Fundamentos Matemáticos Conjuntos, Contagem, Funções Cláudio Tadeu Cristino1 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Brasil Primeiro Semestre, 2013 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 1 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Conjuntos Noção (Intuição) Um conjunto é uma reunião não ordenada de objetos. Denotaremos um conjunto por letras de nosso alfabeto maiúsculas: A, B, . . ., e às vezes por letras Gregas ( ), também maiúsculas. O principal conjunto neste curso será denotado por Ω (=omega maiúsculo). Definição (Elementos) Os objetos de um conjunto são chamados elementos, ou membros desse conjunto. O conjunto é dito conter (ou não) os elementos, enquanto os elementos são ditos pertencerem (ou não) aos conjuntos. Geralmente, denotamos elementos de um conjunto por letras minúsculas e escrevemos a ∈ A, ou A ∋ a, para denotar que o elemento a pertence ao conjunto A, e b ∈ / A, ou A ∋ / b, para dizer que b não pertence ao conjunto A. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 2 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Definição (Subconjuntos) Um subconjunto B de um conjunto A é um conjunto, tal que todo elemento de B também pertencem a A. Escrevemos B ⊂ A, ou A ⊃ B para denotar que B é um subconjunto de A. Também dizemos: “B está contido em A”. Se denotamos por A o conjunto cujos elementos estão representados na figura ao lado, temos que B = {mesa, f (x), pearsing} é um subconjunto de A, ou seja, B ⊂ A. Também podemos escrever, x ∈ A, ou A ∋ cânula. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 3 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Exemplos e padrões Dentre os mais importantes conjuntos a serem considerados nesse curso estão os conjuntos numéricos, ou seja, conjuntos cujos elementos são números. Vamos apresentá-los: O conjunto dos números naturais, N = {1, 2, 3, . . .} . O conjunto dos números inteiros, Z = {. . . , −3, −2, −1, 0, 1, 2, . . .}. O conjunto dos números racionais p Q= : p, q ∈ Z, p 6= 0 . q O conjunto dos números reais, R que são todo os números da reta contı́nua. É fácil ver que N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 4 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Mais exemplos e notações Temos ainda: Z+ = {0, 1, 2, . . .}, conjunto do números inteiros não negativos. ∅ = { }, conjunto vazio, que é o conjunto sem nenhum elemento. Note que ∅ é subconjunto de qualquer conjunto (mesmo os não numéricos). O = {n ∈ Z : n é divisı́vel por 2}, ou seja o subconjunto de Z dos números pares. Denomina-se conjunto unitário ou singleton ao conjunto com um único elemento, p.ex., {2}. Conjuntos que tenham elementos repetidos não serão considerados, p.ex., {1, 1, 1, 2, 4, 7, 7} = {1, 2, 4, 7}. Denominaremos por conjunto universo ao (macro)conjunto que contem todos os outros conjuntos considerados C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 5 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Com visto acima, podemos representar graficamente um conjunto através de um diagrama que nada mais é que um “cerdado” delimitando os elementos de um conjunto. Este desenho nos ajuda a visualizar várias propriedades e relações entre conjuntos. Este desenho é chamado diagrama de Venn de um conjunto. Na figura ao lado, temos que: B ⊂ A, ω ∈ A, ω∈ / B. Ω é o conjunto universo. ... C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 6 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Propriedades de Conjuntos Definição (Cardinalidade de um conjunto) Se o número de elementos de um conjunto é finito, tal quantidade é chamada a cardinalidade do conjunto e é uma importante caracterı́stica. Denotamos a cardinalidade de A por: |A|, ou #A, ou N (A). Quanto o número de elementos de um conjunto é infinito, dizemos que o conjunto é infinito. Por exemplo, |∅| = 0; |{ω}| = 1 (singleton); |{n ∈ Z+ : n ≤ 10}| = 11; |N| = ∞. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 7 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Conjuntos de conjuntos Definição Seja A um conjunto. Denominamos o conjunto de todos os subconjunto de A por power set de A. Exemplo Seja A = {1, 2, 3}. O power set de A, neste caso, é: A = {∅, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}}. Esquematicamente, C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 8 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Podemos definir algumas operações sobre conjuntos. As principais delas são: União: A ∪ B = {ω : ω ∈ A OU ω ∈ B}; Interseção: A ∩ B = {ω : ω ∈ A E ω ∈ B}; Diferença: A − B = {ω : ω ∈ A e NÃO ω ∈ B}. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 9 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Seja Ω um conjunto universo fixo. Seja A um conjunto contido em Ω. Definição O complementar de A (em Ω) é o conjunto formado por todo elemento de Ω que não está em A, ou seja, Ac = {e ∈ Ω : e ∈ / A} = Ω − A. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 10 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Algumas definições e resultados Proposição Se A ⊂ B e |B| é finita, então |A| ≤ |B| Definição Conjuntos que têm interseção vazia são ditos disjuntos. Proposição Sejam A e B dois conjuntos quaisquer. Então |A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|. Observação Obviamente, |A| + |Ac | = |Ω|, pois A ∩ Ac = ∅ e A ∪ Ac = Ω. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 11 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Identidades de Conjuntos A∪∅=A e A∩Ω=A A∩∅=∅ e A∪Ω=Ω A∩A =A e A∪A=A (Ac )c = A A∪B =B∪A e A∩B =B∩A A ∪ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ C e A ∩ (B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C) e A ∩ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C) (A ∪ B)c = Ac ∪ B c e (A ∩ B)c = Ac ∩ B c A ∪ (A ∩ B) = A e A ∩ (A ∪ B) = A C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos leis de identidade leis de dominação leis idempotente lei da complementação leis de comutatividade leis de associatividade leis de distributividade leis de De Morgan leis de absorção 2013 12 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. Produto Cartesiano Definição Sejam A e B dois conjuntos. Denomina-se produto cartesiano entre A e B ao conjunto formado pelos pares ordenados (a, b) tais que a ∈ A e b ∈ B. Em notação matemática: A × B = {(a, b) : a ∈ A e b ∈ B}. Veremos que os produtos cartesianos são importantes representações de caracterı́sticas mútuas de um indivı́duo, p.ex., (altura, peso) do animal k; (quantidade de nutrientes, quantidade de fibras) na ração j. Obviamente, podemos estender a noção de produto cartesiano de dois conjuntos para o n-produto cartesiano, entre n conjuntos: A1 × A2 × · · · × An = {(a1 , a2 , . . . , an ) : aj ∈ Aj , j = 1, . . . , n}. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 13 / 59 Conjuntos. Subconjuntos. Cardinalidade. O Plano Cartesiano Um importante produto cartesiano é obtido fazendo R × R. Este conjunto também denotado por R2 é chamado plano cartesiano e representará um “ambiente” para as considerações “geométricas” que serão feitas. Figura: O plano cartesiano, R2 . C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 14 / 59 Princı́pios de Contagem Princı́pios de Contagem Seja A um conjunto com n elementos e B um conjunto com m elementos. Quantos elementos tem A × B? Proposição Se |A| = n e |B| = m e os elementos de A puderem ser tomados independentemente dos elementos de B, então |A × B| = n · m. Exemplo C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 15 / 59 Princı́pios de Contagem Estendendo o Princı́pio da Contagem Obviamente, Proposição Sejam A1 , . . . , Ak conjuntos com |Aj | = nj , j = 1, 2, . . . , k tais que os elementos de Aj podem ser escolhidos de maneira independente de todos os outros conjuntos. Então, |A1 × A2 × · · · × Ak | = n1 · n2 · · · · · nk . Observação A caracterı́stica de independência solicitada nos duas últimas proposições serão melhor investigadas durante esse curso. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 16 / 59 Princı́pios de Contagem Relações entre Conjuntos Dentre as relações que podemos definir entre dois conjuntos, estão as funções. Uma função é uma relação ou lei que associa dois conjuntos. Formalmente, Definição Uma função entre dois conjuntos A e B é um par ordenado (a, b) tal que a ∈ A, b ∈ B e não existe outro par com a primeira entrada igual a a. Dizemos que A é o domı́nio da função e B o contradomı́nio. Se denotarmos por f para a função escrevemos em geral b = f (a). O conjunto de todos os b’s tais que existam a’s e f (a) = b é denominado imagem de f . Esquematicamente, f: C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) A a −→ 7−→ B b = f (a) Fundamentos 2013 17 / 59 Princı́pios de Contagem Exemplos Exemplo Seja G =‘conjunto de gatos’, e defina a função ϕ(gatoi ) = mãe do gatoi . É fácil verificar que esta relação é uma função entre o conjunto G e ele mesmo, ou seja, ϕ : G → G. Exemplo Seja A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e f (a) = 16 para a ∈ A, ou seja, f atribui a qualquer elemento de A o valor constante 16 , C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 18 / 59 Princı́pios de Contagem Os exemplos mais comuns e usuais de funções são aqueles para os quais os conjuntos domı́nio e imagem são numéricos: Exemplo f : R → R, f (x) = x (função identidade). g : R → R, g(x) = 2x − 1 (função de 1o grau ou linear). h : R → R, 0, se x < −1; x+1 h(x) = , se − 1 ≤ x ≤ 1; 2 1, se x > 1. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 19 / 59 Princı́pios de Contagem Gráficos de funções Para representarmos uma função que toma valores numéricos em valores numéricos é comum utilizar-se de gráficos. Formalmente, um gráfico é uma representação dos pares ordenado definidos por uma função como pontos de R2 , chamado plano cartesiano (veja figura a seguir). Figura: O gráfico de uma função, G(f ) = {(x, y) ∈ R2 : y = f (x)}. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 20 / 59 Princı́pios de Contagem Exemplo O número de animais atendidos no Hospital Veterinário Universitário no mês passado foi registrado na Tabela 1 abaixo. Tabela: Número de atendimentos no Hospital Veterinário Universitário no mês passado (fictı́cio). Dia No atend. Dia No atend. Dia No atend. 1 25 11 20 21 14 2 15 12 28 22 10 3 10 13 29 23 14 4 13 14 21 24 24 5 22 15 12 25 29 6 29 16 10 26 26 7 27 17 17 27 17 8 18 18 26 28 10 9 10 19 29 29 12 10 11 20 24 30 21 Note que a interpretação dos dados fornecidos é difı́cil, mas se organizarmos esses dados em um gráfico, talvez tenhamos maior eficiência na análise. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 21 / 59 Princı́pios de Contagem Figura: Gráfico do número de atendimentos no HVU. Note que há uma “sazonalidade” no maior ou menor número de atendimentos. Por exemplo, se o dia 1 foi um domingo, vemos que o maior atendimento se dá no final de semana. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 22 / 59 A Reta A reta Um reta no plano é um conjunto de pontos que satisfazem a uma propriedade fundamental: sua taxa de crescimento (ou decrescimento) se mantém constante para todos os pontos. Esta taxa pode ser interpretada como a inclinação que a reta tem relativamente ao eixo horizontal. Na Figura ao lado, a curva vermelha cresce com a mesma taxa, ou seja, quando x cresce, y cresce numa mesma taxa. Já para a reta verde, quando x cresce, y decresce numa taxa constante. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 23 / 59 A Reta Exemplo Uma das práticas do médico veterinário é a medicação de animais que têm os mais diferentes portes. Suponha que um medicamento seja ministrado a um animal cuja dose é proporcional ao peso desse animal. Por exemplo, são ministrados 2 mg de medicamento para cada quilograma de peso do animal. Veja a tabela abaixo, Peso animal (kg) Dose Med. (mg) 1 2 2 4 3 6 5 10 10 20 15 30 Assim, podemos escrever mais genericamente: d =2·p d = dose medicamento (mg); p = peso do animal (kg). Note que quando p = 0, d = 0 (óbvio!). Observe também que podemos dizer: quando o peso do animal aumenta de 1 kg, a dose do animal aumenta de 2 mg. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 24 / 59 A Reta Determinando a equação de uma reta Várias relações entre duas variáveis se dá de maneira proporcional, ou linear. Neste caso, a função que relaciona as duas variáveis é a equação de uma reta. Para se determinar tal equação podemos considerar 2 casos: 1 Quando é dada um ponto de partida da função e a taxa de crescimento (decrescimento) da função (último exemplo, temos que quando p = 0, d = 0, esse é o ponto de partida, e a taxa de 2 mg/kg, foi dada). 2 Quando são dados dois pontos por onde a reta deve “passar”(exemplo a seguir). Antes de passarmos a um exemplo concreto para o segundo caso, vamos formalizar como proceder nesta situação. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 25 / 59 A Reta Retas passando por dois pontos Dados dois pontos conhecidos (x0 , y0 ) e (x1 , y1 ) e um ponto genérico (x, y), e como a taxa de crescimento da reta deve se manter constante, temos que: y − y0 y1 − y0 = . x − x0 x1 − x0 (3.1) Isso implica que: y1 − y0 y= (x − x0 ) + y0 x1 − x0 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 26 / 59 A Reta Retas passando por dois pontos - Cont. A última equação da pagina anterior pode ser escrita como y = αx + β, y1 − y0 y1 − y0 em que α = e β = y0 − x0 . O número α é chamado x1 − x0 x1 − x0 coeficiente angular da reta e β o intercepto vertical (o ponto onde a reta “corta” o eixo vertical, ou seja, para x = 0, y = β). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 27 / 59 A Reta Exemplo Segundo Costa et al.1 a análise da quantidade de proteı́na bruta na forragem estudada segue uma relação linear que (por simplicidade) foi dada pelos seguintes dados: Idade da Planta (x) Proteı́na Bruta (y) x0 = 1 y0 = 15, 2366 x1 = 50 y1 = 6, 7155 Qual é a equação que relaciona as duas variáveis? 1 COSTA, N.L. et al. Produtividade e composição quı́mica da forragem de Paspalum secans (Hitchc. & Chase) em diferentes idades de corte. PUBVET, Londrina: 4(34), 2010. Disponı́vel em http://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/879749/1/PubVetCosta939.pdf C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 28 / 59 A Reta Exemplo - Cont. Para escrevermos a relação na forma padrão y = αx + β usaremos o que se desenvolveu na Eq. (3.1): y1 − y0 6, 7155 − 15, 2366 = = −0, 1739. x1 − x0 50 − 1 y1 − y0 6, 7155 − 15, 2366 β = y0 − x0 = 15, 2366 − × 1 = 15, 4105. x1 − x0 50 − 1 α= Logo, y = −0, 1739x + 15, 4105 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 29 / 59 A Reta Exemplo - Cont. Figura: Gráfico da função que relaciona a quantidade de proteı́na bruta em g/kg de massa seca versus tempo em meses para Paspalum secans, segundo Costa et al. (op. cit.). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 30 / 59 Polinômios e Funções Polinomiais Polinômios e Funções Polinomiais Dizemos que uma função é polinomial se ela é escrita da seguinte forma y = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a2 x2 + a1 x + a0 , em que os aj ’s são números reais e an 6= 0. Neste caso dizemos que a função tem grau n. Por exemplo, a função y = −x3 + 2x2 − x + 8 é uma função polinomial de grau 3. Podemos listar alguns casos especiais: n = 0, y = a0 (constante). n = 1, y = a1 x + a0 (função linear). n = 2, y = a2 x2 + a1 x + a0 (função quadrática). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 31 / 59 Polinômios e Funções Polinomiais Funções polinomiais (exemplos gráficos) C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 32 / 59 A Parábola A função y = ax2 + bx + c: parábola A função polinomial de grau 2 é também chamada parábola (na verdade, seu gráfico é assim conhecido). Está é uma importante função e apresentamos algumas de suas propriedades. Concavidade C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 33 / 59 A Parábola Definição A raiz de uma função é o valor para o qual tal função se anula, ou seja, se f é uma função e x0 é um valor do domı́nio de f tal que f (x0 ) = 0 então x0 é uma raiz da função. Para a função y = ax2 + bx + c, duas possı́veis raı́zes dadas por: √ √ −b− b2 − 4ac −b+ b2 − 4ac x1 = x2 = 2a 2a As equações acima são chamadas fórmulas de Bhaskara para as raı́zes da parábola. Note que a depender dos valores de b2 − 4ac, teremos implicações diferentes para o gráfico da função (veja Figura no próximo eslaide). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 34 / 59 A Parábola Propriedades y = ax2 + bx + c Raı́zes(em todos os casos, são representadas duas parabolas conforme sua concavidade) C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 35 / 59 Outras Funções Funções Racionais Definição Dizemos que uma função é racional se pode ser escrita da forma: f (x) = p(x) , q(x) (6.1) em que p e q são polinômios. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 36 / 59 Outras Funções Exemplo Suponha que x2 − 2x + 4 . x3 − 2x as raı́zes de f são os valores para os quais o numerador seja igual a zero, ou seja, x2 − 2x + 4 = 0, que não possui raı́zes reais. O domı́nio é dado para todos os valores de x tais que o denominador não se anule, ou seja, x3 − 2x 6= 0, e, √ x3 − 2x 6= 0 ⇔ x(x2 − 2) 6= 0 ⇔ x 6= 0, ou x2 − 2 6= 0, ou x 6= ± 2; f (x) = C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 37 / 59 Outras Funções Cont. Exemplo Figura: Gráfico da função racional f . C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 38 / 59 Outras Funções Funções Exponenciais Definição Seja a um número real positivo (constante). Denominamos função exponencial à função dada por g(x) = ax . O número a é chamado base do expoente. Um importante caso é dado quando a base é um número muito especial: e, chamado número de Napier, que é um número irracional com valor aproximado de 2,718 281 828 459 045 235 360 287 e melhor caracterizado por 1 n e = lim 1 + . n→∞ n Neste caso, é comum escrever ex = exp(x). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 39 / 59 Outras Funções Exemplos de funções exponenciais para algumas bases. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 40 / 59 Outras Funções Funções Logarı́tmicas Definição A função ℓ(x) = loga (x) representa os valores de ℓ(x) para os quais devemos elevar a base a para obter o número x, ou seja, y = loga (x) ⇔ ay = x. Um caso especial é quando a base é e e denotamos loge (x) = ln(x) (chamado logaritmo neperiano de x). Outra base importante para o logaritmo é o número 10 e escrevemos simplesmente log(x) a invés de log10 (x). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 41 / 59 Outras Funções Gráficos de funções logarı́tmicas para diversas bases. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 42 / 59 Funções Especiais Funções Compostas e Funções Inversas Podemos “brincar” com as funções fazendo composições entre elas. Por exemplo, a função f (x) = (ln(x))3 − 3 ln(x) + 4 é a composição da função logarı́tmica g(x) = ln(x) e a função polinomial h(x) = x3 − 3x + 4, substituindo x por g(x) em h. Note que considerando f ′ (x) = ln(x3 − 3x + 4), temos uma nova composição, agora substituindo x por h(x) em g. Denota-se a composição de duas funções g e h por (g ◦ h)(x) = g(h(x)). Como vimos acima, g ◦ h 6= h ◦ g, em geral. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 43 / 59 Funções Especiais Figura: Diagrama da composição de duas funções. Note que do domı́nio da função h é a imagem da função g. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 44 / 59 Funções Especiais Uma importante definição vem da suposição da existência de uma função f˜ tal que para cada função f dada (f ◦ f˜)(x) = x = (f˜ ◦ f )(x), (7.1) ou seja, dada uma função f a composição com f˜ resulta na função identidade. Afirmamos que: não é verdade que para qualquer função f , exista f˜ satisfazendo (7.1). se f˜ existe tal função é única. a existência de uma tal f˜ pode depender de uma restrição do domı́nio da função f . A função f˜ é chamada inversa da função f e denotada por f −1 . C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 45 / 59 Funções Especiais Exemplos Podemos listar alguns exemplos de funções e suas inversas: 1 f (x) = 2x + 3, então f −1 (x) = 1 x − 3 . 2 2 Demonstração: De fato, 1 3 −1 f (f (x)) = f x− 2 2 1 3 x− +3=x =2 2 2 e 2 3 f −1 (f (x)) = f −1 (2x + 3) 1 3 = (2x + 3) − = x 2 2 √ g(x) = x2 , para x ≥ 0, então g−1 (x) = x. h(x) = ex , então h−1 (x) = ln(x). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 46 / 59 Funções Especiais Funções Monótonas Definição Dizemos que uma função f é crescente (decrescente) se para x1 < x2 (respectivamente, x1 > x2 ), temos que f (x1 ) < f (x2 ) (respectivamente, f (x1 ) > f (x2 )), ou seja, quando os valores do domı́nio crescem, os valores da imagem crescem (respectivamente, decrescem). Ainda podemos denominar uma função não-decrescente, se x1 < x2 implica que f (x1 ) ≤ f (x2 ). Analogamente, uma função não crescente é aquela que satisfaz f (x1 ) ≥ f (x2 ), sempre que x1 < x2 . Nos quatro casos acima de funções crescentes, decrescentes, não-decrescente, ou não crescente dizemos que a função é monótona, ou seja monótona crescente, monótona decrescente, etc. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 47 / 59 Funções Especiais Funções Monótonas Figura: Gráficos de algumas funções (a) crescentes, (b) decrescentes e (c) nem crescentes, nem decrescentes. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 48 / 59 Funções Especiais Um caso especial de funções monótonas são quando elas são constantes por partes. Vamos ver um exemplo, Exemplo Suponha que se x ≤ 2; 1, f (x) = 0, se 2 < x ≤ 4; −1, se x > 4. É fácil verificar que f é uma função monótona não-crescente, ou seja para quaisquer dois valores x1 , e x2 tais que x1 < x2 , temos que f (x1 ) ≥ f (x2 ) (Veja o gráfico de f na Figura abaixo). C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 49 / 59 Funções Especiais Figura: Gráfico da função f do Exemplo 12. Por razões óbvias, as funções constantes por partes também são chamadas de funções escada. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 50 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Arranjos, Permutações e Combinações Voltemos ao caso em que estivermos trabalhando com conjuntos finitos ou discretos, ou seja, aqueles para os quais podemos determinar uma contagem para seus elementos. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 51 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Permutações Sejam a1 , a2 , . . . , an n objetos distintos. O número de filas (ordenações) que podemos formar com tais objetos é chamada permutação simples. Por exemplo, para os objeto a1 , a2 e a3 , temos a1 a2 a3 a1 a3 a2 a2 a1 a3 a2 a3 a1 a3 a1 a2 a3 a2 a1 . Note que todas as permutações acima poderiam ser representadas apenas pelos números nos sub-ı́ndices. No caso geral, em que tivermos n objetos, podemos usar o princı́pio multiplicativo visto na Proposição 7: para o primeiro lugar na fila podemos escolher qualquer um entre os n objetos. Para o segundo da fila, n − 1 objetos, etc até o último da fila que possui somente uma “escolha”. Assim, o número de ordenar n objetos distintos é: n(n − 1)(n − 2) · · · 3 · 2 · 1. este número acima é denotado por n! (fatorial de n). É comum denotar a permutação simples de n por Pn . Devemos lembrar que por convenção 0! = 1. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 52 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Exemplo De quantos modos podemos formar uma escala de plantões num Hospital, utilizando 5 veterinários? Essa é fácil, 5! = 5 × 4 × · · · × 1 = 120. Agora, suponha que desejemos fazer uma organização de salas em um andar do Hospital levando em consideração também a posição relativa das salas, em outras palavras, queremos posicionar 5 salas numa “roda” de maneiras diferentes (Figura 9). Figura: Posição relativa de salas em um andar do Hospital C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 53 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Exemplo (cont.) Denotando as salas por A, B, C, D e E, aparentemente bastaria escolher um ordem para as salas, ou seja, num total de 5! = 120 modos diferentes. Mas note que a ordem ABCDE é igual à EABCD, ou seja temos as salas com a mesma vizinhança. Como cada roda podem ser “virada” de cinco modos, nossa contagem de 120 posições contou cada roda 5 vezes. Logo a resposta é 120 ÷ 5 = 24. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 54 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Outro exemplo Problema De quantos modos diferentes podemos dividir 8 profissionais em duas equipes de 4 pessoas cada? Solução: A divisão pode ser feita colocando as 8 pessoas em fila e dividindo-as de modo que um dos grupos seja formado pelas 4 primeiras pessoas e o outro pelas 4 últimas. Como há 8! modos de colocar as pessoas em fila, a resposta parece ser 8!. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 55 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Outro exemplo (cont.) Entretanto consideremos a divisão abcd|ef gh. Ela é idêntica à divisão ef gh|abcd. Não obstante, na nossa contagem de 8!, essas divisões foram contadas como sendo distintas. Além disso, divisões como abcd|ef gh e cdab|ef gh, que diferem apenas na ordem de escolha da primeira ou da segunda equipes, também foram contadas como sendo as mesmas, apesar ser serem idênticas. Cada divisão foi contata 2 × 4! × 4! vezes (2 por causa da ordem das equipes, 4! pela ordem da equipe 1 e 4! pela ordem dos profissionais da equipe 2). Se contarmos 8! divisões e cada divisão foi contata 2 × 4! × 4!, o número de equipes que poderão ser formadas com os 8 profissionais é 8! = 35. 2 × 4! × 4! C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 56 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Combinação Simples Definição Sejam {a1 , a2 , . . . , an } n objetos distintos. O número de escolhas diferentes de k (0 ≤ k ≤ n) objetos entre os n objetos é chamada combinação simples dos n objetos tomados k a k. Este número é denotado por Cnk ou Cn,k . Afirmamos que Cnk = C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) n! k!(n − k)! Fundamentos 2013 57 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Exemplo Problema De uma Equipe de 5 veterinários, de quantas formas diferentes podemos formar duplas para os plantões de final de semana? Bem, diretamente C52 = 5! 5×4×3×2×1 = = 10 duplas diferentes. 2!(5 − 2)! 2×1×3×2×1 C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 58 / 59 Arranjos, Permutações e Combinações Exemplo Problema Suponha que no Departamento de Medicina Veterinária existam 16 professores sendo 10 mulheres. De quantas maneiras diferentes podemos escolher uma comissão com 6 pessoas dentre todos os professores, desde que a comissão tenha pelo menos 3 mulheres? Bem, as alternativas são: 3 homens 2 homens 1 homem Nenhum homem 3 mulheres 4 mulheres 5 mulheres todas mulheres A resposta é: 3 4 5 6 C63 × C10 + C62 × C10 + C61 × C10 + C60 × C10 = 20 × 120 + 16 × 210 + 6 × 252 + 1 × 210 = 22.518 comissões diferentes. C.T.Cristino (DEINFO-UFRPE) Fundamentos 2013 59 / 59