Festa do livro em Cachoeira Fundado em 29 de Abril de 1939 por João Dácio Serra A cidade de Cachoeira, a 107 quilômetros da capital, vai estar em festa entre os dias 11 e 16, com a primeira Festa Literária Internacional, (Flica 2011). Debates e atrações musicais gratuitas e muita leitura farão a alegria de turistas, empresários e a população da região. Autores do Brasil e do mundo se encontrarão no Recôncavo Baiano para celebrar a literatura e discutir a cultura brasileira. a defesa do Recôncavo [pág 2 Encourados, uma tradição de 189 anos Calças de algodão branco: saco às costas: clavinas e bacamartes: espadas, parnaíbas e facas, grandes e pequenas, à cavalo ou de pé, calçado ou descalço. São os encourados, que, há 189 anos mantém uma tradição na cidade de Pedrão e fizeram história na Independência da Bahia. [pág 5 Universidade internacional São Francisco do Conde terá a primeira universidade internacional na Bahia. A Universidade Internacional da Lusofama Afrobrasileira (Unilab) já está com as obras físicas adiantadas e a previsão é que em 2012 seja realizado o primeiro concurso vestibular. [pág 7 “Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor” Assis Valente A legria, Boas Festas, Boneca de Pano, Brasil Pandeiro, Cai, Cai, Balão, Camisa Listrada.... São 154 músicas no período de 28 anos de vida desse santamarense que fez sucesso no Rio de janeiro e depois em todo o país, e que, se estivesse vivo na carne, (porque está na memória de milhares) estaria fazendo 100 anos. Cem anos de história, de música, de arte, que projeta Santo Amaro e o Recôncavo para o mundo, cantado em todos os quadrantes. Brasil, esquentai vossos pandeiros... REVISÃO ENEM Caderno de Questões Comentadas [pág 8 e 9 [pág 12-15 Dez anos de teatro e 104 anos de Dona Canô [pág 3 02 a defesa OUTUBRO – 2011 editorial celebração literatura jonas santos Ora, mais um jornal? E sta, talvez, venha a ser a primeira pergunta que os leitores de A Defesa farão, ao receberem este exemplar, de um jornal que renasce depois de anos de fundado e que, nos últimos anos, ficou fora de circulação. Mas qual a razão desse renascimento e o que traz de novo no mundo da imprensa regionalizada? Essa também é uma outra pergunta que nos fazemos, e que só deverá ter uma resposta se conseguirmos passar aos leitores a nossa proposta, que é o de fazer algo diferente dentro do conceito jornal. O que ousamos fazer é quebrar um pouco os paradigmas da visão que se tem de jornais, principalmente quando se trata de jornais regionais, cujas informações são mais localizadas. Optamos pela informação com descontração, com um toque de leveza na própria apresentação do jornal, 03 a defesa OUTUBRO – 2011 sem perder a essência pela qual reza toda publicação: informação, mas com o acréscimo da formação de opiniões e apostando na interação. Não temos a pretensão de ter todas as respostas, mas temos a convicção de que estaremos apresentando algo novo, diferente do usual e que, como tudo na vida, será um crescente, aperfeiçoando-se e adaptando-se às circunstâncias, mas sem perder a sua essência. Ora, mais um jornal? Sim, mais um jornal. Para ser lido, visualizado, comentado, criticado. Mas um jornal de identidade com a realidade do Recôncavo, que não apenas noticie, mas que viva a notícia. Que não apenas informe, mas forme, que comente para que seja comentado. Um jornal, não com a cara de quem o edita – somos os seus executores – mas com a cara de quem o faz. Vocês! CLICK! Amanda Oliveira expediente A DEFESA É UMA PUBLICAÇÃO QUINZENAL de responsabilidade da Abaís Edições Ltda. Editor: Adilson Fonseca – Jornalista drt 969/ba Projeto Gráfico e Diagramação: Jonas Santos Foto de capa: Jonas Santos, Assis Valente de Di Araújo Colaboradores: Nelson Elias, Augusto Mattos, Marcelo Detroi, João Rodrigues e Murilo Rafael Conselho Editorial: rita vieira, jorge portugal, joão rodrigues, itagildo mesquita e nelson elias Os textos assinados não correspondem, necessariamente, a opinião do Jornal A DEFESA Cachoeira em festa celebra a literatura A cidade de Cachoeira, a 107 quilômetros da capital, se tansformou no berço da literatura internacional, com a primeira Festa Literária Internacional, (Flica 2011), que aconteceu entre os dias 11 e 16 de outubro com uma programação de debates e atrações musicais gratuitas. Além de celebrar a literatura e difundir a cultura brasileira, a feira atraiu turistas e empresários à cidade, movimentando a sua economia. Cachoeira é o primeiro município da Bahia a sediar uma festa literária internacional, trazendo possibilidades de lucro e geração de empregos temporários para a população. Segundo o Secretário de Cultura de Cachoeira, Lourival Trindade, com a feira, a cidade recebeu investimentos de, pelo menos, R$ 40 mil. Os investimentos foram aplicados em transporte, estrutura, turismo e na preparação de equipes qualificadas que atuaram no evento. A estimativa foi que mais de 10 mil pessoas estiveram na cidade. Durante a Flica 2011, autores do Brasil e do mundo se encontraram no Recôncavo Baiano para celebrar a literatura e discutir a cultura brasileira numa programação de debates e atrações musicais completamente gratuita. A festa teve seis dias de intensa atividade na histórica cidade, que transborda cultura, arte e música. Houve encontro de grandes expoentes do cenário literário-cultural brasileiro e internacional, que reuniu 33 autores para discussões literárias regadas a muita música baiana. Na programação constaram debates sobre a relação entre sucesso de crítica e de público, de obras literárias, pelo crítico literário Miguel Sanches Neto, pela jornalista Raquel Cozer e pelo jornalista e escritor Fernando Morais, além de apresentação do historiador baiano Ubiratan Castro, diretor geral da Fundação Pedro Calmon, como integrante de duas mesas-redondas. de debates sobre “Paradidáticos e sua Importância para a Educação”, abordando a importância do uso de recursos como as metáforas e a utilização do lúdico como forma de envolver os aprendizandos. Ainda de acordo com a programação, uma segunda mesa, no Auditório do Quarteirão Leite Alves, envolveu o escrritor e produtor cultural Paulo Cidade e o criador e administrador do portal Autores & Leitores, Silvino Bastos. Ubiratan ainda deveria falar sobre as primeiras vilas da Bahia – São Francisco do Conde, Cachoeira e Jaguaripe –,dividindo o tema com o escritor e pesquisador Aurélio Schommer. Os contistas Ronaldo Correia de Brito, autor de contos como Faca e o Livro dos Homens, e Marcelino Freire, idealizador e editor da Coleção 5 Minutinhos, também foram incluídos nos debates sobre o estilo literário das histórias curtas e cheias de sentido e a sua oposição aos romances. Além da literatura, a feira teve inúmeras apresentações musicais e shows gratuitos no Porto de Cachoeira, à beira do rio Paraguaçu, e debates com autores na Universidade Federal do Recôncavo (ufrb). jonas santos Dez anos de teatro e 104 anos de Dona Canô O povo de Santo Amaro foi pedir a benção da arte, que completou, no último 15 de setembro 10 anos de vida, na forma do Teatro D. Canô, esta também, personagem ícone da região,em festa,nos seus 104 anos de idade. T er um privilégio de comemorar dois importantes eventos em uma mesma data, deixou a população de Santo Amaro, cidade história do Recôncavo Baiano, em duplo estado de felicidade. Afinal não é qualquer cidade que tem a chance de comemorar 104 anos de um dos seus personagens mais famosos e ícone, como é D.Canô Veloso, e, ao mesmo tempo, os 10 anos de um teatro que é referencial da música e das artes. Por essas artimanhas do destino, ou não, como diria Caetano, os 10 anos do teatro D. Cano foram comemorados em grande estilo em uma noite de gala, no último dia 15 de setembro. Mas já na manhã seguinte, mal a cidade já acordava ainda com os resquícios da festa