
149
92
42
43
30
15
/0
3
ag
o/
03
se
t/0
3
ou
t/0
3
no
v/
03
de
z/
03
ja
n/
04
fe
v/
04
m
ar
/0
4
ab
r/0
4
m
ai
/0
4
ju
n/
04
ju
l/0
4
ag
o/
04
se
t/0
4
ou
t/0
4
no
v/
04
de
z/
04
ja
n/
05
fe
v/
05
m
ar
/0
5
ab
r/0
5
m
ai
/0
5
ju
n/
05
ju
l/0
5
ag
o/
05
03
n/
ju
m
ai
/0
3
-
8
102
ju
l
Quantidade de pessoas e consumo (m³)
450
Período analisado
Gráfico 20 - Consumo mensal de água confrontado com as etapas construtivas na obra da
Construtora B
Através de consulta ao Diário de obra podem-se observar alguns fatores
importantes; são eles:
•
como nas obras anteriores, o consumo de água na obra se eleva na fase de
fundação;
•
o pico de consumo ocorrido no mês de Junho, que elevou o consumo de
água para mais de 400 m³, provavelmente foi em função dos testes de
impermeabilização e dos testes nas instalações hidráulicas ocorridos neste
mês;
•
no último mês, embora a quantidade de serviços e de pessoas tenha
reduzido consideravelmente, o consumo de água cresceu, isto devido às
limpezas realizadas na obra, para entrega dos apartamentos.
c) Construtora C
A obra da Construtora C, no mês de setembro de 2006, já estava na fase final,
sendo iniciado naquele mês o serviço de pintura.
99
Quantidade de pessoas e consumo de água por mês x etapas construtivas - Construtora C
Quantidade de pessoas e consumo (m³)
140
Média de Pessoas no mês
120
Revestimento Externo
Consumo total de água (m³)
Revestimento Interno
100
98
81
75
76
Alvenaria de Vedação
60
63
57
Alvenaria Estrutural
55
Infraestrutura
Fundações
47
40
20
22
14
14
14
33
38
34
18
116
Instalações Hidráulicas
81
80
114
25
21
23
jan/06
fev/06
38
45
33
28
0
set/05
out/05
nov/05
dez/05
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
Período analisado
Gráfico 21 - Consumo mensal de água confrontado com as etapas construtivas na obra da
Construtora C
Analisando visualmente os valores, percebe-se que o Gráfico 21 possui menos
picos, em relação aos das outras obras; entretanto, podem ser observados alguns
fatores importantes, como:
•
elevação do consumo com o início dos serviços de fundação e,
posteriormente queda significativa com o término desta etapa;
•
elevação do consumo com o início dos serviços de Alvenaria de vedação;
•
elevação do consumo com o início do Revestimento Externo.
100
7.2.
Análise Geral dos resultados
Com base nos resultados obtidos anteriormente de cada obra, os dados principais
foram reunidos para comparação entre obras, gerando alguns indicadores,
conforme apresentado na Tabelas 22, a seguir.
Tabela 22 – Análise geral dos resultados
Indicador 1
Indicador 2
Indicador 3
Construtora
Área
Construída
(m²)
Consumo mensal
(m³/mês)
Médio
Mediano
Consumo por m²
(m³/m²)
Consumo de água
por Hh (m³/Hh)
Médio
Mediano
Construtora A
120.000
2.234
2.110
0,68 (*)
0,0144
0,0142
Construtora B
5.100
107
102
0,44
0,0156
0,0099
Construtora C
4.200
69
75
0,37(*)
0,0116
0,0105
(*) dados estimados por meio da Linha de tendência
Avaliando os indicadores apresentados, verifica-se que tanto o indicador de
consumo mensal de água (m³/mês), quanto o indicador de consumo de água por
área construída (m³/m²), apresentaram variações significativas entre as obras,
provavelmente em função das diferenças de cada uma delas, por exemplo, o
tamanho das obras e as características construtivas. Além disso, entende-se que a
obra da Construtora A e B são mais complexas que a da Construtora C.
