UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA João Bosco Rufino de Lira Maria da Conceição Silva da Silva QUALIDADE DE VIDA E CORRELAÇÃO COM A PREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FÍSICA EM PACIENTES PORTADORES DE HANSENÍASE RESIDENTES NA UNIDADE ESPECIAL ABRIGO JOÃO PAULO II Belém 2010 João Bosco Rufino de Lira Maria da Conceição Silva da Silva QUALIDADE DE VIDA E CORRELAÇÃO COM A PREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FÍSICA EM PACIENTES PORTADORES DE HANSENÍASE RESIDENTES NA UNIDADE ESPECIAL ABRIGO JOÃO PAULO II Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da Amazônia – UNAMA, como requisito para obtenção de título de Bacharel em fisioterapia sob a orientação da Profª Msc Dayse Danielle de Oliveira Silva. Belém 2010 João Bosco Rufino de Lira Maria da Conceição Silva da Silva QUALIDADE DE VIDA E CORRELAÇÃO COM A PREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FÍSICA EM PACIENTES PORTADORES DE HANSENÍASE RESIDENTES NA UNIDADE ESPECIAL ABRIGO JOÃO PAULO II Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da Amazônia – UNAMA, como requisito para obtenção de título de Bacharel em fisioterapia sob a orientação da Profª Msc Dayse Danielle de Oliveira Silva. Banca Examinadora ______________________________ Profº Said kalume kalif ______________________________ Profª. Iranete Corpes Oliveira França Apresentado em:____/____/____ Conceito:___________________ Belém 2010 DEDICATÓRIA A minha genitora, uma mulher guerreira que nunca poupou esforços para dar o melhor aos seus filhos, uma pessoa que diante de tantas dificuldades nunca perdeu sua fé, e sempre nos ensinou os caminhos corretos da vida. In Memorian Ao meu irmão, meu ídolo, fonte de inspiração para todos os momentos de minha vida. João Lira DEDICATÓRIA Aos meus pais Graciano Gomes e Maria de Jesus Silva, pilar que sustenta minha vida, pelo apoio, incentivo e acima de tudo por acreditarem no meu sucesso. Sem vocês, nada teria sido possível! A minha irmã Gabriela, pelo amor, compreensão e por compartilhar momentos de cansaço e preocupações, sempre me incentivando a prosseguir. Aos meus irmãos, Graciano Júnior , Antonio Graziane, Giovane, Gean, José Moreira Neto e Andrei pela torcida frequente,perante meu crescimento intelectual. Maria Silva AGRADECIMENTOS A Deus por ter me guiado ao longo dessa estrada cheia de curvas traiçoeiras, e pela experiência de vida maravilhosa com o meu irmão, a qual aprendi que se deve amar por primeiro. Uma vez que: a vida só tem valor quando realizamos o bem ao próximo. À minha família, pelo apoio e por estarem ao meu lado em todos os momentos, em especial ao meu irmão o qual me ensinou muita coisa sem falar uma palavra. À minha amiga de classe Maria da Conceição, que deu o máximo de si para que este projeto fosse realizado com sucesso. À professora que nos orientou neste projeto, pela sua dedicação e paciência, nas horas em que mais precisamos de sua atenção. À Drª. Milene Borges que viabilizou a realização desse estudo na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Obrigado por nos acompanha nessa pesquisa. A todos os meus amigos de turma, em especial, Adriana Souza, Maria da Conceição, Karla Guimarães, Alceu Guara, Rodrigo Sena, Cássio Veilander e Isabel Barbosa. Aos professores Reinaldo Ferreira e Paulo Ávila, por terem contribuído com o meu amadurecimento acadêmico. A todos os professores que fizeram parte da minha história acadêmica. João Lira AGRADECIMENTO A Deus, presença constante em minha vida, sempre me fortalecendo e conduzindo meus passos durante esta jornada. Aos familiares, Dina, Mariana, Franci, Nonato, Benedita, Socorro, Estelita, Doralice, Elito, por durante minha caminhada educacional de maneira solidaria e generosa me disponibilizaram uma casa e um lar, obrigada por ter me proporcionado a oportunidade de chagar até aqui. Vocês fazem parte dessa história. Em especial a minha querida avó Basília Costa que representou meu porto seguro durante esses anos. A João Bosco Rufino, pela amizade, esforço, dedicação, paciência e companheirismo nos momentos mais difíceis da pesquisa, pelo convívio agradável e sugestão sempre oportunas. À orientadora Ms. Dayse Danielle Oliveira Silva, pela atenção, dedicação, receptividade, dicas e contribuições certamente importantes. À Drª. Milene Borges que viabilizou a realização desse estudo na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Obrigada pela atenção, motivação e carinho com que nos recebeu. Aos pacientes pela compreensão, atenção e disponibilidade para participar da pesquisa. Obrigada pela oportunidade de convivência. Vocês; jamais serão esquecidos. Aos futuros Fisioterapêutas: Karla Guimarães, pela presença constante, amiga de todas as horas, pelo exemplo de seriedade e competência em tudo o que faz; Isabel Nascimento, pelo jeito cômico, irônico e responsável, pelos bons momentos de amizade; Adriana Oliveira, pelo exemplo de superação, paciência e persistência; Rodrigo Sena, pelos ensinamentos, “mestre dos mestres”; Cássio Aguiar, pelos momentos de descontração mesmo nas horas de maior sufoco; Alceu Murilo, pelas gargalhadas sempre constante;. Em fim pelas experiências e bons momentos compartilhados durante esses quatro anos, tenho certeza que: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!” A todos os professores fisioterapeuta, em especial os responsáveis pelas áreas de estágio pela oportunidade de estagiar sob sua supervisão, pela amizade, sabedoria, compreensão apoio, confiança, e constante incentivo. Maria Silva EPÍGRAFE MORFÉTICO A braços com eternos sonos. Traços esvaem-se, e sonhos... Estrema-se em suas dores, a da doença anestesiando o corpo, a da exclusão de amores, e do olhar dos outros, perversor de valores. Quatro ou seis sítios, coloridos ou fluorescentes, concordantes baciloscópicos. Operacional simplista. Belos sítios, sítios de Madrid. Prevalência menor que a incidência, entre as primeiras do mundo. Orgulho de ser brasileiro. Cultura inútil, lesão alguma. Índice zero, solução nenhuma... O sistema repousa nos braços de Morfeu... De um amor bruto, de um comido de lazeira... Jocase, 2008 RESUMO A hanseníase hoje representa um grave problema de saúde no Brasil, além dos agravantes inerentes a qualquer doença de origem sócio-econômica. Ressalta-se assim, a repercussão psicológica gerada pelas incapacidades físicas, advindas da doença, quando não diagnosticada precocemente e não tratada devidamente. Estas incapacidades constituem, na realidade, a grande causa do estigma e isolamento do paciente na sociedade. A necessidade de determinar a dimensão e a natureza desses problemas e de monitorar a avaliação de prevenção de deficiências, incapacidades e reabilitação torna-se cada vez mais necessárias. O objetivo do estudo foi avaliar a qualidade de vida dos pacientes portadores de hanseníase e correlacionar com o sexo, a idade, o tempo de permanência no abrigo, com a forma clínica, função das mãos e o grau de incapacidade física. Para coleta de dados foram utilizados o questionário WHOQOL-bref de qualidade vida, um formulário do grau de incapacidade física modificado e avaliação da função das mãos, e o MEEM (Miniexame do Estado Mental). Sendo realizado na Unidade Especial Abrigo João Paulo II localizado na cidade de Marituba-PA, com 19 pacientes, de ambos os sexos, com idade entre 53 à 83 anos. Obteve-se como resultados que os pacientes apresentam satisfação com sua qualidade de vida, embora os mesmo apresentem grau de incapacidade I e II. A função das mãos parece não interferem na qualidade de vida desse pacientes; a qualidade de vida conforme o sexo não apresentou diferenças, exceto no domínio 4 Meio Ambiente (Segurança, ambiente físico, dinheiro, informações, lazer, condições de moradia, meio de transporte e serviços de saúde) em que os pacientes do sexo masculino apresenta valores significantemente superiores ao sexo feminino. A qualidade de vida e o tempo de permanência na instituição apenas o DOM 3 Relações Sociais (Relações sócias, sexuais e apoio dos amigos) apresentou correlação negativa indicando que a qualidade de vida nesse aspecto decai significativamente conforme o paciente permanece mais tempo na instituição. Embora sua vida tenha passado por grandes transformações após o diagnóstico da doença, vivendo longe de seus familiares, isolados da sociedade, devido o preconceito causado pelas seqüelas; esses pacientes apresentam satisfação com sua qualidade de vida. Palavras-Chaves: Hanseníase, Qualidade de Vida, Incapacidade Física ABSTRACT Today the haseniase to represent a big problem of healf in Brazil, weel of interesr to make the some sick fron origen economic – socity. Emphasized necessary a the repercussion psicolophy make for phisycal incapablety sick´s consequences, when not diagnosised after and don´t make care correctly. These incapabletys constitute, in realy, the cause big of Stigma and cut off of patient in socity. The necessity of determine the dimension and the nature the of problen and of observe the avaliation of prevention of deficiency, incapablety and rebabilitationto be come lach more and more necessary. The objective of study was value the quality of life of patient that has hanseniase and correlates with the sex, the age, the time of permanence in selter, with the form clinic, function of hands and the degree physical incapablety. For colect of data goes usefuly the questionamare WHOQOL-bref of life quality, a full a form of degree of physical incapablety changed and avaliation of fuction of hands, and the MEEM (Minimental State Examination). To be realized in United special selter João Paulo II in locality Marituba PA city, with 19 patients, of both sexs, with age between 53 to 83 years. We have with result that patients to present satisfy with their life of quality, although the some to represent degree of incapablety I and II. Don´t interfere life of quality these patient, the life of quality according the so don´t show different, but in control 4 environmentalist half ( security, physical environmentalist, money, information, fun condition house transport half and half) in that the patient masculine sex´s patient to present values significantly the best with female sex. The life quality and the time of duration a institution only the DOM 3 social relation (Social relation, sexs and help of friend) to present negatives correlation to showed that life of quality these aspect down significantly according with patient stay more time in institution. However their life has to passed for big transformation after the diagnosis of sick, living so far, his families isolate of society, because of the prejudice done for sequelae, these patient to present satisfaction with their life of quality. Key-words: Haseniase, quality of life, physical incapablety LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Média e Erro Padrão da Qualidade de vida em pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Escala e Zero a 100% do WHOQOL-BREF, (n=19). 49 GRÁFICO 2- Média e erro padrão da qualidade de vida conforme o Sexo de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). 51 GRÁFICO 3 – Correlação entre Tempo de Permanência na Instituição e o Dom 3 do WHOQOL-Bref, (n=19). 52 GRÁFICO 4 – Média e erro padrão da qualidade de vida conforme o Tipo V=Clínico da Hanseníase em residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). 54 GRÁFICO 5 – : Média e erro padrão da qualidade de vida conforme o grau de incapacidade de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). 56 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Caracterização da amostra de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). 47 TABELA 2 – : Qualidade de vida (WHOQOL-BREF) em pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). 48 TABELA 3 Qualidade de vida em pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Escala de Zero a 100% do WHOQOL-BREF, (n=19). 49 . TABELA 4 – : Qualidade de vida conforme o Sexo de pacientes portadores de hanseníase na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, Masculinos (n=13) e Femininos (n=6). 50 TABELA 5 – Correlação da Idade com os domínios da qualidade de vida de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, (n=19). 51 TABELA 6 – Correlação da Qualidade de vida e o tempo de permanência na instituição de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, (n=19). 52 TABELA 7 – Qualidade de vida conforme a Forma Clínica da Hanseníase em pacientes residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, (n=19). 53 TABELA 8 – Correlação da qualidade de vida e função das mãos de pacientes portadores de hanseníase residentes no Abrigo João Paulo II, (n=19). 54 TABELAS 9 – Qualidade de vida conforme o Grau de Incapacidade de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, Grau I (n=3) e Grau II (n=16). 55 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BAAR: Bacilos Álcool-Ácido Resistentes BB: Borderlini Borderline BDI: Inventário de Depressão de Beck BR: Brasil BT: Borderline Tuberculóide BV: Borderline Virchowiano CEP: Comitê de Ética e Pesquisa CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade CIDID: Classificação das Deficiências Incapacidades e Desvantagens CO: Classificação Operacional CREFITO: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional DD: Dimorfa DLQI: Dermatology Life Quality Index DOM: Domínio DV: Dimorfa Virchowiana Fem: Feminino HI: Hanseníase Indeterminada IB: Imunobaixodeficiencia KM: Kilômetro µm: Micrometro Masc: Masculino MB: Multibacilar M. leprae: Mycobacterium Leprae MEEM: Miniexame do Estado Mental MHD: Hanseníase dimorfa MHT: Hanseníase tuberculóide MHV: Hanseníase virchowiana MHI: Hanseníase indeterminada Morhan: Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase OMS: Organização Mundial de Saúde PA: Pará PB: Paucibacilar PGL–1: Proteína é o glicolipídeo-fenólico 1 PQT: Poliquimioterapia QV: Qualidade de Vida RIC: Reação Intra Celular SALSA: Screening of Activity Limitation and Safety Awareness TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TH2: Tipo Hansenico 2 TH1: Tipo Hansenico 1 TT: Tuberculóide URE: Unidade de Referência Especializada UNAMA- Universidade da Amazônia VC: Velocidade de Condução VV: Virchowiano WHOQOL-bref: Word Health Organization Quality of Life Instrument Bref WHOQOL-100: Word Health Organization Quality of Life Instrument 100 LISTA DE SIMBOLOS α: Alfa β: Beta γ: Gama ±: Mais ou Menos <: Menor >: Maior =: Igual ÷: Divisor x: multiplicador -: Menos %: Porcento SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 18 2 JUSTIFICATIVA 20 3 OBJETIVOS 21 3.1 OBJETIVO GERAL 21 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 21 4 REFERÊNCIAL TEÓRICO 22 4.1 HISTÓRICO DA HANSENÍASE 22 4.1.2 Hanseníase no Estado do Pará 23 4.2 AGENTE ETIOLÓGICO 24 4.2.1 Meios de Transmissão 25 4.3 EPIDEMIOLOGIA 26 4.