da noite anterior, e já se preparava para uma outra comemoração, mais intimista mas não menos importante: os 104 anos de Claudionor Viana Teles Velloso mais conhecida como Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e de Maria Bethânia. D.Canô emprestou o seu nome ao teatro, que na noite do dia 15 reuniu uma seleta platéia de convidados para um multishow, que foi de Margareth Menezes a Roberto Mendes, de Armandinho (de Dodô e Osmar) a Juliana Ribeiro. E entre todos, Assis Valente, estrela centenária santamarense, cantado em todas as vozes. — Um show, um presente inigualável, onde todos vestiram a camisa do teatro e trouxeram Santo Amaro no coração. Bradou em tom entusiástico Virgínia Monteiro, diretora do Teatro D. Canô, e uma das responsáveis pela programação. Em 10 anos de funcionamento, o teatro teve 280 mil expectadores, com 1.100 eventos. Eclético Mas para quem pensa que o Teatro D. Canô é de elite, com uma programação seletiva, basta ver o trabalho que realiza com entidades sociais e culturais do município, como numa forma de interação com a população. — Há nove anos, a escola, as instituições e associações vão ao teatro, orgulha-se a sua diretora. Nos sete dias de comemoração pelos 10 anos do teatro, teve de tudo na programação. Shows de Armandinho, Margareth Menezes, Juliana Ribeiro, Roberto Mendes, Ulysses Castro, Jackson Costa. Encontro de filarmônicas,festival de dança, shows dos 100 anos de Assis Valente, apresentação de quilombolas de Santiago do Iguape e Folia de Reis, de Feira de Santana. E shows com artistas locais, com pauta gratuita, mesas temáticas e apresentações mais estruturadas, como os shows de Maria Luiza, Flávio Venturini, Adriana Calcanhoto, ou peças teatrais como Siricotico e A Bofetada. Depoimento Para o artista santamarense Roberto Mendes, as comemorações dos 10 anos do Teatro D. Canô foi o coroamento de todo um projeto voltado para a cultura da região, com o apoio do Estado e da população local e, principalmente, dos que sempre apostaram na força cultural do Recôncavo. — Aqui foi o berço de tudo, da própria história. O Brasil deve muita coisa ao Recôncavo e esse teatro é a cara do nosso povo. E o teatro é a nossa casa da cultura. Aqui surgiu o primeiro ginásio do interior da Bahia e a primeira música de sucesso (Isto é Bom – em 1902) e o primeiro samba (Pelo Telefone – 1916). 04 a defesa OUTUBRO – 2011 a defesa OUTUBRO – 2011 educação 05 nossa história Encourados, Pedrão implanta o Educação Solidária para jovens e adultos Pedrão Onde fica Na Mesorregião Centro Norte da Bahia, microregião de Feira de Santana Limites Aramari, Ouriçangas, Coração de Maria, Iraá e Teodoro Sampaio Distância até a capital 131 quilômetros Área 172,458 km² População 6.896 habitantes (IBGE/2010) PIB (Produto Interno Bruto) R$ 2.886,08 (IBGE/2008) E studar e se preparar para os concursos do enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não é mais problema, ou mesmo para o vestibular, já não se constitui em obstáculos para centenas de jovens que moram no município de Pedrão, a 131quilômetros de Salvador, na região Centro Norte do Estado. O município passa a contar com o Programa Educação Solidária, cuja equipe coordenada pelo professor Jorge Portugal, vai realizar o ensino a distância e presencial para jovens e adultos da região, gratuitamente. O programa é resultado de uma parceria proposta pelo prefeito Alceu Barros, e tem como objetivo oferecer oportunidades aos jovens que concluem ou estejam a concluir o Ensino Médio. “Na região a maior preocupação é com o emprego desses jovens no mercado de trabalho. Como não temos condições de oferecer essas oportunidades, oferecemos,pelo menos, as condições de ensino para que eles possam estar preparados para cursarem uma faculdade ou escola técnica de nível superior, e, conseqüentemente, terem melhores oportunidades nas suas vidas profissionais”,disse Alceu. Para o professor Jorge Portugal, autor do projeto, essa é a grande oportunidade para os jovens da região. “A ideia é termos um curso pré-vestibular e preparatório para o enem, que contemplem, respectivamente,os jovens que concluem a 8ª série e o Ensino Médio, capacitando-os para os concursos vestibular, ifba (Ensino Técnico) e o próprio enem”, disse. Ainda de acordo com Portugal, as aulas serão ministradas via internet (educação à distância) e uma vez por mês, presencial na cidade. Professor, consultor, escritor, apresentador de televisão, compositor e palestran- te, Jorge Portugal é referencia nacional nos temas Redação e Língua Portuguesa, tendo ensinado em vários colégios e cursos pré-vestibulares de Salvador (Nobel, Águia, Sartre, Mendel, Ucba, Grandes Mestres, Interdisciplinar, etc) e proferido palestras e ministrado cursos em várias empresas, tais como: Petrobras, Copene, Rede Bahia, Irdeb. Atuou como consultor e professor da Rede Bahia de Comunicação, onde apresentou um quadro de tira-dúvidas de Português, intitulado: “É assim que se escreve”. Pelo social – Tendo como base uma gestão voltada para o social, o prefeito de Pedrão, está no seu segundo mandato consecutivo Alceu Barros e dá na sua administração às questões da saúde, educação e assistência social. No final do mês passado implantou, com recursos próprios, o primeiro CRAS (Centro de Referência de Ação Social) no município e modernizou a Biblioteca Municipal. Na área da educação, além do Programa Educação Solidária, foi um dos primeiros municípios baianos a adotar o piso salarial nacional para o Magistério, desde o mês de julho. O município também tem a gestão plena na área da Educação, tendo este ano, implantado dois colégios,com três salas de aulas cada – Colégio Luís Viana Filho e Dinha Zezé – voltados para o Ensino Fundamental. Na área da saúde, onde também tem gestão plena, todos os servidores foram capacitados nesse setor, o mesmo acontecendo com a Assistência Social, como município já tendo sido integrado,desde o início do mês, ao Sistema Único de Assistência Social do Estado (SUAS), podendo gerir seus recursos e elaborar programas sociais de acordo com as diretrizes dos governos federal e estadual. tradição de 189 anos A história dos Encourados de Pedrão remonta a 1822, em plena luta da Independência do Brasil e no ano seguinte, na Bahia, quando Frei Brayner enviou um requerimento ao Conselho Interino de Cachoeira, para oferecer os seus serviços à pátria, passando a residir em Pedrão. Frei Brayner se dirigiu à Junta de Cachoeira para oferecer tropa de cavalaria um ofício do Coronel Bento Lopes, no qual não só convocava a tropa de cavalaria e o povo daquele lugar para aclamar, na Vila de Santo Amaro, o Príncipe Regente, Dom Pedro I. Em 22 de outubro de 1822, o Conselho Interino de Cachoeira tomou conhecimento da iniciativa e diante da grande prova de patriotismo, porém não deferiu a petição que almejava a formação da guerrilha, uma vez que estavam aguardando, em breve a chegada do General Labatut,a quem hierarquicamente deveriam obedecer, sobre formação de novos corpos armados. Em 04 de novembro do mesmo ano, o Conselho In- terino expediu circular ordenando a organização da guerrilha, e que marchasse imediatamente para a Vila da Cachoeira a fim de receber as últimas ordens e os destinos a seguir, e que fossem armados de espingardas. Em 29 de novembro, o General Labatut, através de ofício dirigido ao Conselho, solicitou a remessa da Companhia do Frei Brayner, para o Quartel General, localizado no Engenho Novo, no Recôncavo. Em 5 de dezembro, o Conselho Imperial dirigiu ao Frei José Brayner, novo ofício que declarava desejar fazer marchar "Os Voluntários de Pedrão" para o Quartel General e se integrar como um corpo de tropas. Levando os voluntários da guerrilha, juntamente com os Voluntários da Comarca do Sul. Chapéu e couro como marcas – Os Voluntários de Pedrão lutaram pela causa da nossa independência, sob o comando do Frei Brayner, e adotaram como farda as vestes de couro , com o seguinte regulamento: Uniforme em marcha: chapéu de couro com uma chapa de latão oval, ao centro dessa a letra "P" e acima da letra uma coroa real, a túnica de couro (gibão), da cor que sai do curtume com canhões e gola do mesmo, porém preto; algibeiras, com botão que fecha, as quais servirão de patronas. Calças de algodão branco: surrão ou saco às costas: clavinas espingardas ou bacamartes: espadas, parnaíbas ou facas grandes e facas pequenas, à cavalo ou de pé, calçado ou descalço, segundo as circunstâncias o exigirem. Uniforme fora de marcha: Opcionalmente, chapéu branco de copa fabricado artesanalmente, com a mesma chapa; fradeta de algodão de qualquer fazenda azul escuro, com gola e canhões de couro com a mesma cor que saía do curtume, as dragonas eram do mesmo couro da gola e canhões cuja base ficava unida à gola e o seu ápice no fim do ombro, pregado com botão, colete e calças de qualquer tecido de algodão branco. Foram alistados trinta e nove homens, formando quarenta com seu comandante. Comandante destes homens foi o Frei Brayner. 