Entretanto, o indicador de consumo de água por Homem hora (m³/Hh) apresentou
um resultado comparativo satisfatório, pois os valores resultantes não variaram
muito de obra para obra, conforme faixa de valores apresentada a seguir:
Consumo de água por Homem hora
0,0099
(m³/Hh)
0,0105
0,0142
101
Vale a pena ressaltar que as obras analisadas possuíam tipologias, área construída
e características construtivas bastante distintas, porém, tal aspecto não
influenciou no indicador de consumo de água por Homem hora, pois este está
fundamentado na idéia de que a quantidade de serviços executados e a
quantidade de pessoas na obra estão intrinsecamente relacionadas, ou seja, na
medida em que se aumentam os serviços na obra, a quantidade de pessoas para
executá-los também aumenta e, consequentemente, o consumo de água.
Portanto, entende-se que este indicador poderia ser utilizado na estimativa de
consumo de água para outras obras.
102
8.
Considerações finais
(...) A água também morre...e quando seca
- e a sua morte entristece tudo:
choram-lhe, enfim na desolação,
todos os seres vivos que a rodeiam
porque ela é o seio maternal da vida
e de tal maneira ama seus filhos rudes
que muitas vezes para os salvar se deixa
ficar sem o murmúrio de uma queixa
prisioneira de poços e açudes(...)
Fonte: internet
Raul Machado
8.1.
Resultados obtidos com o trabalho
Por meio dos estudos realizados, verificou-se que a água é um recurso natural
importante para as obras de construção civil, tendo em vista que é primordial nos
principais serviços da obra e para o consumo humano.
Além disso, os estudos possibilitaram uma análise dos tipos de fornecimento de
água nos canteiros, apontando para a utilização de água fornecida em caminhões
pipa como opção que tem sido adotada nas construções, por apresentar um custo
por m³ mais competitivo em relação à concessionária de água (Sabesp).
E, finalmente, os estudos de consumo de água realizados nas três obras
permitiram a identificação de um indicador de consumo de água por Homem hora,
aparentemente mais estável que os outros e que independe das tipologias e
características construtivas.
103
8.2.
Resultados do trabalho para desenvolvimento do setor
Através das análises nos empreendimentos estudados, verificou-se que o consumo
de água é relevante e aponta para a necessidade de se implantar Programas para
Economia de Água nos Canteiros. Não apenas pelos fatores relacionados à
sustentabilidade, mas também devido às questões econômicas, já que o custo da
água é bastante representativo, conforme análise realizada no Canteiro de Obras
da Construtora B, que apontou o percentual de 0,7% de custo com o consumo de
água em relação ao custo total do empreendimento.
Além disso, devido à alta demanda de consumo de água e a tendência de baixa
oferta deste insumo, o custo da água tende a aumentar cada vez mais, elevando
ainda mais o percentual de participação no custo total do empreendimento.
No Programa de redução poder-se-iam prever diversas ações, visando à redução
do consumo de água nos canteiros de obra, tais como:
• utilização de torneiras com acionamento e desligamento automático;
• instalação de temporizadores nos chuveiros, determinando o tempo de
banho;
• utilização de água da chuva para descargas, limpeza da obra e etc;
• estudos para utilização de fontes alternativas de água para consumo em
serviços de construção civil. Por exemplo, utilização de água da chuva na
cura do concreto ou dosagem de argamassas;
• palestras para conscientização dos funcionários, com relação à fonte finita
de recursos naturais;
• acompanhamento mensal dos consumos e medidas para redução dos
mesmos.
104
Cabe salientar que, no Manual de “Conservação e Reúso da água em Edificações”,
elaborado pela FIESP, Sinduscon SP, COMASP, ANA e Ministério do Meio Ambiente
algumas medidas foram propostas, dando-se o primeiro passo no que diz respeito
à utilização consciente dos recursos naturais na Construção Civil.