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 27 4.5 CLASSIFICAÇÃO DA HANSENÍASE 29 4.5.1 Classificação de Madri 30 4.5.2 Classificação de Ridley e Jopling 30 4.5.2.1 Hanseníase Indeterminada 30 4.5.2.2 Hanseníase Tuberculóide 31 4.5.2.3 Hanseníase Virchowiana 31 4.5.2.4 Hanseníase Dimorfa 32 4.5.3 Classificação Operacional 32 4.5.4 Reações hansênicas 33 4.6 DIAGNÓSTICO DA HANSENÍASE 34 4.7 TRATAMENTO 35 4.8 INCAPACIDADE FÍSICA 36 4.9 QUALIDADE DE VIDA 38 4.9.1 Qualidade de vida e hanseníase 39 5 CASUÍSTICA E MÉTODOS 41 5.1 ASPECTOS ÉTICOS 41 5.2 TIPO DE ESTUDO 41 5.3 LOCAL DA PESQUISA 41 5.4 CASUÍSTICA 42 5.4.1 Critérios de inclusão 42 5.4.2 Critérios de exclusão 42 5.5 INSTRUMENTOS DA PESQUISA 43 5.6 ETAPAS 43 5.7 RISCOS E BENEFÍCIOS 45 5.8 COLETA DE DADOS 45 5.9 ANÁLISE DOS DADOS 45 6 RESULTADOS 46 7 DISCUSSÃO 57 8 CONCLUSÃO 66 REFERÊNCIAS 67 APÊNDICES 77 ANEXOS 91 18 1 INTRODUÇÃO A hanseníase é uma doença milenar conhecida por lepra desde os tempos bíblicos que traz consigo a marca do preconceito, discriminação e exclusão, em decorrência das deformidades físicas relacionados ao doente não tratado (EIDT, 2004). A falta de informações sobre o seu modo de transmissão e controle ou cura e o medo da exclusão social contribuíram, certamente, para que a hanseníase se tornasse uma doença temida (CUNHA, 2002). No início de 2007, o Brasil apresentou a maior prevalência de hanseníase do mundo, a doença atingiu a Amazônia brasileira pelo estado do Pará, no início do século XIX (ANGELUCCI et al, 2007). A doença incide sobre pessoas independentemente da idade ou sexo, entretanto, considera-se que o principal grupo de risco é o adulto jovem (LANA et al, 2008). O agente etiológico, descrito em 1873 pelo norueguês Amauer Hansen, denominado Mycobacterium leprae (M. leprae), é um bacilo resistente com alto poder infectante e baixo poder patogênico (SANTOS JÚNIOR et al, 2005). Os surtos reacionais representam episódios inflamatórios que geralmente se intercalam no curso crônico da hanseníase. Os mais importantes são as reações tipo 1 e 2 (ORSINI, 2008). A doença, inicialmente, manifesta-se por meio de lesões de pele: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas que apresentam perda de sensibilidade. Vários órgãos podem também ser acometidos, tais como olhos, rins, supra-renais, testículos, fígado e baço, provocando queda de sobrancelhas, nódulos, ulcerações, dormência e desabamento do nariz (EIDT, 2004). Se não tratada, manifestam-se as lesões nos nervos, principalmente nos troncos periféricos. Podem aparecer nervos espessados e doloridos, diminuição de sensibilidade nas áreas inervadas, resultando em comprometimento sensitivo, motor e autonômico (alterações de glândulas sudoríparas e sebáceas), responsáveis pelas incapacidades (VIEIRA et al, 2008). Admite-se que as vias aéreas superiores constituem a principal porta de entrada e via de eliminação do bacilo. Quanto mais íntimo e prolongado é o contato, maior a possibilidade de transmissão (LANA et al, 2008) atacando mais quando ocorre uma diminuição natural da resistência do organismo (MOREIRA et al, 2001). A classificação de Ridley e Jopling; baseia-se no critério histopatológico e sugere a possibilidade das formas oscilarem para o pólo de resistência (tuberculóide), ora para o pólo de susceptibilidade (virchowiano) (MENDONÇA et al, 2008). A classificação Operacional 19 (CO), os pacientes são divididos em paucibacilares (PB), e multibacilares (MB) (TEIXEIRA et al, 2008)a. O diagnóstico da hanseníase é baseado principalmente em manifestações clínicas e a escassez de sintomas no início da doença pode contribuir para erros no diagnóstico ou para o sub-diagnóstico , que pode ser confirmado através de um grande número de ferramentas laboratoriais (STEFANI, 2008). O tratamento denominado poliquimioterapia (PQT) possibilitou a cura da hanseníase, o tratamento, que dura seis meses a dois anos, é feito em casa, sem necessidade de internação (BORGES, 2006). A hanseníase deixa marcas profundas nos seres humanos devido às inúmeras perdas decorrentes da doença. Os indivíduos necessitam resgatar sua auto-estima, seus vínculos e relacionar-se para reintegrar-se ao mundo real (BAIALARDI, 2007). A qualidade de vida é a eterna busca dos objetivos e metas a serem alcançados pelo ser humano sendo esta, talvez, a razão da vida, a qualidade de vida está sendo classificada não apenas com relação a saúde, mas aos indicadores subjetivos que estão ligados a aspectos como felicidade, satisfação com a vida ou bem-estar psicológico (VAREJÃO, 2004). A qualidade de vida está diretamente relacionada à capacidade individual de proporcionar equilíbrio adequado entre as diversas dimensões (amor, família, trabalho, amizade, religião, dinheiro, lazer, saúde, entre outros), a fim de se ter uma vida tranqüila (QUAGGIO, 2005). Com os distúrbios de sensibilidade; decorrentes da ação do M. leprae são caracterizados pela ausência ou diminuição das sensibilidades térmica, dolorosa e táctil e podem comprometer a pele, as mucosas e os nervos periféricos e principalmente o aparelho visual (HELLEN; LEÃO; MINAKAWA, 2001). Apesar de hoje a hanseníase ser uma doença com cura comprovada, quando não diagnosticada e tratada precocemente, pode evoluir com diferentes tipos e graus de incapacidades físicas envolvendo mãos, pés e olhos. A Organização Mundial de Saúde padronizou, para fins epidemiológicos, o instrumento de avaliação de incapacidades proposto por Bechelli e Dominguez no ano de 1966, que determina o envolvimento de mãos, pés e olhos por serem áreas com maior frequência de lesão, diagnóstico mais simples e maiores repercussões nas atividades cotidianas do indivíduo (CARVALHO; ALVAREZ, 2000). 20 2 JUSTIFICATIVA Nesse contexto, o estigma se refere à desqualificação e à marginalização social, em função, principalmente, das deformidades físicas do paciente. Uma vez que, um indivíduo é estereotipado com tal rótulo social, que significa impor-lhe uma marca que, de certo modo, o reduz a uma condição inferior ao padrão mínimo atribuído à condição humana, restaria a ele duas possibilidades: ou se adequar ao papel marginal a ele designado ou tentar “encobrir” as marcas que caracterizam o estereótipo estigmatizante (SILVA JÚNIOR et al, 2008). A hanseníase hoje representa um grave problema de saúde pública no Brasil, além dos agravantes inerentes a qualquer doença de origem sócio-econômica; ressalta-se, assim, a repercussão psicológica gerada pelas incapacidades físicas, advindas da doença, quando não devidamente tratada. Estas incapacidades constituem, na realidade, a grande causa do estigma e isolamento do paciente na sociedade (VIEIRA et al, 2008). A necessidade de determinar a dimensão e a natureza desses problemas e de monitorar a avaliação de prevenção de deficiências e incapacidades e reabilitação torna-se cada vez mais necessária (BARBOSA et al, 2008). O Estado do Pará acumula, atualmente, 80% dos casos novos em todo o Brasil, evidenciando a relevância de trabalhos de pesquisa no campo que possam dar respostas mais adequadas ao problema (AMADOR, 2004). Sendo assim, o estudo justifica-se pelo interesse de proporcionar melhor conhecimento do M. leprae e suas repercussões na qualidade de vida e capacidade física das pessoas acometidas pela hanseníase que ainda residem em colônias, como é o caso dos residentes Unidade Especial Abrigo João Paulo II, uma vez que essas pessoas perderam sua identificação com o mundo exterior, tendo que se ausentar da sociedade vivendo isolados durante anos. 21 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Correlacionar o grau de incapacidade física e função das mãos e a qualidade de vida dos pacientes portadores de hanseníase residente na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Avaliar a qualidade de vida dos pacientes após a instalação da doença aplicando o questionário WHOQOL-bref. • Avaliar a correlação entre a qualidade de vida e o grau de incapacidade física e função das mãos, sexo, idade e tempo de permanência no abrigo e forma clínica. • Avaliar a prevalência de incapacidade física e a função das mãos, através da aplicação da avaliação do grau de incapacidade física e do questionário de avaliação funcional das mãos nas lesões de nervos periféricos dos pacientes portadores de hanseníase. 22 4 REFERÊNCIAL TEÓRICO 4.1 HISTÓRICO DA HANSENÍASE A hanseníase, secularmente conhecida pela denominação de “lepra”, é uma doença muito antiga que acomete o homem. Citada por Hipócrates, suas descrições indicam tratar-se de doença de pele com lesões escamosas, entre as quais certamente podem se destacar a psoríase e os eczemas crônicos sem haver, porém, menção de manifestações neurológicas (FEITOSA, 2008). A associação da hanseníase com o termo lepra, que por sua vez, está associado a deformidades, reforçadas por conceitos populares e religiosos de impureza, castigo divino (LONGO, 2006). A cura é considerada sinal de graça divina alcançada pelo arrependimento (QUAGGIO, 2005). A hanseníase esteve presente no Velho Mundo e desde a antiguidade tem sido considerada uma doença contagiosa, mutilante e incurável, provocando rejeição e discriminação do doente e sua exclusão social uma vez que durante muito tempo os doentes eram confinados e tratados em leprosários (SANTOS JÚNIOR et al, 2005). O doente era obrigado a usar roupas características que o identificavam como tal e fazer soar uma sineta ou matraca para avisar os sadios de sua aproximação (FEITOSA, 2008). Nas Américas, a hanseníase deve ter chegado com os colonizadores entre os séculos XVI e XVII. Nos Estados Unidos, foram os franceses, que provavelmente trouxeram a hanseníase; na América do Sul, a doença teria sido trazida pelos colonos espanhóis e portugueses (ALBAN; 2006; FEITOSA, 2008). No Brasil a história da hanseníase coincide com a colonização (MARZLIAK et al, 2008). Sua expansão foi favorecida pelo comércio de escravos, principalmente durante o século XVIII e pela vinda de imigrantes provenientes do Velho Mundo (AMARAL, 2008). Os primeiros documentos que atestavam a existência da hanseníase datam do fim do século XVII (ALBAN, 2006). As primeiras ações no sentido de controlar o avanço da hanseníase, que, pela sua contagiosidade ocorria principalmente entre os familiares do doente, foram implementadas na década de 1920, com a criação de um serviço específico para a hanseníase e as doenças venéreas e de uma legislação própria, que determinava o isolamento 23 de todos os doentes de hanseníase existentes no país. Ainda sem um medicamento específico para a cura, o isolamento dos doentes foi determinado como essencial, e tornou-se mais importante que o próprio tratamento (CUNHA, 2005). A repulsa não estava na doença em si, visto que o agente causador da lepra só foi descoberto em finais do século XIX. O temor era a degradação física e a explícita declaração de imoralidade que as manchas na pele traziam aos doentes. O acometimento da hanseníase era uma opção divina sobre o indivíduo, assim como o benefício da cura. E o isolamento, que passou a ser aplicado para com esses doentes tinha por objetivo evitar o contato com o pecado e não com a doença contagiosa (CUNHA, 2005). Até a década de 1940 a hanseníase era tratada basicamente através do uso de ervas medicinais, como a folha de fumo (Nicotiana tabacum) e principalmente o óleo de almugra. A introdução das sulfonas, a partir da década de 40, foi considerada uma medida revolucionária no tratamento da doença, pois permitiu o acompanhamento ambulatorial dos pacientes, tendo enorme influência no abandono do isolamento e segregação como medidas de controle. Nos anos 60, surgiu a clofazimina e, nos anos 70, a rifampicina, duas poderosas drogas que permitiram, finalmente, alcançar-se a cura definitiva da doença (AMARAL, 2008). 4.1.2 Hanseníase no Estado do Pará A doença atingiu a Amazônia brasileira pelo estado do Pará, no início do século XIX, e o restante do país com a intensa imigração para os diversos estados, incluindo as regiões Sul e Sudeste (ANGELUCCI et al, 2007). Nos últimos 10 anos, no estado do Pará tem ocorrido uma expressiva queda da prevalência de casos, passando de 22,61/10.000 em 1992 para 4,7/10.000 habitantes em 2005. Em contrapartida, o coeficiente de detecção geral na população também teve um considerável aumento, com 4,19 em 1992 e 7,79/10.000 habitantes em 2005 segundo dados da Secretaria Executiva de Saúde Pública. A distribuição da doença no Estado é heterogênea com variações na prevalência de menos de 1/10.000 habitantes a 79,92/10.000 habitantes e coeficientes de detecção de 46,61 a 2,66/10.000 habitantes em quarenta municípios considerados prioritários (SÁ; PAZ, 2007). No Pará particularmente na região metropolitana de Belém, pode-se dizer que a situação é no mínimo preocupante. Segundo informações publicada no Diário do Pará em 2007 o Pará manteve a média dos últimos 5 anos, ou seja, foram cerca de 7.000 novos casos de hanseníase detectado em todo o Estado (SILVA, 2009). 24 Entre os principais pólos de pobreza estão Ananindeua, Marituba e Santa Bárbara, além da periferia de Belém, a cidade com a maior proporção de favelados do Brasil segundo o IBGE (SILVA, 2006). A ex-colônia de Marituba, foi criada em 1942 pelo governo do estado do Pará e efetivamente extinto em 1980. Estima-se que durante a presença desse local foram internado aproximadamente 2 mil pessoas infectadas. Atualmente o Brasil conta com 33 hospitais colônia, remanescente diretos dessa história de segregação no caso de Marituba, nas áreas onde estava as instalações administrativas e hospitalares da ex-colônia, formou-se um bairro residencial, bem como um complexo de atendimento a doenças dermatológicas, subdivididas da seguinte maneira: o Abrigo João Paulo II, Unidade de Referência Especializada – URE – Marcello Candia e o laboratório de Dermatoimunologia Marcello Candia (SILVA, 2009). Nesse sentido, os fatores que contribuem para esta heterogeneidade, foram a existência de vilas e cidades nas proximidades das antigas colônias, fluxo migratório intenso para áreas de garimpo, ocupação desordenada de áreas metropolitanas e rurais, desmatamento, pobreza dentre outros. (SÁ; PAZ, 2007). 4.2 AGENTE ETIOLÓGICO O gênero Mycobacterium compreende 125 espécies, sendo que Mycobacterium tuberculosis, agente causador da tuberculose, e M. leprae, responsável pela Hanseníase são as espécies mais conhecidas (ALBAN, 2006). Ao final do século XIX, o médico norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen, ao analisar material de lesões cutâneas, descobriu o M. leprae, bacilo causador da doença e que pertence ao mesmo gênero do bacilo que ocasiona a tuberculose (SANTOS; FARIA; MENEZES, 2008). Trata-se de um bacilo resistente com alto poder infectante e baixo poder patogênico (SANTOS JÚNIOR et al, 2005). Medindo de 1 a 8 µm de comprimento por 0,3 µm de largura (BRASILEIRO FILHO, 2006), foi o primeiro a ser identificado como causa de uma doença infecciosa humana há mais de 130 anos. (STEFANI, 2008). O bacilo de Hansen é um parasita intracelular obrigatório, o que o torna dependente da sua capacidade de infectar células do organismo hospedeiro. São observados em grandes quantidades nas células do sistema imune, predominantemente nos macrófagos e nas células de Schwann, no sistema nervoso periférico, formando aglomerados ou dispostos em paralelo. Sua reprodução ocorre pelo processo de divisão binária e é gram-positivo (GARBINO, 2006). 