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Domingo, 26 de julho de 2015
Raio X
Com toda força na trama das sete
Jorge Rodrigues Jorge/CZN
TV Press
Caroline Abras é do tipo de profissional que gosta de subverter a
ordem e procurar papéis bem distantes de seu cotidiano. Não é à toa
que a atriz conta com uma série
de personagens rústicas e pouco
delicadas em seu currículo, como
o transexual Marcin, no filme “Se
Nada Der Certo”, de José Eduardo
Belmonte. Por isso mesmo, não
foi difícil para a paulistana de 27
anos se aproximar do perfil masculinizado da durona Ximena, de
“I Love Paraisópolis”. “Já tinha essa
portinha aberta e vivido experiências próximas desse universo, com
personagens do submundo e mais
marginalizadas. Contava com uma
bagagem na minha memória. Cheguei a interpretar até uma menina que se travestia de menino para
entrar no tráfico”, explica.
Loura e de olhos claros, Caroline contou com o auxílio da caracterização para incorporar cada vez
Em “I Love Paraisópolis”, Caroline Abras busca
referências passadas para compor a forte Ximena
Circuito Interno
Crônica
Nos mínimos detalhes
Atrás da cortina do entretenimento, as novelas fazem com que
a ficção exponha ao debate temas
reais. Para isso, o autor, que cria a
história e seus personagens, conta
com a ajuda de pesquisadores para
que a trama se torne o mais verossímil possível. Ao lado dos colaboradores e do autor, eles têm papel
fundamental na hora da construção
de uma história, ajudando a destrinchar argumentos específicos
e a problematizar situações reais.
Para “Verdades Secretas”, atual novela das 23 horas, Walcyr Carrasco diz que conhecer o mundo das
passarelas foi fundamental.
Jornalista por formação, o
autor usou de sua experiência como diretor da
revista “Vogue” como material de pesquisa. Glória Perez é conhecida por não usar colaboradores para escrever seus folhetins. Auto-centrada, ela
gosta de decidir detalhes
de cada personagem. No
entanto, não dispensa o
uso de pesquisadores. Julia Laks trabalhou com a
autora em tramas como
“Dupla Identidade”, “Caminho das Índias” e “Salve Jorge”. Com novelas mais
humanizadas, Manoel Carlos também tem o cuidado
de se cercar de pesquisadores antes de dar formato às suas
mais a personagem da trama de
Alcides Nogueira e Mário Teixeira.
Inicialmente, foi sugerido o corte
joãozinho. No entanto, o visual ficaria bastante parecido com o do
filme “Se Nada Der Certo”. No final, a atriz pintou os cabelos de
preto e raspou a lateral da cabeça. “O cabelo louro remete a uma
fragilidade. Deixamos cumprido e
escurecemos para dar uma força
cênica. A lateral raspada foi mais
para chocar mesmo. Tudo isso ajuda no processo de criação e até na
postura do personagem”, afirma
ela, que buscou observar o dia a
dia das meninas de Paraisópolis
para compor a Ximena.
“Gosto de vivenciar a realidade
do papel. Troquei muitas informações com meninas da comunidade
que se assemelhavam com minha
personagem”, completa. Entre seus
projetos para o futuro, a atriz pretende estar atrás das câmeras, dirigindo um filme. (‘’I Love Paraisópolis”, Globo. De segunda-feira a
sábado, às 19h30) histórias. Em “Viver a Vida”, uma
das questões que mais deu trabalho para o autor foi no núcleo de
medicina paliativa. Mariana Torres,
que trabalha com Maneco, conta
que foi diversas vezes ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), localizado no Rio de Janeiro.
A medida para informar a realidade de certas questões e ainda
manter o nível de entretenimento
é complicada. Íris Abravanel, que
escreve para o SBT, sabe bem disso. A autora garante que já chegou
a contar com um time de até oito
pesquisadores. “Não é uma questão
de facilitar meu trabalho ou não.
É de poder ter mais propriedade
na hora de contar uma história”,
diz Ísis. Tramas bíblicas, como as
da Record, também precisam de
um certo rigor na pesquisa. Apesar das histórias, costumes e vestimentas já terem sido retratadas
diversas vezes e estarem no imaginário, outros elementos podem
contribuir para a verossimilhança
do folhetim. Irene Bosísio é a responsável por dar mais detalhes de
“Os Dez Mandamentos”. “São pequenas coisas que aproximam a
história de quem está assistindo”,
conta ela. (T.P.)
Pesquisadores são fundamentais para destrinchar situações reais e contá-las nas novelas
Baile de peruas
Divulgação
Amparada pela força de seus personagens, “Verdades Secretas”
surpreende ao equilibrar arrojo técnico e apelo com o público
O tom popular das histórias
de Walcyr Carrasco são inversamente proporcionais à coerência
de sua dramaturgia. O autor não
tem a pretensão de reinventar “a
roda” ou criar com originalidade. Ele quer mais é saber de entreter e, sobretudo, conquistar a
audiência. E mesmo com alguns
furos e tramas estapafúrdias, sagrou-se como o autor mais requisitado pela Globo nos últimos 15
anos. E se destaca mais uma vez
com “Verdades Secretas”. Os dilemas da modelo Angel,
de Camila Queiroz, vêm acompanhados de um punhado de clichês folhetinescos. A atriz novata, além de uma atuação acima
da média, consegue olhar para
a câmera e conquistar o público.
Sabendo dos riscos de sua aposta e como bom criador de personagens que é, Walcyr acabou
descentralizando sua trama e investiu mais uma fez em tipos femininos. Não existiria melhor papel para Marieta Severo deixar de
vez a fofa Nenê, de “A Grande Família”, do que a oscilante Fanny.
Cafetina sem escrúpulos, e, mesmo assim, recheada de fraquezas,
a agenciadora é um prato cheio
para uma atriz, que protagoniza boas cenas ao lado de Reynaldo Gianecchini e Rainer Cadete.
Correndo por fora, Grazi Massafera é a grande surpresa do folhetim. Com atuação inspirada e
segura, a loura deixa de ser apenas a mulher bonita de atuação
esforçada e faz da viciada Larissa
o ponto de “virada” de sua carreira. Moderna e alternativa, “Verdades Secretas” é um colírio para os
olhos. (“Verdades Secretas”, Globo. Segundas, terças, quintas e
sextas-feiras, às 23 horas). (T.P.)
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