XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. PROPOSTA DE APLICAÇÃO DO CONCEITO DE ÍNDICES DE AUTOMAÇÃO PARA ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO DO SETOR DE RECURSOS HUMANOS GABRIELLY ARAUJO CORDEIRO (UNICAMP) [email protected] Cassio Pereira de Paula (UNICAMP) [email protected] Patricia Servidone Zampieri (UNICAMP) [email protected] Oswaldo Luiz Agostinho (UNICAMP) [email protected] A gestão de recursos humanos em uma organização é uma combinação de habilidades e técnicas que objetivam administrar os comportamentos internos e potencializar o capital humano. O principal problema enfrentado pelos gestores de recursos humanos é sua dificuldade em comunicar aos diferentes departamentos da empresa e demonstrar os impactos positivos desta área para o desempenho do negócio. Hoje em plena era do conhecimento o papel das atividades de recursos humanos não é simplesmente burocrático, e sim estratégico, pois recrutar, capacitar e gerenciar o capital humano são atividades de extrema importância para o desenvolvimento da organização. Estes processos e atividades de recursos humanos requerem sinergia, coerência e estratégia para alcançar uma integração harmônica estrutural entre eles, de forma que a informação transite com o menor número de barreiras possível. Sendo assim, este trabalho irá propor um modelo de avaliação dos processos de negócio das atividades de recursos humanos associado com os índices de automação correspondentes. Para isto foram propostos três eixos relevantes para análise do setor em questão, que são o planejamento de recursos humanos, recrutamento e seleção, formação e desenvolvimento. Baseando-se neste contexto será desenvolvido um modelo que relacione as atividades deste setor com a tecnologia adotada, mas especificamente definindo o nível de automação empregado para análise da sinergia do fluxo de informação. A proposta construída neste trabalho poderá servir para aplicação prática em estudos de caso, e desenvolvimento de futuras abordagens deste conceito em outros departamentos do segmento industrial. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Palavras-chave: Recursos humanos, Índices de automação, Processos de negócios, Fluxo de informação 2 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 1. Introdução No atual cenário de competitividade as empresas estão enfrentando constantes mudanças devido a necessidade de rápidas respostas para atendimento do mercado consumidor, esta situação do mercado global gera uma demanda intensa por organizações de claro posicionamento estratégico de negócio, o que resulta no grau de concorrência cada vez mais acirrado. Diante deste contexto, somente as estratégias não garantem o sucesso das organizações, é necessário definir modelos de negócios que estejam alinhados com a estratégia e os processos da empresa. Para Ferraz (1997), “a competitividade é a capacidade da empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”. Nesse sentido, o estado de competitividade de um sistema de negócio varia conforme o tempo, pois hoje uma empresa pode estar competitiva mas não é certo que no passado a mesma era competitiva e que no futuro ainda estará mantendo a mesma condição, tudo isto oscila devido a variação do ambiente exterior que é ditado por fatores científicos e tecnológicos. Sendo assim o Sistema de Manufatura pode ser considerado como diferencial de competitividade, pois organiza os recursos de modo que a organização atinja vários objetivos e critérios relevantes ao mercado. Segundo Agostinho (1995) a integração do Sistema de Manufatura proverá características que contribuem para o fator competitividade, onde essa integração expressa o estado da organização em relação à fluidez do trânsito de informações. Diante deste cenário, a gestão de recursos humanos também possui forte influência na estratégia da empresa pois vem passando por um processo de transformações rápidas e muito evolutivas nos últimos anos, onde o foco dos profissionais deste departamento ultrapassou o campo de atividades burocráticas e de controle, havendo maior percepção que a gestão de pessoas impacta no diferencial estratégico. Nesta abordagem é importante destacar o papel da tecnologia na melhoria das atividades do departamento de recursos humanos através da automatização de processos, que vem contribuindo para melhor gerenciamento das informações, resultando na garantia de maior acuracidade de dados, segurança de informações e otimização do tempo de resposta. 