25 Morfologicamente o M. leprae é um bastonete imóvel, não formador de esporos, microaerófilo, ácido-resistente, reto ou levemente curvado. Estudos concluíram que sua parede celular é um complexo covalentemente ligado de peptidioglicana-arabinogalactanaácido micólico semelhante na composição a parede celular de todas as micobactérias (ALBAN, 2006). A célula de Schwann, a qual é coberta por uma lâmina basal constituída por uma série de proteínas. A sequência de proteínas, laminina-2, (cadeias α2, β1 e γ1), α distroglicano, β – distroglicano e distrofina, encontradas no sistema nervoso periférico, funcionam como uma ponte entre o meio extracelular e intracelular, permitindo a entrada do bacilo na célula de Schwann. (ORSINI, 2008). Esse bacilo de Hansen se reproduz muito lentamente. Seu tempo médio de multiplicação é de 12 a 14 dias, muito longo se comparado ao do bacilo da tuberculose, que é de 20 horas. Esta lentidão biológica do bacilo explica a cronicidade de sua evolução e longo período de incubação, o qual ocorre em média de 2 a 5 anos (MARTINS; CASTRO; MOREIRA, 2005). 4.2.1 Meios de Transmissão A transmissão se faz através das vias aéreas superiores passando necessariamente pelas vias hemolinfáticas (FLEURY, 2006). A pele é também uma possível porta de entrada e saída do bacilo. Os pacientes com hanseníase lepromatosa não tratados podem eliminar grande número de bactérias de suas úlceras ou pele injuriada. Porém, é possível que a pele seja uma porta de entrada apenas em inoculações acidentais e não há evidências que M. leprae pode penetrar em pele íntegra (ALBAN, 2006). É necessário um contato íntimo e prolongado para a contaminação, como a convivência de familiares na mesma residência, onde o contágio ocorre cinco a oito vezes mais frequentemente que no extrafamiliar (PINHEIRO, 2007). Sendo transmitida principalmente por meio do convívio com os doentes do tipo virchowiano ou dimorfo que ainda não foram diagnosticados e não iniciaram tratamento. Esses indivíduos possuem carga bacilar suficiente para favorecer a transmissão (SANTOS; CASTRO; FALQUETO, 2008). Sabe-se que as condições socioeconômicas e culturais têm grande influência na distribuição e propagação da endemia hansênica, apresentando uma estreita relação com as 26 condições precárias de habitação, baixa escolaridade e ainda, com movimentos migratórios que facilitam a difusão da doença (AMARAL, 2008). Podendo atingir pessoas de todas as idades e de ambos os sexos (ALBAN, 2006). Se não ocorrer cura espontânea e eliminação do M. leprae os casos evoluem para as formas paucibacilar ou multibacilar da Hanseníase, sendo que apenas 5 a 10% da população infectada desenvolvem a doença. O período de incubação da doença varia nas 2 formas, apresentando uma média de quatro anos para desenvolvimento da forma tuberculóide e de dez anos para a virchowiana (DIONELLO, 2008). O homem é considerado o único reservatório natural no que diz respeito à transmissão da doença; porém, alguns animais como o chimpanzé (Pan troglodytes), o macaco mangabei (Dercocebus torquatus atys) e o tatu (Dasypus novencintus) poderiam ser prováveis reservatórios da infecção, já que nestas três espécies a hanseníase é naturalmente adquirida (MARTINS; CASTRO; MOREIRA, 2005). 4.3 EPIDEMIOLOGIA Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2000, o Brasil respondia por 80% das notificações no continente americano. Com o crescimento de notificações, esse valor chegou a 92% em 2005 (IMBIRIBA et al, 2009). A cada ano são diagnosticados cerca de 43.000 casos novos da doença no Brasil, e a taxa de prevalência atual gira em torno de 4/10.000 habitantes. A meta, que deveria ter sido atingida em 2000, foi adiada para dezembro de 2005 e também não foi cumprida, de acordo com o compromisso com a OMS. Por causa dos estados em que a meta não foi alcançada, o Brasil só deverá atingir uma prevalência ideal e homogênea no ano de 2010. (JUNQUEIRA; CAIXETA, 2008). Uma previsão menos otimista aponta que tal resultado só será alcançado em 2014 (GARBINO, 2006). A OMS estima em 1,8 milhões o número de pacientes em todo o mundo para o ano de 2010, com grandes variações de incidência e prevalência para as diversas regiões geográficas (FEITOSA, 2008). Os principais indicadores de monitoramento de eliminação da hanseníase apontam para uma melhor situação da Região Sul em relação à Região Norte, contudo, os coeficientes de detecção continuam elevados no Brasil e América Latina (SILVA JÚNIOR et al, 2008). No inicio da década de 80, estimava-se o número de doentes no mundo em cerca de 12 a 13 milhões, com 5.500.000 casos em registro ativo. Com a introdução dos esquemas 27 poliquimioterápicos, a prevalência da doença baixou consideravelmente e o número de casos registrados está abaixo de um milhão. Um esforço global está sendo realizado para eliminar a hanseníase como um problema de saúde pública (GARBINO, 2006). O Brasil é considerado o segundo país com maior número de casos de hanseníase no mundo, respondendo, perdendo apenas para a Índia (GOMES et al, 2005). Nos últimos cinco anos, a média de casos novos detectados no Brasil é de 4.000 casos indicando um processo de transmissão recente e ativo da doença (BARBOSA et al, 2008). Sabe-se que as condições sócio-econômicas e culturais têm grande influência na distribuição e propagação da endemia hansênica, apresentando uma estreita relação com as condições precárias de habitação, baixa escolaridade e ainda, com movimentos migratórios que facilitam a difusão da doença (AMARAL; LANA, 2008). 4.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A hanseníase possui amplo espectro de manifestações clínicas relacionadas a três processos: dano celular e tecidual em função da multiplicação e disseminação dos bacilos; resposta imunológica do hospedeiro; e complicações do acometimento dos nervos periféricos (SCHETTIN et al, 2008). O individuo entrando em contato com bacilo e adoecendo, vai apresentar a primeira forma da doença que é a indeterminada, e daí vai evoluir para uma das três formas: tuberculóide diforma ou virchowiana, a depender da carga bacilar adquirida, da imunidade celular, da capacidade dos macrófagos em destruir os bacilos, da sob população dos linfócitos T que vão atuar com suas ocitocinas (LONGO, 2006). Indivíduos anérgicos desenvolvem a hanseníase virchoviana, a qual cursa com comprometimento visceral; aqueles com imunidade celular parcial desenvolvem a hanseníase dimorfa, forma instável e sujeita a vários episódios reacionais antes, durante ou após a poliquimioterapia (BARRETO et al, 2005). As variadas formas clínicas de apresentação são determinadas por diferentes níveis de resposta imune celular ao M. leprae. O quadro neurológico acomete os nervos periféricos, atingindo desde as terminações na derme até os troncos nervosos (GOMES et al, 2005). Afetando, principalmente, os tecidos ou órgãos com temperaturas mais baixas, tais como, nervos superficiais, extremidades da pele (nariz, falanges, orelhas) e globo ocular podendo resultar em quadros mutilantes com sequelas irreversíveis (ANGELUCCI et al, 2007). 28 O bacilo cresce na célula de Schwann provocando a desmielinização nos segmentos nervosos de maior população bacilar, o que ocorre mesmo antes do organismo perceber a presença do bacilo e responder imunologicamente. Essa resposta imunológica, na hanseníase, pode demorar muito tempo, o que dificulta estabelecer com precisão o inicio da patologia, tanto no nervo como na pele, embora na pele seja mais evidente (GARBINO, 2006). A neuropatia periférica é a principal causa de morbidade na hanseníase, sendo responsável pelas deformidades e deficiências apresentadas por muitos portadores da doença. O dano neural afeta as fibras do sistema nervoso periférico sensitivo, motor e autônomo. Essas lesões nervosas são caracterizadas por infiltrado crônico ou subagudo, contendo células epitelióides ou macrófagos repletos de bacilos. Essas lesões estão relacionadas com a resposta imune do indivíduo, sendo que as limitadas evidências indicam que os mecanismos imunológicos ocorridos nos nervos são similares aos já descritos na pele (MENDONÇA et al, 2008). O espessamento, o dolorimento à palpação e a induração são características da hanseníase e podem se apresentar focal ou difusamente ao longo do nervo, especialmente nos locais de aprisionamento nos túneis osteoligamentares. E pode se apresentar como nodosidades e irregularidades, uma ou várias. Os nódulos são decorrentes dos granulomas e abscessos, e o espessamento fusiforme, expressão do edema intraneural. A desmielinização focal é uma manifestação precoce da infestação da célula de Schwann pelo M. leprae. Essa desmielinização focal adquirida tem como expressão neurofisiológica a diminuição da velocidade de condução (VC) em um segmento definido do nervo e a dispersão temporal do potencial de ação, tanto sensitivo como o motor (GARBINO, 2006). A neurite, decorrente de lesões inflamatórias dos nervos periféricos, pode ser consequência tanto da ação do bacilo nos nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas. Manifesta-se através de dor intensa e edema. Frequentemente cronifica-se, resultando em anidrose, alopecia, perda da sensibilidade, parestesia, perda da força muscular e paralisia nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos, comprometendo principalmente a funcionabilidade dos olhos, mãos e pés (CASTRO et al, 2009). Nas mãos e nos pés, são observados edema fusiforme do dígito afetado, rarefação óssea, cistos únicos ou múltiplos localizados nas epífises ou diáfises, alargamento dos forames de nutrição, necrose, periostite, osteíte e osteomielite. tardiamente, podem ocorrer fratura patológica e colapso epifisário (FERREIRA et al, 2008). 29 Na face, o comprometimento da cartilagem nasal é uma manifestação tardia da doença. A reabsorção do septo nasal produz a típica deformidade do nariz em cela, estigma da hanseníase por séculos e atualmente manifestação rara. Quando complicado por infecção secundária pode ocorrer desintegração do septo (PEREIRA et al, 2006). O acometimento das pálpebras e seus anexos pelo M. leprae pode provocar diminuição ou perda da elasticidade cutânea, com acentuada dermatocalasia palpebral, especialmente nas pálpebras superiores. Pode ainda ocorrer blefarocalase, edema, atrofia tecidual, ectrópio, ptose, triquíase, lagoftalmo, madarose ciliar e o comprometimento da sensibilidade corneana (BARBOSA; SILVA; ROSA, 2007). O comprometimento do globo ocular ocorre especialmente nas córneas e na íris. O acometimento da córnea ocorre com infiltrações que diminuem sua sensibilidade, ocasionando os chamados panos. Eles levam à formação de úlceras que reduzem drasticamente a visão, resultando na cegueira. Na alteração da íris, podem-se encontrar atrofias irianas do estroma do epitélio, nódulos inespecíficos e específicos (pérolas irianas), irites agudas ou crônicas, irido-ciclite e sinéquias (BARBOSA; SILVA; ROSA, 2007). As deformidades, as incapacidades físicas e demais consequências da hanseníase, decorrentes do comprometimento neurológico, poderão estar presentes no doente justamente porque o M. leprae (bacilo de Hansen), causador da doença, possui uma predileção no acometimento de nervos periféricos (DIAS; CYRINO; LASTÓRIA, 2008). As perdas de função dos axônios sensitivos, neurovegetativos e motores por sua vez, limitam ou incapacitam para as atividades da vida diária e laborativa tomando-se mantenedoras e causadoras, em potencial, de mais e maiores incapacidades, mesmo depois de cessadas as reações, agora pelas consequências das paralisias (GARBINO, 2006). 4.5 CLASSIFICAÇÃO DA HANSENÍASE Em função dos diferentes espectros da manifestação da doença, foram adotadas diferentes classificações para a hanseníase, sendo as mais tradicionais as de Madri, e de Ridley e jopling (LONGO, 2006). 30 4.5.1 Classificação de Madri A classificação de Madri de 1953 divide a Hanseníase clinicamente em quatro formas diferentes: virchowiana, dimorfa, indeterminada e tuberculóide. Essa subdivisão é determinada pelas manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes e pela quantidade e ou presença de BAAR encontrados na baciloscopia. A polarização entre as formas depende da resposta imune que ocorre após a infecção pelo BAAR no hospedeiro (DIONELLO, 2008). 4.5.2 Classificação de Ridley e Jopling Em 1966, Ridley e Jopling propuseram outra classificação baseando-se nas diferenças no grupo de Hanseníase dimorfa segundo a tendência para um dos pólos, e na resposta ao tratamento apresentada por essas subdivisões (PAVANI; TONOLLI; D’AVILA, 2008), sendo mais recomendada nos estudos imunológicos; baseia-se no critério histopatológico e sugere a possibilidade de as formas oscilarem no espectro da doença, ora para o pólo de resistência (tuberculóide), ora para o pólo de susceptibilidade (virchowiano). Os subtipos são TT (tuberculóide), BT (borderline tuberculóide), BB (borderline borderline), BV (borderline virchowiano) e VV (virchowiano) (MENDONÇA et al, 2008). Essa classificação, leva em consideração a imunidade dentro de um espectro de resistência do hospedeiro e a histopatologia, sendo, portanto, difícil a sua utilização no campo, pelos serviços de saúde (GROSSI et al, 2008). O valor de tal classificação não é simplesmente histórico; a aplicação continua deste sistema é essencial para uma melhor compreensão da doença e o desenvolvimento de uma estratégia eficaz de combate e prevenção (TEXEIRA et al, 2008)a. Os pólos desse espectro são ocupados de um lado pela forma mais localizada denominada tuberculóide, associada à resposta imunológica do tipo Th1 (celular), e do outro pela forma virchowiana, sistêmica, e associada a resposta imunológica do tipo Th2 humoral (PREVEDELLO; MIRA, 2007). 4.5.2.1 Hanseníase Indeterminada A hanseníase indeterminada (HI) é a forma inicial da doença. Aparece após um período de tempo, que varia de poucos meses até anos e evolui espontaneamente para a cura 31 na maioria dos casos, ou para as outras formas da doença, em 25% dos casos (PINHEIRO, 2007). Caracterizada por manchas hipocrômicas, únicas ou múltiplas, alterações superficiais da sensibilidade (hipoestesia, hiperestesia), anestesia térmica, com preservação dolorosa e tátil, sem lesão cutânea, sem expressão clínica de comprometimento de troncos nervosos (PEREIRA et al, 2008). O prognóstico é bom, isto é, quando tratada adequadamente, a cura ocorre sem deixar sequelas, embora às vezes persistam pequenas áreas hipoestésicas e/ou máculas hipocrômicas residuais (PINHEIRO, 2007). 