nome da seção Título da matéria novembro 2011 o visconde 3 editorial Novo Ano, Velhas Discussões Na primeira edição do ano, O Visconde traz uma entrevista inédita, na página 14, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC fala da política e da falta de participação do jovem nesse tema, traçando comparações históricas e comentando os obstáculos para este envolvimento. Gestão 2013. Na sessão CAVC Fala, página 10, a Gestão Ethos, eleita em novembro de 2012, explica quais são as funções de um Centro Acadêmico, expõe alguns de seus projetos para o ano, fala da construção da Nova Vivência e dos debates que estarão em pauta neste ano na USP: as cotas sociais e raciais, as eleições para reitor e a democracia na Universidade. USP em férias. Durante as férias, uma série de acontecimentos importantes ocorreram na Universidade. Primeiro, logo em dezembro, a comunidade recebeu a notícia da demolição do Canil pela reitoria, trazendo à tona a discussão fundamental sobre os espaços estudantis. Em janeiro, o Ministério Público Estadual suspendeu, pela terceira vez, o edital de licitação da iluminação da USP, mantendo as ruas da Cidade Universitária às escuras e elevando mais ainda as críticas sobre a lentidão da reitoria em resolver um problema que afeta diretamente a segurança dos frequentadores do campus. E, em fevereiro, o Ministério Público Estadual surpreendeu a comunidade universitária ao denunciar os 72 estudantes que ocuparam a reitoria em 2011 por crimes como formação de quadrilha e posse de explosivos. Todos esses acontecimentos estão explicados, com mais detalhes, na sessão Acontece na USP, página 6. março 2013 o visconde 3 Recepção dos Calouros. Em especial nesta edição, contamos como foi a Matrícula da FEA, realizada dia 18 de fevereiro, e a opinião de pais e bixos sobre o evento, na página 18. Além disso, o Viscondata, órgão de pesquisa de opinião da FEA criado pelo CAVC, realizou uma pesquisa sobre o perfil do ingressante, na página 9, na qual bixos responderam questões relacionadas à qual entidade que mais despertou interesse e se a matrícula foi feita na sua primeira opção de curso. Perspectiva para 2013. O ano na Universidade começou com uma série de debates e polêmicas e, ao longo de 2013, outros temas entrarão em pauta. Na FEA, as questões universitárias devem ser debatidas para que o FEAno possa se posicionar. O Conselho Editorial d’O Visconde, formado por 4 o visconde março 2013 membros do CAVC, compromete-se a tornar esses debates acessíveis à comunidade, trazendo assuntos como a questão das cotas e da democracia na Universidade. Além disso, também daremos atenção aos assuntos em pauta na mídia nacional referentes à política, economia e finanças. O Visconde é o jornal dos estudantes da FEA e é um espaço aberto ao debate e às opiniões dos alunos. Por isso, esperamos o seu texto sobre política, economia, negócios, atualidades, música, cinema, futebol ou gastronomia! Ou, se quiser participar mais ativamente com ideias para sessões, imagens, poesias e textos, venha nas reuniões abertas, que serão divulgadas pela página d’O Visconde no Facebook e nos murais do CAVC. O Visconde é do FEAno, para o FEAno. Sumário Acontece na USP - página 6 Demolição do Canil durante as férias TCE suspende edital de iluminação Ministério Público denuncia estudantes Viscondata - página 9 CAVC Fala - página 10 O que 2013 reserva para os FEAnos? Expediente Conselho Editorial Bruna Mirelle Carolina Munhão Debora Feitosa João Victor Peterossi Farias Marilia Pereira Samanta Oliveira Imbimbo Sofia Pavesi Editoração Eletrônica Agenda cultural - página 12 Brasil e Daí - página 14 Entrevista com Fernando Henrique Cardoso Impressão Matrícula FEA USP - página 18 Pérolas - página 20 Espaço Aberto A saga de um cabeludo... - página 22 Apreciação crítica - página 24 Calourada Unificada - página 26 Massa de radicais livres - página 28 Denúncia - página 30 Prestação de Contas - 32 Sobe e Desce - página 34 Cruza no Visconde! - página 36 Intercambista - página 37 Lady Say - página 38 Os textos da seção Espaço Aberto são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não refletem a opinião do Centro Acadêmico. acontece na usp Reitoria surpreende com a demolição do Canil durante as férias No dia 21 de Dezembro, véspera do recesso de Natal, a comunidade universitária foi surpreendida com a notícia de que o espaço conhecido como “Canil” havia sido demolido. O “Canil” era uma estrutura de concreto localizada na área externa da ECA que, durante mais de 6 anos, serviu de núcleo livre de criação artística e cultural para os alunos de toda a Universidade, com atividades e eventos semanais. Cabe lembrar que, em Novembro de 2010, o mesmo espaço sofreu uma tentativa de demolição que foi interrompida pelos estudantes presentes no momento, e a repercussão da tentativa veio em nota pública da Congregação da ECA sobre o assunto. Este comunicado informa que a demolição não estava relacionada com a Nova ECA ou seu projeto, e que a Unidade sequer havia sido informada a respeito da demolição. Na nota, a Congregação da ECA pede que o “órgão responsável em questão suspenda a referida demolição, ao mesmo tempo que abra negociação a respeito com os estudantes”. Na época, o Centro Acadêmico Lupe Cotrim (CALC), dos alunos da ECA, manifestou temor de que o espaço fosse demolido durante as férias, “quando os alunos teriam menos força para impedir” - o que acabou por se concretizar no fim do mês passado. Nota-se que não apenas os estudantes, mas toda a administração da ECA foi surpreendida pela decisão de parte dos órgãos administrativos da Universidade. Os órgãos responsáveis fizeram uma clara opção, portanto, de 6 o visconde março 2013 agir em discordância e sem qualquer tipo de consulta ou debate com a comunidade afetada, mesmo após o pedido da Congregação da ECA de que fosse aberta negociação com o corpo discente. O CAVC foi em busca de justificativas oficiais sobre o assunto junto à reitoria, sendo informado de que o órgão responsável seria a Superintendência do Espaço Físico da USP (SEF). Por intermédio da Ouvidoria da USP, a SEF esclareceu que a demolição do “Canil” consta no planejamento da obra de recuperação e expansão da Antiga Reitoria, prédio que voltará a ser utilizado para fins da instalação dos órgãos da Reitoria. Isso porque a área limítrofe da Antiga Reitoria, onde o “Canil” se localizava atualmente, sediará o novo espaço físico do Conselho Universitário. Segundo o Superintendente Prof. Dr. Antonio Massola, “foi efetuada a licitação das obras de reformas da edificação [o prédio da Antiga Reitoria], tendo estas sido iniciadas em janeiro de 2012, e encontram-se, portanto, em sua fase de finalização. Com referência às obras do Conselho Universitário, estas foram licitadas e o início das obras se dará agora em janeiro de 2013.” A demolição do “Canil”, no entanto, se deu sem diálogo, sem negociação. Não houve qualquer tipo de compensação à comunidade afetada. O importante pólo de criação cultural ali localizado foi desconsiderado e a demolição se deu em época inadequada e sem aviso prévio, levantando suspeitas sobre as reais intenções dos órgãos da Universidade. acontece na usp TCE suspende edital de iluminação pela terceira vez O debate sobre o atual sentimento de insegurança na Cidade Universitária deu inicio em 2011, com a morte do estudante da FEA-USP, Felipe de Paiva. A principal causa apontada para essa insegurança, por todos os frequentadores do campus Butantã, seria a iluminação extremamente precária. Como maneira de resolução eficaz desse problema, iniciou-se a discussão sobre um projeto do novo sistema de iluminação. A licitação para esse projeto foi lançada em maio de 2011 e já em julho, a empresa vencedora havia apresentado o plano geral. Tudo indicava que em 2012 toda a instalação já estaria pronta, mas o edital acabou sendo suspenso seguidas vezes. Basicamente, o plano abrangia uma instalação de 7 mil novos pontos (mais que o dobro do atual), dotados de lâmpadas com maior tecnologia. Do ponto de vista econômico, essa nova tecnologia diminuiria o consumo de eletricidade de 10 a 15%, mesmo com o aumento dos pontos. O Edital foi cancelado três vezes seguidas. A primeira vez, em maio de 2012, o Tribunal de Contas do Estado, TCE, concordou que havia provas de “direcionamento a uma única fabricante”. Na seção do edital que especifica o material técnico da obra, a USP exigiu, das concorrentes, luminárias equipadas especificamente com um mecanismo que privilegiaria apenas uma empresa. Para os advogados, que pediram a interrupção da concorrência, esse critério é injustificável já que “há no mercado outras marcas que possuem equipamentos similares e atingem o mesmo resultado buscado pela administração”. Na ocasião, a USP se adiantou e revogou o edital, publicando