3 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Com a intensificação do conceito de tecnologia várias empresas vêm investindo na utilização de aparatos tecnológicos com o pensamento de que estão aumentando seu desempenho estrategicamente, porém não há a percepção da necessidade de um prévio diagnóstico da estrutura e preparação necessária para orientação destes investimentos. Para que haja investimento orientado é necessário que os setores da empresa estejam alinhados no que se refere ao compartilhamento de informações no ambiente interno. O modelo de índices de automação auxilia a análise da integração da empresa, neste trabalho iremos estabelecer uma relação com atividades de recursos humanos sempre considerando o fluxo de informação como um fator primordial. O motivo pelo qual estimulou trabalhar com esta temática foi mostrar a necessidade e benefícios da sinergia da troca de informações que as organizações devem desenvolver por meio de mecanismos que integrem seus diversos setores. O setor de recursos humanos foi selecionado devido a necessidade da aplicação de ferramentas que detectem suas deficiências e contribuições, e por ser um setor que trabalhe com capital humano. Com base neste cenário, tem-se como objetivo geral apresentar uma proposta de aplicação do conceito de índices de automação para análise da integração dos processos de negócio de recursos humanos. Para tanto são apontados como objetivos específicos mapear as principais atividades do processo de negócio de recursos humanos e identificar os índices de automação aplicáveis a este setor. 2. Referencial teórico O seguinte referencial teórico objetiva explicar conceitos importantes que serão utilizados para o entendimento da pesquisa. 2.1. Modelos de processos de negócio Uma organização competitiva é aquela que opera em função da otimização de seus processos, pois desta forma será possível atingir os objetivos comuns a qualquer negócio que são eficácia nas entregas, eficiência na utilização de recursos e o incremento de valor agregado. Para que as organizações competitivas alcancem seus objetivos elas adotam modelos de negócio, os quais estão diretamente relacionados à maneira com que o valor é entregue ao cliente. De acordo com Dreyfuss (1996), os processos de negócio são ligados à essência do funcionamento da organização, são típicos da empresa em que operam e são muito diferentes de uma organização para outra. Já segundo Pádua e Inamasu (2008), os processos de negócios 4 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. são blocos fundamentais da construção de uma organização de sucesso. Assim a tecnologia quando direcionada para o gerenciamento e melhoria dos processos de negócio, tem ajudado a organização a melhorar sua posição competitiva. Neste contexto, a tecnologia proporciona maior velocidade e veracidade na transferência de informação, e com isto torna o sistema produtivo mais flexível e competitivo. Com a evolução da automação é possível atingir níveis produtivos altíssimos e baixos custos de operação, porém existe a real necessidade integrarmos o sistema produtivo de forma estrutural para que todo este investimento não funcione apenas como uma parafernália tecnológica isolada. 2.2. Automação Agostinho (1995) define automação como a tecnologia destinada à substituição ou auxílio ao esforço mental humano. Já para Feldens (2008) a automação é a ciência que se preocupa com a aplicação de sistemas mecânicos, eletrônicos e computacionais para operação e controle da produção. Para Nogueira (1994), o desenvolvimento da automação ocorre sempre no sentido da redução da influência do trabalho humano na atividade produtiva. De acordo com este autor, o desenvolvimento evolutivo da automação possibilitou em um primeiro momento a substituição do esforço físico e, posteriormente começou a auxiliar o homem em seu esforço mental. É possível medirmos o grau de automação de um processo de fabricação baseando-se nos atributos humanos que foram substituídos por atributos mecanizados ou automatizados. Segundo Rodrigues (2004), à medida que a máquina assume atividades antes realizadas pelo homem em níveis mais elevados, há o resultado de um nível intenso de automação, e Groover (2001) adiciona que em casos de automação de sistemas ultra-automatizados, não existe a menor participação humana. No ambiente industrial a automação visa principalmente a produtividade, qualidade e segurança no processo. Moraes e Castrucci (2001), mencionam que a relevância da automação é resultado da necessidade de maiores níveis de qualidade de conformação e de flexibilidade, menores custos de trabalho, custos de capital e perdas materiais, maior controle e qualidade das informações relativas ao processo industrial, e melhor planejamento e controle de produção. 