4.5.2.2 Hanseníase Tuberculóide A hanseníase tuberculóide é forma não contagiante da doença, caracterizada por lesão bem localizada que ocorre em pessoas que têm alta resistência ao bacilo (PINHEIRO, 2007). Surge a partir da HI não tratada, nos pacientes com boa resistência a doença. Caracteriza-se por lesões em placa na pele com bordas bem delimitadas, eritematosas ou por manchas hipocrômicas nítidas e definidas. As lesões da pele se apresentam em número reduzido (FERREIRA, 2005). Com baciloscopia negativa, microtubérculos, de centro aparentemente poupado, comprometimento assimétrico de nervos e da sensibilidade superficial (hipoestesia, anestesia térmica, dolorosa e tátil), calosidades e úlceras profundas localizadas em áreas de compressão óssea, alopécia e anidrose (PEREIRA et al, 2008). O seu prognóstico é variável, pois depende do tronco nervoso acometido e da adequação do tratamento das neurites. Raramente, ocorre comprometimento visceral (PINHEIRO, 2007). 4.5.2.3 Hanseníase Virchowiana Essa é a forma contagiante da doença, quando não tratada. Estima-se que doentes virchowianos eliminam em torno 2,4 x 10 trilhões de bacilos pelo trato respiratório, diariamente. Neste grupo a imunidade é nula e o bacilo se multiplica muito rapido, levando a um quadro mais grave, com anestesia dos pés e das mãos que favorecem os traumatismos e feridas que podem causar deformidades, atrofia muscular, inchaço das pernas e surgimento de lesões elevadas na pele e nódulos, acompanhada de alopecia (queda do pelo) e anidrose (ausência de suor), a adarose (perda de cílios e supercílios) é outra característica desta forma da doença. As alterações faciais do doente tornam a pele, além de espessa, sede de grande 32 número de hansenomas de tamanhos variados e confluentes, em maior número, na fronte. Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam-se mais grossos e proeminentes. As bochechas e o mento se deformam pelo aparecimento de nódulos. A barba se escasseia ou desaparece. Essas alterações em conjunto dão ao rosto o aspecto de cara de leão, que é denominada facies leonina (PINHEIRO, 2007). 4.5.2.4 Hanseníase Dimorfa A forma dimorfa ou borderline oscila entre as manifestações da forma tuberculoíde e virchowiana. O doente pode apresentar lesões de pele, bem delimitadas, sem ou com raros bacilos ou e lesões infiltrativas mal delimitadas, com número elevado de bacilos. Uma mesma lesão pode apresentar borda interna nítida e externa difusa. O comprometimento neurológico troncular e os episódios reacionais são freqüentes, podendo causar incapacidades e deformidades físicas. A baciloscopia pode ser positiva ou negativa e o teste de Mitsuda é geralmente negativo (FERREIRA, 2005). 4.5.3 Classificação Operacional Inicialmente os pacientes eram tratados de acordo com a classificação histopatológica de Ridley e Jopling, porém, devido a necessidade de expansão da campanha de eliminação da hanseníase, foi proposta pela OMS uma classificação operacional baseada na contagem do número de lesões de pele. Os pacientes são classificados em paucibacilares (PB) ou multibacilares (MB) se apresentam de uma a cinco lesões ou mais de cinco lesões, respectivamente (MENDONÇA et al, 2008). Essa classificação criada de tratamento, em que reúne os pacientes em dois grupos: a) paucibacilares (PB): que correspondem as formas clínicas que possuem imunidade celular preservada, baciloscopia negativa e teste de Mitisuda positivo, abrangendo as formas tuberculoide e indeterminada; b) multibacilares (MB): correspondem a formas clínicas com imunidade específica ao bacilo reduzida ou ausente e baciloscopia positiva, correspondendo às formas virchowiana e dimorfa (CASTRO et al, 2009). Nas formas Vichowiana (VV), multibacilares, o envolvimento neural é extenso (simulando uma polineuropatia) e pouco intenso; o comprometimento dos troncos nervosos é 33 mais tardio e muito insidioso, se agravando e agudizando na vigência de reações. Nos dimorfos (DD e DV), multibacilares (mononeuropatias múltiplas), as lesões dos nervos periféricos são intensas e extensas ao mesmo tempo (GARBINO, 2006). A forma indeterminada e paucibacilar é considerada em pacientes identificados com lesões que surgiram após período de incubação de anos (2 a 5). As manchas são mais comumente hipocrômicas e hipoestésicas, encontradas em qualquer local da pele. Não é descrito comprometimento neuronal na forma indeterminada (DIONELLO, 2008). A evolução da doença depende da competência da imunidade celular do indivíduo frente ao bacilo. Aqueles que apresentam resistência ao bacilo podem evoluir para cura espontânea ou para as formas PB. No entanto, os indivíduos que não possuem resistência evoluem para as formas MB (ORSINI, 2008). 4.5.4 Reações hansênicas A hanseníase tem como característica marcante a cronicidade da evolução, sendo episodicamente interrompida por fenômenos imunológicos e inflamatórios agudos, chamados clinicamente de reações. Esses episódios acontecem quando o crescimento bacilar é suficiente para romper as células nas quais estão abrigados e os próprios bacilos ou antígenos bacilares, em quantidades suficientes, estimulam respostas celulares ou humorais, dependendo da forma clínica (GARBINO, 2006). As reações podem ocorrer em todas as formas clínicas, com exceção do grupo indeterminado, e geralmente seguem fatores desencadeantes, tais como infecções intercorrentes, vacinação, gravidez, puerpério, uso de medicamentos iodados, estresse físico e emocional, devendo ser prontamente diagnosticadas e tratadas. No entanto, os fatores precipitantes e mecanismos fisiopatológicos envolvidos no desencadeamento de ambos os tipos de episódio reacional permanecem ainda mal definidos (MENDONÇA et al, 2008). Durante a evolução da doença ou do tratamento, podem ocorrer surtos de alteração da resistência ao M. leprae que resultam em reações imunológicas denominadas estados reacionais, que são classificadas em dois tipos de reação (PINHEIRO, 2007). A reação tipo 1 ou reversa é mais usual em pacientes paucibacilares e interpolares (dimorfos ou borderlines) e se apresenta com exacerbação das lesões iniciais, surgimento de novas lesões cutâneas e neurites. A reação tipo 2, cuja expressão clínica mais frequente é o 34 eritema nodoso hansênico, também pode se manifestar como eritema multiforme ou fenômeno de Lúcio; tem correlação imunológica com a formação de imunocomplexos extravasculares, fixação do complemento e produção de anafilatoxinas no local de liberação de antígenos micobacterianos, predominando uma resposta do tipo TH2 com ativações transitórias da resposta do tipo TH1. Estas reações são acompanhadas de sintomas sistêmicos como febre, astenia, dores difusas pelo corpo, perda de peso, alterações laboratoriais do hemograma, hepatograma, marcadores inflamatórios. Neste grupo podem ocorrer diversas manifestações extra-cutâneas, também chamadas de doenças auto-agressivas hansênicas: neurites, glaucoma, irites, artrite, epistaxe, adenomegalia, edema, e outras (JUNQUEIRA; CAIXETA, 2008). Essas reações são causa frequente de incapacidades, podendo ser acompanhadas de dor intensa, hipersensibilidade do nervo, edema, déficit motor e sensitivo. Podem ocorrer ainda neurites silenciosas, em que não se verificam os achados de dor ou hipersensibilidade do nervo, mas há alterações de sensibilidade e de força motora, e, muitas vezes, só podem ser detectadas por exames específicos, o que torna de suma importância as avaliações periódicas, mesmo na ausência de qualquer queixa do paciente (GOMES, 2005). 4.6 DIAGNÓSTICO DA HANSENÍASE O diagnóstico da hanseníase é feito através do exame físico (AMARAL, 2008). Por meio do achado de pelo menos um dos sinais cardinais: mancha de pele hipocrômica ou eritematosa com perda da sensibilidade, espessamento de nervo periférico com ou sem déficit sensitivo e/ou motor e baciloscopia positiva (ORSINI, 2008). Já a avaliação neurológica consiste na inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés, palpação dos troncos nervosos periféricos, avaliação da força muscular e avaliação de sensibilidade nos olhos, membros superiores e inferiores. A palpação dos nervos periféricos tem o objetivo de verificar se há espessamento dos nervos que inervam os membros superiores e inferiores, visando prevenir lesões neurais e consequentes incapacidades (AMARAL, 2008). A soropositividade relaciona-se com a carga bacilar, mas não é teste para diagnóstico de hanseníase. Este teste tem sido proposto como instrumento auxiliar para a classificação dos pacientes com hanseníase para tratamento com PQT (FERREIRA; ANTUNES, 2008). 35 Como método complementar existe a baciloscopia, que é um exame bacteriológico em que se busca identificar o M. leprae em esfregaços de raspados intradérmicos (ORSINI, 2008). O ML Flow, desenvolvido em 2003, utiliza soro ou sangue total pode ser utilizado como um instrumento adicional para a correta classificação de casos novos de hanseníase em PB ou MB e ser útil na identificação de contatos de pacientes de hanseníase com maior risco de desenvolver a doença no futuro (GROSSI et al, 2008). A sorologia anti PGL-I é altamente específica e a presença de anticorpos séricos se correlaciona com o IB dos pacientes MB. Entretanto, a sorologia anti PGL-I tem limitado valor diagnóstico para hanseníase PB, pois esta categoria de pacientes tem IB baixo ou ausente e é caracterizada por RIC, ao invés de resposta imune humoral (STEFANI, 2008). Há também a reação de Mitsuda, um teste de aplicação intradérmica e leitura tardia, com resposta do tipo granulomatosa, avaliada 28 dias após inoculação da lepromina. No entanto, ele não possui valor diagnóstico (AMARAL, 2008). Atualmente não existe nenhum teste laboratorial sensível e específico para o diagnóstico da infecção assintomática pelo M. leprae ou para prever a progressão para hanseníase entre indivíduos expostos (STEFANI, 2008). 4.7 TRATAMENTO O primeiro tratamento da hanseníase foi à base de óleo de chaulmoogra usado no século XIX (FERREIRA, 2005). O óleo de chaulmoogra, que foi utilizado na Índia “desde tempos imemoriais”, quando atingiu as farmacopéias ocidentais, deixou de ser utilizado somente em sua versão pura para se tornar também a base de inúmeras fórmulas. Assim, tornou-se a substância mais preconizada pelos médicos nas primeiras décadas do século XX, sendo inclusive considerada como específica contra a lepra. (CUNHA, 2005). A partir de 1947 passou a ser utilizado o medicamento específico chamado Sulfona, que trouxe esperanças de melhora para o portador do mal de Hansen. Embora esse medicamento tenha dado bons resultados em alguns pacientes, foram notadas também pessoas resistentes ao tratamento (FEITOSA, 2008). Nas formas clínicas em que o hospedeiro apresenta alta resistência, o bacilo raramente é demonstrado, as lesões são bem delimitadas e em pequeno número. Nas formas de baixa 36 resistência, o bacilo é facilmente detectado, havendo grande número de lesões. Esse atributo é utilizado para determinação do esquema terapêutico adequado (SCHETTINI et al, 2008). As grandes mudanças no tratamento da hanseníase ocorreram com a introdução da PQT no início da década de 80. A PQT permitiu curas definitivas em períodos relativamente curtos e redução significativa da prevalência da doença. Trouxe também redução da incidência das incapacidades físicas (ORSINI, 2008). Em 1981, a OMS criou grupos de estudo para realizar pesquisas sobre a quimioterapia para a hanseníase, cujo relatório final recomendou a adoção de outras drogas, incluindo a rifampicina e a clofazimina, além de manter a dapsona. Esse esquema foi denominado de PQT que significa a utilização de mais de duas drogas no tratamento da hanseníase (FERREIRA, 2005). A PQT instituída pelo Ministério da Saúde e com distribuição gratuita no Brasil na rede pública de saúde. Há esquemas para doentes paucibacilares e multibacilares. As reações do tipo1 (reversa) ou tipo2 (eritema nodoso) têm como principal tratamento os corticóides e a talidomida (JUNQUEIRA; CAIXETA, 2008). A adoção do esquema PQT/OMS como tratamento oficial e utilizado em larga escala no mundo fez com que houvesse uma significante queda das taxas de prevalência em vários países endêmicos, causando importantes mudanças na situação epidemiológica da hanseníase. Aproximadamente 9,8 milhões de pacientes foram considerados curados, a taxa de prevalência caiu em 85% no mundo e a duração do tratamento foi reduzida de acordo com a forma clínica da doença (FERREIRA, 2005). A PQT-MB prevê na dose supervisionada a tomada da clofazimina, além da rifampicina, e doses diárias auto-administradas de dapsona e clofazimina. A duração do tratamento foi inicialmente de 24 doses, sendo posteriormente admitida sua realização com 12 doses em até 18 meses. Existe ainda o terceiro esquema, alternativo, recomendado para formas PB com lesão única de pele, denominado ROM - rifampicina, ofloxacina e minociclina administradas em dose única (ARAÚJO, 2005). 4.8 INCAPACIDADE FÍSICA A CIF substituiu a Classificação das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID), propõe que a incapacidade seja considerada na intersecção entre o corpo biológico e as estruturas sociais e institucionais. Define a incapacidade desabilidade como um “fenômeno relacional por meio do qual as limitações funcionais de um déficit ou deficiência podem 37 tornar-se incapacitantes devido a relações sociais mais amplas e atitudes”. a CIF se aplica de forma universal a todas as pessoas e não somente àquelas com algum déficit e busca romper com a sequência linear e causal presente na CIDID (MÂNGIA; MURAMATO; LANCMAN, 2008). A presença de incapacidades, causadas pela hanseníase em um paciente curado, é um indicador de que o diagnóstico foi tardio ou de que o tratamento foi inadequado (PINHEIRO, 2007). A alteração muscular e óssea mais frequentemente observada na Hanseníase é a atrofia muscular, principalmente em mãos e pés, sendo relacionada ao envolvimento de terminações e troncos de nervos. Observam-se ainda lesões de maior gravidade, como articulações neuropáticas de Charcot, necrose e reabsorção ósseas, artrite séptica e osteoporose (DIONELLO, 2008). O comprometimento articular poderá causar destruição da articulação expressada por estreitamento do espaço articular ou mesmo fusão das falanges. Ocasionalmente, são detectados bacilos no líquido sinovial. Na hanseníase, a reabsorção óssea afila e ou encurta as falanges, metacarpos e metatarsos. A reabsorção distal diminui o comprimento ósseo, enquanto que a reabsorção do osso trabecular, também chamada de atrofia óssea concêntrica, diminui a largura. Nas mãos, a reabsorção óssea inicia nas extremidades das falanges distais, locais mais sujeitos ao traumatismo, com acometimento subsequente das falanges médias e proximais e, mais raramente, dos ossos metacarpianos. Na deformidade em garra, as articulações interfalangeanas proximais em flexão ficam sujeitas ao trauma, enquanto que as extremidades distais são poupadas (FERREIRA, 2006). Levando a alteração biomecânica que ocorre a partir de amiotrofias, fraqueza musculare e deformidades que contribuem diretamente para o desarranjo ósseo do pé. Esse desarranjo faz com que o paciente realize uma marcha desajustada e provoque novos pontos de pressão em regiões do pé não apropriadas. Além disso, o hanseniano possui diminuição ou abolição da sensibilidade, o que reflete na diminuição da proteção fisiológica necessária para a prevenção de inúmeras lesões cutâneas. As úlceras cutâneas constituem uma importante complicação consequente da neuropatia nos pacientes hansenianos. Essas lesões devem ser abordadas e devidamente prevenidas, pois constituem porta de entrada para infecções que podem se agravar e conduzir o paciente a complicações graves e até mesmo à amputação (GOMES; FRADE; FOSS, 2007). 