SICOOB SC 25 anos Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento Fundado em 8 de novembro de 1985, o Sicoob Central SC ajudou a consolidar o cooperativismo de crédito em Santa Catarina. Idealizadas como uma alternativa financeira para produtores rurais, as cooperativas de crédito chegaram rapidamente à área urbana, estendendo seus benefícios a todos os que optaram por cooperar para viver melhor. Unidas em um Sistema coordenado pelo Sicoob Central SC, essas cooperativas contribuem de forma decisiva para o desenvolvimento sustentável das regiões onde atuam. SICOOB SANTA CATARINA Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento Apresentação Ao longo dos últimos 25 anos, Santa Catarina foi palco de um importante movimento rumo à transformação econômica e social. Liderado por pessoas cujas raízes estavam no campo, esse movimento chegou às áreas urbanas e estendeu seus benefícios a todos os que acreditaram ser possível construir o desenvolvimento por meio da união. Assim nasceu o cooperativismo de crédito catarinense. Ancoradas nos princípios do cooperativismo, estabelecidos no século XIX pelos pioneiros de Rochdale, na Inglaterra, as cooperativas de crédito catarinenses multiplicaram-se nas últimas décadas. E, em pouco tempo, tornaram-se agentes fundamentais ao desenvolvimento das comunidades onde foram inseridas. À medida que se estabeleciam as primeiras cooperativas de crédito do estado, seus dirigentes percebiam que, assim como ocorria com as pessoas, a cooperação entre instituições com os mesmos interesses poderia potencializar suas ações. A união, mais uma vez, se mostrava o melhor caminho para o sucesso. Essa ideia deu origem, em 1985, à Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina - Cocecrer/SC, atual Sicoob Central SC. Das nove cooperativas fundadoras, a Central chega a setembro de 2010 reunindo 44 cooperativas de crédito singulares, que juntas agregam mais de 318 mil associados. Relatar essa trajetória é o grande objetivo deste livro. Nos cinco capítulos que compõem a publicação, apresentamos parte da história do cooperativismo de crédito em Santa Catarina, que começou muito antes de 1985. O início dessa história remete ao município de Itapiranga, no Oeste do estado, onde em 1932 foi fundada a primeira cooperativa de crédito catarinense. A Caixa Rural União Popular de Porto Novo, como era chamada na época, foi, por muito tempo, a única responsável por toda a movimentação financeira da cidade. Muito além da oferta de crédito, a Creditapiranga, que se filiou à Central em 1988, representou uma instituição líder na comunidade, sempre presente nas discussões e ações focadas no desenvolvimento regional. Assim como ocorreu em Itapiranga, a busca pelo crescimento, pessoal e coletivo, foi o fator que impulsionou a criação das cooperativas de crédito do Sicoob SC. Ao fundar cada uma delas, produtores rurais, servidores públicos, dentistas, policiais e profissionais de outros segmentos 2 tinham o mesmo desejo: construir uma alternativa financeira que atendesse a suas demandas de forma justa e transparente. Neste livro contamos os ideais sobre os quais cada cooperativa filiada à Central foi fundada. Nosso objetivo, assim, é resgatar a memória desse movimento tão importante, que se tornou referência para outros estados do Brasil. O conteúdo desta publicação revela que muitas pessoas e instituições contribuíram para tornar realidade o sucesso tão sonhado pelos pioneiros. Em cada capítulo, o leitor encontrará a narrativa cronológica da formação do Sicoob SC e a consequente consolidação da Central, além dos perfis atuais das cooperativas que formam o Sistema. Dessa Liderado por forma, buscamos retratar nossa evolução, comprovando os benefícios do pessoas cujas raízes cooperativismo. estavam no campo, Para melhor retratar esses benefícios, optamos por contar a história do Sistema a partir das pessoas mais interessadas no cooperativismo: os associados. Não por acaso os associados, dos fundadores aos mais recen- esse movimento chegou às áreas tes, recebem destaque nesta publicação, tendo em vista que exercem urbanas e estendeu papel essencial na consolidação das cooperativas e da própria Central. seus benefícios Hoje, o Sicoob Central SC celebra suas conquistas e elenca novos desafios. Entre as conquistas estão a ampla abrangência, a segurança e a autonomia do Sistema, a integração entre as singulares, a profissionaliza- a todos os que acreditaram ser ção da gestão cooperativista e o constante atendimento às demandas dos possível construir associados. Os desafios, por sua vez, se mostram proporcionais ao poten- o desenvolvimento cial de crescimento: sustentabilidade, avanço de mercado e preservação por meio da dos princípios do cooperativismo, entre tantos outros. Ao completar 25 anos, o Sicoob Central SC agradece a todos, pes- união. soas e instituições, que ajudaram a construir essa história. Dos fundadores ao mais recente associado, passando por funcionários, dirigentes e parceiros, todos contribuíram para transformar o cooperativismo de crédito em uma importante ferramenta do desenvolvimento sustentável. Continuaremos a trabalhar, unidos, para fazer de Santa Catarina um terreno cada vez mais fértil aos valores cooperativistas. Rui Schneider da Silva Presidente do Sicoob Central SC 3 Sumário CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 Da Europa ao Brasil Um estado que coopera Friedrich Wilhelm Raiffeisen As cooperativas de foi o fundador da primeira produção catarinenses se cooperativa de crédito organizam para viabilizar do mundo, em 1864, na uma alternativa ao sistema Alemanha. Em 1902 foi a vez bancário tradicional, em um do Brasil criar uma instituição movimento que deu origem semelhante, no Rio Grande a dezenas de cooperativas do Sul. Trinta anos depois, de crédito rural e motivou a Santa Catarina viu nascer criação de uma Cooperativa sua primeira cooperativa de Central de Crédito Rural crédito, no município de de Santa Catarina, a Porto Novo, hoje Itapiranga. Cocecrer/SC, hoje Sicoob SC. > página 4 006 > página 020 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 5 A consolidação da Central Grandes conquistas Rumo a novos desafios Em meio à década perdida Apoiadas pela Central, as O Sicoob SC chega a da economia brasileira, a cooperativas de crédito 2010 focado no Central busca meios para catarinenses crescem, em fortalecimento das amenizar os impactos da quantidade e volume de cooperativas singulares e crise sobre as cooperativas de operações, e avançam na no desenvolvimento crédito e seus associados. Ao área urbana. Em todo o sustentável. Motivada pelo centralizar a movimentação país, o sucesso do segmento potencial de expansão do financeira das singulares, impulsiona a criação de Sistema, a Central define a Cocecrer/SC consegue um banco cooperativo e a metas para contribuir ainda ampliar o volume de recursos Cocecrer/SC passa a integrar mais com a transformação da oferecido aos cooperados, o Sistema de Cooperativas de realidade social e econômica revelando sua importância. Crédito do Brasil (Sicoob). das regiões onde atua. > página 044 > página 078 > página 114 5 CAPÍTULO 1 Da Europa ao Brasil A primeira cooperativa de crédito registrada pela história foi fundada na Alemanha, em 1848, por Friedrich Wilhelm Raiffeisen. Implantado no meio rural, esse modelo de cooperativismo se alastrou por todo mundo, chegando a Santa Catarina no século seguinte. 6 Itapiranga em 1935: município foi o primeiro de Santa Catarina a contar com uma cooperativa de crédito 7 Fundadores da Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, na Inglaterra 8 Uma libra. Esse era o valor que cada um de 28 tecelões ingleses deveria economizar mensalmente para consolidar a “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”. O esforço conjunto representaria o primeiro passo do movimento cooperativista no mundo. Completamente inserida nas transformações trazidas pela Revolução Industrial, Rochdale era uma pequena cidade inglesa, próxima a Manchester, habitada por tecelões autodidatas. Em 21 de dezembro de 1844, um grupo de trabalhadores, formado por 27 homens e uma mulher, reuniu-se para formar a Sociedade, que tinha como objetivo principal a criação de uma loja na qual pudessem ser vendidos os produtos fabricados por eles. Fundaram uma cooperativa de consumo e, para administrá-la, elaboraram boa parte dos princípios e diretrizes que regeriam o cooperativismo em todo o mundo nos séculos seguintes. Embora no princípio a Sociedade tenha gerado desconfiança na comunidade, os bons resultados obtidos fizeram com que a cooperativa passasse de 28 para 140 membros em apenas quatro anos. Em 1854, 3.450 sócios reforçavam o capital, que alcançou 152 mil libras. Com o crescimento acelerado, surgiu a questão que faria de Rochdale o ícone do cooperativismo: “O que fazer com as sobras de capital?”. Em busca da resposta, os pioneiros elaboraram vários princípios norteadores, entre os quais se destacavam o controle democrático, dando a cada sócio o direito a um voto. Assim os associados, em posição igualitária, decidiram o destino das sobras. Além disso, foi estabelecida a livre adesão de novos membros, que ingressariam com os mesmos direitos dos antigos. A cooperativa de Rochdale foi o primeiro passo rumo a uma nova forma de pensar a relação entre trabalho, capital e desenvolvimento. Com o objetivo de contribuir para a solução de problemas econômicos e sociais, por meio da colaboração entre pessoas com interesses semelhantes e do fortalecimento da economia local, o cooperativismo avançou em diversas regiões do mundo, dando origem a cooperativas em diferentes áreas. Entre todas elas, um segmento prosperou por oferecer soluções financeiras a seus associados, facilitando o acesso a produtos e serviços compatíveis com suas necessidades e condição socioeconômica: as cooperativas de crédito. O embrião da primeira cooperativa de crédito surgiu três anos depois de Rochdale, em 1847. Friedrich Wilhelm Raiffeisen, natural da Renânia, na Alemanha, criou no povoado de Weyerbusch/Westerwald, também no sudoeste alemão, uma associação de apoio Os princípios de Rochdale 1) A Sociedade é governada democraticamente, cada sócio dispondo de um voto. 2) A Sociedade é aberta a quem dela quiser participar, desde que integre uma cota de capital mínima e igual para todos. 3) Qualquer dinheiro a mais investido na cooperativa é remunerado por uma taxa de juro, mas não dá ao seu possuidor qualquer direito adicional de decisão. 4) Tudo o que sobra da receita, deduzidas todas as despesas, inclusive juros, é distribuído entre os sócios em proporção às compras que fizerem da cooperativa. 5) Todas as vendas são à vista. 6) Os produtos vendidos devem ser sempre puros e de boa qualidade. 7) A Sociedade deve promover a educação dos sócios nos princípios do cooperativismo. 8) A Sociedade deve ser neutra política e religiosamente. 9 Raiffeisen: fundador da primeira cooperativa de crédito do mundo para a população rural. A experiência serviu de modelo para que Raiffeisen fundasse, em 1864, a primeira cooperativa de crédito rural do mundo: a Heddesdorfer Darlehnskassenverein (Associação de Caixas de Empréstimo de Heddesdorf ). Tipicamente rurais, as cooperativas criadas por Raiffeisen tinham como principais características a responsabilidade solidária dos associados, o valor igual de cada voto de seus sócios (independentemente do número de cotas-parte), a abrangência geográfica limitada, a ausência de capital social e a não distribuição de excedentes ou dividendos. Essas características se tornariam presentes em diversas cooperativas de crédito alemãs nos séculos seguintes. Pouco tempo depois de Raiffeisen fundar a associação de apoio à produção rural, o prussiano Herman Schulze originou o movimento no meio urbano, organizando, em 1856, uma cooperativa de crédito na cidade alemã de Delitzsch. As cooperativas fundadas por Schulze passariam a ser identificadas como cooperativas do tipo Schulze-Delitzsch, conhecidas na Alemanha como “bancos populares”. Cada novo membro pagava, de forma parcelada, uma taxa de ingresso e uma cota, comprometendo-se a depositar sua poupança na 10 cooperativa para garantir capital de giro. Todos os empréstimos eram destinados ao financiamento de investimentos produtivos. Ao precisar de mais dinheiro para atender as demandas dos seus integrantes, a cooperativa recorria ao mercado, baseando-se no princípio da responsabilidade ilimitada – os eventuais credores tinham como garantia o patrimônio pessoal dos cooperados. As cooperativas do tipo Schulze-Delitzsch diferenciavamse das fundadas por Raiffeisen por preverem o retorno das sobras líquidas e não restringirem a área de atuação, além de remunerarem seus dirigentes. Com o sucesso das pioneiras, outros países europeus passaram a criar suas próprias cooperativas de crédito. Na Itália, em 1865, Luigi Luzzatti organizou na cidade de Milão a primeira das cooperativas cujo modelo herdaria seu nome – e que seriam bastante populares no Brasil entre 1940 e 1960. Dentre suas principais características estavam a não exigência de vínculo para a associação, empréstimos de pequenos valores e trabalho voluntário dos dirigentes. No continente americano, o jornalista Alphonse Desjardins idealizou a constituição de uma cooperativa com características um pouco distintas das já existentes, embora inspirada em Raiffeisen, Schultze-Delitzsch e Aliança internacional Criada em Londres em 1895, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) tornou-se a principal entidade de representação das cooperativas no âmbito internacional. Com a missão de disseminar o histórico e os princípios dos Pioneiros de Rochdale, busca influenciar políticas públicas que incluam cooperativismo e apoiar o desenvolvimento de cooperativas. Além disso, é responsável por coordenar processos de discussão e atualização dos princípios cooperativos, conforme as demandas contemporâneas. Desde que a ACI foi criada, essa atualização ocorreu três vezes, em conferências internacionais realizadas em Paris, no ano de 1937; Viena, em 1966, e Manchester, em 1995. Luzzatti. A primeira cooperativa de Desjardins foi fundada na província canadense de Quebec, em 6 de dezembro de 1900. Esse modelo, que se tornou conhecido como cooperativa de crédito mútuo, tinha como principal característica a existência de alguma espécie de vínculo entre os associados, reunindo grupos homogêneos, como os membros de um clube, trabalhadores de uma mesma fábrica ou funcionários públicos, por exemplo. Desde que foi criada, a cota exigida para a associação às cooperativas Desjardins era de US$ 5 – valor vigente até os dias atuais. Todas as cooperativas desse modelo eram ligadas à Igreja Católica e, por isso, foram estabelecidas ao lado de capelas e paróquias e administradas por sacerdotes que serviam à comunidade local. As pioneiras no Brasil Dois anos após a fundação da primeira cooperativa de crédito das Américas, foi criada no interior da cidade gaúcha de Nova Petrópolis a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad, considerada a primeira cooperativa de crédito brasileira. Conhecedor do sistema cooperativo europeu, o padre jesuíta Theodor Amstad inspirou-se no modelo Raiffeisen para criar a cooperativa que beneficiaria pequenas comunidades rurais do interior do Rio Grande do Sul. Mas, para que seus conhecimentos pudessem ser aplicados, foi preciso explicar suas vantagens aos colonos alemães – distantes da terra natal e praticamente isolados dos centros urbanos, eles desconheciam por completo o assunto. Por isso, a primeira ação do padre Amstad foi reunir os colonos e conscientizá-los de que juntos eles teriam mais chances de solucionar os problemas financeiros que vinham enfrentando. A estratégia deu certo. Em 28 de dezembro de 1902, 19 sócios fundaram a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad. A ata de fundação, redigida em alemão pelo padre, registra a aprovação dos estatutos, amplamente discutidos e elaborados durante as reuniões ocorridas nos meses anteriores. O primeiro depósito na Caixa foi realizado pelo próprio padre Amstad, no valor de 100 mil réis, em Padre Amstad inspirou-se no modelo Raiffeisen para criar cooperativa de crédito no Rio Grande do Sul nome da comunidade católica de Faria Lemos, uma das capelas em que atuava. Cerca de três meses depois, foi concedido o primeiro crédito a um associado, no valor de 300 mil réis. A consolidação da primeira cooperativa de crédito do Brasil serviu como exemplo para a constituição de instituições semelhantes. O modelo alemão não foi o único a se disseminar. Na cidade de Lajeado, também no interior gaúcho, foi criada em 1906 a primeira cooperativa de crédito do tipo Luzzatti no Brasil: a Caixa Econômica de Empréstimo de Lajeado. Diferentemente das cooperativas Raiffeisen, as Luzzatti admitiam qualquer pessoa como cooperado, tendo como público-alvo assalariados, artesãos, pequenos empresários, comerciantes e industriais. Mais abrangente, esse modelo se espalhou pelo Brasil a partir da década de 1920 e ficou conhecido como cooperativismo de crédito popular. Entre as décadas de 1930 e 1950, calcula-se que foram criadas cerca de 1.200 cooperativas desse modelo no Brasil. À medida que o número de cooperativas se expandia, aumentava a necessidade de ser criada uma entidade que as representasse. No início da década de 1920, foi fundada no Rio de Janeiro a Federação dos Bancos Populares e Caixas Rurais do Brasil, a primei11 ra federação de cooperativas de crédito do país. Entre as principais contribuições dessa Federação ao movimento cooperativista destaca-se a organização de nove congressos sobre cooperativismo de crédito, entre 1923 e 1932. O associativismo ganhou força e, em 8 de setembro de 1925, 18 cooperativas fundaram em Porto Alegre (RS) a Central das Caixas Rurais da União Popular do Estado do Rio Grande do Sul, a primeira cooperativa central unicamente de crédito do Brasil. reno fértil para se desenvolver em uma pequena colônia do Extremo Oeste de Santa Catarina. Chamada inicialmente de Porto Novo (mais tarde Itapiranga), a colônia abrigava imigrantes alemães que haviam saído da região de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, em busca de novas terras e melhores condições de vida. Em 21 de outubro de 1932, seis anos após a chegada dos colonos, nascia a Caixa União Popular de Porto Novo, com 41 sócios-fundadores, entre eles agricultores, comerciantes, artesãos e prestadores de serviços diversos. Em Santa Catarina Na mesma data, em assembleia geral realizada no Hotel No início da década de 1930, as ideias do padre Black, os associados decidiram fundar a Sociedade Cooperativa de Crédito Rural e Responsabilidade Ilimitada “Caixa Rural União Popular de Porto Novo”, a primeira Amstad atravessaram o Rio Uruguai e encontraram ter- Ata de fundação da Caixa Rural União Popular de Porto Novo, que lista o nome dos 41 sócios-fundadores 12 Hotel em que foi realizada a Assembleia de Constituição da Caixa Rural União Popular de Porto Novo, em 1932 13 cooperativa de crédito catarinense, que seguiu o modelo José Werlang foi o primeiro presidente da Caixa Rural, ocupando o cargo até 1945 Raiffeisen. A presidência da Sparkasse – termo em alemão que define Caixa Rural – ficou sob responsabilidade de um de seus fundadores, José Werlang, que ocupou o cargo até 1945. Em 1938, a Caixa Rural passou a funcionar em uma sala da Casa de Administração da Volksveren (Sociedade União Popular) – instituição fundada pelo padre Amstad no Rio Grande do Sul em 1912, que oferecia assistência religiosa, cultural, social e profissional aos imigrantes alemães e seus descendentes. No escritório da Caixa havia apenas um balcão para atender os clientes, uma mesa que servia de escrivaninha, duas cadeiras, uma máquina de escrever e um cofre. Sem máquinas de calcular, contava-se apenas com a habilidade matemática dos funcionários. Nos livros-caixa, os registros de movimentações financeiras eram feitos com pena de aço e tinteiro. Naquela época, 70% dos depósitos realizados na cooperativa podiam ser emprestados aos associados, a Livro de matrículas da cooperativa de crédito fundada em Itapiranga no ano de 1932 14 maior parte agricultores. A Caixa pagava 5% de juros anuais aos correntistas e cobrava 7% de juros anuais sobre os empréstimos – o juro era cobrado semestralmente e o saldo poderia ser pago em até quatro anos. Os empréstimos eram concedidos somente aos associados, que pagavam uma taxa de 5 mil réis (cerca de R$ 1,80) para integrar a cooperativa. Cada depositante recebia uma caderneta, onde eram anotadas a entrada e saída do dinheiro, com assinatura do gerente ao lado de cada lançamento. Único sistema bancário presente em Itapiranga, a Caixa Rural era responsável por toda a movimentação financeira da cidade, do pagamento de duplicatas às transferências de dinheiro. Todos os anos, as assembleias gerais reuniam os associados para prestação de contas e discussão do futuro da cooperativa. Do lucro anual, 70% era destinado a um “Fundo de Reserva Especial” e 30% era doado em benefício da comunidade – uma das doações mais importantes da época foi feita ao hospital da cidade, Máquina de escrever e tinteiro: as primeiras ferramentas da Caixa Rural Livro-caixa registrou as primeiras movimentações da cooperativa 15 que recebeu uma geladeira, movida a querosene, para armazenar penicilina. A fim de melhorar as condições de atendimento da Caixa, os cooperados iniciaram, em 1953, a construção da sede própria. Muitos associados trabalharam na obra de forma voluntária e, em 3 de julho de 1955, o prédio da Caixa Rural foi inaugurado. Além de ampliar o espaço da cooperativa, a nova sede abrigou uma série de estabelecimentos importantes para a comunidade, como o escritório de correspondência do Banco do Brasil, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Rádio Itapiranga, a Central Telefônica e a própria Prefeitura. Assim, iniciava em Itapiranga uma história de parceria e dedicação à comunidade, que se tornariam as marcas do cooperativismo de crédito em Santa Catarina. 16 Itapiranga na década de 1940: Caixa Rural era responsável por toda a movimentação financeira da cidade Construção da sede própria: trabalho voluntário e espírito cooperativista Sede própria foi inaugurada em 1955, com a presença dos associados 17 Sicoob Creditapiranga Formada por membros da comunidade, a cooperativa de crédito de Itapiranga teve participação ativa na história do município. A intensa relação com a comunidade permitiu que a antiga Caixa Rural superasse desafios e se adaptasse às mudanças econômicas e sociais vivenciadas ao longo de 78 anos. No início da década de 1960, a Caixa Rural já era uma instituição sólida. Mas a situação dos agricultores locais era preocupante. Empobrecidos, os produtores não tinham mais condições de investir na atividade rural. Foi então que a cooperativa decidiu liderar um grande levantamento socioeconômico, a fim de identificar os principais entraves ao progresso da região. O trabalho resultou em um plano completo de desenvolvimento para Itapiranga, que incluía, entre outras ações, a construção de uma escola agrícola e a implantação de empreendimentos como um frigorífico e um laticínio no município. Conforme definia o plano, parte desses empreendimentos era financiada pela Caixa Rural. A iniciativa deu tão certo que o levantamento socioeconômico foi repetido no final da década de 1990, quando Itapiranga passava novamente por um momento de dificuldade, decorrente do aumento de competitividade no setor agropecuário. Essa situação se refletiu também no desempenho da cooperativa – agora denominada Creditapiranga –, que fomentou a realização de um novo plano de desenvolvimento local. Assim, a mais antiga cooperativa de crédito de Santa Catarina chegou ao século XXI ainda mais próxima da comunidade. Entre as principais estratégias de crescimento destaca-se o desenvolvimento de ações para promover a doutrina cooperativista, como a realização de seminários e palestras sobre o tema, além de patrocínio a diversos eventos de iniciativa da comunidade. Cada vez mais presente na vida dos cooperados, a cooperativa de crédito de Itapiranga cumpre a função social idealizada pelo padre Theodor Amstad: contribuir para o desenvolvimento humano. 18 Na foto ao lado, o presidente da cooperativa, José Adalberto Michels, recebe associados. Nas demais, atendimento na sede e cooperados do Sicoob Creditapiranga João Averbeck (à esquerda), associado do Sicoob Creditapiranga Meu pai foi sócio-fundador da Caixa Rural em Itapiranga. Eram tempos difíceis, ninguém tinha dinheiro. Lembro que meu pai passava o ano inteiro com 50 centavos no bolso. Então a cooperativa surgiu com o princípio de que um pouco de cada um Sicoob Creditapiranga resolveria o problema Sede: Itapiranga geral. E assim foi, pois a Fundação: 21/10/1932 comunidade se uniu em Início das atividades: 21/10/1932 Filiação ao Sicoob: 16/03/1988 torno do mesmo objetivo. Segmento: Livre Admissão Com a ajuda da cooperativa, Número de associados: 12.316 meu pai comprou terras Número de funcionários: 44 e pôde criar os sete filhos Agências: 4 com dignidade. Como ele, Área de abrangência: Itapiranga, Tunapólis e São João do Oeste no Estado de Santa Catarina e Barra do Guarita, Boa Vista do Buricá, Bom Progresso, Braga, Campo Novo, Crissiumal, Derrubadas, Doutor Maurício Cardoso, Esperança do Sul, Horizontina, Humaitá, Miraguaí, Nova Candelária, Novo Machado, Palmitinho, Pinheirinho do Vale, Redentora, Santa Rosa, São José do Inhacorá, São Martinho, Sede Nova, Tenente Portela, Tiradentes do Sul, Três de Maio, Três Passos, Tucunduva, Tuparendi e Vista Gaúcha no Estado do Rio Grande do Sul População da área de abrangência: 315.858 habitantes centenas de pessoas foram ajudadas. Sem dúvida, a cooperativa de crédito foi essencial ao progresso de Itapiranga, tanto naquele período como nas décadas seguintes. Atual presidente: José Adalberto Michels DATA BASE: 30/06/2010 19 CAPÍTULO 2 Um estado que coopera Consolidadas, as cooperativas de produção catarinenses dão início a um movimento para a expansão do cooperativismo de crédito no estado 20 Assembleia da Crediauc, em Concórdia, na década de 1980 21 O período pós-guerra foi marcado por profundas alterações nos cenários econômico e social de Santa Catarina. Entre 1940 e 1950, a população do estado passou de 1,2 milhão para 1,5 milhão de habitantes, a maioria fixada na zona rural. No Brasil, a partir da metade da década de 1950, a atividade agrícola tomou o centro das discussões sobre o desenvolvimento do país. Começava a se disseminar a ideia de que somente a modernização dos métodos de trabalho no campo permitiria que a agricultura brasileira acompanhasse a evolução industrial que ocorria nos centros urbanos. Em Santa Catarina, a atividade industrial iniciava uma fase de crescimento e diversificação, mas a economia do estado continuava alicerçada na agricultura. Em 1960, a indústria era responsável por cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, enquanto atividades agrícolas e extrativistas correspondiam a mais de 50%. Nesse cenário, o cooperativismo ganhou força, com a formação de cooperativas de produção, que reuniam produtores rurais para atender o mercado de forma mais organizada. Esse movimento foi mais intenso no Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina, regiões que se consolidariam como o “celeiro catarinense”. Chapecó, Concórdia, Joaçaba e Campos Novos foram algumas das cidades que sediaram as primeiras Cooperativa Central Oeste Catarinense - Aurora, em 1973: produção impulsiona cooperativismo de crédito 22 cooperativas de produção formadas no estado, ainda no final da década de 1960. Enquanto as cooperativas de produção se multiplicavam, o cooperativismo de crédito passava por um período de instabilidade, marcado por mudanças constantes na legislação que regulamentava o segmento. Ao final de 1961, o país contabilizava 511 cooperativas de crédito, com 547.854 associados. Em novembro do ano seguinte, durante o governo João Goulart, o decreto nº 1.503 editado pelo Conselho de Ministros suspendeu as autorizações e os registros de novas cooperativas de crédito, estancando o crescimento do setor. O processo iniciado em 1962 teve continuidade Classificação das cooperativas de crédito A Lei 5.764, de 1971, que veda às cooperativas de crédito o uso da expressão “banco”, classificou-as em três segmentos: • Singulares: constituídas por, no mínimo, 20 pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas sem fins lucrativos ou que mantenham atividades econômicas iguais ou correlatas às desenvolvidas pelas pessoas físicas. Têm como função a prestação direta de serviços aos associados. • Cooperativas centrais ou federações de cooperativas: constituídas de, no mínimo, três singulares – excepcionalmente podem admitir associados individuais. Seu objetivo é organizar, em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, além de facilitar a utilização recíproca dos serviços. • Confederações de cooperativas: constituídas por, pelo menos, três federações de cooperativas ou cooperativas centrais, pertencentes à mesma ou a diferentes modalidades. Orientam e coordenam as atividades das filiadas, nos casos em que o volume dos empreendimentos ultrapassarem a capacidade de atuação das centrais e federações. ao longo do regime militar, que planejava uma profunda reforma no Sistema Financeiro Nacional, pela qual seriam atribuídas a bancos estatais as principais funções desempenhadas pelas cooperativas de crédito, como o financiamento às atividades agropecuária e industrial. Em 1964, a Lei 4.595 equiparou as cooperativas de crédito às demais instituições financeiras e transferiu ao Banco Central as atribuições até então exercidas pelo Ministério da Agricultura, como a autorização de funcionamento e a fiscalização das cooperativas de crédito. Nos anos seguintes, uma série de resoluções, leis e decretos restringiram a área de atuação das cooperativas de crédito, levando a uma extinção em massa dessas instituições. O recomeço Após um período de verdadeira perseguição, a década de 1970 trouxe esperança ao cooperativismo de crédito brasileiro, com a revogação de algumas das leis que restringiam sua atuação. Em 1971, a Lei 5.764 definiu a cooperativa como sociedade de pessoas, de natureza civil. A fiscalização e o controle das cooperativas de crédito continuaram sob responsabilidade do Banco Central do Brasil, enquanto sua regulação cabia ao Conselho Monetário Nacional. A legislação também atribuía ao Estado a responsabilidade pela assistência técnica e oferta de incentivos financeiros e creditórios especiais, necessários à criação, desenvolvimento e integração das entidades cooperativas. Apesar das condições mais favoráveis, a desestruturação do segmento havia sido tamanha que foram necessários cerca de 20 anos para a retomada da criação de cooperativas de crédito no Brasil. Em 1981, um projeto elaborado pelo cooperativista Mário Kruel Guimarães começou a ser desenvolvido no Rio Grande do Sul, na tentativa de criar um Sistema Cooperativo de Crédito Rural no país. O principal objetivo era oferecer ao pequeno produtor uma alternativa de financiamento para suas atividades, tendo em vista sua impossibilidade de arcar com as altas taxas de juros cobradas por instituições bancárias. Esse movimento chegou a Santa Catarina em 23 Informativo das cooperativas de produção divulgava os benefícios do cooperativismo de crédito 1982, coordenado pela Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), que criou o Comitê Pró-Constituição das Cooperativas de Crédito Rural. Por meio desse Comitê, a Ocesc organizava reuniões em todo o estado, a fim de esclarecer os benefícios do cooperativismo na área financeira. Cientes das dificuldades de financiamento enfrentadas pelos produtores rurais, sete cooperativas de produção foram incentivadas a iniciar um sistema de cooperativas de crédito em Santa Catarina – eram elas: Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia), de Concórdia; Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa), de Chapecó; Cooperativa Agropecuária de Canoinhas (Coopercanoinhas); Cooperativa Regional Auriverde (Cooperauriverde), de Cunha Porã; Cooperativa Regional Arco Íris (Cooperarco), de Palmitos; Cooperativa Regional Agropecuária de 24 Campos Novos (Coopercampos) e Cooperativa Rio do Peixe (Coperio), de Joaçaba. Em cada uma delas foi formado um grupo de trabalho, que envolvia dirigentes e funcionários, para estudar a viabilidade da fundação de cooperativas de crédito na região em que atuavam e buscar modelos que auxiliassem na implantação. Além dos encontros realizados entre líderes do cooperativismo local, os representantes das cooperativas de produção visitaram diferentes cooperativas de crédito estabelecidas em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, além da única iniciativa catarinense que não havia sucumbido aos percalços do cooperativismo de crédito nas décadas anteriores: a antiga Caixa Rural de Itapiranga, à época chamada Creditapiranga. Escolhidos os modelos que serviriam como base, cada uma das seis cooperativas de produção elaborou um projeto e enviou ao Banco Central, solicitando Certificado emitido pelo Banco Central autorizou o funcionamento da Crediauc, fundada em 1984 autorização para fundar uma cooperativa de crédito singular. Esses projetos começaram a ser aprovados em 1985, com a autorização para funcionamento da Cooperativa de Crédito do Alto Uruguai Catarinense (Crediauc), com sede em Concórdia. Apoiada pela Copérdia, a Crediauc foi criada em 8 de novembro de 1984, por 33 sócios-fundadores. Entre eles estava Rui Schneider da Silva, que foi eleito o primeiro presidente da cooperativa de crédito. Ao iniciar as atividades, em março do ano seguinte, o grande desafio era conscientizar os associados, basicamente produtores rurais, a confiar no cooperativismo de crédito, acreditando que o sistema traria benefício para todos e contribuiria para o desenvolvimento local. E não bastava apenas associar-se. Para que a cooperativa tivesse futuro, era preciso concentrar nela todas as movimentações financeiras. A primeira operação O primeiro empréstimo da história da Crediauc, de Concórdia, deu-se de forma inusitada, algumas horas depois de sua inauguração. O sócio-fundador João Rech Netto recebeu a matrícula de número 01. Para efetivar a abertura da conta corrente, fez o primeiro depósito. O gerente da Crediauc recebeu o depósito, mas não sabia muito bem o que fazer com o dinheiro. Sem pestanejar, o associado Ovidio José Pille, que estava ao lado do gerente, questionou se aquele valor, ou ao menos uma parte, não poderia ser emprestado para ele. Com a aprovação dos associados presentes no local, o empréstimo foi concedido. Era a primeira das milhares de operações de crédito que seriam realizadas pela Crediauc nos anos seguintes. 