8.3.
Cumprimento dos objetivos
O objetivo principal do trabalho era apresentar um estudo exploratório quanto o
consumo de água na construção de edifícios, através do levantamento de dados
obtidos nas construtoras entrevistadas e de busca de correlação de tais valores
com os fatores que os induzem. Este objetivo foi cumprido, pois apresentaram-se
os consumos de água no decorrer das obras e os fatores que influenciaram a
elevação ou queda do consumo.
Com relação aos objetivos específicos, estes são relacionados na Tabela 25, com a
respectiva explanação sobre o cumprimento dos mesmos.
Tabela 23 – Objetivos alcançados com o trabalho
Objetivos específicos
Considerações relativas ao cumprimento do objetivo
Apresentar os tipos de fornecimento de
Foram
água nas construções de edifícios, bem
respectivos custos, inclusive apontando o tipo de
como seus custos
fornecimento nas obras analisadas
Criar
um
método
para
levantar
informações sobre o consumo de água
apresentados
os
tipos
de
fornecimento
e
O método para levantar as informações foi proposto
através de 6 etapas principais
em canteiros
Discutir as fontes de consumo de água
Este objetivo foi alcançado, tendo em vista que foram
nas obras
apresentadas as principais fontes de consumo de água,
tanto para demanda humana, quanto para os serviços de
construção civil
Criar banco inicial de dados de consumo
Este objetivo foi alcançado plenamente, já que foram
de água em canteiros de obras
realizados os levantamentos de dados de consumo de
água em 3 obras
Associar os consumos de água a possíveis
Os
fatores
que
influenciaram
o
consumo
fatores indutores
apontados graficamente e basearam-se em entrevistas às
construtoras ou consulta aos diários das obras
foram
105
8.4.
Dificuldades e limitações do trabalho
Para entender melhor o consumo de água na construção de edifícios e os fatores
relacionados a este, as maiores dificuldades foram com relação às anotações nos
diários de obra, pois não havia informações suficientes que pudessem relacionar
as elevações do consumo de água com fatores ocorridos na obra.
Outro fato que dificultou a análise foi com relação ao levantamento dos dados ter
ocorrido na fase final ou após a conclusão da obra, ou seja, a análise ocorreu após
a conclusão de diversos serviços, dificultando o levantamento de informações
relacionadas ao canteiro, como, por exemplo, consumo médio de água para
determinado serviço e até mesmo o número de torneiras do canteiro, a
distribuição de água nos andares em construção e outros fatos que pudessem
influenciar no consumo.
8.5.
Perspectivas de continuidade do estudo do tema ou aspectos
correlatos
Para continuidade do tema, seria interessante o estudo de obras, desde o início,
através das seguintes ferramentas:
• instalação de medidores em pontos determinados, como refeitórios,
banheiros, torneiras do andar etc.;
• medições periódicas dos consumos de água;
• medições periódicas das quantidades de serviços executados, que possuem
como matéria-prima a utilização de água;
• verificação periódica da quantidade de pessoal na obra;
• levantamento de fatores que influenciam no consumo de água.
106
Com os apontamentos diários, seria possível levantar indicadores de consumo de
água e os fatores relacionados a estes.
Além disso, seria interessante o levantamento de dados relativos ao consumo de
outros recursos, como energia elétrica. No estudo poderiam ser identificados os
equipamentos consumidores de energia, as suas utilizações e respectivos
consumos.
107
9.
Apêndice
9.1.