uma nova versão no mês seguinte. A nova versão foi também questionada, pois o texto exigia luminárias de potência superior ao aceito pelas normas. Em setembro, o TCE julgou o mérito das decisões e confirmou que o processo restringia a concorrência e era irregular. O TCE suspendeu pela terceira o processo de licitação em janeiro de 2013, alegando a suspeita de “venda casada”. Ainda haveria um erro no cálculo global, considerando o custo superestimado em R$62 milhões. Em relação à venda casada, segundo o edital, quem vencesse a concorrência ficaria obrigado a comprar a antiga rede de iluminação pública do campus. Postes, luzes e a sucata substituída deveriam ser adquiridos pela empresa. Segundo informações da reitoria dadas ao jornal Estadão “a questão da venda casada será esclarecida pela Universidade ao TCE, pois se trata de prática legal do mercado, utilizada até por outros órgãos públicos. Em relação aos preços da licitação, a nota diz que isso não foi considerado para a suspensão do edital. Acrescente-se que a representante da empresa estava com uma planilha de preços desatualizada” Apesar disso, o TCE entendeu que o texto do edital da concorrência apresentava “indícios de ameaça ao interesse público” e, por essa razão, decidiu determinar “a imediata paralisação” do processo. Por isso, mesmo em 2013, não há previsão para entrega dessas instalações. acontece na usp Ministério Público denuncia estudantes Em novembro de 2011, 72 estudantes, funcionários e manifestantes ocuparam a reitoria da USP após três alunos da Geografia serem detidos pela Polícia Militar em um estacionamento da Universidade. A ocupação foi um mov imento político contra a presença da PM no campus e a v iolência policial. O grupo permaneceu no prédio durante 8 dias mesmo após ordem judicial, até que a Tropa de Choque da PM, com um grande efetivo acompanhado da cavalaria e helicópteros para dar suporte a operação, cumpriu a reintegração de posse. No laudo, policiais afirmaram que móveis e partes do prédio foram danificados e que hav ia pichação, ex plosivos e líquidos inflamáveis no local. A finalização do processo administrativo para esse incidente foi anunciada no dia 8 o visconde março 2013 31 de janeiro de 2013, com base no regime disciplinar da USP. A punição definida foi a suspensão, de em torno de 5 a 15 dias, dos estudantes envolv idos. No dia 5 de fevereiro desse mesmo ano, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou as 72 pessoas envolv idas por cinco crimes: formação de quadrilha, posse de ex plosivos, dano ao patrimônio público, desobediência e crime ambiental por pichação. Os crimes podem render penas de até sete anos de prisão. Os estudantes ouv idos disseram que é ev idente a criminalização dos mov imentos sociais e políticos dentro da Universidade, que a denúncia é um ataque histórico ao mov imento estudantil e que não houve crimes durante a ocupação. Não há comentários da Universidade sobre o ocorrido. março 2013 10,5% 7,9% 9,6% 4% 5% 8% 19% 6% 17 (16%) 18 (41%) 19 (19%) 20 (8%) 21 (6%) 22 (5%) 24 (4%) 26 (1%) 5,3% 5,3% 8,8% 4,4% 0,9% 6,1% 9,6% 31,6% o visconde FEAdebate (0,9%) Bateria (4,4%) Cursinho (5,3%) CAVC (10,5%) AAAVC (9,6%) AIESEC (7,9%) PET (5,3%) PESC (8,8%) FCC (6,1%) Liga de Mercado (9,6%) FEA Junior (31,6%) Entidade que pretende entrar 41% 16% 1% Idades Amostra: 75 alunos 12% 39% 9% 79% Não Outros estados Interior Grande São Paulo Cidades 61% Sim Primeira opção de matrícula O Perfil do Novo FEAno viscondata 9 cavc fala O que 2013 reserva para os FEAnos? O Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC) foi fundado em 1946, como a entidade máxima de representação dos alunos da FEA USP. Desde então, mudanças profundas ocorreram na Faculdade e na sociedade em geral, mas os dois objetivos do CAVC permanecem inalterados. Primeiro, dar coesão, unidade e força institucional à opinião dos estudantes de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP. Segundo, fornecer apoio às iniciativas estudantis que busquem melhorar e complementar a formação pessoal e profissional dos alunos, valorizando o senso crítico, a pluralidade de ideias e a pró-atividade em defesa de interesses coletivos. O ano de 2013 exigirá forte e constante manifestação por parte dos estudantes da FEA USP, em torno das mais diversas questões. Em nível nacional, é imediata a discussão sobre cotas sociais e raciais 10 o visconde março 2013 nas Universidades, debate no qual a USP possui papel de protagonista, o que motivará discussões em todas as unidades USPianas, incluindo professores e funcionários. No fim do ano haverá eleições para Reitor, em meio a crescente polêmica acerca da estrutura de poder nas Universidades e crescente insatisfação de parte do corpo discente com o atual ocupante do cargo, João Grandino Rodas. Dado que a situação precária da segurança na USP, que culminou no trágico assassinato de um de nossos alunos há mais de 1 ano, continua inalterada e o edital de iluminação continua sem definição (ver página 7), é dever dos alunos pressionar a USP para que medidas sejam tomadas para evitar novos incidentes. Internamente, teremos uma renovação considerável do corpo de professores, envolvendo inclusive alterações curriculares em diversos cursos, discussão em que o envolvimento dos alunos é absolutamente essencial – e é papel do Centro Acadêmico realizar o intermédio entre alunos e professores neste assunto. Nesta e muitas outras discussões, é fundamental que os alunos posicionem-se, tomem partido de forma consciente e informada – contando, inclusive, com as atividades de debates e discussões que ocorrerão ao longo do ano -, para que o CAVC conheça e represente plenamente a vontade de seus associados. Ainda, teremos este ano a construção da Nova Vivência do CAVC, cujo projeto foi divulgado no último Visconde de 2012 (disponível online) e cuja recuperação será uma grande conquista dos alunos, o que exigirá do CAVC cobrança e fiscalização constantes para que as obras caminhem dentro das condições esperadas de qualidade e de prazo de conclusão. Em breve, teremos notícias mais objetivas acerca de cronograma das cavc fala obras e planejamento para a construção - até lá, a sala 14 do FEA-5, no térreo, será o espaço de convivência para os alunos, com computadores, televisão, videogame, puffs, sofás, etc. Pretendemos utilizar também, ainda no começo do ano, a área externa localizada atrás do mesmo prédio para colocar mesas, cadeiras e redes, afim de recriar um ambiente agradável para os estudantes enquanto a Nova Vivência não é concluída - a faculdade já sinalizou que a utilização do espaço será permitida. Sobre as atividades previstas para 2013, já temos diversas definições importantes. Começaremos o ano fornecendo aos alunos uma das melhores Aulas Magna da história da FEA, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reproduzindo nesta edição a entrevista realizada com o mesmo (ver página 14) no fim do ano passado. Trazer para a FEA uma das personalidades mais importantes da história econômica recente do Brasil será, sem dúvida, a melhor forma possível de recepcionar os ingressantes, deixando claro também que muitas das características que tornam a USP um centro de excelência no ensino ocorrem fora das salas de aula - é papel do aluno buscar essas oportunidades e saber aproveitar ao máximo o que a Universidade tem a oferecer. O CAVC ainda contará com o seu tradicional curso de Idiomas – agora com a nova unidade Medicina, na FMUSP, ao lado da estação Clínicas do Metrô -, colaborando para a crescente internacionização dos FEAnos e USPianos. O curso de Excel/PowerPoint também será continuado, preparando os alunos interessados para o mercado de trabalho com uma das ferramentas mais utilizadas atualmente. Teremos também, é claro, as célebres festas do CAVC, começando com o Saint Patricks ainda em Março, passando pelo FEA Funk, Tequilada e, claro, a G4 - e isso apenas no primeiro semestre! Palestras sobre os mais diversos assuntos relacionados à FEA e à USP continuarão ocorrendo, começando (além do FHC) com o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, e prosseguindo para outros eventos que tornem mais rica a experiência universitária dos alunos. Os projetos serão organizados sempre de uma forma aberta, que possibilite participação e envolvimento de todos os alunos interessados; não hesite em entrar em contato! Para que todas as atividades e esforços do CAVC façam sentido, é preciso que o corpo estudantil interaja com os projetos do Centro Acadêmico. Críticas e sugestões não são apenas bem-vindas, mas também essenciais para o bom funcionamento e contínua melhoria do CAVC. Acima de tudo, porém, a nossa sugestão aos ingressantes e veteranos é: envolvam-se com a FEA e com a USP. Um dos diferenciais da nossa faculdade é o que ela oferece