06 a defesa OUTUBRO – 2011 a defesa OUTUBRO – 2011 pelo mundo integração UNILAB já é realidade em São Francisco do Conde A cidade mais Brasileira da América A antiga escola de Agronomia.... e a moderna universidade internacional (Unilab) por Marcelo De Trói A carajé, feijoada, churrasquinho, centenas de pessoas com a camiseta verde amarelo. No palco, a axé music é a grande estrela da festa, cabrochas, inglês e português misturados são os idiomas na beira do Charles River, em Brighton: é o 16 Festival da independência organizado pela comunidade brasileira em Boston, cidade com o maior numero de imigrantes na América, algo em torno de 400 mil pelos dados oficiais do Ministério das Relações Exteriores, mas muito maior se levarmos em conta o numero de imigrantes ilegais não contabilizados. A comunidade brasileira é querida pelos americanos e muito organizada. Os brasileiros são donos de rádios, padaria, bares, mercados, empresas. Também trazem uma espécie de alegria que falta em todo o mundo organizado e ultra desenvolvido dos Estados Unidos. Tudo aqui é familiar para nossos olhos, também por conta da imigração portuguesa no inicio do século passado. Hospitais, bibliotecas, centros comunitários, em algumas áreas, como hospitais, informações bilingues. Os Estados Unidos aprenderam a conviver com a imigração nos últimos 150 anos. Mais que isso, hoje os imigrantes são mão de obra importante no mercado americano e também tornam esta sociedade cada vez mais multi cultural, como é o caso de Nova York, uma cidade internacional com 50% da população pertencente a mais de 180 diferentes paises. Brasileiro aqui em Boston faz de tudo, limpa casa, escritório, trabalha em restaurante, cuida de criança. A limpeza é mais leve que a brasileira, o patrão bem menos exigente, pois os americanos não são muito chegados em limpeza. Serviços que são dignos e bem pagos por quem pode ter o luxo de contrata-los. A maioria dos brasileiros esta aqui há mais de 10 anos, alguns 20. Uns conseguiram seu papel (cidadania) casando com americano ou . Aqui é cada qual no seu cada qual. Nos eua, apenas com o segundo grau ou nem isso, eles tem a chance de ter sua tv de plasma, seu celular, carro, uma moradia digna, comem do bom e do melhor, pois tudo é infinitamente mais barato. Alguns ganham 10 mil dólares por mês. Vivem ‘bisados’, aportuguesamento de ‘busy’, ocupado, em inglês. Trabalho não falta. É dinheiro vivo na hora. Em uma semana se compra um carro, roupas, computadores. Como disse Contardo Calligaris em artigo recente na Folha comentando os saques em Londres, o consumismo passou a ter a legitimidade de coisas essenciais na vida. São marcas de identidade, de independência, de conforto. Quem não gosta de viajar? De ter suas coisas? De poder comprar, se alimentar decentemente, de navegar na internet? Os tempos não são dos melhores com a crise, muita gente voltando, muita gente que não ganha mais como antes. Alguns ganham para sobreviver. Os brasileiros aqui se organizam, se unem em associações que lutam pelo direito do imigrante, a comunidade é atuante. A maioria dos brasileiros vem de Minas e muitos atravessaram a fronteira do México, sem nada. Uns foram presos, depois libertos, alguns conseguiram o perdão, outros foram soltos e continuam ilegais, outros deportados. Gente que largou a família aos 16 anos, pessoas que se juntaram aos pais que já viviam na ilegalidade por aqui, gente que casou e 6 meses depois veio para cá sozinho. Historias de separações, de sofrimento, de vitoria, de fé, todas em busca do chamado ‘sonho americano’, ideal que alimenta a movimentação de pessoas em todo mundo desde o século xx, principalmente no pos-guerra. Esta noite, milhares de brasileiros vão dormir quatro ou cinco horas para pegar no batente amanha, em dois, as vezes, quatro postos trabalhos. Enviam dinheiro para suas famílias, guardam na poupança sonhando com o dia da volta, para um lugar que talvez só exista em seus imaginários. E para os que estão no Brasil e ainda acreditam nele, como eu, é tempo de sonhar com um pais sem corrupção, com um Estado de Direito real. A esperança é a ultima que nasce. Tudo a fazer. A s obras estão quase completas e a previsão é que em 2012 seja realizado o primeiro concurso vestibular da primeira universidade internacional do Recôncavo Baiano, a Universidade Internacional da Lusofama Afrobrasileira (Unilab). A nova universidade vai funcionar no município de São Francisco do Conde, a quilômetros de Salvador e foi anunciada este ano pela presidenta Dilma Roussef, juntamente com o ministro da Educação, Fernando Haddad. “É bom demais e foi um presente maior do que o esperado”, comemorou a prefeita Rilza Valentin, que já se antecipou ao cronograma e anuncia que já existe um prédio com capacidade para 12 salas de aulas, quatro laboratórios, anfiteatro, refeitório, biblioteca e padaria, que está em obras e deverá ser entregue no início do próximo ano. Ainda este ano vamos definir quais serão os primeiros cursos da universidade e estabelecer o cronograma para realizarmos o primeiro concurso seletivo”, disse. Equipes técnicas e professores das universidades Federal da Bahia UFBA), do Recôncavo Baiano (UFRB), e da própria Unilab, que já atua na cidade de Redenção, no Ceará já avaliam todo o processo de funcionamento da nova universidade. Ainda segundo explicou a prefeita, por ser um município eminentemente de população negra, São Francisco do Conde teve todos os pré-requisitos para sediar a Unilab na Bahia. “Nossa população é 95% negra e aqui abrigaram-se os primeiros engenhos de cana-de-açúcar e onde a escravidão se desenvolveu com força, diz. O que é a Unilab A Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab) é uma instituição de ensino superior pública sediada na cidade de Redenção, no Estado do Ceará, Brasil. A cidade de Redenção foi escolhida para sediar a universidade por ter sido a primeira cidade brasileira a abolir a escravidão no Brasil. O projeto de lei de sua criação foi en- viado ao Congresso Nacional brasileiro em 20 de agosto de 2008. A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados aprovou em 13 de março de 2009 o Projeto de Lei 3891/08, do Executivo, criando a Unilab, com o objetivo de formar recursos humanos para desenvolver a integração entre o Brasil e os demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os africanos, como Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique, além de Macau. A Unilab terá projeto político-pedagógico ousado e visa a integração internacional. Na Bahia a Unilab terá ministrados preferencialmente em áreas de interesse mútuo do Brasil e dos demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Sua