38 São escassas as publicações sobre o número de pessoas que apresentam incapacidades devido à hanseníase. Estimativas sugerem que aproximadamente dois a três milhões de indivíduos tenham algum grau de comprometimento físico como resultado da doença (GONÇALVES; SAMPAIO; ANTUNES, 2009). 4.9 QUALIDADE DE VIDA A qualidade de vida tem sido apontada como uma categoria analítica central para promover abordagens integradoras e interdisciplinares. É compreendida por diversos autores como decorrente de uma construção subjetiva, multidimensional, composta por elementos positivos e negativos. Desse modo, amplia o espectro de análise dos processos envolvidos na perspectiva da ecologia humana e da investigação das conexões entre as múltiplas dimensões da relação entre saúde e trabalho (PENTEADO; PEREIRA, 2007). O conceito de saúde é muito amplo, abrangendo diversos aspectos da vida diária de um indivíduo. Segundo a OMS é a percepção do indivíduo sobre seu bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doenças. Como é conceito subjetivo, apesar de muitos médicos considerarem a importância do comprometimento da qualidade de vida de seus pacientes, essa avaliação, infelizmente, não é tão acurada em demonstrar o real impacto (MARTINS; TORRES; OLIVEIRA, 2008). A qualidade de vida é a eterna busca dos objetivos e metas a serem alcançados pelo ser humano sendo esta, talvez, a razão da vida, A qualidade de vida esta sendo classificada não apenas com relação à saúde, mas aos indicadores subjetivos que estão ligados a aspectos como felicidade, satisfação com a vida ou bem-estar psicológico, Portanto, para que se tenha um perfil da qualidade de vida individual, é necessário que o enfoque seja amplo e contemple as várias dimensões da vida humana (VAREJÃO, 2007). Em relação à saúde, “as noções se unem em uma resultante social da construção coletiva dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade estabelece, como parâmetros, para si (RIBEIRO et al, 2008). Em função das muitas definições e conceitos sobre o tema, avaliar qualidade de vida também não é uma tarefa simples. Vários instrumentos são encontrados na literatura especializada. Um dos melhores e mais utilizados questionários de avaliação é o desenvolvido pela OMS, pois foi criado dentro de uma escala com perspectiva transcultural, por pesquisadores dos mais variados países, o WHOQOL-100 (TEIXEIRA et al, 2008)b. 39 Devido à complexidade e à extensão deste instrumento, a OMS sentiu a necessidade de obter um teste mais resumido para os estudos epidemiológicos mais amplos, porém com características psicométricas satisfatórias. Por isso desenvolveu uma versão abreviada, o WHOQOL-bref (TEIXEIRA et al, 2008)b. O instrumento proposto pela OMS para adulto, o Word Health Organization Quality of Life Instrument Bref (WHOQOL-Bref) tem sido utilizado para mensurar a qualidade de vida relacionada à saúde em grupos de indivíduos enfermos, sadios e idosos (PEREIRA et al, 2006). A utilização do WHOQOL-Bref neste estudo é justificada pela literatura, que mostra boa resposta do instrumento à qualidade de vida dos idosos, e pela ausência de um instrumento validado para idosos e traduzido para o português com características tão abrangentes e de simples aplicabilidade (PEREIRA et al, 2006). 4.9.1 Qualidade de vida e hanseníase A hanseníase ou Mal de Hansen é uma doença que altera profundamente a condição de vida do doente, e que se não tratada adequadamente pode evoluir com alterações físicas que mudam a aparência e causam limitações severas no desempenho das atividades cotidianas dos portadores da doença. A doença é cercada de forte estigma social e ainda hoje está associada à lepra, sendo por isto, uma doença estigmatizante vivida por muitos com sofrimento, mesmo depois de curados (SÁ; PAZ, 2007). Pessoas acometidas vivenciam de maneira particular o estigma da doença sendo este um dos fatores que dificultam a aceitação da mesma. Historias bíblicas antigas em relação a lepra tornam a hanseníase carregada de preconceitos. As deformidades causadas pela doença davam uma imagem assustadora das pessoas e o sofrimento as levou ao isolamento, posteriormente este se tornou compulsório, recurso de evitar a propagação da doença. Quando o indivíduo possui alguma deficiência que constitua uma dificuldade para a sua aceitação integral na sociedade, considera-se estigmatizado (SANGI et al, 2009). Além disso, seus sintomas provocam muitas vezes rejeição social ao paciente. O corpo é visto antes de tudo como um instrumento de trabalho, logo, a doença é mais evidente quando perturba o funcionamento normal do trabalho (MINUZZO, 2008). A hanseníase além da sua magnitude deve ser pensada também pela sua transcendência, em função do sofrimento humano, discriminação social e prejuízos 40 econômicos que vêm sempre associados à doença, principalmente se não for oportunamente diagnosticada e tratada (AMARAL, 2008). As seqüelas podem ser desfigurantes, mutilantes e incapacitantes, que na maioria das vezes desencadeia transtornos de ordem multidimensional (DIAS; CYRINO; LASTÓRIA, 2007). A hanseníase produz mudanças no corpo, tornando possível a sua visualização. E a imagem corporal é um dos componentes fundamentais na construção da identidade do indivíduo, a qual depende, em grande medida, da relação do individuo com o seu corpo (PARDO, 2006). As deformidades faciais são verdadeiros agentes estigmatizantes, carregados de discriminações e preconceitos, o que causa maior isolamento social do hanseniano (BARBOSA et al, 2007). Esse prejuízo na qualidade de vida associou-se de forma mais importante a algumas situações específicas da doença, como forma clínica multibacilar, reação hansênica e incapacidade física. Fazem-se, portanto necessária abordagens multidisciplinares ao paciente, ações que visem não só à eliminação, mas também à prevenção de incapacidades, estímulo à adesão ao tratamento e combate ao estigma social, a fim de minimizar o impacto da doença sobre a vida do indivíduo (MARTINS; TORRES; OLIVEIRA, 2008). O doente de hanseníase passa por inúmeros conflitos como perda da capacidade laborativa, modificação do corpo com o aparecimento das deformidades, discriminação, preconceito e alteração da sua auto-estima (CAVALIERE, 2006). Os indivíduos necessitam resgatar sua auto-estima, seus vínculos e relacionar-se para reintegrar-se ao mundo real. Os sentimentos relacionados a esta doença como o medo, a vergonha, a culpa, a exclusão social, a rejeição e a raiva fazem parte do seu cotidiano (BAIALARDI, 2007). Para tentar diminuir o estigma e o processo de exclusão, foram surgindo vários movimentos sociais com o objetivo de oferecer informações esclarecedoras sobre a hanseníase. O movimento mais significante foi o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) que, entre várias reivindicações, propôs a lei de n. 9.010, solicitando a mudança do termo lepra para hanseníase. Esta lei foi aprovada em 29 de março de 1995, com o objetivo de tentar amenizar os preconceitos causados pela lepra (BARBOSA; SILVA; ROSA, 2007; NERY, 2005). 41 5 CASUÍSTICA E MÉTODOS 5.1 ASPECTOS ÉTICOS O trabalho em questão foi realizado após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP – UNAMA) protocolo nº 0090.0.075.075-09 (ANEXO I) aprovação da direção da Unidade (APÊNDICE A), assim como aceite da orientadora (APÊNDICE B). Todos os sujeitos do estudo assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE C) de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde 2000. Todas as informações pertinentes à clientela do estudo em questão foram preservadas no processo de análise, garantindo-se o sigilo absoluto assim como será mantida fidelidade dos dados coletados. 5.2 TIPO DE ESTUDO Trata-se de um estudo observacional descritivo do tipo inquérito transversal, no qual foi realizada a avaliação da qualidade de vida e do grau de incapacidade física através da aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref” e verificação de sensibilidade com uso dos monofilamentos (estesiômetro) e do fio dental sem sabor, para avaliação de incapacidade física do ministério da saúde modificado e um questionário de avaliação funcional das mãos proposto por Ferreira (2006). Também foi aplicado o MEEM (miniexame do estado mntal) e uma ficha de identificação abrangendo dados do paciente residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. 5.3 LOCAL DA PESQUISA O presente estudo foi desenvolvido na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, localizado na BR 316- KM 13, Av. João Paulo II, Bairro Aristides, Marituba-PA. 42 5.4 CASUÍSTICA Foram sujeitos da pesquisa 26 pacientes acometido pela hanseníase que residem na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Participou da pesquisa somente os pacientes que vivem na Unidade Especial Abrigo João Paulo II e possuem diagnóstico confirmado de hanseníase que se enquadraram nos critérios do estudo após assinar o TCLE, e que não apresentarem intercorrências que prejudicassem a coleta dos dados. 5.4.1 Critérios de inclusão Como critérios de inclusão adotados foram: • pacientes que residem na Unidade Especial Abrigo João Paulo II • que assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) • ter recebido diagnóstico de hanseníase • interesse em participar do estudo • maiores de 18 anos • sem alterações do estado mental 5.4.2 Critérios de exclusão Foram excluídas do trabalho pacientes que apresentarem outras patologias neuromotoras, distúrbio mental e patologias cardíacas confirmadas que venham comprometer os resultados. ● que não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ● pacientes com alterações do estado mental, confirmados através do resultado do MEEM. ● menores de 18 anos 43 5.5 INSTRUMENTOS DA PESQUISA Foram utilizados como instrumentos avaliativos o miniexame do estado mental (MEEM) (ANEXO II), ficha de identificação (APÊNDICE D), um questionário de qualidade de vida WHOQL-Bref (ANEXO III), ficha de avaliação de incapacidade física do ministério da saúde modificado (APÊNDICE E), e um questionário de avaliação funcional das mãos nas lesões de nervos periféricos (APÊNDICE F) proposto por Ferreira (2006), além do Kit para Teste de Sensibilidade (SEMMES-WEINSTEIN MONOFILAMENTOS) marca Sorri e fio dental macio, sem sabor para avaliação de sensibilidade da córnea. Houve treinamento prévio para padronizar a aplicação do teste, e somente um dos pesquisadores avaliou todos os indivíduos do estudo, de maneira cega em relação a classificação clínica do sujeito. 5.6 ETAPAS A coleta de dados foi realizada em cinco etapas que ocorreu em um único encontro: I Etapa – Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) Os voluntários da pesquisa foram abordados em suas moradias, localizadas dentro da Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Após a apresentação dos pesquisadores, foi explicado ao paciente sobre o trabalho e a finalidade do mesmo. Assim como também foi entregue o TCLE. (APÊNDICE C). A opção de participar como voluntário no trabalho implica na assinatura do termo, sendo impedida qualquer influência dos pesquisadores nesta decisão. Aqueles que concordaram em participar da pesquisa e que se enquadraram nos critérios de inclusão foram submetidos às demais etapas. II Etapa- aplicação do mini-exame do estado mental Como método avaliativo do estado mental foi utilizado o miniexame do estado mental (MEEM). Trata-se de um teste simples para exame do estado mental do paciente, que requer pouco tempo para sua aplicação, e que pode ser reaplicado por qualquer profissional da saúde, 44 não necessitando, portanto, de conhecimento especial. O MEEM avalia as funções mentais da memória (imediata e de evocação) orientação, atenção, cálculo e linguagem, possuindo uma alta sensibilidade, que permite detectar, inclusive, níveis de deficiência moderada de memória (NETTO, 2007). (ANEXO II), determinando assim a inclusão ou a exclusão do paciente na pesquisa. III Etapa – Aplicação da Ficha de identificação A partir do exame do estado mental foi preenchida uma ficha, (APÊNDICE D), que consta a identificação do paciente. IV Etapa- Aplicação do instrumento avaliativo de qualidade de vida. Foi, em seguida, aplicado o instrumento avaliativo de qualidade de vida WHOQOLbref (ANEXO III), composto de 26 questões dividas em quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. V Etapa – Avaliação do grau de incapacidade física Essa etapa foi realizada através da Ficha de avaliação do grau de incapacidade física do ministério da saúde modificado, com a utilização do monofilamentos de nylon (estesiômetro) e fio dental macio sem sabor, medindo 5 cm de comprimento livre, para avaliação do grau de sensibilidade da córnea (APÊNDICE E), além de um questionário de avaliação funcional das mãos nas lesões de nervos periféricos(APÊNDICE F) proposto por (FERREIRA, 2006). Para se calcular o escore total percentual da avaliação funcional das mãos, foi utilizado a seguinte fórmula: % = (MIN – SOMA) / MIN x 100, onde o MIN(Mínimo) = 3 X o número de respostas; a SOMA é a soma das respostas dos itens; e o número de respostas corresponde ao total de itens que foram respondidos. Sendo que as questões que não se aplica ao pacientes não serão utilizadas no cálculo. Com este questionário, embora não seja possível analisar a maneira como a pessoa realiza a atividade, é possível verificar o grau de incapacidade de independência de lesões dos nervos periféricos ao realizar suas atividades de vida diária (FERREIRA, 2006). 45 5.7 RISCOS E BENEFÍCIOS Não houve, durante os procedimentos da coleta de dados, riscos absolutos aos doentes podendo ocorrer cansaço físico durante os teste de força e de sensibilidade tátil, realizado através da aplicação de resistência manual, dos molofilamentos de nylon e do fio dental macio, sem sabor, medindo 5 cm de comprimento livre ou durante a aplicação do questionário de qualidade de vida WHOQOL-bref, o que foi contornado pela interrupção da avaliação. Como benefícios, os dados obtidos poderão ser utilizados para própria instituição sediadora promover programas que visem melhorar a qualidade de vida desses pacientes ou até mesmo uma detecção precoces da instalação de deformidades. 5.8 COLETA DE DADOS A coleta de dados foi realizada nos meses de Janeiro à Fevereiro de 2010, no turno matutino, nas segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras no horário de 8:00 às 11:00. 