para além da sala de aula. E, por parte do Centro Acadêmico, tenham a certeza de que faremos tudo o que for possível para que 2013 seja um ano excelente para toda a comunidade FEAna. Centro Acadêmico Visconde de Cairu Gestão 2013 março 2013 o visconde 11 agenda cultural Agenda Cultural Exposição sobre arte na Igreja Católica Exposição sobre marcos da Igreja Católica na arte e na fé, é isso que a exposicão “Esplendor do Vaticano - Uma jornada através da arte e da fé” apresenta através de 200 objetos que, em sua maioria, nunca saíram do Vaticano. Até dia 31/3. Onde: Oca do Ibirapuera Informações: Entrada das 10h às 19h, R$20 (Entrada inteira) Encenação da Peça Édipo Rei A tragédia grega escrita em 427 a.C. por Sófocles, um dos mestres da tragédia grega, narra a luta de um herói contra o destino inexorável. Até dia 31/3. Onde: Sesc Belenzinho Informações: Sextas e Sábados às 21h30 e Domingo às 18h30. R$24 (Entrada inteira) Mostra reúne todos os filmes de Tarantino Além de todos os filmes, a mostra ainda vai exibir alguns filmes que inspiraram a sua obra e filmes e séries em que Tarantino participou, como Sin City e E.R. Onde: CCBB e Cinusp Informações: de 20/2 a 17/3 no CCBB e de 25/2 a 15/3 no Cinusp. R$4 (Entrada inteira) 12 o visconde março 2013 agenda cultural Exposição reúne fotos de bandas paulistas Nessa exposição estão reunidas fotos e capas de bandas como Sá Rodrix e Guarabyra, Rita Lee e Tutti Frutti do período que talvez tenha sido o mais próspero artisticamente no Brasil. Até dia 10/3. Onde: Sesc Belenzinho Informações: Terça a sexta das 10h às 21h e domingos e feriados das 10h às 18h. Grátis Mario de Andrade é tema de programação especial O autor Mário de Andrade é homenageado com o projeto “Mário de Andrade: Paisagens do Brasil”. São shows, clube de leitura, oficina do projeto de Valorização Social, contação de histórias e uma intervenção literária. As atividades vão até maio. Onde: Sesc Vila Mariana Informações: Terça a Sexta das 9h às 21h30, Sábado das 9h às 20h30 e Domingo das 10h às 18h30. Grátis. Mostra sobre artista perseguido pelo regime chinês fotos: divulgação O artista contemporâneo foi preso pelo regime comunista e libertado em junho deste ano. Conhecido por utilizar esculturas, fotografias e instalações para chamar atenção para supostas injustiças cometidas pelo regime chinês, em seus perfis em redes sociais, Ai Weiwei também costuma clamar por mais democracia e transparência em seu país, a China. Onde: Mis Informações:Terça a Sabado: 12h às 21hrs, Domingo das 11 às 20hrs. R$6 (Entrada Inteira) março 2013 o visconde 13 brasil e daí Entrevista com Fernando Henrique Cardoso No dia 29 de Novembro de 2012, a aluna de Economia, Laura Marsiaj Ribeiro, e o aluno e diretor do CAVC, João Moraes Abreu, entrevistaram o presidente Fernando Henrique Cardoso, no instituto que leva seu nome, focando no tema 'política e a juventude'. Na página 28 desta edição, temos também o texto “Massa de radicais livres”, escrito pela Laura com base na entrevista. Na mesma ocasião, foi feito o convite para que o FHC ministrasse a Aula Magna 2013 da FEA USP - convite este que foi aceito, em uma grande conquista do CAVC para os ingressantes da faculdade deste ano. Segue a entrevista realizada com esta que é, sem dúvida, uma das maiores figuras da história brasileira: De que maneiras um jovem hoje pode participar na Política? Quais os caminhos a seguir e quais as dificuldades? negócio de droga. Se os partidos fogem desses temas, falta o caminho para os partidos. Quando o senhor era jovem, o que almejava fazer? Quais eram seus objetivos? Para começar, o que se chama de Política hoje é o jogo partidário, a relação dos partidos e do Congresso. O jovem não se interessa. Não só os jovens, a maior Minha família está metida nesse negócio de polítiparte da sociedade não se interessa. Então, passa a ha- ca há mais de cem anos. Meu bisavô já era governador ver uma fragmentação em que as pessoas só pensam de Goiás, meu avô, meu pai... Para mim, o Estado, o na “política” na eleição, e veem o que está acontecen- Poder, não era uma coisa distante. Eu não tinha nada do com espanto, porque o que veem nos jornais é cor- a ver com isso. Meu pai era militar, era General, enrupção, é desmando. Como você tão a certa altura eu quis ser militar, vai querer que o jovem se interesse mas desisti logo. Depois, eu quis “A política está virando de pela política? massa, precisa ser escandaloso ser engenheiro, advogado ou méPor outro lado, política não é dico, porque naquela época era o para aparecer.” só isso. Política é praticamente que se tinha de escolha. Até que, tudo, é a vida – são decisões, é o ordenamento, de- por acidente, eu encontrei alguém que me abriu o cacisão do que pode ser isso ou aquilo. Então, há uma minho para ir fazer uma coisa que eu não sabia o que contradição entre o desinteresse e o fato de era: Ciências Sociais. O que eu queria fazer era estuque, interessado ou desinteressado, o dar e ser professor. Nunca pensei em fazer carreira jovem sofre as consequências da política. Eu escrevi um livro em inglês chamado “The política. Então é melhor estabe- Accidental President of Brazil”. Não é mentira. Foi por acaso. Eu não estava destinado. Não só não existe uma lecer algum elo nisso. O que o jovem quer? O jo- destinação como eu também não tinha me preparavem quer saber da educação do, no sentido específico, para ter vida política. Eu me dele, quer saber se tem uma preparei para ser um professor, ser um pesquisador, profissão, quer saber se a esco- porque eu tive sucesso – quando eu tinha 37 anos, la funciona, tem medo de ser já era professor catedrático, titular na USP e já tinha atacado à noite, gosta de sido professor na França. Eu saí pelas circunstâncias: música, gosta de pelo autoritarismo, o regime militar. Eu era contra, meio ambiente, falava contra. Certa altura, o Ulysses Guimarães foi discute o lá e me convidou para ajudar a fazer o programa do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) antigo e 14 o visconde março 2013 brasil e daí eu concordei. Mais tarde ele insistiu para que eu fosse candidato do Senado. Não para ganhar, porque eu não tinha como, mas para ajudar o Montoro, somando votos e foi o que fiz. Depois, o Montoro virou governador e eu virei automaticamente senador, porque eu era suplente dele. Então, eu não tinha esse objetivo. Meu objetivo era melhorar a situação de vida do país, das pessoas. E nesse sentido, a política também acabou servindo de caminho para eu poder tentar realizar alguns dos meus objetivos. todos são corruptos. Vamos dizer 10%, 15%, mas são os que fazem barulho. Saiu daqui [do iFHC] um deputado de Minas Gerais – um cara fantástico, com boa formação, intelectual, escreve, falou numa porção de projetos que fez. Nem sai aqui fora! Só sai alguma coisa quando tem algum escândalo. A política está virando de massa, precisa ser escandaloso para aparecer. Aparece o Tiririca, o Zé Dirceu continua brilhando nas paradas dos jornais, porque fez malfeito. Qual é o papel do Movimento Estudantil hoje e como ele se relaciona com a política a nível nacional? No passado, verificava-se um predomínio, dentre as figuras políticas brasileiras, de bacharéis formados pela Universidade de São Paulo. Houve alteração neste quadro? O que isso significa? Eu nunca participei do Movimento Estudantil, por exemplo. Na minha época, esses movimentos eram importantes – a UNE era uma organização importante. Eu participei de vários momentos da vida brasileira – numa certa fase, a democratização pós-Getúlio, nos anos 50, depois de 45, Dutra e Getúlio. Essa fase, até 64, o Movimento Estudantil tinha um peso grande, e foi crescente. Depois, com o regime autoritário, uma parte do Movimento Estudantil mergulhou na guerrilha, e depois, quando saíram disso, com a redemocratização, a sociedade já era outra e o Movimento Estudantil como importância política é muito menor do que era antes, passou a ser um movimento controlado por um partido, mais especificamente o PC do B, que controla a UNE. Então, o Movimento Estudantil perdeu vitalidade. O que o senhor diria para um jovem que não acredita na via política, que, como muitos, diz que todos os políticos são corruptos, só pensam no benefício próprio? Se todos os estudantes e muitos jovens não acreditam na via política e acham que todos são corruptos, eles têm elementos do cotidiano para achar isso. Só que é aquilo que eu comecei dizendo, não é verdade. Nem Esta questão é curiosa. Mudou a política no Brasil, porque a sociedade brasileira mudou. Vou contar um pequeno episódio. Eu sou amigo de um professor que se chama Alfred Stepan, escreveu muito sobre militares no Brasil, o mundo Árabe. E certa altura, eu era senador e o Stepan veio ao Brasil. Ele estava fazendo uma pesquisa sobre