metodologia de ensino dará ênfase a temas que envolvam formação de professores, desenvolvimento agrário, processos de gestão e saúde pública, entre outros. Bacharel, mestre e doutoranda em Química pela Universidade Federal da Bahia, Rilza Valentim iniciou sua vida política como vereadora entre 2000 e 2008, quando disputou e assumiu a prefeitura de São Francisco do Conde 07 08 a defesa OUTUBRO – 2011 a defesa OUTUBRO – 2011 09 nossa capa Assis, um Valente da música do Recôncavo (Santo Amaro, 19 de março de 1911 – Rio de Janeiro, 6 de março de 1958) O s mais velhos, por certo, devem conhecer a música “Boas Festas”, marchinha gravada em 1933 e que embalou inúmeros natais Brasil afora e é ainda referencial dessa festa cristã: Já faz tempo que eu pedi Mas o meu Papai Noel não vem Com certeza já morreu Ou então felicidade / É brinquedo que não tem ... Ou mesmo “Brasil pandeiro”, samba gravado em 1940 e cantado em inúmeras vezes até os dias atuais: Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor Eu fui à Penha e pedi à padroeira para me ajudar Salve o Morro do Vintém, pendura a saia que eu quero ver / Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar O que talvez muita gente não saiba é que essas e inúmeras outras músicas, cantadas desde Carmem Miranda a Moreira da Silva e Moraes Moreira e Novos Baianos, vieram de um nativo da cidade de Santo Amaro, município encravado no Recôncavo Baiano, a 71 quilômetros de Salvador. No ano em que se comemoram os 100 anos do cantor e compositor, José de Assis Valente, Santo Amaro vive em festa permanente para homenagear um dos seus personagens – são tantos – mais ilustres, e que passou boa parte de sua vida – e pós ela – desconhecido para muitos baianos e brasileiros. Filho de José de Assis Valente e D. Maria Esteves Valente, teve uma vida conturbada, a começar pela própria infância, onde relatos biográficos indicam que teria sido roubado aos pais, ainda pequeno, sendo de- pois entregue a uma família de Santo Amaro, que lo criou. Predestinado, já aos 10anos tinha como prática declamar versos de Guerra Junqueiro e, principalmente, Castro Alves. Integrou a comitiva de um circo mambembe, tão comum na primeira metade do século passado e somente na adolescência foi morar em Salvador, estudando no antigo Liceu de Artes e Ofício. Com 16 anos muda para o Rio, onde foi trabalhar como protético e somente aos 19 anos compõe seus primeiros sambas, bastante incentivado por Heitor dos Prazeres. Suas músicas alcançaram grande sucesso nas vozes de grandes intérpretes da época, como Carmem Miranda, Orlando Silva, Altamiro Carrilho. Ironicamente, um dos seus maiores sucessos, “Brasil Pandeiro”, mais tarde imortalizada na voz dos “Novos Baianos”, foi recusada pela cantora. Dono de um dos maiores portifólios musicais – 154 músicas no período de 28 anos, até a sua morte, em 1958, Assis Valente vivia entre a admiração – paixão secreta e incotida – por Camem Miranda (sua admiração o fez até mesmo a procurar aprender a tocar) e o desgosto pela vida, que o fez tentar o suicídio por três, nas duas primeiras cortando os pulsos e pulando do Corcovado, e o grande êxito na última tentativa, quando ingeriu grande quantidade de veneno para rato. Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1941 (13 de maio) tentou o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado – tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores. Em 1942 nasce sua única filha, Nara Nadyli, e separa-se da esposa. Mão aberta como era – costumava assumir débitos dos amigos e gastar o que não podia – depois de duas tentati- vas de suicídio, e desesperado com as dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão. Sentando-se num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois alugueis em atraso. Morria às seis horas da tarde. No bilhete, o último “verso”: Boas Festas (Assis Valente) Anoiteceu, o sino gemeu E a gente ficou feliz a rezar Quem não se lembra das noites de véspera de Natal, sentados ao pé da árvore enfeitada com bolas coloridas e raminhos secos cobertos com algodão, o presépio ao fundo com as imagens dos Reis Magos e a manjedoura, e todos aguardando, ansiosos (alguns com sapatos nas janelas) a chegada do Papai Noel. Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo. Legado Do imenso acervo de composições, iniciada em 1932, com “Tem Francesa no Morro”, cantando por Aracy Cortes, “Boneca de pano”, gravado pelos “Quatro Ases e um Coringa”, em 1950, Assis Valente deixou marcas profundas no coração e mente dos brasileiros. O sucesso “Boas Festas” , o Hino do Natal brasileiro, chegou aos inúmeros lares como um pedido de uma criança pobre e solitária pela atenção de Papai Noel. E teve inúmeras vozes, como Carlos Galhardo, Pixinguinha, e mesmo Maria Bethânia, Roberto Carlos e Luis Melodia. Após sua morte, contudo, permanece vivo, desde os idos de 1930 nas vozes de Moreira da Silva, Carlos Galhardo, Almirante, Quatro Ases e um Coringa, Aurora Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Aracy de Almeida, Marlene, Sônia Santos, Irmãs Pagãs (Elvira e Rosina), Carmen Miranda, Bando da Lua e Elis Regina, até a atualidade, nas vozes de artistas como Maria Bethânia, Nara Leão, Marília Medalha, Carmen Costa, Adriana Calcanhoto, Olívia Byghton e Vanessa da Mata e Chico Buarque. Papai Noel, vê se você tem A felicidade pra você me dar Papai Noel nem sempre nos dava presentes (os nossos pais geralmente não tinham dinheiro e eram obrigados a optar: roupas e alimentos ou brinquedo – vencia sempre as duas primeiras opções), mas fazia a nossa felicidade, mesmo que ela durasse só alguns dias. Carmen Miranda A “pequena notável” , como era chamada essa portuguesa-brasileira, gravou 25 músicas de Assis Valente. Por ela Assis tinha profunda amizade... ou uma paixão recolhida.... E assim felicidade Eu pensei que fosse uma Brincadeira de papel http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/ acervo/discos-projeto-almirante/assis-valente-1987/ Tantas cartas ... Tantas expectativas. Mas o correio não chegava em muitas casas e a felicidade de Papai Noel virava apenas uma brincadeira de papel que acabava na manhã do dia 25, quando olhávamos os nossos sapatos vazios na janela. “Papai Noel não veio!”. Já faz tempo que eu pedi Mas o meu Papai Noel não vem A esperança era a última que morria. E eu insistia em pedir para o papai Noel não me esquecer. Quem sabe no próximo ano. Mas faz tanto tempo que pedi e ele ainda não veio... Com certeza morreu Eu pensei que já Me recuso a acreditar que ele tenha todomundo partido para não mais voltar! Fosse filho de Papai Noél Ou então felicidade Mas, oh dor! Quando víamos alguns dos nossos vizinhos sem os É brinquedo presentes de Natal, os sapatos vazios que não tem nas janelas, constatávamos que nem todos eram filhos de Papai Noel. E Papai Noel escolhia quem eram seus melhores filhos e a estes davam os melhores presentes. Assis Valente (1987) Célia, João Nogueira, Clara Sandroni, Coro Come, Leci Brandão, Dida Forasteiro, Paulo Moura e Banda de Gafieira Etc & Tal participaram deste disco. Ouça o disco na íntegra no site da FUNARTE. Deve ser isso mesmo. São tantos os pedidos. Brinquedos, saúde, dinheiro, poder, que deve ter faltado no estoque. Quem sabe no próximo ano! Assis Valente Com os Arcos da Lapa ao Fundo, Rio de Janeiro, Capital 10 a defesa OUTUBRO – 2011 a defesa OUTUBRO – 2011 ensino superior quadrinhos 11 substantivo Palavra puxa-palavra por Nelson Elias Há um novo herói na cidade, o cabra da peste, o homem que não toma sopa de letras para não comer H! Universidades Federais e Ifets mudarão perfis dos municípios baianos Seria NINGUÉM um tímido repórter? Durante o dia Everaldo recolhe o lixo da cidade. O vigilante soteropolitano ... Um mauricinho traumatizado? É um mistério, ninguém sabe. A A