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Vivências em sala de aula: o ensino-aprendizagem
da língua espanhola para a terceira idade
Maira A. Pandolfi
Aline Teixeira
Giesa Karla Pinto
1. Introdução
O curso de Língua e Cultura Espanhola, promovido pela
Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI), da Unesp de Rosana,
tem como foco o ensino da língua espanhola para pessoas com mais de
cinqüenta anos. O projeto, orientado pela professora Maira Angélica
Pandolfi, contou com a participação das alunas do Curso de Turismo
da Unidade, Giesa Karla Pinto e Aline Teixeira, que ministram as aulas
de espanhol para os alunos da UnATI.
O núcleo da UnATI de Rosana iniciou suas atividades em agosto
de dois mil e sete, período em que foram oferecidos, inicialmente, sete
cursos com duração de um semestre. Os cursos abertos foram
Informática, Cultura e Língua Inglesa, Cultura e Língua Espanhola,
Oficinas de Mudas Ornamentais e Bonsais, Pintura e Escultura,
Dramaturgia e Caminhadas Ecológicas, todos eles ministrados em dias
e horários diferentes, possibilitando, assim, que os alunos pudessem se
inscrever em mais de um curso.
Professores e alunos do Curso de Turismo e voluntários da própria
comunidade são os principais responsáveis pelo funcionamento dos
cursos que integram as atividades de extensão desenvolvidas pela
universidade.
Quanto ao curso de língua e cultura espanhola de nível básico,
com duração de duas horas semanais, este apresenta em seu conteúdo
Cadernos de Letras - n. 24 - p. 157-166 - mai. 2008
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programático temas que envolvem desde gramática, conversação e
leitura a aspectos culturais, artísticos e sociais dos países da América
Hispânica e Espanha.
Ao pensarmos no planejamento de um curso de línguas
estrangeiras para a terceira idade imaginamos, num primeiro momento,
que nossos alunos poderiam apresentar interesses que não se limitariam,
simplesmente, à aprendizagem de um novo idioma. Esta hipótese surge,
obviamente, se considerarmos as condições do idoso em nossa sociedade
já que, infelizmente, esse cidadão ainda enfrenta uma infinidade de
preconceitos que o colocam na condição de ser marginalizado, tanto
no meio profissional quanto no convívio social. Assim, a idade chega
para muitos como um grande fardo, uma vez que a capacidade de
produção do indivíduo torna-se mais reduzida com o passar dos anos, o
que o impossibilita de continuar correspondendo aos apelos da sociedade
moderna capitalista que passa a ignorá-lo de inúmeras formas. O
isolamento, também ocasionado pelas perdas dos cônjuges e entes
queridos ao longo da jornada humana, atua como um importante fator
na tomada de decisão do idoso pela busca de sua (re) socialização por
meio de atividades físicas e intelectuais voltadas para a sua faixa etária.
Além da situação descrita, as motivações para aprender uma língua
estrangeira na terceira idade podem ser muito particulares. Entre nossos
alunos, por exemplo, encontramos aqueles que queriam aprender a
língua espanhola para conhecer um pouco mais sobre a cultura de seus
antepassados, outros para viajar, e até uma boliviana que dominava a
língua oral e queria aprender a língua escrita.
Todo contexto educativo apresenta elementos decisivos na
escolha de uma determinada abordagem metodológica para o ensino
de um língua estrangeira, principalmente, o perfil de seus destinatários.
Uma análise prévia, por meio de questionários que indagavam as
motivações dos aprendizes de terceira idade em relação a uma língua
estrangeira, confirmou a hipótese da busca desses indivíduos pelo
convívio envolto de calor humano, amizade, socialização e troca de
experiências. Diante de tantos interesses é que surge, afinal, o grande
desafio: como corresponder aos anseios desses alunos que, acima de
tudo, apresentam uma experiência de vida e um acúmulo de
conhecimentos quantitativamente superiores aos do aluno-professor?