Congresso, parlamentarismo, presidencialismo. E ele ficou lá em Brasília, entrevistando parlamentares. No final ele me disse “Estou surpreso”, isso foi nos anos 80. “Aqui tem muitos parlamentares competentes, intelectuais, de boa formação, como nós não temos nos Estados Unidos.” Quem eram os políticos? Eram os advogados, os médicos e os engenheiros, ou os empresários, poucos. Era uma classe média que tinha passado pela universidade e, portanto que era ilustrada. Com a democratização, vai ver como é a composição da Câmara hoje. Tem um rapaz que chama Leôncio Rodrigues que fez muitos estudos sobre isso. Mesmo o Senado, que é mais conservador – não que seja conservador, mas é mais difícil chegar lá - mudou a sua composição social. Você hoje tem muitos sindicalistas, muito religioso, protestante. São camadas que estão subindo, vêm de baixo. Então, sociologicamente isso é bom, está havendo abertura, democratização. março 2013 o visconde 15 brasil e daí Do ponto de vista dos papéis que desempe- a dinâmica era mais lenta, você tinha a nobreza, a nham na política não necessariamente é bom, por- burguesia, a pequena classe média, o trabalhador, o que não têm o treinamento, não têm a formação. trabalhador do campo, então era mais fácil que essas Então, nesta fase de transição, você vai ver menos pessoas encontrassem, em algum tipo de ideologia, gente que tenha saído da USP, e mais gente que um suporte para o que eles acreditavam e para os não tenha saído de universidade nenhuma, ou de seus interesses. E os partidos representavam mais universidade conhecida. Pode ser que essa gente diretamente essas camadas. Isso na Europa permaleve um tempinho para entender, mas é melhor se neceu até muito recentemente. Nos Estados Unidos, abrir. Democratizou. É o custo que se paga pela de- nunca foi bem assim, a sociedade era mais dinâmimocratização. Tem que incorporar novas pessoas. ca. A nossa começou com o modelo europeu lá em Então eu não tenho uma visão negativa do que está cima, na elite, desde o Império. O povo não estava acontecendo desse ponto de vista, vai levar tempo. nem aí, nem votava. Quando veio a redemocratizaO problema é que quando você ção, a República, primeiro era a está na vida política, você quer Oligarquia. Hoje é uma sociedade “Diploma não é garantia, depressa, e não vai ser depressa. nem de capacidade política nem de massas. As classes estão aí, mas O Brasil vai levar algum tempo não organizam o comportamento. de honestidade” para poder acomodar todo esse O comportamento não é homoprocesso dinâmico que foi desatado e que cria isso. gêneo. Quando você tem muita mobilidade social, Uma pessoa como o Lula, veio de líder sindical tem novas camadas que surgem. até chegar lá e ter um comportamento complicaNo passado, a classe média era quem, em gedo. Não tem o que se chama a liturgia do cargo. A ral, vinha de cima para baixo e o Estado seguraDilma já não é assim, porque ela veio de outra ca- va. Passavam pela Universidade, pela Igreja, pelo mada. Mas isso não quer dizer que tenha sido mau Exército. Ficavam na classe média, e educados. que o Lula tenha sido presidente. Agora, o custo é Passavam pelas mesmas escolas, tinham os mesmos esse, tem comportamentos aberrantes muitas ve- valores. Agora não. É uma classe que surge. Agora zes. E também, vamos ser justos, tem muita gente estamos num momento de erupção. Então, como que passou pela universidade e que também entra você vai ter uma ideologia compatível com essa nos comportamentos aberrantes e na corrupção. mudança? Eu costumo dizer: nós temos uma masEntão, diploma não é garantia, nem de capacidade sa de radicais livres. Sabe esse negócio que faz mal política nem de honestidade. à saúde? Você não sabe o que são, porque não são ainda. Vão ser algum dia? Não sei. Se vão ser categoA gente vê que temos muitos partidos diferen- rizados como eram, você podia ter mais facilmente tes, mas ao mesmo tempo as ideologias são mui- um partido com correspondência a uma base social to similares e as questões como aborto e meio estável – não é mais estável (confuso). Então, como ambiente acabam determinando o voto das se forma a dissenção? Por “issues”, questões. Então pessoas. Mas como a gente faz com a ideologia? falou do aborto, pode falar da droga, pode falar do Não é a parte fundamental da política? crime, da guerra, nos Estados Unidos. Pode falar de qualquer coisa. A campanha se dá ao redor de “isDeveria ser, né? Como se formaram essas ideo- sues”, que dividem as pessoas. Não é propriamente logias, de direita, esquerda, centro? Basicamente na tão ideológico no sentido antigo, mas não deixa de Europa. Quando você tinha uma sociedade em que ser uma separação. 16 o visconde março 2013 Sentimos que, na USP pelo menos, existem muitas pessoas que querem fazer algo, querem mudar, veem que tem um problema, mas não sabem onde, não sabem como chegar lá. Somos uma dessas, não sabemos bem o que fazer. estar, que você tenha voz. Eu acho que estão faltando partidos, ou pelo menos um partido, que diga “eu quero juntar gente de bem, quero fazer uma coisa boa”. Pode ser bobo isso, mas é preciso. Tem que ajudar a criar princípios e a criar um ambiente, “esse país é meu, porque eu gosto dele, porque eu me sinto bem nele, porOu o PSDB, ou outro partido, volta a discutir os que eu tenho o mínimo nele, e não sou eu só”. A igualtemas que interessam às pessoas, para agrupar as pes- dade é muito importante. Nunca vai ser todo mundo soas, ou não tem como. É tudo meio perdido, meio igual, mas ao menos diante da lei é preciso que sejam. querendo fazer. Vão pras ONGs, e as ONGs sentem Aí entra a repercussão da decisão do STF: não interesdificuldade de sobreviver. E os políticos profissionais sa se botou na cadeia ou não botou na cadeia; julgou perderam a capacidade de ouvir, de falar e ter paciên- como réu, e foi gente poderosa. Isso é muito importancia, para poder ouvir o outro, saber do que se trata. te. Isso dá o sentido de que você pertence à mesma coO político só quer ganhar eleição. munidade. Então acho que esse tipo de valor é necessário, e os políticos Você pode ganhar ou você pode “Eu acho que agora nós teperder, só não pode perder a cara. mos que lutar para estarmos em perderam a capacidade de falar em valores. Quem fala? As igrejas. Por Tem que ter consistência – qual uma sociedade decente.” que junta tanta gente? Porque elas é o seu objetivo? Pra que? Como falam bem mal dos valores e porque lutar? Qual é a causa? Se não tiver causa, pra quê fazer política? Tem que ter alguma cau- elas criam associação. Esse mundo de radicais livres sa. E está faltando no Brasil lideranças que despertem tem que juntar. Tem que ter rede de apoio. Partido no esse entusiasmo e depois partidos - porque não basta passado era uma rede de apoio. Tem um grande líder ter lideranças - que organizem e que transformem esse francês, chama-se Michel Rocard, foi primeiro ministro impulso em um comportamento. da França algum tempo atrás, foi ministro da agricultura do Partido Socialista. Ele publicou um livro que Talvez falte uma causa? Um momento como a dita- chama “A vida dele no Partido Socialista”. Ele viveu dura: os estudantes se uniram contra um objetivo sempre dentro do Partido Socialista, porque o Partido comum. Socialista tinha muitas dimensões, ele comportava uma vida. Aqui não tem nenhum partido que comporOs estudantes e muitos outros. Havia uma coisa te uma vida. E era a vida mesmo, porque tinha debates, comum. Eu acho que agora nós temos que lutar para tinha festas, tinha o trabalho coletivo. Tinha uma moestarmos em uma sociedade decente. Não só rica, mas tivação. Aqui não tem, então você vai pro baile funk, decente. Que você acredite nela, que aumente o bem cada um por si e Deus por ninguém. março 2013 o visconde 17 matrícula fea usp Festa de Recepção dos Novos FEAnos Dia 18 de fevereiro ocorreu a aguardada matrícula dos calouros. Quanto mais perto ficava das 9 horas, maior ficava a fila de bixos e pais aguardando a abertura do Auditório, onde foi realizada a parte burocrática da matrícula. Logo depois foram recepcionados pela AAAVC e Bateria S/A, que ofereciam seus kits aos bixos e aos pais. Ao receberem a notícia que teriam que subir até o 4º andar pelas escadas do FEA-5 alguns reclamaram. “Eu sou a bixete sedentária”, falava a caloura para o veterano da S/A. Chegando ao 4º andar, os bixos começaram a entender um pouco do que é a FEA. Com apresentação de todas as entidades FEAnas, foi possível conhecer a FEA junior, escolher um esporte para participar do BichUSP, ouvir um pouco do que a Bateria é capaz de fazer e conhecer todas 18 o visconde março 2013 as outras oportunidades que as outras entidades oferecem. A bixete Isabela, de Economia Noturno, descreveu bem a sensação de muitos bixos: “Dá vontade de se inscrever em tudo!”