MIL HORTAS NA ÁFRICA – DIRETRIZES 1. Objetivos do projeto Mil hortas na África O projeto prevê a realização de: • Hortas escolares: cultivadas pelos alunos junto com seus professores. Estas hortas têm uma função eminentemente didática. Os produtos podem ser destinados, em parte, para as cantinas, em parte para as famílias dos alunos ou para o mercado. Para um exemplo de hortas escolares, leia a foto-história do projeto Slow Food no Quênia. • Hortas comunitárias: hortas onde os diversos membros da comunidade compartilham trabalho e produtos. Para um exemplo das hortas comunitárias, leia a foto-história do projeto Slow Food na Costa do Marfim. • Hortas familiares, urbanas e periurbanas: parcelas de terra destinadas ao cultivo para uso doméstico. • Outros tipos de hortas poderão ser implementados, após avaliação. As comunidades que já têm uma horta, e que desejam se aproximar do modelo do Slow Food (veja paragrafo 6. Princípios-guia), podem entrar em contato conosco: estudaremos juntos como realizar a horta. As hortas visam valorizar: • o conhecimento de produtos locais • a preservação das receitas tradicionais • o respeito pelo meio ambiente • o uso sustentável de solo e água • a tutela da biodiversidade • o respeito pelas identidades culturais 2. Realizando a horta, se aprende A horta é uma ferramenta importante para a educação. Cada horta tem um conteúdo educativo relevante: cultivar a horta oferece a possibilidade, por exemplo, de melhor conhecer as variedades de hortaliças locais, aprendendo uma gestão sustentável de solo e água, diversificando a própria alimentação, cultivando as matérias-primas segundo métodos que preservam o meio ambiente. Com a horta é possível estudar diversas matérias, graças a seu valor interdisciplinar: a história pode ser relatada através das contaminações gastronômicas, a geografia estudando a origem dos produtos, matemática e geometria são indispensáveis para planejar a horta e calcular o valor esperado da produção, e a aprendizagem de um idioma estrangeiro é muito mais fácil quando se faz referência a uma experiência prática conhecida. Na horta, o trabalho é de grupo, e juntos se aprende mais rapidamente, graças ao intercâmbio com toda a comunidade. Além disto, na horta podem ser desenvolvidas diversas atividades didáticas. As escolas e as comunidades podem organizar, por exemplo, cursos teóricos e práticos de cozinha, para que crianças e jovens conheçam os produtos e as tradições alimentares locais. Podem também ser organizadas degustações dos produtos da horta, festas e outros eventos para comunicar a importância do consumo local a toda a comunidade. 3. A rede das hortas Slow Food na África Todas as experiências das diversas comunidades serão compartilhadas em rede, graças a seminários de formação em nível regional, troca de informações entre todos os participantes por email, encontros das comunidades, etc. Desta forma, as comunidades envolvidas terão a possibilidade de criar uma plataforma comum de troca de experiências e conhecimentos, sobre os temas da sustentabilidade ambiental e o melhoramento dos aspectos nutricionais da dieta das populações. 4. Quem realiza o projeto O projeto destina-se às comunidades do Terra Madre, aos convivia e aos associados do Slow Food, e também aos demais grupos (associações, escolas, organizações..) interessados em participar do projeto. Serão envolvidas todas as camadas sociais, mas sobretudo: pequenos produtores, estudantes e professores e, acima de todos, as mulheres, pois na maioria das vezes são elas que têm a responsabilidade principal da alimentação das famílias. 