Festa do livro
em Cachoeira
Fundado em 29 de Abril de 1939
por João Dácio Serra
A cidade de Cachoeira, a 107
quilômetros da capital, vai
estar em festa entre os dias
11 e 16, com a primeira Festa
Literária Internacional, (Flica
2011). Debates e atrações
musicais gratuitas e muita
leitura farão a alegria de turistas, empresários e a população da região. Autores do
Brasil e do mundo se encontrarão no Recôncavo Baiano
para celebrar a literatura e
discutir a cultura brasileira.
a defesa
do Recôncavo
[pág 2
Encourados,
uma tradição
de 189 anos
Calças de algodão branco: saco
às costas: clavinas e bacamartes: espadas, parnaíbas e facas,
grandes e pequenas, à cavalo
ou de pé, calçado ou descalço.
São os encourados, que, há
189 anos mantém uma tradição na cidade de Pedrão e fizeram história na Independência
da Bahia.
[pág 5
Universidade
internacional
São Francisco do Conde
terá a primeira universidade internacional na Bahia. A
Universidade Internacional
da Lusofama Afrobrasileira
(Unilab) já está com as obras
físicas adiantadas e a previsão é que em 2012 seja realizado o primeiro concurso
vestibular.
[pág 7
“Chegou
a hora
dessa gente
bronzeada
mostrar seu
valor”
Assis Valente
A
legria, Boas Festas,
Boneca de Pano, Brasil Pandeiro, Cai, Cai,
Balão, Camisa Listrada.... São 154 músicas no período de 28 anos de vida desse
santamarense que fez sucesso
no Rio de janeiro e depois em
todo o país, e que, se estivesse
vivo na carne, (porque está
na memória de milhares) estaria fazendo 100 anos.
Cem anos de história, de
música, de arte, que projeta
Santo Amaro e o Recôncavo
para o mundo, cantado em
todos os quadrantes. Brasil,
esquentai vossos pandeiros...
REVISÃO ENEM
Caderno de
Questões
Comentadas
[pág 8 e 9
[pág 12-15
Dez anos de
teatro e
104 anos de
Dona Canô
[pág 3
02
a defesa
OUTUBRO – 2011
editorial
celebração
literatura
jonas santos
Ora, mais
um jornal?
E
sta, talvez, venha a
ser a primeira pergunta que os leitores
de A Defesa farão,
ao receberem este exemplar,
de um jornal que renasce depois de anos de fundado e
que, nos últimos anos, ficou
fora de circulação.
Mas qual a razão desse
renascimento e o que traz de
novo no mundo da imprensa
regionalizada?
Essa também é uma outra pergunta que nos fazemos, e que só deverá ter uma
resposta se conseguirmos
passar aos leitores a nossa
proposta, que é o de fazer
algo diferente dentro do conceito jornal.
O que ousamos fazer é
quebrar um pouco os paradigmas da visão que se tem
de jornais, principalmente
quando se trata de jornais
regionais, cujas informações
são mais localizadas.
Optamos pela informação com descontração, com
um toque de leveza na própria apresentação do jornal,
03
a defesa
OUTUBRO – 2011
sem perder a essência pela
qual reza toda publicação:
informação, mas com o
acréscimo da formação de
opiniões e apostando na
interação.
Não temos a pretensão
de ter todas as respostas, mas
temos a convicção de que estaremos apresentando algo
novo, diferente do usual e
que, como tudo na vida, será
um crescente, aperfeiçoando-se e adaptando-se às circunstâncias, mas sem perder
a sua essência.
Ora, mais um jornal?
Sim, mais um jornal. Para
ser lido, visualizado, comentado, criticado. Mas
um jornal de identidade
com a realidade do Recôncavo, que não apenas noticie, mas que viva a notícia.
Que não apenas informe,
mas forme, que comente
para que seja comentado.
Um jornal, não com a
cara de quem o edita – somos os seus executores –
mas com a cara de quem o
faz. Vocês!
CLICK! Amanda Oliveira
expediente
A DEFESA É UMA PUBLICAÇÃO QUINZENAL
de responsabilidade da Abaís Edições Ltda.
Editor: Adilson Fonseca – Jornalista drt 969/ba
Projeto Gráfico e Diagramação: Jonas Santos
Foto de capa: Jonas Santos, Assis Valente de Di Araújo
Colaboradores: Nelson Elias, Augusto Mattos, Marcelo Detroi, João Rodrigues e Murilo Rafael
Conselho Editorial: rita vieira, jorge portugal, joão
rodrigues, itagildo mesquita e nelson elias
Os textos assinados não correspondem, necessariamente, a
opinião do Jornal A DEFESA
Cachoeira em festa
celebra a literatura
A
cidade de Cachoeira, a 107 quilômetros da capital,
se tansformou no
berço da literatura internacional, com a primeira Festa
Literária Internacional, (Flica 2011), que aconteceu entre os dias 11 e 16 de outubro
com uma programação de
debates e atrações musicais
gratuitas. Além de celebrar
a literatura e difundir a cultura brasileira, a feira atraiu
turistas e empresários à cidade, movimentando a sua
economia.
Cachoeira é o primeiro
município da Bahia a sediar
uma festa literária internacional, trazendo possibilidades de lucro e geração de
empregos temporários para
a população.
Segundo o Secretário
de Cultura de Cachoeira,
Lourival Trindade, com a
feira, a cidade recebeu investimentos de, pelo menos, R$ 40 mil. Os investimentos foram aplicados
em transporte, estrutura,
turismo e na preparação
de equipes qualificadas
que atuaram no evento. A
estimativa foi que mais de
10 mil pessoas estiveram
na cidade.
Durante a Flica 2011,
autores do Brasil e do
mundo se encontraram
no Recôncavo Baiano
para celebrar a literatura
e discutir a cultura brasileira numa programação de debates e atrações
musicais completamente
gratuita. A festa teve seis
dias de intensa atividade
na histórica cidade, que
transborda cultura, arte
e música. Houve encontro de grandes expoentes
do cenário literário-cultural brasileiro e internacional, que reuniu 33
autores para discussões
literárias regadas a muita
música baiana.
Na programação constaram debates sobre a relação entre sucesso de crítica
e de público, de obras literárias, pelo crítico literário
Miguel Sanches Neto, pela
jornalista Raquel Cozer e
pelo jornalista e escritor
Fernando Morais, além
de apresentação do historiador baiano Ubiratan
Castro, diretor geral da
Fundação Pedro Calmon,
como integrante de duas
mesas-redondas. de debates sobre “Paradidáticos
e sua Importância para a
Educação”, abordando a importância do uso de recursos
como as metáforas e a utilização do lúdico como forma
de envolver os aprendizandos. Ainda de acordo com a
programação, uma segunda
mesa, no Auditório do Quarteirão Leite Alves, envolveu o
escrritor e produtor cultural
Paulo Cidade e o criador e
administrador do portal Autores & Leitores, Silvino Bastos. Ubiratan ainda deveria
falar sobre as primeiras vilas
da Bahia – São Francisco do
Conde, Cachoeira e Jaguaripe –,dividindo o tema com o
escritor e pesquisador Aurélio Schommer.
Os contistas Ronaldo
Correia de Brito, autor de
contos como Faca e o Livro
dos Homens, e Marcelino
Freire, idealizador e editor da
Coleção 5 Minutinhos, também foram incluídos nos debates sobre o estilo literário
das histórias curtas e cheias
de sentido e a sua oposição
aos romances. Além da literatura, a feira teve inúmeras apresentações musicais
e shows gratuitos no Porto
de Cachoeira, à beira do rio
Paraguaçu, e debates com
autores na Universidade Federal do Recôncavo (ufrb).
jonas santos
Dez anos de teatro e
104 anos de Dona Canô
O povo de Santo Amaro foi pedir a benção da arte, que completou, no
último 15 de setembro 10 anos de vida, na forma do Teatro D. Canô, esta
também, personagem ícone da região,em festa,nos seus 104 anos de idade.
T
er um privilégio de
comemorar dois
importantes eventos em uma mesma data, deixou a população
de Santo Amaro, cidade história do Recôncavo Baiano,
em duplo estado de felicidade. Afinal não é qualquer
cidade que tem a chance de
comemorar 104 anos de um
dos seus personagens mais
famosos e ícone, como é
D.Canô Veloso, e, ao mesmo
tempo, os 10 anos de um teatro que é referencial da música e das artes.