5 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Agostinho (1995) classifica a automação em dois tipos principais, que são a automação fixa ou rígida, e a automação programável ou flexível. A automação fixa ou rígida é assim classificada quando o atributo humano decorrente de seu esforço mental é substituído por equipamentos mecânicos (AGOSTINHO, 1995). Em relação a automação programável ou flexível, Agostinho (1995) conceitua que possui esta classificação o nível de automação em que o atributo humano decorrente do seu esforço mental é substituído por um programa de instruções residentes em um computador. Para esclarecimento, alguns livros classificam a automação flexível individualmente como sendo uma terceira tipologia, porém vale mencionar que esta é uma extensão da automação programável. O que separa a definição de programável e flexível é a sistemática da programação, onde na definição de programável os programas podem ser preparados e colocados nas máquinas para produzir novos produtos e na flexível é possível o sistema produzir várias combinações e programações, em vez de requerer que sejam feitos lotes separados (MOREIRA, 2001). Porém neste trabalho iremos considerar as duas tipologias como uma só classificação. É importante destacar que todos os sistemas podem ter automações fixas e programáveis, o que determinará qual irá ser utilizada é a estratégia da empresa. O nível de automação está cada vez mais presente nosso cotidiano, e por este aumento de participação começam a surgir problemas oriundos da evolução tecnológica que demandam por soluções mais eficazes. 2.3. Modelo de integração do sistema de manufatura utilizando os índices de automação Agostinho (1995) define que um sistema de manufatura é na sua essência um sistema de informações, e o seu nível de integração depende da sinergia do fluxo dessas informações. Para adicionar, Rozenfeld (2001) aborda que a integração da manufatura é o caminho para as empresas atingir os objetivos de suas estratégias. No entanto para se obter a competitividade desejada, com capacidade de resposta as variações do mercado e liderança, é necessário integrar estruturalmente o sistema de manufatura, garantindo o fluxo veloz da informação. Qualquer que seja a sua forma, a integração de sistemas, sempre leva a um sistema mais eficiente (KARAPETROVIC & WILLBORN, 1998). Pode-se citar que entre os benefícios que a integração do sistema de manufatura pode trazer temos: melhor eficiência operacional, 6 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. melhoria na gestão de métodos, aumento da confiança dos clientes e melhoria na imagem da organização. Uma forma de avaliar a integração do sistema de manufatura é por meio do modelo de índices de automação, proposto por Agostinho em 1995 na sua tese de livre docência. O índice de automação serve para quantificar o nível de automação de um setor e atribuir um valor para o tipo de automação (programável ou rígida). O seu cálculo é definido pela equação abaixo: Onde iA é o índice de automação. O nA corresponde ao número de atividades humanas substituídas por equipamentos ou instrumentos com um conceito de automação. O nT é o número total de atividades realizadas pelo homem. Pela convenção de valores adotado por Agostinho (1995), temos a definição dos limites onde 0 ≤ iA ≤ 1 representa automação programável, e 0 ≤ iA ≤ -1 corresponde a automação flexível, conforme ilustrado na Figura 1. Figura 1 - Convenção de valores dos índices de automação É possível observar que, se o índice de automação for nulo, isto representa que todas as atividades são realizadas por humanos, se o índice for um, podemos concluir que todas as atividades são realizadas por equipamentos com programas de computador (programável). Por final se o valor do índice de automação for igual a menos um, todas as atividades antes realizadas por humanos foram substituídas por equipamentos mecânicos (rígida). Este conceito de índice de automação é aplicável a todos os processos de negócio da empresa, como exemplo podemos citar as atividades de engenharia, chão de fábrica, suporte e negócios. A partir de cada atividade principal é possível dividi-la em três subatividades, as 7 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. quais serão