5.9 ANÁLISE DOS DADOS A análise da qualidade de vida em pacientes institucionalizados portadores de hanseníase foi realizada A ANOVA de Kruskal-Wallis foi aplicado nas seguintes situações: para comparar, entre si, os domínios da qualidade e para avaliar a associação entre a qualidade de vida e a Forma Clínica da Hanseníase. O teste de Mann-Whitney foi aplicado para avaliar a qualidade de vida conforme o sexo do paciente, para avaliar a associação entre a qualidade de vida e a Forma Clínica da Hanseníase e para avaliar a qualidade de vida conforme o Grau da Incapacidade. A Correlação Linear de Pearson foi aplicada para avaliar a correspondência linear entre a qualidade de vida e as variáveis: Idade, Tempo na Instituição e Função das Mãos. Foi previamente fixado o nível alfa = 0.05 para rejeição da hipótese nula. Os testes de hipótese foram suportados pelo software BioEstat versão 5. 46 6 RESULTADOS Foram selecionados para este estudo, 26 pacientes: 17 homens e 9 mulheres. Durante a pesquisa, 2 pacientes reprovaram no miniexame do estado mental, 1 foi excluído segundo critérios de exclusão e 4 se recusaram a participar da pesquisa; logo apenas 19 pacientes foram avaliados. 6.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA Entre os 19 pacientes avaliados; de acordo com a tabela 1, a distribuição conforme o estado civil mostrou que havia Solteiros (31.6%), Casados (10.5%), Viúvos (26.3%) e Divorciados (31.6%). No tocante a escolaridade o grupo mais numeroso (63.2%) estudou entre a 1ª e a 4ª série, 15.8% eram apenas alfabetizados e 21.1% cursaram entre a 5ª e a 8ª série. Entre os pacientes 57.9% eram procedentes da Grande Belém, 36.8% provieram de outros Estados e apenas 5.3% eram procedentes de outros municípios do Estado do Pará. Houve 26.3% dos pacientes que não tinham filhos, e de forma complementar havia 73.7% deles que tinham entre 1 (um) e 3 (três) filhos. A idade dos pacientes variou de 53 a 83 anos. 47 Tabela 1: Caracterização da amostra de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). Variável Ocorrências Percentual Solteiro 6 31.6% Casado 2 10.5% Viúvo 5 26.3% Divorciado 6 31.6% Alfabetizado 3 15.8% 1ª a 4ª Série 12 63.2% 5ª a 8ª Série 4 21.1% Grande Belém 11 57.9% Outros Municípios do PA 1 5.3% Outros Estados 7 36.8% Nenhum 5 26.3% Um 8 42.1% Dois 4 21.1% Três 2 10.5% Estado Civil Escolaridade Procedência Nº de Filhos Fonte: protocolo da pesquisa. 48 6. 2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA A avaliação da qualidade de vida em pacientes portadores de hanseníase residentes no Abrigo João Paulo II; tabelas 2 e 3; foi realizada pelo Teste de Kruskal-Wallis o qual resultou no p-valor < 0.0001* (altamente significante). O Teste post-hoc de Dunn apontou diferença estatisticamente significante entre dois grupos de domínios. Os domínios: Dom 2 (Psicológico) que abrange o sentido da vida, concentração, aparência física, satisfação consigo mesmo e sentimentos negativos (14.8±2.5) e Dom 3 (Relações Sociais) que refere às relações sociais, sexuais, e apoio dos amigos (15.7±2.0) apresentaram-se significativamente maiores que os domínios Dom 1 (Físico) que aborda a dor, tratamento médico, energia, locomoção, capacidade funcional e laboral (12.5±2.7) e Dom 4 (Meio Ambiente) que fala sobre segurança, ambiente físico, dinheiro, informações, lazer, condições de moradia, meio de transporte e serviços de saúde (12.7±2.0). Tabela 2: Qualidade de vida (WHOQOL-BREF) em pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Mínimo 8.6 7.3 12.0 8.5 Máximo 17.7 18.7 18.7 16.5 Mediana 12.0 14.7 16.0 12.5 Primeiro Quartil 9.7 14.4 14.7 12.0 Terceiro Quartil 14.3 16.0 17.3 13.0 Média Aritmética 12.5 14.8 15.7 12.7 Desvio Padrão 2.7 2.5 2.0 2.0 Erro Padrão 0.6 0.6 0.5 0.5 Fonte: Protocolo da pesquisa. * Teste de Kruskal-Wallis com post-hoc de Dunn. 49 Tabela 3: Qualidade de vida em pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Escala de Zero a 100% do WHOQOL-BREF, (n=19). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Mínimo 28.6 20.8 50.0 28.1 Máximo 85.7 91.7 91.7 78.1 Mediana 50.0 66.7 75.0 53.1 Primeiro Quartil 35.7 64.6 66.7 50.0 Terceiro Quartil 64.3 75.0 83.3 56.3 Média Aritmética 53.4 67.5 73.2 54.1 Desvio Padrão 17.1 15.8 12.3 12.4 Erro Padrão 3.9 3.6 2.8 2.8 Fonte: Protocolo da pesquisa. Utilizando a Escala de Zero a 100 os domínios Dom 1(53.4±17.1) e Dom 4 (54.1±12.4) caracterizaram-se como Regular qualidade de vida, estes são os domínios onde a qualidade de vida é significativamente inferior. Os domínios que apresentam bom nível de qualidade de vida são: Dom 2 (67.5±15.8) e Dom 3 (73.2±12.3). Entretanto nenhum domínio apresentou qualidade de vida cuja média ficasse abaixo de 40% (Fraca ou Péssima); gráfico 1. Qualidade de Vida (Escala 0 a 100%) 100 Ótima 80 * * Boa 60 Regular 40 Fraca 20 Péssima 0 Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Domínios WHOQOL-Bref Gráfico 1: Média e Erro Padrão da Qualidade de vida em pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Escala e Zero a 100% do WHOQOL-BREF, (n=19). 50 6.3 QUALIDADE DE VIDA CONFORME O SEXO A avaliação da qualidade de vida conforme o sexo do paciente; tabela 4 foi realizada pelo teste de Mann-Whitney o qual indicou que somente no Dom 4 (Meio Ambiente) existe uma diferença significativa. Visto que o Domínio 4 (Meio Ambiente) abrange aspectos referentes a segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde, habilidade para adquirir novas informações, lazer, limpeza do ambiente e transporte. No Dom 4 o sexo Masculino (13.1±2.0) apresenta valores significativamente superiores ao sexo Feminino (11.7±1.6). Nos domínios Dom 1 (Físico) , Dom 2 (Psicológico) e Dom 3 (Relações Sociais) não existe real diferença nos níveis de qualidade de vida conforme os sexos, gráfico 2. Tabela 4: Qualidade de vida conforme o Sexo de pacientes portadores de hanseníase na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, Masculinos (n=13) e Femininos (n=6). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. n Amostral 6.0 13.0 6.0 13.0 6.0 13.0 6.0 13.0 Mínimo 9.7 8.6 7.3 12.0 12.0 13.3 8.5 8.5 Máximo 17.7 16.6 17.3 18.7 18.7 18.7 12.5 16.5 Mediana 11.4 13.1 15.0 14.7 15.4 16.0 12.3 13.0 Primeiro Quartil 10.1 9.7 13.7 14.7 13.7 14.7 12.0 12.5 Terceiro Quartil 14.4 14.3 16.4 16.0 16.0 17.3 12.5 14.0 Média Aritmética 12.6 12.5 14.1 15.1 15.1 16.0 11.7 13.1 Desvio Padrão 3.3 2.6 3.6 1.9 2.3 1.8 1.6 2.0 p-valor (Sexo) 0.9301 Fonte: Protocolo da pesquisa. * Teste U de Mann-Whitney 0.8201 0.4302 0.0437* 51 Qualidade de Vida (WHOQOL-Bref) 20 15 * 10 5 0 Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Gráfico 2: Média e erro padrão da qualidade de vida conforme o Sexo de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). 6.4 CORRELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA E IDADE A avaliação da correspondência linear entre a idade dos pacientes portadores de hanseníase e a qualidade de vida foi realizada pela correlação linear de Pearson a qual indicou que nenhum dos domínios apresenta correlação significativa com a Idade, portanto em todas as correlações, o p-valor > 0.05, tabela 5; indica que a qualidade de vida independe da Idade do paciente. Tabela 5: Correlação da Idade com os domínios da qualidade de vida de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, (n=19). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Coeficiente de Correlação 0.1794 0.0662 0.174 0.0875 p-valor = 0.0706 0.2875 0.0755 0.2189 Fonte: Protocolo da pesquisa. Correlação Linear de Pearson 52 6.5 CORRELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA E TEMPO NA INSTITUIÇÃO A avaliação da correspondência linear entre o Tempo de Permanência na Instituição e a qualidade de vida, tabela 6; em pacientes portadores de hanseníase, foi realizada pela Correlação Linear de Pearson a qual indicou que o Dom 3 (Relações Sociais) apresenta correlação significativa com o Tempo de Permanência na Instituição. No Domínio 3 são enfocados aspectos como Relações pessoais, Suporte, Apoio Social e Relações Sexuais. A correlação foi negativa (r = -0.4751) e o p-valor = 0.0397* significante, indica que a qualidade de vida, no aspecto Relações Sociais decai significativamente conforme o paciente permanece mais tempo na instituição, gráfico 3. Tabela 6: Correlação da Qualidade de vida e o tempo de permanência na instituição de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, (n=19). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Coeficiente de Correlação -0.0871 0.0003 -0.4751 -0.3303 p-valor = 0.7229 0.9991 0.0397* 0.1671 Fonte: Protocolo da pesquisa. Correlação Linear de Pearson Gráfico 3: Correlação entre Tempo de Permanência na Instituição e o Dom 3 do WHOQOL-Bref, (n=19). 53 6.6 QUALIDADE DE VIDA CONFORME A FORMA CLÍNICA Para avaliar a associação entre a qualidade de vida e a Forma Clínica da Hanseníase em pacientes residentes no Abrigo João Paulo II foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis, tabela 7, entretanto, nenhuma diferença estatisticamente foi observado (p-valor > 0.05), portanto, conclui-se que, neste grupo, a forma clínica não influencia a qualidade de vida, gráfico 4. Tabela 7: Qualidade de vida conforme a Forma Clínica da Hanseníase em pacientes residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, (n=19). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 D T V D T V D T V D T V n amostral 5.0 6.0 8.0 5.0 6.0 8.0 5.0 6.0 8.0 5.0 6.0 8.0 Mínimo 8.6 9.1 9.7 7.3 13.3 14.7 14.7 12.0 13.3 8.5 11.5 8.5 Máximo 13.7 17.7 16.6 18.0 18.7 16.7 18.7 18.7 18.7 16.5 14.0 16.5 Mediana 12.0 12.0 13.4 12.0 15.4 15.0 14.7 14.0 16.0 13.0 12.8 12.5 Primeiro Quartil 9.7 Terceiro Quartil 12.0 14.3 15.6 16.0 17.0 15.5 16.0 16.7 17.3 14.0 13.0 13.0 9.7 11.4 12.0 14.2 14.7 14.7 13.3 16.0 12.0 12.1 12.4 Média Aritmética 11.2 12.5 13.4 13.1 15.7 15.3 15.8 14.9 16.3 12.8 12.7 12.6 Desvio Padrão 2.0 3.5 2.5 4.1 2.1 0.7 1.7 2.6 1.6 2.9 0.9 2.2 Erro Padrão 0.9 1.4 0.9 1.9 0.8 0.3 0.8 1.1 0.6 1.3 0.4 0.8 p-valor (F Clínica) 0.3927 Fonte: Protocolo da pesquisa. D: MHD T: MHT; V: MHV; 0.5232 0.3085 0.9105 54 Qualidade de Vida (WHOQOL-Bref) 20 15 10 5 0 D T V Dom 1 D T V Dom 2 D T V Dom 3 D T V Dom 4 Gráfico 4: Média e erro padrão da qualidade de vida conforme o Tipo V=Clínico da Hanseníase em residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). D: MHD; T: MHT; V: MHV; 6.7 CORRELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA E FUNÇÃO DAS MÃOS A avaliação da correspondência linear entre a Função das Mãos e a qualidade de vida, tabela 8, em pacientes portadores de hanseníase, foi realizada pela Correlação Linear de Pearson a qual indicou que nenhum dos domínios apresenta correlação significativa com a Função das Mãos, portanto em todas as correlações, o p-valor > 0.05 indica que a qualidade de vida não foi sensível a variação da Função das Mãos. Uma vez que; a maioria dos pacientes apresentam mais de 50% da função manual, esteja ele com grau I ou II de incapacidade. Tabela 8: Correlação da qualidade de vida e função das mãos de pacientes portadores de hanseníase residentes no Abrigo João Paulo II, (n=19). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Coeficiente de Correlação 0.2895 0.4238 -0.3315 0.0867 p-valor = 0.2231 0.90705 0.1665 0.7242 Fonte: Protocolo da pesquisa. Correlação Linear de Pearson 55 6.8 QUALIDADE DE VIDA CONFORME O GRAU DE INCAPACIDADE A avaliação da qualidade de vida conforme o Grau da Incapacidade foi realizada pelo teste da Mediana, tabela 9, o qual indicou que não houve variação significativa de qualidade de vida entre os graus de lesão I e II. Visto que houve apenas n=3 pacientes com Grau de Incapacidade I foi inviável aplicar o teste U de Mann-Whitney, gráfico 5 (Ayres et al, 2007, 132). Tabela 9: Qualidade de vida conforme o Grau de Incapacidade de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, Grau I (n=3) e Grau II (n=16). Dom 1 Dom 2 Dom 3 Dom 4 Grau I Grau II Grau I Grau II Grau I Grau Grau II Grau I II Mínimo 12.0 8.6 12.0 7.3 14.7 12.0 8.5 8.5 Máximo 14.3 17.7 18.7 18.0 17.3 18.7 14.0 16.5 Mediana 14.3 11.7 16.0 14.7 14.7 16.0 13.0 12.5 Primeiro Quartil 13.2 9.7 14.0 14.5 14.7 14.4 10.8 12.0 Terceiro Quartil 14.3 14.1 17.4 16.0 16.0 17.3 13.5 13.0 Média Aritmética 13.5 12.3 15.6 14.7 15.6 15.8 11.8 12.8 Desvio Padrão 1.3 2.9 3.4 2.5 1.5 2.1 2.9 1.9 Erro Padrão 0.8 0.7 1.9 0.6 0.9 0.5 1.7 0.5 p-valor (Sexo) 0.4706 Fonte: Protocolo da pesquisa. Teste da Mediana 0.9998 0.9997 0.9995 56 Qualidade de Vida (WHOQOL-Bref) 20 15 10 5 0 I II Dom 1 I II Dom 2 I II Dom 3 I II Dom 4 Gráfico 5: Média e erro padrão da qualidade de vida conforme o grau de incapacidade de pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. (n=19). I: Incapacidade Grau I; II: Incapacidade Grau II. 57 7 DISCUSSÃO Quando o indivíduo possui alguma diferença que constitua uma dificuldade para a sua aceitação integral na sociedade, considera-se estigmatizado. Dificuldades no relacionamento podem ser observadas tanto nas relações mais íntimas da pessoa como nas relações sociais mais distanciadas. Essas dificuldades assumem características diversas, influenciadas pela forma de reação do acometido, bem como em função da maior ou menor solidariedade que se deva a esse indivíduo (SANGI et al, 2009). O impacto provocado pela doença, sem dúvida, interfere no cotidiano dos sujeitos que representaram a hanseníase como uma ameaça constante de sofrimento, abandono, deformidades e problemas psicossociais (COELHO, 2008). A imagem corporal é um dos componentes fundamentais na construção da identidade do indivíduo, a qual depende, em grande medida, da relação do indivíduo com o seu corpo (PARDO, 2006). A hanseníase deixa profundas cicatrizes no ser humano, o estigma permanece em seu corpo, em sua mente e em sua alma. A vida dos portadores de hanseníase sofre grandes transformações devido às perdas que vão se efetivando ao longo dos anos. As mudanças ocorridas no corpo, a rejeição e o abandono da família, dos amigos, a perda do emprego, do padrão de vida e da sua saúde em geral, pelos intermináveis tratamentos a que são submetidos, são situações que são trazidas pela doença e passam a fazer parte do seu cotidiano. O doente de hanseníase necessita resgatar seus vínculos e valores, recuperar sua auto-estima, compartilhar sentimentos e relacionar-se para integrar-se ao mundo real (BAIALARDI, 2007). Em relação ao sexo, dados da OMS reportam que entre os novos pacientes detectados em 2001, o sexo masculino foi duas vezes mais frequente do que o feminino (GOMES et al, 2005). Semelhante a que foi observado na característica da amostra desse estudo, o número de pacientes do sexo masculino é duas vezes o número de pacientes do sexo feminino, sendo confirmado pelos autores (ANGELUCCI et al, 2007; CHAVES, 2008; SARUBI, 2008; COSTA, 2008; MARTINS; TORRES; OLIVEIRA, 2008; LIMA et al, 2009; CASTRO et al, 2009). Essa evidência é justificada por Moreira et al, (2009), que afirma: de acordo com o estilo de vida, os homens se expõem a maiores riscos de infecção. Costa (2008); reforça: 58 fatores biológicos, econômicos e diferenças no comportamento sociocultural entre os gêneros que poderiam justificar a maior detecção de casos entre os indivíduos do sexo masculino. Segundo Lana et al, (2008), a maior ocorrência de incapacidades no sexo masculino pode estar relacionada ao menor acesso aos