Por essas artimanhas do
destino, ou não, como diria
Caetano, os 10 anos do teatro D. Cano foram comemorados em grande estilo em
uma noite de gala, no último
dia 15 de setembro. Mas já na
manhã seguinte, mal a cidade já acordava ainda com os
resquícios da festa da noite
anterior, e já se preparava
para uma outra comemoração, mais intimista mas não
menos importante: os 104
anos de Claudionor Viana
Teles Velloso mais conhecida como Dona Canô, mãe de
Caetano Veloso e de Maria
Bethânia.
D.Canô emprestou o seu
nome ao teatro, que na noite
do dia 15 reuniu uma seleta
platéia de convidados para
um multishow, que foi de
Margareth Menezes a Roberto Mendes, de Armandinho
(de Dodô e Osmar) a Juliana
Ribeiro. E entre todos, Assis
Valente, estrela centenária
santamarense, cantado em
todas as vozes.
— Um show, um presente inigualável, onde todos
vestiram a camisa do teatro
e trouxeram Santo Amaro no
coração. Bradou em tom entusiástico Virgínia Monteiro,
diretora do Teatro D. Canô,
e uma das responsáveis pela
programação. Em 10 anos de
funcionamento, o teatro teve
280 mil expectadores, com
1.100 eventos.
Eclético
Mas para quem pensa que
o Teatro D. Canô é de elite,
com uma programação seletiva, basta ver o trabalho
que realiza com entidades
sociais e culturais do município, como numa forma de
interação com a população.
— Há nove anos, a escola, as
instituições e associações vão
ao teatro, orgulha-se a sua
diretora.
Nos sete dias de comemoração pelos 10 anos do
teatro, teve de tudo na programação. Shows de Armandinho, Margareth Menezes,
Juliana Ribeiro, Roberto
Mendes, Ulysses Castro, Jackson Costa. Encontro de
filarmônicas,festival de dança, shows dos 100 anos de
Assis Valente, apresentação
de quilombolas de Santiago
do Iguape e Folia de Reis, de
Feira de Santana.
E shows com artistas
locais, com pauta gratuita,
mesas temáticas e apresentações mais estruturadas,
como os shows de Maria Luiza, Flávio Venturini, Adriana
Calcanhoto, ou peças teatrais
como Siricotico e A Bofetada.
Depoimento
Para o artista santamarense
Roberto Mendes, as comemorações dos 10 anos do
Teatro D. Canô foi o coroamento de todo um projeto
voltado para a cultura da região, com o apoio do Estado
e da população local e, principalmente, dos que sempre
apostaram na força cultural
do Recôncavo.
— Aqui foi o berço de
tudo, da própria história. O
Brasil deve muita coisa ao
Recôncavo e esse teatro é a
cara do nosso povo. E o teatro é a nossa casa da cultura. Aqui surgiu o primeiro
ginásio do interior da Bahia
e a primeira música de sucesso (Isto é Bom – em 1902)
e o primeiro samba (Pelo Telefone – 1916).
04
a defesa
OUTUBRO – 2011
a defesa
OUTUBRO – 2011
educação
05
nossa história
Encourados,
Pedrão implanta o Educação
Solidária para jovens e adultos
Pedrão
Onde fica
Na Mesorregião
Centro Norte da Bahia,
microregião de Feira de
Santana
Limites
Aramari, Ouriçangas,
Coração de Maria, Iraá e
Teodoro Sampaio
Distância até a capital
131 quilômetros
Área
172,458 km²
População
6.896 habitantes
(IBGE/2010)
PIB (Produto Interno Bruto)
R$ 2.886,08
(IBGE/2008)
E
studar e se preparar para os concursos do enem (Exame
Nacional do Ensino
Médio) não é mais problema,
ou mesmo para o vestibular,
já não se constitui em obstáculos para centenas de jovens
que moram no município de
Pedrão, a 131quilômetros de
Salvador, na região Centro
Norte do Estado. O município passa a contar com o Programa Educação Solidária,
cuja equipe coordenada pelo
professor Jorge Portugal, vai
realizar o ensino a distância e
presencial para jovens e adultos da região, gratuitamente.
O programa é resultado
de uma parceria proposta
pelo prefeito Alceu Barros, e
tem como objetivo oferecer
oportunidades aos jovens
que concluem ou estejam a
concluir o Ensino Médio. “Na
região a maior preocupação
é com o emprego desses jovens no mercado de trabalho.
Como não temos condições
de oferecer essas oportunidades, oferecemos,pelo menos,
as condições de ensino para
que eles possam estar preparados para cursarem uma faculdade ou escola técnica de
nível superior, e, conseqüentemente, terem melhores
oportunidades nas suas vidas
profissionais”,disse Alceu.
Para o professor Jorge Portugal, autor do projeto, essa é
a grande oportunidade para
os jovens da região. “A ideia
é termos um curso pré-vestibular e preparatório para
o enem, que contemplem,
respectivamente,os jovens que
concluem a 8ª série e o Ensino
Médio, capacitando-os para
os concursos vestibular, ifba
(Ensino Técnico) e o próprio
enem”, disse. Ainda de acordo
com Portugal, as aulas serão
ministradas via internet (educação à distância) e uma vez
por mês, presencial na cidade.
Professor, consultor, escritor, apresentador de televisão, compositor e palestran-
te, Jorge Portugal é referencia
nacional nos temas Redação
e Língua Portuguesa, tendo
ensinado em vários colégios
e cursos pré-vestibulares de
Salvador (Nobel, Águia, Sartre, Mendel, Ucba, Grandes
Mestres, Interdisciplinar, etc)
e proferido palestras e ministrado cursos em várias empresas, tais como: Petrobras,
Copene, Rede Bahia, Irdeb.
Atuou como consultor e professor da Rede Bahia de Comunicação, onde apresentou
um quadro de tira-dúvidas
de Português, intitulado: “É
assim que se escreve”.
Pelo social – Tendo como
base uma gestão voltada para
o social, o prefeito de Pedrão,
está no seu segundo mandato consecutivo Alceu Barros
e dá na sua administração às
questões da saúde, educação
e assistência social. No final
do mês passado implantou,
com recursos próprios, o primeiro CRAS (Centro de Referência de Ação Social) no
município e modernizou a
Biblioteca Municipal.
Na área da educação, além
do Programa Educação Solidária, foi um dos primeiros
municípios baianos a adotar
o piso salarial nacional para
o Magistério, desde o mês de
julho. O município também
tem a gestão plena na área
da Educação, tendo este ano,
implantado dois colégios,com
três salas de aulas cada – Colégio Luís Viana Filho e Dinha
Zezé – voltados para o Ensino
Fundamental.
Na área da saúde, onde
também tem gestão plena, todos os servidores foram capacitados nesse setor, o mesmo
acontecendo com a Assistência Social, como município já
tendo sido integrado,desde
o início do mês, ao Sistema
Único de Assistência Social
do Estado (SUAS), podendo
gerir seus recursos e elaborar
programas sociais de acordo
com as diretrizes dos governos federal e estadual.
tradição de 189 anos
A
história dos Encourados de Pedrão remonta a
1822, em plena luta
da Independência do Brasil
e no ano seguinte, na Bahia,
quando Frei Brayner enviou
um requerimento ao Conselho Interino de Cachoeira,
para oferecer os seus serviços
à pátria, passando a residir
em Pedrão. Frei Brayner se
dirigiu à Junta de Cachoeira
para oferecer tropa de cavalaria um ofício do Coronel
Bento Lopes, no qual não só
convocava a tropa de cavalaria e o povo daquele lugar
para aclamar, na Vila de Santo Amaro, o Príncipe Regente,
Dom Pedro I.
Em 22 de outubro de
1822, o Conselho Interino de
Cachoeira tomou conhecimento da iniciativa e diante
da grande prova de patriotismo, porém não deferiu a
petição que almejava a formação da guerrilha, uma vez
que estavam aguardando, em
breve a chegada do General
Labatut,a quem hierarquicamente deveriam obedecer,
sobre formação de novos corpos armados.
Em 04 de novembro do
mesmo ano, o Conselho In-
terino expediu circular ordenando a organização da
guerrilha, e que marchasse
imediatamente para a Vila da
Cachoeira a fim de receber as
últimas ordens e os destinos
a seguir, e que fossem armados de espingardas.
Em 29 de novembro, o
General Labatut, através de
ofício dirigido ao Conselho,
solicitou a remessa da Companhia do Frei Brayner, para
o Quartel General, localizado
no Engenho Novo, no Recôncavo. Em 5 de dezembro, o
Conselho Imperial dirigiu ao
Frei José Brayner, novo ofício
que declarava desejar fazer
marchar "Os Voluntários de
Pedrão" para o Quartel General e se integrar como um
corpo de tropas. Levando os
voluntários da guerrilha, juntamente com os Voluntários
da Comarca do Sul.
