Carlos Henrique Siqueira de Carvalho Embrapa Café/Fundação Procafé Espécies de Café • 105 espécies conhecidas • Espécies de Importância Comercial: - Coffea arabica: 65% (Café arábica) - Coffea canephora: 35% (Café robusta) Espécies silvestres de maior importância C. liberica C. dewevrei C. stenophylla C. congensis C. racemosa C. salvatrix C. kapakata C. eugenioides Provável origem de Coffea arabica Coffea eugenioides x Coffea canephora 2n = 22 (diplóide) 2n = 22 (diplóide) Coffea arabica 2n = 44 cromossomos Alotetraplóide ORIGEM DE Coffea arabica Diplóide A Diplóide B Coffea eugenioides Coffea canephora 2n = 2x = 22 2n = 2x = 22 Gametas Híbrido Gametas Alotetraplóide Coffea arabica 2n = 2x = 44 Histórico do Melhoramento Genético do Cafeeiro no Brasil - 1727: Introdução Típica (cultivada 250 anos) - 1859: ‘Bourbon Vermelho’ (Ilha de Reunião) - 1887: Criação do IAC (D. Pedro II) e do Programa Café - 1896: Introdução da Cultivar ‘Sumatra’ - 1932: Início Melhoramento do Café no IAC (Dr. Krug) - 1935: Início Trabalhos Dr. Alcides Carvalho - 1954: Início Programa de Resistência à Ferrugem no IAC Dr. Alcides Carvalho Nascimento: 20/09/1913 Local: Piracicaba, SP IAC = 1935 até 1993 (58 anos) Histórico do Melhoramento Genético do Cafeeiro no Brasil - Surgimento de Cultivares oriundas de mutações naturais: • Amarelo de Botucatu, Maragogipe, Bourbon Amarelo, Caturra Vermelho e Caturra Amarelo. - 1943 a 1952: Seleção da Cultivar Mundo Novo • Oriunda do cruzamento natural Bourbon Vermelho x Sumatra - 1949: Cruzamento Artificial Caturra Amarelo x M. Novo • Resultou no Lançamento da Cultivar Catuaí (1972) Histórico do Melhoramento Genético do Cafeeiro no Brasil - Início anos 1970, após constatação da ferrugem no Brasil, outras Instituições de Pesquisa: UFV, Epamig, UFLA, IBC (Fundação Procafé), IAPAR passaram a desenvolver seus próprios programas de melhoramento. Métodos de Melhoramento 1. Introdução de cultivares 2. Seleção de plantas individuais com teste de progênies ou seleção de linhas puras 3. Hibridação 3.1. Métodos de condução das populações segregantes: - Genealógico - Retrocruzamentos - Seleção Recorrente Métodos de Melhoramento 4. Híbridos F1 Simples ou Complexos (Clones) 5. Aproveitamento de Mutações Naturais Cortesia: Fazuoli Principais Parâmetros de Seleção Alem da resistência à ferrugem, são priorizadas a produtividade e o vigor. O porte baixo das plantas. Resistências complementares, a Phoma, nematóides, estiagens e Pseudomonas. Maturação diferenciada. Qualidade dos frutos/grãos e bebida. BM, Melhoramento para resistência à ferrugem APARECIMENTO DA FERRUGEM NAS REGIÕES CAFEEIRAS DO MUNNDO CIFC Portugal 1955 Fonte: Várzea (2005). IMPORTÂNCIA DA RESISTÊNCIA À FERRUGEM Cultivar Suscetível Cultivar Resistente A grande maioria das cultivares resistentes cultivadas em todo o mundo são derivadas de: Híbrido de Timor (C. arabica x C. Canephora) (1918) Ilha do Timor Caturra x HDT CIFC 832/1 – Catimor – Oeiras, Palma II Villa Sarchi x HDT CIFC 832/2 – Sarchimor – Arara, Obatã Caturra x HDT CIFC 