25 Os fundadores da Crediauc se esforçaram para levar informação às comunidades rurais. E nenhuma oportunidade era perdida. Certa vez, representantes da cooperativa foram ao interior preparados para realizar uma grande reunião com determinada comunidade, a fim de explicar os princípios e o funcionamento do cooperativismo de crédito. Ao chegarem ao local combinado, apenas três pessoas os esperavam. Mas eles não se frustraram. O ginásio foi substituído pela sombra de uma árvore, onde formaram uma roda de chimarrão e cumpriram a missão de transmitir aos interessados a doutrina cooperativista. A conquista da confiança dos associados foi o grande desafio não apenas da Crediauc, mas de todas as cooperativas de crédito fundadas em Santa Catarina naquela época. Objetivos e vantagens da empreitada eram esclarecidos em assembleias das cooperativas de produção, em eventos da comunidade e em visitas às propriedades rurais. O apoio das cooperativas de produção, aliado à credibilidade das pessoas envolvidas na implantação, foi fundamental para que o cooperativismo de crédito prosperasse no estado. Mais do que convencer os cooperados a apostarem na nova ideia, as cooperativas de produção ofereceram todo o suporte necessário ao desenvolvimento das cooperativas de crédito. Cediam espaço físico, móveis e funcionários, que se dividiam entre as atividades na cooperativa de produção e o atendimento aos associados na “Credi” – como as cooperativas de crédito passaram a ser conhecidas. Foi assim em Chapecó, no dia 16 de novembro de 1984, quando 169 pessoas reunidas em Assembleia Geral da Cooperalfa decidiram fundar a Cooperativa de Crédito Rural de Chapecó Ltda. - Credialfa, que mais tarde viria a se chamar MaxiCrédito. Em uma pequena sala da sede da cooperativa de produção, o atendimento aos associados foi iniciado em agosto de 1985, com funcionários também cedidos pela Cooperalfa. Toda a diretoria, incluindo o primeiro presidente, Pergentino Natalino Grando, trabalhava sem remuneração. Ao visitar a Cooperalfa, o produtor rural era convidado a conhecer as instalações e as vantagens da Cre26 Sicoob Crediauc Quando começaram a operar em uma pequena sala de 16 metros quadrados, os fundadores da Crediauc tiveram que convencer os associados a canalizar suas movimentações na cooperativa de crédito para fortalecê-la, mas jamais poderiam imaginar que, passados 25 anos, esse contingente atingiria quase 18 mil cooperados. Entre 1984 e 1987, a Crediauc funcionou na sede da Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia). Eram dois funcionários, um gerente e um caixa, que realizavam todas as funções. O aumento no número de cooperados e serviços oferecidos favoreceu o crescimento da cooperativa, que se tornou um importante agente da economia local. Em alguns dos municípios em que atua, a Crediauc é responsável por até 97% de todos os recursos emprestados. A cooperativa opera em regime de livre admissão de associados desde dezembro de 2006. No ano seguinte, de acordo com o ranking nacional das cooperativas de crédito, a Crediauc era a maior de Santa Catarina e uma das 10 maiores do Brasil. Em 25 anos, o número de funcionários saltou de três para quase 100 e uma nova sede, ampla e moderna, é o retrato do sucesso alcançado. Cada vez mais próxima da comunidade local, a Crediauc apoia festas, feiras e exposições nos municípios onde está inserida. Equipes e campeonatos esportivos, além de programas de formação de atletas com foco em crianças e adolescentes também são patrocinados pela cooperativa. Sicoob Crediauc Sede: Concórdia Fundação: 08/11/1984 Início das atividades: 07/03/1985 Filiação ao Sicoob: 08/11/1985 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 18.083 Número de funcionários: 83 Agências: 14 Área de abrangência: Concórdia, Seara, Itá, Ipumirim, Ipira, Xavantina, Peritiba, Piratuba, Lindóia do Sul, Arabutã, Arvoredo, Paial, Alto Bela Vista e Presidente Castello Branco População da área de abrangência: 135.313 habitantes Atual presidente: João Rech Netto DATA BASE: 30/06/2010 Presidente da Crediauc, João Rech Neto, atende associado. Nas imagens abaixo, a sede da cooperativa em funcionamento Mauro Zampiron, associado do Sicoob Crediauc Me associei à Crediauc há mais de 20 anos. Eu estava curioso, pois não sabia o que era uma cooperativa de crédito, mas já era associado a uma cooperativa de produção. Tenho um comércio e uma granja e também trabalho com transporte. A cooperativa é extremamente importante para os negócios. Uma vez precisei de crédito para comprar milho para a granja e fui à cooperativa. Em dois dias, eu estava com o dinheiro que precisava. No campo, a cooperativa ajuda em todo o processo: plantar, produzir e vender. E depois o cooperado ainda participa da divisão dos lucros no final do ano. Por isso sempre aconselho as pessoas que passam pelo meu comércio a se associar. E os que vão, ficam surpresos com o excelente atendimento. 27 Sicoob MaxiCrédito Primeira cooperativa de crédito a se tornar de livre admissão em Santa Catarina, a MaxiCrédito, alcançou em 2010 a marca de 25 mil associados. Fundada como uma extensão da cooperativa de produção da região de Chapecó, maior cidade do Oeste catarinense, passou muitos anos trabalhando apenas com crédito rural. Apesar de enfrentar várias crises na agricultua durante a década de 1990, devido à queda dos preços dos produtos agrícolas, a MaxiCrédito nunca registrou prejuízos. Primeira sede da Credialfa, que no futuro transformou-se em Sicoob MaxiCrédito Na década seguinte, a estabilidade da economia brasileira fomentou a demanda por crédito e a cooperativa fez da ampliação do quadro social a chave para o crescimento. Em 2005, foi autorizada pelo Banco Central a atuar sob di. Entre uma conversa e outra, os principais argumentos eram apresentados e a possibilidade de ser dono de uma instituição financeira, capaz de compreender suas necessidades e anseios, fazia a diferença. Raramente o produtor saía da Credi sem a ficha de matrícula preenchida. Aquele papel, datilografado ou preenchido à mão, representava a aposta em um futuro melhor. o regime de livre admissão de associados, o que possibilitou a atração de associados do meio urbano. A abrangência maior se refletiu tanto na movimentação financeira quanto nas melhorias e infraestrutura. Hoje a MaxiCrédito é uma das maiores cooperativas do estado, com 25 pontos de atendimento, além da sede. A cooperativa possui um ativo circulante de R$ 172 milhões. No primeiro semestre de 2010, ela realizou R$ 13 milhões em operações de crédito, fechando a carteira A conquista da credibilidade em R$ 116 milhões. Apesar do crescimento, a cooperativa trabalha para que suas raízes não sejam esquecidas, man- Na metade da década de 1980, o cooperativismo de produção agropecuária catarinense consolidava uma trajetória de expansão. Juntos, pequenos e médios produtores rurais haviam construído silos e armazéns e adquirido frotas para o escoamento da produção, disputando mercados em condições de igualdade com as grandes organizações do setor. Nesse contexto, as cooperativas de crédito vinham para ampliar as possibilidades de expansão do movimento, ajudando a melhorar a qualidade de vida dos cooperados, que tinham a possibilidade de obter e aplicar recursos na sua região. Alguns dirigentes das cooperativas de produção tiveram a oportunidade de visitar a Europa e conhecer os mais antigos sistemas de cooperativismo de crédito, trazendo para Santa Catarina ideias e experiências bemsucedidas. Foi após algumas viagens à Alemanha que Alfredo Scultetus, integrante de uma cooperativa de 28 tendo vivos os princípios do cooperativismo. Sicoob Maxicrédito Sede: Chapecó Fundação: 16/11/1984 Início das atividades: 15/08/1985 Filiação ao Sicoob: 08/11/1985 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 24.856 Número de funcionários: 157 Agências: 25 Área de abrangência: Chapecó, Xaxim, Coronel Freitas, Quilombo, Águas de Chapecó, Caxambu do Sul, Nova Erechim, Campo Erê, São Bernardino, Santiago do Sul, Saltinho, Cordilheira Alta, Planalto Alegre, Guatambu, Irati, Formosa do Sul, Jardinópolis, Entre Rios, União do Oeste, Águas Frias, Marema, Lajeado Grande e Nova Itaberaba População da área de abrangência: 289.415 habitantes Atual presidente: Eloi Frazzon DATA BASE: 30/06/2010 Milton José Tomasini, associado ao Sicoob MaxiCrédito A cooperativa já me ajudou em vários momentos difíceis. Um, que me lembro bem, foi durante a estiagem de 2005/2006. Na época, precisei fazer prorrogação Imagens das agências da MaxiCrédito. Abaixo, o presidente Eloi Frazzon (à dir.) conversa com associado do pagamento do empréstimo por causa da frustração de safra. Na sequência busquei recursos para novos investimentos, que estavam há muito tempo nos meus planos. Os créditos em horas oportunas permitiram que eu conduzisse as minhas atividades com calma e tranquilidade, sem me desfazer de patrimônio. 29 Sicoob Credicanoinhas A Credicanoinhas enfrentou logo nos seus primeiros anos de funcionamento os efeitos de planos econômicos malsucedidos e da estruturação do sistema cooperativo. No início da década de 1990, sofreu com o Plano Collor, que ao confiscar as poupanças deixou a instituição quase sem dinheiro em caixa. Como reflexo disso, a Credicanoinhas registrou o único semestre de prejuízo em toda sua história, resultado que conseguiu reverter até o Em Canoinhas, crescimento da produção leiteira dependia de crédito na década de 1980 final daquele ano. Pouco tempo depois, a Credicanoinhas ainda enfrentou dificuldades com a quebra da cooperativa de produção local. Embora desde os primeiros anos suas operações fossem independentes, o fato confundiu a comunidade, atingindo negativamente a credibilidade da cooperativa de crédito. Nessa época, então, a diretoria aproveitou para resolver problemas de inadimplência e reorganizar os sócios, operação que gerou a exclusão de cerca de mil contas. Mais criteriosa na liberação de crédito, a cooperativa passou a crescer vigorosamente e a oferecer uma Nas primeiras assembleias da Credicanoinhas, a diretoria apresentava as vantagens do cooperativismo ampla gama de produtos e serviços a seus associados. Hoje, com mais de 4,7 mil associados e passada a fase de turbulência, a Credicanoinhas se mostra sólida e preparada para atuar como cooperativa de livre admissão produção de Canoinhas, no Planalto Norte do estado, iniciou um movimento para a formação de uma cooperativa de crédito na cidade, em 1984. Na época, a maioria dos produtores rurais da região se dedicava à produção leiteira, complementada com o cultivo de feijão, milho e soja. A suinocultura, que se tornaria uma das principais atividades da economia local, estava apenas começando. Tanto para manter a produção quanto para iniciar um novo negócio, os produtores rurais precisavam de crédito, cada vez mais escasso nos bancos. Apesar da dificuldade evidente, não foi fácil reunir os 28 sócios fundadores. Scultetus e outros simpatizantes da ideia tiveram que sair a campo para conversar com os agricultores e convencê-los. Nessa missão, tinham a ajuda dos técnicos agrícolas da cooperativa de produ30 de associados. Sicoob Credicanoinhas Sede: Canoinhas Fundação: 22/11/ 1984 Início das atividades: 01/04/1985 Filiação ao Sicoob: 08/11/1985 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 4.715 Número de funcionários: 35 Agências: 8 Área de abrangência: Canoinhas, Irineópolis, Matos Costa, Porto União, Três Barras, Bela Vista do Toldo e Calmon População da área de abrangência: 130.745 habitantes Atual presidente: Francisco Greselle DATA BASE: 30/06/2010 José Zacarias Munhoz de Lima, associado ao Sicoob Credicanoinhas Assim que comecei a trabalhar com lavoura de soja, milho e feijão, no final dos anos 90, me associei ao Sicoob. A cada safra, eu e meu sogro recorríamos à cooperativa para custear as sementes, adubos, fertilizantes e defensivos utilizados na lavoura. Se dependêssemos de outros Ao lado, o presidente Francisco Greselle atende a associado. Nas demais fotos, a sede do Sicoob Credicanoinhas bancos, o dinheiro sairia com muito mais dificuldade e sobraria menos ao final de cada colheita. Na Credi sou muito bem atendido. Do presidente ao caixa, todos me conhecem, o que facilita a liberação de crédito – dentro das possibilidades do nosso cadastro, é claro. A cidade também se beneficiou do crescimento da cooperativa nos últimos tempos. Com o crédito, a produção e o comércio têm se expandido ano após ano. 31 ção. A estratégia deu certo: fundada em 22 de novembro de 1984, a Cooperativa de Crédito de Canoinhas (Credicanoinhas) abriu as portas para atendimento aos associados em julho do ano seguinte, tendo Scultetus como presidente. A criação de cooperativas de crédito também permitiu às cooperativas de produção atender seus associados de forma mais completa, concentrando o atendimento em um único local. Naquele tempo, a maioria das operações financeiras era realizada via Banco do Brasil, o que exigia o deslocamento do agricultor até a agência para receber pela venda dos produtos entregues na cooperativa de produção. Em Campos Novos, os associados da Coopercam- Sicoob Credicampos No município conhecido como o “celeiro catarinense”, o cooperativismo de crédito chegou para somar forças. Focada no desenvolvimento local, a Credicampos atua há 25 anos como um dos principais agentes financeiros de Campos Novos e região. Entre 1985 e 1998, a Credicampos funcionou na cooperativa de produção que a originou, a Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos (Coopercampos). Em 1998, transferiu-se para uma moderna agência localizada no centro da cidade. Então os benefícios que já eram conhecidos pelos associados da Coopercampos foram sendo descobertos por outras pessoas, ampliando a base de cooperados. Assim, a Credicampos chega a 2010 com quase 5 mil associados, atendidos por 25 colaboradores nos cinco municípios onde a cooperativa mantém postos de atendimento: Campos Novos, Brunópolis, Capinzal, Monte Carlo e Curitibanos. Dessa forma, a Credicampos busca, dia após dia, superar o desafio de atender com equilíbrio às demandas de pequenos a grandes produtores rurais, oferecendo uma ampla gama de produtos e serviços. Sicoob Credicampos Sede: Campos Novos Fundação: 28/12/1984 Início das atividades: 05/09/1985 Filiação ao Sicoob: 08/11/1985 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 4.920 Número de funcionários: 31 Agências: 5 Área de abrangência: Campos Novos, Anita Garibaldi, Erval Velho, São José do Cerrito, Monte Carlo, Abdon Batista, Celso Ramos, Vargem, Brunópolis, Ibiam, Tangará, Zortéa, Campo Belo do Sul, Curitibanos, Capinzal e Ouro População da área de abrangência: 161.112 habitantes Carta enviada aos associados da Coopercampos convidava para inauguração da cooperativa de crédito 32 Atual presidente: Luiz Carlos Chiocca DATA BASE: 30/06/2010 Valter Zanchett, associado ao Sicoob Credicampos Na cooperativa de crédito as operações financeiras se tornam mais fáceis, menos burocráticas. Nela você conhece todo mundo e a cooperativa conhece o seu histórico. Isso facilita as operações, de modo que a liberação de Abaixo, o presidente Luiz Carlos Chiocca. Acima, a sede e a equipe do Sicoob Credicampos recursos é melhor, mais vantajosa. E no final do ano você tem resultados, que podem voltar para sua conta ou vão para capitalização. No banco, o que você paga fica lá. Esse é o grande diferencial. 33 pos desejavam uma instituição financeira mais próxima, que agilizasse o recebimento e facilitasse o acesso ao crédito. Por isso, quando a Cooperativa de Crédito de Campos Novos (Credicampos) começou a funcionar em uma salinha anexa à Coopercamos, em setembro de 1985, a satisfação foi geral. Cedidos pela cooperativa de produção, três funcionários se encarregaram da abertura de contas – para ser associado da cooperativa de crédito, era obrigatório integrar a cooperativa de produção. Junto aos demais membros da diretoria, o presidente da cooperativa, Alberto Aleixo Rossi, captava novos associados. No primeiro ano de funcionamento, a abertura de contas para movimentação financeira foi a única atividade da Credicampos, pois não havia recursos para a concessão de empréstimos. Somente à medida que chegaram novos associados, o capital da cooperativa aumentou e os primeiros financiamentos começaram a sair – complementados com recursos captados no Banco do Brasil. Tanto em Campos Novos quanto nas outras cinco cooperativas de crédito criadas naquela época, o registro Sicoob Credirio Fundada com a ajuda da Cooperativa Rio do Peixe (Cooperio), a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão Vale do Rio do Peixe (Credirio) foi fruto de um movimento realizado com lideranças comunitárias de Joaçaba e região. Na época da fundação, os líderes de todas as comunidades rurais participaram de reuniões, nas quais se explicavam os objetivos e fundamentos do cooperativismo de crédito. Como se tratava de uma nova experiência na cidade, o apoio da cooperativa de produção foi fundamental para dar credibilidade à Credirio. Todo o esforço valeu a pena. Entre 1986 e 1987, a cooperativa de crédito dobrou o valor de seu patrimônio líquido e conquistou cerca de 600 associados. Na época, eram concedidos empréstimos a atividades não especificadas (conhecidos como “papagaios”), financiamentos agrícolas para manutenção familiar e desconto de Nota Promissória Rural – NPR. Em 25 anos, o leque de produtos e serviços oferecidos foi ampliado, assim como o público-alvo, o primeiro passo da Credirio para atuar como cooperativa de crédito de livre admissão. Sicoob Credirio Sede: Joaçaba Fundação: 16/01/1985 Início das atividades: 15/10/1985 Filiação ao Sicoob: 08/11/1985 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 11.109 Número de funcionários: 43 Agências: 10 Área de abrangência: Joaçaba, Luzerna, Herval D’Oeste, Erval Velho, Ibicaré, Água Doce, Treze Tílias, Jaborá, Ouro e Lacerdópolis Em todas as cooperativas de crédito, registros das movimentações financeiras eram feitos manualmente em fichas de papel 34 População da área de abrangência: 84.415 habitantes Atual presidente: Geraldo Ferronato DATA BASE: 30/06/2010 Jussaro Castegnar, associado ao Sicoob Credirio Nos últimos anos o Sicoob tem sido a salvação da lavoura, pois precisamos de dinheiro para nossa principal atividade: a agricultura. Seguidamente eu estou na cooperativa, pedindo dinheiro emprestado. Se não fossem esses recursos com juros menores eu já teria parado com a agricultura, porque é impossível pagar um juro de banco. No alto, a sede do Sicoob Credirio. Acima, o presidente Geraldo Ferronato reúne parte da equipe da cooperativa 35 das movimentações financeiras era feito de forma manual. Cada associado tinha uma ficha, na qual o saldo era atualizado. Quando chegava à cooperativa para fazer um depósito, os funcionários buscavam a fichinha amarela e somavam o novo valor ao saldo anterior, que era riscado. A cada saque, pagamento ou cheque descontado, o cálculo era refeito e o saldo alterado. Para muitos associados, as cooperativas de crédito deram a primeira oportunidade de utilizar cheques, o que no interior ainda era uma modalidade desconhecida de pagamento. Por isso, seu uso adequado passou a ser uma preocupação constante das cooperativas, que realizavam um trabalho didático junto aos associados, explicando o modo de funcionamento. Era preciso fazê-los compreender que o cheque equivalia ao “dinheiro vivo”, de modo que se fazia necessário ter saldo em conta para utilizá-lo como forma de pagamento. A conscientização em relação aos cheques também era uma preocupação da Cooperativa de Crédito Rural Vale do Rio do Peixe (Credirio), fundada em Joaçaba em janeiro de 1985. Presidida naquela época por Alécio Martini, a Credirio precisou atuar em duas frentes. Além do associado, era preciso convencer os comerciantes da região, que no início relutaram em aceitar os cheques da cooperativa apresentados pelos clientes. A justificativa de que não conheciam aquele novo “banco” frustrava os associados. Com o objetivo de reduzir a desconfiança da comunidade em relação à cooperativa de crédito, líderes Informativos da Cooperio, a cooperativa de produção de Joaçaba, divulgavam os benefícios do cooperativismo de crédito 36 do Comitê Educativo da Cooperativa Rio do Peixe (Cooperio) percorreram o comércio da cidade, divulgando os princípios do cooperativismo e incentivando as pessoas a acreditarem na Credi. Aos comerciantes, garantiam que se tratava de “um negócio sério” e que só tinham cheques da cooperativa pessoas idôneas, de honestidade comprovada. Para fazer jus à propaganda, os associados eram selecionados de forma cuidadosa. Além de integrar a cooperativa de produção, era preciso ser convidado por outro associado, que informalmente se responsabilizava pela conduta do novo membro. Dessa forma, acreditavam os dirigentes, minimizavam-se os riscos da emissão de cheques sem fundos e de abalo na imagem da cooperativa recém-formada. Assim como a contabilidade trabalhosa e a conquista de credibilidade, o desafio de captar recursos para atender às expectativas dos associados também era comum às cooperativas recém-criadas. Enquanto a atração de associados foi se resolvendo à medida Assembleia de fundação e primeiros atendimentos da Oestecredi, na época Crediarco 37 que os benefícios das cooperativas de crédito eram divulgados, a captação de dinheiro tornou-se tarefa bem mais árdua. No município de Palmitos, a Cooperativa de Crédito Rural Arco Íris (Crediarco, atualmente Oestecredi), fundada em fevereiro de 1985, levou quase três anos para alcançar a autonomia financeira, deixando de depender da cooperativa de produção que lhe deu origem – a Cooperativa Regional Arco Íris. Presidida por Leonir Dacroce, a Crediarco iniciou o atendimento ao público contando com apenas dois funcionários – um gerente e um contador. Apesar das dificuldades, já no primeiro ano de existência a cooperativa alcançou a marca de 400 associados. Para isso, foi fundamental o trabalho de conscientização dos agricultores locais sobre a necessidade de efetuar depósitos e aplicações na cooperativa. A proposta de gerar um ciclo virtuoso, de modo que o dinheiro aplicado fosse emprestado a alguém do próprio município foi, pouco a pouco, convencendo a comunidade. Em 2000, um novo avanço: a Crediarco incorporou a Cooperativa de Crédito Rural Santa Lúcia (Credilucia), que atuava na mesma região, e passou a se chamar Oestecredi. A mesma ideia foi disseminada na região de Cunha Porã, onde, em agosto de 1985, a Cooperativa de Crédito Rural Auriverde (Crediauriverde – hoje Credial) iniciou suas operações. Fundada no ano anterior por 28 sócios – e presidida por Manfredo Salfner –, a Credial era apoiada pela cooperativa de produção local e nascia com a missão de fomentar a produção agrícola, bem como sua comercialização e industrialização. A ata da primeira assembleia registra a preocupação dos sócios-fundadores com a disseminação dos princípios do cooperativismo, incluindo, entre as finalidades da cooperativa “a formação educacional de seus associados, no sentido de fomentar o cooperativismo através da ajuda mútua, da economia sistemática e do uso adequado do crédito”. Na mesma assembleia, os conselheiros da Crediauriverde, repetindo uma atitude comum aos dirigentes de cooperativas de crédito criadas naquela época, abriram mão de qualquer remuneração, a fim de isentar a cooperativa de custos adicionais no período de implantação. 38 Sicoob Oestecredi Uma das pioneiras no estado, a Oestecredi consolidou-se ao mesmo tempo em que ajudou a espalhar o espírito do cooperativismo. A Oestecredi ajudou na formação de outras cooperativas de crédito no estado de Santa Catarina e, assim que obteve a autorização para atuar em regime de livre admissão de associados, em 2007, adicionou mais 22 municípios gaúchos à sua área de cobertura. Atualmente, a Oestecredi possui sete agências, nas cidades de Caibi, Mondaí, Iporã do Oeste, Riqueza, Belmonte, Santa Helena e Descanso – onde começou a atender depois de 2000, quando incorporou a Cooperativa de Crédito Rural Santa Lúcia (Credilucia). A incorporação da Credilucia, aliás, foi a primeira realizada na história do Sicoob SC. Em mais de 20 anos de história, a Oestecredi conta com um quadro de 14,8 mil associados distribuídos em toda sua área de atuação, que são atendidos por cerca de 80 funcionários. Entre as metas da cooperativa estão o incremento de 10% no número de associados e de cartões, aumentar o número de linhas de crédito disponíveis e continuar participando de eventos sociais. Dessa forma, além de ajudar no desenvolvimento local, a atuação da cooperativa na comunidade transcende os serviços bancários. A Oestecredi já foi reconhecida pela ajuda na construção da sede do Corpo de Bombeiros Comunitário de Palmitos e recebeu prêmio de destaque empresarial do município. Sicoob OesteCredi Sede: Palmitos Fundação: 01/02/1985 Início das atividades: 13/09/1985 Filiação ao Sicoob: 08/11/1985 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 14.836 Número de funcionários: 82 Agências: 8 Área de abrangência: Palmitos, Belmonte, Caibi, Descanso, Iporã do Oeste, Mondai, Riqueza e Santa Helena, no Estado de Santa Catarina, e Alpestre, Ametista do Sul, Caiçara, Cristal do Sul, Erval Seco, Frederico Westphalen, Iraí, Jaboticaba, Liberato Salzano, Pinhal, Planalto, Rodeio Bonito, Seberi, Taquaruçú do Sul, Trindade do Sul, Vista Alegre e Vicente Dutra, no Estado do Rio Grande do Sul População da área de abrangência: 189.138 habitantes Atual presidente: Lauri Inácio Slomski DATA BASE: 30/06/2010 Atendimento no Sicoob Oestecredi. Na última foto, o presidente Lauri Inácio Slomski Elio Casarin, associado ao Sicoob Oestecredi No início havia pessoas que não entendiam o porquê da criação de uma cooperativa de crédito, se existiam outros bancos na cidade. Mas, aos poucos, as pessoas foram se conscientizando sobre o papel de uma cooperativa de crédito no município. Queríamos que o recurso captado fosse emprestado aqui na região, em forma de crédito. E foi o que aconteceu. 39 Sicoob Credial De 28 sócios-fundadores para cerca de 15 mil associados. Esse foi o salto registrado pela Cooperativa de Crédito Auriverde (Credial) em 25 anos. Nos primeiros anos de atividades a Credial possuía apenas uma agência na cidade de Cunha Porã, onde trabalhavam três funcionários, que também atendiam os associados dos municípios vizinhos em parceria com a cooperativa de produção local. Hoje a Credial conta com cerca de 70 colaboradores, entre funcionários e estagiários. Além da sede Primeiras instalações da Credial, em Cunha Porã em Cunha Porã, está presente em outros oito municípios da região: Maravilha, São Carlos, Cunhataí, Iraceminha, Flor do Sertão, São Miguel da Boa Vista, Santa Uma Central em SC Terezinha do Progresso e Tigrinhos. Administrando cerca de R$ 120 milhões em ativos, a Credial ampliou sua base de atuação após ter Pioneiro na formação de cooperativas de crédito, o Rio Grande do Sul foi também o primeiro estado brasileiro a criar uma central de cooperativas desse ramo, em 1980. Conforme o estatuto da instituição, as cooperativas tinham a função de prestar o atendimento aos associados, enquanto a Central se ocupava da gestão financeira em escala e dos serviços jurídicos, de supervisão e de formação de recursos humanos. Em 1985, com as sete cooperativas singulares de crédito em pleno funcionamento em Santa Catarina, os líderes do cooperativismo catarinense decidiram que havia chegado a hora de também criar um sistema que as agregasse em torno de objetivos comuns. No dia 8 de novembro, reunidos no Hotel Plaza Itapema, no litoral, 27 delegados de nove cooperativas fundaram a Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina – Cocecrer/SC, futuro Sicoob SC. As fundadoras eram as cooperativas de crédito Crediauc, Credicanoinhas, Credicampos, Credirio, Crediarco, Credialfa e Credial, além da Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora (Coopercental Aurora), de Chapecó, e da Cooperativa Central Agrícola Vale (Cooperleite), de Itajaí. Após longas explanações sobre a importância e os benefícios gerados por uma cooperativa central, os 27 40 aprovado seu projeto de livre admissão, em 2006. Assim, além dos produtores rurais, a Credial passou a contemplar o segmento urbano, tornando-se uma alternativa financeira para toda a comunidade. Abaixo, o presidente Hermes Barbieri recebe os associados. Nas demais fotos, assembleia e atendimento na cooperativa Sicoob Credial Sede: Cunha Porã Fundação: 26/11/1984 Início das atividades: 08/08/1985 Filiação ao Sicoob: 08/11/1985 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 17.609 Número de funcionários: 58 Agências: 9 Área de abrangência: Cunha Porã, Maravilha, São Carlos, Campo Erê, Iraceminha, Cunhataí, Santa Terezinha do Progresso, São Miguel da Boa Vista, Flor do Sertão, Tigrinhos, Águas de Chapecó e Caibi Nelson Bauerman, associado do Sicoob Credial População da área de abrangência: 82.431 habitantes Atual presidente: Hermes Barbieri DATA BASE: 30/06/2010 A cooperativa de crédito exerce um papel muito maior e mais importante do que imaginávamos quando a fundamos. O cooperativismo de crédito nos oferece opções que os bancos não oferecem. Na região são 16 mil associados, é muita gente. Eu, por exemplo, realizo 95% dos meus negócios no Sicoob. 