Chapéu e couro como
marcas – Os Voluntários de
Pedrão lutaram pela causa
da nossa independência, sob
o comando do Frei Brayner,
e adotaram como farda
as vestes de couro , com o
seguinte regulamento:
Uniforme em marcha:
chapéu de couro com uma
chapa de latão oval, ao centro
dessa a letra "P" e acima da
letra uma coroa real, a túnica
de couro (gibão), da cor que
sai do curtume com canhões
e gola do mesmo, porém preto; algibeiras, com botão que
fecha, as quais servirão de
patronas.
Calças de algodão branco: surrão ou saco às costas: clavinas espingardas ou
bacamartes: espadas, parnaíbas ou facas grandes e
facas pequenas, à cavalo ou
de pé, calçado ou descalço,
segundo as circunstâncias o
exigirem.
Uniforme fora de marcha: Opcionalmente, chapéu
branco de copa fabricado artesanalmente, com a mesma
chapa; fradeta de algodão de
qualquer fazenda azul escuro,
com gola e canhões de couro
com a mesma cor que saía do
curtume, as dragonas eram do
mesmo couro da gola e canhões cuja base ficava unida à
gola e o seu ápice no fim do
ombro, pregado com botão,
colete e calças de qualquer
tecido de algodão branco.
Foram alistados trinta
e nove homens, formando
quarenta com seu comandante. Comandante destes
homens foi o Frei Brayner.
06
a defesa
OUTUBRO – 2011
a defesa
OUTUBRO – 2011
pelo mundo
integração
UNILAB já é realidade em
São Francisco do Conde
A cidade mais Brasileira da América
A antiga escola de Agronomia.... e a moderna universidade internacional (Unilab)
por Marcelo De Trói
A
carajé, feijoada,
churrasquinho,
centenas de pessoas com a camiseta verde amarelo. No palco,
a axé music é a grande estrela
da festa, cabrochas, inglês e
português misturados são os
idiomas na beira do Charles
River, em Brighton: é o 16
Festival da independência
organizado pela comunidade
brasileira em Boston, cidade
com o maior numero de imigrantes na América, algo em
torno de 400 mil pelos dados
oficiais do Ministério das Relações Exteriores, mas muito
maior se levarmos em conta
o numero de imigrantes ilegais não contabilizados.
A comunidade brasileira
é querida pelos americanos
e muito organizada. Os brasileiros são donos de rádios,
padaria, bares, mercados,
empresas. Também trazem
uma espécie de alegria que
falta em todo o mundo organizado e ultra desenvolvido
dos Estados Unidos. Tudo
aqui é familiar para nossos
olhos, também por conta da
imigração portuguesa no inicio do século passado. Hospitais, bibliotecas, centros
comunitários, em algumas
áreas, como hospitais, informações bilingues.
Os
Estados
Unidos
aprenderam a conviver com
a imigração nos últimos 150
anos. Mais que isso, hoje os
imigrantes são mão de obra
importante no mercado
americano e também tornam
esta sociedade cada vez mais
multi cultural, como é o caso
de Nova York, uma cidade internacional com 50% da população pertencente a mais
de 180 diferentes paises.
Brasileiro aqui em Boston faz de tudo, limpa casa,
escritório, trabalha em restaurante, cuida de criança.
A limpeza é mais leve que a
brasileira, o patrão bem menos exigente, pois os americanos não são muito chegados em limpeza. Serviços que
são dignos e bem pagos por
quem pode ter o luxo de contrata-los. A maioria dos brasileiros esta aqui há mais de 10
anos, alguns 20. Uns conseguiram seu papel (cidadania)
casando com americano ou .
Aqui é cada qual no seu cada
qual.
Nos eua, apenas com o
segundo grau ou nem isso,
eles tem a chance de ter sua
tv de plasma, seu celular,
carro, uma moradia digna,
comem do bom e do melhor,
pois tudo é infinitamente
mais barato. Alguns ganham
10 mil dólares por mês. Vivem ‘bisados’, aportuguesamento de ‘busy’, ocupado,
em inglês. Trabalho não falta. É dinheiro vivo na hora.
Em uma semana se compra
um carro, roupas, computadores. Como disse Contardo
Calligaris em artigo recente
na Folha comentando os saques em Londres, o consumismo passou a ter a legitimidade de coisas essenciais
na vida. São marcas de identidade, de independência, de
conforto. Quem não gosta de
viajar? De ter suas coisas? De
poder comprar, se alimentar
decentemente, de navegar na
internet?
Os tempos não são dos
melhores com a crise, muita
gente voltando, muita gente
que não ganha mais como
antes. Alguns ganham para
sobreviver. Os brasileiros
aqui se organizam, se unem
em associações que lutam
pelo direito do imigrante,
a comunidade é atuante. A
maioria dos brasileiros vem
de Minas e muitos atravessaram a fronteira do México,
sem nada. Uns foram presos,
depois libertos, alguns conseguiram o perdão, outros
foram soltos e continuam
ilegais, outros deportados.
Gente que largou a família
aos 16 anos, pessoas que se
juntaram aos pais que já viviam na ilegalidade por aqui,
gente que casou e 6 meses
depois veio para cá sozinho.
Historias de separações, de
sofrimento, de vitoria, de fé,
todas em busca do chamado
‘sonho americano’, ideal que
alimenta a movimentação de
pessoas em todo mundo desde o século xx, principalmente no pos-guerra.
Esta noite, milhares de
brasileiros vão dormir quatro ou cinco horas para pegar no batente amanha, em
dois, as vezes, quatro postos
trabalhos. Enviam dinheiro
para suas famílias, guardam
na poupança sonhando com
o dia da volta, para um lugar
que talvez só exista em seus
imaginários. E para os que
estão no Brasil e ainda acreditam nele, como eu, é tempo
de sonhar com um pais sem
corrupção, com um Estado
de Direito real.
A esperança é a ultima
que nasce. Tudo a fazer.
A
s obras estão
quase completas e a previsão
é que em 2012
seja realizado o primeiro
concurso vestibular da primeira universidade internacional do Recôncavo Baiano,
a Universidade Internacional
da Lusofama Afrobrasileira
(Unilab). A nova universidade vai funcionar no município de São Francisco
do Conde, a quilômetros
de Salvador e foi anunciada este ano pela presidenta
Dilma Roussef, juntamente
com o ministro da Educação, Fernando Haddad.
“É bom demais e foi um
presente maior do que o esperado”, comemorou a prefeita Rilza Valentin, que já se
antecipou ao cronograma e
anuncia que já existe um prédio com capacidade para 12
salas de aulas, quatro laboratórios, anfiteatro, refeitório,
biblioteca e padaria, que está
em obras e deverá ser entregue no início do próximo ano.
Ainda este ano vamos definir
quais serão os primeiros cursos da universidade e estabelecer o cronograma para realizarmos o primeiro concurso
seletivo”, disse.
Equipes técnicas e professores das universidades
Federal da Bahia UFBA), do
Recôncavo Baiano (UFRB),
e da própria Unilab, que já
atua na cidade de Redenção,
no Ceará já avaliam todo o
processo de funcionamento
da nova universidade. Ainda
segundo explicou a prefeita,
por ser um município eminentemente de população
negra, São Francisco do Conde teve todos os pré-requisitos para sediar a Unilab na
Bahia. “Nossa população é
95% negra e aqui abrigaram-se os primeiros engenhos de
cana-de-açúcar e onde a escravidão se desenvolveu com
força, diz.
O que é a Unilab
A Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira
(Unilab) é uma instituição de
ensino superior pública sediada na cidade de Redenção,
no Estado do Ceará, Brasil. A
cidade de Redenção foi escolhida para sediar a universidade por ter sido a primeira
cidade brasileira a abolir a
escravidão no Brasil. O projeto de lei de sua criação foi en-
viado ao Congresso Nacional
brasileiro em 20 de agosto de
2008.
A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos
Deputados aprovou em 13
de março de 2009 o Projeto
de Lei 3891/08, do Executivo, criando a Unilab, com o
objetivo de formar recursos
humanos para desenvolver
a integração entre o Brasil e
os demais países da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), especialmente os africanos, como
Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e
Príncipe, Moçambique, além
de Macau.
A Unilab terá projeto político-pedagógico ousado e
visa a integração internacional. Na Bahia a Unilab terá
ministrados
preferencialmente em áreas de interesse
mútuo do Brasil e dos demais
países da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa
(CPLP). Sua metodologia de
ensino dará ênfase a temas
que envolvam formação de
professores, desenvolvimento agrário, processos de gestão e saúde pública, entre
outros.