Planilhas de cálculos dos resultados obtidos
Planilha de cálculo
Construtora A
Meses
Consumo
total de água
(m³)
Consumo de
água estacas
tubadas (m³)
Consumo de
água sem
estacas (m³)
Consumo
humano (m³)
Média de
Pessoas no
mês
Horas
Consumo
porHh (m³/Hh)
Estimativa de
consumo por
pessoa (m³)
Estimativa de
consumo na
produção (m³)
%
%
0.051
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Jun-04
Jul-04
Aug-04
Sep-04
Oct-04
Nov-04
Dec-04
Jan-05
Feb-05
Mar-05
Apr-05
May-05
Jun-05
Jul-05
Aug-05
Sep-05
Oct-05
Nov-05
Dec-05
Jan-06
Feb-06
Mar-06
Apr-06
May-06
média
mediana
73.00
720.00
3,880.00
5,110.00
3,455.00
3,576.00
2,980.00
874.00
1,586.00
1,334.00
2,159.00
1,645.00
2,295.00
1,843.00
2,126.00
1,959.00
1,893.00
1,960.00
2,387.00
1,776.00
2,376.00
3,046.00
2,468.00
2,094.00
2,234
2,110
561.00
3,777.00
4,581.00
2,688.00
3,360.00
2,757.00
656.00
1,275.00
935.00
1,397.00
784.00
1,019.00
710.00
692.00
653.00
385.00
202.00
151.00
800.00
600.00
650.00
73.00
159.00
103.00
529.00
767.00
216.00
223.00
218.00
311.00
399.00
762.00
861.00
1,276.00
1,133.00
1,434.00
1,306.00
1,508.00
1,758.00
2,236.00
1,776.00
2,376.00
2,246.00
1,868.00
1,444.00
73.00
159.00
103.00
529.00
767.00
216.00
225.00
216.00
302.00
399.00
762.00
698.00
660.00
370.00
375.00
390.00
407.00
277.00
219.00
221.00
294.00
349.00
281.00
203.00
22
93
93
91
109
123
118
103
127
170
213
284
322
338
445
480
498
519
506
535
585
682
699
623
4,840
20,460
20,460
20,020
23,980
27,060
25,960
22,660
27,940
37,400
46,860
62,480
70,840
74,360
97,900
105,600
109,560
114,180
111,320
117,700
128,700
150,040
153,780
137,060
324
303
0.0151
0.0078
0.0050
0.0264
0.0320
0.0080
0.0086
0.0096
0.0111
0.0107
0.0163
0.0138
0.0180
0.0152
0.0146
0.0124
0.0138
0.0154
0.0201
0.0151
0.0185
0.0150
0.0121
0.0105
0.0144
0.0142
28.05
118.58
118.58
116.03
138.98
156.83
150.45
131.33
161.93
216.75
271.58
362.10
410.55
430.95
567.38
612.00
634.95
661.73
645.15
682.13
745.88
869.55
891.23
794.33
38%
75%
115%
22%
18%
73%
67%
60%
52%
54%
36%
42%
32%
38%
40%
47%
42%
38%
29%
38%
31%
39%
48%
55%
44.95
40.43
(15.58)
412.98
628.03
59.18
72.55
86.68
149.08
182.25
490.43
498.90
865.45
702.05
866.63
694.00
873.05
1,096.28
1,590.85
1,093.88
1,630.13
1,376.45
976.78
649.68
47%
41%
62%
25%
-15%
78%
82%
27%
33%
40%
48%
46%
64%
58%
68%
62%
60%
53%
58%
62%
71%
62%
69%
61%
52%
45%
53%
59%
Planilha de cálculos
Construtora B
Consumo total de Média de Pessoas
água (m³)
no mês
Mês
Horas por mês
Estimativas de
consumo de água
Estimativa do
Consumo porHh
per capita
consumo humano
(m³/Hh)
global (m³)
Estimativa de
consumo na
produção (m³)
%
%
0.045
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
May-03
Jun-03
Jul-03
Aug-03
Sep-03
Oct-03
Nov-03
Dec-03
Jan-04
Feb-04
Mar-04
Apr-04