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Essa foi a pergunta que as alunas do Curso de Turismo, Giesa e Aline,
me fizeram quando terminamos a leitura dos questionários. A resposta
foi simples e baseada em minha própria experiência como ex-aluna e
professora de língua espanhola para a UnATI durante minha graduação
em Letras: “vocês não serão professoras no sentido tradicional da
palavra, onde geralmente se pressupõe autoridade e superioridade
intelectual diante do receptor, mas mediadoras do conhecimento que
irão trocar com eles”. Foi assim que semanas depois elas me contaram
sobre as lições de geografia que haviam recebido de um dos alunos ao
se enganarem em uma das explicações acerca do espanhol peninsular e
das demonstrações fonéticas e semânticas do espanhol falado na Bolívia
por uma das alunas que estava no curso somente para aprender noções
de escrita e também para aprimorar o próprio português que era, na
verdade, sua segunda língua.
Convém esclarecer que as alunas escolhidas para ensinar o
espanhol, nível elementar, para a terceira idade, além de atestarem
proficiência na língua espanhola, também acumulavam experiências
como docente no curso pré-vestibular e receberam orientações prévias
em colóquios com a orientadora onde foram discutidos diferentes textos
a respeito do ensino-aprendizagem de língua estrangeira, aspectos
descritivos e metodológicos. Apesar disso, puderam compreender que
a sala de aula é um espaço de trocas, é um momento mágico de
intercâmbio cultural onde se celebra o conhecimento.
Em um de nossos encontros, discutimos aquele conhecido texto
de Almeida Filho, “Ensinar e aprender uma língua estrangeira na escola”,
que contribuiu sobremaneira para ilustrar a “cultura do aprender” de
determinados grupos, que podem sofrer a influência de fatores étnicos,
sociais e até geográficos. Vale ressaltar, a propósito, a afirmação do
autor de que:
Pode ocorrer que uma cultura de aprender a que se prende um aluno
para abordar uma língua estrangeira não seja compatível ou convergente
com uma abordagem específica de ensinar de um professor, de uma
escola ou de um livro didático. O desencontro seria assim fonte básica
de problemas, resistências e dificuldades, fracasso e desânimo no ensino
e na aprendizagem da língua-alvo. (1993:13)
160 .
As reflexões propostas por Almeida Filho foram levadas em
conta na hora de confrontarmos os interesses dos alunos em aprender
e a proposta pedagógica para ensinar por nós selecionada. Desse modo,
embora tenhamos pensado em unidades de conteúdo programadas a
partir de um material comunicativo, não deixamos de inserir na apostila
uma parte anexa na qual foram incluídas canções antigas e modernas,
poemas, receitas, charges e outros textos voltados ao entretenimento.
Tudo nos pareceu perfeito, a apostila “comunicativamente” organizada,
a teoria lida e discutida com a orientadora, o perfil dos alunos levantado,
enfim, “mãos à obra”.
2. Vivências em sala de aula
É amplamente conhecido entre os professores de línguas o papel
que o “filtro afetivo” desempenha em relação à motivação intrínseca,
ansiedade, auto-estima e a influência desses fatores no processo de
aquisição de uma segunda língua. Indivíduos com atitudes positivas
em relação à língua estrangeira e ao contexto de sala de aula aprendem
com mais facilidade por apresentarem um filtro afetivo mais baixo. A
partir desse pressuposto, discutimos previamente algumas estratégias para
o bom desempenho dos alunos e das professoras em sala de aula. Algumas
atitudes são decisivas e devem ser priorizadas na relação entre docente e
o aluno de terceira idade: o encorajamento e a diminuição de barreiras
psicológicas que venham causar inibição ou falta de confiança em si
mesmo. Além de apresentarem mais dificuldade em memorizar o novo
léxico, os alunos em questão apresentavam um baixo nível de escolaridade
e já estavam afastados dos estudos há um bom tempo. Devem-se
considerar, também, certas limitações físicas que chegam com a idade
como a dificuldade em enxergar, ouvir e até escrever, que exigem mais
paciência e dedicação do professor para que o aluno não desista de seu
intento de aprender um novo idioma e, tampouco, o professor de ensinar.
A fim de amenizar as dificuldades oriundas desse público,
procuramos tomar certos cuidados na hora de organizar o material didático
como, por exemplo, ampliar o tamanho dos textos para facilitar sua
visualização, falar pausadamente e até ampliar, quando necessário, o tom
de voz para que todos pudessem ouvir com clareza os sons da nova língua.
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Em nosso contexto, particularmente, tivemos ainda o privilégio de poder
contar com o apoio do laboratório de línguas do campus, o que
facilitou muito a compreensão visual, auditiva e o desempenho oral dos
alunos.