Bacharel, mestre e
doutoranda em Química
pela Universidade
Federal da Bahia, Rilza
Valentim iniciou sua vida
política como vereadora
entre 2000 e 2008,
quando disputou e
assumiu a prefeitura de
São Francisco do Conde
07
08
a defesa
OUTUBRO – 2011
a defesa
OUTUBRO – 2011
09
nossa capa
Assis, um Valente da
música do Recôncavo
(Santo Amaro, 19 de março de 1911 – Rio de Janeiro,
6 de março de 1958)
O
s mais velhos,
por certo, devem conhecer
a música “Boas
Festas”, marchinha gravada
em 1933 e que embalou inúmeros natais Brasil afora e é
ainda referencial dessa festa
cristã:
Já faz tempo que eu pedi Mas
o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu Ou
então felicidade / É brinquedo
que não tem ...
Ou mesmo “Brasil pandeiro”, samba gravado em
1940 e cantado em inúmeras
vezes até os dias atuais:
Chegou a hora dessa gente
bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à
padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém,
pendura a saia que eu quero
ver / Eu quero ver o Tio Sam
tocar pandeiro para o mundo
sambar
O que talvez muita gente
não saiba é que essas e inúmeras outras músicas, cantadas desde Carmem Miranda
a Moreira da Silva e Moraes
Moreira e Novos Baianos, vieram de um nativo da cidade
de Santo Amaro, município
encravado no Recôncavo
Baiano, a 71 quilômetros de
Salvador.
No ano em que se comemoram os 100 anos do
cantor e compositor, José de
Assis Valente, Santo Amaro
vive em festa permanente
para homenagear um dos
seus personagens – são tantos – mais ilustres, e que passou boa parte de sua vida – e
pós ela – desconhecido para
muitos baianos e brasileiros.
Filho de José de Assis
Valente e D. Maria Esteves
Valente, teve uma vida conturbada, a começar pela
própria infância, onde relatos biográficos indicam que
teria sido roubado aos pais,
ainda pequeno, sendo de-
pois entregue a uma família
de Santo Amaro, que lo criou.
Predestinado, já aos 10anos
tinha como prática declamar
versos de Guerra Junqueiro
e, principalmente, Castro Alves. Integrou a comitiva de
um circo mambembe, tão
comum na primeira metade
do século passado e somente
na adolescência foi morar em
Salvador, estudando no antigo Liceu de Artes e Ofício.
Com 16 anos muda para o
Rio, onde foi trabalhar como
protético e somente aos 19
anos compõe seus primeiros
sambas, bastante incentivado
por Heitor dos Prazeres. Suas
músicas alcançaram grande
sucesso nas vozes de grandes
intérpretes da época, como
Carmem Miranda, Orlando
Silva, Altamiro Carrilho. Ironicamente, um dos seus maiores sucessos, “Brasil Pandeiro”, mais tarde imortalizada
na voz dos “Novos Baianos”,
foi recusada pela cantora.
Dono de um dos maiores
portifólios musicais – 154 músicas no período de 28 anos,
até a sua morte, em 1958, Assis Valente vivia entre a admiração – paixão secreta e
incotida – por Camem Miranda (sua admiração o fez até
mesmo a procurar aprender a
tocar) e o desgosto pela vida,
que o fez tentar o suicídio por
três, nas duas primeiras cortando os pulsos e pulando do
Corcovado, e o grande êxito
na última tentativa, quando
ingeriu grande quantidade de
veneno para rato.
Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli
da Silva Santos. Em 1941 (13
de maio) tentou o suicídio
mais uma vez, saltando do
Corcovado – tentativa frustrada por haver a queda sido
amortecida pelas árvores. Em
1942 nasce sua única filha,
Nara Nadyli, e separa-se da
esposa.
Mão aberta como era –
costumava assumir débitos
dos amigos e gastar o que não
podia – depois de duas tentati-
vas de suicídio, e desesperado
com as dívidas, Assis Valente
vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só consegue
um calmante. Telefona aos
empregados, instruindo-os no
caso de sua morte, e depois
para dois amigos, comunicando sua decisão. Sentando-se
num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um
bilhete à polícia, onde pedia
ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse
dois alugueis em atraso. Morria às seis horas da tarde. No
bilhete, o último “verso”:
Boas Festas
(Assis Valente)
Anoiteceu, o
sino gemeu
E a gente ficou
feliz a rezar
Quem não se lembra das noites de
véspera de Natal, sentados ao pé da
árvore enfeitada com bolas coloridas e raminhos secos cobertos com
algodão, o presépio ao fundo com
as imagens dos Reis Magos e a
manjedoura, e todos aguardando,
ansiosos (alguns com sapatos nas
janelas) a chegada do Papai Noel.
Vou parar de escrever, pois
estou chorando de saudade
de todos, e de tudo.
Legado
Do imenso acervo de composições, iniciada em 1932, com
“Tem Francesa no Morro”,
cantando por Aracy Cortes,
“Boneca de pano”, gravado
pelos “Quatro Ases e um Coringa”, em 1950, Assis Valente
deixou marcas profundas no
coração e mente dos brasileiros. O sucesso “Boas Festas”
, o Hino do Natal brasileiro,
chegou aos inúmeros lares
como um pedido de uma
criança pobre e solitária pela
atenção de Papai Noel. E teve
inúmeras vozes, como Carlos Galhardo, Pixinguinha, e
mesmo Maria Bethânia, Roberto Carlos e Luis Melodia.
Após sua morte, contudo, permanece vivo, desde os
idos de 1930 nas vozes de Moreira da Silva, Carlos Galhardo, Almirante, Quatro Ases e
um Coringa, Aurora Miranda,
Francisco Alves, Mário Reis,
Aracy de Almeida, Marlene,
Sônia Santos, Irmãs Pagãs
(Elvira e Rosina), Carmen Miranda, Bando da Lua e Elis
Regina, até a atualidade, nas
vozes de artistas como Maria
Bethânia, Nara Leão, Marília Medalha, Carmen Costa,
Adriana Calcanhoto, Olívia
Byghton e Vanessa da Mata e
Chico Buarque.
Papai Noel,
vê se você tem
A felicidade pra
você me dar
Papai Noel nem sempre nos dava
presentes (os nossos pais geralmente
não tinham dinheiro e eram obrigados a optar: roupas e alimentos ou
brinquedo – vencia sempre as
duas primeiras opções), mas
fazia a nossa felicidade, mesmo que ela durasse só alguns
dias.
Carmen Miranda
A “pequena notável” , como era
chamada essa portuguesa-brasileira,
gravou 25 músicas
de Assis Valente.
Por ela Assis tinha
profunda amizade...
ou uma paixão
recolhida....
E assim felicidade
Eu pensei que
fosse uma
Brincadeira
de papel
http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/
acervo/discos-projeto-almirante/assis-valente-1987/
Tantas cartas ... Tantas expectativas. Mas o correio não chegava em
muitas casas e a felicidade de Papai
Noel virava apenas uma brincadeira
de papel que acabava na manhã do
dia 25, quando olhávamos os nossos
sapatos vazios na janela. “Papai Noel
não veio!”.
Já faz tempo
que eu pedi
Mas o meu
Papai Noel
não vem
A esperança era a última que morria.
E eu insistia em pedir para o papai
Noel não me esquecer. Quem sabe
no próximo ano. Mas faz tanto tempo que pedi e ele ainda não veio...
Com certeza
morreu
Eu pensei que já
Me recuso a acreditar que ele tenha
todomundo partido para não mais voltar!
Fosse filho
de Papai Noél Ou então
felicidade
Mas, oh dor! Quando víamos
alguns dos nossos vizinhos sem os
É brinquedo
presentes de Natal, os sapatos vazios
que não tem
nas janelas, constatávamos que nem
todos eram filhos de Papai Noel. E
Papai Noel escolhia quem eram seus
melhores filhos e a estes davam os
melhores presentes.
Assis Valente (1987)
Célia, João Nogueira, Clara Sandroni,
Coro Come, Leci Brandão, Dida Forasteiro,
Paulo Moura e Banda de Gafieira Etc & Tal
participaram deste disco. Ouça o disco na
íntegra no site da FUNARTE.
Deve ser isso mesmo. São tantos os
pedidos. Brinquedos, saúde, dinheiro,
poder, que deve ter faltado no estoque. Quem sabe no próximo ano!