41 delegados elaboraram o Estatuto Social da instituição, que foi discutido, artigo por artigo, e aprovado por unanimidade. Seguindo as definições do Estatuto, a assembleia foi suspensa por 30 minutos para que se formassem as chapas que concorreriam à eleição dos Conselhos de Administração e Fiscal. Símbolo da unidade ideológica das cooperativas fundadoras, apenas uma chapa foi formada e eleita por aclamação. O então vice-presidente da Credirio, José Zeferino Pedrozo, foi eleito o primeiro presidente da Cocecrer/SC. Juntaram-se a ele o vice-presidente, Vilibaldo Erich Schmidt, e o secretário Pergentino Natalino Grando – representantes da Credicampos e da Credialfa, respectivamente –, além de seis conselheiros de administração e seis conselheiros fiscais (veja página 43). Também participaram do evento representantes de entidades ligadas ao cooperativismo, como a Ocesc, o Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) e a Cocecrer/RS. “Vocês que estão aqui e os órgãos aqui representados verão, no futuro, a grandiosidade do ato que hoje se fez”, afirmou o presidente da Cocecrer/RS e um dos idealizadores do cooperativismo de crédito no Brasil, Mário Kruel Guimarães. A ata de fundação registra a função social da Cocecrer/SC: “Organizar em comum e em maior escala os serviços econômicos e assistenciais de interesse das cooperativas afiliadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização recíproca dos serviços pertinentes à área, na condição de instituição financeira”. Com objetivos bem definidos, estava formada a aliança que elevaria Santa Catarina ao patamar de estado modelo na área de cooperativismo de crédito no Brasil, com impacto direto na melhoria das condições de vida da população. Jornal Elo Cooperativo, publicado pela Ocesc, divulga a criação da Cocecrer, hoje Sicoob SC 42 Os primeiros dirigentes da Cocecrer/SC Conselho de Administração Conselho Fiscal Presidente: José Zeferino Pedrozo (Credirio) Mário Lanznaster (Fricooper) Vice-presidente: Vilibaldo Erich Schmidt (Credicampos) Nelson João Bauermann (Credial) Secretário: Pergentino Natalino Grando (Credialfa) Nelson Fruet (Crediarco) Conselheiros: Lauro Silvio Martinhuk (Credicanoinhas) Alecio Isidoro Martini (Credirio) João Rech Netto (Crediauc) Leonir Dacroce (Crediarco) Daniel Dallagnol (Credicampos) Alfredo Scultetus (Credicanoinhas) Manfredo Artur Salfner (Credial) Aury Luiz Bodanese (Coopercentral Aurora) Harry Dorow (Cooperleite) Ata de fundação da Cocecrer/SC 43 CAPÍTULO 3 A consolidação da Central Na década perdida da economia brasileira, o cooperativismo de crédito surge como alternativa às altas taxas praticadas pelo sistema financeiro tradicional. Impulsionada pelo crescimento das singulares, a Cocecrer/SC, futuro Sicoob SC, amadurece e revela sua importância. 44 Iniciativas da Central para a integração dos dirigentes do Sistema, na década de 1990, culminaram em ações importantes nos anos seguintes, como o Encontro dos Conselhos realizado a partir de 2004 45 Durante a segunda metade da década de 1980, todos os esforços do governo brasileiro se voltaram para o combate à inflação, que resistia em meio à recessão e ao desemprego. A atenção especial à política econômica tinha justificativa: em 1983, os preços atingiram alta de 200% e, no ano seguinte, continuavam em aceleração. Não havia dúvida de que, se essa evolução continuasse, a taxa de inflação chegaria a patamares de 400% a 500% ao ano. Sem condições de manter reajustes salariais mensais, o Brasil estava na rota da hiperinflação. Na tentativa de conter a crise, foram implantados sete planos de estabilização, obrigando os brasileiros a adotarem, em 10 anos, quatro moedas e 13 políticas salariais diferentes. No mesmo período, as regras de câmbio foram alteradas por 17 vezes, enquanto as normas de controle de preços sofreram mais de 50 mudanças. O Brasil vivia as consequências devastadoras do segundo choque do petróleo, da elevação dos juros internacio- nais e da redução drástica de financiamentos externos oferecidos aos países em desenvolvimento. Em meio a tantos problemas, o sonho de crescimento brasileiro parecia cada vez mais distante. Nesse cenário, a Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina (Cocecrer/SC) buscava meios para amenizar os impactos da crise econômica sobre as cooperativas singulares e, mais ainda, sobre os associados. Sem recursos para iniciar suas atividades de forma independente, a Cocecrer/SC começou a operar no dia 9 de dezembro de 1987, em uma pequena sala da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), em Florianópolis, contando com o trabalho de dois assessores também cedidos pela instituição. O presidente, José Zeferino Pedrozo, e os demais dirigentes da Central não eram remunerados e todas as despesas relacionadas às atividades da Cocecrer/ SC eram pagas por suas cooperativas de origem. Nas cooperativas já existentes os recursos também Na década perdida da economia brasileira, agricultura sofreu os efeitos da recessão 46 eram escassos e, para atender às solicitações de empréstimo e financiamento dos associados, elas, agora apoiadas pela Central, recorriam aos bancos estatais, principalmente ao Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC). Criado pelo governo federal em 1951, a partir da Caixa de Crédito Cooperativo, o BNCC tinha como objetivo prestar assistência e amparo às cooperativas. O Banco era controlado pela União, que detinha 54% do seu capital, sendo o restante subscrito pelas cooperativas legalmente constituídas e em funcionamento. Centralizando as operações financeiras de cooperativas de todos os segmentos – produção, consumo e crédito, entre outros –, o BNCC contribuiu para a formação da Cocecrer/SC e, durante muitos anos, foi um grande parceiro do cooperativismo de crédito no estado. No meio rural, o acesso ao crédito para custeio das atividades estava cada vez mais difícil nos bancos comerciais. Conseguir um financiamento, por menor que fosse, exigia o cumprimento de uma série de processos burocráticos, que tomavam tempo e elevavam os gastos dos agricultores com viagens às cidades. Além disso, os custos financeiros tornavam inviável o desenvolvimento da produção agrícola. Segundo uma pesquisa realizada pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), na safra 1985/1986 os custos financeiros equivaliam, em média, a 41% da produção. Ou seja, de cada 100 sacas produzidas 41 eram destinadas a cobrir despesas bancárias como juros e taxas. Impulsionadas pela insatisfação dos produtores rurais com essa situação, as cooperativas de crédito se multiplicavam. Instalações da Ocesc, onde a Cocecrer/SC começou a operar em meados da década de 1980 O cooperativismo se expande Em Turvo, no Sul do estado, a ideia de criar um “banco próprio” dos agricultores surgiu dentro do Sindicato dos Produtores Rurais, em 1986, culminando na fundação da Cooperativa de Crédito Rural Sul Catarinense (Credisulca). Na comunidade, alguns receberam a ideia com otimismo, outros com desconfiança. Das cerca de 100 pessoas reunidas na primeira assembleia, 21 se matricularam para inte47 Sicoob Credisulca Da garagem da cooperativa de produção, onde iniciou suas atividades, a Credisulca evoluiu para 15 agências, que atualmente atendem cerca de 16 mil associados, distribuídos em 11 municípios da região Sul do estado. Para tornar mais eficiente o atendimento ao associado, a Credisulca conferiu autonomia administrativa às suas agências, que contam com comitê local de crédito e um valor préautorizado para liberação de empréstimos. Esse modelo, utilizado por algumas singulares do Sicoob SC, permite à administração da cooperativa controlar as despesas, receitas e resultados de cada agência e assim determinar as metas de empréstimos e captação de associados Primeira assembleia de cooperados da Credisulca, em 1989 de cada uma delas. Na Credisulca, a autonomia das agências foi essencial para que a cooperativa passasse a operar em regime de livre admissão de associados a partir de julho de 2009. Atualmente, entre os produtos e serviços que oferece grar a cooperativa. Entre eles, o primeiro presidente, Romanim Dagostin. Enquanto aguardavam a autorização do Banco Central para iniciar as operações, alguns membros da Credisulca viajaram por Santa Catarina e Rio Grande do Sul para conhecer iniciativas semelhantes que haviam obtido sucesso. Quando recebeu a autorização, em 1989, a Credisulca iniciou o atendimento na garagem da cooperativa de produção da cidade, com apenas dois funcionários. Naquela época, era comum que os dirigentes das cooperativas de crédito penhorassem os próprios bens como garantia de financiamentos realizados no Banco do Brasil para atender as demandas dos associados. Para eles, o risco era recompensado pela certeza dos benefícios gerados a partir dessa atitude corajosa. Também em busca desses benefícios, 25 produtores rurais fundaram, em março de 1986, a Cooperativa de Crédito Rural Itaipu (Creditaipu), em Pinhalzinho. Inconformados com a demora na liberação de crédito para custeio nos bancos comerciais e oficiais, os associados da Cooperativa Agropecuária Itaipu (Cooperitaipu) decidiram apostar na constituição de uma instituição financeira própria. 48 a seus associados destacam-se mais de 35 modalidades de concessão de crédito, além de aplicações financeiras. No horizonte futuro, a Credisulca espera inaugurar mais agências na região de Criciúma, bem como concluir a construção da nova sede em Turvo. Além das melhorias em infraestrutura, investimentos em recursos humanos acompanham o desenvolvimento da cooperativa, que possui convênios com instituições de ensino para que seus funcionários cursem pós-graduação. Credisulca Sede: Turvo Fundação: 01/03/1986 Início das atividades: 18/09/1989 Filiação ao Sicoob: 31/03/1989 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 16.417 Número de funcionários: 109 Agências: 15 Área de abrangência: Turvo, Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Cocal do Sul, Criciúma, Ermo, Forquilhinha, Lauro Muller, Meleiro, Morro Grande, Nova Veneza, Passo de Torres, São João do Sul, Siderópolis, Timbé do Sul, Treviso e Urussanga, todos no Estado de Santa Catarina e Dom Pedro de Alcântara e Torres, no Estado do Rio Grande do Sul População da área de abrangência: 444.004 habitantes Atual presidente: Romanim Dagostin DATA BASE: 30/06/2010 Atendimento no Sicoob Credisulca. Na última foto, o presidente Romanim Dagostin conversa com associado Lino Angeloni, associado ao Sicoob Credisulca Sou associado da Credisulca desde 1991, seguindo o caminho de meu pai, que foi um dos sócios-fundadores. Em 2009, decidi deixar de trabalhar com bancos. Só trabalho com a Credisulca, que todos os anos oferece as menores taxas do crédito que preciso para o custeio da lavoura de arroz e compra de maquinário. A cooperativa está ajudando no desenvolvimento da região facilitando o crédito para as pessoas. Com o pouco de cada um, ela ajuda muita gente. 49 Sicoob Creditaipu Passados 24 anos, os números da Creditaipu revelam que todo o empenho dos associados na época da fundação valeu a pena. A cooperativa calcula o Resultado Social Econômico, uma mostra de quanto o cooperado deixou de desembolsar durante o ano ao efetuar operações de crédito na Creditaipu e não no sistema financeiro tradicional. Em 2009, por exemplo, essa economia ultrapassou os R$ 18 milhões. Além da sede em Pinhalzinho, a cooperativa tem pontos de atendimento permanente nos municípios de Saudades, Modelo, Serra Alta, Sul Brasil, Bom Jesus d’Oeste e Saltinho. Desde 2007, opera em regime de livre admissão. Atualmente, a diversidade de produtos e serviços, aliada ao relacionamento próximo à comunidade, garantem bons resultados à cooperativa. A Creditaipu fechou Na foto ao alto, o primeiro depósito realizado na Creditaipu. Acima, entrega do primeiro talão de cheques emitido pela cooperativa A Creditaipu começou a operar em um escritório da cooperativa de produção, que, além de não cobrar aluguel, cedeu móveis e funcionários. A conquista gradual de associados foi fruto de um trabalho árduo. Além de reuniões nas comunidades, dirigentes das cooperativas de crédito e de produção visitaram as propriedades da região, uma a uma, para convencer os agricultores de que podiam confiar na Creditaipu. Como a maioria das cooperativas da época, ela tinha um único mas importantíssimo produto a oferecer: crédito rural, com menos burocracia e taxas mais baixas que as praticadas pelos bancos. 50 Presidente do Sicoob Creditaipu, Eloi Pressotto. Nas demais fotos, o atendimento na sede da cooperativa o ano de 2009 com patrimônio líquido de R$ 24 milhões e sobras no valor de R$ 4,9 milhões, que após dedução fiscal e reservas estatutárias foram consolidadas em torno de R$ 2,3 milhões. Nesse mesmo ano, as operações de crédito ultrapassaram R$ 74,3 milhões. Sicoob Creditaipu Sede: Pinhalzinho Fundação: 27/03/1986 Início das atividades: 24/05/1989 Filiação ao Sicoob: 07/12/1988 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 10.052 Número de funcionários: 55 Agências: 7 Área de abrangência: Pinhalzinho, Modelo, Saudades, Serra Alta, Sul Brasil, Bom Jesus d’Oeste e Saltinho População da área de abrangência: 41.153 habitantes Atual presidente: Eloi Guilherme Presotto DATA BASE: 30/06/2010 Marino Wickert, associado ao Sicoob Creditaipu Já utilizei inúmeras vezes os serviços do Sicoob e sempre fui muito bem atendido. Quando a Creditaipu foi fundada, em 1986, eu fui um dos conselheiros. Então é muito bom ver que a cooperativa hoje está dando certo. Recentemente, com a ajuda da Credi, consegui comprar um novo trator, pois o meu estava muito velho e dando muitos prejuízos com reparos. 51 A Central se estrutura Após funcionar durante alguns meses na Ocesc, a Cocecrer/SC foi transferida, em 1988, para o terceiro andar do prédio onde até então funcionava a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), no centro da Capital. Os dois primeiros andares do mesmo prédio eram ocupados pelo BNCC. Na época, a Central já contava com seis funcionários. Juntos, eles executaram a primeira mudança da sede. Naquele momento, todo o patrimônio da Cocecrer/SC era representado por algumas pastas de papéis e material de escritório, que couberam no porta-malas de um veículo, emprestado por uma das cooperativas singulares. Prédio da Fecoagro foi sede da Cocecrer/SC em 1988 52 A Cocecrer/SC ocupou o espaço antes utilizado pela Fecoagro, que havia suspendido suas atividades. Assim, pôde aproveitar móveis e equipamentos deixados no local pela Federação. Durante alguns dias, os funcionários trocaram as tarefas rotineiras pela limpeza e organização da nova sede. Lixaram e pintaram arquivos de ferro antigos, restauraram móveis e fizeram uma faxina geral. Com a ajuda de alguns voluntários que passavam pelo local, carregaram um cofre que pesava cerca de uma tonelada, levando-o do primeiro ao terceiro andar – após diversas paradas para descanso. O esforço descomunal tinha uma boa justificativa. O cofre era necessário para guardar os recursos do caixa da Cocecrer/SC, que cresceu após centralizar a movimentação financeira de suas singulares junto ao BNCC. Em 1988, por meio de um convênio realizado entre a Central e o Banco, o saldo das cooperativas foi zerado e todo o dinheiro transferido para uma conta única, administrada pela Central. Começava a se formar, assim, a primeira fonte de receita da Cocecrer/SC. O trabalho também aumentou. Todas as manhãs, a Central recebia um telex do BNCC, que fazia a compensação de todas as cooperativas, para atualizar o saldo das singulares. Como todo o processo era manual – os valores eram calculados e anotados a lápis na ficha de cada cooperativa –, alguns funcionários passavam a noite trabalhando na atualização, que representava a movi- mentação financeira de 8 mil associados. Com a centralização, o volume de recursos oferecido pelo BNCC às cooperativas de Santa Catarina foi ampliado. O limite de crédito das integrantes da Cocecrer/SC junto ao Banco correspondia a duas vezes o seu saldo médio – e por isso ficou conhecido como “2 por 1”. Dessa forma, a capacidade de captar recursos e emprestá-los foi crescendo gradualmente. Sem fronteiras Em 1988, durante a Assembleia Nacional Constituinte, o sistema cooperativo brasileiro fez grandes esforços para a aprovação da autogestão das cooperativas, Mapa publicado em relatório da Central em 1985 mostra a abrangência do Sistema na época 53 que significava autonomia de constituição e administração sem a interferência estatal. Estavam na pauta, também, o reconhecimento do ato cooperativo como diferente do ato comercial e o compromisso do Estado em desenvolver o cooperativismo. Em parte, essas prerrogativas foram atendidas. A Constituição manteve a Lei 5.764, de 1971, como referência para fundação das sociedades cooperativas. Assim, as cooperativas de crédito continuaram dependentes da autorização prévia do governo para funcionar. Sob as diretrizes da Constituição, novas cooperativas foram se estabelecendo em Santa Catarina. Em dezembro de 1988, a Cocecrer aprovou a filiação da Cooperativa de Crédito Rural do Meio Oeste Catarinense (Credimoc), fundada cinco meses antes em Xanxerê. Desafiando o histórico negativo do cooperativismo naquela região, 25 produtores rurais fundaram a Credimoc. Presidida por José Luiz Sulsbach, a cooperativa de crédito tinha o desafio de convencer a comunidade a acreditar em um novo modelo de instituição financeira. Para isso, contou com a ajuda de outras cooperativas da região Oeste, em especial da Crediauc, de Concórdia, que enviou dirigentes para ministrar palestras e esclarecer dúvidas sobre o funcionamento do sistema. A Central também colaborou com os primeiros passos da nova filiada, prestando suporte jurídico e operacional para a implantação da cooperativa. A 165 quilômetros de Xanxerê, a iniciativa de 26 agricultores, que também em 1988 se reuniram para formar a Cooperativa de Crédito Rural Videira (Credivil), mudaria o perfil da agricultura na região. Na época da fundação, as atividades dos produtores rurais se concentravam na fruticultura, em especial uva, e no cultivo de cereais. Por meio do crédito oferecido pela cooperativa, que elegeu Silvestre Antônio Fanti como primeiro presidente, a suinocultura foi impulsionada, tornando-se uma das atividades mais fortes da região. Sede de uma das maiores indústrias alimentícias do país, a Perdigão, Videira viu nascer, ainda na década de 1970, o sistema integrado de produção, pelo qual a indústria fornece animais, ração e assistência técnica para a criação e engorda de aves e suínos, enquanto o criador participa com a infraestrutura e a mão de obra. 54 Sicoob Credimoc Com sede em Xanxerê, a Credimoc tem agências nas cidades de Ipuaçu, Faxinal dos Guedes e Bom Jesus e reúne cerca de 5 mil associados. A contribuição da Credimoc para o desenvolvimento da região onde atua pode ser comprovada pela evolução dos associados ao longo do tempo, refletida na ampliação do poder aquisitivo e do patrimônio individual. Produtores de grãos, suínos e leite, por exemplo, incrementaram suas atividades a partir de financiamentos oferecidos pela cooperativa. No exercício de 2009, a Credimoc alcançou patrimônio líquido de R$ 6,8 milhões e realizou empréstimos totalizando R$ 32,9 milhões. Além de dinamizar a economia regional com esses resultados, a cooperativa se aproxima da comunidade, marcando presença em festas regionais e eventos esportivos e realizando campanhas de divulgação tanto no meio rural quanto no urbano. Sicoob Credimoc Sede: Xanxerê Fundação: 05/07/1988 Início das atividades: 21/11/1988 Filiação ao Sicoob: 07/12/1988 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 5.854 Número de funcionários: 25 Agências: 4 Área de abrangência: Xanxerê, Faxinal dos Guedes, Abelardo Luz, São Domingos, Ipuaçú, Bom Jesus e Ouro Verde População da área de abrangência: 90.756 habitantes Atual presidente: Ivalino Martarello DATA BASE: 30/06/2010 Oswaldo Sette, associado ao Sicoob Credimoc Acima, o presidente do Sicoob Credimoc, Ivalino Martarello. Ao lado, o atendimento na sede. Abaixo, os negócios de associados da cooperativa: indústria gráfica e propriedade rural Para mim, o Sicoob foi mais que uma mãe. Foi mãe, pai e também psicólogo. A gente chega na cooperativa cheio de problemas, com as dívidas incomodando, e sempre encontra uma palavra amiga, a mão estendida. Saímos de lá aliviados. Essa relação, muito mais próxima do que a que eu teria com qualquer banco, faz com que na cooperativa eu me sinta em casa. 55 Sicoob Videira Consolidada na região do Vale do Rio do Peixe, fruto do trabalho intenso no cooperativismo há mais de 20 anos, o Sicoob Videira ajudou no desenvolvimento não apenas dos agricultores, mas também de micro e pequenas empresas locais, impulsionando a economia e os avanços sociais na região. Até o ano 2000 o Sicoob Videira funcionava nas dependências da Coopervil, cooperativa de produção da cidade e grande parceira da instituição de crédito. Hoje, além da sede em Videira, a cooperativa tem mais sete pontos de atendimento – em Arroio Trinta, Tangará, Salto Veloso, Rio das Antas, Iomerê, Fraiburgo e Assembleia da Credivil, futuro Sicoob Videira, realizada no final da década de 1980 Pinheiro Preto. Em busca de contínuo crescimento, o Sicoob Videira aposta em programas de capitalização, para arrecadar recursos que se revertam em benefício de seus associa- Com financiamento da cooperativa de crédito, produtores rurais da região puderam adequar suas propriedades para a nova atividade, dando origem às granjas que alavancariam a economia local. Visto como uma oportunidade de diversificação da produção rural, o modelo de integração foi se disseminando pelo estado no final da década de 1980. No Extremo Oeste, a suinocultura já havia se tornado a principal atividade. A cada 15 dias, produtores iam para a cidade vender os animais e levavam para casa o dinheiro que recebiam por eles. Achavam difícil ir aos bancos, distantes da propriedade, onde o atendimento demorava e nem sempre suas dúvidas eram respondidas. Por isso, quando surgiu o movimento para criar uma cooperativa de crédito em São Miguel do Oeste, muitos se prontificaram a ajudar. Antes da fundação da cooperativa, foram realizadas diversas reuniões com líderes das comunidades rurais, que levavam aos vizinhos as informações sobre o cooperativismo de crédito. Disseminada a ideia, em 25 de julho de 1989, em meio às comemorações do Dia do Colono, 34 produtores rurais se reuniram na cooperativa de produção de São Miguel do Oeste para finalmente fundar a cooperativa de crédito. No mesmo dia, elege56 dos. A primeira campanha de capitalização foi realizada ainda em 2000, por meio de uma rifa. Em 2005, a cooperativa lançou o Credicap, que permanece até hoje. Para os próximos anos, a cooperativa busca a expansão das atividades com a meta de alcançar o número de 15 mil associados até 2020. Para isso, pretende lançar novos produtos, ampliar a divulgação no comércio e no interior, inaugurar novos pontos de atendimento e, principalmente, se consolidar como cooperativa de livreadmissão de sócios. Sicoob Videira Sede: Videira Fundação: 26/10/1988 Início das atividades: 19/06/1989 Filiação ao Sicoob: 31/03/1989 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 7.462 Número de funcionários: 47 Agências: 8 Área de abrangência: Videira, Rio das Antas, Tangará, Salto Veloso, Arroio Trinta, Fraiburgo, Pinheiro Preto e Iomerê População da área de abrangência: 111.598 habitantes Atual presidente: Luiz Vicente Suzin DATA BASE: 30/06/2010 Celito Testolin e esposa, associado ao Sicoob Videira Eu era associado da cooperativa de produção quando a Credivil foi fundada. Na época, era uma dificuldade obter crédito nos bancos. Consegui dar um novo impulso à Sede do Sicoob Videira e o atendimento a associados nossa produção quando comecei a trabalhar com a cooperativa de crédito. O Sicoob Videira é o nosso banco. A cooperativa ajudou e continua ajudando no desenvolvimento da região. Cada um que se associa é beneficiado porque está lidando com uma coisa que é dele, da qual ele é dono. 57 Sicoob São Miguel Maior cidade do Extremo-Oeste Catarinense, fazendo fronteira com a Argentina, São Miguel do Oeste viu nascer uma das maiores cooperativas de crédito do Modelo de integração alavancou a produção de suínos em Santa Catarina estado. Há 21 anos, o Sicoob São Miguel, como é chamada atualmente, colabora com o desenvolvimento da região onde está inserida. Com mais de 25 mil associados em 2010, a cooperativa registra crescimento constante, alavancada pela agricultura, que historicamente sustentou suas operações, e também pela evolução do setor industrial no município. Dessa forma, mantém uma base de associados bastante diversificada, distribuída entre sua área de abrangência, que se estende ao sudoeste do Paraná. Abertura de contas no Sicoob São Miguel Para garantir que a ascensão em número de associados e ativos não se sobreponha aos princípios do cooperativismo, o Sicoob São Miguel criou, em 2006, o Comitê de Educação Cooperativista, formado por líderes eleitos nas comunidades. Além de aproximar o Sicoob da população local, o Comitê colabora para disseminar a cultura cooperativista. Primeira sede da cooperativa de crédito em São Miguel do Oeste, alocada em uma sala cedida pela cooperativa de produção Sicoob São Miguel Sede: São Miguel do Oeste Fundação: 25/07/1989 Início das atividades: 06/03/1990 Filiação ao Sicoob: 20/02/1990 ram o primeiro presidente da Credi São Miguel, José Carlos Paiva Filho. Naquela época, São Miguel do Oeste despontava como uma grande potência da agricultura catarinense. Além da suinocultura, o cultivo de cereais despertava o interesse dos produtores. Mas o custeio da lavoura era uma grande barreira ao crescimento. Não havia recursos suficientes nos bancos para atender à demanda e a burocracia para liberação de empréstimos afugentava os agricultores. Com a chegada da cooperativa de crédito, a esperança foi retomada. Representantes da Central 58 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 26.156 Número de funcionários: 110 Agências: 15 Área de abrangência: São Miguel do Oeste, Guaraciaba, São José do Cedro, Guarujá do Sul, Dionísio Cerqueira, Palma Sola, Anchieta, Romelândia, Paraíso, Bandeirante, Princesa, Barra Bonita, no Estado de Santa Catarina e Flor da Serra do Sul, Marmeleiro, Salgado Filho, Barracão e Bom Jesus do Sul, no Estado do Paraná População da área de abrangência: 149.211 habitantes Atual presidente: Edemar Fronchetti DATA BASE: 30/06/2010 Anselmo Augusto Breier e esposa, associado ao Sicoob São Miguel No encerramento da reunião de fundação da cooperativa, um dos fundadores disse: ‘Agora somos donos de banco’. E todo mundo caiu na gargalhada. Mas essa era a ideia mesmo. O grande diferencial é que na cooperativa de crédito as pessoas são conhecidas de todo mundo. É quase como um espelho do que nós somos na nossa propriedade. Ao lado, o presidente do Sicoob São Miguel, Edemar Fronchetti. Nas demais fotos, o atendimento na cooperativa A gente chega para fazer o financiamento e tudo fica mais fácil, o atendimento é maravilhoso. Mesmo tendo crescido muito, ela não fugiu dos princípios com os quais foi fundada. 59 Sicoob Noroeste Agora conhecida como Sicoob Noroeste, a antiga Cooperativa de Crédito Rural São Lourenço (Credicaslo) expandiu não apenas sua área de abrangência geográfica, mas também a oferta de produtos e serviços à disposição dos associados. Atualmente, além da sede em São Lourenço do Oeste, a cooperativa possui outros quatro pontos de atendimento aos associados, nos municípios de Jupiá, Novo Horizonte, Campo Erê e Formosa do Sul. Durante 18 anos, a cooperativa permaneceu focada no meio rural, oferecendo serviços financeiros soAssociados acompanharam a entrega do primeiro talão de cheques da Credicaslo, futura Sicoob Noroeste mente a associados que desenvolviam atividades agrícolas, pecuárias ou extrativas. Em junho de 2007 seus benefícios se estenderam ao público em geral, a partir participaram das reuniões que antecederam a fundação da cooperativa, orientando dirigentes e associados sobre procedimentos que deveriam ser seguidos. Perto dali, em São Lourenço do Oeste, outros 23 agricultores viram no cooperativismo de crédito uma saída para a dependência dos bancos. Desiludidos com a falta de recursos, a morosidade dos processos e as falhas no atendimento oferecido pelo sistema financeiro, eles buscavam uma alternativa que facilitasse as operações de crédito e mantivesse o capital circulando na região. Fundaram, então, uma associação que logo se transformaria na Cooperativa de Crédito Rural São Lourenço (Credicaslo) – atual Sicoob Noroeste. Na assembleia de constituição, que ocorreu em agosto de 1988, o agropecuarista Domingos Gava foi eleito presidente. Apoiada pela cooperativa de produção da cidade, a Credicaslo obteve recursos no Banco do Brasil para fazer os primeiros empréstimos. O público-alvo era formado por associados que desenvolviam atividades agrícolas, pecuárias ou extrativistas. Os mesmos anseios levaram à criação da Cooperativa de Crédito Rural Cravil (Credicravil), em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, também em 1988. Inspirados em experiências existentes no Oeste do es60 da transformação do Sicoob Noroeste em cooperativa de crédito de livre admissão de associados. Sicoob Noroeste Sede: São Lourenço do Oeste Fundação: 04/08/1988 Início das atividades: 05/07/1989 Filiação ao Sicoob: 31/03/1989 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 7.957 Número de funcionários: 40 Agências: 5 Área de abrangência: São Lourenço do Oeste, Galvão, Campo Erê, Novo Horizonte, Formosa do Sul, Coronel Martins, Jupiá, São Bernardino no estado de Santa Catarina, Vitorino e Renascença no estado do Paraná População da área de abrangência: 62.702 habitantes Atual presidente: Artêmio José Flach DATA BASE: 30/06/2010 Prescila Beatriz Ely, associada ao Sicoob Noroeste Logo que cheguei a São Lourenço do Oeste não conhecia ninguém na cidade. Trabalhávamos na lavoura Ao lado, o presidente Artêmio Flach. Nas demais imagens, o atendimento na cooperativa e eu tinha o sonho de construir um aviário. Tinha o sonho, mas não tinha o dinheiro. Então fui até o Sicoob em busca de ajuda. Como não tinha referências na cidade, o pessoal da cooperativa foi até a nossa propriedade, conheceu nosso trabalho e me deu um voto de confiança. Consegui R$ 10 mil de empréstimo, com três anos de carência. Mas nem precisou todo esse tempo. Com o resultado do aviário, paguei adiantado. Além do aviário, conquistamos mais terras, para ampliar a lavoura e também produzir leite. Tudo com a ajuda do Sicoob. 