5. Onde serão realizadas as hortas O projeto será implementado nos países que contam com uma presença já sólida da rede do Slow Food: Marrocos, Egito, Mauritânia, Serra Leoa, Guiné Bissau, Mali, Senegal, Costa do marfim, Cabo Verde, Quênia, Uganda, Tanzânia, Etiópia, Madagascar, África do Sul, Tunísia, Moçambique, Congo, Ruanda. Se estiverem interessados em realizar a horta em outros países, por favor, entre em contato: juntos avaliaremos como desenvolver o projeto. Se em seu país não existir ainda um Convivium, a horta poderia representar o primeiro passo rumo à construção da rede do Slow Food. Para saber se há convivia em seu país, visite o site: www.slowfood.com/international/4/where-we-are 6. Princípios-guia A horta Slow Food é realizada segundo a filosofia do bom, limpo e justo. A filosofia baseia-se na agricultura sustentável aplicada à horta, ou seja uma agricultura que respeite o meio ambiente, culturalmente aceitável, socialmente justa, economicamente rentável. O projeto propõe a horta como ferramenta para se aproximar progressivamente da agricultura sustentável, para conhecer as práticas, utilizando-as de forma responsável. Bom A bondade e a qualidade são, acima de tudo, o resultado dos métodos de produção, que não devem alterar a naturalidade dos produtos da terra. A horta permite: • ter à disposição produtos frescos e naturais, e por isto melhores • obter produtos processados de qualidade (quando houver produtos excedentes) Limpo O meio ambiente deve ser respeitado, e as práticas agrícolas, de processamento, comercialização e consumo, devem ser sustentáveis. Todas as etapas da cadeia agroalimentar, incluído o consumo, devem preservar os ecossistemas e a biodiversidade, defendendo a saúde do consumidor e do produtor. Os princípios-chave de uma horta limpa são: • a defesa e o desenvolvimento dos recursos naturais (solo, ar, água, biodiversidade) • o uso de recursos locais • o uso de substâncias naturais, não químicas, para preservar a fertilidade do solo • a redução do uso de produtos químicos sintéticos nas hortas onde já são utilizados, para chegar, pouco a pouco, a uma agricultura sustentável sem uso de produtos sintéticos que podem prejudicar o meio ambiente ou a saúde de agricultores e consumidores. • A regeneração e preservação dos recursos • a reciclagem dos nutrientes • a manutenção da vitalidade do solo, graças à sinergia e interação entre vegetais, animais e solo, e graças à rotação dos cultivos • a recuperação, a preservação, a multiplicação e o uso de sementes locais • a diversificação dos cultivos a abordagem adotada prevê várias parcelas-modelo, dentro das quais vai haver uma rotação, em termos de tempo e de espaço, de hortaliças, pomares, plantas aromáticas e medicinais, plantas tintórias, plantas úteis para o controle dos parasitos dentro da parcela, plantas para adubação verde, árvores florestais para a produção de madeira e, eventualmente, pequenos animais. Justo A justiça social depende das condições de trabalho, que devem respeitar o ser humano e seus direitos, e que devem gerar uma gratificação apropriada; da prática da solidariedade; do respeito pelas diversidades culturais e pelas tradições; A horta: • é uma experiência comunitária que muitas vezes aproxima gerações diversas e contextos sociais diversos (por ex.: professores, alunos e agricultores) • fortalece as organizações sociais em nível local • promove os conhecimentos e as competências dos agricultores, de modo a melhorar a sua autonomia, autoestima, saúde e alimentação • favorece uma soberania alimentar, em harmonia com o mercado os produtos da horta podem ser destinados a usos diversos: são recursos alimentares e econômicos importantes para quem cultiva a horta (autoconsumo); permitem trocas com parentes, vizinhos, etc.; garantem alimentos para as cantinas escolares; podem, em parte, ser vendidos diretamente (venda direta local de produtos frescos e processados, ou de produtos cozinhados na rua) • têm elementos escolhidos em função dos conhecimentos locais, sua adaptação às condições de clima e terreno, e do modelo de consumo das populações locais Todos estes princípios podem ser resumidos no conceito de agroecologia, que integra os conhecimentos tradicionais com os modernos conhecimentos técnicos, visando realizar sistemas sustentáveis. Saiba mais Elisabetta Cane Coordenação de comunicação, doações, coleta de fundos Fone: +39 0172 419 756 [email protected] Marta Messa Coordenação operacional e técnica Fone: +39 0172 419 767 [email protected]