Assis Valente
Com os Arcos da Lapa
ao Fundo, Rio de Janeiro,
Capital
10
a defesa
OUTUBRO – 2011
a defesa
OUTUBRO – 2011
ensino superior
quadrinhos
11
substantivo
Palavra puxa-palavra
por Nelson Elias
Há um novo herói na
cidade, o cabra da peste,
o homem que não toma
sopa de letras para não
comer H!
Universidades
Federais e Ifets
mudarão perfis
dos municípios
baianos
Seria NINGUÉM um
tímido repórter?
Durante o dia Everaldo
recolhe o lixo da cidade.
O vigilante
soteropolitano ...
Um mauricinho
traumatizado?
É um mistério,
ninguém sabe.
A
A Universidade Federal da
Bahia ufba e a Universidade
Federal do Recôncavo Baiano
ufrb, por sua vez, passam a
ter campi avançados em Camaçari e Feira de Santana,
respectivamente.
Ainda dentro do programa de expansão do ensino
público superior na Bahia, foi
inaugurado um campus da
Universidade Federal do Vale
do São Francisco univasf na
cidade de Senhor do Bonfim
…
e também
foi confirmada,
pelo governo federal, a criação da Universidade Federal
de Integração Luso-Afrobrasileira unilab na Bahia, no
município de São Francisco
do Conde.
Faço coleta
seletiva!
Expansão – mas as
boas notícias não param
por aí. Em todo o Brasil,
conforme garantiram a presidenta Dilma e o ministro
da Educação, Fernando
Haddad, até 2012 serão implementados 20 campi universitários em oito estados
brasileiros e 88 novas unidades de institutos federais
em 25 estados. Além das
duas universidades federais
já garantidas, a Bahia tenta
emplacar mais universidades federais nos municípios
de Vitória da Conquista e
campi avançados em Santa
Maria da Vitória e Serrinha.
NINGUÉM é incansavelmente
perseguido pela bandidagem
Disgrama!
Acabou a
maniçoba.
MALD
É hora de
usar minha
arma
secreta!
ITO!
Assim
fica difícil
combater
o crime e
manter a
dignidade.
!!!
RECEBA
Céus!
Ele largou
um bozó na
pista.
Olha a
balinha do
NINGUÉM adoça
a vida e combate o
pigarro!
Com tanto mau olhado, NINGUÉM não abre
mão de seu banho diário de folhas de descarrego
Vou fazer
uma
lavação,
lavação,
lavação
...
Augusto Mattos é Cartunista, Animador e Roteirista.
Campus, tida e havida como
a mais ban ban ban das cidades para esta contemplação e
coisa e tal, mas, no frigir dos
ovos, a universidade já está
em pleno funcionamento
em todos os lugares em que
poderia estar, exceto Santo
Amaro. Já contemplou até
a cidade de Amargosa que
nem sabíamos recôncava e
até chegou na desreconvexa
Feira de Santana, Princesinha do Sertão, que entrou
nesta história como J. Pinto
Fernandes no “Quadrilha”
de Drummond. Todo mun-
do tem seu Campus, menos
Santo Amaro que ainda está
a discutir, discutir e a ouvir
conversa para boi dormir.
Como se não bastasse
de lenga lenga, agora, depois que os principais cursos já foram agarrados por
Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Cachoeira e
Feira de Santana, nos vem
a conversa fiada de um Sen­‑
sibilíssimo Reitor que descobriu a vocação artística
da cidade que PODERIA (no
futuro do pretérito, mesmo)
receber um Campus deno-
minado de cecult, um Centro de Tecnologias Aplicadas
à Produção Cultural. Nome
pomposo para designar o
honroso trabalho de pessoas que carregam e afinam os
instrumentos musicais, americanamente chamadas de
roadie ou, mais popularmente, mata cachorros, como
preconceituosamente eram
chamados nos circos de outrora.
Para resumir este papo,
este Campus de Santo Amaro, quando chegar, virá com
um estranho gosto de clister.
ao Recôncavo Açucareiro.
Corro para a Internet, vigio
a programação e confirmo
a presença de várias entidades negras, porém, necas de
Bembé. Como pode o Bembé
de Santo Amaro ficar ausente
de uma parada dessa?
Eis o problema: Poucos são
os que sabem do Bembé do
Mercado por aí afora porque
esta manifestação é subestimada pelo próprio povo
da cidade. Do alto de seus
recalques, de seus preconceitos e de suas intolerâncias religiosas a cidade sempre lhe fez vistas grossas e
nunca lhe dedicou estudo
um sério. O próprio termo
‘bembé’, definido de forma
simplista como corruptela
da palavra candomblé, oferece outras pistas. Ubiratan
Araújo de Castro falava em
bembé como uma manifestação de protesto, realizada
nas ruas (da Costa do Marfim
ao Benim), com máscaras,
palavras de ordens e denúncias, acompanhadas pelo
batuque de atabaques. Inclusive, quem se der ao luxo
de acessar a palavra bembé
ou bembe no Youtube, verá
que a manifestação também
existe em várias ex-colônias
do Caribe, como Cuba, Jamaica etc, com aquela mesma linha rítmica nossa conhecida.
Mais uma pista: - O que teria levado aqueles negros
a bater seus tambores em
praça pública um ano após
a abolição? Uma festinha de
aniversário para saudar Isabé, como pretende aquela
conhecida música de letrinha infeliz? Pouco provável.
A manifestação em si não
traz vestígios de saudação à
princesa nem faz concessão
a qualquer representante dos
poderes constituídos, seja
político, econômico ou de
outra religião que não a sua
(olhe o quanto era comum a
rendição dos negros à religião
que lhes demonizavam. Vide
as Irmandades). O próprio
contexto histórico não nos
estimula a crer em festinha.
Vivia-se sob a égide do terror,
sob os efeitos da recessão, da
fome, da ruína dos usineiros,
da derrocada do Império e
sob uma constante ameaça
do retorno à escravidão pairando no ar e no desejo das
elites prejudicadas; somado,
tudo isto, à intolerância religiosa e à demonização a toda
e qualquer atividade de candomblé. Sejamos sinceros:
Aquela cerimônia em praça
pública mais perecia uma declaração de guerra.
E assim foi feito. Um grupo
de negros teve a coragem de
dirigir-se à praça do principal
espaço econômico da cidade
e ali, aos olhos espantados
de toda a comunidade e de
toda a sociedade e de toda a
religiosidade e de todo o poder repressivo de então, sem
nenhuma licença mundana,
mas com o alvará dos Orixás,
ali, em praça pública, sob
a proteção de um imediato
exército de capoeiristas e das
forças armadas de maculelês,
todos pretos, para espanto
de todos os brancos, aqueles
negros ousados realizaram o
ritual proibido. E ali mesmo
fizeram o sacrifício, e bateram, e cantaram, e dançaram
durante três dias e três noites a preparar o presente que
ainda hoje mete medo a tanta
gente boa que piamente acredita que ‘sacrifício’ e ‘ebó’ são
coisas do demônio, pelos demônios e para os demônios,
sem atentarem, os ignorantes
(no modesto sentido de ignorar) que palavra puxa-palavra
e a palavra ‘ebó’, que quer
dizer ’presente’, tem o mesmo significado de ‘oferenda’;
donde também vem a palavra
‘ofertório’, tão cara aos católicos, como a querer dizer que
em religião somos todos farofas do mesmo prato.
Gari,
com muito
orgulho!
E a noite...
Ê povo
pra sujar!
Bahia está mais
culta. Com a criação de duas universidades federais
no interior do Estado, população jovem que concluía o
Ensino Médio e não tinha opções de continuar os estudos
na região, agora terão oportunidades novas, disputando
com igualdade de condições
com jovens residentes em
Salvador ou em outras capitais do país.
No último dia 16 de setembro a presidenta Dilma
Rousseff formalizou nesta a
implantação de mais duas
universidades federais e nove
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia
ifet, na Bahia, dentro do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Superior e
Profissional no Brasil.
O plano prevê a criação
da Universidade Federal do
Oeste da Bahia ufoba, em
Barreiras, com campi em Luís
Eduardo Magalhães e Bom
Jesus da Lapa, e a Universidade Federal do Sul da Bahia,
com sede em Itabuna e campi
em Porto Seguro e Teixeira de
Freitas. Já as unidades do ifet
devem ser implantadas nos
municípios de Xique-Xique,
Serrinha, Itaberaba, Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus,
Brumado, Lauro de Freitas,
Juazeiro e Euclides da Cunha.