61 Sicoob Alto Vale Com sede em Rio do Sul, onde também possui mais uma agência, a Credicravil passou a se chamar, em 2009, Sicoob Alto Vale. Oferece a seus associados outros sete pontos de atendimento em Ituporanga, Petrolândia, Agronômica, Taió, Salete, José Boiteux e Pouso Redondo. As cidades de Rio do Campo, Rio do Oeste e Agrolândia devem ser as próximas a receber instalações da cooperativa, cuja área de abrangência inclui diversos municípios da região. Desde 1997, o Sicoob Alto Vale tem associados que moram na área urbana, os quais representam cerca Credicravil, futura Sicoob Alto Vale, colaborou para o densenvolvimento da agricultura na região de Rio do Sul de 10% de seus 7,5 mil associados. Apesar de manter forte ligação com o meio rural, a cooperativa de crédito atua de forma totalmente independente da cooperativa de produção local. tado, os fundadores, que integravam a cooperativa de produção local, começaram a planejar uma cooperativa de crédito. Em pouco tempo conseguiram reunir 24 agricultores de municípios da região – entre eles o primeiro presidente da Credicravil, Henrique Backmeier. Cada um aplicou 1 MVR (Maior Valor de Referência) como cota inicial. Algum tempo depois, essa cota passou a ser o equivalente em moeda a um saco de 50 quilos de arroz. A produção agrícola local era dedicada principalmente ao cultivo de feijão, arroz e milho, além do fumo. Acostumados a entrar no banco pela manhã e sair só à noite, após o expediente, para preencher formulários e apresentar documentação, os primeiros associados tiveram uma grata surpresa ao verificar que na cooperativa a aprovação de crédito era muito mais fácil e rápida. Era como estar em casa, tratando de crédito com pessoas que já conheciam e em quem confiavam. Do campo à indústria Em meio à onda de criação de cooperativas de crédito, a Cocecrer/SC foi ampliando sua gama de afiliadas e colaborando para que tanto as novas quanto as já estabelecidas se estruturassem para atender com se62 Para continuar crescendo, o Sicoob Alto Vale alia os recursos captados pela Central à busca por crédito em bancos privados. Tudo isso para atender as demandas de seus associados e fazer com que eles não sejam tratados como clientes, mas como donos da instituição. Sicoob Alto Vale Sede: Rio do Sul Fundação: 01/07/1988 Início das atividades: 22/11/1988 Filiação ao Sicoob: 07/12/1988 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 8.617 Número de funcionários: 56 Agências: 10 Área de abrangência: Rio do Sul, Lontras, Agronômica, Trombudo Central, Agrolândia, Atalanta, Ituporanga, Petrolândia, Aurora, Presidente Nereu, Ibirama, Presidente Getúlio, Dona Emma, Taió, Rio do Oeste, Laurentino, Benedito Novo, Ascurra, Pouso Redondo, Rio do Campo, Salete, Witmarsun, Rio dos Cedros, Timbó, Rodeio, Indaial, Vidal Ramos, Imbuia, Leoberto Leal, Major Gercino, Angelina, Rancho Queimado, Anitápolis, Alfredo Wagner, Otacílio Costa, Bom Retiro, Braço do Trombudo, José Boiteux, Vitor Meirelles e Mirim Doce População da área de abrangência: 434.521 habitantes Atual presidente: Henrique Backmeier DATA BASE: 30/06/2010 Márcio Cezar Matte, associado ao Sicoob Alto Vale Ao longo dos 20 anos de convívio, vi o Sicoob Alto Vale expandir-se da pequena sede para quase uma dezena de pontos de atendimentos na região. E acredito que pode crescer ainda mais, pois o cooperativismo de crédito tem grande potencial. Utilizo minha conta principalmente Ao lado, o presidente Henrique Backmeier. Nas demais fotos, o atendimento no Sicoob Alto Vale para aplicações, como poupança. Ao contrário do que ocorre com os bancos, nunca me deparei com surpresas negativas no extrato. Além disso, as taxas são sempre mais baixas. 63 Sicoob Credinorte Com mais de 20 anos de história, a Credinorte teve de superar dificuldades justamente quando estava consolidada. Em 1999, mais de 10 anos após sua fundação, decidiu colaborar com a recuperação da cooperativa de produção local, da qual estava desligada há dois anos. Com a ajuda da Central, que viabilizou a contratação de recursos do Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária (Recoop), do governo federal, a Credinorte buscou sanar as dívidas da cooperativa de produção e, em consequência, sua própria recuperação. Ao final de 2008, conseguiu apresentar as primeiras sobras, no valor de R$ 1 milhão, revertendo a sequência de prejuízos dos três anos anteriores. Naquele ano, somente a liberação de crédito aos associados passou dos R$ 5 milhões. Para os próximos anos, a cooperativa, que hoje tem mais de 11 mil associados, pretende manter o foco no crédito para agricultores, responsáveis por 70% de suas operações, e também obter autorização para operar em regime de livre admissão. Primeira matrícula de associado da Credinorte, de Mafra gurança e agilidade às demandas dos associados. Unidas em um único sistema, as singulares ganhavam força para reivindicar o repasse de recursos por parte dos bancos estatais. Assim, o caminho da prosperidade se tornava mais visível, incentivando cooperativas de produção a fundarem instituições de crédito. Em Mafra, no Planalto Norte do estado, o entusiasmo de um grupo de agricultores com os resultados obtidos pelo movimento em outras regiões fez surgir a Cooperativa de Crédito Rural do Norte Catarinense (Credinorte), em julho de 1988. Era a oportunidade de contribuir para o fortalecimento da agropecuária, principal atividade econômica do município na época. Liderados pelo primeiro presidente eleito, Jaime 64 Sicoob Credinorte Sede: Mafra Fundação: 19/07/1988 Início das atividades: 29/05/1989 Filiação ao Sicoob: 31/03/1989 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 11.101 Número de funcionários: 50 Agências: 9 Área de abrangência: Mafra, Campo Alegre, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Itaiópolis, Jaraguá do Sul, Corupá, todos no Estado de Santa Catarina, e o município de Rio Negro, Piên e Agudos do Sul no Estado do Paraná População da área de abrangência: 410.478 habitantes Atual presidente: Valcir José Pscheidt DATA BASE: 30/06/2010 Pontos de atendimento da Credinorte: soluções financeiras para a região de Mafra João Romário Carvalho, associado ao Sicoob Credinorte Eu tenho um relacionamento muito bom com a cooperativa, como pessoa física e jurídica. Sempre que preciso de aporte financeiro, a cooperativa me respalda. No começo de 2009, fiz um empréstimo junto à cooperativa para custeio pecuário. Considero que a grande vantagem é a agilidade. Como a cooperativa é afiliada à Central, mas tem uma autonomia, tudo fica mais fácil. Por ela ser autônoma, garante que as transações se tornem muito mais rápidas. 65 Sicoob Credipérola Com um quadro de cerca de 1,7 mil associados, o público-alvo da antiga Crediger, atual Sicoob Credipérola, foi além dos funcionários do Grupo Germer, que apresentaram aos familiares e amigos as facilidades do cooperativismo. Nos planos de crescimento, a cooperativa busca aumentar a movimentação financeira e melhorar ainda mais os serviços oferecidos. Autorizada em 2009 a operar em regime de livre admissão de associados, a Credipérola vem expandindo o número de colaboradores e de agências. A equipe de atendimento foi ampliada, passando a ter Assinatura da Ata de Constituição da Credipérola, a primeira cooperativa de crédito urbana do Sistema 11 funcionários – número cinco vezes maior do que o registrado há três anos. Já a sede, que nos primeiros tempos ficava no parque fabril do Grupo Germer, no bairro Quintino, foi transferida, em 1997, para o cen- Schultz, os associados da cooperativa de produção já vinham arrecadando capital com o objetivo de aplicar o dinheiro e usá-lo para gerar crédito agrícola. Com facilidade, conseguiram reunir os 25 associados necessários para fundar a cooperativa de crédito. A Credinorte manteve-se ligada à cooperativa de produção por nove anos. Um ano antes, esse entusiasmo havia ultrapassado a fronteira do meio rural e chegado à indústria, graças à iniciativa de funcionários do Grupo Germer, fabricante de porcelana e cerâmica, com sede em Timbó, no Vale do Itajaí. Após fundarem uma cooperativa de consumo os funcionários da empresa buscavam uma solução para os adiantamentos de salário, sempre muito requisitados pelos colegas. Sem opção nos bancos comerciais, criaram a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo Germer (Crediger) – atual Credipérola – a primeira cooperativa de crédito urbana do Sistema. Como desconheciam o funcionamento do sistema financeiro, os dirigentes da cooperativa contrataram um ex-funcionário de um banco comercial para iniciar o trabalho. Ao lado do primeiro presidente da Crediger, Magnus Germer, esse funcionário organizou a implantação da cooperativa, que abriu as portas em 1990, quando recebeu a autorização do Banco Central. 66 tro de Timbó. Outros dois pontos de atendimento, em Benedito Novo, foram inaugurados em 2009 pela Credipérola, que tem planos de abrir agências em toda a área de cobertura, nos municípios de Pomerode, Rio dos Cedros e Doutor Pedrinho. A cooperativa fechou o ano de 2009 com patrimônio líquido no valor de R$ 880 milhões. Sicoob Credipérola Sede: Timbó Fundação: 21/07/1987 Início das atividades: 18/09/1990 Filiação ao Sicoob: 22/11/1993 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 1.813 Número de funcionários: 13 Agências: 2 Área de abrangência: Timbó, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Rio dos Cedros e Pomerode População da área de abrangência: 86.028 habitantes Atual presidente: Alfeu Antônio Mengarda DATA BASE: 30/06/2010 Rosane Witthoeft, associada ao Sicoob Credipérola Com financiamento do Sicoob, pude adquirir mais uma van para nossa empresa de transportes, ampliando o atendimento e oferecendo mais conforto a nossos clientes. A taxa de juros do Sicoob ficou abaixo da oferecida pelos bancos. Mas o que fez eu me apegar ao Sicoob foi o atendimento Sede da Credipérola: cooperativa cada vez mais próxima dos associados nota 10! 67 Impulso às urbanas Em março de 1992, uma resolução do Banco Cen- ainda, que fossem vinculadas a uma mesma entidade. tral proibiu a constituição de cooperativas de crédito do Micro e pequenas empresas de áreas afins e organiza- tipo Luzzati, que não tinham restrição de associados, e ções sem fins lucrativos eram as únicas pessoas jurídicas estabeleceu os dois tipos de cooperativas que recebe- aceitas para associação, desde que os sócios integrassem riam autorização para funcionar: cooperativas de crédito o quadro de cooperados. mútuo e cooperativas de crédito rural. As cooperativas de crédito rural deveriam ser cons- dito mútuo, foi permitido que voltassem a ser consti- tituídas, predominantemente, por pessoas físicas que tuídas cooperativas de crédito por trabalhadores que desenvolvessem atividades agrícolas, pecuárias e extra- exercessem atividades em comum. Essa decisão do tivistas ou empresas que atuassem exclusivamente nes- Banco Central daria grande impulso às cooperativas ses nichos. As cooperativas de crédito mútuo, por sua formadas por profissionais liberais e por trabalhadores vez, deveriam ser formadas por pessoas físicas que exer- com vínculo, tanto na iniciativa privada quanto no se- cessem a mesma profissão ou atividades comuns – ou, tor público. Um duro golpe O início da década de 1990 anunciava grandes transformações para o Brasil. Primeiro presidente eleito pelo voto direto desde Jânio Quadros, o alagoano Fernando Collor de Mello deu início a um ambicioso e questionável plano de recuperação econômica. Um dia após a posse, em 15 de março de 1990, o governo Collor bloqueou todo o dinheiro depositado em instituições financeiras do Brasil, gerando enorme insegurança nos usuários do sistema bancário. Uma semana depois, o Decreto no 99.192 determinou a extinção do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC). O fechamento repentino do BNCC representou um duro golpe no cooperativismo de crédito brasileiro. Sem o Banco, não havia possibilidade de as cooperativas realizarem a compensação de cheques, o que impedia a movimentação das contas dos associados. Em Santa Catarina, todas as cooperativas de crédito ligadas à Cocecrer/SC não tinham condições de esperar. Assim que o fechamento do BNCC foi anunciado, a Central enviou um telegrama aos presidentes das singulares, convocando-os para uma reunião urgente na Capital. Foi 68 Com o estabelecimento das cooperativas de cré- o primeiro de diversos encontros realizados nos meses seguintes, em busca de saídas que não apareciam. Nas cidades, espalharam-se boatos de que as cooperativas iriam quebrar e que o dinheiro dos associados estaria perdido. A credibilidade do sistema, tão sólida até então, foi fortemente abalada. Enquanto a diretoria da Central negociava um convênio com o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) para garantir a compensação, funcionários e dirigentes das singulares percorriam o comércio das cidades para recolher cheques emitidos pelos associados e realizar pagamentos. O objetivo era minimizar o prejuízo aos associados e o abalo moral causado à própria cooperativa. Em Itapiranga, graças a uma parceria firmada entre a Creditapiranga e o Banco do Brasil local, a situação foi regularizada antes que nas demais regiões. Após três meses, quando o convênio com o Besc finalmente foi formalizado pela Central, as operações voltaram ao normal. Mas permaneceu a certeza de que, para que o sistema prosperasse, não era mais possível depender de bancos externos. Estava plantada a semente que resultaria na criação do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) seis anos depois. Novos tempos O abalo na credibilidade das cooperativas ocasionado pela extinção do BNCC exigiu da Central um grande esforço de divulgação dos princípios e vantagens do cooperativismo. Além disso, era preciso se reestruturar, rapidamente, para operar de acordo com os sistemas adotados pelo Besc. Ao mesmo tempo, funcionários da Central foram diversas vezes a Brasília para recuperar dados referentes às transações das cooperativas no BNCC e negociar pendências com aquela instituição parceira, que havia deixado de existir sem aviso prévio. Após a extinção, todos os recursos que estavam no BNCC foram atualizados e repassados para o Banco do Brasil, designado responsável pelo arquivamento das informações sobre as cooperativas. Diante dos novos desafios, a necessidade de profissionalização da Cocecrer/SC era cada vez mais latente. Por isso, novos funcionários foram contratados, com a missão de organizar a instituição de forma condizente ao crescimento de suas atividades. Até então, a Central não dispunha de ferramentas efetivas para realizar o acompanhamento das operações de todas as suas filiadas, de modo que sua função era basicamente a de representação institucional. Para controlar efetivamente o sistema, a Central precisava de investimentos. A fim de reverter esse cenário, novas tecnologias foram introduzidas e o controle das movimentações realizadas pelas singulares passou a ser executado de forma Liderança e experiência Um dos fundadores da Central de Cooperativas de Crédito Rural de Santa Catarina (Cocecrer/SC), o agropecuarista José Zeferino Pedrozo, foi presidente da entidade durante 14 anos consecutivos. Nascido em Campos Novos, foi em Joaçaba que Pedrozo participou ativamente da retomada do movimento cooperativista em Santa Catarina. Liderados por Aury Luiz Bodanese, ele e outros produtores rurais viajaram o mundo para conhecer as bem-sucedidas José Zeferino Pedrozo experiências de cooperativismo. De uma dessas viagens surgiu a ideia de fomentar a criação de cooperativas de crédito em Santa Catarina. vismo na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. A atuação política foi importante para resolver Eleito presidente da Cooperativa Tritícola Rio do gargalos que surgiram ao longo da história da Cocecrer/ Peixe (Cooperio) em 1982, Pedrozo liderou os grupos de SC, como a extinção do BNCC. Naquela ocasião, repre- trabalho formados nas cooperativas de produção para a sentando todas as cooperativas de crédito catarinenses, criação das sete primeiras cooperativas de crédito do esta- Pedrozo conduziu as negociações com o BESC para fir- do. Era natural, então, que ele fosse eleito, em 1985, pre- mar o convênio que permitiu o retorno das atividades sidente da Central que congregava essas cooperativas. nas singulares. Além disso, participou das discussões À frente da Cocecrer/SC, Pedrozo contribuiu para para formação de um banco cooperativo. Em 1999, de- lançar as bases do cooperativismo de crédito no estado, cidiu que não concorreria mais à presidência da Central. representando politicamente o segmento e consolidan- Atualmente, preside a Federação da Agricultura e Pecu- do relações institucionais. Um ano após assumir a presi- ária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e representa o dência da Central, ele foi eleito deputado estadual, com Sicoob SC no Conselho do Banco Cooperativo do Brasil o compromisso de defender os interesses do cooperati- (Bancoob). 69 Sicoob Credija Com sede em Jacinto Machado, a Credija soube inovar na hora de conquistar associados e expandir sua operação. Foi a criadora do Credijacap, atual Credicap – programa de incentivo à capitalização das cooperativas – e primeira cooperativa do Sistema a atuar em cidades gaúchas. No estado de Santa Catarina, possui agências em Praia Grande, Balneário Gaivota, Santa Rosa do Sul, Sombrio, Maracajá, Içara, Morro da Fumaça e duas em Araranguá. No Rio Grande do Sul, está presente na cidade de Morrinhos do Sul. Em 2009, a autorização do Banco Central para operar em regime de livre admissão elevou para 9,5 mil o número de associados, atraindo pessoas do meio urbano. Na região em que opera, a Credija participa com 14% das operações de crédito e depósito de todo o sistema financeiro. Informatização das cooperativas filiadas à Central começou em 1989 Os associados também são parceiros nos planos de expansão da cooperativa. Ao planejar a construção de novas agências, a Credija sugere a cooperados que possuem terrenos bem localizados a construção de prédios com a estrutura desejada e, tendo fechado eletrônica. Para que isso ocorresse de modo uniforme em todas as filiadas, a Central intensificou o processo de informatização das cooperativas singulares, iniciado alguns anos antes. Além de pesquisar as melhores opções de computadores que poderiam ser adquiridos pelas cooperativas, a Cocecrer/SC foi responsável por toda a implantação de softwares voltados à contabilidade e ao controle de conta corrente e conta capital. Em outra frente, a Central buscava implantar modelos de fiscalização, definindo critérios para a realização de auditorias nas afiliadas, com o objetivo de garantir o cumprimento das exigências legais e garantir a segurança do sistema. No início, a adoção dos novos mecanismos de controle causou estranheza nas cooperativas, acostumadas a atuar de forma mais autônoma. Aos poucos, elas compreenderam que, além de promover a verdadeira integração do sistema, essas ações colaboravam para o aperfeiçoamento da gestão de todas as singulares. Nesse processo, os treinamentos oferecidos pela 70 a parceria, garante o pagamento de aluguel por vários anos. Com isso, evita grandes despesas e a imobilização de capital. Ao todo, 11 pontos de atendimento já foram construídos nesse modelo. Sicoob Credija Sede: Jacinto Machado Fundação: 09/01/1992 Início das atividades: 15/06/1992 Filiação ao Sicoob: 09/01/1992 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 12.638 Número de funcionários: 88 Agências: 11 Área de abrangência: Jacinto Machado, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, Sombrio, Morro da Fumaça, Içara, Maracajá, Araranguá, Balneário Gaivota no Estado de Santa Catarina, Mampituba e Morrinho do Sul no Estado do Rio Grande do Sul População da área de abrangência: 205.310 habitantes Atual presidente: Wolni José Walter DATA BASE: 30/06/2010 Adelor Emerich, associado ao Sicoob Credija O apoio da Credija foi fundamental para estabelecer nossa fábrica de confecções. Comecei do zero, em 1993, com um pequeno e improvisado negócio de fabricação de camisetas e uniformes para empresas. Uma expansão mais vigorosa dependia de crédito, e encontrávamos muita burocracia e exigências nos bancos para obter Ao lado, o presidente Wolni José Walter. Nas outras imagens, o atendimento a associados da Credija empréstimos. Abri minha conta no Sicoob em 1998 e já em 2001 consegui um empréstimo de R$ 25 mil para a construção de uma fábrica de bonés. Assim como nos bancos, eu também não tinha garantias a oferecer à cooperativa. A diferença é que a Credija teve o bom senso de perceber que eu estava disposto a trabalhar. 71 Central foram decisivos. Representantes da Cocecrer iam até as singulares para ministrar cursos aos conselheiros, que assumiam o compromisso de repassar as informações aos funcionários da cooperativa. Da atualização sobre marcos regulatórios a rotinas operacionais, o conteúdo dos treinamentos tinha por objetivo transferir às cooperativas o conhecimento necessário à sinergia do sistema. Assim, formou-se uma rede de aprendizado e qualificação, que impulsionaria a profissionalização do cooperativismo de crédito catarinense nos anos seguintes. À época, a Cocecrer/SC contava com 20 funcionários, que se dividiam entre o atendimento às filiadas e o suporte a novas cooperativas que se formavam. Em 1992, funcionários da Central foram convidados a visitar Jacinto Machado, no Sul do estado. O objetivo era explicar aos associados da cooperativa de produção local como funcionava uma cooperativa de crédito. Convencidos, 64 agricultores dispuseram-se a integrar a nova instituição, mas, para facilitar o trâmite no Banco Central, apenas 20 foram inscritos como sócios-fundadores. Assim, em 9 de janeiro de 1992 era fundada a Cooperativa de Crédito de Jacinto Machado (Credija). Da fundação ao início das operações, passaram-se cinco meses. O pequeno patrimônio, limitado aos depósitos iniciais dos primeiros sócios, dificultava o funcionamento da Credija, então presidida por Vanir Zanatta. Por isso nos dois primeiros anos a cooperativa de produção bancou as operações da cooperativa de crédito, inclusive pagando o salário dos funcionários. A autonomia viria ao longo dos anos, com o crescimento da cooperativa, que foi fundamental para transformar a região na segunda maior produtora de arroz do país. Em 1995, os associados da Credija receberam recursos do BNDES, captados pela Central, para implantar novas áreas de rizicultura e modernizar as já existentes, impulsionando a atividade. Além do suporte e dos recursos oferecidos pela Central, as cooperativas de crédito fundadas no Sul do estado na década de 1990 foram beneficiadas pelo intercâmbio de informações com as singulares da região Oeste. As pioneiras recebiam com frequência verdadeiras excursões de produtores rurais em busca de conhecimento. Em 1990, alguns associados da cooperativa de pro72 Sicoob Credivale Com sede em Braço do Norte, a Credivale conta com o apoio da Central desde que foi criada, em 1994. Nos anos seguintes, essa parceria seria posta à prova e ganharia ainda mais solidez: a cooperativa sofreu dois assaltos, amargou a crise da suinocultura junto com a inadimplência e teve que consolidar o cooperativismo na região de atuação, onde uma cooperativa de produção havia quebrado. Superar esses obstáculos não foi fácil, mas a Credivale obteve êxito. Hoje tem 5,8 mil sócios, a maior parte formada por produtores rurais, principalmente de leite, aves e suínos. Além da sede em Braço do Norte, há outros sete pontos de atendimento, nos municípios de Araranguá, Armazém, São Martinho, GrãoPará, Orleans, São Ludgero e Rio Fortuna. Em 2008 a Credivale mostrou a força do cooperativismo, quando conseguiu evitar o prejuízo, fechando com uma pequena, mas valiosa sobra. A conquista reforça os planos de expansão da cooperativa, que pretende chegar a todos os municípios de sua área de cobertura e obter autorização do Banco Central para operar em regime de livre admissão de associados. Sicoob Credivale Sede: Braço do Norte Fundação: 26/11/1993 Início das atividades: 09/05/1994 Filiação ao Sicoob: 06/05/1994 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 7.113 Número de funcionários: 37 Agências: 7 Área de abrangência: Braço do Norte, São Ludgero, Armazém, São Martinho, São Bonifácio, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, Grão Pará, Orleans, Tubarão, Jaguaruna e Gravatal População da área de abrangência: 212.973 habitantes Atual presidente: Mário Wensing DATA BASE: 30/06/2010 Divo Müller, associado ao Sicoob Credivale Um empréstimo obtido na Credivale me ajudou a alcançar um novo patamar nos negócios. Em 2001, sofríamos os efeitos da crise da suinocultura, mas me deparei com uma oportunidade de negócio imperdível. O problema: faltava dinheiro e eu precisaria de crédito. Seguindo o conselho de um Ao lado, o presidente Mário Wensing conversa com associado. Nas outras imagens, atendimento no Sicoob Credinorte amigo, fui até a cooperativa e expus minha situação. Após uma primeira conversa, o pessoal da cooperativa foi até a minha propriedade para conhecer melhor e decidiu liberar o empréstimo. Com o dinheiro, transformei minha granja de suínos em uma produtora de matrizes, que vende a uma grande empresa de alimentos. 73 dução de Braço do Norte viajaram a Chapecó para cumprir uma programação que incluía visitas a frigoríficos, fazendas e granjas. No dia em que foram conhecer um aviário, o produtor Mário Wensing, que não se interessava pelo tema, resolveu ficar pela rua. Para passar o tempo, puxou conversa com um senhor da comunidade local, que lhe relatou a experiência de criação da cooperativa de crédito em Chapecó. Wensing ficou surpreso. Durante a viagem de volta, no ônibus, cada participante da excursão teve a oportunidade de dizer ao microfone o que mais havia lhe chamado a atenção. Ele não titubeou: falou da cooperativa de crédito, animando a todos. Começava a caminhada para criar a Cooperativa de Crédito Rural do Vale (Credivale), que entraria em funcionamento quatro anos depois. Sem dificuldade, foram reunidos 22 sócios-fundadores, entre os quais foi eleito o primeiro presidente da Credivale: Matias Weber. Cada um aplicou um salário mínimo como cota inicial. Quando a cooperativa abriu as portas, os três únicos funcionários faziam o trabalho de buscar novos associados, visitando os produtores rurais em suas propriedades. Logo começaram a entrar recursos para realizar empréstimos, mas o receio era tanto que o primeiro cheque especial só foi concedido, a um sócio-fundador, depois de muita conversa e inúmeras verificações de sua capacidade de pagamento. A preocupação demonstrava o cuidado com o dinheiro dos associados, que não podiam correr riscos. Também em 1994 o cooperativismo de crédito do Meio-Oeste foi reforçado, com o início das operações da Cooperativa de Crédito Rural de Caçador (Credicaçador). A constituição da cooperativa havia ocorrido no final do ano anterior, em uma movimentada assembleia, com mais de 200 participantes, na qual foram definidos os 20 sócios-fundadores e o Conselho de Administração, que tinha como presidente Euclides Deonízio Canalle. O atendimento ao público iniciou em março de 1994, em um espaço cedido pela Cooperativa Agrícola de Caçador (Coopercaçador). Para integrar a cooperativa, cada agricultor pagava o equivalente a quatro sacas de milho. O pagamento da cota era facilitado: 50% à vista e o restante parcelado em até 12 meses. 74 Sicoob Caçador Com 2,4 mil associados, o Sicoob Caçador possui uma única agência em Caçador, onde atende cooperados de sua área de abrangência, formada pelos municípios de Rio das Antas, Macieira, Calmon, Lebon Régis e Timbó Grande. Fundada em 1993, a cooperativa entrou em crise devido a uma quebra da safra de tomate, que elevou o índice de inadimplência das operações de crédito. As dificuldades exigiram um plano de recuperação eficiente, que, posto em prática, vem fortalecendo a cooperativa. Assim, o Sicoob Caçador chega a 2010 em um momento de reestruturação, que inclui mais seletividade na concessão de crédito e a busca por associados e funcionários comprometidos com os princípios do cooperativismo. Nesse processo de recuperação, o Sicoob Caçador tem expectativa de ampliar seu quadro social a partir da obtenção de autorização para atuar Na foto ao lado, o presidente Egidio Ceccatto atende associados. Nas demais, o dia a dia do Sicoob Caçador como cooperativa de livre admissão de associados. Em 2008 o Sicoob Caçador deu um salto no seu patrimônio líquido, que aumentou 35,32% em relação a 2007. Além disso, a cooperativa liberou R$ 2.297.500,00 para crédito de custeio agrícola. Sicoob Caçador Sede: Caçador Fundação: 17/12/1993 Início das atividades: 15/03/1994 Filiação ao Sicoob: 01/03/1994 Segmento: Crédito Rural Aramis Driessen, associado ao Sicoob Caçador Número de associados: 1.947 Como toco meus negócios Número de funcionários: 10 sem precisar de crédito, Agências: 1 escolhi a cooperativa para Área de abrangência: Caçador, Rio das Antas, Macieira, Lebon Régis, Calmon e Timbó Grande ser o local em que faço População da área de abrangência: 102.458 habitantes meus investimentos. Uso Atual presidente: Egidio Ceccatto os depósitos em poupança DATA BASE: 30/06/2010 como uma reserva técnica para o pagamento das férias e do 13º salário dos 200 funcionários de minha empresa. Busco nas aplicações uma forma de investimento em longo prazo. Penso nisso não para mim, mas para meus filhos e netos. Se fizesse o investimento em bancos comerciais poderia estar ganhando quase a mesma coisa. A diferença é que na cooperativa ajudo a construir algo que é meu e da comunidade. 75 Menos de oito meses após o início das operações, a Credicaçador tinha 345 associados, dos quais 200 foram beneficiados com financiamento de custeio de safras – tomate, feijão, uva, alho, pimentão, milho e pêssego, entre outros. Os recursos, cerca de R$ 120 mil ao todo, vieram de repasses do Banco do Brasil. Enquanto agricultores de Caçador se organizavam, em 1993 funcionários da Escola Técnica Federal de Santa Catarina, atual Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), trabalhavam para a formação da primeira cooperativa de crédito da Grande Florianópolis. Com a iniciativa, eles buscavam fugir das altas taxas de juros, agravadas pela inflação. Com o apoio da Central, 30 sócios-fundadores criaram a Cooperativa de Crédito Mútuo dos Trabalhadores de Instituições de Ensino da Região Metropolitana de Florianópolis (Credtec), que, presidida por Paulo Roberto Livramento, passou a funcionar, em dezembro de 1993, dentro da própria instituição de ensino, no município de Florianópolis. Embora estivesse na cidade, o principal desafio era semelhante ao das cooperativas ligadas ao campo: convencer os colegas, já bastante habituados ao sistema financeiro tradicional, a se associarem a uma cooperativa de crédito. A taxa de juros mais baixa, o atendimento diferenciado e os interesses comuns da categoria foram os principais aliados da Credtec na conquista de associados. No mesmo ano em que a Credtec foi fundada, a Cocecrer/SC mudou novamente de endereço. Além da necessidade de devolver o espaço à Fecoagro, que retomou suas atividades na época, a expansão do sistema exigia instalações mais amplas. Então a Central foi transferida para um prédio comercial na Avenida Hercílio Luz, também no centro de Florianópolis. A mudança impulsionou a modernização não apenas da infraestrutura, com a aquisição de novos móveis e equipamentos, mas também do organograma da instituição. Além da superitendência, ocupada pelo vice-presidente da Cocecrer/SC, a organização passou a contar com o Departamento de Inspeção, responsável por organizar processos e auxiliar as singulares nas atividades operacionais. Reestruturada, a Central estava pronta para enfrentar novos desafios. E eles não tardariam. 