Universidade Federal da Bahia ufba e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano ufrb, por sua vez, passam a ter campi avançados em Camaçari e Feira de Santana, respectivamente. Ainda dentro do programa de expansão do ensino público superior na Bahia, foi inaugurado um campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco univasf na cidade de Senhor do Bonfim … e também foi confirmada, pelo governo federal, a criação da Universidade Federal de Integração Luso-Afrobrasileira unilab na Bahia, no município de São Francisco do Conde. Faço coleta seletiva! Expansão – mas as boas notícias não param por aí. Em todo o Brasil, conforme garantiram a presidenta Dilma e o ministro da Educação, Fernando Haddad, até 2012 serão implementados 20 campi universitários em oito estados brasileiros e 88 novas unidades de institutos federais em 25 estados. Além das duas universidades federais já garantidas, a Bahia tenta emplacar mais universidades federais nos municípios de Vitória da Conquista e campi avançados em Santa Maria da Vitória e Serrinha. NINGUÉM é incansavelmente perseguido pela bandidagem Disgrama! Acabou a maniçoba. MALD É hora de usar minha arma secreta! ITO! Assim fica difícil combater o crime e manter a dignidade. !!! RECEBA Céus! Ele largou um bozó na pista. Olha a balinha do NINGUÉM adoça a vida e combate o pigarro! Com tanto mau olhado, NINGUÉM não abre mão de seu banho diário de folhas de descarrego Vou fazer uma lavação, lavação, lavação ... Augusto Mattos é Cartunista, Animador e Roteirista. Campus, tida e havida como a mais ban ban ban das cidades para esta contemplação e coisa e tal, mas, no frigir dos ovos, a universidade já está em pleno funcionamento em todos os lugares em que poderia estar, exceto Santo Amaro. Já contemplou até a cidade de Amargosa que nem sabíamos recôncava e até chegou na desreconvexa Feira de Santana, Princesinha do Sertão, que entrou nesta história como J. Pinto Fernandes no “Quadrilha” de Drummond. Todo mun- do tem seu Campus, menos Santo Amaro que ainda está a discutir, discutir e a ouvir conversa para boi dormir. Como se não bastasse de lenga lenga, agora, depois que os principais cursos já foram agarrados por Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Cachoeira e Feira de Santana, nos vem a conversa fiada de um Sen‑ sibilíssimo Reitor que descobriu a vocação artística da cidade que PODERIA (no futuro do pretérito, mesmo) receber um Campus deno- minado de cecult, um Centro de Tecnologias Aplicadas à Produção Cultural. Nome pomposo para designar o honroso trabalho de pessoas que carregam e afinam os instrumentos musicais, americanamente chamadas de roadie ou, mais popularmente, mata cachorros, como preconceituosamente eram chamados nos circos de outrora. Para resumir este papo, este Campus de Santo Amaro, quando chegar, virá com um estranho gosto de clister. ao Recôncavo Açucareiro. Corro para a Internet, vigio a programação e confirmo a presença de várias entidades negras, porém, necas de Bembé. Como pode o Bembé de Santo Amaro ficar ausente de uma parada dessa? Eis o problema: Poucos são os que sabem do Bembé do Mercado por aí afora porque esta manifestação é subestimada pelo próprio povo da cidade. Do alto de seus recalques, de seus preconceitos e de suas intolerâncias religiosas a cidade sempre lhe fez vistas grossas e nunca lhe dedicou estudo um sério. O próprio termo ‘bembé’, definido de forma simplista como corruptela da palavra candomblé, oferece outras pistas. Ubiratan Araújo de Castro falava em bembé como uma manifestação de protesto, realizada nas ruas (da Costa do Marfim ao Benim), com máscaras, palavras de ordens e denúncias, acompanhadas pelo batuque de atabaques. Inclusive, quem se der ao luxo de acessar a palavra bembé ou bembe no Youtube, verá que a manifestação também existe em várias ex-colônias do Caribe, como Cuba, Jamaica etc, com aquela mesma linha rítmica nossa conhecida. Mais uma pista: - O que teria levado aqueles negros a bater seus tambores em praça pública um ano após a abolição? Uma festinha de aniversário para saudar Isabé, como pretende aquela conhecida música de letrinha infeliz? Pouco provável. A manifestação em si não traz vestígios de saudação à princesa nem faz concessão a qualquer representante dos poderes constituídos, seja político, econômico ou de outra religião que não a sua (olhe o quanto era comum a rendição dos negros à religião que lhes demonizavam. Vide as Irmandades). O próprio contexto histórico não nos estimula a crer em festinha. Vivia-se sob a égide do terror, sob os efeitos da recessão, da fome, da ruína dos usineiros, da derrocada do Império e sob uma constante ameaça do retorno à escravidão pairando no ar e no desejo das elites prejudicadas; somado, tudo isto, à intolerância religiosa e à demonização a toda e qualquer atividade de candomblé. Sejamos sinceros: Aquela cerimônia em praça pública mais perecia uma declaração de guerra. E assim foi feito. Um grupo de negros teve a coragem de dirigir-se à praça do principal espaço econômico da cidade e ali, aos olhos espantados de toda a comunidade e de toda a sociedade e de toda a religiosidade e de todo o poder repressivo de então, sem nenhuma licença mundana, mas com o alvará dos Orixás, ali, em praça pública, sob a proteção de um imediato exército de capoeiristas e das forças armadas de maculelês, todos pretos, para espanto de todos os brancos, aqueles negros ousados realizaram o ritual proibido. E ali mesmo fizeram o sacrifício, e bateram, e cantaram, e dançaram durante três dias e três noites a preparar o presente que ainda hoje mete medo a tanta gente boa que piamente acredita que ‘sacrifício’ e ‘ebó’ são coisas do demônio, pelos demônios e para os demônios, sem atentarem, os ignorantes (no modesto sentido de ignorar) que palavra puxa-palavra e a palavra ‘ebó’, que quer dizer ’presente’, tem o mesmo significado de ‘oferenda’; donde também vem a palavra ‘ofertório’, tão cara aos católicos, como a querer dizer que em religião somos todos farofas do mesmo prato. Gari, com muito orgulho! E a noite... Ê povo pra sujar! Bahia está mais culta. Com a criação de duas universidades federais no interior do Estado, população jovem que concluía o Ensino Médio e não tinha opções de continuar os estudos na região, agora terão oportunidades novas, disputando com igualdade de condições com jovens residentes em Salvador ou em outras capitais do país. No último dia 16 de setembro a presidenta Dilma Rousseff formalizou nesta a implantação de mais duas universidades federais e nove Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia ifet, na Bahia, dentro do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Superior e Profissional no Brasil. O plano prevê a criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia ufoba, em Barreiras, com campi em Luís Eduardo Magalhães e Bom Jesus da Lapa, e a Universidade Federal do Sul da Bahia, com sede em Itabuna e campi em Porto Seguro e Teixeira de Freitas. Já as unidades do ifet devem ser implantadas nos municípios de Xique-Xique, Serrinha, Itaberaba, Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus, Brumado, Lauro de Freitas, Juazeiro e Euclides da Cunha. L eio nos jornais, duas notas do interesse de Santo Amaro. A primeira nota, publicada no caderno dos municípios de 'A Tarde' de sábado, dia 26/09, traz a manchete: “Município será contemplado com campus da ufrb.” Bacana! Porém, como palavra puxa palavra, ligo o desconfiômetro. Parece que esta NINGUÉM! mesma manchete já foi usada pelos últimos três prefeitos da cidade e todos, em suas assertivas, foram vítimas ou atores do mesmo Conto do Vigário. Saiba que o decreto do campus da ufrb para Santo Amaro já foi assinado pelo presidente Lula desde 1500, mas até hoje não deu em nada. Existe uma infindável discussão sobre o assunto sem que nunca se chegue ao cerne da questão. Santo Amaro foi a primeira Cidade do Recôncavo a se organizar para receber o famigerado A SEGUNDA NOTA, publicada na coluna de Levi do dia 26, informa que a onu vai encerrar na capital baiana a programação do Ano Internacional dos Afrodescendentes, dia 19 de dezembro, quando a presidente Dilma e o secretário geral da onu, Ban Ki-moon, se reunirão com mais 15 chefes de Estados para carimbar decisões conjuntas sobre vários temas pertinentes à questão negra. Bacana também. Então, pensei: - Pronto, é a vez de Santo Amaro dar voz … ps. 1. O Bembé do Mercado se repete há 122 anos, graças a Deus. 2. A intolerância religiosa e a demonização aos atos de candomblés continuam vigilantes e renovados. 