L
eio nos jornais, duas
notas do interesse
de Santo Amaro. A
primeira nota, publicada no caderno dos municípios de 'A Tarde' de sábado,
dia 26/09, traz a manchete:
“Município será contemplado com campus da ufrb.”
Bacana!
Porém, como palavra
puxa palavra, ligo o desconfiômetro. Parece que esta
NINGUÉM!
mesma manchete já foi usada
pelos últimos três prefeitos
da cidade e todos, em suas
assertivas, foram vítimas ou
atores do mesmo Conto do
Vigário. Saiba que o decreto do campus da ufrb para
Santo Amaro já foi assinado
pelo presidente Lula desde
1500, mas até hoje não deu
em nada. Existe uma infindável discussão sobre o assunto sem que nunca se chegue
ao cerne da questão. Santo
Amaro foi a primeira Cidade
do Recôncavo a se organizar
para receber o famigerado
A
SEGUNDA NOTA,
publicada na coluna de Levi do dia
26, informa que
a onu vai encerrar na capital baiana a programação do
Ano Internacional dos Afrodescendentes, dia 19 de dezembro, quando a presidente
Dilma e o secretário geral da
onu, Ban Ki-moon, se reunirão com mais 15 chefes de Estados para carimbar decisões
conjuntas sobre vários temas
pertinentes à questão negra.
Bacana também.
Então, pensei: - Pronto, é a
vez de Santo Amaro dar voz
…
ps. 1. O Bembé do Mercado
se repete há 122 anos, graças
a Deus. 2. A intolerância religiosa e a demonização aos
atos de candomblés continuam vigilantes e renovados. 3.
Todos os candomblés do Brasil devem reverência aos heróis do Bembé.
Em tempo - O cerimonial que
prepara o evento da onu precisa rever sua programação
porque não se pode realizar
um evento dessa natureza,
sem a participação do maior
exemplo de resistência religiosa do Brasil.
Non plus ultra: Quanto à ufrb,
não tem jeito. Santo Amaro
vai ter que recorrer a outras
áreas do conhecimento, para
abrir-lhe os caminhos.
12
a defesa
OUTUBRO – 2011
a defesa
OUTUBRO – 2011
revisão enem questões comentadas
CIÊNCIAS NATURAIS (3)
1- (ENEM 2009) A atmosfera terrestre é
composta pelos gases nitrogênio (N2) e
oxigênio (O2), que somam cerca de 99%,
e por gases traços, entre eles o gás carbônico (CO2), vapor de água (H2O), metano
(CH4), ozônio (O3) e o óxido nitroso
(N2O), que compõem o restante 1% do ar
que respiramos. Os gases traços, por serem
constituídos por pelo menos três átomos,
conseguem absorver o calor irradiado pela
Terra, aquecendo o planeta. Esse fenômeno,
que acontece há bilhões de anos, é chamado de efeito estufa. A partir da Revolução
Industrial (século XIX), a concentração de
gases traços na atmosfera, em particular o
CO2, tem aumentado significativamente, o
que resultou no aumento da temperatura
em escala global. Mais recentemente, outro fator tornou-se diretamente envolvido
no aumento da concentração de CO2 na
atmosfera: o desmatamento.
BROWN, I. F.; ALECHANDRE, A. S. Conceitos básicos sobre clima, carbono, florestas e
comunidades. A.G. Moreira & S. Schwartzman. As mudanças climáticas globais e os
ecossistemas brasileiros. Brasília: Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia, 2000
(adaptado).
Considerando o texto, uma alternativa
viável para combater o efeito estufa é
carbono compreende diversos compartimentos, entre os quais a Terra, a atmosfera
e os oceanos, e diversos processos que permitem a transferência de compostos entre
esses reservatórios. Os estoques de carbono
armazenados na forma de recursos não
renováveis, por exemplo, o petróleo, são
limitados, sendo de grande relevância que
se perceba a importância da substituição de
combustíveis fósseis por combustíveis de
fontes renováveis. A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do carbono,
pois provoca
A) aumento da porcentagem de carbono
contido na Terra.
B) redução na taxa de fotossíntese dos vegetais superiores.
C) aumento da produção de carboidratos
de origem vegetal.
D) aumento na quantidade de carbono
presente na atmosfera.
E) redução da quantidade global de carbono armazenado nos oceanos.
Comentário: Os combustíveis fósseis –
petróleo, carvão mineral e gás natural – são
compostos de carbono acumulados na crosta
terrestre a partir da fossilização da matéria
orgânica (animais, plantas...). Essa é a última
etapa do ciclo geológico do carbono e demora
milhares de anos para ocorrer. O armazenamento do carbono impede que uma grande
quantidade desse elemento se mantenha na
atmosfera. Quando o homem queima os combustíveis fósseis para produzir energia, o carbono, oriundo da queima na forma de CO2,
retorna imediatamente à atmosfera, interferindo em todo equilíbrio energético do nosso
planeta. O normal era que o gás carbônico
retornasse em longos intervalos temporais,
por meio de atividades sísmicas – terremotos
e erupções, por exemplo. O homem tem encurtado o processo de forma altamente prejudicial. Portanto, a utilização dos combustíveis
fósseis provoca o aumento na quantidade de
carbono na atmosfera: alternativa D.
A) reduzir o calor irradiado pela Terra mediante a substituição da produção primária
pela industrialização refrigerada.
B) promover a queima da biomassa vegetal,
responsável pelo aumento do efeito estufa
devido à produção de CH4.
C) reduzir o desmatamento, mantendo-se,
assim, o potencial da vegetação em absorver o CO2 da atmosfera.
D) aumentar a concentração atmosférica de
H2O, molécula capaz de absorver grande
quantidade de calor.
E) remover moléculas orgânicas polares da
atmosfera, diminuindo a capacidade delas 3- (ENEM 2009) Um novo método para
de reter calor.
produzir insulina artificial que utiliza tecnologia de DNA recombinante foi desenComentários: Os desmatamentos, assim volvido por pesquisadores do Departamencomo as queimadas, são responsáveis pela to de Biologia Celular da Universidade de
intensificação do efeito estufa. As plantas, Brasília (UnB) em parceria com a iniciativa
durante a fotossíntese, absorvem a energia privada. Os pesquisadores modificaram gesolar e o CO2, produzindo, como produtos, neticamente a bactéria Escherichia coli para
glicose e gás oxigênio. A extinção de áreas flo- torná-la capaz de sintetizar o hormônio.
restais por meio da ação do homem diminui O processo permitiu fabricar insulina em
o número de plantas que absorve calor e, por maior quantidade e em apenas 30 dias,
consequência, aumenta a quantidade de gás um terço do tempo necessário para obtêcarbônico na atmosfera. Portanto, uma alter- la pelo método tradicional, que consiste na
nativa viável para o combate do efeito estufa, extração do hormônio a partir do pâncreas
atualmente intensificado, é a redução dos de animais abatidos.
desmatamentos: alternativa C.
Ciência Hoje, 24 abr. 2001. Disponível em:
2- (ENEM 2009) O ciclo biogeoquímico do http://cienciahoje.uol.com.br (adaptado).
rascunho
revisão enem questões comentadas
A produção de insulina pela técnica do DNA B) as possibilidades de fazer prevalecer idrecombinante tem, como consequência,
eias e conceitos próprios, no que tange
aos temas do comércio internacional e dos
A) o aperfeiçoamento do processo de ex- países em desenvolvimento, são mínimas.
tração de insulina a partir do pâncreas suíno.
C) as brechas do sistema internacional
B) a seleção de microrganismos resistentes não foram bem aproveitadas para avançar
a antibióticos.
posições voltadas para a criação de uma
C) o progresso na técnica da síntese quími- área de cooperação e associação integrada
ca de hormônios.
a seu entorno geográfico.
D) impacto favorável na saúde de indivíduos diabéticos.
D) os grandes debates nacionais acerca
E) a criação de animais transgênicos.
da inserção internacional do Brasil foram
embasados pelas elites do Império e da
Comentário: A produção da insulina re- República por meio de consultas aos divercombinante é resultado do desenvolvimento sos setores da população.
da Engenharia Genética – que pode ser definida como um conjunto de técnicas voltadas E) a atuação do Brasil em termos de política
à manipulação do DNA. Essa área já propi- externa evidencia que o país tem capaciciou o desenvolvimento de vacinas, alimentos dade decisória própria, mesmo diante dos
transgênicos e de muitas substâncias. Uma constrangimentos internacionais.
vez que a insulina recombinante é produzida em um tempo muito menor e em maior Comentário: O Brasil é, atualmente, a oitava
quantidade, havendo também menor re- economia do mundo. Este fato se deve a disistência por parte do “organismo diabético” versas ações compreendidas nos dois últimos
à insulina, concluímos que a sua produção séculos. Dominada pelas elites, estas decisões
tem como consequência a melhora na quali- comungavam com os interesses dos países de
dade de vida dos diabéticos. A diabetes é uma primeiro mundo, mas não com os interesses
doença causada sobretudo pela deficiência do povo. É importante não confundir soberana produção ou funcionamento da insulina. nia internacional com igualdade social, uma
Portanto, alternativa D: impacto favorável na vez que o Brasil conseguiu multiplicar sua
saúde dos diabéticos.
riqueza com relações comerciais externas,
mas não a distribui de forma adequada entre
CIÊNCIAS HUMANAS (3)
seu povo.