76 Sicoob Credtec Uma das primeiras cooperativas de crédito urbano de Santa Catarina, a Credtec conta com um quadro de 750 cooperados, composto por trabalhadores de ensino. Para atender de forma adequada a esse público, mantém, além da sede no centro da Capital, outras duas agências - uma delas em São José. Ao estruturar agências fora das instituições de ensino, a cooperativa busca maior visibilidade para trabalhar de forma mais adequada seu plano de expansão. Assim, a Credtec passou a atender também clientes de outras cooperativas do sistema, promovendo a intercooperação. Acompanhando a ampliação da estrutura física, a Credtec está em busca de novos associados. Pretende estender seu atendimento a pequenos e médios empresários, além de complementar sua área de atuação atingindo também instituições de ensino privadas. Para que a expansão aconteça de modo efetivo, a Credtec aposta no marketing e faz parte do Grupo Capital, que reúne representantes das cooperativas que atuam em Florianópolis, com o objetivo de trabalhar a ideia de divulgação do cooperativismo de crédito. Sicoob Credtec Sede: Florianópolis Fundação: 24/07/1993 Início das atividades: 21/12/1993 Filiação ao Sicoob: 29/03/1994 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 754 Número de funcionários: 17 Agências: 2 Área de abrangência: Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçú, Santo Amaro da Imperatriz, Governador Celso Ramos, Antônio Carlos, Águas Mornas e São Pedro de Alcântara População da área de abrangência: 845.472 habitantes Atual presidente: João Geraldo Fidelis DATA BASE: 30/06/2010 Adamir BAROSSI, associado ao Sicoob Credtec A Credtec é como uma família. Sempre fui bem atendido. Sempre que precisei, me ajudaram muito e nunca deixaram meus problemas se agravarem. Acho que é um casamento perfeito, tanto que não possuo conta em nenhum banco. Ao lado, o presidente João Fidelis. Nas outras imagens, o atendimento na sede da Credtec 77 CAPÍTULO 4 Grandes conquistas Com o apoio da Central, as filiadas crescem, novas singulares são criadas, o Brasil ganha um banco cooperativo e Santa Catarina passa a integrar um sistema nacional de cooperativas de crédito 78 Sede atual do Bancoob, fundado em 1996 79 O lançamento do Plano Real, em junho de 1994, trouxe novamente ao Brasil a esperança de estabilização econômica e levou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso à presidência da República, com a missão de vencer a inflação. No quarto trimestre de 1994, a expansão do PIB em relação ao mesmo período do ano anterior tinha sido de 11%. Ao invés de tranquilidade, a economia em superaquecimento causava preocupação, trazendo à memória dos brasileiros os erros de planos anteriores, em que o consumo desenfreado provocara o colapso da estabilidade. Para segurar a pressão inflacionária, uma das estratégias da política econômica brasileira foi a alta taxa de juros. Se por um lado essas taxas atraíam investidores externos, por outro afastavam do sistema financeiro boa parte da população. Oferecendo juros mais baixos que os do mercado, o cooperativismo de crédito envolvia cada vez mais pessoas. Em 1995, a Cocecrer/SC agregava 25 cooperativas, distribuídas por todo o estado. Em crescimento, as cooperativas de crédito acompanharam a trajetória oposta de muitas de suas idealizadoras, as cooperativas de produção. Em todo o Brasil, ao longo da década de 1990 as cooperativas agropecuárias passaram por grandes dificuldades financeiras e estruturais, como reflexo de políticas agrícolas inadequadas. Endividadas, muitas sucumbiram. Em Santa Catarina, a crise enfrentada por diversas cooperativas de produção acabou se refletindo na credibilidade do cooperativismo de crédito. Cercado de incertezas, o movimento cooperativista precisava reagir, buscando novos modelos de consolidação. E foi isso que aconteceu na região serrana de Santa Catarina a partir de 1994. Naquela época, organizações não governamentais Agricultores da região serrana protagonizaram a criação de um novo modelo de cooperativismo de crédito 80 como o Instituto Vianei e o Centro de Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro) realizaram uma campanha para promover o cooperativismo de crédito em Santa Catarina. O intuito era convencer organizações não governamentais locais a incluírem em seus projetos a criação de cooperativas de crédito, que atendessem os pequenos produtores rurais da região. Uma equipe do Cepagro, formada por estudantes e professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), passou a promover reuniões com os agricultores em suas comunidades. Nessas reuniões, eram apresentadas, de forma didática, as funções sociais e a legislação que regia o cooperativismo de crédito. À medida que esse projeto ganhava proporções maiores, o Cepagro aproximou-se da Cocecrer/SC, a fim de obter suporte para a criação de novas cooperativas. A Central apoiava a cooperativa no cumprimento das normas exigidas pelo Banco Central, oferecendo às novatas todo o conhecimento adquirido ao longo de uma década. Diferentemente do que havia ocorrido em outras partes do estado, na Serra não havia cooperativas de produção sólidas o bastante para apoiar o cooperativismo de crédito. Pelo contrário: o histórico do cooperativismo de produção na região, que registrava a quebra de várias cooperativas, gerava grande desconfiança sobre qualquer tipo de associativismo. O desafio, portanto, era fazer com que a comunidade não apenas confiasse, mas também se responsabilizasse pela fundação e operação das cooperativas de crédito. Para superá-lo foi fundamental o envolvimento de movimentos sociais e populares, como associações comunitárias, sindicatos de trabalhadores rurais e o Movimento de Mulheres Agricultoras (MMA). Formava-se, assim, a base de um novo perfil de cooperativas de crédito. Em São José do Cerrito, o debate foi estimulado por meio de reuniões em diversas comunidades do interior, nas quais se esclareciam, principalmente, as diferenças entre uma cooperativa de crédito e um banco. Naquela época, os habitantes de São José do Cerrito sentiam-se muito desassistidos pelo sistema financeiro tradicional. A única agência do Banco do Brasil existen- Mesa de conselheiros em Assembleia da Credicaru, no município de São José do Cerrito Superssafra de milho reduziu renda dos agricultores da Serra em 1994 81 te na cidade havia fechado e restara apenas o Besc, que praticamente não operava crédito rural. Além de participar de reuniões e assembleias, representantes da comunidade foram convidados a visitar cooperativas de crédito que integravam a Cocecrer/SC. Após as visitas, repassavam aos vizinhos as impressões sobre o funcionamento do sistema. Convencidos de que o cooperativismo de crédito poderia ajudar o município a se desenvolver, 23 sócios-fundadores criaram, em 1994, a Cooperativa de Crédito Rural São José do Cerrito (Credicaru). Presidida por Marcelo Correa Medeiros, a cooperativa iniciou com capital social de apenas R$ 1 mil e precisava buscar recursos para começar a operar. E a saída foi, novamente, a hipoteca dos bens de alguns dos sóciosfundadores. Pequenas propriedades rurais, terrenos e casas serviram como garantia a um empréstimo concedido pelo Banco do Brasil, no valor de R$ 49 mil. Com esse dinheiro, a cooperativa financiou o custeio da lavoura de 24 associados. E assim, instalada em uma garagem próxima ao açougue da cidade, a Credicaru iniciou um novo capítulo na história de São José do Cerrito. O período de implantação da Credicaru foi marcado por grandes dificuldades no campo em toda a região serrana. Como resultado de uma boa safra em 1993, que teve os produtos negociados a excelentes preços, os agricultores estavam mais capitalizados e, assim, investiram pesado na safra seguinte. O entusiasmo individual acabou gerando problemas coletivos: uma superssafra de feijão e milho em 1994 e a queda brutal dos preços, reduzindo drasticamente a renda dos produtores. Na pequena Abdon Batista, a 75 quilômetros de São José do Cerrito, a crise financeira abalou principalmente os pequenos produtores, que também em virtude dos baixos preços pagos pelos produtos estavam utilizando cheque especial de um banco estatal. A alta taxa de juro dessa modalidade de crédito impossibilitava a quitação das dívidas. Em meio à crise, a comunidade rural de Abdon Batista decidiu se unir e levar adiante a ideia de fundar uma cooperativa de crédito. Quanto mais compreendia os princípios do cooperativismo de crédito, mais entusiasmada a comuni82 Sicoob Credicaru Pioneira na implantação de um novo modelo de cooperativismo de crédito rural, sem apoio de uma cooperativa de produção, a Credicaru amargou um pequeno prejuízo no primeiro ano de funcionamento. Mas o resultado negativo não foi suficiente para desanimar os 126 associados da época. A cooperativa intensificou o controle de custos e definiu critérios um pouco mais rígidos para a concessão de empréstimos. Assim, nunca mais terminou o ano no vermelho. Dos quatro funcionários iniciais, a Credicaru evoluiu para cerca de 30 colaboradores, que atendem a 5,5 mil associados na sede, em São José do Cerrito, e nos quatro pontos de atendimento mantidos pela cooperativa – em Campo Belo do Sul, Otacílio Costa, Ponte Alta e Correia Pinto. Conquistada a confiança da comunidade, o desafio é manter a credibilidade do Sicoob e continuar crescendo com base no bom atendimento e na excelência dos serviços prestados. Sicoob Credicaru Sede: São José do Cerrito Fundação: 07/12/1994 Início das atividades: 16/08/1995 Filiação ao Sicoob: 29/04/1996 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 6.258 Número de funcionários: 34 Agências: 4 Área de abrangência: São José do Cerrito, Campo Belo do Sul, Correia Pinto, Otacílio Costa, Ponte Alta do Norte e São Cristóvão do Sul População da área de abrangência: 59.029 habitantes Atual presidente: Carlos José Ramos DATA BASE: 30/06/2010 Edson Correia Muniz, associado ao Sicoob Credicaru Em 1994, vivemos uma superssafra de feijão e uma queda de preço muito brusca. Em função dessa crise, passamos por um momento de forte descapitalização. Junto com os colonos, eu, que tenho uma loja agropecuária, fui Sede do Sicoob Credicaru: atendimento para o associado se sentir em casa a pique. Na cooperativa, encontrei ajuda para manter meu capital de giro. Além de eu ser socorrido, os meus clientes, que eram associados da Credicaru, também tiveram socorro para enfrentar aquele momento de dificuldade. De lá para cá as coisas melhoraram, para mim e para todo mundo. O município começou a se desenvolver, com uma contribuição muito forte da cooperativa. 83 Sicoob Credicanoas A autorização do Banco Central, em julho de 1995, não foi suficiente para a Credicanoas abrir as portas. Faltava o lugar. Os dirigentes da cooperativa alugaram, então, uma salinha abandonada, próxima a um posto de combustível. As condições eram precárias, exigindo uma reforma urgente. Juntos, funcionários e associados trabalharam na troca do assoalho e na pintura das paredes. Obra concluída, a Credicanoas estava preparada Inauguração da Credicanoas, em 1995 para crescer. A trajetória de expansão só foi interrompida no início da década seguinte, quando a cooperativa enfrentou problemas de gestão que afugentaram os associados. Apesar de temerosos em relação ao futuro, alguns decidiram apostar na recuperação da Credicanoas, o que de fato aconteceu, com a ajuda da Central. Sicoob Credicanoas Primeira sede da Credicanoas, em Abdon Batista dade ficava. Era a oportunidade de construir um novo modelo financeiro para o município, que os respaldaria em momentos ruins como aquele. Em 9 de dezembro de 1994, 24 sócios-fundadores criaram a Cooperativa de Crédito Rural Vale do Canoas (Credicanoas), integralizando R$ 156 cada um. Por causa da crise, nem todos os sócios-fundadores tinham esse valor para investir na cooperativa, despertando a solidariedade dos demais, que lhes emprestaram a quantia para completar a cota capital. Em julho de 1995, com a autorização do Banco Central, a Credicanoas, então presidida por Francisco Simones, podia abrir as portas. Tanto em Abdon Batista quanto em São José do Cerrito não faltava vontade de fazer a cooperativa prosperar. Mas ainda faltava conhecimento: muitos dirigentes e funcionários nunca tinham se aproximado de 84 Sede: Abdon Batista Fundação: 09/12/1994 Início das atividades: 17/08/1995 Filiação ao Sicoob: 28/02/1996 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 4.615 Número de funcionários: 23 Agências: 5 Área de abrangência: Abdon Batista, Anita Garibaldi, Cerro Negro, Vargem e Celso Ramos População da área de abrangência: 21.948 habitantes Atual presidente: José David Manchein DATA BASE: 30/06/2010 Felipe Idenei Zanchett, associado ao Sicoob Credicanoas Em 1994 a agricultura da nossa região passou por uma crise muito forte, todo mundo devendo para os bancos. Eu tinha uma empresa que foi à bancarrota, entrou numa dívida violenta. A cooperativa então foi a salvação do pequeno. Num domingo de manhã, saímos da missa e alguém falou, na frente da Igreja, que o Sicoob estava fazendo o Pronaf, a um jurinho baixo. Correu todo mundo lá e a cooperativa atendeu o pessoal no domingo mesmo. Antes se perdia muito tempo correndo atrás de financiamento e só quem Na primeira imagem (ao alto), o presidente José David Manchein. Nas demais, equipe e sede do Sicoob Credicanoas conseguia eram os mais velhos – meu pai, meu avô. A gente que era jovem e não tinha garantia nenhuma para dar, não conseguia nada. A Credicanoas veio para ajudar, facilitou a vida da gente. 85 um computador e a quantidade de termos financeiros e jurídicos ainda os assustava. A Central, então, enviava funcionários de Florianópolis à região serrana, a fim de que eles transmitissem às novas singulares os conhecimentos básicos para a operação do sistema de informática, o preenchimento de formulários e a elaboração de documentos e contratos. Naquela época, um dos maiores problemas enfrentados pela Central era justamente o sistema de informação. As atualizações eram feitas diariamente, mas demoravam cerca de 72 horas para constar no sistema. Todas as informações eram armazenadas em grandes disquetes, guardados a sete chaves pelos gerentes das cooperativas. O risco de perder informações importantes e prejudicar o controle das contas por parte dos associados preocupava a Central, que passou a desenvolver soluções próprias em tecnologia da informação, implantadas nos anos seguintes. Parcerias para o desenvolvimento Em todo o Brasil, as cooperativas centrais lideraram as articulações para os avanços na regulamentação do cooperativismo de crédito. As resoluções editadas pelo Conselho Monetário Nacional ao longo da década de 1990 deram ao sistema cooperativo de crédito brasileiro uma nova configuração. A permissão para captação de depósitos a prazo, regulamentada em 1992, possibilitou a ampliação do volume de recursos administrados e Informatização: o grande desafio Com a ampliação do número de afiliadas, a integração dos sistemas de informação das cooperativas configu- Em 1991, a Cocecrer/RS concluiu o desenvolvimen- rou-se num dos maiores desafios da história da Central. O to de um sistema próprio, que, por meio da Central, foi processo de informatização das singulares teve início em repassado às cooperativas catarinenses. A Cocecrer/SC 1989, quando as oito cooperativas pioneiras do sistema encarregou-se de fazer a migração dos sistemas de todas adquiriram microcomputadores. A Central foi responsável as cooperativas. Apesar do esforço, a tecnologia adotada pela instalação das máquinas e também dos softwares. não conseguia acompanhar o crescimento das cooperati- O sistema utilizado na época chamava-se Sisacred e ha- vas, tornando frequentes as perdas de dados. Por isso, as via sido importado de cooperativas de Minas Gerais, pois trocas e adaptações de sistemas eram constantes, gerando oferecia os recursos necessários às singulares de Santa Ca- maior necessidade de controle das cooperativas. O pro- tarina para a realização de cadastro e controle de contas blema só seria efetivamente resolvido na década seguinte, correntes, aplicações e operações de crédito. quando o Bancoob decidiu liderar o desenvolvimento de Técnicos da Central passaram, em média, 15 dias em cada cooperativa, com a finalidade de instalar os programas, treinar funcionários e transcrever as informações contidas em fichas de papel para o computador. Para reduzir despesas com hospedagem, os funcionários da Central por vezes se alojavam na própria sede da cooperativa, em dormitórios improvisados. Em algumas ocasiões, eram obrigados a voltar à afiliada algumas horas depois de terem partido, para prestar assistência aos funcionários ou Funcionárias do Sicoob SC utilizam o SISBR 86 destravar os sistemas. um sistema integrado para cooperativas centrais e singulares: o SISBR (Sistema de Informações do Sicoob Brasil). maior oferta de crédito para os associados. Em 1994 a autorização para a abertura de Postos de Atendimento Cooperativo (PACs), agências complementares às sedes, permitiu a atuação em âmbito regional e viabilização econômica devido à maior abrangência – até então cada cooperativa só podia atender em sua própria sede. Na mesma época, a Cocecrer/SC firmou convênio com o Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para a captação de recursos destinados ao crédito rural. Criado em 1961, o BRDE tinha experiência na operação de linhas de financiamento com as quais o sistema ainda não trabalhava. Entre elas estava o crédito de investimento, concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Assim, a parceria com o BRDE ampliou os horizontes das cooperativas de crédito catarinenses, que na época ainda se recuperavam do impacto sofrido com a extinção do BNCC. Com o convênio, a Central pôde disponibilizar às cooperativas as linhas de crédito operadas pelo BRDE, como Bndes Automático e Bndes Finame – com juros mais baixos e prazos mais longos que os oferecidos em linhas tradicionais. Esses recursos permitiram que os associados do sistema investissem na modernização das propriedades rurais em diversas regiões do estado. Com a consolidação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ), criado em 1994, a parceria com o BRDE também possibilitou o atendimento de milhares de pequenos produtores rurais. A Central Postos de Atendimento Cooperativo (PACs) ampliaram abrangência das singulares 87 chegou a elaborar 2 mil projetos por ano para inclusão de associados no Pronaf. Como as instalações da Cocecrer não comportavam um volume tão grande de processos, todo o trabalho de elaboração e análise dos projetos era dividido com o BRDE. Juntos, funcionários da Central e do Banco atravessaram noites e finais de semana trabalhando, a fim de não desperdiçar a oportunidade de levar desenvolvimento ao interior do estado. Para seguir todos os procedimentos necessários à captação e à aplicação de recursos públicos, tanto as cooperativas singulares quanto a Central tiveram que adaptar suas rotinas. Em decorrência desse processo, o sistema atingiu um nível de profissionalização ainda maior, com a realização constante de treinamentos voltados à atualização de funcionários em relação às exigências legais e burocráticas. Um novo horizonte Em agosto de 1995, o cooperativismo de crédito brasileiro obteve mais uma conquista histórica. A Resolução 2.193 do Conselho Monetário Nacional permitiu a constituição de bancos comerciais controlados por cooperativas de crédito, chamados de bancos cooperativos. Isso significava que, a partir daquele momento, as cooperativas não dependeriam mais de bancos externos para efetivar suas operações – Santa Catarina, na época, tinha convênio com o Besc para compensação de cheques e títulos, com exceção da Creditapiranga, conveniada com o Banco do Brasil. Tão logo a resolução foi lançada, os dirigentes das três centrais do Sul do país se reuniram para planejar a criação de um banco cooperativo comum. Sem acordo, acabaram seguindo caminhos diferentes. Assim, o primeiro banco cooperativo do Brasil foi fundado em Porto Alegre, em 1995, para atender os estados do Paraná e do Rio Grande Sul. Somada aos outros avanços, a possibilidade de criação de bancos próprios deu início a uma reorganização das cooperativas de crédito em todo o país, que se reuniram para formar o Banco Cooperativo 88 Fortalecendo a agricultura familiar Até 1994 não havia no Brasil uma linha de crédito instituída pelo governo para fomentar a agricultura familiar. Assim, o pequeno agricultor disputava o crédito rural oficial com o grande produtor, em enorme desvantagem. Para reverter essa situação, o Conselho Monetário Nacional criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que tinha como principal finalidade conceder crédito de custeio e investimento para a atividade produtiva familiar. Na época, o limite de financiamento de projetos coletivos era de R$ 50 mil, respeitando o limite individual de R$ 10 mil. As taxas de juros beiravam os 16% ao ano. Mas já no ano seguinte, foram reduzidas a 9% ao ano e os limites individuais e coletivos foram ampliados. As cooperativas de crédito rural exerceram papel importante na intermediação do Pronaf junto a seus associados. Com o Programa, ampliou-se a possibilidade de aumentar a produtividade, gerar empregos e melhorar a renda dos agricultores familiares. Desde a criação do Pronaf, diversos estudos apontam que os recursos chegam de forma menos burocrática às mãos dos beneficiários onde há uma rede social engajada no processo. As cooperativas de crédito fazem parte dessa rede, otimizando os resultados do Programa. Além de receber o crédito, o agricultor de baixa renda ingressa em uma instituição que pode lhe oferecer outros serviços financeiros, conforme suas necessidades. Assim, o Pronaf foi responsável por atrair muitos associados às cooperativas de crédito rural, potencializando os im- Sede do Sicoob Central SC, nome adotado pela Cocecrer em 1997 pactos positivos no desenvolvimento econômico das regiões beneficiadas pelo Programa. Família no campo: pai e filho, associados Sicoob, trabalham em São Miguel do Oeste do Brasil S/A (Bancoob). O Bancoob foi constituído como uma instituição de caráter privado e capital fechado, tendo como acionistas controladoras as cooperativas singulares e centrais que o integram. Fundado em 04 de novembro de 1996, o Bancoob recebeu no ano seguinte a autorização do Banco Central para funcionar. Ao formar o banco, as cooperativas centrais decidiram adotar a denominação Sistema das Cooperativas de Crédito Integrantes do Bancoob (Sicoob). Assim, em 31 de outubro de 1997, o nome da Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina foi oficialmente alterado, passando a se chamar Sicoob Central Santa Catarina, identificado pela sigla Sicoob Central SC. Algum tempo depois, com a definição da estrutura organizacional do Bancoob, as cooperativas decidiram alterar sua denominação para Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil, mantendo a sigla Sicoob. As cooperativas acionistas do Bancoob formaram um grupo chamado Comitê dos Controladores, definindo que o presidente do banco representaria o Sistema de Cooperativas de Crédito Integrantes do Bancoob. Com o tempo, ficou evidente a necessidade de o banco concentrar suas ações na área financeira, de modo que a 89 representação fosse exercida por outra instituição. Assim, em 12 de dezembro de 2001 nascia a Confederação Nacional das Cooperativas de Crédito do Sicoob (Sicoob Brasil), atualmente chamada Sicoob Confederação. O início das atividades do Bancoob representou um marco na história das cooperativas de crédito brasileiras. Por meio dele, as integrantes do Sicoob passaram a atuar de forma mais competitiva em relação ao sistema bancário tradicional. O maior acesso a recursos, aliado ao fato de o Sicoob poder atuar no mercado por meio de uma estrutura de compensação própria, trouxe autonomia e segurança às cooperativas. A partir daquele momento seria possível planejar-se em longo prazo, pois a estrutura financeira do sistema, se conduzido com gestão competente, garantia o futuro. A Central tornou-se então o agente intermediário entre o Bancoob e as cooperativas. O conhecimento adquirido pelo Sistema em Santa Catarina por meio do convênio com o BRDE, sobre as linhas de financiamento do BNDES, foi transferido ao Bancoob por uma equipe da Central. Na época, o Sicoob SC figurava entre as centrais com maior movimentação de recursos, atendendo cerca de 35 mil associados, em 32 cooperativas singulares. A nova estrutura exigia a normatização de operações conforme as diretrizes do Bancoob. Para isso, a Central desenvolveu treinamentos e manuais repassados às cooperativas, de modo que elas pudessem aproveitar a oportunidade de crescimento que as novas linhas de crédito ofereciam. Em Santa Catarina, o início das operações do Bancoob coincidiu com a sucessão presidencial no Sicoob SC. Após 14 anos à frente da Central, o presidente José Zeferino Pedrozo deixou o cargo, para o qual foi eleito o então vice-presidente do Sicoob Crediauc, de Concórdia, Rui Schneider da Silva. Ao assumir o comando da Central, Rui implantou um novo modelo organizacional, focado na descentralização de atividades e cargos. Assim, o organograma do Sicoob SC substituiu as diretorias existentes por quatro gerências – Crédito (atual gerência Comercial), Financeira, de Tecnologia e Administrativa. A descentralização tinha como objetivo intensificar a profissionalização da Central e também tornar mais eficiente o atendimento de demandas das coo- Dirigentes das cooperativas do Sicoob SC visitam o Bancoob, em Brasília 90 perativas, que agora poderiam se dirigir diretamente ao departamento responsável pela área em que precisavam de suporte. Outra novidade do modelo de gestão adotado foi a presença constante do presidente na Central, pois Rui passou a dar expediente diário. Isso significava a presença do associado, representado pelo presidente, no dia a dia da Central. Dessa forma, o Sistema mostrava à sociedade seu amadurecimento. Expansão com foco social As condições mais favoráveis impulsionaram o crescimento das cooperativas, ampliando seu potencial de democratizar o acesso ao crédito e, assim, contribuir para o desenvolvimento dos locais onde estão inseridas. Melhorar a qualidade de vida da população de municípios empobrecidos, por meio da concessão de crédito para atividades produtivas, era uma das principais funções do movimento que ganhava novos adeptos a cada dia. Em Rio Rufino, na Serra catarinense, a reação da comunidade aos baixos índices de desenvolvimento humano e social do município teve início com a fundação de uma cooperativa de crédito. Decididos a mudar a história local, agricultores da região se uniram para fundar a Cooperativa de Crédito Rural Rio Rufino (Sicoob Crediunião). Participação e engajamento Na assembleia de fundação da Cocecrer/SC, pou- contribuir de forma mais incisiva com a consolidação da cos poderiam imaginar que o secretário escolhido para Central. Por isso, ele decidiu concorrer à presidência do Si- redigir a ata, Rui Schneider da Silva, se tornaria o segundo coob Central SC na eleição de 1999, quando foi escolhido presidente da história da Central. Engajado no movimen- por uma diferença de dois votos em relação ao presidente to cooperativista desde o início da década de 1980, Rui da Credicanoinhas, Francisco Greselle. havia participado do grupo de trabalho responsável por implantar a Crediauc, em Concórdia. Economista e advogado por formação, o novo presidente modernizou o modelo de gestão do do Sicoob A experiência adquirida durante anos de gestão na Central SC, com ênfase na profissionalização e na des- cooperativa de origem – ele foi presidente e vice-presi- centralização da tomada de decisões. Essas medidas in- dente da Crediauc por dois mandatos – motivou Rui a fluenciaram o modelo de gestão de todo o Sistema. Em outra frente, ampliou a rede de relações institucionais da Central, tornando-se vice-presidente da Ocesc para o segmento de crédito, conselheiro da Confebras – Confederação das Cooperativas de Crédito do Brasil e vice-presidente do Sicoob Brasil. Tendo Francisco Greselle como vice-presidente e Romanim Dagostin como secretário, Rui foi reeleito nos pleitos de 2002, 2006 e 2010, com mandato até 2014. Atualmente, Rui é vice-presidente da Crediauc, coordenador dos acionistas minoritários do Bancoob, representando um grupo de sete cooperativas centrais, conselheiro fiscal do Sescoop – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo e presidente da Confebras. Rui Schneider da Silva, presidente do Sicoob eleito em 1999 91 Sicoob Crediunião Depois de ter ajudado a consolidar e dinamizar a economia regional, a Crediunião recebeu dentro da própria sede os resultados desse trabalho: móveis de vime, produzidos pelas mãos de membros da comunidade. Hoje, com mais de mil associados, a cooperativa continua a apoiar o setor. Na safra 2008, a Crediunião concedeu 50% do total de financiamento agrícola, orçado em R$ 1,4 milhão, para essa cultura. Por ano, são produzidas na região 15 mil toneladas de vime verde e seis mil toneladas de vime seco, utilizado para cestaria, móveis e artigos de decoração. Inauguração da Crediunião em Rio Rufino O Sicoob Crediunião foi a primeira instituição financeira a apoiar os agricultores nessa atividade. A planta não é nativa e foi trazida para a região em 1920. Atualmente, Liderada pela primeira presidente, Maria Bernadete Blomer Dorroite, a Crediunião iniciou as atividades com móveis usados, doados pela Caixa Econômica Federal. A carência de mobiliário da sede desencadeou um projeto que despertaria uma antiga vocação econômica local: a produção de vime. Em parceria com a Epagri, a cooperativa desenvolveu cursos de capacitação em artesanato para os associados, que aprenderam a fabricar móveis a partir do vime. O projeto foi custeado com recursos do Pronaf e da própria cooperativa, que recebeu mesas, cadeiras e balcões fabricados pela comunidade ao longo do curso. Mas o belo mobiliário da Crediunião não foi a única marca deixada por essa iniciativa. A capacitação ajudou a profissionalizar um trabalho até então realizado de forma extremamente artesanal, criando mais uma fonte de renda para a população. Uma década depois, cerca de 1,3 mil agricultores se dedicavam a essa cultura em oito municípios da região, sendo responsáveis por 90% da produção nacional de vime. Contribuir para o desenvolvimento da economia local também era o objetivo da Cooperativa de Crédito Rural de Urubici (Sicoob Crediaraucária), fundada em 1997. Depois de participar dos eventos promovidos pelo Instituto Vianei, em Lages, um grupo de agricultores do município levou a discussão para a comunidade. Diferen92 mais de 50% das propriedades de Rio Rufino plantam vime, que é uma lavoura perene – a colheita anual ocorre entre junho e agosto. Além do vime, a implantação do cultivo de eucalipto para uso interno nas propriedades e a comercialização do excedente têm sido uma aposta da cooperativa para ajudar no desenvolvimento dos municípios da sua área de abrangência. Recursos obtidos pela Central junto ao Bancoob foram destinados ao programa de reflorestamento, resultando na produção de madeira, além da recuperação e preservação de matas nativas da região. Sicoob Crediunião Sede: Rio Rufino Fundação: 12/11/1997 Início das atividades: 15/06/1998 Filiação ao Sicoob: 31/10/2000 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 1.140 Número de funcionários: 10 Agências: 2 Área de abrangência: Rio Rufino, Bocaina do Sul, Bom Retiro, Urubici e São Joaquim População da área de abrangência: 50.187 habitantes Atual presidente: José Amarildo Costa DATA BASE: 30/06/2010 EDSON OSVALDO KLAWA e esposa, associado ao Sicoob Crediunião Abaixo, o presidente José Amarildo Costa. Nas outras fotos, atendimento na sede do Sicoob Crediunião Sou associado desde o início da cooperativa. A Crediunião foi um marco aqui na nossa cidade, pois além de ajudar muito na agricultura ela auxilia também no comércio. Lembro que foi a cooperativa que conseguiu recursos para financiar as lavouras de vime de Rio Rufino. Já utilizei muito o crédito rural nesses anos de cooperado. Hoje trabalho mais com comércio e estou pensando em me mudar daqui. Com certeza, me associarei em alguma cooperativa de crédito na cidade para a qual me mudar. 