. Entretanto, muitos pais reclamaram da demora no circuito de apresentação das entidades e muitos bixos concordaram com a fala da bixete de Administração: “Tem muita informação, não dá pra assimilar tudo”. Mesmo assim, a apresentação das entidades foi muito organizada e muitos bixos já saíram com a ideia de qual entidade queriam participar, sendo que a FEA junior foi uma das mais citadas (como mostra a Sessão Viscondata, página 38). Depois de apresentados ao CAVC e à sala que irá abriga-los nos momentos de tédio, os bixos matrícula fea usp eram levados à área do trote. Com muita farinha, glitter e tinta, veteranos deram as boas vindas aos calouros. Mas já tinha muito bixo preocupado com as aulas e querendo saber qual matéria irá atrapalhar o sono: “Eu sou o bixo neurótico”, disse um calouro que veio do Belém do Pará. E tinha até bixete em dúvida entre a FEA e a gvzinha, pode isso? E pai também participa! Teve mãe chorando, pai querendo conhecer entidade e fotografando cada momento do banho de tinta. Os pais do bixo Ramon, de Administração Noturno, também deixaram o feedback positivo: “Ele pesquisou muito antes de entrar aqui e hoje ele viu que é o que esperava, ele queria FEA! Dá pra perceber a boa energia diferente daqui”. Bixo, a FEA não é só aula! Participe de uma entidade, vá a palestras, chame os amigos pra ir às festas, venha pra salinha do CAVC jogar PlayStation e bater papo com o Edson (o xerife da Vivência) e conheça as outras faculdades! Por fim, parabéns pela milésima vez, sejam bem-vindos e aproveitem essa conquista! março 2013 o visconde 19 20 o visconde março 2013 março 2013 o visconde 21 espaço aberto A saga de um cabeludo pedalando pelas areias e terras de Iracema, a virgem dos lábios de mel! "quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar!" (sophia de mello breyner andresen - poetisa portuguesa) para iniciar esta história evitando digressões pré-coito, já adianto: era julho ensolarado de 2012, pedaço de MAR entre Natal-RN e Fortaleza-CE, uma BIKE monark tropical 90’, facão de cortar PEIXE e COCO, temperos, barraca, capacete, bananas, coragem, NOSSA SENHORA do carmo, uma rota desenhada em papel vegetal, maria bethania, lampião e FÉ. cheguei na rodoviária de natal com bike e cuia na bagagem, dia 18 de julho a noite; pernoitei na casa de uma família muito simples, na periferia da cidade, que me recebeu com uma cordialidade incomum! não dormi, obviamente. era tão grande a ânsia de cair no MUNDO pedalando, tendo as pernas suavemente lambidas pelo mar, que meus olhos recusaram-se a descansar naquela noite. despedi-me logo quando a manhã se anunciava e parti. fui pedalando até a praia de genipabu, passando pela grande cidade de Natal - tão desigual e tão fétida quanto as outras capitais desse nosso BRASIL. naquela praia mirei o meu barco de duas rodas para esquerda e dali iniciei esta aventura. foram 600km percorridos beirando a praia, entre rios de LAVADEIRAS, entre cabelos crespos e lisos daquela gente nordestina caiçara que vive sob os contratempos do céu e diante dos murmúrios e benevolências do mar. terra de sábios pescadores e de mulheres morenas cuja esperança da vida se resume na água de beber e no peixe de salgar. 22 o visconde março 2013 das muitas histórias que vivi no mochilão resolvi denunciar neste texto quatro delas, não mais importantes do que as outras, mas um tanto mais marcantes para mim. em um dos primeiros finais de tarde da viagem vi na estrada uma pousada com mandalas e macacos no quintal: era a pousada urca do tubarão em são miguel do gostoso-RN. lá vivem, ganham a vida e se AMAM o casal de sobrenome NOBRE e a pequena maria. edson nobre é colecionador de relíquias, discos de vinil, químico e fazedor de cachaça. lila nobre, cozinheira de mão cheia, mãe de olhos castos e coração bondoso. maria, uma criança atenta! lá fui recebido como um filho pródigo, lavei louça, escutei discos do GIL, aprendi a amar mais minha mãe e deram meu nome a uma árvore pequena do quintal! fiquei dois dias e parti com esperança. numa noite posterior, a delegacia de caiçara do norte-RN era a única opção para o meu pernoite! sargento esdras - que assumia o papel de delegado na situação - me pagou um jantar, me arrumou uma rede e disse que eu poderia “dormir com os meninos ali na delegacia, que eles não fazem mal pra ninguém”. vish! esta noite dormi, PRESO, numa cela com dois detentos: abraão que, apesar do nome bíblico, estava detido há 8 anos por ter matado a facadas um “boy” (linguagem usada pra sugerir inimizades) dentro de um carro da polícia. o outro era o tonhão, que se limitou a dormir e a se engasgar com mosquitos a noite toda. ali pude viver a dualidade entre a minha liberdade com a prisão daqueles que ignoraram a lei e foram excluídos, temporariamente, da sociedade. aprendi naquela cela de cadeia que dentro daquelas mentes também existem SONHOS! minha próxima parada foi na casa do cledó: entusiasta e candidato a VEREADOR da cidade de galinhos-RN. vivia com a sua esposa francisquinha, seus filhos warralla escarlet e vasco; este último é autista, menino gênio que sabe toda a fala do filme madagascar (em português E inglês, com 10 anos). cledó me deu lagosta pro jantar, me levou para cagar na praia e me aproveitou para fazer campanha politica pela cidade: “este aqui é meu amigo fabrício ciclista que já viajou o mundo inteiro, passando pela macedônia, itália e norte da áfrica... conta aí pros meus conterrâneos as suas aventuras, meu caro viajante!”. sim, o figura inventou toda essa história pra entreter as pessoas e me colocou na fogueira. mesmo sabendo disso entrei no clima e criei histórias de beduínos e bárbaros das arábias para as crianças e velhos que pararam pra ouvir as falácias deste ‘ciclista viajante’. foi uma experiência muito doida! nesta oportunidade eu aprendi o jogo de cintura dos políticos e a importância de ser um PAI de fato! cledó foi eleito, em outubro de 2012, vereador de Galinhos com 73 votos! por último cito as duas noites que passei na cabana do pescador JEOVÁ e da sua nega irene. ela, uma senhora pacata. ele, um pescador dreadlock de canoa quebrada-CE. antes de viver com irene foi casado com uma moça SUÍÇA, lá viveu 5 anos, trabalhou de jardineiro no castelo de um xeique de dubai, apesar do frio construiu uma jangada para continuar junto ao mar e teve 3 filhos com a gringa (entre eles arco-iris e trovão). deixou tudo na europa e voltou ao BRASIL... foi recebido por YEMANJÁ numa manhã de pescaria cujo barco quase afundou de tanto peixe. depois disso nunca mais abandonou o mar! homem conhecido na cidade, jeová chegou até a participar do programa troca de família da record, vindo morar numa mansão em SP enquanto a patroa da metrópole foi morar na mesma cabana em que eu passei dois dias com a família do pescador. naquele espaço aprendi a grandeza e importância do MAR e a maestria do VENTO! cheguei a fortaleza na tarde do dia 31 de julho, foram 12 dias de viagem. uma saga! esta andança me trouxe vivências e uma quantidade de valores que ainda demorarei uma vida inteira pra absorvê-los, mas que hoje já fazem deste paulistano comum um SER, no mínimo, mais sensato e ATENTO. somos todos construídos pela vivência e, uma das maneiras de aprendermos algo importante sobre aquilo que a vida nos dá, é nos permitindo jogar o corpo neste mundo com humildade e de peito aberto! nesta viagem aprendi que “a inteligência está na conduta” e vou vivendo assim. Fabrício Vieira [Mantega] Contabilidade, 5º Semestre março 2013 o visconde 23 espaço aberto Apreciação Crítica Como diria Antonio Gramsci, “Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes. A indiferença é o peso morto da história. (...) A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca.” Falaremos aqui de Fernando Henrique Cardoso, ou, para os íntimos – e somos todos íntimos, afinal já fomos súditos deste príncipe – chamá-lo-emos FHC. Presidente duas vezes, o chefe supremo da Burocracia estatal levantou olhares de reprovação na mesma velocidade em que foi amado pela classe média, que via no Presidente, o Sociólogo, no chefe de Estado, um estadista. Pretendo operar não uma crítica ideológica – na acepção de uma falsa consciência sobre os fatos – mas sim uma crítica imanente: a crítica a partir dos próprios fundamentos do conteúdo a ser criticado; uma crítica de viés político sobre ações políticas de um líder político. Nesta pequena introdução 24 o visconde março 2013 percorremos implicitamente algumas referências teóricas deste sociólogo tais como Gramsci, Maquiavel e Weber. Falta-nos abarcar Marx, aquele mesmo do Seminário de Marx, grupo de estudos de O Capital formado por diversos intelectuais, inclusive por FHC. Para este, fica a crítica materialista que responde ser FHC fruto de seu terreno histórico-social, produto de suas circunstâncias. Herdeiro