4- (ENEM – 2009) Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no tempo, o que
plantou no esforço da construção de sua
inserção internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política externa.
Teve o país inteligência de longo prazo e
cálculo de oportunidade no mundo difuso
da transição da hegemonia britânica para o
século americano. Engendrou concepções,
conceitos e teoria própria no século XIX, de
José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco.
Buscou autonomia decisória no século XX.
As elites se interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino do Brasil. O país
emergiu, de Vargas aos militares, como ator
responsável e previsível nas ações externas
do Estado. A mudança de regime político
para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas o aperfeiçoou.
5- (ENEM 2009) Apesar do aumento da
produção no campo e da integração entre
a indústria e a agricultura, parte da população da América do Sul ainda sofre com a
subalimentação, o que gera conflitos pela
posse de terra que podem ser verificados
em várias áreas e que frequentemente chegam a provocar mortes. Um dos fatores
que explica a subalimentação na América
do Sul é
A) a baixa inserção de sua agricultura no
comércio mundial.
B) a quantidade insuficiente de mão-deobra para o trabalho agrícola.
C) a presença de estruturas agrárias arcaicas formadas por latifúndios improdutivos.
D) a situação conflituosa vivida no campo,
que impede o crescimento da produção
agrícola.
SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silên- E) os sistemas de cultivo mecanizado volcio do parlamento. Correio Braziliense, Bra- tados para o abastecimento do mercado
sília, 28 maio 2009 (adaptado).
interno.
Sob o ponto de vista da política externa Comentário: A existência de grandes faixas
brasileira no século XX, conclui-se que
de terras improdutivas, controladas por um
numero pequeno de pessoas, enfraquece a
A) o Brasil é um país periférico na ordem agricultura familiar e as pequenas plantações.
mundial, devido às diferentes conjunturas No Brasil, por exemplo, temos como um bom
de inserção internacional.
exemplo desta realidade o MST (Movimento
rascunho
13
14
a defesa
OUTUBRO – 2011
a defesa
OUTUBRO – 2011
revisão enem questões comentadas
dos Sem Terra), que invadem latifúndios improdutivos e levantam seus assentamentos.
Muitas vezes estas invasões são feitas através
do conflito armado com os proprietários de
terra, gerando muitas vitimas. Uma solução
para esta questão seria uma política de reforma agrária eficiente.
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura
/ Fundação Banco do Brasil, 1993.
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo
encontrados no poema Cárcere das almas,
de Cruz e Sousa, são
6- (ENEM 2009) A primeira metade do
século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos
mais violentos períodos da história humana.
Entre os principais fatores que estiveram na
origem dos conflitos ocorridos durante a
primeira metade do século XX estão
A) a opção pela abordagem, em linguagem
simples e direta, de temas filosóficos.
B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
C) o refinamento estético da forma poética
e o tratamento metafísico de temas universais.
A) a crise do colonialismo, a ascensão do D) a evidente preocupação do eu lírico com
nacionalismo e do totalitarismo.
a realidade social expressa em imagens
B) o enfraquecimento do império britânico, poéticas inovadoras.
a Grande Depressão e a corrida nuclear.
E) a liberdade formal da estrutura poética
C) o declínio britânico, o fracasso da Liga que dispensa a rima e a métrica tradicionais
das Nações e a Revolução Cubana.
em favor de temas do cotidiano.
D) a corrida armamentista, o terceiromundismo e o expansionismo soviético.
Comentário: O Simbolismo foi um moviE) a Revolução Bolchevique, o imperialismo mento artístico surgido na segunda metade
e a unificação da Alemanha.
do século XIX em oposição ao Realismo e ao
Naturalismo, vigentes à época. CaracterizaComentário: Os conflitos mencionados são se pela abordagem de temas místicos, subjea Primeira e a Segunda Guerra Mundial. An- tivos e universais. Na literatura, há predomtes da Primeira Guerra Mundial, a Europa inância de refinamento estético e de textos
vivenciava a expansão da segunda revolução que privilegiam a musicalidade (aliterações
industrial, enquanto o antigo sistema colo- e assonâncias também são muito comuns),
nialista ruía. Diversos países perderam suas assim como podemos notar no poema
fontes de riquezas enquanto outros avança- em questão: temática voltada à alma e às
vam tecnologicamente. Essas disparidades questões existenciais do homem, por meio de
econômicas, tecnológicas e sociais iniciar- uma linguagem rebuscada e da adoção de
am uma onda de desconfiança entre países formas tradicionais (soneto). O Simbolismo
vizinhos. O nacionalismo e o totalitarismo inicia-se no Brasil em 1893, com a publiaparecem como uma forma de estabilizar a cação das obras “Missal” e “Broquéis”, de
sociedade e fortalecer a nação, respaldados Cruz e Sousa. Portanto, alternativa C.
por um apelo racial criado com base no Darwinismo Social.
8- (ENEM 2009)
LINGUAGENS (2)
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso
ajudá-lo?
7- (ENEM 2009)
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo.
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente?
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também
sou funcionário do banco.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
língua materna. São Paulo: Parábola, 2004
(adaptado).
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
Na representação escrita da conversa telpara abrir-vos as portas do Mistério?!
efônica entre a gerente do banco e o cli-
rascunho
revisão enem questões comentadas
ente, observa-se que a maneira de falar da R$ 84,00
gerente foi alterada de repente devido:
R$ 84,60
R$ 85,30
A) à adequação de sua fala à conversa com
um amigo, caracterizada pela informali- 10- (ENEM 2009) Um grupo de 50 pessoas
dade.
fez um orçamento inicial para organizar
B) à iniciativa do cliente em se apresentar uma festa, que seria dividido entre elas em
como funcionário do banco.
cotas iguais. Verificou-se ao final que, para
C) ao fato de ambos terem nascido em arcar com todas as despesas, faltavam R$
Uberlândia (Minas Gerais).
510,00, e que 5 novas pessoas haviam inD) à intimidade forçada pelo cliente ao for- gressado no grupo. No acerto foi decidido
necer seu nome completo.
que a despesa total seria dividida em partes
E) ao seu interesse profissional em financiar iguais pelas 55 pessoas. Quem não havia
o veículo de Júlio.
ainda contribuído pagaria a sua parte, e
cada uma das 50 pessoas do grupo inicial
Comentário: A nossa língua possui um con- deveria contribuir com mais R$ 7,00.
junto de variações a depender do contexto
cultural, social e histórico em que é utiliza- De acordo com essas informações, qual foi
da. No início do diálogo, o discurso possuía o valor da cota calculada no acerto final
características que expressavam maior for- para cada uma das 55 pessoas?
malidade - inerente ao tipo de relação estabelecida entre os interlocutores: gerente de A) R$ 14,00.
banco e cliente. Quando se revelou a proximi- B) R$ 17,00.
dade entre eles, quando ambos descobriram C) R$ 22,00.
que se conheciam, a fala da gerente mudou D) R$ 32,00.
completamente de forma, ganhando maior E) R$ 57,00.
“liberdade” e “desprendimento”. Assim, é
possível dizer que é verdadeira a alternativa Comentário: Lendo atentamente os dados
A: à adequação de sua fala à conversa com da questão, temos que, depois de juntar a
um amigo, caracterizada pela informalidade. contribuição inicial das 50 pessoas, ainda faltavam R$ 510,00 para arcar com as despMATEMÁTICA (2)
esas. Se a contribuição deve ser igual para as
55 pessoas e, depois de as 5 posteriores con9- (ENEM 2009) Na tabela, são apresenta- tribuírem, cada uma das 50 anteriores deram
dos dados da cotação mensal do ovo extra mais R$ 7,00, concluímos que:
branco vendido no atacado, em Brasília,
em reais, por caixa de 30 dúzias de ovos, 50 x 7 = R$ 350
em alguns meses dos anos 2007 e 2008.