93 temente do que havia ocorrido nos outros municípios da região, a reação não foi boa, pois permaneciam as marcas negativas deixadas por cooperativas de outros segmentos em Urubici. O argumento dos defensores da ideia se concentrava na natureza do produto com que iriam trabalhar, o dinheiro. Dinheiro que, conquistado com o trabalho de cada um, poderia ajudar a todos. Assim a cada reunião realizada nas comunidades a percepção das pessoas foi se alterando, até a fundação da Crediaraucária, que teve João Frischembruder como primeiro presidente. Desde que foi criada, a cooperativa contribui para o desenvolvimento de novas atividades econômicas no Sicoob Crediaraucária Em 12 anos de atividades, a Crediaraucária conseguiu transformar o capital inicial de R$ 2,6 mil em mais de R$ 1 milhão, graças à associação de cerca de mil pessoas nesse período. Esses números fazem com que a Crediaraucária ostente 31% de participação no mercado financeiro local. A boa aceitação do cooperativismo de crédito na região de Urubici está relacionada ao esforço da Crediaraucária para fomentar o desenvolvimento local. Além de ajudar seus associados a se inserirem na cadeia produtiva de leite, oferecendo linhas de crédito especial para a compra de animais e equipamentos, a cooperativa desenvolve um projeto de produção de frutas alternativas, como a implantação de pomares de mirtilo. Em abril de 2007, a Crediaraucária abriu seu primeiro ponto de atendimento além da sede., em Alfredo Wagner. No mesmo ano, protocolou no Banco Central o projeto para transformação da cooperativa em livre admissão de associados aprovado em 2010. O objetivo é se fazer ainda mais presente na comunidade, que já tem na Crediaraucária uma grande parceira. Baseada na educação cooperativista, essa relação de parceria é consolidada com a realização de encontros e eventos em conjunto com sindicatos, Secretaria Municipal da Agricultura, Epagri, igrejas, associações e organizações não governamentais. Todos os anos a coope- Sócios-fundadores da Crediaraucária, em 1998 rativa realiza um evento de grande porte, chamado Incoop, que inclui palestras sobre cooperativismo, promovendo a integração entre os associados e a comunidade em geral. Sicoob Crediaraucária Sede: Urubici Fundação: 06/12/1997 Início das atividades: 10/08/1998 Filiação ao Sicoob: 31/10/2000 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 1.471 Número de funcionários: 20 Agências: 3 Área de abrangência: Urubici, Bom Retiro, Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Águas Mornas, Leoberto Leal, Rancho Queimado e Santo Amaro da Imperatriz População da área de abrangência: 67.862 habitantes Atual presidente: Elmo Meurer Primeira assembleia da Crediaraucária, em Urubici 94 DATA BASE: 30/06/2010 Sede do Sicoob Crediaraucária: atendimento aos associados de Urubici e região JOSÉ CARLITO KAYSER (à direita), associado ao Sicoob Crediaraucária, junto ao presidente da cooperativa, Elmo Meurer Sou um dos 25 sócios-fundadores da Crediaraucária. Sempre que precisei de ajuda, o Sicoob me socorreu. Eu me sinto muito grato por toda essa ajuda que eles me deram. Como todos na cooperativa se conhecem, o trabalho fica mais humano, você deixa de ser apenas um número de conta bancária. A Crediaraucária é uma coisa nossa. 95 município, que ajudam a garantir a renda dos pequenos produtores rurais da região. Por meio da Crediaraucária eles tiveram acesso a crédito rural para incrementar a cadeia produtiva do leite, atividade que reduz a sazonalidade da renda – diferentemente do trabalho na lavoura, a produção de leite gera renda mensal o ano todo. A 60 quilômetros de Urubici, o município de Urupema também foi beneficiado pela criação da Cooperativa de Crédito Rural do Planalto Serrano (Crediserra), em 1996. Os 21 sócios-fundadores previam uma instituição competitiva, capaz de ganhar a preferência dos associados quando comparada a bancos públicos ou privados. Assim conseguiriam atrair boa parte dos associados em potencial, estimados em 5 mil pessoas. Para isso, era essencial oferecer baixas taxas de juros e atendimento de primeira, sempre focado nos princípios cooperativistas. Com essa premissa, a cooperativa abriu as portas em 28 de abril de 1997, com apenas um Sicoob Crediserra Essencialmente agrícola, o município de Urupema, na Serra catarinense, vem buscando potencializar as atividades econômicas ligadas à produção animal, fruticultura, silvicultura e agricultura orgânica. Nesse caminho, os produtores rurais encontraram no Sicoob Crediserra um grande parceiro. Completando 13 anos de atividade, a Crediserra ultrapassou a casa dos R$ 3 milhões em patrimônio líquido e conta com um volume de operações de crédito de mais de R$ 9 milhões em 2010. Muito além do crescimento em números, os resultados da cooperativa se refletem no compromisso de facilitar a vida de seus mais de 2 mil associados, através da criação de uma nova opção de agente financeiro, da geração de emprego e renda para a região e, principalmente, da valorização do pequeno agricultor. De olho no futuro, a Crediserra busca sempre as melhores alternativas para o desenvolvimento da região serrana de Santa Catarina. Sicoob Crediserra Sede: Urupema Fundação: 15/11/1996 Início das atividades: 28/04/1997 Filiação ao Sicoob: 08/09/1998 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 2.399 Número de funcionários: 17 Agências: 4 Área de abrangência: Urupema, Rio Rufino, Urubici, Painel, Bom Retiro, Bocaina do Sul, São Joaquim e Bom Jardim da Serra População da área de abrangência: 59.505 habitantes Atual presidente: Antônio Carlos Muniz DATA BASE: 30/06/2010 Ata de constituição da Crediserra 96 Arécio de Andrade, associado ao Sicoob Crediserra Naquela época, os trabalhadores rurais sentiram que precisavam se unir e apostar em uma ideia nova. Foi assim que me tornei um dos sócios-fundadores da Crediserra. Hoje estamos muito satisfeitos com os resultados da cooperativa. Através da Crediserra todos os Acima e ao lado, associados da Crediserra mostram sua produção. Nas outras imagens, o atendimento na cooperativa trabalhadores rurais estão crescendo. Quem tem dificuldades em conseguir crédito em outras instituições, por exemplo, tem mais chances de conseguir na cooperativa, o que é uma grande oportunidade para se desenvolver. 97 funcionário e a ajuda de um técnico cedido pela prefeitura de Urupema. Também colaborava o primeiro presidente da Crediserra, Amstrong Zen de Souza. Enquanto nos municípios menores o cooperativismo de crédito dava os primeiros passos, a maior cidade da região serrana, Lages, também era palco de discussões sobre o tema, que resultaram na criação da Cooperativa de Crédito Rural do Planalto Sul (Credisserrana). Foram 20 sócios-fundadores, todos produtores rurais, que buscavam promover mais oportunidades de acesso ao crédito, deixando para trás a dependência dos bancos. Para representá-los, elegeram José Laurenil Borges como primeiro presidente da cooperativa. Mas, como na maioria dos municípios da região, foi preciso enfrentar a resistência da comunidade em relação ao cooperativismo, convencendo os associados de que o esforço conjunto levaria a cooperativa ao sucesso. Ciente de que essa trajetória não podia ser traçada de forma isolada, a Credisserrana logo se filiou ao Sicoob Central SC, garantindo o acesso a recursos e o suporte institucional necessários ao desenvolvimento. Sicoob Credisserrana Localizada na maior cidade da Serra Catarinense, Lages, a Cooperativa de Crédito Rural do Planalto Sul (Credisserrana) ampliou sua base de associados nos últimos anos, a fim de fomentar e economia regional, baseada principalmente na pecuária, na agricultura, na indústria madeireira e, mais recentemente, no turismo rural. Contribuir para o desenvolvimento dessas atividades e incentivar o surgimento de novos negócios no município têm sido os principais objetivos da cooperativa. Em 12 anos, a Credisserrana passou dos 20 sóciosfundadores para cerca de 2 mil associados, aos quais oferece a ampla gama de produtos e serviços do Sicoob, como cartão de crédito, cheque especial, seguros, empréstimos e financiamentos, entre outros. Apesar do crescimento entre a população urbana, a maior parte dos recursos da cooperativa ainda é direcionada a agricultores e pecuaristas. Somente em 2009, a Credisserrana repassou aos associados cerca de R$ 1,15 milhão em crédito rural. Cada vez mais próxima de seus cooperados, a Credisserrana busca estender seus benefícios a toda a comunidade. Para isso, promove, patrocina e participa de diversos eventos em Lages e região, como feiras, exposições, rodeios e bailes, nos quais dissemina a cultura cooperativista. Sicoob Credisserrana Sede: Lages Fundação: 25/07/1998 Início das atividades: 17/05/1999 Filiação ao Sicoob: 26/09/2001 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 2.120 Número de funcionários: 17 Agências: 3 Área de abrangência: Lages, Bocaina do Sul, Palmeira e Capão Alto População da área de abrangência: 176.747 habitantes Assembleia da Credisserrana: associados têm liberdade para se manifestar 98 Atual presidente: Cândido Lucas Costa DATA BASE: 30/06/2010 Maria José Duarte de Oliveira, associada ao Sicoob Credisserrana Na Credisserrana o acesso ao crédito é mais rápido, menos complicado que nos bancos, pois somos nós, associados, que decidimos o que fazer com os recursos. Hoje, só trabalho com a cooperativa. Tenho conta em Sede da Credisserrana, em Lages: cooperativa tem mais de 2,1 mil associados outros bancos, mas só para recebimento do salário, que logo transfiro para o Sicoob. E uso praticamente todos os serviços que a cooperativa oferece. No passado, consegui crédito para comprar gado de leite e incrementar a produção de queijos em nossa propriedade. 99 Em toda parte Embora tenha representado um avanço territorial importante, a expansão do cooperativismo de crédito na segunda metade da década de 1990 não se restringiu à região serrana. Outras seis cooperativas de crédito foram fundadas entre 1996 e 1999, reforçando a presença do Sicoob SC tanto no meio urbano quanto na zona rural. Em Papanduva, no Planalto Norte, uma divergência entre agricultores e o Banco do Brasil deu propulsão ao movimento que buscava criar uma cooperativa de crédito local. Insatisfeitos com a burocracia e demora na liberação dos empréstimos, 25 produtores rurais tornaram-se sócios-fundadores da Cooperativa de Crédito Rural do Planalto Catarinense (Sicoob Crediplanalto) em 1996. A falta de público na inauguração era um reflexo da desconfiança da comunidade em relação à iniciativa. Com poucos recursos disponíveis, o presidente da Crediplanalto à época, Amilto Pscheidt, penhorou sua pro- Primeira matrícula da Crediplanalto 100 Sicoob Crediplanalto Chegar à marca de 1,4 mil sócios ativos parecia um sonho aos fundadores da Crediplanalto em 1996, quando a cooperativa foi criada. Em 2010, esse sonho já era realidade. Com sede em Papanduva, a Crediplanalto mantém seis pontos de atendimento para atender aos cooperados, em Mafra, Santa Terezinha, Rio das Antas, Santa Cecília, Major Vieira e Monte Castelo. Desde 2009, a cooperativa opera em regime de livre admissão, mas tem planos de expansão bastante cautelosos. Entre 1999 e 2002, a ampla liberação de crédito levou a um elevado índice de inadimplência, exigindo uma reestruturação nos procedimentos internos, que teve sucesso graças ao apoio dos associados. Com a lição aprendida, a cooperativa apresenta sobras (lucros) desde 2004, sempre buscando atrair pessoas e empresas com potencial para fortalecer a cooperativa. Para tornar o cooperativismo mais conhecido, a Crediplanalto age em duas frentes, tendo sempre a juventude como foco. Além de promover um encontro de jovens a cada dois anos, a cooperativa leva palestras sobre cooperativismo para escolas da região. Sicoob Crediplanalto Sede: Papanduva Fundação: 18/05/1996 Início das atividades: 10/09/1996 Valdeci Castagnetti, associado ao Sicoob Filiação ao Sicoob: 22/05/1998 Crediplanalto Segmento: Livre Admissão Número de associados: 4.289 Número de funcionários: 39 Com o crédito de Agências: 6 Área de abrangência: Papanduva, Mafra, Major Vieira, Monte Castelo, Santa Cecília e Santa Terezinha População da área de abrangência: 111.897 habitantes Atual presidente: Izeo Pitt R$ 90 mil liberado pela Crediplanalto em 2008, comprei a máquina DATA BASE: 30/06/2010 necessária para abrir uma empresa de classificação de maçãs. Já produzíamos a fruta, em um pomar de 12 hectares e 30 mil pés desde 2003. Com o novo empreendimento, agregamos valor à produção e passamos Assembleias da cooperativa, autoatendimento e o presidente do Sicoob Crediplanalto, Izeo Pitt a vender para todo o estado. Na agricultura, quem é pequeno precisa unir forças para conseguir acesso aos recursos. 101 priedade e obteve, no Banco do Brasil, um financiamento de R$ 360 mil, destinados a empréstimos que beneficiaram 80 produtores. A notícia se espalhou pela cidade e logo a desconfiança cedeu lugar à expectativa de integrar a cooperativa. Para crescer de forma sustentável, a Crediplanalto decidiu se filiar ao Sicoob Central SC dois anos após sua fundação. Em 22 de março de 1997, Passos Maia, município com 2,8 mil habitantes na época, tornou-se a sede da Cooperativa de Crédito Rural Vale do Chapecozinho (Sicoob Valcredi). A fundação da cooperativa era resultado da articulação de uma série de instituições públicas, organizações não governamentais e entidades representativas dos produtores rurais da região. Antes de iniciar a Sicoob Valcredi Existente desde a década de 1940, época em que descendentes de imigrantes italianos, atraídos pela madeira abundante, se fixaram no local, o município de Passos Maia foi criado somente em 1991, quando deixou de ser um distrito de Ponte Serrada. Os anos seguintes à emancipação foram marcados pela construção de mecanismos para o desenvolvimento local, entre eles a Cooperativa Rural do Vale do Chapecozinho (Sicoob Valcredi). Entre os objetivos registrados no estatuto da cooperativa está a assistência financeira aos associados e a formação para o cooperativismo. Tendo em vista que cerca de 85% da população de Passos Maia reside no campo, a prioridade da Valcredi sempre foi o atendimento aos produtores rurais, de modo que os benefícios gerados pela democratização do crédito se estendessem a toda a comunidade. Na primeira década de atuação da cooperativa os resultados já se mostravam expressivos. Entre 1997 e 2006 foram R$ 7,7 milhões concedidos em empréstimos, que beneficiaram cerca de 1,1 mil associados. Esses números, aliados ao potencial de crescimento do cooperativismo na região, fizeram com que a Valcredi chegasse a 2010 consolidada, pronta para colaborar ainda mais com a melhoria da qualidade de vida de seus associados. Reuniões ajudaram a estreitar os laços entre a comunidade e a Valcredi Sicoob Valcredi Sede: Passos Maia Fundação: 22/03/1997 Início das atividades: 06/10/1997 Filiação ao Sicoob: 08/06/1998 Segmento: Crédito Rural Número de associados: 7.487 Número de funcionários: 41 Agências: 4 Área de abrangência: Passos Maia, Vargeão, Ponte Serrada, Irani, Vargem Bonita, Catanduvas, Faxinal dos Guedes, Ouro Verde e Bom Jesus População da área de abrangência: 58.307 habitantes Atual presidente: Antônio Abílio Mantovani Atendimento na sede da Valcredi, fundada em 1997 102 DATA BASE: 30/06/2010 MAURI ZANCHETTI e família, associado ao Sicoob Valcredi Depois que a cooperativa passou a funcionar, melhorou muito. Eu sou pequeno agricultor e já fui muito beneficiado. Já utilizei empréstimos da cooperativa para a construção de um chiqueiro, pra compra de vaca leiteira e também pra lavoura. Outro diferencial da cooperativa é o atendimento. Eles são muito educados e eu sinto que eles realmente respeitam a gente. Todas as vezes que eu precisei, a cooperativa me ajudou. Em outros lugares a gente não consegue isso, é praticamente Acima, o presidente Antônio Abílio Mantovani junto a família associada. Nas outras imagens, a sede do Sicoob Valcredi eliminado. Acredito que a cooperativa esteja bem por causa da administração. Você pode perguntar para qualquer associado, tenho certeza que todo mundo vai dizer a mesma coisa. 103 operação da Valcredi, comitivas de Passos Maia visitaram cooperativas antigas, estabelecidas em cidades maiores, como a Crediauc, de Concórdia, e também as menores, localizadas em municípios com características semelhantes às de Passos Maia. Muitos estudos e debates faziam parte de uma estratégia para convencer a comunidade a acreditar novamente no cooperativismo, de modo que o receio causado por experiências anteriores mal-sucedidas não se sobressaísse à esperança de construir um futuro melhor. Autorizada pelo Banco Central, a Valcredi, presidida por Antônio Abílio Mantovani, passou a funcionar em outubro de 1997, em uma sala de 16 metros quadrados, com móveis emprestados por associados, três funcionários e capital integralizado de R$ 2 mil. Seria possível uma cooperativa de crédito sobreviver com tão pouca infraestrutura? Era a pergunta que pairava pela cidade à época da inauguração. A história do cooperativismo de crédito em Santa Catarina provava que sim. Na cidade de Nova Trento, pequenos agricultores também se questionavam sobre o futuro da Cooperativa de Crédito Rural de Nova Trento (Trentocredi), criada em 1998. A ideia havia surgido dois anos antes, em meio às propostas dos candidatos a prefeito. Mas um grupo de produtores rurais não deixou que ela se perdesse entre as promessas de campanha. Mobilizados pela causa, levaram 12 meses para reunir os 23 sócios-fundadores. A cooperativa começou pequena, contando apenas com os recursos provenientes Sicoob Trentocredi Localizada em Nova Trento, a cooperativa reuniu mais de 6 mil sócios em pouco mais de 10 anos de funcionamento e possui postos de atendimento em todos os municípios de abrangência: Canelinha, Brusque, São João Batista e Tijucas, onde 31 funcionários atendem os cooperados, oferecendo produtos e serviços disponíveis. Em 2009, mais de R$ 10,8 milhões foram liberados para os associados, dos quais R$ 836 mil foram alocados em atividades rurais. A mudança no perfil do associado deve-se à crescente urbanização da região e também demonstra a expansão das atividades da cooperativa sobre outros segmentos da população. Em 21 de janeiro de 2010 a Trentocredi realizou o antigo desejo de se tornar uma cooperativa de crédito de livre admissão de associados. No final desse mesmo ano, está prevista a inauguração de uma nova sede, com o intuito de melhorar o atendimento ao associado. No futuro, a cooperativa pretende ampliar a estrutura de atendimento, com a criação de mais sete PACs, incluindo novos municípios. A expectativa é que a inclusão de indústrias e estabelecimentos comerciais entre seus associados eleve a Trentocredi a um novo patamar de negócios. Sicoob Trentocredi Sede: Nova Trento Fundação: 15/05/1998 Início das atividades: 08/10/1998 Filiação ao Sicoob: 31/10/2000 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 8.498 Número de funcionários: 46 Agências: 6 Área de abrangência: Nova Trento, Antônio Carlos, Biguaçú, Bombinhas, Botuverá, Brusque, Canelinha, Itapema, Major Gercino, Porto Belo, São João Batista e Tijucas População da área de abrangência: 314.193 habitantes Atual presidente: Altair Raimundo Ruberti Sócios-fundadores da Trentocredi, criada em 1998 104 DATA BASE: 30/06/2010 Antônio Will (à esquerda), associado ao Sicoob Trentocredi Fui convidado a participar da cooperativa pelo grupo que articulava sua criação no final dos anos 90. Acreditei na ideia e hoje conto com os benefícios dela. Em 2001, abri uma pequena fábrica de conservas em minha propriedade. Os recursos do Sicoob têm sido fundamentais para o negócio, pois preciso de dinheiro para capital de giro, que falta muito na época de No alto, o projeto da nova sede da Trentocredi. Acima, o presidente Altair Ruberti (à dir.) atende associado entressafra de hortaliças e assim dificulta a compra das embalagens para as conservas. 105 dos depósitos dos associados, já que ainda não era filiada ao Sicoob Central SC, apenas conveniada. Assim, nos primeiros anos a Trentocredi, que era presidida por José Maurilio Vanini, não podia conceder empréstimos, limitando-se apenas a realizar serviços bancários em geral. Com a expansão do número de associados, os recursos em caixa cresceram e as perspectivas começaram a melhorar. Nessa época, a cooperativa contou com uma ajuda que foi fundamental para sua consolidação. Por intermédio do padre italiano Dom Girolano Giob, que trabalhava no município na época da construção do santuário de Santa Paulina, um grupo de instituições italianas conheceu o trabalho da Trentocredi, e todas as suas dificuldades, e decidiu apoiá-la. Primeiramente, em 2001, realizou aporte de US$ 6 mil a fundo perdido. Verificando que sua utilização fora adequada, anunciou investimento de mais US$ 100 mil, a juros baixos e a ser realizado em partes. A parcela inicial recebida, de US$ 21,9 mil, impulsionou os negócios da cooperativa, facilitando inclusive sua filiação ao Sicoob Central SC, e acabou sendo o suficiente para os propósitos da diretoria até aquele momento. Assim, a cooperativa dispensou os demais aportes, e o grupo de instituições italianas, que tinha cooperativas de crédito entre elas, acabou deixando aquele valor inicial emprestado como uma doação. Em Blumenau, no ano de 1997, um grupo de corretores de seguros também decidiu se unir para ampliar a oferta de crédito à categoria, que tinha dificuldade em obter empréstimos e financiamentos na rede bancária. Criaram, assim, a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Corretores e Demais Técnicos de Seguro do Estado de Santa Catarina (Credicor). À frente da cooperativa estava o então presidente do sindicato estadual da categoria, Cláudio Simão. Tamanha era a demanda dos profissionais da área que, logo após a fundação, o Banco Central autorizou a cooperativa a atender não apenas os corretores, mas também os prestadores de serviços de seguros e seguradoras. Com público segmentado, a Credicor foi superando, ano após ano, as dificuldades de atender a todos com produtos e serviços financeiros competitivos. 106 Sicoob Credicor Desde que foi criada, a Credicor cresce de forma constante, na dimensão de uma cooperativa que atende a um público restrito. Apesar da sede ser localizada em Blumenau, a Credicor atende a corretores de todo o estado. Em 2010, seu quadro social atingiu 921 associados. A cooperativa busca oferecer diferentes linhas de crédito para os profissionais da área, que se deparam com uma alta carga tributária sobre os rendimentos de suas atividades. Ao contratar empréstimos com juros menores, os corretores conseguem obter capital de giro para impulsionar seus negócios. Investir em microcrédito e financiamentos está entre as principais metas da Credicor. Atualmente, a cooperativa oferece linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas, como empréstimos para compra de veículos, equipamentos de informática, capital de giro e diversos outros que atendam às demandas dos corretores. Focada na excelência do atendimento ao associado, a Credicor, que se filiou ao Sicoob em 2008, espera expandir suas atividades junto com o Sistema, ampliando cada vez mais sua atuação em Santa Catarina. Sicoob Credicor Sede: Blumenau Fundação: 28/04/1997 Início das atividades: 12/02/1998 Filiação ao Sicoob: 26/02/ 2008 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 921 Número de funcionários: 14 Agências: 1 Área de abrangência: Estadual Atual presidente: Max Konradt Júnior DATA BASE: 30/06/2010 Sede da Credcor: atendimento às demandas dos corretores Cláudio Simão, associado ao Sicoob Credicor A partir de algumas leituras que fiz, comecei a pensar: se o Sindicato dos Corretores de Seguro de Santa Catarina prega o associativismo como a força da entidade por que não abrir uma cooperativa de crédito também para ajudar esses profissionais? Surgiu então a Credicor, a primeira do país destinada especificamente aos corretores de seguro. Essa união em torno de um bem comum permite uma maior agilidades aos associados na hora de conseguir empréstimos, realizar cobranças e pagamentos, dentre outras coisas. 107 Avanço urbano O final da década de 1990 marcou o início da expansão das cooperativas urbanas em Santa Catarina, em um movimento que se consolidaria nos anos seguintes. Na maior e mais industrializada cidade do estado, Joinville, o primeiro passo foi dado por servidores públicos municipais. Para oferecer melhores serviços financeiros à categoria e aproveitar seu potencial de investimento em benefício dos próprios trabalhadores, foi fundada a Cooperativa dos Servidores Públicos Municipais de Joinville (Sicoob Coopercred) que teve Osmar Deretti como primeiro presidente. A cooperativa nasceu com um dos maiores potenciais de crescimento do estado. Além de poder ampliar seu número de sócios de 7 mil para os 12 mil servidores da prefeitura, a instituição estava localizada na maior cidade catarinense em termos econômicos e populacionais, com cerca de 500 mil habitantes. Em Blumenau, outra categoria decidiu se unir para crescer: os dentistas. Buscando inspiração em outras cooperativas de crédito existentes na região, os profissionais liberais desejavam criar um ponto de en- Sicoob Coopercred A Coopercred acumula episódios de luta e superação. Criada para atender os funcionários públicos municipais de Joinville, onde se localizam a sede e sete postos de atendimento, a cooperativa enfrentou a venda da folha de pagamento pela prefeitura a um banco privado nos anos de 2004 e 2008. Mesmo assim, alcançou um quadro superior a 8 mil associados. No primeiro revés, a Coopercred organizou uma campanha para o associado transferir o salário, mas encontrou dificuldades em razão da inadimplência. A cooperativa decidiu, então, retomar o foco nas demandas dos servidores, sendo autorizada a realizar empréstimos consignados com recursos próprios no ano de 2005. Em 2008, a migração de toda a folha de pagamento para um banco comercial exigiu ainda mais superação por parte da Coopercred, que investiu novamente em campanhas para que os associados se mantivessem na cooperativa. Desde 2009, a nova diretoria e os membros do Conselho de Administração da Coopercred voltaram o foco das ações para capacitação e aprimoramento da gestão, bem como para a geração de negócios, com a adesão a novos produtos e serviços oferecidos pelo Sicoob, como seguros, consórcios e cartões de débito e de crédito. Tudo isso para estreitar ainda mais a relação com seus associados e buscar uma maior participação no mercado joinvilense. Sicoob Coopercred Sede: Joinville Fundação: 04/06/1998 Início das atividades: 27/10/1998 Filiação ao Sicoob: 29/12/1999 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 8.989 Número de funcionários: 61 Agências: 8 Área de abrangência: Joinville População da área de abrangência: 497.331 habitantes Atual presidente: Maria Teresa Soares Agência da Coopercred, em Joinville 108 DATA BASE: 30/06/2010 Vanda Sampaio, associada ao Sicoob Coopercred Sou associada do Sicoob desde o primeiro ano de funcionamento da Coopercred. Após a prefeitura ter vendido a folha de pagamento para outro banco, passei a transferir meu salário todos os meses para a conta na cooperativa. Na Coopercred, consigo fazer empréstimos com menos burocracia e juros menores. Além disso, o atendimento é sempre com boa Acima, a presidente da Coopercred atende a associadas. Nas outras imagens, o cotidiano na sede da cooperativa vontade, diferente do que a gente vê em bancos. 109 contro e identificação dos interesses da categoria, que teria sua própria instituição financeira. Certos de que seria uma iniciativa positiva, 21 dentistas fundaram a Cooperativa do Setor Odontológico (Crediodonto) em 10 de setembro de 1998, elegendo Antônio Luiz Belli como primeiro presidente. Ao receber o aval do Banco Central para início das operações, calcularam que precisariam de um capital inicial de R$ 30 mil para operar durante seis meses, até que a cooperativa começasse a gerar receita para se sustentar. Saíram de porta em porta recrutando colegas. Alguns chegaram a pagar a cota inicial com seis cheques pré-datados de R$ 50. Mal sabiam que estavam investindo em um empreendimento que agregaria cerca de 2,2 mil associados em diversas cidades. Na capital, 35 pessoas investiram um pouco mais na criação da Cooperativa de Crédito Mútuo dos Servidores Públicos do Estado de Santa Catarina (Credisc). Todos funcionários públicos, eles integralizaram R$ 1 mil cada para oferecer à categoria um tratamento diferente do dispensado pelos bancos comerciais. Sicoob Crediodonto Na Crediodonto, a prova de que a união do cooperativismo é baseada na reciprocidade foi a adesão crescente de associados, interessados pelas taxas e juros mais baixos e a resposta do Sicoob SC às enchentes que castigaram Blumenau em novembro de 2008. Apenas um mês depois da inauguração do segundo PAC na cidade, as chuvas destruíram por completo a agência recém-inaugurada. Com a ajuda da Central, a unidade foi totalmente recuperada. Além dos PACs em Blumenau, a Crediodonto possui agências também em Rio do Sul, Joinville e Jaraguá do Sul, e pretende abrir a próxima em Balneário Camboriú. O ano de 2008 foi o melhor para a Crediodonto em 10 anos de história. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido somou quase 20% e o patrimônio passou de R$ 2,2 milhões em 2007 para R$ 3 milhões em 2008. Os empréstimos alcançaram cerca de R$ 9 milhões e o número de associados ultrapassou a marca de 2,2 mil, com possibilidades de expansão em várias frentes. Sicoob Crediodonto Sede: Blumenau Fundação: 10/09/1998 Início das atividades: 08/03/1999 Filiação ao Sicoob: 29/06/2000 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 2.367 Número de funcionários: 23 Agências: 5 Área de abrangência: Blumenau, Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçú, Itajaí, Balneário Camboriú, Brusque, Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Gaspar, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio, Timbó, Rio do Sul, Joinville, Jaraguá do Sul e São Francisco do Sul População da área de abrangência: 2.430.968 habitantes Atual presidente: Antônio Luiz Belli Agência da Credisc, na Capital: avanço das cooperativas urbanas 110 DATA BASE: 30/06/2010 Denise Schwantes, associada ao Sicoob Crediodonto Em 1999, quando a Crediodonto começava a funcionar, recebi uma colega para uma conversa. Ela queria falar das cooperativas, das suas vantagens, dos benefícios revertidos aos associados. Tudo que conversamos naquele dia eu vi acontecer nesses Na primeira imagem (ao alto), o presidente do Sicoob Crediodonto, Antônio Luiz Belli, conversa com associadas. Nas demais, o atendimento na sede da cooperativa 10 anos em que sou associada da Crediodonto. Utilizo a cooperativa principalmente para obter crédito, como o adiantamento de cheques pré-datados. Os juros são bem menores e você não é somente mais um número, como nos bancos. Na cooperativa a gente é conhecido e atendido com muita atenção. 111 Sicoob Credisc Criada por funcionários públicos estaduais, a Credisc chega a 2010 com 3,5 mil associados, incluindo servidores federais e aposentados, bem como seus dependentes e familiares. Além do crescimento expressivo em pouco mais de 10 anos, a cooperativa protagonizou a segunda incorporação no estado, unindo-se à Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Funcionários do Sistema Estadual da Agricultura (Crediagro), fundada em 2000. A incorporação é uma tendência entre cooperativas que possuem segmentos semelhantes no seu quadro de associados, pois permite uma atuação mais forte Sede da Credisc, na capital: cooperativa foi fundada por servidores públicos estaduais diante dos sistemas financeiros tradicionais. Ao mesmo tempo em que as cooperativas se beneficiam com a melhora de serviços e redução de custos, essa parceria exige cuidado e detalhamento operacional extenso, A assembleia de constituição foi realizada em julho de 1999, em Florianópolis. Dois meses depois, a cooperativa recebeu autorização do Banco Central para o início das atividades, tendo Renato Luiz Hinnig como presidente. O Sicoob Central SC ofereceu todo o suporte necessário à implantação da cooperativa, que prontamente se filiou ao sistema. como a migração de contas e a contabilidade do quadro de funcionários. Com sede em Florianópolis, a Credisc possui outras cinco unidades na cidade, localizadas no Centro Administrativo do Governo do Estado, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, na Secretaria da Agricultura, na Epagri e na Gerência Regional da Fazenda. Oferece, ainda, um ponto de atendimento em Joinville e outro em São José. Em 2009, a Credisc movimentou 3,8 milhões em operações de crédito e o patrimônio líquido passou de R$ 3 milhões. Sicoob Credisc Sede: Florianópolis Fundação: 16/07/1999 Início das atividades: 16/11/1999 Filiação ao Sicoob: 27/07/2000 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 3.514 Número de funcionários: 45 Agências: 6 Área de abrangência: Estadual Atual presidente: Edson Fernandes Santos DATA BASE: 30/06/2010 112 Jonas dos Santos, associado ao Sicoob Credisc Sem a Credisc eu não teria conseguido ajudar meus dois filhos a abrirem o próprio negócio. Eles revendem material de construção e Na foto ao lado, o presidente Edson Santos reúne a equipe da Credisc. Nas demais, atendimento nas agências da cooperativa na Credisc eu já consegui empréstimo para comprar dois caminhões e financiamento para o terceiro caminhão. Sempre afirmo que se não fosse a cooperativa, meus filhos não poderiam ter uma empresa deles, porque no início é muito difícil manter o capital de giro. Sou muito grato à Credisc por isso. 113 CAPÍTULO 5 Rumo a novos desafios O Sicoob SC chega ao século XXI focado no fortalecimento das cooperativas filiadas, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico e social das regiões onde atua. Consolidado, o cooperativismo de crédito catarinense se prepara para uma nova etapa de expansão, impulsionada pela livre admissão de associados 114 Sede do Sicoob SC, em Florianópolis 115 Superados os desafios da década de 1990, o Sicoob SC chegou ao século XXI com 53.562 associados, número que cresceria de forma exponencial nos anos seguintes. Aliado a um sistema de gestão moderno e transparente, o comprometimento da instituição com o desenvolvimento local atraiu associados, tornando o Sicoob líder no segmento de cooperativismo de crédito em Santa Catarina e no Brasil. 