May-04
Jun-04
Jul-04
Aug-04
Sep-04
Oct-04
Nov-04
Dec-04
Jan-05
Feb-05
Mar-05
Apr-05
May-05
Jun-05
Jul-05
Aug-05
média
mediana
18.00
8.00
4.00
5.00
15.00
14.00
65.00
111.00
30.00
52.00
52.00
79.00
137.00
102.00
116.00
78.00
141.00
140.00
109.00
91.50
141
401.5
148.5
183
107
102
6
9
12
21
31
31
34
45
49
49
53
66
58
52
50
42
43
30
15
1,271
1,889
2,567
4,593
6,758
6,735
7,505
9,934
10,688
10,701
11,739
14,501
12,712
11,517
11,051
9,284
9,566
6,591
3,313
0.0118
0.0074
0.0253
0.0242
0.0044
0.0077
0.0069
0.0080
0.0128
0.0095
0.0099
0.0054
0.0111
0.0122
0.0099
0.0099
0.0147
0.0609
0.0448
8,048
9,284
0.0156
0.0099
-
6.50
9.66
13.13
23.48
34.56
34.44
38.38
50.80
54.66
54.72
60.03
74.15
65.01
58.89
56.51
47.48
48.92
33.71
16.94
6.50
9.66
13.13
23.48
34.56
34.44
38.38
50.80
54.66
54.72
60.03
74.15
65.01
58.89
56.51
47.48
48.92
33.71
16.94
43%
69%
20%
21%
115%
66%
74%
64%
40%
54%
52%
95%
46%
42%
52%
52%
35%
8%
11%
8.50
4.34
51.88
87.52
(4.56)
17.56
13.62
28.20
82.34
47.28
55.97
3.85
75.99
81.11
52.49
44.03
92.09
367.80
131.56
51%
52%
57%
31%
80%
79%
-15%
34%
26%
36%
60%
46%
48%
5%
54%
58%
48%
48%
65%
92%
89%
49%
48%
Planilha de cálculos
Construtora C
Meses
Consumo total
de água (m³)
Média de
Pessoas no mês
Horas por mês
Estimativas de
consumo de água
humano global
Consumo porHh
(m³)
(m³/Hh)
Estimativa de
consumo na
produção (m³)
%
%
0.045
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Sep-05
Oct-05
Nov-05
Dec-05
Jan-06
Feb-06
Mar-06
Apr-06
May-06
Jun-06
Jul-06
Aug-06
Sep-06
Média
Mediana
22.00
57.00
34.00
38.00
47.00
63.00
81.00
98.00
75.00
81.00
76.00
114.00
116.00
69
75
14
14
14
18
21
23
25
28
33
38
33
45
55
3,080
3,080
3,080
3,960
4,620
5,060
5,500
6,160
7,260
8,360
7,260
9,900
12,100
6,109
5,500
0.007
0.019
0.011
0.010
0.010
0.012
0.015
0.016
0.010
0.010
0.010
0.012
0.010
0.0116
0.0105
15.75
15.75
15.75
20.25
23.63
25.88
28.13
31.50
37.13
42.75
37.13
50.63
61.88
72%
28%
46%
53%
50%
41%
35%
32%
50%
53%
49%
44%
53%
6.25
41.25
18.25
17.75
23.38
37.13
52.88
66.50
37.88
38.25
38.88
63.38
54.13
47%
49%
28%
72%
54%
47%
50%
59%
65%
68%
51%
47%
51%
56%
47%
53%
51%
108
10. Bibliografia
10.1.
Referências bibliográficas
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Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
Dissertação (Mestrado) –
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
SOBES - Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança; Manual de
procedimentos para implantação e Funcionamento de Canteiro de obras
na indústria da construção
SOUZA, Ubiraci E. Lemes. Projeto e Implantação do Canteiro, 1ª edição,
São Paulo, O Nome da Rosa Editora, 2000
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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - Poli