Sabe-se que a profissão de educador requer o domínio de
conhecimentos diversos como metodologia de ensino e didática. Dessa
forma, as monitoras do curso de língua espanhola promovido pela UnATI
defrontaram-se com um grande desafio, uma vez que o curso de Turismo
não contempla disciplinas pedagógicas. Contudo, o projeto contou com
um longo tempo de preparo dividido entre leituras e colóquios com a
orientadora. Alguns pontos importantes devem ser analisados para o
preparo e desenvolvimento das aulas com a terceira idade. Muitos desses
pontos estão relacionados com as características comportamentais deste
público que exige paciência, compreensão e carinho.
Geralmente, o público de terceira idade apresenta comportamentos característicos de sua faixa etária, tais como a necessidade de
atenção, gostar de falar e contar suas experiências e histórias, ocupar o
tempo com atividades extras, conhecer pessoas, ampliar seus
relacionamentos sociais, além de buscarem atividades ligadas ao lazer
e entretenimento.
A realização do curso deu-se através de encontros semanais
durante quatro meses, tempo este suficiente para estabelecer facilmente
uma boa relação com os alunos de terceira idade. O primeiro dia de
aula do curso foi encarado como o momento de reconhecimento, em
que as perguntas e a explanação iniciam a aproximação com os alunos,
sendo fundamental para delinear alguns pontos das relações que serão
estabelecidas dentro e fora da sala de aula.
Durante as aulas notamos que eles encaram aquele momento com
seriedade, participam das aulas assiduamente e transformam estes
momentos em uma atividade de entretenimento.
A dinâmica utilizada no primeiro dia de aula foi a realização de
uma roda de apresentação, onde cada um pôde falar livremente sobre si e
sobre sua vida. Este momento foi fundamental para iniciar o
relacionamento entre os alunos e as professoras no sentido de manter a
classe unida até o final do curso, exigindo sinceridade de cada um,
tal como um pacto de fidelidade em relação às expectativas sobre o
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curso, problemas a serem enfrentados e a união do grupo para superar as
dificuldades.
Um dos temas selecionados para a apresentação em sala de aula
foi a maneira com que as alunas-docentes deveriam se expor na roda,
confirmando o pacto de fidelidade e demonstrando o quanto essa
experiência seria enriquecedora para ambos. Assim, comentam Giesa e
Aline, foi dito aos alunos que a “presença delas só se justificava pela
deles e que vê-los todas as quartas-feiras seria tão satisfatório e prazeroso
para eles quanto para elas que tinham a família distante”. As docentes
comentam que a forma com que desenvolveram a dinâmica possibilitou
a cada um demonstrar seus anseios quanto ao curso e, através de uma
conversa franca, estabelecer o compromisso e a relação aluno/professor
de uma maneira harmoniosa.
Durante o curso, Giesa e Aline perceberam inúmeras
peculiaridades entre os alunos, o que fez com que elas estivessem sempre
repensando as aulas. Um exemplo é o caso de uma aluna que foi
abandonada por seu marido e que, de repente, caiu aos prantos durante
uma aula em que escutavam um tango de Carlos Gardel. Para não
comprometer ainda mais a aprendizagem dessa aluna e como medida
para não expor seus problemas pessoais, as docentes reformularam as
atividades e, em vez de trazerem músicas com letras de amor, passaram
a levar melodias que descreviam batalhas de guerra. Com essas novas
melodias, as docentes passaram a desviar o foco da memória afetiva
para efervescentes discussões históricas e políticas.
A presença de uma aluna boliviana foi outro desafio a ser
superado pelas docentes que, em vez de se sentirem inibidas com o
fato, passaram a contar com o auxílio da aluna no ensino da fonética do
espanhol americano e tiveram um grande êxito nas aulas. Em
contrapartida, a aluna boliviana pôde aprender mais a respeito de sua
segunda língua, o português, ao estabelecer a todo o momento a
comparação entre os dois idiomas.
Outro fato inusitado foi a presença de um aluno que nasceu na
Espanha e veio ao Brasil com quatro anos de idade. A maior motivação
desse aluno era aprender o idioma para visitar sua terra natal. Esse
motivo o tornou um dos mais dedicados e fez com que desenvolvesse
uma aprendizagem autônoma na medida em que trazia constantemente
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textos para correção sem que as docentes solicitassem. Era muito
interessado em filosofia e, por isso, pôde contribuir muito com as
discussões em sala de aula, despertando o interesse dos outros alunos
por esse assunto.