116 Se nas décadas anteriores o crescimento havia sido puxado pelas cooperativas de crédito rural, no início do novo século foram as urbanas que protagonizaram a expansão do sistema. Somente no ano 2000, cinco cooperativas de crédito foram criadas, quatro delas com sede em Florianópolis. Antes das iniciativas da capital, porém, foi em Blumenau que se estabeleceu a primeira cooperativa de crédi- to do Sicoob SC fundada no novo século. Criada em 23 de março de 2000, a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores Públicos do Vale do Itajaí (Sicoob Blucredi) tinha como principal objetivo oferecer crédito aos servidores públicos municipais e vinha sendo planejada por uma parte deles desde 1993. Mas só em 2000 foi possível estabelecê-la, com 55 sócios, que fizeram aporte de R$ 1 mil cada. Presidida por João Marcos Baron, a cooperativa teve como primeira sede uma sala na prefeitura, onde trabalhavam quatro funcionários. Assim como o planejamento, o período de estruturação não foi fácil. Havia dificuldades de recrutar pessoal e também de obter os recursos e a tecnologia necessários para operar no sistema financeiro. Mesmo assim, com menos de um mês de funcionamento, a cooperativa, em uma estratégia ousada, comprometeu-se com um Recepção da Central, em Florianópolis União para crescer: cooperativas do Sicoob SC ajudam a democratizar o crédito 117 Sicoob Blucredi Com sede em Blumenau, onde tem 11 PACs, a Blucredi conseguiu expandir seu atendimento para os servidores de qualquer esfera do poder público na região do Vale do Itajaí e também para empresas ligadas à administração pública. Assim, consolidou-se com mais de 21 mil associados, 210 funcionários e 23 PACs, distribuídos entre 10 municípios. A cooperativa é a maior do Sicoob SC em capital social, com aproximadamente R$ 16 milhões. Durante a enchente que atingiu o Vale do Itajaí em novembro de 2008, muitos funcionários foram atingidos e sete PACs foram danificados, com perda de computadores e caixas eletrônicos. Em solidariedade, o Sicoob Primeiras instalações da Blucredi, fundada em 2000 Central SC promoveu uma campanha de arrecadação de roupas e mantimentos para os atingidos. Além disso, liberou R$ 1 milhão em empréstimos subsidiados e mais uma linha de crédito para renegociações de associados grande desafio: administrar a movimentação financeira da Oktoberfest, a mais tradicional festa alemã do país. Para o trabalho, o pequeno grupo de colaboradores da Blucredi teve de ser expandido para mais de 170 funcionários terceirizados, que prestam serviço à cooperativa no período do evento. O sucesso na execução da tarefa rendeu credibilidade e notoriedade à cooperativa, que passou a administrar o caixa da Oktoberfest nos anos seguintes e o fará, segundo convênio com a prefeitura, no mínimo até 2012. Aos poucos, a Blucredi conseguiu mostrar que os funcionários públicos podiam ser um nicho promissor para o mercado de crédito. Antes da cooperativa, a categoria se sentia mal atendida pelo sistema financeiro tradicional, que cobrava taxas altas e estava em retração. O crédito consignado, tão divulgado pelo sistema financeiro nos anos seguintes, praticamente não existia. Com a criação da cooperativa, muitos servidores passaram a receber o salário pela Blucredi, o que ajudou a consolidá-la. Em Florianópolis, na mesma época, as cooperativas urbanas se organizavam, com a ajuda do Sicoob SC. No dia 16 de setembro de 2000 foi publicado no jornal “O Estado” o Edital de Convocação de Assembleia Geral 118 que enfrentavam aquela difícil situação. Sicoob Blucredi Sede: Blumenau Fundação: 24/03/2000 Início das atividades: 05/09/2000 Filiação ao Sicoob: 31/10/2000 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 22.015 Número de funcionários: 194 Agências: 23 Área de abrangência: Blumenau, Balneário Camboriú, Brusque, Camboriú, Gaspar, Guabiruba, Ilhota, Indaial, Jaraguá do Sul, Massaranduba, Pomerode, Rio dos Cedros, Timbó, Barra Velha, Guaramirim, Navegantes, Luiz Alves, Penha, Balneário Piçarras, São João do Itaperiú e Schroeder População da área de abrangência: 1.096.354 habitantes Atual presidente: João Marcos Baron DATA BASE: 30/06/2010 Egon Schramm, associado ao Sicoob Blucredi Como na época eu era reitor da Universidade Regional de Blumenal (Furb) – uma das principais incentivadoras da criação da Blucredi – participei, em conjunto com várias lideranças da universidade, da fundação da cooperativa. Já consegui alguns empréstimos através dela, mas Na foto acima, o presidente João Marcos Baron recebe associado. Nas outras imagens, atendimento no Sicoob Blucredi não acredito que esta deva ser a meta dos associados. Nem sempre se deve pensar em obter vantagens pessoais, mas sim em ajudar os outros sócios e incentivar o desenvolvimento do cooperativismo, que é essencial para a cidadania. 119 Sicoob Crediban Fundada há 10 anos, a Crediban foi uma resposta dos funcionários do sistema bancário tradicional aos juros e taxas praticados no próprio ambiente de trabalho. Depois de meses de dedicação dos fundadores para convencer colegas de profissão acerca dos benefícios do cooperativismo, a Crediban começou a operar e atualmente conta com cerca de 900 associados. A Crediban tem sede em Florianópolis e pretende aumentar o quadro de funcionários com a implantação de um PAC em Balneário Camboriú, para dar cobertura a toda a área de abrangência da cooperativa. Essa expansão, no entanto, segue a linha cautelosa adotada pela cooperativa em sua trajetória. Reflexo de sua preocupação com o bom andamento das operações, a Crediban criou em 2006 Agência da Crediban, em Florianópolis o Manual do Funcionário, com normas, direitos, deveres e responsabilidades de seus colaboradores, com base na CLT. A cooperativa, que começou a operar apenas com de Constituição da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Bancários da Grande Florianópolis e do Vale do Rio Camboriú (Crediban), que seria realizada no Florianópolis Palace Hotel 12 dias depois. Durante alguns meses, dirigentes e colaboradores trabalhavam até as 22 horas numa minúscula sala do prédio onde seria a sede, no centro da Capital. Era preciso elaborar o Estatuto Social da cooperativa de acordo com as normas do Banco Central. Autorizada a operar no final do ano, a Crediban, então presidida por Alfredo Teixeira Sobrinho, iniciou o atendimento em agosto de 2001. Mas não foi tarefa fácil convencer o público-alvo a se associar, tendo em vista que a maioria ainda trabalhava em bancos comerciais. Os sócios-fundadores da Crediban iniciaram, então, uma verdadeira doutrinação sobre cooperativismo de crédito, com explicações, coletivas e individuais, sobre os princípios dessa forma de associativismo. O intuito era mostrar à categoria que as cooperativas eram instrumentos de preservação da democracia nas relações de produção e consumo. No mesmo ano e contando com o apoio dos fundadores da Crediban, foi criada a Cooperativa de 120 empréstimo, hoje oferece dezenas de produtos e serviços a seus associados. Assim, comemora os resultados obtidos nos últimos anos. No exercício de 2008, as operações de crédito passaram de R$ 800 mil e o patrimônio líquido foi de cerca de R$ 680 mil. Já as sobras à disposição da assembleia foram de quase R$ 60 mil. Sicoob Crediban Sede: Florianópolis Fundação: 28/09/2000 Início das atividades: 07/02/2001 Filiação ao Sicoob: 23/01/2002 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 835 Número de funcionários: 13 Agências: 1 Área de abrangência: Florianópolis, Águas Mornas, Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Balneário Camboriú, Biguaçu, Bombinhas, Camboriú, Canelinha, Garopaba, Governador Celso Ramos, Itapema, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Palhoça, Paulo Lopes, Porto Belo, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São João Batista, São José, São Pedro de Alcântara e Tijucas População da área de abrangência: 1.201.796 habitantes Atual presidente: Romero de Carvalho Lima DATA BASE: 30/06/2010 Alvarito Antônio Basso, associado ao Sicoob Crediban Trabalho com eventos e a cooperativa me ajudou a crescer, pois para desempenhar minhas atividades preciso de apoio financeiro. Como somos autônomos, passamos por momentos de altos Na primeira foto (ao alto), o presidente Romero de Carvalho Lima (à esq.) conversa com associados. Nas demais, atendimento na sede do Sicoob Crediban e baixos e precisamos de alguém que nos dê ‘fôlego’. Na Crediban encontrei o suporte que precisava. Eles sempre confiaram em mim. E eu nunca os desapontei. 121 Crédito Mútuo dos Despachantes de Trânsito de Santa Catarina (Creditran). Liderada pela Associação dos Despachantes e Oficiais de Trânsito de Santa Catarina (Adotesc), a iniciativa reuniu 27 sócios-fundadores, que desejavam propiciar maior equilíbrio financeiro aos despachantes, quebrando uma espécie de monopólio de arrecadação dos tributos – 75% do montante já era recolhido pelos despachantes de trânsito. Além disso, livraria a categoria da dificuldade em quitar os débitos dos veículos dos clientes. A Assembleia Geral de fundação da Creditran foi realizada no dia 12 de outubro de 2000, em Blumenau, e elegeu José Norival Velho como primeiro presidente. O funcionamento da cooperativa foi aprovado pelo Banco Central no ano seguinte. Na inauguração da sede, em Florianópolis, foi selado o compromisso de estender o atendimento às principais cidades catarinenses. Desafio maior foi convencer a Secretaria de Estado da Fazenda de que a cooperativa tinha condições de prestar um serviço semelhante ao de bancos oficiais na cobrança de tributos. Enquanto os despachantes se organizavam em Florianópolis, outra categoria se mobilizava no Oeste do estado para criar a primeira cooperativa de crédito do setor de transporte de cargas do Brasil. O movimento começou em Concórdia, onde o transporte de cargas lidera a geração de empregos e representa a segunda atividade econômica local, atrás apenas da agroindústria. Historicamente, as empresas que atuavam no setor tinham muitas dificuldades de financiamento para ampliar ou renovar frotas. Além de buscar condições melhores de negociação, menos onerosas que as oferecidas pelo sistema financeiro, os empresários queriam que os recursos circulassem no próprio setor, alavancando a atividade. Apoiada pelo Sindicato de Empresas de Transporte de Cargas do Oeste e Meio Oeste Catarinense (Setcom) e pela Cooperativa de Transporte de Cargas do Estado de Santa Catarina (Coopercarga), nasceu a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários de Concórdia e Região (Transcredi). Já na primeira assembleia, os associados decidiram pela filiação ao Sicoob SC, a fim de contar com o suporte prestado 122 Sicoob Creditran Graças a um trabalho contínuo e inovador, que reuniu despachantes estaduais por meio de um software de arrecadação virtual de tributos, a Creditran possui apenas uma agência, em Florianópolis, mas que atua em todo o estado de Santa Catarina. Por isso, a cooperativa abrange 264 municípios, 678 escritórios de despachantes e 135 centros de formação de condutores. Em menos de 10 anos de funcionamento, já conta com mais de mil associados. A Creditran conseguiu convencer cooperados e órgãos públicos ao mostrar eficiência e comprometimento na cobrança de tributos e, dessa forma, chegou a resultados excelentes. Atualmente, os arrecadadores são remunerados com 30% do produto das tarifas e após o exercício fiscal de cada ano as sobras apuradas são distribuídas proporcionalmente aos cooperados. Em 2008, esse valor foi suficiente para colocar a Creditran como a melhor cooperativa do Sicoob SC em retorno financeiro aos cooperados. Reunindo cerca de 85% dos despachantes do estado, a Creditran tem expectativa de crescer muito mais, indo além da taxa de crescimento atual – em média 40% ao ano. Para isso, conta com uma estrutura diferenciada e pioneira, pois é a única cooperativa que funciona por meio de delegados e possui um sistema virtual em todo o estado. Sicoob Creditran Sede: Florianópolis Fundação: 12/10/2000 Início das atividades: 24/12/2001 Filiação ao Sicoob: 22/02/2005 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 1.115 Número de funcionários: 12 Agências: 1 Área de abrangência: Estadual Atual presidente: José Fernandes Neto DATA BASE: 30/06/2010 Edimilson José Pamplona, associado ao Sicoob Creditran O Sicoob representa um divisor de águas na vida do despachante. Antes de existir a Creditran a gente dependia das senhas, das filas e dos horários de bancos. Isso tudo nos causava um transtorno enorme. A partir da criação da cooperativa, passamos a não pagar mais extratos e talões de cheques e os juros cobrados são até 50% menores do que os praticados por bancos tradicionais. Hoje faço pagamentos de dentro do meu Atendimento na sede da Creditran: cooperativa tem associados em todo o estado escritório no horário em que eu quiser. Não tem hora para entrar nem sair da cooperativa, porque o banco é meu também. 123 Sicoob Transcredi Fundada em agosto de 2000, a Transcredi tem como objetivos oferecer assistência financeira aos associados, promover a educação cooperativista e prestar serviços inerentes à sua condição de instituição financeira. A cooperativa atua na região de Concórdia, no Oeste de Santa Catarina. Sede da Transcredi, inaugurada em 2000 na cidade de Concórdia Dentre os mais de 2,5 mil associados, 50% são pessoas jurídicas, um dos focos de expansão da Transcredi. O associado da cooperativa é muito participativo, utiliza-se dos produtos e serviços oferecidos, pela Central para a estruturação e manutenção da cooperativa. Também na Assembleia, os associados elegeram Pedro Rogério Garcia como primeiro presidente. Serviço público principalmente na área de crédito, o que ajuda no desenvolvimento de sua atividade. Com objetivo de se manter em um mercado cada vez mais competitivo, a Transcredi busca aumentar o número de associados, transformando a cooperativa segmentada na área de transportes em coope- Entre os nichos de atuação das cooperativas urbanas, o funcionalismo público foi ganhando cada vez mais espaço, chegando a instituições tradicionais como a Polícia Militar. Ideia antiga de um grupo de militares, o cooperativismo de crédito demorou anos para ganhar um voto de confiança da cúpula da PM. Até que um dia, o discurso de que a iniciativa seria uma solução para a categoria sensibilizou o Comandante Geral, que apoiou o movimento. Integrantes da Associação Beneficente dos Militares Estaduais (Abepom) organizaram todas as reuniões de planejamento – a Associação também bancou a contratação de uma assessoria para elaborar os planos de trabalho. No dia 19 de dezembro de 2000, o final de uma assembleia da Abepom deu início à assembleia de fundação da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Militares Estaduais de Santa Catarina (Credpom). Naquela data, 40 sóciosfundadores criaram a instituição que se faria presente em diversos quartéis da Polícia Militar em Santa Catarina, onde os pontos de atendimento são instalados. Em Itajaí, a fundação de uma cooperativa de crédito foi a solução encontrada por funcionários públicos para regularizar a situação do fundo de auxílio aos trabalhadores mantido pela Associação dos Servidores Públicos Municipais de Itajaí (ASPMI). O fundo já exis124 rativa de pequenos e médios empresários em 2007, o que tem contribuído muito para o seu crescimento e desenvolvimento. Sicoob Transcredi Sede: Concórdia Fundação: 18/08/2000 Início das atividades: 01/03/2001 Filiação ao Sicoob: 24/04/2001 Segmento: Micro e Pequenos Empresários Número de associados: 2.285 Número de funcionários: 21 Agências: 1 Área de abrangência: Concórdia, Seara, Arvoredo, Ipumirim, Lindóia do Sul, Xavantina, Peritiba, Itá, Arabutã, Piratuba , Ipira, Faxinal dos Guedes, Vargem Bonita, Alto Bela Vista, Ponte Serrada, Irani, Jaborá, Joaçaba, Xanxerê, Xaxim, Chapecó, Catanduvas, Capinzal, Ouro, Erval Velho, Herval do Oeste, Luzerna, Água Doce, Vargeão, Presidente Castelo Branco , Videira e Lacerdópolis no Estado de Santa Catarina, e Erechim, Marcelino Ramos, Severiano de Almeida, Mariano Moro, Aratiba, Três Arroios, Gaurama, Machadinho, Viadutos e Maximiliano de Almeida no Estado do Rio Grande do Sul População da área de abrangência: 695.161 habitantes Atual presidente: Ana Rauber Balsan DATA BASE: 30/06/2010 Marcelo Pereira da Silva, associado ao Sicoob Transcredi Fico feliz por ter sido um dos sócios-fundadores da Transcredi e perceber que a cooperativa cresceu muito nesses 10 anos. Fomos uma das primeiras cooperativas da área de transporte e hoje somos uma das mais fortes. Eu, como proprietário Na imagem ao lado, a presidente Ana Rauber Balsan (no centro) à frente da equipe. Nas demais, atendimento na sede da Creditran de duas empresas de transporte, posso dizer que a cooperativa auxilia muito, principalmente no capital de giro dos meus empreendimentos. Ela tem sido fundamental quando preciso de recursos para comprar um caminhão novo, por exemplo. Uma das minhas empresas só trabalha com a Transcredi, não usa produto de nenhuma outra instituição. 125 tia há sete anos, contando com 300 sócios e cerca de R$ 150 mil em caixa. No entanto, sua situação era irregular perante o Banco Central. Ao conhecer o trabalho do Sicoob SC e visitar outras cooperativas de crédito catarinenses, a direção da Associação decidiu criar a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores Públicos Municipais de Itajaí (Itacredi), que começou a funcionar em 2002, tendo Vilfredo Nagel como primeiro presidente. Sicoob Credpom Fundada em dezembro de 2000, a Credpom apresenta atualmente 2,7 mil militares estaduais em seu quadro de associados. Sua estrutura física é composta de nove pontos de atendimento, em sete municípios: São José, Jaraguá do Sul, Chapecó, Lages, Tubarão, Florianópolis e Joinville – onde há dois pontos de atendimento. Apesar de contar com diversas entidades representativas e sociais dos militares em seu quadro de sócios, a Crescimento planejado Suas agências são instaladas dentro de quartéis da Policia O início do século XXI trouxe mudanças pro- Militar e funcionam com horário de atendimento estendi- fundas e velozes nas áreas econômica, social, política do, para que o público em geral possa utilizar os serviços e tecnológica. A internet eliminou distâncias, dando à prestados pela cooperativa. globalização um caráter definitivo. Atento ao novo ce- As operações de crédito da cooperativa são realiza- nário mundial, o Sicoob Central SC se esforçou para que das pelo Sistema de Consignação do Governo do Estado cooperativas de crédito acompanhassem as mudanças e de Santa Catarina em parceria com a Secretaria de Estado aproveitassem as oportunidades trazidas por elas. Esse da Administração (SEA), o que resulta numa carteira de esforço resultou no Plano Estratégico 2002/2005, do- R$ 11,5 milhões. A perspectiva de crescimento da Cred- cumento que continha uma atualização abrangente dos planos e metas anuais do Sistema. Aperfeiçoando o modelo de planejamento adotado pela Central na década anterior, o Plano Estratégico 2002/2005 foi elaborado a partir da colaboração dos dirigentes das cooperativas do Sistema, que participaram ativamente de debates e seminários realizados ao longo de 2001. Coordenado pela presidência do Sicoob Central SC, esse trabalho trouxe à tona os principais desafios Sistema e a definição de estratégias para enfrentá-los. No conteúdo do Plano, que foi atualizado nos anos seguintes com a participação das singulares, destaque para as medidas ligadas à expansão e ao aperfeiçoamento do atendimento aos cooperados e clientes, ao desenvolvimento de produtos e serviços, ao aumento da rentabilidade das cooperativas, à capitalização do Sistema e ao fortalecimento do cooperativismo de crédito no estado. Perseguidas pelas cooperativas, essas metas contribuíram para aproximar o Sicoob SC de sua visão organizacional: ser reconhecido pela sociedade como a melhor opção financeira e de serviços em Santa Catarina. 126 Credpom não deixa de envolver a comunidade em geral. pom é bastante otimista. Seu público-alvo gira em torno de 20 mil militares estaduais, o que representa uma carteira de crédito em consignação de R$ 340 milhões. Além disso, a folha de pagamento de policiais e bombeiros militares ultrapassa os R$ 32 milhões. Sicoob Credpom Sede: Florianópolis Fundação: 19/12/2000 Início das atividades: 25/07/2001 Filiação ao Sicoob: 01/10/2003 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 2.575 Número de funcionários: 31 Coronel Antônio Crucio, associado ao Sicoob Credpom Sou associado da Credpom desde a fundação da Agências: 6 cooperativa. Lá, temos um Área de abrangência: Estadual atendimento personalizado Atual presidente: Elizabete de Fátima Vivian Borba e crédito a juros mais baixos. Com a ajuda da Credpom, já financiei um carro. Além disso, recebi o dinheiro que precisava para abrir a minha construtora, em março de 2008. A empresa tem uma conta na Credpom, o que ganante mais capital de giro para o negócio. A conta de pessoa física que tenho na cooperativa é conjunta com a minha esposa, mas pretendo abrir uma só para ela. Vejo muitas vantagens em ser associado. Além do atendimento personalizado e dos juros mais baixos, os associados têm direito aos lucros da cooperativa no final do ano. Somos todos donos da cooperativa e isso Agência do Sicoob Credpom em Florianópolis: atendimento aos policiais militares é muito interessante. 127 Sicoob Itacredi Os primeiros anos de operação não foram fáceis para a Itacredi. A cooperativa trabalhou com afinco para superar as dificuldades decorrentes do assalto sofrido durante a Marejada. Apesar do incidente, a Itacredi não deixou de participar da principal festa do município. Atualmente, a Itacredi conta com 1,2 mil associados e possui duas agências em Itajaí. No final de 2008, Desde que foi fundada, Itacredi participa da Marejada, principal festa do município de Itajaí o esforço da cooperativa começou a dar resultados, e as primeiras sobras foram apresentadas. Elas estão servindo para pagar dívidas decorrentes do assalto. Na época, os prejuízos não foram repassados aos sócios, pois Logo de início, a cooperativa enfrentou barreiras e incidentes que atravancaram seu desenvolvimento. No primeiro ano de atuação, a Itacredi sofreu um assalto que levou todo o dinheiro arrecadado no trabalho de caixa realizado na principal festa do município, a Marejada. O incidente quase resultou no fechamento das portas e as dificuldades causadas pelo assalto persistiram muito tempo depois. Convictos de que, apesar das dificuldades, poderiam se reerguer, os membros da cooperativa iniciaram um processo de reestruturação, que começou a dar bons frutos nos últimos anos. Com os mesmos anseios dos servidores públicos de Itajaí, advogados catarinenses se uniram para formar, em 2003, a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Advogados de Santa Catarina (OABcred). O projeto circulava há tempo na Caixa de Assistência dos Advogados de Santa Catarina (Caasc), mas faltava mobilização para tirá-lo do papel. O engajamento da categoria se intensificou somente após a autorização do Banco Central para o funcionamento da cooperativa. Cientes de que não podiam atuar de forma isolada, os sócios-fundadores optaram por filiar a cooperativa ao Sicoob Central SC e usaram o valor correspondente às cotas-partes de filiação (na época R$ 70 mil) como meta de arrecadação para captar associados. Com essa quantia em mente, representantes da cooperativa, liderados pelo presidente Marco Antônio Mendes Sbissa, percorreram escritórios e subseções judiciárias de Santa Ca128 a Central emprestou recursos para a cooperativa saldar compromissos. A Itacredi está passando também por um processo de estruturação para atender o maior número possível de membros da comunidade. Atualmente, apenas funcionários públicos municipais ou pessoas da comunidade ligadas economicamente à prefeitura podem se associar. Sicoob Itacredi Sede: Itajaí Fundação: 23/03/2002 Início das atividades: 01/08/2003 Filiação ao Sicoob: 25/05/2004 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 1.280 Número de funcionários: 16 Agências: 2 Área de abrangência: Itajaí População da área de abrangência: 172.081 habitantes Atual presidente: Sisóstris Luiz Rocha DATA BASE: 30/06/2010 Irene de Lourdes Vicente Furtado (à direita), associada do Sicoob Itacredi Lembro que na época da fundação as pessoas estavam um pouco receosas em depositar seu dinheiro numa instituição que ainda seria criada. Mas eu acreditei, pois, desde os tempos em que era professora, passava aos meus alunos as ideias e o conceito do cooperativismo. O atendimento é o Na foto acima, o presidente Sisóstris Luiz Rocha (à direita) atende associado. Nas demais, a sede da Itacredi em funcionamento grande diferencial da cooperativa. Se eu tenho uma dúvida, nunca levo ela para casa, falo com o gerente, com o presidente, com quem precisar. Eles estão sempre à disposição. 129 tarina para convencer os advogados a se associarem. A iniciativa deu tão certo que a OABcred tornou-se referência para a criação de outras cooperativas da categoria, tendo o modelo replicado no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte. Livre admissão: um novo marco Sicoob Oabcred Com sede em Florianópolis, a Oabcred possui quase de 3 mil associados e nove PACs em todo o estado. Videira e Concórdia foram os primeiros municípios a receber os pontos de atendimento e contam hoje com dois e três PACs, respectivamente. As outras agências estão localizadas nas cidades de Itajaí, Criciúma, Blumenau, Balneário Desde 1999, resoluções do Banco Central foram estabelecendo novos marcos regulatórios para a atuação de cooperativas centrais e singulares no Brasil. Uma delas, a Resolução 2.771, atribuiu às centrais o papel de supervisionar o funcionamento e realizar auditoria nas cooperativas singulares filiadas. A medida significava o reconhecimento da capacidade de organização e controle dos sistemas cooperativos, pois atribuiu às centrais a responsabilidade de capacitação dos recursos humanos das filiadas e, como apoio ao Banco Central, o poder de supervisão, abrangendo auditorias, controles internos e gestão de fundos garantidores de depósitos. Dessa forma, o Sicoob SC passou a exercer um controle ainda mais rigoroso junto a suas singulares, a fim de garantir a segurança e a credibilidade do sistema. Outro avanço importante viria em 2003, com a Resolução 3.106, que permitia a constituição de cooperativas de livre admissão de associados em localidades com menos de 100 mil habitantes ou a transformação de cooperativas existentes em cooperativas de livre admissão de associados em localidades com menos de 750 mil habitantes. Além disso, foi permitida a preservação do público-alvo de cooperativas de quadros sociais distintos, no caso de fusões ou incorporações. Devido à importância para o futuro do cooperativismo de crédito no Brasil, a Resolução 3.106 é considerada um novo marco legal para o ramo. As novas regras possibilitam o atendimento de populações até então sem acesso a serviços financeiros, tanto pela ausência de instituições bancárias nas localidades onde moram quanto por não fazerem parte do público-alvo dos bancos comerciais. Com o cooperativismo de crédito mais abrangente, essas pessoas passam a mobilizar e 130 Camboriú e Joinville. Criada para atender aos interesses dos advogados, que devido a particularidades da profissão nem sempre podem se adequar aos horários de funcionamento dos bancos comerciais tradicionais, a Oabcred pretende chegar nas 40 maiores cidades de Santa Catarina nos próximos anos. Além disso, por já ter inspirado advogados de outros estados, quer se constituir em referência para o segmento, de modo a criar um padrão de funcionamento da Oabcred em todo o país. Sicoob Oabcred Sede: Florianópolis Fundação: 13/07/2001 Início das atividades: 01/09/2004 Filiação ao Sicoob: 22/11/2005 Segmento: Crédito Urbano Número de associados: 2.872 Número de funcionários: 39 Agências: 8 Área de abrangência: Estadual Atual presidente: Marco Antônio Mendes Sbissa DATA BASE: 30/06/2010 Paulo Roberto Brincas, associado ao Sicoob Oabcred A Oabcred é muito importante. Sou cooperado desde a fundação e estou muito satisfeito com o trabalho oferecido pela cooperativa. Eu só vejo vantagens em ser associado: praticamente não existem taxas, os juros que se cobram por qualquer tipo de empréstimo é muito menor, a taxa de juros paga por dinheiro Ao lado, o presidente da OABCred, Marco Antônio Mendes Sbissa. Nas imagens acima, atendimento na sede da cooperativa, em Florianópolis aplicado é maior, a relação é muito mais pessoal – os funcionários sabem quem você é –, eu não me sinto tratado como número. Me sinto tratado como gente. 