Dos R$ 510 a serem pagos, R$ 350 foram
dados pelas pessoas iniciais, o que nos leva
a concluir que R$ 160,00 (510 – 350) corDe acordo com esses dados, o valor da me- respondem à soma das quantias dadas pelas
diana das cotações mensais do ovo extra 5 pessoas posteriores. Cada uma então conbranco nesse período era igual a
tribui com 160 / 5 = R$ 32,00.
A) R$ 73,10.
B) R$ 81,50.
C) R$ 82,00.
D) R$ 83,00.
E) R$ 85,30.
Comentários: A mediana é uma medida de
tendência central, isto é, é o valor que divide a
amostra ao meio. Organizando os valores em
ordem crescente, se o número de elementos
de uma amostra for ímpar, como no caso das
cotações acima, a mediana corresponderá ao
elemento médio. Assim:
Cotações mensais em ordem crescente
R$ 73,10
R$ 81,60
R$ 82,00
R$ 83,00 – mediana das cotações – termo
médio
rascunho
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16
a defesa
OUTUBRO – 2011
televisão
pode e não pode
As telenovelas e
seus tabus
Por João Rodrigues
M
uita gente ao
ver cenas gratuitas de sexo
bem na hora
do jantar das crianças pensa
que no mundo das telenovelas tudo é permitido.
Ledo engano, na verdade,
muitos tabus persistem nos
capítulos dos nossos folhetins prediletos.
Há uma contradição surpreendente entre as cenas
mostradas e a linguagem
utilizada. O bronco telespectador pode ver cenas que as
pornô chanchadas dos anos
1970 sequer ousavam mostrar, mas a linguagem é castiça, censurada mesmo. Na
velha pornô chanchanda o
palavrão corria solto, falava-se como nos botecos e prostíbulo pornô do Rio saudoso.
Nas novelas, onde a linguagem é censurada, usa-se expressões
paliativas como
“caracas” “filho de uma cadela” ou “vá tomar caju”...Só recentemente o termo “veado”
aparece no lugar do genérico
“bicha” nos xingamentos homofóbicos. Mas não apenas o
português é censurado, existe
uma pletora de assuntos – tabus que os melhores folhetins insistem em esconder.
São fatos normais no dia a dia
do brasileiro, proibidos ao telespectador manipulado. Um
tema silenciado é o papel das
igrejas evangélicas no Brasil.
Ora, sabemos que uns
30% da nossa população
professam alguma das muitas seitas protestantes que
têm seus pequenos ou grandes templos a cada esquina.
Quem é que ignora que uns
90% dos cinemas fora dos
shoppings se transformaram
em igrejas evangélicas? Apenas a novela “Duas Caras”
apresentou uma pequena
igreja evangélica na favela
da “Portelinha”. Nos capítulos
das novelas somente domésticas amalucadas frequentam igrejas protestantes e são
sempre roubadas por “pastores” velhacos.
Já a Santa Madre Igreja
de Roma recebe toda propaganda possível, é frequentada
por gente de bem, realizam
milagres e uma enxurrada
de casamentos nos capítulos finais, ouve-se a marcha
nupcial de Mendelsohn com
mais freqüência que o hino
nacional nas Olimpíadas.
É raro um casal juntar-se
apenas no civil, isso só acontece com bandidos em fuga.
Não sei se a Santa Sé tem algum convênio com a TV brasileira para fazer tanta propaganda.
Mais um tabu é a ausência de militares entre os personagens importantes. Lembro de um feito por Edson
Celulari na novela “Coisas
da Vida”, ele representava um
major das Forças Aérea mas a
personagem de Ana Paulo Airósio acaba por enche-lo de
chifres.
Outro tabu é a maçonaria. Na vida real, quem não
tem na família um pai ou tio
membro desta sociedade?
Nas novelas ninguém tem,
mas o tema super proibido é
o suicídio. Ninguém se mata
nas novelas, na vida real é
assunto corriqueiro, mas os
diretores de telenovelas são
kardecistas, fogem do tema
como o diabo da cruz.
O espiritismo é assunto
recorrente, “Eguns” de ronda
aparecem mesmo gratuitamente nos folhetins e não assustam ninguém! Durma-se
com um barulho (de correntes) desses.
E quanto aos hábitos e
costumes de nosso dia a dia,
recebemos mensagens rígidas de comportamento, a
novela diz que está certo por
que discutir?
Alimentação: só pessoas
grosseiras comem carne vermelha, é vulgar pedir um suculento churrasco, gente de
bem só come filé de badejo,
haddock com salada verde.
Tomar vinho é chic e faz bem
à saúde. Os novos ricos bebem champanhe o dia todo,
já começam no café da manhã, coisa estúpida.
Os machões têm direito às suas talagadas de bom
whisky mas cachaça, só mesmo para os personagens
marginais, na mira da polícia.
Agora os jovens já tomam
cerveja nas baladas e até
mostram o rótulo da marca
patrocinadora.
E os remédios? Só doentes terminais podem tomá-los. As pessoas curam todos
os traumas e conseguem
dormir com um chazinho de
camomila . Lembro que na
novela “Duas caras”, a personagem de Marília Pêra tomava seus “tarjas-pretas” para
relaxar, e como castigo teve
que transformar-se na mais
ativa assistente social e líder
político da Portelinha.
Outra coisa interessante do
folhetim é que ele nos afasta
da vida real e acabamos por
aceitar todos os absurdos
como fatos normais. Um deles é o “Pó de Perlimpimpim”
que move pessoas de um de
um ponto para o outro da terra sem aeroportos , conexões,
passaportes ou filas. Viajava-se do Marrocos para o Brasil
em minutos como em uma
ponte aérea. Ora, entre o Brasil e o citado país africano sequer existemaa voos diretos,
é preciso fazer uma incomoda escala em Paris ou Madrid
e a passagem é bem cara.
Mas a mentira mais cabeluda é a maneira como se
dribla a barreira da linguística. Vive-se num mundo maravilhoso em que a maldição
da Torre de Babel não deixou
marcas. Na novela “América”
um grupo de brasileiros caipiras vai residir em Miami
e conversa com americanos
como conterrâneos.
No folhetim “Caminhos
das Índias”, senhoras de
pouca cultura do Brasil e do
Rajastão batem papo como
velhas amigas no fundo do
quintal. Uma falante de português outra de Hindi! Para
que pudessem conversar, as
duas teriam que ser fluentes
em inglês, coisa muito rara
no Brasil.
Apesar de todos esses
absurdos, viciamos nas telenovelas, aceitando-as como
parte da vida real a ponto de
não podermos passar sem
elas.
Que o Recôncavo
Baiano é o berço do samba brasileiro, tendo sido o
lugar onde, por volta de
1860, teriam surgido as
primeiras manifestações
do samba de roda, gênero musical recentemente
proclamado como Obra
Prima do Patrimônio Oral
e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. PODE.
Ser lembrada apenas na sua musicalidade
pelo sucesso de filhos
ilustres como Caetano,
Bethânia e Roberto Mendes e somente agora, nos
100 anos de Assis Valente. NÃO PODE!
…
Que a festa da Boa
Morte, em Cachoeira,
seja uma das mais representativas da ancestralidade africana do Recôncavo Baiano. PODE.
Que o Bembé de
Santo Amaro, de igual
importância histórica e
cronológica, seja pouco
divulgado e não caiba
nos anais da nossa história ancestral. NÃO PODE!
…
Que a Universidade
Federal do Recôncavo da
Bahia (UFRB) tenha campi
espalhados pelas cidades
de Cruz das Almas, Santo
Antônio de Jesus, Madre
de Deus, Amargosa, Cachoeira. e São Miguel das
Matas. PODE
Que não haja qualquer representação da
mesma UFRB no município de Santo Amaro.
NÃO PODE!
…
Entregar a Medalha do Mérito Meio Ambiente Rio Subaé, a personalidades e instituições
com relevantes serviços
prestados ao meio ambiente conforme Projeto
de Decreto Legislativo nº
39/2011, de autoria da
Comissão de Meio Ambiente, Direitos Humanos
e Defesa do Consumidor, de Feira de Santana,
PODE.
Manter apenas na
promessa as obras de revitalização das nascentes
e de toda a Bacia do rio
Subaé. NÃO PODE!
…
Casal recente viver
em aparente harmonia
conjugal pode.
Ela, alegando consulta medica, viajar toda
semana pra Salvador e ter
sido encontrada em clima
romântico com antigo colega de ginásio no Parque
da Cidade, não pode!
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