representadas em um gráfico com três eixos, com o índice de automação variando de 0 a 1 em cada eixo. Estes valores de automação de cada subatividade serão plotados em um gráfico e na utilização deste modelo completo das atividades e subatividades que compõe uma organização, podem ocorrer três situações. A primeira situação é caracterizada pela integração de subatividades que compõe uma atividade mestre onde internamente as atividades possuem aproximadamente os mesmos índices, porém não existe integração estrutural da organização, pois o índice de automação é diferente entre as atividades mestre, conforme mostrado na Figura 2. Figura 2 - Arquitetura do sistema de manufatura com a integração estrutural nas atividades Fonte: Adaptado de Agostinho (1995) 8 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. A segunda situação é caracterizada pela ausência total de integração, seja ela nas atividades mestre e também do sistema de manufatura como um todo, onde também podemos ver ilhas isoladas de automação, como mostrado na Figura 3. Figura 3 - Arquitetura do sistema de manufatura com falta de integração estrutural nas atividades Fonte: Adaptado de Agostinho (1995) A Figura 4 mostra o terceiro caso, o qual é caracterizado pela integração estrutural total, ou seja os valores de índice de automação são equivalentes tanto nas subatividades que compões as atividades mestre como também entre as atividades mestres em si, podemos neste caso observar uma sinergia na troca de informações. De acordo com Perroni (2011), uma arquitetura com possibilidade de integração será aquela na qual a automação nos três eixos é programável, pois, neste caso as interfaces de comunicação com tecnologias de automação são do mesmo tipo. 9 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 4 - Arquitetura do sistema de manufatura com integração estrutural total Fonte: Adaptado de Agostinho (1995) 2.4. Recursos humanos Toda organização necessita de um modelo estratégico que impulsiona o desenvolvimento, a competitividade e garanta a prosperidade da organização de forma sustentável e contínua. Para o setor de Recursos Humanos (RH) esse é um grande desafio, onde é necessário saber gerir pessoas sem deixar de lado a mensuração estratégica dos resultados. Historicamente a área de RH surgiu com uma atividade simples de controlar pessoas que trabalhavam nas organizações, porém com o passar do tempo foi ganhando inúmeras atribuições, bem como maiores responsabilidades e importância para o sucesso da empresa. Pode-se concluir que a área sofreu uma evolução, passando de operacional para estratégica. Para Dutra (2006) podemos identificar três fases da gestão de pessoas, as quais consistem em: 10 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Operacional: até a década de 60, nessa fase o objetivo da gestão de pessoas era basicamente preocupar-se com a operacionalização de captação, treinamento, remuneração, informações etc; Gerencial: dos anos 60 até início dos anos 80, a gestão de pessoas passa a colaborar nos diferentes processos da organização, sendo requisitada como parceira nos processos de desenvolvimento organizacional; Estratégica: a partir dos anos 80, a gestão de pessoas começa a assumir um papel estratégico na internalização de novos conceitos de pensar nas pessoas como geração de valor para as organizações. No final do século XX, as mudanças políticas, tecnológicas, econômicas e sociais contribuíram para subverter os modelos de gestão autocráticos, ensejando formas de gerenciamento e de estruturação organizacional mais participativas, integradas, grupais, descentralizadas, autônomas, envolventes e flexíveis (MACHADO apud ROCHA-PINTO, 2007) que propiciaram, além das inovações produtivas, o surgimento dos trabalhadores do conhecimento (DRUCKER apud ROCHA-PINTO, 2007). Atualmente essa área de Recursos Humanos é caracterizada como peça chave de transformações dentro de uma organização, pois está diretamente ligada a estratégia da empresa. Diante de todas essas atribuições, é necessário a criação de parâmetros mensuráveis para medir o desempenho do setor de RH, esses parâmetros são caracterizados em forma de indicadores e devem sempre estar relacionados com a estratégia empresarial. Assis (2007) propõe alguns indicadores de desempenho relacionados aos subsistemas de Recursos Humanos, categorizados como recrutamento e seleção, remuneração, folha de pagamento, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho, benefícios, saúde ocupacional e relações sindicais. Neste contexto é importante destacar o papel da tecnologia como facilitadora do desempenho da gestão de recursos humanos, devido várias atualizações tecnológicas de execução de atividades que contribuíram para o desenvolvimento da empresa. Sendo assim é possível melhor aplicar o gerenciamento dos indicadores com formas automatizadas de tratamento de dados neste setor. 