Durante o curso, as docentes e alunas do Turismo procuraram
trabalhar com muitos elementos da cultura espanhola e dos países da
América Hispânica como músicas de vários ritmos e temas, aspectos
gastronômicos, atrativos turísticos e localizações geográficas. Todos
estes aspectos serviram como um instrumento para cativar a curiosidade
e prender a atenção dos alunos.
3. Considerações sobre a memória afetiva
A exploração da memória afetiva em sala de aula possibilita a
criação de laços entre aluno e professor e pode ser uma ferramenta
para estimular o comprometimento dos alunos com a aprendizagem da
língua espanhola. Porém, deve-se tomar cuidado na escolha dos temas
das aulas, pois o despertar da memória afetiva nesse público tanto pode
contribuir para o bom desempenho nas aulas como atrapalhar e até
inibir o aluno podendo ocasionar, inclusive, desestímulo e desistência.
Aquilino Sánchez Peres (1982:120), ao comentar as “variáveis”
que interferem no processo de ensino-aprendizagem de uma língua,
ressalta o fato de que a aprendizagem de uma língua está intimamente
relacionada à vida do aprendiz e toda sua complexidade, todas as
vivências do indivíduo sobressaem nesse processo, desde suas
motivações, amigos e ambiente em que vive. Para o estudioso, a variável
relacionada à vida social não pode ser tratada isoladamente, pois sua
presença ou ausência incidirá positiva ou negativamente em todas as
outras variáveis, tais como idade, capacidade de aprender, finalidade,
motivação, vida familiar, atitude do professor e material utilizado. Na
terceira idade, nos deparamos com a interferência, às vezes negativa,
da memória afetiva, visto que a maioria já perdeu seus grandes amores
ou até filhos e netos. Uma das maiores motivações do idoso, portanto,
ao procurar freqüentar um curso de línguas para a terceira idade, é
poder compartilhar suas experiências e estabelecer novos vínculos
afetivos. Nesse sentido, trabalhar positivamente a memória afetiva pode
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ser uma estratégia bastante interessante para garantir maior aproximação
entre alunos/alunos e alunos/professor, possibilitando mais liberdade e
confiança para que possam se expressar durante as aulas.
Ecléa Bosi afirma em seus estudos que “na sociedade industrial a
velhice é maléfica, porque nela todo sentimento de continuidade é
destroçado” (1994:203). Com esse comentário a estudiosa nos propõe
uma reflexão sobre a falta de oportunidade que a sociedade contemporânea
oferece ao idoso para que exercite a sua memória, o que poderia funcionar
como uma poderosa estratégia para aproximar gerações e despertar o
interesse pelos fatos do passado. As novas gerações, acostumadas às
facilidades eletrônicas, têm apresentado grandes dificuldades de
relacionamento com os idosos, sobretudo, pelo fato de que o seu cotidiano
difere radicalmente do cotidiano outrora vivenciado pelos velhinhos.