1343 – Catimor “var. Colômbia” Catuaí x HDT CIFC 2570 – Paraíso, Sacramento, etc ICATU (C. arabica x C canephora – IAC) Catucaí, IPR 103 Catindu (Caturra x Seleções Indianas - SH3) Saíra, IPR A resistência à ferrugem em cafeeiros é condicionada por genes (SH) SH1, 2, 4, 5 – C. arabica SH 3 - C. liberica SH 6, 7, 8, 9 - C. canephora Os genes de virulência (v) em H. vastatrix são inferidos pela aplicação do conceito de gene-agene de Flor Teoria do gene-a-gene de Flor Para cada gene condicionando a resistência na planta, há um correspondente gene de virulência no agente patogénico. Interação cafeeiro - ferrugem interação Cafeeiro Ferrugem SH1 - SH 9 v1 - v 9 Genes de resistência Genes de virulência Susceptível Resistente Teoria do gene-a-gene de Flor Exemplo: Ferrugem v5 Cafeeiro Não virulenta v 1,v5 Não virulenta v 3,v5 Não virulenta v 2,5 virulenta SH 2,5 v1,v3,v4,v5,v6,v7,v8,v9 Não virulenta v1,v2,v3,v4,v5,v6,v7,v8,v9 virulenta Cortesia: Várzea A perda de resistência nas cultivares de cafeeiro deve-se ao aparecimento de novas raças fisiológicas O que são raças fisiológicas? Novas raças. Como se originam ? Mutação - Pressão seleção Cultivares resistentes SH 2, 3, 4, 5 - “de degrau em degrau” as Passo a passo as ferrugens adquirem ferrugens adquirem novos novos genesgenes de virulência de virulência v 1, 2, 3,4, 5 SH1, 2, 3, 5 - v 1, 2, 3, 5 SH 1, 2, 5 - v 1, 2, 5 SH1, 5 Catuaí, Mundo Novo SH5 - v 1, 5 v 5 – Raça II Na Índia foram caracterizadas muitas raças fisiológicas de ferrugem Possível explicação para este fenômeno Os genes de resistência SH simples ou associados encontram-se “pulverizados” por todos os campos cafeeiros Neste país foram criados “muitos degraus” e a ferrugem tem a “vida facilitada” NO BRASIL AS CULTIVARES ESTÃO TAMBÉM PERDENDO A RESISTÊNCIA À FERRUGEM. CATIMORES QUE PERDERAM PARTE DA RESISTÊNCIA: Oeiras, Sabiá Tardio, Palma I, Palma II SARCHIMORES QUE PERDERAM PARTE DA RESISTÊNCIA: Obatã, IPR 99, Outros derivados de Híbrido de Timor: Paraíso, Sacramento, Derivados de Icatu: Catucaí, IPR 103 Será possível retardar ou impedir o aparecimento de novas raças de ferrugem ? Como ? tentar evitar o efeito “de degrau em degrau” Como aumentar a probabilidade de desenvolver uma cultivar que tenha resistência à ferrugem mais duradoura? 1) Piramidar genes de resistência (SH1 a SH9, SH? 2) Criar a maior diversidade genética possível entre as plantas. RESISTÊNCIA AO BICHO-MINEIRO • Originária de cruzamento entre C. racemosa e Blue Mountain, obtido pelo IAC. • Trabalhos em andamento no IAC, Fundação Procafé e IAPAR. • Foi cruzada com Catimor 417 para adquirir resistência à ferrugem. • Atualmente se encontra em geração F5, mas ainda segrega para algumas característica importantes. • Na Fundação Procafé essa população recebeu o nome de SIRIEMA C. racemosa Siriema Catuaí Catuaí Siriema Siriema: resistência ao bichomineiro e à ferrugem e tolerância à seca. Super precoce. Cultivares clonais • As mudas possuem as mesmas características genéticas da planta matriz • É possível a utilização de