3. Índices de automação aplicado aos processos de negócio de recursos humanos 11 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. As empresas não se desenvolvem sozinhas elas são constituídas por pessoas, são os colaboradores que estão por trás de um bom resultado e por isso é tão importante investir na gestão de pessoas. O departamento de RH é responsável por administrar e inserir capital intelectual nas organizações, ele também possui atividade como disseminar a cultura da empresa, implementar processos internos e benefícios aos colaboradores, todo esse conjunto de atividades não seria possível senão com a troca sinérgica de informação, hoje auxiliada por toda gama tecnológica disponível. Mas nem sempre pessoas somadas a tecnologia é sinônimo de agilidade ou integração, deve-se propor modelos de desenvolvimento harmônico para resultar em integração estrutural deste departamento. Baseando-se na análise do funcionamento do setor de recursos humanos, podemos dividir as atividades deste setor em três subatividades que foram consideradas relevantes e escolhidas de forma aleatória neste trabalho. As atividades designadas para aplicação dos índices de automação nos três eixos foram: treinamento e desenvolvimento, planejamento de RH e recrutamento e seleção, conforme mostra a Figura 5. Figura 5 - Eixo tri-ortogonal das subatividades de RH Cada subatividade será representada por um eixo e seus índices de automação poderão variar de valores negativos aos valores positivos, onde os índices positivos representarão automação programável e os índices negativos automação rígida, como desenvolvido na Figura 6. Figura 6 - Eixo tri-ortogonal representando as três subatividades de RH com índices de automação rígida e programável 12 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Cada eixo está divido por valores positivos e negativos e receberá três possibilidades de valores numéricos para os índices, como demonstrado: (0,33) ou (-0,33), representa os pontos mais distantes do índice um e significa que estas atividades foram classificadas com maior teor de trabalho manual; (0,66) ou (-0,66), representa o ponto intermediário e que classifica as atividades que utilizam trabalho manual mas já apresentam atividades automáticas, seria um misto das duas; (1,00) ou (-1,00), este índice representa que a totalidade das atividades é executada de maneira automática, aqui está representado o mais alto nível de automação seja ela rígida ou programável. Na sequência irá ser desenvolvido os eixos para o modelo de negócio de Recursos Humanos. 3.1. Planejamento de recursos humanos O planejamento de Recursos Humanos consiste na identificação e análise das necessidades organizacionais de capital humano, onde busca-se assegurar a continuidade e o funcionamento da empresa sob condições de mudança e crescimento. Entre as principais ações de planejamento podemos destacar: a) Planejamento de staff, que consiste numa atividade de monitoramento e controle de organização do pessoal que o órgão de RH presta a cada gestor individualmente; b) Plano de carreira, que segundo Pontes (2002) define as trajetórias das carreiras existentes na empresa; c) Plano de sucessão, onde uma situação presente é analisada em relação a uma necessidade futura, e a partir das conclusões verificam-se possíveis funcionários que 13 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. poderão desempenhar esta atividade, iniciando um processo de desenvolvimento das potencialidades do colaborador para liderança. Com base nestas definições, o desenvolvimento do eixo de Planejamento de RH pode ser visualizado abaixo na Figura 7 e no Quadro 1. Figura 7 - Eixo dos índices de automação para planejamento de RH Quadro 1 – Índices de automação para planejamento de RH Fonte: Adaptado Agostinho (1995) 3.2. Recrutamento e seleção Inicialmente podemos conceituar recrutamento como um conjunto de técnicas e procedimentos que objetivam atrair candidatos potencialmente qualificados, com a capacidade de assumir posições dentro da organização. De acordo com Azevedo, Haber e Martins (2013), o processo de seleção funciona basicamente como um sistema