Como forma de dar vazão a essas lembranças, o curso de língua estrangeira
para idosos pode tornar-se uma proposta inovadora no que se refere ao
tratamento multidisciplinar tão em voga na academia. O Curso de Turismo
acaba brindando os alunos com essa diversidade ao contemplar em sua
grade diferentes áreas do conhecimento. Assim, as alunas recorreram em
suas aulas aos conhecimentos adquiridos em disciplinas como recreação
e lazer e laboratório de alimentos e bebidas para trabalharem de forma
lúdica a riqueza do repertório que a terceira idade oferece aos temas
relacionados às atividades cotidianas como cozinhar, fazer compras,
escolher alimentos saudáveis, preparar infusões, bem como hobbies e
hábitos diários. Com essas atividades, as docentes não conseguiram apenas
trabalhar a realidade dos alunos aproximando-a da cultura da língua alvo
como também atuaram como agentes motivadores na valorização do
repertório do idoso e promoveram, assim, uma troca imensurável de
experiências e lições de vida. Todavia, não basta saber selecionar os temas,
é importante pensar na maneira em que serão expostos aos alunos e, nesse
sentido, defendemos uma abordagem que priorize o vínculo afetivo no
processo de aquisição da língua estrangeira para a terceira idade. Essa
abordagem nos faz lembrar o conjunto de características enumeradas por
Gemma Oliveras Amprubí, em um artigo recentemente publicado no
Anuário brasileño de estudios hispánicos (2006:156), que tratam de definir
um educador que busca uma ótica centrada no componente afetivo como
abordagem de trabalho nas aulas de línguas. Embora a autora tenha
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enfocado o ensino de espanhol para crianças, acreditamos que o conjunto
de características definidas por ela são perfeitamente apropriadas para
uma abordagem de ensino para a terceira idade. Para a educadora, essas
características são, de um modo geral: expressar adequadamente os
sentimentos em relação aos alunos; utilizar a metodologia de planejamento
em função das metas e resolução de problemas; colocar em prática
estratégias de auto-motivação; controlar estados emotivos negativos e
gerenciar adequadamente as emoções; manifestar empatia e exercitar a
capacidade de ouvir o aluno; desenvolver uma conduta firme e positiva,
ministrando adequadamente os conflitos em sala de aula.
4. Conclusão
Acreditamos que o projeto de extensão “Língua e Cultura
espanhola para a terceira idade” apresentou resultados extremamente
positivos para o aperfeiçoamento do idioma estudado no Curso de
Turismo. Contudo, a maior riqueza que essa experiência proporcionou,
na opinião das alunas que atuaram ministrando o curso, foi a troca de
afetividade com esse público. Para elas, os problemas relacionados ao
baixo nível de escolaridade e demais dificuldades podem ser
solucionados por meio de atividades diferenciadas e que possibilitem
ao aluno a expressão de suas vivências. Além disso, alertam para o fato
de que a memória afetiva pode auxiliar ou prejudicar as aulas e, por
isso, é importante evitar temas que possam emocioná-los negativamente
como, por exemplo, aqueles que remetam diretamente à perda dos entes
queridos. Ressaltam, ainda, que as dificuldades encontradas em sala de
aula podem ser facilmente superadas na medida em que se firme, desde
o início do curso, o compromisso dos alunos em aprender e do professor
em ensinar no sentido de estabelecerem uma troca, entendida
amplamente como parceria na resolução dos problemas, na busca e
reflexão do conhecimento, no diálogo franco, na afetividade e atenção
às individualidades.
Maira A. Pandolfi
Aline Teixeira
Giesa Karla Pinto
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Referências
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes de. “Ensinar e aprender uma língua
estrangeira na escola”. In: Dimensões comunicativas no ensino de línguas.
Campinas: Pontes, 1993, 11-15.
SÁNCHEZ PÉREZ, Aquilino. La enseñanza de Idiomas. Barcelona: Hora,
1992.
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. 3 ed. São Paulo:
Cia das Letras, 1994, 203.
CAMPRUBÍ, Gemma Oliveras. “La relevancia del vínculo afectivo en el
proceso de adquisición del español como segunda lengua en la etapa de
Educación Infantil”. Anuario brasileño de estudios hispánicos, n.1, v.16.
Embajada de España en Brasil/Consejería de Educación, 2006, 153-159.
Resumo
Este trabalho tem o intuito de demonstrar as vivências em sala de aula durante
o curso de Língua e Cultura Espanhola ministrado aos alunos da terceira idade,
promovido pela UnATI. Destacamos as dificuldades e problemas enfrentados,
bem como a maneira em que foram superados. Reforçamos a idéia de que a
interação entre aluno e professor pode criar fortes laços que motivam ambas
as partes e que a memória afetiva pode ser utilizada positivamente no
desenvolvimento das atividades.
Palavras-chave
Terceira Idade, Vivências, Ensino de Língua Estrangeira
Abstract
The purpose of this paper is to synthesize classroom experiences during the
course ‘Language and Spanish Culture’ given to third age people in the
extension project “Open University for the Third Age” sponsored by UNESP
(UNATI). We outline in the paper the difficulties and problems faced during
the course and how they were overcome. We reinforce the idea that interaction
between student and teacher can create strong personal linkages which motivate
both parts, and that the affective memory consolidated in this way can be
positively used in the development of those activities.
Key-words
Third age people, life experiences, foreign language teaching
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