serviços de saúde já que esses oferecem mais programas voltados para a saúde da mulher, bem como a menor preocupação dos homens em relação ao corpo e à estética, o que propiciaria demora no diagnóstico. As mulheres desenvolvem resposta imunológica ao M. leprae mais intensa que os homens, como sugerido na maioria dos países, pela menor incidência e menor gravidade da hanseníase no sexo feminino (SARUBI, 2008). De acordo com Rolim et al, (2006), a amostra de seu estudo foi constituída por 14 pacientes com hanseníase, apresentando a mesma proporção (50%) de homens e de mulheres e a metade era constituída por pessoas consideradas idosas. Discordando assim com os resultados da presente pesquisa e dos diversos autores em que evidenciam a maior ocorrência da doença no sexo masculino. No resultado observou-se que 63.2% dos pacientes são solteiros e divorciados como indica a tabela1. Discordando com Feitosa (2008), que levou em consideração os pacientes ex-asilados que ainda residem no Centro de Convivência Antônio Diogo, em que apenas 23,1% são solteiros ou divorciados. De acordo com Brodersen e Hermann (2006), ao avaliarem a qualidade de vida de idosos asilados na região da Amavi – SC, relatam que: quanto ao estado civil 27% são casados (as). Discordando com os resultados da pesquisa aqui discutida que aponta apenas 10.5% dos pacientes casados. No tocante da escolaridade o grupo mais numeroso da amostra (63.2%) estudou entre a 1ª e a 4ª série, 15.8% eram penas alfabetizados e 21.1% cursaram entre a 5ª e a 8ª série, estes dados concordam com o estudo de Feitosa (2008), em que apontou predominância de um baixo nível de escolaridade com 46,2 % de analfabetos e 53,8% alfabetizados. A baixa escolaridade também foi apontada por vários autores como fator de risco para a hanseníase, bem como para a não aderência ao tratamento e/ou o desenvolvimento das formas mais graves da doença (AMARAL, 2008). Dos pacientes da presente pesquisa 26.3% não tinham filhos, e de forma complementar havia 73.7% deles que tinham entre 1 (um) e 3 (três) filhos. Concordando com os resultados de Pestana e Santo (2008), que em uma pesquisa realizada em instituições asilares no Rio Grande do Sul, apontou um total de 107 idosos entrevistados, 85,05% 59 possuem família. Semelhante também ao encontrado por Feitosa (2008), em que na sua amostra aponta 76,9% do pacientes hansenianos constituíram famílias, tendo filhos. A faixa de idade mais frequente, encontrada em outras pesquisas foi a de 50 anos (52,5%), vindo em seguida a faixa de 20 a 49 anos, com 38,4% dos pacientes avaliados (SOBRINHO et al, 2007). Nos resultados encontrados na presente pesquisa, em que a idade dos pacientes variou de 53 a 83 anos. Não havia paciente com idade inferior a 53 anos. Ter uma boa QV significa, fundamentalmente, estar contente e feliz com a vida que se vive (SILVA et al, 2008). Quanto a avaliação da QV, foi observado nesse estudo na tabela 2 e 3, gráfico 1, que há diferença estatisticamente significante entre dois grupos de domínios. Os Dom 2 e Dom 3 apresentaram-se significativamente maiores que os Dom 1 e Dom 4. Sendo que quando se utilizando a Escala de Zero a 100 os Dom 1 e Dom 4, caracterizaram-se como Regular qualidade de vida. Os Dom 2 e Dom 3 apresentam bom nível de QV, nos escores da escala de 0 a 100 a QV está acima de 50%, sendo que os melhores domínios encontrados na pesquisa, foram os DOM 2 e o DOM 3 acima de 60% representando BOA QV, entretanto nenhum domínio apresentou QV cuja a média ficasse abaixo de 40% (fraca ou péssima). Os valores obtidos corroboram assim com o trabalho realizado na área Social do Instituto Lauro de Souza por Quaggio (2005) em que a autora tem como objetivo identificar a Qualidade de vida através do WHOQOL-bref na escala de 0-100 de um grupo de pessoas que também foram afetados pela hanseníase. Seus resultados apontam satisfação dos pacientes com sua QV em todos os DOM. Ficando confirmado no perfil de qualidade de vida fornecido pelo WHOQOL-bref por meio dos quatro domínios, onde quanto mais alto o valor obtido melhor é a qualidade de vida. Os resultados apresentados por Santos Junior e Santos (2006), também concordam com os resultados apresentados no presente estudo, em que os autores enfatizam a concepção que o idoso asilado tem de sua QV. Sendo a mostra composta por 16 idosos de ambos os sexos, residentes no "Lar Vicentino". Para a análise foi utilizado o questionário (WHOQOL Bref). Dos resultados, foi destacado: 43,8% avaliaram que a sua QV não é ruim e nem boa; 62,6% têm muitas oportunidades de atividades de lazer; 50% estão muito satisfeitos consigo mesmo; 56,3% estão satisfeitos com as condições do local onde moram e 50% têm, algumas vezes, sentimentos negativos como mau humor, desespero, ansiedade e depressão. Com base nos resultados o autor concluiu que a vida dos idosos do asilo analisado é satisfatória, estando os pacientes satisfeitos com a qualidade de vida que possuem. 60 Os resultados apontados por Castro et al, (2009), diferem com os apontados pelo estudo aqui discutido, uma vez que os escores obtidos na avaliação do DLQI (Dermatology Life Quality Index) a maioria dos pacientes 31% apresentou escore da categoria com alto comprometimento na qualidade de vida; 28% da categoria moderado comprometimento na qualidade de vida; 24% na categoria pouco comprometimento da qualidade de vida; 13% na categoria extremo comprometimento da qualidade de vida; e apenas 4% não informaram comprometimento da qualidade de vida. O estudo de Martins, Torres e Oliveira (2008), também constatou que dos 40 pacientes hansenínos avaliados com o objetivo de observar o grau de comprometimento da qualidade de vida, na maioria dos pacientes 45% apresentou score na dimensão do grave ou muito grave; 40% dos pacientes do leve ao moderado, e apenas 15% dos pacientes não informaram comprometimento da qualidade de vida. Segundo score obtido no Dermatology Life Quality Index. No presente estudo, verificou-se, que, o grau 2 de incapacidade estava presente na maioria dos entrevistados podendo assim interferir na sua imagem corporal, no entanto, o que pode ter ocorrido é que por viver muito tempo isolados da sociedade em convívio diário com pessoas com as mesmas sequelas, isso passou a não incomodá-los. Os resultados do domínio 2 (Psicológico) encontrados no gráfico 1, mais de 60% dos pacientes que apresentaram bom nível de qualidade de vida, ou seja, há a aceitação da aparência física, eles estão satisfeitos com sigo mesmo. Em contraste com os resultado encontrado no trabalho realizado na URE Dr. Marcello Candia – Marituba – Pará por Brandão (2008), em que no atendimento ambulatorial se tinha o objetivo de avaliar a existência de quadro indicativo de depressão em pessoas diagnosticadas com hanseníase. Participaram de sua pesquisa 21 pacientes, na faixa etária entre 16 e 69 anos de idade, sendo utilizado o inventário de Depressão de Beck (BDI), avalia a depressão como mínima, leve, moderada e grave. A aplicação do BDI indicou: 37% com depressão mínima, 19% com depressão leve, 47.6% pacientes com depressão moderada. Dos pacientes com depressão moderada as áreas evidenciadas foram: punição; auto-imagem; culpa; e indecisão. Foi visto no estudo aqui discutido na tabela 4 e gráfico 2 que a avaliação da QV conforme o sexo do paciente indicou que somente no Dom 4 (Meio Ambiente) existe uma diferencia significativa, em que o sexo Masculino apresenta valores significativamente superiores ao sexo Feminino. Nos domínios Dom 1, Dom 2 e Dom 3 não existe real diferença nos níveis de qualidade de vida conforme os sexos. 61 A maioria dos estudos nacionais que utilizaram o WHOQOL tem demonstrado que o domínio meio ambiente é a pior faceta da qualidade de vida da população brasileira (GORDIA; QUADROS; VILELA JÚNIOR, 2006). Coincidindo como os resultados apontado por esta pesquisa onde o DOM 4 apresentou diferenças quanto ao sexo. O estudo realizado por Pereira et al, (2006), discorda com os resultados da presente pesquisa, quando constatou-se que houve diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos domínios físico, psicológico e ambiental para os grupos feminino e masculino, sendo os escores médios de qualidade de vida desses domínios maiores entre os homens. Conforme estudos, a hanseníase é uma doença do adulto (LYON, 2005; SARUBI, 2008; COSTA, 2008). Foi possível detectar nesse estudo na tabela 5 sobre avaliação da correspondência linear entre a Idade dos pacientes e a QV, que nenhum dos domínios apresenta correlação significativa com a Idade, a QV independe da Idade do paciente. A faixa etária, 96,9% dos notificados com grau de incapacidade física eram maiores de 15 anos, sendo que esses possuem 2,61 vezes a prevalência de incapacidades em relação aos menores de 15 anos (LANA et al, 2008). Não foi encontrado na literatura trabalhos que fizessem correlação da idade com a qualidade de vida de pacientes portadores de hanseníase. O isolamento, embora não mais compulsório, tem sido vivenciado pelos ex-pacientes ainda moradores do antigo ‘leprosário’ como se ainda existisse. Além disso, uma parte dos internos apresentam problemas emocionais, provavelmente em decorrência do isolamento e abandono na antiga colônia, perda de vínculos afetivos e da rede de relacionamentos ao longo dos anos. Muitos ex-pacientes, em função de comprometimento da saúde física ou mental, dentre outros fatores, são considerados ‘internos’ da instituição (CAVALIERE, 2009). Para Faria (2009), isso mostra que se a descoberta de uma cura para a hanseníase não bastou para compensar o afastamento entre pacientes e familiares gerada pela política de isolamento compulsório, também não foi suficiente para reparar as consequências desse afastamento prolongado. Pode-se observar que o isolamento social, o preconceito e o estigma continuam ocorrendo, mas o paciente também se priva da vida social partilhando de auto-preconceito e auto-estigma, e isso pode ocorrer por diversos motivos: a não aceitação da doença; constrangimentos gerados pelas deformidades, uma vez que ele não se aceita esteticamente; comodismo, achar que a colônia é o lugar para os leprosos, como eles mesmos se denominam, 62 ou por terem medo da reação das pessoas, fora deste ambiente protegido (BARBOSA; SILVA; ROSA, 2007). Diferente dos resultados encontrados no estudo aqui discutido em que o DOM 2 (Psicológico) não apresentou correlação negativa, logo ela não decai conforme o paciente passa mais tempo na instituição. O estudo de Eidt (2004), também discorda com os resultados apontados por esta pesquisa em que outros sentimentos foram evidenciados, entre eles: tristeza, inconformismo por ter adoecido, ansiedade, sentimento de inutilidade, vergonha, culpa, raiva, ódio, angústia, constrangimento e desespero, inclusive com surgimento de depressão e idéias de suicídio. Cabe-nos ainda outra indagação: será que, com o passar do tempo e diante dos estigmas criados, a sociedade continua a exercer o fator principal de exclusão do hanseniano o auto-preconceito , o conformismo e o auto-estigma produzidos por anos de isolamento? Não se tornaram eles, hoje, a condição principal para tal exclusão? (BARBOSA; SILVA; ROSA, 2007). Nesse estudo foi possível ver na tabela 6 e gráfico 3 que a avaliação da correspondência linear entre o Tempo de Permanência na Instituição e a qualidade de vida, indicou que o Dom 3 apresenta correlação significativa com o Tempo de Permanência na Instituição. Ou seja, a QV, no aspecto Relações Sociais decai significativamente conforme o paciente permanece mais tempo na instituição. Sendo que não constatou-se resultados negativos nos DOM 1 (Físico), DOM 2 (Psicológico), DOM 4 Meio (Ambiente). Logo na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, os resultados estão em contraste com os expostos pelas literaturas acima apresentada em que os pacientes hansenianos que ainda residem nas antigas colônias, possuem sentimentos de autopreconceito e auto-estigma. Os pacientes da amostra do presente estudo na sua maioria aceitam sua aparência física, não apresentam sintomas depressivos, e estão satisfeito com a QV que tem. Exceto no DOM 3 em que a QV decaia significativamente conforme o paciente permanece mais tempo na instituição. Na avaliação entre a qualidade de vida e a forma clínica teve como resultado apresentado na tabela 7 e no gráfico 4, que nenhuma diferença estatisticamente foi observada, portanto, conclui-se que, neste grupo, a forma clínica não influencia a qualidade de vida. Vale lembrar também que as formas se apresentam bem distribuídas em MHV, MHT, MHD. No estudo de Alencar et al, (2008), a forma clínica mais encontrada, segundo a classificação de Madri foi: dimorfa com 77% dos casos, seguido pela forma virchowiana 21,5% e tuberculóide 1,5%. O que corrobora com o Ministério da Saúde e outros estudos, as 63 hanseníases virchowiana e dimorfa são as mais prevalentes na população, por serem as formas contagiantes da doença, sendo multibacilares, de carga bacilar significativa na derme e mucosas antes do início do tratamento (PEREIRA et al, 2008). Na pesquisa de Angelucci et al (2007), à forma clínica da doença observada na amostra foi de 81% de MHV e 19% MHT. Na amostra em comparação com a amostra de Angelucci et al (2007), os resultados foram 50% MHD, 41% MHV e apenas 9% MHT. Não foram encontradas formas de hanseníase indeterminada (MHI) nas duas amostras investigadas. Concordando com os resultados da presente pesquisa em que não foi encontrado paciente na forma indeterminada o que justifica o diagnóstico tardio e o tratamento inadequado realizados na maioria desses pacientes antigamente, uma vez que toda amostra apresentam grau I ou grau II de incapacidade física. Modalidades como a mobilidade, cuidados pessoais (lavar-se, arrumar-se, nutrição, higiene, roupas e aparência), atividades de vida doméstica, as principais áreas da vida (educação, emprego, vida econômica) e a vida em comunidade (recreação, lazer) estão incluídas na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) (International Classification of Functioning, Disability and Health) (ALENCAR et al, 2008). Na pesquisa aqui discutida, constatou-se que a avaliação da Função das Mãos e a qualidade de vida, observado na tabela 8 indicou que nenhum dos domínios apresenta correlação significativa entre a Função das Mãos e a QV. Amaral (2008) discorda afirmando que; as incapacidades físicas e deformidades são os principais problemas da hanseníase. Considerando que essa doença atinge em maior proporção as pessoas em idade produtiva, o desenvolvimento de incapacidades pode interferir drasticamente em suas atividades laborais, sob risco de excluí-las da cadeia produtiva, resultando em perdas não apenas econômicas, mas também sociais e psicológicas, impactando negativamente na qualidade de vida. Estando também em contraste com os resultados obtidos por Eidt (2004), que afirma; questões como o abalo e a perda da auto-estima, as discriminações sofridas pelo paciente com hanseníase e as dificuldades encontradas em realizar tarefas domésticas e