de sangue revolucionário de militares ligados ao Tenentismo, FHC foi intérprete de Jean-Paul Sartre e amigo de Florestan Fernandes. Mudou-se forçosamente para o Chile nos tempos sombrios de nossa história e cumpriu papel central na inauguração do debate da especificidade do capitalismo brasileiro com a questão da dependência dos países periféricos ante o desenvolvimento das potências centrais – ou não, como veremos adiante: Nildo Ouriques, professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina e ex-presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC diz que FHC plagiou intelectuais banidos pela Ditadura¹. Ouriques se refere especificamente ao líder político e teórico dependentista, o economista Ruy Mauro Marini. A crítica central é a da alteração do conceito de “economia exportadora” na obra de Marini, ainda não traduzida à época, para “economia agroexportadora” por FHC em texto publicado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), c o m Jo s é Serra. A ideia que Our iques expõe é que por detrás da ginástica espaço aberto categorial operada por Serra e FHC estava um projeto norte-americano visando barrar a disseminação de teorias revolucionárias em meio à “transição democrática” no Brasil, optando por um caminho “dentro da ordem”. O então Ministro da Fazendo FHC tornou-se, em pouco tempo, o pai de um projeto de reestruturação macroeconômica do Brasil, o Plano Real. Entretanto, apesar de o Ministro da Fazenda ser FHC, o Presidente Itamar Franco recebeu das mãos de Rubens Ricupero - que era o Ministro da Fazendo porque FHC saíra para concorrer às eleições - , em 30 de junho de 1994, o plano “Exposição de Motivos da MP do Plano Real”². Tal plano visava estabilizar o país “desafogando” o Estado por meio das privatizações, desindexação da economia, equilíbrio fiscal, abertura econômica, contingenciamento e políticas econômicas restritivas. Além de inaugurar a agenda neoliberal no Brasil atendendo aos mandos e desmandos das instituições financeiras internacionais como o FMI, FHC assentou base para os astronômicos ganhos financeiros no Brasil, aliando-se ao capital estrangeiro em detrimento do desenvolvimento nacional. Altas taxas de juros que faziam com que a paridade de juros fosse fortemente atraente ao investidor estrangeiro e casos como o do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER) fizeram deste país um território nas mãos do grande capital internacional – inclusive mediante a venda das riquezas nacionais com as privatizações em diversos setores chave da economia brasileira. Este PROER foi um projeto que injetou dinheiro público nas instituições financeiras; cálculos da CEPAL apontam que 12,3% do PIB foram transferidos ao setor privado. Conhecido por governar soltando medidas provisórias a torto e a direito, FHC de fato conseguiu estabilizar em seu governo as pressões inflacionárias que há muito atravancam a vida concreta e efetiva do povo brasileiro. O presidente da era apagões é também o responsável por dar início a alguns programas de transferência de renda que os governos de Lula e Dilma aprofundaram, além de ser um grande debatedor em assuntos de descriminalização ou regulamentação do uso de maconha; o problema que coloco é: por que só agora fora de seu governo? Por que tais questões não foram pautadas durante seus dois mandatos? Por falar em mandatos, dado que a crítica que se faz é política, não se pode deixar de evidenciar o fato de que sua reeleição foi alvo de investigações de corrupção. Grampos telefônicos divulgados pela Folha de São Paulo à época indicaram que alguns deputados federais venderam seus votos por R$ 200.000,00. Seja como for, pretendemos fazer uma apreciação crítica do homem Fernando, seja como professor, seja como Presidente. Acreditamos que houve um distanciamento enorme entre sua obra com Enzo Falletto que apontava sobre a Dependência nas terras daqui em relação ao grande capital das potências centrais e sua prática política. FHC é o homem que ao ser empossado dizem ter dito “esqueçam o que escrevi”. Ele nega tal citação e diz que seus escritos guardavam validade teórica frente ao desenvolvimento do concreto naquela conjuntura. Seja como for, FHC é peça central no entendimento das generalidades e especificidades do desenvolvimento do capitalismo brasileiro; periférico e dependente, como diria Marini. Bruno Miller Economia, 5º Semestre !http://www.cartacapital.com.br/politica/fhc-plagiou-intelectuais-banidos-pela-ditadura/ ²http://www.fazenda.gov.br/portugues/real/realem.asp março 2013 o visconde 25 espaço aberto Calourada Unificada USP 2013 “Calourada Unificada USP 2013 Quem é estudante também vai cantar: democracia na USP já!”. Com essa frase o DCE da chapa Não Vou Me Adaptar nomeia a calourada desse ano, porém é de se estranhar que a busca por uma Universidade mais aberta venha justamente de um DCE que tem se mostrado, até então, fechado e muito questionável como meio de representar os alunos que não fazem parte de seu meio político. Depois das eleições, o DCE se mostrou disposto a formar a calourada com todos os centros acadêmicos que quisessem participar dessa construção, a fim de que ela fosse mais participativa e construída “por todos e para todos”, porém o que se mostrou durante o processo da calourada foi justamente o oposto. Além de não ser avisado quais seriam as pautas dos encontros, o DCE usouumatáticaquecertamentefazjusao peleguismo de que é acusado por partes maisextremasdomovimentoestudantil. Entre todos os centros acadêmicos convidados para a construção da calourada, o DCE garantiu uma maioria razoável que continha membros do Juntos!³ e, portanto, apoiadores de suas decisões. Ao contrário do que foi dito na eleição pelo presidente do DCE, a chapa Não Vou me Adaptar é sim política e apoiada pelo Juntos!, isso pode ser observado com uma breve pesquisa de seus membros diretores. Assim, todas as pautas que foram discutidas anteriormente pelos membros do DCE, e até então também alguns membros de centros acadêmicos, foram votadas em blocos e com pouco espaço para discussão 26 o visconde março 2013 entre os outros centros acadêmicos presentes. As votações que foram contra as propostas do DCE terminaram no máximo em 7 a 5 favorável para si, além do fato das atrações da festa da calourada, já anunciadas, não serem discutidas em reunião. Essaartimanhapoliticalevouaalguns absurdos nas mesas de debate, como a falta de mesas que fossem atrativas para alunos de exatas; a preferência pelo cursinho Emancipa, ligado ao Juntos!, ao invés de um cursinho ligado a USP; a justificativa da escolha de Giannazi, do PSOL, para uma mesa, pois “ele tem nome e chamaria pessoas para a mesa”, o que é excêntrico, dado que nasultimaseleiçõeselemostroumuito pouco conhecimento pelo eleitorado paulistano, salientando o fato de qual é o público alvo que estão dispostos a atrair; e, por fim, a presença do polêmico Carlos latuff, cartunista reconhecido internacionalmente como antissemita, que, porém por possui as mesmas ideologias políticas do DCE, parece apto a participar da calourada emumamesasobreexpressãocultural, o que faz pensar que tipo de expressão cultural o DCE quer promover, se não a sua própria. Além disso, é, no mínimo, ilógico se dizer pró-cotas e procurar promover a igualdade entre raças e cores se ao mesmo tempo se promove o antissemitismo, o que faz pensar se o DCE, eventualmente, não esteja realmente interessado em tais assuntos, talvez usando uma pauta de certos grupos do movimento estudantil como plataforma eleitoral. Todas as mesas, por decisão do DCE, não terão oposição o que é anormal em uma entidade que tem a obrigação de se mostrar democrática e promover os debates em todas as instâncias, a fim de que haja uma maior pluralidade de ideias entre os novos ingressantes, evidenciando a clara distorção do que é falado e as reais ações do DCE. Esta decisão lembra o plebiscito pela democratização da Universidade, no fim do ano passado, que trazia junto às urnas um cartaz com a indicação para espaço aberto votar no “sim” em todas as perguntas feitas. Apesar de aprovados na Fuvest, o DCE julgou que os alunos da USP precisariamdeumgabaritonomomento de votar em questões políticas internas. Na época, entrou em votação, durante um Conselho de Centros Acadêmicos, a questão de se o plebiscito deveria ser imparcial ou tendencioso. Não bastasse a falta de lógica em propor um plebiscito tendencioso, mais impressionante é o fato de o CAVC ter sido derrotado na votação, por apoiar a imparcialidade, comodivulgadopelaentidadenaocasião. Por fim, o DCE é a entidade máxima de representação dos alunos da Universidade de São Paulo, com todo o autoritarismo que ele enxerga nos outros, mas nunca em si mesmo, é de se estranhar tantos abusos e se por em questão quem eles realmente querem