3. Todos os candomblés do Brasil devem reverência aos heróis do Bembé. Em tempo - O cerimonial que prepara o evento da onu precisa rever sua programação porque não se pode realizar um evento dessa natureza, sem a participação do maior exemplo de resistência religiosa do Brasil. Non plus ultra: Quanto à ufrb, não tem jeito. Santo Amaro vai ter que recorrer a outras áreas do conhecimento, para abrir-lhe os caminhos. 12 a defesa OUTUBRO – 2011 a defesa OUTUBRO – 2011 revisão enem questões comentadas CIÊNCIAS NATURAIS (3) 1- (ENEM 2009) A atmosfera terrestre é composta pelos gases nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que somam cerca de 99%, e por gases traços, entre eles o gás carbônico (CO2), vapor de água (H2O), metano (CH4), ozônio (O3) e o óxido nitroso (N2O), que compõem o restante 1% do ar que respiramos. Os gases traços, por serem constituídos por pelo menos três átomos, conseguem absorver o calor irradiado pela Terra, aquecendo o planeta. Esse fenômeno, que acontece há bilhões de anos, é chamado de efeito estufa. A partir da Revolução Industrial (século XIX), a concentração de gases traços na atmosfera, em particular o CO2, tem aumentado significativamente, o que resultou no aumento da temperatura em escala global. Mais recentemente, outro fator tornou-se diretamente envolvido no aumento da concentração de CO2 na atmosfera: o desmatamento. BROWN, I. F.; ALECHANDRE, A. S. Conceitos básicos sobre clima, carbono, florestas e comunidades. A.G. Moreira & S. Schwartzman. As mudanças climáticas globais e os ecossistemas brasileiros. Brasília: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, 2000 (adaptado). Considerando o texto, uma alternativa viável para combater o efeito estufa é carbono compreende diversos compartimentos, entre os quais a Terra, a atmosfera e os oceanos, e diversos processos que permitem a transferência de compostos entre esses reservatórios. Os estoques de carbono armazenados na forma de recursos não renováveis, por exemplo, o petróleo, são limitados, sendo de grande relevância que se perceba a importância da substituição de combustíveis fósseis por combustíveis de fontes renováveis. A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do carbono, pois provoca A) aumento da porcentagem de carbono contido na Terra. B) redução na taxa de fotossíntese dos vegetais superiores. C) aumento da produção de carboidratos de origem vegetal. D) aumento na quantidade de carbono presente na atmosfera. E) redução da quantidade global de carbono armazenado nos oceanos. Comentário: Os combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral e gás natural – são compostos de carbono acumulados na crosta terrestre a partir da fossilização da matéria orgânica (animais, plantas...). Essa é a última etapa do ciclo geológico do carbono e demora milhares de anos para ocorrer. O armazenamento do carbono impede que uma grande quantidade desse elemento se mantenha na atmosfera. Quando o homem queima os combustíveis fósseis para produzir energia, o carbono, oriundo da queima na forma de CO2, retorna imediatamente à atmosfera, interferindo em todo equilíbrio energético do nosso planeta. O normal era que o gás carbônico retornasse em longos intervalos temporais, por meio de atividades sísmicas – terremotos e erupções, por exemplo. O homem tem encurtado o processo de forma altamente prejudicial. Portanto, a utilização dos combustíveis fósseis provoca o aumento na quantidade de carbono na atmosfera: alternativa D. A) reduzir o calor irradiado pela Terra mediante a substituição da produção primária pela industrialização refrigerada. B) promover a queima da biomassa vegetal, responsável pelo aumento do efeito estufa devido à produção de CH4. C) reduzir o desmatamento, mantendo-se, assim, o potencial da vegetação em absorver o CO2 da atmosfera. D) aumentar a concentração atmosférica de H2O, molécula capaz de absorver grande quantidade de calor. E) remover moléculas orgânicas polares da atmosfera, diminuindo a capacidade delas 3- (ENEM 2009) Um novo método para de reter calor. produzir insulina artificial que utiliza tecnologia de DNA recombinante foi desenComentários: Os desmatamentos, assim volvido por pesquisadores do Departamencomo as queimadas, são responsáveis pela to de Biologia Celular da Universidade de intensificação do efeito estufa. As plantas, Brasília (UnB) em parceria com a iniciativa durante a fotossíntese, absorvem a energia privada. Os pesquisadores modificaram gesolar e o CO2, produzindo, como produtos, neticamente a bactéria Escherichia coli para glicose e gás oxigênio. A extinção de áreas flo- torná-la capaz de sintetizar o hormônio. restais por meio da ação do homem diminui O processo permitiu fabricar insulina em o número de plantas que absorve calor e, por maior quantidade e em apenas 30 dias, consequência, aumenta a quantidade de gás um terço do tempo necessário para obtêcarbônico na atmosfera. Portanto, uma alter- la pelo método tradicional, que consiste na nativa viável para o combate do efeito estufa, extração do hormônio a partir do pâncreas atualmente intensificado, é a redução dos de animais abatidos. desmatamentos: alternativa C. Ciência Hoje, 24 abr. 2001. Disponível em: 2- (ENEM 2009) O ciclo biogeoquímico do http://cienciahoje.uol.com.br (adaptado). rascunho revisão enem questões comentadas A produção de insulina pela técnica do DNA B) as possibilidades de fazer prevalecer idrecombinante tem, como consequência, eias e conceitos próprios, no que tange aos temas do comércio internacional e dos A) o aperfeiçoamento do processo de ex- países em desenvolvimento, são mínimas. tração de insulina a partir do pâncreas suíno. C) as brechas do sistema internacional B) a seleção de microrganismos resistentes não foram bem aproveitadas para avançar a antibióticos. posições voltadas para a criação de uma C) o progresso na técnica da síntese quími- área de cooperação e associação integrada ca de hormônios. a seu entorno geográfico. D) impacto favorável na saúde de indivíduos diabéticos. D) os grandes debates nacionais acerca E) a criação de animais transgênicos. da inserção internacional do Brasil foram embasados pelas elites do Império e da Comentário: A produção da insulina re- República por meio de consultas aos divercombinante é resultado do desenvolvimento sos setores da população. da Engenharia Genética – que pode ser definida como um conjunto de técnicas voltadas E) a atuação do Brasil em termos de política à manipulação do DNA. Essa área já propi- externa evidencia que o país tem capaciciou o desenvolvimento de vacinas, alimentos dade decisória própria, mesmo diante dos transgênicos e de muitas substâncias. Uma constrangimentos internacionais. vez que a insulina recombinante é produzida em um tempo muito menor e em maior Comentário: O Brasil é, atualmente, a oitava quantidade, havendo também menor re- economia do mundo. Este fato se deve a disistência por parte do “organismo diabético” versas ações compreendidas nos dois últimos à insulina, concluímos que a sua produção séculos. Dominada pelas