de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado as oportunidades de emprego que pretende preencher. Para ser eficaz, o recrutamento deve atrair um número contingente de candidatos suficiente para abastecer adequadamente o processo de seleção. Aplicando as definições de índice de automação na subatividade recrutamento e seleção, temos o seguinte eixo representado abaixo na Figura 8 e detalhado no Quadro 2. Figura 8 - Eixo dos índices de automação para recrutamento e seleção 14 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Quadro 2 – Índices de automação para recrutamento e seleção Fonte: Adaptado Agostinho (1995) 3.2. Treinamento e desenvolvimento Na atualidade é perceptível que a demanda por mão de obra cada vez mais qualificada está presente no mercado de RH, isto se dá devido a necessidade de assimilar as tecnologias para atuação competitiva. Devido a este cenário as empresas sempre estão em busca de melhorar e garantir a qualidade de seus produtos e serviços, sendo assim oferecem a seus colaboradores programas de treinamento para estimular o aumento de potencialidades individuais que estejam sincronizados com as necessidades da organização. Segundo Chiavenato (1999, p. 294) “o treinamento é uma maneira eficaz de delegar valor às pessoas, à organização e aos clientes. Ele enriquece o patrimônio humano das organizações”. O treinamento tem o potencial para capacitar o funcionário, levando-o a influenciar no desempenho e nos resultados de empresa. Sendo assim, o treinamento pode ser considerado como uma ferramenta para estruturação do desenvolvimento nas organizações. Marras (2000, p. 167) afirma que “o treinamento prepara o homem para a realização de tarefas específicas, enquanto um programa de desenvolvimento gerencial oferece ao treinando uma macro visão de business, preparando para voos mais altos, a médio e longo prazo.” Essa atividade de treinamento e desenvolvimento pode ser medida em uma organização também por meio do conceito de índice de automação, onde poderemos verificar a relação das atividades com a tecnologia aplicada. Abaixo apresentamos na Figura 9 e Quadro 3, a 15 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. abordagem referente ao eixo de treinamento e desenvolvimento para melhor visualização dos parâmetros considerados. Figura 9 - Eixo dos índices de automação para treinamento e desenvolvimento 16 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Quadro 3 – Índices de automação para treinamento e desenvolvimento de RH Fonte: Adaptado Agostinho (1995) 4. Considerações finais Durante o desenvolvimento deste trabalho foi possível constatar que o sistema de negócio auxilia a empresa a visualizar e conhecer seus principais subsistemas, proporcionado facilidade de planejamento e preparação para mudanças. O modelo aqui proposto relaciona os índices de automação com as atividades de RH e mostra que é uma forte ferramenta que proporciona um conhecimento do grau de integração, isto facilita o diagnóstico de oportunidades de melhoria. Para adicionar, é importante mencionar que para o desenvolvimento de uma empresa é necessário que os outros departamentos caminhem juntos em relação a aplicação de tecnologia nas atividades, visto que será um desperdício manter ilhas tecnológicas isoladas que não contribuem para integração do sistema. O conceito de integração independe do nível de tecnologia, onde podemos mencionar uma empresa que possui em todos os seus eixos o nível mínimo de tecnologia está totalmente integrada, pois a comunicação flui pelos mesmos meios entre as subatividades. Em suma é relevante abordar que as atividades de planejamento, recrutamento e treinamento fortalecem a base de uma organização, refletindo um resultado que mostra quanto maior a integração mais flexível e competitiva será a empresa, pois estará apta a possíveis e rápidas mudanças. Neste contexto, o crescimento harmônico da automação resulta em uma integração estrutural, o que contribui para a sinergia de circulação de informações nas empresas. Referências AGOSTINHO, O. L. Manufatura como pré-requisito de competitividade. Tese de Livre Docência Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas: s.n., 1995. 17 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. ASSIS, M. T. Indicadores da gestão de recursos humanos: usando indicadores demográficos, financeiros e de processos na gestão do capital humano. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. AZEVEDO, K. C. 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