e estão dispostos a representar. Tomando como base a calourada que é o primeiro evento da atual gestão, concluímosqueointeressedeumgrupo está se sobrepondo sobre o que seria melhor para a maioria, o que torna essa representatividade falha e, portanto, sem sentido. João Victor Peterossi Farias Bruna Mirelle Economia, 5º Semestre ¹Juntos!: Coletivo de jovens ligados ao PSOL março 2013 o visconde 27 Massa de radicais livres Há muito tempo a questão do jovem na Política me incomoda. Onde nós estamos? Será que o jovem se interessa pela Política? Há espaço para alguém que quer mudar o mundo em que está? Para alguém que se vê insatisfeito com a situação atual de corrupção e ineficiência? *** Eu cresci ouvindo que a nossa geração é alienada porque não temos contra quem lutar. Afinal, nascemos na democracia e para mim (assim como acho que para vocês) isso sempre foi um dado, muito diferente do mundo em que nossos pais e avós viveram. Não tivemos a ditadura, a repressão 28 o visconde março 2013 política, a tortura, o desaparecimento de amigos e familiares, a dúvida, a morte. Não tivemos o protesto, o exílio, a luta, as lágrimas e a união. Tivemos o que tivemos: o resultado do que nossos pais tanto lutaram – tivemos a estabilidade. Claro que isso é positivo... Não é? Tenho certeza que sim. Não tivemos que conviver com tanto sofrimento e tanta perda. Por outro lado, talvez isso tenha levado, sim, à nossa alienação. Pode ser que nos encontremos cada vez mais descolados da realidade e desinteressados em fazer algo para mudar o nosso futuro. Há alguns anos, senti que era minha obrigação FAZER alguma coisa. Não sabia bem o que e nem por onde começar, então comecei a fazer trabalho voluntário. Isso me satisfez por algum tempo, mas aquela angústia de que estava fazendo muito pouco ainda estava lá. Mais recentemente, comecei a buscar meios que me ajudassem a de fato mudar alguma coisa no contexto em que estou inserida. Participei de workshops para “potenciais líderes”, me juntei a grupos de “jovens transformadores” e foi por esse caminho que acabei tendo a oportunidade de entrevistar o Fernando Henrique Cardoso e perguntar para ele o que eu tanto queria saber. Como um jovem espaço aberto faz para se inserir na Política? A resposta dele foi que, do jeito que a política é hoje, o jovem não se interessa e não tem como se interessar! Disse que política é muito mais do que jogo partidário... É tudo, é uma vida inteira – algo de que não nos damos conta. Mas teve uma coisa que ele disse que me marcou muito. “Nós temos [na sociedade] uma massa de radicais livres.” Acho que o que ele queria dizer era aquela coisa da falta de articulação, sabe? Estávamos falando de ideologia, ou talvez da falta dela. Cada um defende o que quer, ou não defende nada, tudo meio solto, sem pé nem cabeça. Os partidos deixaram de ter aquela definição de direita ou de esquerda, tudo passou a ser mais ou menos a mesma coisa. Mas em meio a isso tudo, uma nova forma de política surgiu – uma forma de envolvimento muito mais fácil e sem exigências. Uma forma de simples compartilhamento de ideias, sem muita reflexão, apenas aquela ideia burra que parece fazer todo sentido, mas que a gente não tem um minuto para descobrir se a gente concorda ou não. Foi com o Facebook que o jovem finalmente achou uma forma de expressar a suas ideias políticas, mas eu cheguei à conclusão de que isso me incomoda mais do que a simples alienação. Tudo o que vemos são frases de efeito (muitas sem comprovação, sem embasamento teórico ou prático) e alfinetadas baratas contra este ou aquele partido (geralmente petistas contra tucanos e vice-versa). Acho que está na hora de o jovem parar de se munir desse arsenal de “desconhecimento” e pensar um pouco, pesquisar, entender do assunto antes de discutir. Ouvi dizer que os jovens brasileiros são uns dos mais engajados do mundo. Será que isso é contando a baderna no Facebook? Acho que todos nós podemos concordar que estamos insatisfeitos com a Política como ela é hoje. Como bem disse o Fernando Henrique, faltam no Brasil “lideranças que despertem esse entusiasmo e depois partidos, porque não basta ter lideranças, que organizem e que transformem esse impulso em um comportamento. [...] Eu acho que agora nós temos que lutar para estarmos em uma sociedade decente. Não só rica, mas decente. Que você acredite nela, que aumente o bem estar, que você tenha voz nessa sociedade. Eu acho que está faltando partidos, ou pelo menos um partido, que diga ‘Eu quero juntar gente de bem, quero fazer uma coisa boa’”. Alguém tem que começar. Vamos? Laura Marsiaj Ribeiro Economia, 7º semestre março 2013 o visconde 29 espaço aberto Denúncia Na última edição deste jornal, no ano passado, denunciei aqui a lamentável inversão de prioridades da administração desta faculdade no que concerne a segurança da nova biblioteca. Com uma foto ilustrativa, reproduzida novamente aqui, mostrei que as portas de emergência do referido prédio estavam, todas elas, trancadas com correntes e cadeados, supostamente para impedir furtos. E nesta paranóia já antiga com segurança patrimonial - câmeras e as futuras catracas são os exemplos mais notáveis - a faculdade esquece-se da segurança das pessoas. Ano vai, ano vem, e o nosso estacionamento continua sem qualquer alteração em termos de iluminação - com já incríveis 3 suspensões da licitação do novo sistema de lâmpadas da USP. O assassinato de um aluno da faculdade parece não ser motivo o bastante para levar a questão a sério. Temos portas devidamente trancadas para evitar o furto de livros - conhecidamente um alvo típico de quadrilhas altamente intelectualizadas! - apesar de que tal proteção desconsidera a exigência legal de saídas de emergência desobstruídas para caso de incêndio. 30 o visconde março 2013 espaço aberto Novamente, o patrimônio da faculdade é colocado acima de seus próprios usuários. Engana-se quem pensou que a tragédia de Santa Maria serviria de exemplo para alguma coisa. Não precisamos de alvará, nem de autorização do Corpo de Bombeiros, nem de fiscalização de entrada de materiais inflamáveis; só precisamos que as correntes e cadeados sejam devidamente removidos. Parece ser uma tarefa árdua demais para ser realizada pela presente administração da FEA. Se o bom senso não é razão para modificar esta situação, esperar-se-ia que a lei o fosse. Aparentemente, não é. Anônimo março 2013 o visconde 31 Prestação de Contas CAVC Saldo Inicial das contas CC CAVC Dinheiro em Caixa Total 1/12/2012 R$ 10,00 R$ 601,56 R$ 611,56 1/1/2013 R$ 10,00 R$ 1.277,89 R$ 1.287,89 Entradas Devolução - Processo Entradas de eventos Entrada curso de Excel Intermédio Bateria S/A. Publicidade Patrocínios Resgate do Fundo Exclusivo Repasse CAVC Idiomas Sub Total - Entradas R$ 6.246,53 R$ 1.154,00 R$ 6.779,10 R$ 320,40 R$ 1.500,00 R$ R$ 31.021,00 R$ 20.000,00 R$ 60.774,50 R$ R$ R$ 1.270,00 R$ R$ R$ R$ 6.546,20 R$ 15.000,00 R$ 22.816,20 Saídas Aplicação no Fundo Exclusivo CAVC Idiomas Curso de Excel Doação Projeto Biblioteca da FEA Intermédio - Bateria S/A. R$ 34.038,63 R$ R$ 9.725,50 R$ 3.500,00 R$ 320,40 R$ 4.265,40 R$ R$ R$ 2.000,00 R$ - Despesas CAVC Advogados Despesas Administrativas Emprestimo Bancário Férias de Funcionário Gastos extras Infra-Estrutura de Eventos Internet Manual dos Bixos Maquina de Café R$ 6.041,67 R$ 215,40 R$ 5.753,48 R$ R$ R$ 1.044,43 R$ R$ R$ - R$ 5.080,00 R$ 145,70 R$ 5.753,48 R$ 1.904,72 R$ R$ 57,00 R$ R$ R$ - Manutenção Informática Manutenção Vivência e Patrimônio CAVC Material Escritório Multas de trânsito economíadas 2010 O Visconde Processo Trabalhista (Recurso) Recissão de Contrato Salários dos Funcionários Serviços Gráficos Suprimentos Vivência Tarifas Bancárias Telefones TV Vivência Sub Total - Saídas R$ 79,00 R$ 215,69 R$ 22,00 R$ R$ R$ R$ R$ 5.033,00 R$ 54,80 R$ R$ 115,60 R$ 184,50 R$ R$ 66.344,10 R$ 79,00 R$ 30,00 R$ R$ R$ R$ R$ R$ 3.471,00 R$ R$ R$ 78,10 R$ 184,50 R$ R$ 23.048,90 Resultado do Período -R$ 5.569,60 -R$ 232,70 Saldo das contas CC CAVC Dinheiro em Caixa Total 31/12/2012 R$ 10,00 R$ 1.277,89 R$ 1.287,89 31/1/2013 R$ 10,00 R$ 1.045,19 R$ 1.055,19 Dívidas do CAVC Descrição Processo trabalhista - 2010 Processo trabalhista (ainda em tramite) * - 2011 Empréstimo de 25/08/2011 ** Grêmio da Poli (G-4 2010) Sub Total Dívidas CAVC R$ R$ 60.000,00 R$ 41.414,23 R$ 6.732,35 R$ 108.146,58 R$ R$ 60.000,00 R$ 36.719,48 R$ 6.732,48 R$ 103.451,96 *Reclamação trabalhista de 2011 ainda em tramite ** Empréstimo de R$100.000,00 feito em 25/08/2011 10/24 parcelas de R$5.793,76. Com juros de taxa mensal de 2,60% Sobe Obras na FEA Conselho de Entidades Apesar de ainda longe do ideal, as Uma das promessas da gestão salas foram entregues e o crono- 2013 do CAVC mostrou resultados, grama de início das aulas foi man- reduzindo os conflitos entre enti- tido - contra as expectativas ini- dades, garantindo uma matrícula ciais da maioria cética. A Diretoria organizada mesmo no FEA-5 e or- da FEA balançou em cima do an- ganizando oficialmente o primei- daime, mas não caiu! ro Happy Hour das Entidades. Cerveja no Imperador Aula Magna Pala primeira vez em muitos anos CAVC trouxe o ex-presidente a litragem de cerveja superou a Fernando Henrique Cardoso para sede dos FEAnos. ministrar o evento, garantindo aos bixos a melhor Aula Magna da FEA em muitos anos! Desce Palmeiras Iluminação na USP Após cair para segunda di- Toda hora esse tópico no Sobe visão do Brasileirão, a esco- e Desce? Sim, toda hora esse tó- la de samba Mancha Verde, pico. O edital da iluminação na torcida organizada do time, Cidade Universitária bateu na tra- também foi rebaixada. Que ve pela terceira vez, e as ruas da faaaaaase! USP continuam no breu. Ternos da Colombo Caiu o mundo A portaria da FEA sobre está- Chuvas apocalípticas causaram gios mudou de novo, dificul- estragos e alagamento em toda tando ainda mais a vida de São Paulo. A USP ficou ilhada, o quem quer um VR para almo- P1 interditado e auditórios da ECA çar no Sweden. alagados. Choveu, parou. cruza no visconde ! Horizontal 3. Cervejada do (...), acontece na semana dos bixos/4. Pink (...), banda que lançou o álbum “The dark side of the moon” em 73/7. Joseph (...), mais conhecido como Papa Bento XVI/11. Filho do sr. Barriga/13. Signo que vai de 21/3 a 20/4/14. Filme atual com Tom Hanks e Halle Berry/15. Atleta sul-africano acusado em fevereiro de ter assassinado sua namorada/16. Os amarelinhos do “Meu malvado favorito”/17. Porta dos (...), sucesso no Youtube/20. Quem nasce no Rio Grande do Norte/21. Lei responsável por muitas blitz em São Paulo/22. “Varre, varre, vassourinha” foi o jingle de sua camapanha eleitoral em 1960/23. Número de (...), o “e” na matemática/24. Título que entrou pra lista da Fuvest no ano passado/25. Atividade em que os bixos vão pedir dinheiro no farol 36 o visconde março 2013 Vertical 1. Noite de São (...), episódio sangrento de repressão aos protestantes em 1572/2. Cinquenta tons de (...), o terceiro da trilogia/4. Operações societárias que são analisadas por órgãos antitruste/5. Capital da Hungria/6. Ex-secretário de Defesa dos EUA/8. Venceu o carnaval 2013 em São Paulo/9. Ótica do (...), uma das maneiras de calcular o PIB/10. Lugar na FEA onde onde ficam as pastas com textos/12. (...) Ravens, time que venceu o Super Bowl 2013/18. Escritor nascido em Moçambique/19. Espaço da ECA demolido nas férias intercambista Sistemas diferentes, valores diferentes Fazer intercâmbio é uma das melhores experiências que um universitário pode ter durante sua graduação. Muito se fala sobre as festas, viagens e dos novos amigos que se faz no exterior, mas esse também é um período muito enriquecedor do ponto de vista acadêmico. No último semestre, fiz intercâmbio em Louvain-la-Neuve na Bélgica, período no qual ficaram claras algumas diferenças de culturas entre os sistemas de ensino brasileiro e europeu. Ficou claro que no Brasil damos um valor totalmente diferente à educação que os europeus. Era muito raro ver alunos dormindo em sala, eles estavam sempre anotando e somente poucos se perdiam em redes sociais pelo celular. Também não se viam pessoas levantando no meio de uma aula para ir ao banheiro, comprar café ou qualquer coisa do tipo. Pareceu-me que realmente estavam preocupados com 100% do que estava sendo dito durante a aula. No Brasil, de maneira oposta, acredito que exista para muitos uma cultura do mínimo esforço, onde o aluno trabalha só no fim do semestre para conter danos de uma matéria mal cursada e evitar uma possível reprovação. Pode-se especular que os alunos brasileiros são vagabundos e desinteressados, ou que o problema são os professores que não tornam as disciplinas interessantes, ou até mesmo do trânsito, do estágio. Não é fácil determinar culpados por essas práticas universitárias, nem é minha intenção. Além da diferença de postura dos estudantes, os professores na Bélgica agiam de maneira muito distinta. Eles eram bem mais acessíveis dentro e fora de sala para questionamentos e auxílio. O andamento da matéria e a real compreensão dos alunos eram as suas maiores preocupações. As aulas eram, em sua maioria, bem interessantes e não se sentia a mesma distância que se percebe no Brasil entre docentes e discentes e em nenhum momento foi comentado que aqueles tinham algum tipo de preferência pela pós-graduação. Também não cabe apontar culpados, mas salários não tão atrativos e a obrigação de um grande número de publicações podem ser fatores que contribuam para esse comportamento díspar. Com relação ao ensino, o que se aprende hoje na FEA é equivalente ao que se ensina na Bélgica. Em alguns casos, nossos cursos tem um nível até mais elevado. No entanto, nota-se que diferentemente do que ocorre muitas vezes no Brasil, lá sempre havia uma preocupação em se desenvolver um pensamento mais crítico, em se estimular o debate, a reflexão do que se aprende. Nossas aulas funcionam numa lógica distinta onde muitas vezes aceitamos determinada teoria como dada, sem antes questionar sua coerência e aplicabilidade. Provavelmente isso não ocorra somente na FEA, mas também em diversas outras faculdades brasileiras. Professores reclamando de alunos desinteressados, alunos reclamando de aulas desinteressantes e falta de crítica na universidade. Todas essas diferenças me fizeram notar que talvez exista algo de errado no ensino superior brasileiro. Talvez não valorizemos a formação universitária como deveríamos e talvez estejamos acomodados com isso. Arthur Fisch Economia , 9º semestre março 2013 o visconde 37 dy La Lindios e lindias, essa série foi renovada por mais uma temporada, então, se preparem para ler durante todo esse ano! E já que as férias são sempre tão paradas em baphos, euzinha vou resgatar o melhor do econo do ano passado! Pensaram que poderiam aprontar todas em Americana sem sair nas minhas linhas? Nananinão! Euzinha apesar de afetada pelas pinguinhas consegui ver tudinho! Valdir como sempre tratou de deixar tod@s sempre very happy! Aquela monitora de Economat se liberou, my god, completou a trinca de ases: 1 noite, carna e churras. Não contente ela ainda tentou gabaritar as entidades, não resistiu ao viscondão e nem ao aaavc. Gata, vc tem potencial! #pisaneles. Mas se a monitora atual fez sucesso, o futuro monitor Tb não deixou barato, levou a veterana descolatinha. My gosh, aquelas barracas iam levantar voo? Que isso, era um tal de pra frente, mais força, acelera, alguém tava pilotando nas alturas. Aloca! Mestre G levou a FEA a loucura comandando a gangS/A; mestre, essa lady é sua fã! Mas sem ciúmes girlfriend, i’m just a lovely friend. Se eles representam no ginásio, no alojas não deixam barato, FEA coco neles! Mas como sempre tem barraco, ai adogo! Aquela 38 o visconde spanish blonde despertou os mais selvagens instintos nos boymagias, gentes, roupa suja se lava em casa! Ou em publico pra euzinha ouvir tudo :) Nosso veterano de barba bicolor também fez sucesso, só que do lado da nutrição, parece que ela entende de alimentos nutritivos, uiiiiiii. E oq foi o tropa de elite arregando no meio dos jogos? Isso não se faz, moleque! Essa entidade é caveira! Nosso homem meias e cuecas tinha de bater ponto na derradeira do ano, e nada melhor do que fazendo oq sabe tomando banho de cevada! E eu vi aquele entrosamento com a admer, mandou bem boy! (desde a peruada). Ah, elas que foram esquecidas em 2012, mas darlings, vcs estão sempre no meu heart <3! Quem pode ser? Claro que o economiadas tinha de ter seu Top 5! E dessa vez elas não deixaram barato e foram pra cima das burrinhas. Gatas, tem de ir pra cima msm! Mas se vcs deixaram a desejar contra as burrinhas, o homem da breja acabou com os playboyzinhos da GV, depois de nosso atleta dar um tapinha de amor na gvzinha, agora eles sabem que a TOFU é incessante! E os comunistinhas hein? Eles me dão esse espaço, mas eu posso falar deles tb! Canelone foi logo se enturmando com março 2013 y Sa O Álcool Liberta a atual cavc, transição de gestão garantida, uma transição bem devagar... O antigo homem do baú também aprontou as suas, pena que não foi cmg! Amuadissimaaaaa! Ah, teve jogos? Claro, eu euzinha estava presente pra ver nossas eternas campeãs do futsal deixarem a puconha de quatro! Meninas vcs representam, a sensação de ganhar e invadir a quadra é indescrivel, e é TETRA!!! E para que a nova people se enturme nesse começo de ano, CAVC e AAAVC preparam vários eventos, e euzinha estive em todos! New Friends espero que tenham aproveitado o Imperador, o Nutrindo a FEA, a Gincana dos bixos e claro, o glorioso churras! Darlings, see you soon! ;) nome da seção Título da matéria 4 o visconde novembro 2011