131 Sicoob Indacredi Primeira cooperativa de livre admissão do Sicoob SC, a Indacredi atua há pouco tempo, mas já coleciona resultados satisfatórios. Fundada em 2006, conseguiu reverter os prejuízos do primeiro ano de funcionamento e apresentou as primeiras sobras já em 2007. Além dos dois pontos de atendimento em funcionamento em Indaial, estão previstos no plano estratégico da cooperativa mais Associados do Sicoob SC aplicam recursos na comunidade local, estimulando pequenos empreendimentos três PACs, nos municípios de Ascurra, Rodeio e Apiúna. Dos 840 associados, 25% são pessoas jurídicas – um dos focos na expansão da clientela da Indacredi. Outra perspectiva é a fusão com cooperativas já estabelecidas, o que possibilitaria uma abrangência maior e diminuição de custos. Dentre os produtos e serviços oferecidos pela Indacredi estão cheque especial, cobranças, convênios com empresas e instituições de poder público, débito automático, seguro de automóvel, empréstimo pessoal, desconto de cheques e capital de giro. Indacredi, fundada em 2006, foi a primeira cooperativa de Santa Catarina criada para operar em regime de livre admissão Sicoob Indacredi Sede: Indaial Fundação: 07/02/2006 Início das atividades: 07/08/2006 aplicar recursos em seu próprio benefício, estimulando pequenos empreendimentos rurais e urbanos, que geram emprego e renda. Em Santa Catarina, a primeira cooperativa constituída como de livre admissão foi fundada em Indaial, no Vale do Itajaí. A iniciativa foi coordenada pela Associação Comercial e Industrial de Indaial (Acidi), que tinha a ideia de oferecer crédito para micro e pequenos empresários. A entidade buscou apoio da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), que promoveu o contato com o Sicoob SC. Iniciou-se então, em 2002, um longo processo para a fundação da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados de Indaial (Indacredi). A resolução do Banco Central que autorizava a livre admissão era recente e o caminho a ser trilhado pouco conhecido. As dificuldades no andamento do processo exigiram muitas visitas dos idealizadores à unidade do Banco Central 132 Filiação ao Sicoob: 26/06/2006 Segmento: Livre Admissão Número de associados: 1.343 Número de funcionários: 16 Agências: 3 Área de abrangência: Indaial, Ascurra, Apiúna e Rodeio População da área de abrangência: 80.073 habitantes Atual presidente: Wilson Jacob Schmitt DATA BASE: 30/06/2010 Jean Charles Bell, associado ao Sicoob Indacredi Não sou um dos fundadores, mas me associei logo no primeiro ano de funcionamento da cooperativa. Na Indacredi consigo as melhores taxas do mercado na obtenção de crédito, ao qual já recorri diversas vezes. Um dos empréstimos mais Na imagem ao lado, o presidente Wilson Jacob Schmitt (à dir.) atende associado. Nas demais, o cotidiano da Indacredi importantes que obtive na cooperativa foi para construir o galpão que abriga uma das minhas empresas. Também prefiro trabalhar com a Indacredi porque os recursos que circulam por ela permanecem na região. Nossos ancestrais ajudaram a erguer essa cidade e a fábrica da nossa família foi uma das primeiras da região, por isso prezamos muito pelo desenvolvimento local. 133 em Porto Alegre, e adequações ao projeto – como a que exigiu o aumento das cotas-partes de R$ 70 mil para R$ 300 mil. Em julho de 2006, presidida por Wilson Jacob Schmitt, a cooperativa pôde finalmente ser inaugurada, contando com 41 sócios-fundadores, que conseguiram somar a cota inicial de R$ 329 mil. Foi o primeiro passo rumo a uma nova configuração do cooperativismo de crédito em Santa Catarina. Expansão para o Rio Grande do Sul A necessidade do empresariado local de contar com uma instituição financeira que trabalhasse pelo interesse comum a todos foi o embrião para a criação da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Empresários do Vale do Paranhana, a primeira cooperativa filiada ao Sicoob SC fora do estado de Santa Catarina. Ecocredi: a primeira cooperativa do Rio Grande do Sul filiada ao Sicoob SC 134 A cooperativa surgiu a partir do Sindicato da Indústria de Calçados de Três Coroas (RS). Planejada desde 2001, a primeira agência da Ecocredi foi inaugurada no dia 12 de abril de 2010. Apesar de estar localizada em solo gaúcho, a Ecocredi não titubeou na hora de escolher o Sistema que melhor se adequava à demanda dos seus 250 associados iniciais e elegeu o Sicoob Central SC como seu representante. Como a cooperativa teve um processo de criação e implantação bastante participativo, incentivado pelo Sicoob SC, não foi difícil conquistar a confiança da população de Três Coroas e região. Para esclarecer o papel da Ecocredi, foram realizadas, antes da inauguração, algumas palestras sobre cooperativismo para os empresários associados ao sindicato, que logo se identificaram com os princípios cooperativistas. Era o início de um novo capítulo na história do Sicoob SC, que passava a atravessar fronteiras. Com a expansão acelerada do sistema, muitas ações do Sicoob SC precisaram ser adaptadas aos padrões de uma organização de grande porte. Do marketing aos sistemas de tecnologia da informação, vários projetos foram executados para agregar valor a cada cooperativa filiada e também à Central. A infraestrutura também ficou pequena. Em 2003, a Central mudou de endereço, passando a operar em dois andares do edifício Schweidson, no centro de Florianópolis, onde foram alocados cerca de 50 funcionários. Para garantir o cumprimento das novas normas estabelecidas pelo Banco Central, o Sicoob SC implantou, em 2003, o Departamento de Controles Internos (atual Departamento de Supervisão), responsável por orientar as cooperativas em relação aos normativos e à legislação vigente. Com uma equipe interna e outra externa, dedicada à auditoria das cooperativas, o Departamento contribui para ampliar a transparência do sistema, verificando os procedimentos de gestão e controle de riscos, entre outros aspectos. As atividades do Departamento de Controles Internos incluem a realização de auditorias de balanço em todas as cooperativas do Sicoob SC, a fim de apresentar a seus associados, em assembleia, pareceres sobre as de- Departamento de Tecnologia da Central: desenvolvimento de sistemas para agregar valor aos negócios Enfim, a independência tecnológica Em 2002, o Sicoob SC iniciou uma nova era na área cabem aos pioneiros. Após realizar os ajustes necessários, tecnológica, com a implantação de um novo sistema de detectados durante as primeiras operações da Credisulca informação: o SISBR. Desenvolvido pelo Bancoob, o SISBR no novo sistema, a Central coordenou a implantação gra- tornou-se o software gerenciador das operações das coo- dual do SISBR nas demais cooperativas do Sicoob SC. perativas de crédito. Assim, facilita o controle administrati- Além de propiciar a independência tecnológica do vo e financeiro das singulares, registrando as informações Sicoob em todo o Brasil, o SISBR representou um passo sobre captação, crédito e cobrança, além de padronizar importante para a integração efetiva das cooperativas, por históricos de lançamentos. meio do compartilhamento de dados. A ferramenta Inter- Por meio de seu Departamento de Tecnologia, a credis permite aos associados realizar diversas transações Central participou do processo de desenvolvimento do financeiras em qualquer agência interligada, bem como SISBR, levando as principais demandas das cooperativas na rede de autoatendimento, localizadas em diversos mu- catarinenses para as discussões promovidas pelo Ban- nicípios brasileiros. O Sistema propicia ainda a comodi- coob. Em junho de 2006, o Sicoob Credisulca, de Tur- dade oferecida pelo Home Banking – diversas operações, vo, tornou-se a primeira cooperativa de Santa Catarina a como consultas, pagamentos e transferências, podem ser migrar para o SISBR – e enfrentou todos os desafios que realizadas pela internet. 135 Central oferece suporte contábil às cooperativas filiadas Excelência no atendimento: grande diferencial do Sicoob SC monstrações contábeis de cada cooperativa. Assim como audita as cooperativas, o Sicoob Central SC é auditado pelo Banco Central, que avalia a eficiência dos controles internos adotados pela própria Central. Atualmente, as práticas de controle do Sicoob SC são consideradas adequadas pelo Banco Central. Em meio a tantas evoluções, uma característica genuína do cooperativismo de crédito catarinense foi preservada: o atendimento personalizado. Um dos maiores diferenciais competitivos das cooperativas de crédito, o atendimento prestado pelo Sicoob SC busca proporcionar ao associado da atualidade a mesma sensação de satisfação e acolhimento que caracterizou a relação dos cooperados com as primeiras singulares fundadas no estado. Na cooperativa, o associado deve se sentir em casa, com liberdade para tirar dúvidas e buscar soluções que atendam suas necessidades. Se essa solução não está nas mãos de um funcionário, o associado tem acesso direto e irrestrito ao presidente e aos conselheiros da cooperativa. Assim se constrói uma relação de parceria, que vai além do simples atendimento a uma demanda. A relação mais próxima não isenta o Sistema de prestar atendimento eficiente e ágil, que ofereça segurança e comodidade ao associado. Por isso, os procedimentos de capacitação dos colaboradores e dirigentes O apoio do Banco Central 136 Mais do que alterar o marco regulatório do coo- que trata do sistema financeiro tradicional, causando dis- perativismo de crédito, o Banco Central do Brasil (BC) torções de avaliação devido às diferenças das instituições mudou sua estrutura ao longo da última década, a fim cooperativas em relação às bancárias. de compreender, acompanhar e avalizar a segurança do Reestruturado, o Banco Central passou a acom- sistema de cooperativas de crédito do país. Em 2005, foi panhar de forma mais próxima o sistema cooperativo, criado o Departamento de Supervisão de Cooperativas e assegurando-se de sua confiabilidade. Elaboração de de Instituições Não Bancárias (Desuc) do Banco Central do normativos, divulgação de informações sobre os marcos Brasil, com a função de supervisionar a operação e apon- regulatórios e auditorias das centrais são algumas das tar alternativas para solução de eventuais problemas de li- atividades desenvolvidas pelo Desuc, que transformou o quidez que atinjam as cooperativas de crédito. Até então, Banco Central no maior avalista do cooperativismo de cré- esse segmento era fiscalizado pelo mesmo departamento dito no Brasil. ganharam reforço no ano 2000, com a criação da Escola de Dirigentes e Executivos do Sicoob SC (Edex). Sediada na Central, que construiu um espaço específico para treinamento, com auditório e equipamentos adequados, a Edex oferece cursos voltados à melhoria dos sistemas de gestão, operação e atendimento das cooperativas de crédito. No ano em que foi criada, a Edex promoveu 10 cursos, para 617 participantes. Quase uma década depois, em 2009, o número de cursos realizados no ano chegou a 47. No total, entre 2000 e 2009 foram oferecidos cerca de 240 cursos. Nesse período, a Escola recebeu R$ 3,3 milhões em investimentos por parte do Sicoob SC. Apesar da estrutura da Edex estar ancorada em Florianópolis, os cursos de capacitação também são levados a outras regiões, reunindo funcionários e dirigentes de cooperativas próximas. Para complementar esse processo, o Sicoob lançou, em 2009, um sistema de ensino a distância, o Educanet, que permite o acesso aos conteúdos de alguns cursos via internet. Além da capacitação profissional, o Sicoob SC realiza atividades focadas na integração dos funcionários do sistema. A cada dois anos, promove o Encontro dos Funcionários das Cooperativas de Crédito do Sicoob Santa Catarina (Encocred), evento realizado desde 2004 em Florianópolis com duração de um dia. Aos dirigentes das cooperativas, o Sicoob SC oferece diversas oportunidades de capacitação. Além de cursos, seminários e palestras, a Central tem se empenhado em promover missões internacionais a cada dois anos, levando os gestores a diversos países para conhecer experiências bem-sucedidas de cooperativismo. Alemanha, Inglaterra, Itália, Espanha, Canadá e Áustria são alguns dos destinos visitados para transferência de conhecimento. Aliado às missões internacionais, o Encontro dos Conselhos, realizado pela Central a cada dois anos, também colabora para a qualificação dos gestores. A quarta edição do evento, realizada em 2009, reuniu em Florianópolis 293 dirigentes, de todas as cooperativas filiadas. Edex, Encocred e Assembleia da Central: capacitação, integração e decisões compartilhadas 137 Presidentes e gerentes das singulares também têm recebido atenção especial. A cada três meses, a Central promove um encontro que reúne presidentes e gerentes de todas as cooperativas filiadas, para atualização e troca de experiências. As cooperativas filiadas contam com serviços oferecidos pela Central como a centralização da folha de pagamento e da contabilidade. Implantada em 2001, a folha de pagamento centralizada padroniza os procedimentos de contratação e relacionamento com os funcionários em todas as cooperativas singulares - que em setembro de 2010 empregavam cerca de 1,9 mil pessoas. Além de garantir a conformidade dos contratos de trabalho com a legislação vigente, a centralização exime as singulares da necessidade de manter departamentos e profissionais específicos para essa atividade. Com objetivos semelhantes, a contabilidade centralizada foi implantada em 2009. Na Central, um grupo de contadores acompanha balanços e realiza o fechamento das contas das cooperativas, o que inclui o cálculo de impostos e outros tributos. O serviço também abrange análise de risco das operações e a aplicação de recursos das singulares (investimentos). Na área jurídica, a Central oferece suporte a suas filiadas por meio de sua Assessoria Jurídica, que responde a dúvidas, analisa documentos e orienta dirigentes e funcionários das cooperativas. Além disso, a Assessoria representa o Sicoob SC nos Comitês Jurídicos do Sicoob Confederação, que tratam de questões de interesse do Sistema. Dirigentes das filiadas ao Sicoob SC na Europa, em missão promovida pela Central 138 Tecnologia, comunicação e marketing Além de oferecer suporte às cooperativas na aquisição e utilização de equipamentos e softwares, a Central desenvolve ferramentas computacionais que tornam mais eficiente o trabalho das singulares e garantem a qualidade do atendimento aos associados do Sistema. Oferece, ainda, cursos e treinamentos para os profissionais responsáveis pela área de tecnologia nas cooperativas. Em 2009, a Central deu início a um projeto voltado à segurança da informação, com o objetivo de identificar todos os ativos de informação, definir sua importância e planejar ações para protegê-los. O projeto resultou na elaboração da Política de Segurança da Informação do Sicoob SC. Assim como o avanço tecnológico, a consolidação da marca Sicoob tornou-se meta permanente da Central, que nos últimos anos consolidou seu projeto de Comunicação e Marketing. O objetivo é contribuir para que o Sistema seja conhecido e respeitado, por meio da divulgação do cooperativismo e de seus benefícios. Em 2009, foi realizada a primeira campanha publicitária para veiculação em todo o estado. Com o tema “Sicoob - o banco que você sempre quis não é banco”, a campanha foi veiculada em diferentes mídias e trouxe excelentes resultados. Em paralelo, a Assessoria de Imprensa da Central ampliou a produção de notícias sobre o Sistema, divulgadas no site e no boletim eletrônico do Sicoob SC e enviadas a diversos veículos de comunicação locais e nacionais. Primeira campanha publicitária do Sicoob SC veiculada em todo o estado 139 No ano de 2010, acompanhando um movimento da Confederação, o Sicoob SC trabalha na modernização de sua logomarca, a fim de reforçar seu compromisso com o progresso e os valores do cooperativismo. Foco no associado A modernização da marca sinaliza novos tempos 140 Embora cada cooperativa tenha autonomia para desenvolver e adotar produtos próprios, o sistema catarinense de cooperativas de crédito caminha para uma unicidade, incentivada pela Central. Em todas as regiões do estado, os associados do Sicoob SC dispõem dos mesmos serviços e produtos oferecidos pelo sistema financeiro tradicional. Entre os principais produtos estão linhas de crédito, como empréstimo pessoal, desconto antecipado de títulos e cheques e capital de giro, além do tradicional crédito rural, para o qual o Sicoob SC oferece sete linhas diferentes, para custeio e investimentos. Recursos do BNDES também chegam aos associados por meio de convênios firmados pela Central com entidades financeiras como Bancoob e BRDE. Entre 1999 e 2009 as operações de crédito do Sicoob SC totalizaram cerca de R$ 5 bilhões, beneficiando milhares de associados. Cheque especial, cartões de crédito e débito de diferentes bandeiras, títulos de capitalização e outras modalidades de aplicação também são oferecidos aos associados pelas cooperativas que integram o Sicoob. Em 2009, somou-se a essa gama de produtos a oferta de seguros – de vida, de benfeitorias, de automóveis, agrícola e prestamista. Isso foi possível devido à criação da Sicoob SC Corretora e Administradora de Seguros, uma sociedade anônima que tem a Central como principal acionista. Além dos produtos oferecidos pelo Sicoob SC, os associados também encontram nas cooperativas uma série de serviços, como o recebimento de contas de energia, água e telefone, faturas diversas e impostos municipais e federais. Desde 2009, com o ingresso de uma nova diretoria no Bancoob, o banco tem se tornado cada vez presente no dia a dia das cooperativas, oferecendo novos produtos aos associados do Sistema. O desenvolvimento desses produtos se dá principalmente a partir do plane- jamento estratégico do Sistema, realizado com a participação de todas as centrais, atendendo as necessidades das cooperativas singulares. O atendimento a todas as demandas dos associados, com tarifas mais baixas que as praticadas pelo sistema financeiro tradicional, transformaram o Sicoob no maior sistema de cooperativas de crédito do Brasil. Em Santa Catarina, o sistema chegou a setembro de 2010 com 284 agências, reunindo mais de 318 mil associados. Das 43 cooperativas que formam o Sicoob SC, 21 já operavam em regime de livre admissão. A possibilidade de associar qualquer cidadão ou pessoa jurídica que esteja em sua área de atuação traz às cooperativas oportunidades e desafios proporcionais. Ao mesmo tempo em que a livre associação amplia o potencial de expansão, exige que as cooperativas estejam preparadas para competir com o sistema financeiro tradicional, sem perder os valores do cooperativismo. Por isso a Central vem investindo na capacitação das singulares, a fim de prepará-las para enfrentar os desafios do crescimento. E assim, focado no desenvolvimento das regiões onde atua, servindo como instrumento para o fortalecimento da economia, a distribuição da renda e a democratização do crédito, o Sicoob SC segue sua trajetória a caminho da sustentabilidade. Cheque especial e cartões de diferentes bandeiras estão entre os produtos oferecidos aos associados do Sicoob SC Corretora e Administradora de Seguros do Sicoob SC: mais um serviço à disposição dos associados 141 Evolução em números 142 143 Reconhecimento Acho que esses 25 anos de Além do primeiro dos diferenciais cooperativismo de crédito auxiliaram característicos do movimento, de muito no desenvolvimento de Santa buscar o crescimento coletivo e não Catarina, principalmente para o o individual, as cooperativas de pequeno produtor e da pequena crédito propiciam a seus associados indústria. A facilidade de crédito e às comunidades onde atuam a é o principal fator. O Sicoob SC já possibilidade de acesso ao mercado possui boa fatia do mercado, uma financeiro. É marcante a presença do representação que cresce cada vez mais. cooperativismo de crédito na região A parceria formada entre a Central e Sul e, com destaque, o trabalho os municípios em que as cooperativas desenvolvido pelo Sicoob Central SC. atuam é muito importante. Hoje as Com suas 44 cooperativas filiadas, cooperativas estão se expandindo a Central tem desempenhado papel para o centro urbano, mas o foco no fundamental para o desenvolvimento produtor rural continua. da região e, em especial, do estado catarinense. Ao unificar o sistema, Luiz Vicente Suzin, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina (Fecoagro SC) O cooperativismo é um meio de aproximar, unir as pessoas nas mais ela o fortalece e contribui de forma decisiva para seu crescimento constante e sustentável. Márcio Lopes de Freitas, Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) variadas atividades, individualmente frágeis, economicamente falando, para no conjunto viabilizá-las pela via cooperativa. É assim que cerca Hoje as cooperativas de crédito de 2 milhões de catarinenses, protagonizam o momento de unidos em seus ideais cooperativos, crescimento mais expressivo da representam 12% do PIB de Santa história do cooperativismo no Catarina. O Sicoob SC faz parte de Brasil. E Santa Catarina é o melhor um universo amplo e estruturado. O exemplo de cooperativismo de cooperativismo de crédito em Santa crédito no país. O Sicoob SC dá Catarina cresceu 30,4% em 2008. Esse consistência e integração a todos os número confirma a importância da setores, humanizando e ampliando atividade do Sicoob SC nesses 25 anos a capilaridade do crédito. de história. Mário Lanznaster, presidente da Coopercentral Aurora 144 Odacir Zonta, deputado federal, líder da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) Atraindo a poupança e reservas O mercado conquistado pelo Sicoob em financeiras de pequenos agentes Santa Catarina comprova que nossas econômicos, a cooperativa reúne cooperativas são muito relevantes para importante capital financeiro captado a população local e estão cumprindo localmente. A cooperativa consegue o importante papel social que lhes oferecer operações de crédito para está reservado. E o crescimento do empreendedores locais a custos muito Sicoob SC, sob expressiva liderança inferiores aos do mercado. Com isso, da Central, veio sem que as raízes a cooperativa de crédito estimula, cooperativistas tivessem sido perdidas. orienta e oxigena a economia dos Reconhecemos a importância de municípios e das microrregiões. Santa Catarina no cenário nacional e Exemplo paradigmático desse círculo na definição dos destinos do Sicoob virtuoso é o Sicoob SC, que completa ao longo desses anos. Em função da 25 anos de atuação e soma mais de qualidade humana e técnica de seu 318 mil associados, contribuindo para grupo de dirigentes, vislumbramos a prosperidade de um dos estados um futuro promissor. Futuro este mais dinâmicos do Brasil, fundada no que esperamos ver replicado em trabalho, na cooperação e nas tradições todo Brasil. O sucesso local é, sem da honra e do labor. dúvida, um exemplo a ser seguido. Marcos Antônio Zordan, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) Presidente do Bancoob Marco Aurélio Almada, A Central do Sicoob em Santa Catarina, constituída em 1985, tem sido exemplo para todo o Sistema, servindo de modelo e inspiração para a constituição de outras centrais de crédito Sicoob no país, como é o caso do Sicoob Goiás Central, cooperativa na qual também sou presidente. Posso afirmar com convicção que o trabalho desenvolvido pelas cooperativas em Santa Catarina – e agora também no Rio Grande do Sul – é admirado e respeitado por todos os integrantes do Sistema, em todo o Brasil. José Salvino de Menezes, presidente do Sicoob Confederação 145 Abrangência do Sicoob SC Atuação em 68,26% do estado de SC Cooperativas Singulares: 43 Municípios com sede Municípios com ponto de atendimento (PAC) *Agências também nos municípios de Rio Negro, Salgado Filho e Flor da Serra do Sul, no Paraná, e Morrinhos do Sul, no Rio Grande do Sul *Também no Rio Grande do Sul, em Três Coroas, com a Ecocredi – primeira cooperativa gaúcha filiada ao Sicoob 146 DATA BASE: 30/06/2010 147 Bibliografia BAER, Warner. A economia brasileira. São Paulo, Nobel, 2009. BANCO CENTRAL DO BRASIL - História do cooperativismo de crédito no Brasil, disponível em http://www.ineparcred.com.br/cartilha_cooperativas_ credito.pdf. Acesso em 1º/10/2010. BULGARELLI, W. Tratado geral de crédito cooperativo. São Paulo: Instituto Superior de Pesquisas e Estudos Cooperativos, 1965. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Guia da indústria de Santa Catarina 2009. Florianópolis; Editora Empreendedor, 2009. FIESC 50 anos: uma história voltada para a industrialização catarinense. Florianópolis; Editora Expressão, 2000. GOULARTI FILHO, Alcides. Formação econômica de Santa Catarina. 2 ed. rev. Florianópolis; Editora da UFSC, 2007. PINHEIRO, Marcos Antonio Henriques. Cooperativas de crédito : história da evolução normativa no Brasil / 6 ed. – Brasília : BCB, 2008. SANTOS, Silvio Coelho dos (org.). Santa Catarina no século XX: ensaios e memória fotográfica. Florianópolis; Editora da UFSC-FCC Edições, 2000. SCHARDONG, A. Cooperativa de crédito: instrumento de organização econômica da sociedade. Porto Alegre: Rigel, 2002. PINHO, D. B.; PALHARES, V. M. A. (organizadores). O cooperativismo de crédito no Brasil: do século XX ao século XXI. Brasília: Confebrás, 2004. Iconografia Capítulo 1 6e7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Capítulo 2 20 e 21 22 24 25 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 39 40 40 41 42 43 Arquivo Sicoob Crediauc Acervo Aurora Arquivo Cooperio Arquivo Sicoob Crediauc Imagens do box: Jorge Somensi Arquivo Sicoob MaxiCrédito Imagens do box: Adriane Biasi Rech Arquivo Sicoob Credimoc Arquivo Sicoob Credicanoinhas Imagens do box: Mauricio Dranka Arquivo Sicoob Credicampos Imagens do box: Eloir Waldir Henz Renita Geller Imagens do box: Divulgação Sicoob Credirio Arquivo Cooperio Arquivo Sicoob Oestecredi Imagens do box: Divulgação Sicoob Oestecredi Arquivo Sicoob Credial Imagens do box: Divulgação Sicoob Credial Imagens do box: Divulgação Sicoob Credial Arquivo OCESC Arquivo Sicoob Central SC Capítulo 3 44 e 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 148 Arquivo Sicoob Creditapiranga Getty Images Divulgação Divulgação Arquivo Sicoob Creditapiranga Arquivo Sicoob Creditapiranga Arquivo Sicoob Creditapiranga Renita Geller Renita Geller Renita Geller Arquivo Sicoob Creditapiranga Arquivo Sicoob Creditapiranga Arquivo Sicoob Creditapiranga Arquivo Sicoob Creditapiranga Imagens do box: Marino Scheid Imagens do box :Marino Scheid Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio Arquivo OCESC Arquivo OCESC Arquivo Sicoob Credisulca Imagens do box: Sicoob Credisulca / Divulgação Arquivo Sicoob Creditaipu Arquivo Sicoob Creditaipu Imagens do box: Siooob Creditaipu/ Rejane Maria Berger Imagens do box: Sicoob Creditaipu/ Rejane Maria Berger Elaine Manini Arquivo Sicoob Credimoc Foto do box: Sicoob Credimoc/ Ivo Hugo Dohl 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 69 70 71 73 74 75 77 Imagens do box: Sicoob Credimoc/ Ivo Hugo Dohl Arquivo Sicoob Videira Imagens do box: Sicoob Videira/ Regis Heberle Arquivo Sicoob Credimoc Arquivo Sicoob São Miguel Arquivo Sicoob São Miguel Imagens do box: Sicoob São Miguel/ Marília Marostica Arquivo Sicoob Noroeste Imagem do box: Sicoob Noroeste/ Rudimar Narciso Cipriani Imagens do box: Sicoob Noroeste/ Rudimar Narciso Cipriani Arquivo Sicoob Alto Vale Imagens do box: Sicoob Alto Vale/ Divulgação Arquivo Sicoob Credinorte Imagens do box: Sicoob Credinorte/ Divulgação Arquivo Sicoob Credipérola Imagens do box: Sicoob Credipérola/ Kleber Pellim Marcos Bedin Arquivo Sicoob Central SC Arquivo Sicoob Central SC Imagens do box: Sicoob Credija/ Jabson Muller Imagens do box: Sicoob Credivale/ Divulgação Imagens do box: Sicoob Caçador/ Julio Cesar Casagrande e Renata Lapeano Imagens do box: Sicoob Caçador/ Julio Cesar Casagrande e Renata Lapeano Imagens do box: Sicoob Credtec/ Adriano Machado Capítulo 4 78 e 79 Divulgação Bancoob 80 Arquivo Sicoob Credicaru 81 Arquivo Sicoob Credicaru Arquivo Sicoob Credicaru 82 Imagem do box: Sicoob Credicaru/ Alessandra Alano 83 Imagens do box: Sicoob Credicaru/ Alessandra Alano 84 Arquivo Sicoob Credicanoas Arquivo Sicoob Credicanoas Imagem do box: Sicoob Credicanoas/ Eloir Henz 85 Imagens do box: Sicoob Credicanoas/ Eloir Henz 86 Sicoob Credicanoinhas/ Mauricio Dranka 87 Sicoob Videira/ Regis Heberle 88 e 89 Sicoob São Miguel/ Marília Marostica 89 Lucas Sampaio 90 Arquivo Sicoob Central SC 91 Arquivo Sicoob Central SC 92 Arquivo Sicoob Crediunião 93 Imagens do box: Sicoob Crediunião/ André Arcênio 94 Arquivo Crediaraucária Arquivo Crediaraucária 95 Imagens do box: Sicoob Crediaraucária/ André Arcênio 96 Arquivo Sicoob Crediserra Imagem do box: Sicoob Crediserra/ Divulgação 97 Imagens do box: Sicoob Crediserra/ Divulgação 98 Arquivo Credisserrana Arquivo Credisserrana 99 Imagens do box: Sicoob Credisserrana/ Antônio A. Vieira 100 Arquivo Sicoob Crediplanalto 100 Imagens do box: Sicoob Crediplanalto/ Divulgação 101 Imagens do box: Sicoob Crediplanalto/ Divulgação 102 Arquivo Sicoob Valcredi Arquivo Sicoob Valcredi 103 Imagens do box: Sicoob Valcredi/ Divulgação 104 Arquivo Sicoob Trentocredi 105 Imagens do box: Sicoob Trentocredi/ Carlos Pedrotti 106 Imagem do box: Sicoob Credicor/ Daniel Zimmermann 107 Imagens do box: Sicoob Credicor/ Daniel Zimmermann 108 Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto Palasthy e Eraldo Hofelmann 108 Imagem do box: Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto Palasthy e Eraldo Hofelmann 109 Imagens do box: Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto Palasthy e Eraldo Hofelmann 110 Sicoob Credisc/ Manoel Bento 111 Imagens do box: Sicoob Crediodonto/ Daniel Zimmermann 112 Sicoob Credisc/ Manoel Bento 113 Imagens do box: Sicoob Credisc/ Manoel Bento 113 Imagens do box: Sicoob Credisc/ Manoel Bento Capítulo 5 114 e 115 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio 116 Sicoob Coopercred/ Carlos Augusto Palasthy e Eraldo Hofelmann 117 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio 118 Arquivo Sicoob Blucredi Imagem do box: Sicoob Blucredi/ Daniel Zimmermann 119 Imagens do box: Sicoob Blucredi/ Daniel Zimmermann 120 Sicoob Crediban/ Rafael Assis 121 Imagens do box: Sicoob Crediban/ Rafael Assis 123 Imagens do box: Sicoob Creditran/ Moacir Custódio de Andrade 124 Arquivo Sicoob Transcredi 125 Imagens do box: Ascom Transcredi 126 Imagem do box: Sicoob Credpom/ Dilvugação 127 Imagens do box: Sicoob Credpom/ Divulgação 128 Arquivo Sicoob Itacredi 129 Imagens do box: Sicoob Itacredi/ Daniel Zimmermann 130 Imagem do box: Sicoob OABcred/ Divulgação 131 Imagens do box: Sicoob OABcred/ Divulgação 132 Sicoob Itacredi/ Daniel Zimmermann Sicoob Indacredi/ Daniel Zimmermann Imagem do box: Sicoob Indacredi/ Daniel Zimmermann 133 Imagens do box: Sicoob Indacredi/ Daniel Zimmermann 134 Sicoob Ecocredi/ Divulgação Sicoob Ecocredi/ Divulgação 135 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio 136 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio Sicoob Credicanoinhas/ Mauricio Dranka 137 Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio 138 Arquivo Sicoob Central SC 140 Arquivo Sicoob Central SC Arquivo Sicoob Central SC 141 Sicoob Blucredi/ Daniel Zimmermann Sicoob Noroeste/ Divulgação Sicoob Central SC/ Lucas Sampaio 149 Comissão Editorial Rui Schneider da Silva Francisco Greselle José Adalberto Michels Pedrinho Vianei Vignatti Luiz Carlos Pizzolo da Silva Elaine Aparecida Manini Celso Vicenzi Fontes consultadas O conteúdo desta publicação tem como base as informações obtidas em entrevistas concedidas por cerca de 160 pessoas, entre associados, fundadores, dirigentes e funcionários tanto do Sicoob Central SC quanto das suas 43 cooperativas de crédito filiadas. Além disso, foram realizadas pesquisas em arquivos da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), bem como em documentos oficiais da Central e das singulares, tais como atas e estatutos. Os dados apresentados nos textos referentes às cooperativas têm como data base o dia 30 de junho de 2010. Uma versão do texto foi disponibilizada para consulta pública a todas as cooperativas filiadas ao Sicoob Central SC e suas sugestões, após avaliação da Comissão Editorial, foram incorporadas à publicação. O texto final foi aprovado pela Comissão Editorial. 150 Expediente Produção Relata Editorial Coordenação e edição Débora Horn Reportagem e textos Andréia Seganfredo Bruna de Paula Camila Augusto Cora Dias Débora Horn João Werner Grando Pesquisa Bruno Moreschi Assistente editorial Vanessa Colla Revisão Sérgio Ribeiro Direção de arte Luiz Acácio de Souza Edição de arte João Henrique Moço Supervisão Departamento de Comunicação e Marketing do Sicoob Central SC Luiz Carlos Pizzolo, Elaine Manini, Celso Vicenzi e Thayse Menezes 151 SICOOB SC 25 anos Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento Fundado em 8 de novembro de 1985, o Sicoob Central SC ajudou a consolidar o cooperativismo de crédito em Santa Catarina. Idealizadas como uma alternativa financeira para produtores rurais, as cooperativas de crédito chegaram rapidamente à área urbana, estendendo seus benefícios a todos os que optaram por cooperar para viver melhor. Unidas em um Sistema coordenado pelo Sicoob Central SC, essas cooperativas contribuem de forma decisiva para o desenvolvimento sustentável das regiões onde atuam. SICOOB SANTA CATARINA Cooperação, Solidariedade e Desenvolvimento