Pesquisa mostra que 52% dos pais admitem ceder às chantagens dos
filhos quando assunto é consumo
Estudo também mostra que os próprios pais não dão bons exemplos aos filhos:
76% já ficaram inadimplentes e 53%
costumam comprar produtos que não precisam
"Todo mundo tem e só eu que não vou ter"... "Se você me der, eu prometo que faço isso"... "Meus
amigos vão rir de mim se eu for o único que não tiver"... É difícil encontrar pais ou mães que não
tenham cedido a pressões dos filhos como as listadas acima. E foi justamente o que constatou
uma pesquisa do Portal Meu Bolso Feliz em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil): 52% das pessoas ouvidas afirmaram já ter comprado produtos para os filhos, mesmo
sabendo que essa atitude iria comprometer o orçamento da própria família.
As principais birras
Os pais também foram questionados a respeito dos argumentos mais desafiadores ao lidar com
a pressão dos filhos. Para 22% dos entrevistados, o mais difícil são as negociações do estilo "se
você me der isso, eu prometo fazer aquilo".
Em segundo lugar vem a chantagem emocional, argumento mencionado por 16% da amostra.
Nesse caso, os pais acabam cedendo para não se sentirem culpados, ou para não "ficar com dó"
das crianças.
Para a psicóloga Maria Tereza Maldonado a criança, como qualquer ser humano, é dotada de
desejos e ânsias e, desde muito cedo, aprende formas e mecanismos para satisfazer suas
vontades. "Um bebê, por mais novinho que seja, já consegue entender que tem o poder de
chamar a atenção dos pais e de todos em sua volta, quando começa a chorar, por exemplo.
Sendo assim, a criança aprende no convívio com os pais quais são os argumentos e até as
chantagens mais eficientes que vão fazer com o que o seu desejo seja realizado", explica a
psicóloga. Além disso, na avaliação da especialista, o atual bombardeio publicitário ao qual as
crianças estão expostas colaboram para despertar novos desejos e ânsias pelo consumo.
O sentimento de culpa
Na avaliação dos especialistas ouvidos pelo Portal Meu Bolso Feliz, o consumo como moeda de
troca está solidificado, na maioria dos casos, em um sentimento de culpa dos pais. "A satisfação
do desejo sentido pelos filhos pode representar, na verdade, uma compra de paz de espírito para
os próprios pais. Comprando tudo aquilo que o filho pede, os pais tentam se livrar do peso
causado pelas longas ausências em função do trabalho e da rotina corrida do dia a dia", explica a
psicóloga Tânia Zagury.
É tanto que, quando os pais foram perguntados sobre os produtos mais comprados para os
filhos nos últimos três meses, os itens de eletrônicos (jogos, celulares e notebooks) aparecem em
primeiríssimo lugar, seguidos das roupas, dos programas de passeio, dos calçados e dos
brinquedos.
"Não me espanta o fato de que jogos, celulares e notebooks sejam os itens mais comprados pelos
pais, porque são exatamente estes itens que deixam as crianças entretidas por mais tempo,
inocentando os pais pela ausência de afeto e dedicação às crianças", explica Maria Teresa.
O não positivo
O poeta Fernando Pessoa escreveu certa vez em seus versos: "Vida vivida é vida sofrida". E
realmente é fato: não existe como vivenciar uma experiência na Terra, sem passar por
dificuldades e frustrações. Os especialistas do Meu Bolso Feliz são unânimes em afirmar que
experiências de frustração na infância são imprescindíveis para que a criança desde cedo
aprenda a lidar com situações difíceis e de desconforto.
"Aí entra o não positivo, que é simplesmente a maneira que os pais negam o pedido da criança -nas situações em que realizá-lo não é possível --, explicando o motivo por que aquele desejo está
sendo negado", orienta Maria Teresa.
Para a psicóloga, o segundo passo é identificar a raiz do desejo da criança, ou seja, por que ela
quer tanto determinado produto naquele momento e a todo custo. "Os pais vão perceber que,
muitas vezes, o problema que a criança está enfrentando não tem nada a ver com o mundo
material e aí podem até identificar um problema de auto-estima e de insegurança do filho. Por
isso a importância de praticar o não positivo", revela a especialista.
Ela acrescenta ainda que dinheiro e gastos excessivos não curam esse tipo de insegurança do
filho. "Muito pelo contrário. Ao darem este exemplo, os pais estão incentivando um tipo de ciclo
vicioso, que na maioria das vezes resulta em descontrole financeiro e não resolve o problema da
criança", explica.
Mau exemplo para os filhos
A pesquisa do SPC mostra que os pais não estão, no geral, dando bom exemplo aos filhos. Entre
os entrevistados que têm filhos, 76% já ficaram inadimplentes, e 53% compraram alguma coisa
sem precisar nos últimos três meses. Além disso, 74% não reservam uma parte dos ganhos
mensais para poupança e 37% está pagando atualmente cinco ou mais parcelas ao mesmo
tempo, entre compras parceladas no cartão de crédito, crediário, cheque pré-datado e
empréstimos.
Na avaliação de Tânia Zagury, pais que têm dificuldades de lidar com dinheiro dificilmente terão
um pensamento crítico em relação a gastos excessivos dos filhos e conseguirão dar um bom
exemplo. "Não me surpreendo com o fato apontado pela pesquisa de que a maioria dos pais
avalie que seus filhos têm bom comportamento financeiro", disse Tânia.
Com mais da metade dos pais admitindo ceder à pressão dos filhos, a psicóloga concluir que a
tarefa de formar consumidores mais conscientes não é nada simples. Os pais não têm educação
financeira, compram por impulso e sequer percebem que os filhos seguem o mesmo caminho",
indaga.
De maneira geral, os especialistas do Meu Bolso Feliz recomendam que os pais conversem direta
e abertamente com as crianças sobre a atual situação financeira da família, seja ela positiva ou
não. "O pai que esconde a realidade financeira e satisfaz todas as vontades dos filhos, cria filhos
sem limites e que vão ter profundas decepções ao longo da vida para lidar com perdas e
frustrações. Já aqueles que falam abertamente e dão bons exemplos, conseguem criar adultos
que, além de preparados financeiramente, conseguem superar e até driblar as dificuldades
impostas pela vida", concluir Maria Teresa.
Metodologia
Os pesquisadores ouviram 694 pessoas com mais de 18 anos, alfabetizadas, de todas as classes
econômicas, nas 27 capitais brasileiras. A margem de erro é de 3,8 pontos percentuais, para um
intervalo de confiança a 95%.
Informações à imprensa:
Guilherme de Almeida
(61) 3213-2030 | (61) 8350 3942
[email protected]
Vinícius Bruno
(11) 3251-2035 | (11) 9-7142-0742 | (11) 9-4161-6181
[email protected]
Download

Pesquisa mostra que 52% dos pais admitem