elites, estas decisões tem como consequência a melhora na quali- comungavam com os interesses dos países de dade de vida dos diabéticos. A diabetes é uma primeiro mundo, mas não com os interesses doença causada sobretudo pela deficiência do povo. É importante não confundir soberana produção ou funcionamento da insulina. nia internacional com igualdade social, uma Portanto, alternativa D: impacto favorável na vez que o Brasil conseguiu multiplicar sua saúde dos diabéticos. riqueza com relações comerciais externas, mas não a distribui de forma adequada entre CIÊNCIAS HUMANAS (3) seu povo. 4- (ENEM – 2009) Colhe o Brasil, após esforço contínuo dilatado no tempo, o que plantou no esforço da construção de sua inserção internacional. Há dois séculos formularam-se os pilares da política externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cálculo de oportunidade no mundo difuso da transição da hegemonia britânica para o século americano. Engendrou concepções, conceitos e teoria própria no século XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco. Buscou autonomia decisória no século XX. As elites se interessaram, por meio de calorosos debates, pelo destino do Brasil. O país emergiu, de Vargas aos militares, como ator responsável e previsível nas ações externas do Estado. A mudança de regime político para a democracia não alterou o pragmatismo externo, mas o aperfeiçoou. 5- (ENEM 2009) Apesar do aumento da produção no campo e da integração entre a indústria e a agricultura, parte da população da América do Sul ainda sofre com a subalimentação, o que gera conflitos pela posse de terra que podem ser verificados em várias áreas e que frequentemente chegam a provocar mortes. Um dos fatores que explica a subalimentação na América do Sul é A) a baixa inserção de sua agricultura no comércio mundial. B) a quantidade insuficiente de mão-deobra para o trabalho agrícola. C) a presença de estruturas agrárias arcaicas formadas por latifúndios improdutivos. D) a situação conflituosa vivida no campo, que impede o crescimento da produção agrícola. SARAIVA, J. F. S. O lugar do Brasil e o silên- E) os sistemas de cultivo mecanizado volcio do parlamento. Correio Braziliense, Bra- tados para o abastecimento do mercado sília, 28 maio 2009 (adaptado). interno. Sob o ponto de vista da política externa Comentário: A existência de grandes faixas brasileira no século XX, conclui-se que de terras improdutivas, controladas por um numero pequeno de pessoas, enfraquece a A) o Brasil é um país periférico na ordem agricultura familiar e as pequenas plantações. mundial, devido às diferentes conjunturas No Brasil, por exemplo, temos como um bom de inserção internacional. exemplo desta realidade o MST (Movimento rascunho 13 14 a defesa OUTUBRO – 2011 a defesa OUTUBRO – 2011 revisão enem questões comentadas dos Sem Terra), que invadem latifúndios improdutivos e levantam seus assentamentos. Muitas vezes estas invasões são feitas através do conflito armado com os proprietários de terra, gerando muitas vitimas. Uma solução para esta questão seria uma política de reforma agrária eficiente. CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são 6- (ENEM 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana. Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. A) a crise do colonialismo, a ascensão do D) a evidente preocupação do eu lírico com nacionalismo e do totalitarismo. a realidade social expressa em imagens B) o enfraquecimento do império britânico, poéticas inovadoras. a Grande Depressão e a corrida nuclear. E) a liberdade formal da estrutura poética C) o declínio britânico, o fracasso da Liga que dispensa a rima e a métrica tradicionais das Nações e a Revolução Cubana. em favor de temas do cotidiano. D) a corrida armamentista, o terceiromundismo e o expansionismo soviético. Comentário: O Simbolismo foi um moviE) a Revolução Bolchevique, o imperialismo mento artístico surgido na segunda metade e a unificação da Alemanha. do século XIX em oposição ao Realismo e ao Naturalismo, vigentes à época. CaracterizaComentário: Os conflitos mencionados são se pela abordagem de temas místicos, subjea Primeira e a Segunda Guerra Mundial. An- tivos e universais. Na literatura, há predomtes da Primeira Guerra Mundial, a Europa inância de refinamento estético e de textos vivenciava a expansão da segunda revolução que privilegiam a musicalidade (aliterações industrial, enquanto o antigo sistema colo- e assonâncias também são muito comuns), nialista ruía. Diversos países perderam suas assim como podemos notar no poema fontes de riquezas enquanto outros avança- em questão: temática voltada à alma e às vam tecnologicamente. Essas disparidades questões existenciais do homem, por meio de econômicas, tecnológicas e sociais iniciar- uma linguagem rebuscada e da adoção de am uma onda de desconfiança entre países formas tradicionais (soneto). O Simbolismo vizinhos. O nacionalismo e o totalitarismo inicia-se no Brasil em 1893, com a publiaparecem como uma forma de estabilizar a cação das obras “Missal” e “Broquéis”, de sociedade e fortalecer a nação, respaldados Cruz e Sousa. Portanto, alternativa C. por um apelo racial criado com base no Darwinismo Social. 8- (ENEM 2009) LINGUAGENS (2) Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? 7- (ENEM 2009) Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo. Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente? Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Sonha e, sonhando, as imortalidades Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado). Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves Na representação escrita da conversa telpara abrir-vos as portas do Mistério?! efônica entre a gerente do banco e o cli- rascunho revisão enem questões comentadas ente, observa-se que a maneira de falar da R$ 84,00 gerente foi alterada de repente devido: R$ 84,60 R$ 85,30 A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informali- 10- (ENEM 2009) Um grupo de 50 pessoas dade. fez um orçamento inicial para organizar B) à iniciativa do cliente em se apresentar uma festa, que seria dividido entre elas em como funcionário do banco. cotas iguais. Verificou-se ao final que, para C) ao fato de ambos terem nascido em arcar com todas as despesas, faltavam R$ Uberlândia (Minas Gerais). 510,00, e que 5 novas pessoas haviam inD) à intimidade forçada pelo cliente ao for- gressado no grupo. No acerto foi decidido necer seu nome completo. que a despesa total seria dividida em partes E) ao seu interesse profissional em financiar iguais pelas 55 pessoas. Quem não havia o veículo de Júlio. ainda contribuído pagaria a sua parte, e cada uma das 50 pessoas do grupo inicial Comentário: A nossa língua possui um con- deveria contribuir com mais R$ 7,00. junto de variações a depender do contexto cultural, social e histórico em que é utiliza- De acordo com essas informações, qual foi da. No início do diálogo, o discurso possuía o valor da cota calculada no acerto final características que expressavam maior for- para cada uma das 55 pessoas? malidade - inerente ao tipo de relação estabelecida entre os interlocutores: gerente de A) R$ 14,00. banco e cliente. Quando se revelou a proximi- B) R$ 17,00. dade entre eles, quando ambos descobriram C) R$ 22,00. que se conheciam, a fala da gerente mudou D) R$ 32,00. completamente de forma, ganhando maior E) R$ 57,00. “liberdade” e “desprendimento”. Assim, é possível dizer que é verdadeira a alternativa Comentário: Lendo atentamente os dados A: à adequação de sua fala à conversa com da questão, temos que, depois de juntar a um amigo, caracterizada pela informalidade. contribuição inicial das 50 pessoas, ainda faltavam R$ 510,00 para arcar com as despMATEMÁTICA (2) esas. Se a contribuição deve ser igual para as 55 pessoas e, depois de as 5 