plantas híbridas e de plantas que ainda não podem ser propagadas por sementes. • Plantas híbridas produzem cerca de 40% a mais. • É mais reunir várias características de interesse, em uma cultivar, como resistência à ferrugem, ao bichomineiro e a nematóide e alta produtividade. • Reduz de 30 para 10 anos o tempo para a obtenção de uma nova cultivar. Seleção de Plantas Matrizes de Café Arábica •Fundação Procafé: •Resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem •Alta produtividade •IAC: •Resistência ao bicho-mineiro e a nematóide •Baixa cafeína •IAPAR: Alta produtividade, resistência ao bichomineiro •Epamig: •Plantas superiores Produção de frutos de clones Siriema produzidos por embriogênese somática, avaliados de 2010 a 2012. Varginha, MG. Produção (sacas beneficiadas/ha) Genótipo 2010 2011 2012 Média 27,89 Clone 1 12,52 19,63 51,50 37,35 Clone 3 17,22 26,53 68,30 33,44 Clone 5 16,57 26,15 57,61 29,78 Clone 12 15,62 24,65 49,06 30,24 Clone 13 11,73 18,08 60,91 30,68 Clone 14 13,70 21,10 57,24 32,18 Clone 18 18,00 29,89 48,64 35,25 Catucaí Amarelo 2SL 20,18 32,75 52,81 PLANTAS MATRIZES COM RESISTÊNCIA À FERRUGEM PRODUÇÃO ANUAL (Kg/planta) Planta Matriz 1º 2º 3º 4º Média % 14 0,50 5,80 8,80 5,30 5,10 144 15 0,35 5,20 5,80 5,30 4,16 117 16 2,00 6,80 13,50 6,00 7,08 199 17 0,95 9,10 13,00 6,30 7,34 207 18 1,95 6,20 12,00 3,80 6,0 169 19 2,70 9,20 10,90 4,40 7,90 223 Catuaí 0,50 4,80 4,60 4,30 3,55 100 Propagação de café por embriogênese somática Explantes foliares Indução de calos Calos embriogênicos Crescimento de calo em meio líquido Folhas no lab Regeneração de embriões Plãntulas in vitro Mudas prontas para plantio Planta matriz Embriões em estádio cotiledonar plantados em substrato. Crescimento dos embriões em biorreator Aumento de produtividade como resultado do melhoramento Kg de café beneficiado/ha/ano 2500 380 % 2000 1500 1000 500 0 Típica Mundo Novo Adaptado de Carvalho, 1981 Cultivares de Café Arábica Desenvolvidas no Brasil - 123 Cultivares Registradas no RNC/MAPA: • 52 Susceptíveis à Ferrugem • 71 Resistentes à Ferrugem - Catimor: Oeiras, Katipó, Sabiá (Catimor x Acaiá), Outras. - Sarchimor: Iapar 59, IPR 97-98-99-104-107-108, Obatã, Tupi, Tupi RN, Arara, Acauã (M. Novo x Sarchimor), Sarchimor MG8840, Outras. Cultivares com Características Especiais Alta capacidade produtiva Arara, Catucai amarelo 24/137, Sabiá e Acauã novo. IPR 103, Obatã (irrigado) Alta resistência à ferrugem Acauãs, IBC-Palma, Arara, Japi, Tupi, IPR 99, Obatã, Paraíso, Sacramento, ... Resistência à Phoma Catucai 2SL, 20-15 c 479, Japi, Palma 2, IPR 103 Resistência a M exigua Acauã, Acauã novo, Catucaí 785-15, Tupi RN IAC 125, Paraíso Resistência a Pseudomonas Catucai Vermelho 20-15, IPR 102 (Catucaí) Resistência a M. paranaensis = IPR 100 Tolerância a seca e calor = Acauã, Palma 2, Azulão Resistência ao bicho-mineiro, ferrugem e tolerância à seca = Siriema Maturação diferenciada Precoces: CatucaÍ 785-15, Siriema Tardios: Acauãs, IBC-Palma, Arara, IPR 103 Bebida especial = Catiguá MG 2 Muito obrigado!