posteriores con9- (ENEM 2009) Na tabela, são apresenta- tribuírem, cada uma das 50 anteriores deram dos dados da cotação mensal do ovo extra mais R$ 7,00, concluímos que: branco vendido no atacado, em Brasília, em reais, por caixa de 30 dúzias de ovos, 50 x 7 = R$ 350 em alguns meses dos anos 2007 e 2008. Dos R$ 510 a serem pagos, R$ 350 foram dados pelas pessoas iniciais, o que nos leva a concluir que R$ 160,00 (510 – 350) corDe acordo com esses dados, o valor da me- respondem à soma das quantias dadas pelas diana das cotações mensais do ovo extra 5 pessoas posteriores. Cada uma então conbranco nesse período era igual a tribui com 160 / 5 = R$ 32,00. A) R$ 73,10. B) R$ 81,50. C) R$ 82,00. D) R$ 83,00. E) R$ 85,30. Comentários: A mediana é uma medida de tendência central, isto é, é o valor que divide a amostra ao meio. Organizando os valores em ordem crescente, se o número de elementos de uma amostra for ímpar, como no caso das cotações acima, a mediana corresponderá ao elemento médio. Assim: Cotações mensais em ordem crescente R$ 73,10 R$ 81,60 R$ 82,00 R$ 83,00 – mediana das cotações – termo médio rascunho 15 16 a defesa OUTUBRO – 2011 televisão pode e não pode As telenovelas e seus tabus Por João Rodrigues M uita gente ao ver cenas gratuitas de sexo bem na hora do jantar das crianças pensa que no mundo das telenovelas tudo é permitido. Ledo engano, na verdade, muitos tabus persistem nos capítulos dos nossos folhetins prediletos. Há uma contradição surpreendente entre as cenas mostradas e a linguagem utilizada. O bronco telespectador pode ver cenas que as pornô chanchadas dos anos 1970 sequer ousavam mostrar, mas a linguagem é castiça, censurada mesmo. Na velha pornô chanchanda o palavrão corria solto, falava-se como nos botecos e prostíbulo pornô do Rio saudoso. Nas novelas, onde a linguagem é censurada, usa-se expressões paliativas como “caracas” “filho de uma cadela” ou “vá tomar caju”...Só recentemente o termo “veado” aparece no lugar do genérico “bicha” nos xingamentos homofóbicos. Mas não apenas o português é censurado, existe uma pletora de assuntos – tabus que os melhores folhetins insistem em esconder. São fatos normais no dia a dia do brasileiro, proibidos ao telespectador manipulado. Um tema silenciado é o papel das igrejas evangélicas no Brasil. Ora, sabemos que uns 30% da nossa população professam alguma das muitas seitas protestantes que têm seus pequenos ou grandes templos a cada esquina. Quem é que ignora que uns 90% dos cinemas fora dos shoppings se transformaram em igrejas evangélicas? Apenas a novela “Duas Caras” apresentou uma pequena igreja evangélica na favela da “Portelinha”. Nos capítulos das novelas somente domésticas amalucadas frequentam igrejas protestantes e são sempre roubadas por “pastores” velhacos. Já a Santa Madre Igreja de Roma recebe toda propaganda possível, é frequentada por gente de bem, realizam milagres e uma enxurrada de casamentos nos capítulos finais, ouve-se a marcha nupcial de Mendelsohn com mais freqüência que o hino nacional nas Olimpíadas. É raro um casal juntar-se apenas no civil, isso só acontece com bandidos em fuga. Não sei se a Santa Sé tem algum convênio com a TV brasileira para fazer tanta propaganda. Mais um tabu é a ausência de militares entre os personagens importantes. Lembro de um feito por Edson Celulari na novela “Coisas da Vida”, ele representava um major das Forças Aérea mas a personagem de Ana Paulo Airósio acaba por enche-lo de chifres. Outro tabu é a maçonaria. Na vida real, quem não tem na família um pai ou tio membro desta sociedade? Nas novelas ninguém tem, mas o tema super proibido é o suicídio. Ninguém se mata nas novelas, na vida real é assunto corriqueiro, mas os diretores de telenovelas são kardecistas, fogem do tema como o diabo da cruz. O espiritismo é assunto recorrente, “Eguns” de ronda aparecem mesmo gratuitamente nos folhetins e não assustam ninguém! Durma-se com um barulho (de correntes) desses. E quanto aos hábitos e costumes de nosso dia a dia, recebemos mensagens rígidas de comportamento, a novela diz que está certo por que discutir? Alimentação: só pessoas grosseiras comem carne vermelha, é vulgar pedir um suculento churrasco, gente de bem só come filé de badejo, haddock com salada verde. Tomar vinho é chic e faz bem à saúde. Os novos ricos bebem champanhe o dia todo, já começam no café da manhã, coisa estúpida. Os machões têm direito às suas talagadas de bom whisky mas cachaça, só mesmo para os personagens marginais, na mira da polícia. Agora os jovens já tomam cerveja nas baladas e até mostram o rótulo da marca patrocinadora. E os remédios? Só doentes terminais podem tomá-los. As pessoas curam todos os traumas e conseguem dormir com um chazinho de camomila . Lembro que na novela “Duas caras”, a personagem de Marília Pêra tomava seus “tarjas-pretas” para relaxar, e como castigo teve que transformar-se na mais ativa assistente social e líder político da Portelinha. Outra coisa interessante do folhetim é que ele nos afasta da vida real e acabamos por aceitar todos os absurdos como fatos normais. Um deles é o “Pó de Perlimpimpim” que move pessoas de um de um ponto para o outro da terra sem aeroportos , conexões, passaportes ou filas. Viajava-se do Marrocos para o Brasil em minutos como em uma ponte aérea. Ora, entre o Brasil e o citado país africano sequer existemaa voos diretos, é preciso fazer uma incomoda escala em Paris ou Madrid e a passagem é bem cara. Mas a mentira mais cabeluda é a maneira como se dribla a barreira da linguística. Vive-se num mundo maravilhoso em que a maldição da Torre de Babel não deixou marcas. Na novela “América” um grupo de brasileiros caipiras vai residir em Miami e conversa com americanos como conterrâneos. No folhetim “Caminhos das Índias”, senhoras de pouca cultura do Brasil e do Rajastão batem papo como velhas amigas no fundo do quintal. Uma falante de português outra de Hindi! Para que pudessem conversar, as duas teriam que ser fluentes em inglês, coisa muito rara no Brasil. Apesar de todos esses absurdos, viciamos nas telenovelas, aceitando-as como parte da vida real a ponto de não podermos passar sem elas. Que o Recôncavo Baiano é o berço do samba brasileiro, tendo sido o lugar onde, por volta de 1860, teriam surgido as primeiras manifestações do samba de roda, gênero musical recentemente proclamado como Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. PODE. Ser lembrada apenas na sua musicalidade pelo sucesso de filhos ilustres como Caetano, Bethânia e Roberto Mendes e somente agora, nos 100 anos de Assis Valente. NÃO PODE! … Que a festa da Boa Morte, em Cachoeira, seja uma das mais representativas da ancestralidade africana do Recôncavo Baiano. PODE. Que o Bembé de Santo Amaro, de igual importância histórica e cronológica, seja pouco divulgado e não caiba nos anais da nossa história ancestral. NÃO PODE! … Que a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) tenha campi espalhados pelas cidades de Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Madre de Deus, Amargosa, Cachoeira. e São Miguel das Matas. PODE Que não haja qualquer representação da mesma UFRB no município de Santo Amaro. NÃO PODE! … Entregar a Medalha do Mérito Meio Ambiente Rio Subaé, a personalidades e instituições com relevantes serviços prestados ao meio ambiente conforme Projeto de Decreto Legislativo nº 39/2011, de autoria da Comissão de Meio Ambiente, Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, de Feira de Santana, PODE. Manter apenas na promessa as obras de revitalização das nascentes e de toda a Bacia do rio Subaé. NÃO PODE! … Casal recente viver em aparente harmonia conjugal pode. Ela, alegando consulta medica, viajar toda semana pra Salvador e ter sido encontrada em clima romântico com antigo colega de ginásio no Parque da Cidade, não pode!