profissionais com as sequelas físicas instaladas, ficaram evidentes em seu trabalho. As sequelas e as deformidades físicas, surgidas com a progressão da doença, são dificuldades significativas enfrentadas pelos portadores de hanseníase nas relações e na execução de atividades do cotidiano, exigindo várias adaptações pessoais, tanto físicas quanto emocionais, à nova condição física. A 64 realização de tarefas simples como abotoar a roupa, calçar sapato ou assinar o próprio nome foram afetadas quando os doentes perderam a sensibilidade das mãos ou tiveram seus dedos deformados. O trabalho de Gregório et al (2008), apresenta o seguinte resultado: 87 % de sua amostra alegaram ter sofrido mudanças físicas (diminuição da visão, diminuição dos movimentos das mãos e dos pés, perda de membros, deformidades do rosto e aparecimento de feridas). Os resultados encontrados no estudo de Fenley et al, (2009) difere com os resultados encontrados na pesquisa aqui discutida, em que o autor avalia a limitação de atividades e participação social em indivíduos portadores de diabetes melito tipo 2, utilizando as escalas SALSA e de Participação Social. As escalas utilizadas foram elaboradas com base nas principais áreas de vida da CIF. A análise da pontuação da Escala SALSA avalia aspectos como mobilidade, auto cuidado, destreza e trabalho manual) mostrou que 67,1% dos entrevistados obtiveram pontuação que sugere algum grau de limitação de atividades, ou seja, acima de 20 pontos. A média de pontos nessa escala foi de 26,5 (DP 11,6). Duarte, Ayres e Simonetti (2008) salienta, que o grau de autonomia se eleva com o aumento da capacidade dos usuários de compreenderem e atuarem sobre si mesmos e sobre o mundo da vida, e assim pode ser medido pela capacidade do autocuidado, da compreensão do processo saúde doença e do uso do poder de estabelecimento de compromisso e contrato com outros. Diante do exposto constata-se que embora toda a amostra apresente grau de incapacidade I e II, diminuição de sensibilidade; lesões tróficas e/ou lesões traumáticas; garras; reabsorção; mão caída, essas sequelas não interferem na função manual desses pacientes, uma vez que eles conseguem realizar as atividades manuais sem dificuldade, não interferindo também em sua QV. A imagem corporal significa a intersecção do corpo físico (aquilo que se sente e se vive), com atividade cognitiva e emocional (aquilo que se percebe) (MINUZZO, 2008). A avaliação da qualidade de vida conforme o Grau da Incapacidade física exposto na tabela 9 e o gráfico 5, indicou que não houve variação significativa de qualidade de vida entre os graus de lesão I e II. Visto que houve apenas 3 pacientes com grau de incapacidade I. Em contraste com Barbosa et al, (2008) em que a hanseníase é uma doença incapacitante que promove grande prejuízo físico, social e psicológico. Castro et al, (2009), 65 reforça; os graus de incapacidade física I e II correlacionaram-se ao maior comprometimento da qualidade de vida. Discordando também com os resultados de Morais et al, (2008), realizada com 81 portadores de Hanseníase, atendidos em ambulatórios em que foram distribuídos em dois grupos segundo grau de incapacidade e entrevistados para aplicação da Escala de Participação e do WHOQOL-Bref. Tendo como resultado que ambos os grupos, mas em especial o dos portadores de grau de incapacidade 2, apresentam pior QV do que a população geral em todos os domínios pesquisados, principalmente no físico. Segundo estudo realizado por Corrêa, Ivo e Honer (2006), com 282 sujeitos da amostra, 261 se submeteram a avaliação sensitiva motora, (47,5%, da amostra) apresentavam algum grau de incapacidade física, sendo que apenas (7,4%) não foram avaliados. A maioria significativa dos sujeitos (55,7%) pesquisados apresenta classificação operacional MB, podendo-se afirmar que nesta população existe maior número de formas com grande concentração de bacilos. Cunha et al, (2007) afirmam que a incapacidade física é o desfecho indesejado em pacientes com hanseníase que denota uma detecção tardia da doença, e além de ser um bom dado epidemiológico para análise da endemia é também um bom indicador que pode ser utilizado para o cálculo da estimativa da prevalência oculta, o que não coincide com os resultados encontrados no estudo aqui presente onde o grau de incapacidade física seja grau I ou II não interferiu na qualidade de vida dos pacientes com hanseníase residente na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. 66 8 CONCLUSÃO No estudo presente, foi concluído que, os pacientes hansenianos residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, são predominantemente do sexo masculino, de baixa escolaridade, na sua maioria procedentes da grande Belém, com idade variando de 53 a 83 anos. Identificou-se que os sujeitos da pesquisa apresentaram satisfação com sua qualidade de vida, embora os mesmos apresentem grau de incapacidade I e II. A função das mãos não interfere na qualidade de vida desse pacientes, sendo que, a qualidade de vida conforme o sexo não apresentou diferenças, exceto no domínio 4 (Meio Ambiente) que aborda sobre segurança, ambiente físico, dinheiro, informações, lazer, condições de moradia, meio de transporte e serviços de saúde, em que os pacientes do sexo masculino apresentam valores significantemente superiores ao sexo feminino. A qualidade de vida independe da idade do paciente, quanto a qualidade de vida e o tempo de permanência na instituição apenas o DOM 3(relações sociais), relações sociais, sexuais, e apoio dos amigos apresentou correlação negativa indicando que a qualidade de vida nesse aspecto decai significativamente conforme o paciente permanece mais tempo na instituição. Já na forma clínica, a mesma não influencia na qualidade de vida desses indivíduos. Logo, embora sua vida tenha passado por grandes transformações após o diagnóstico da doença, vivendo longe de seus familiares, isolados da sociedade, devido o preconceito causado pelas sequelas; esses pacientes apresentam satisfação com sua qualidade de vida. 67 REFERÊNCIAS ALENCAR, M. J. F. et al. Satisfação de indivíduos atingidos pela hanseníase a respeito de neurólise no estado de Rondônia. Caderno Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 205-216, 2008. ALBAN, SILVANA MARIA. Caracterização molecular de micobactérias isoladas de hansenomas. 2006. Dissertação (Mestrado em Processos Biotecnológicos) – Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006. AMADOR, M. P. S. C. Soroprevalência para hanseníase em áreas endêmicas do estado do Pará. 2004. Dissertação (Mestrado em Patologia das Doenças Tropicais) - Núcleo de Medicina Tropical – Universidade Federal do Pará, Belém, 2004. AMARAL, E. P; LANA, F. C. F. 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João Paulo II, Bairro Aristides, Marituba-PA, no período de 06 de Janeiro de 2010 a 10 de fevereiro de 2010, no turno matutino, nas segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras, nos horários de 8:00 às 11:00 horas, cujo material utilizado constará de: seis monofilamentos (estesiometro), fio dental macio, sem sabor e os questionários avaliativos para o desenvolvimento da pesquisa, intitulado “ Qualidade de vida e correlação com a prevalência de incapacidade física em pacientes portadores de hanseníase residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II ”, dos acadêmicos do 7º semestre de Fisioterapia, João Bosco Rufino de Lira e Maria da Conceição Silva da Silva devidamente matriculadas na Universidade da Amazônia - UNAMA, sob responsabilidade da orientadora Dayse Danielle de Oliveira Silva (CREFITO 32960-F). Para a pesquisa será utilizada a amostra de pacientes residente na unidade. 79 APÊNDICE – B ACEITE DO ORIENTADOR UNIVERSIDADE DA AMAZONIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA DECLARAÇÃO: Eu, Dayse Danielle de Oliveira Silva, aceito orientar o trabalho, intitulado “Qualidade de Vida e Correlação com a Prevalência de Incapacidade Física em Pacientes Portadores de Hanseníase Residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II” de autoria de João Bosco Rufino de Lira (0621900856) e Maria da Conceição Silva da Silva (0621909057) declarando ter total conhecimento das normas de realização de trabalhos científicos vigentes, segundo o manual de orientação de trabalhos científicos do Curso de Fisioterapia da UNAMA 2009, estando ciente da necessidade de minha participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Belém, 27 de Novembro de 2009. 80 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE). UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE - CCBS CURSO DE FISIOTERAPIA TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Baseado na Resolução Nº 196 de 10/10/1996 do Conselho Nacional de Saúde) ESTUDO: Qualidade de Vida e Correlação com a Prevalência de Incapacidade Física em Pacientes Portadores de Hanseníase Residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II. Prezado Sr (a): Vossa Senhoria foi selecionada para participar da pesquisa “Qualidade de Vida e Correlação com a Prevalência de Incapacidade Física em Pacientes Portadores de Hanseníase Residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II”. Esta pesquisa está sendo realizada por docente e discentes do curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia-UNAMA, como trabalho de conclusão de curso, e tem como objetivo correlacionar o grau de incapacidade física e a qualidade de vida dos pacientes portadores de hanseníase após a instalação da doença. A pesquisa acontecerá na Unidade Especial Abrigo João Paulo II, no turno matutino, com acadêmicas do último ano do curso de Fisioterapia. Antes de iniciar a avaliação, todos os participantes serão esclarecidas quanto aos procedimentos avaliativos. Será utilizada uma Ficha de avaliação do grau de incapacidade física, incluindo o uso de seis monofilamentos (estesiometro) e fio dental macio, sem sabor, e o questionário de avaliação funcional das mãos nas lesões de nervos periféricos além da avaliação da qualidade 81 de vida através do questionário WHOQOL-bref composto por 26 perguntas a respeito de como anda minha vida, saúde e outras áreas da vida. Não há, durante os procedimentos avaliativos do grau de incapacidade física, riscos absolutos aos doentes; podendo ocorre cansaço físico o que será contornado pela interrupção da avaliação, além da questão psicológica envolvida nos questionamentos da avaliação da qualidade de vida, que podem reportá-lo à lembranças gerando tristeza e melancolia, característica própria dessa idade. É garantida a desistência deste termo em qualquer fase da pesquisa, sem prejuízo algum para a integridade física do voluntário. As pesquisadoras responsáveis Profª Msc Dayse Danielle de Oliveira Silva e os acadêmicos João Bosco Rufino de Lira e Maria da Conceição Silva da Silva estarão a sua disposição para esclarecer qualquer dúvida que venha surgir. Eu,____________________________________________________________ residente e domiciliada na __________________________________________ portadora da célula de identidade, RG _______________ e inscrita no CPF/MF ___________________, nascida em ___/___/___, abaixo assinado, concordo de livre e espontânea vontade participar como voluntária do estudo “Qualidade de Vida e Correlação com a Prevalência de Incapacidade Física em Pacientes Portadores de Hanseníase Residentes na Unidade Especial Abrigo João Paulo II ”. Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às duvidas por mim apresentadas. Estou ciente que: I) A participação neste projeto tem como um de seus objetivos de submeter à avaliação do grau de incapacidade física e da qualidade de vida sem acarretar qualquer custo financeiro com relação aos procedimentos avaliativo efetuados com o estudo; II) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; 82 III) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico a qual já sou submetido; e caso haja algum dano a minha saúde, os pesquisadores responsáveis se responsabilizarão pelo acontecido, desde que fique comprovado que o prejuízo foi causado em função da avaliação aplicada. IV) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados; V) Não será oferecido nenhum tipo de remuneração pela participação na pesquisa. VI) Caso eu deseje, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final da pesquisa. ( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa. Belém, de de 2010. Assinatura do participante:__________________________________________ Responsável pelo Projeto: Profª Msc. Dayse Danielle de Oliveira Silva. (CREFITO 32960-F) Fone: 88474817. Acadêmicos responsáveis pela pesquisa Telefone para contato: João Bosco - 81361359 Maria Silva - 81978656 83 APÊNDICE-D IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE Data ______/ ______/ __________ I- Identificação: Nome: ________________________________________ Idade: ___________ Sexo: ____________ RG: __________________ Estado Civil: ____________________ Nº de filhos: ________________________ Religião:________________________ Escolaridade: ________________________ Nacionalidade: ___________________ Procedência: ________________________ Ocupação anterior:________________ Ocupação atual: ______________________ Reside há quanto tempo na unidade: ____________________ Forma Clínica: __________________ 84 APÊNDICE-E AVALIAÇÃO DE INCAPACIDADE FÍSICA Nome:_____________________________________________ Data: ___/___/____ Idade: ________ Ocupação_______________ Sexo: F M FACE D E D E NARIZ Ressecamento (S/N) Ferida (S/N) Perfuração de septo (S/N) OLHOS Fecha olhos s/ força (mm) (S/N) Fecha olhos c/ força (mm) (S/N) Dimin. Sensibilidade da córnea (S/N) PALPAÇÃO DE NERVOS MEMBROS SUPERIORES ULNAR MEDIANO D E 85 RADIAL RADIAL CUTÂNEO Legenda: N = normal E = espessado D = dor C= choque PALPAÇÃO DE NERVOS MEMBRO INFERIOR D E FIBULAR TIBIAL POSTERIOR Legenda: N = normal Avaliação da Força E = espessado D D = dor C= choque E Abrir dedo mínimo Abdução do 5o dedo (nervo ulnar). Elevar o polegar Abdução do polegar (nervo mediano) Elevar o punho Extensão de punho (nervo radial) Legenda: F=Forte D=Diminuída P=Paralisado ou 5=Forte, 4=Resistência Parcial, 3=Movimento completo, 2=Movimento Parcial, 1=Contração, 0=Paralisado 86 Avaliação da Força D E Elevar o hálux Extensão de hálux (nervo fibular). Elevar o pé Dorsiflexão de pé (nervo fibular) Legenda: F=Forte D=Diminuída P=Paralisado ou 5=Forte, 4=Resistência Parcial, 3=Movimento completo, 2=Movimento Parcial, 1=Contração, 0=Paralisado Inspeção e Avaliação Sensitiva D Legenda: Não sente X Garra móvel: M E M ONOFI L AM ENTOS COR GRAM AS Ver de 0,05 Azul 0,2 L ilás 2,0 Ver melho Fechado 4,0 Ver melho Cr uzado 10,0 Ver melho Aber to 300,0 ou Monofilamentos: seguir cores Garra rígida: R Reabsorção: ● Ferida▒ 87 Inspeção e Avaliação Sensitiva D E Legenda: Não sente X Garra móvel: M M ONOFI L AM ENTOS COR GRAM AS Ver de 0,05 Azul 0,2 L ilás 2,0 Ver melho Fechado 4,0 Ver melho Cr uzado 10,0 Ver melho Aber to 300,0 ou Monofilamentos: seguir cores Garra rígida: R Reabsorção: ● Ferida▒ LEGENDA PARA PREENCHIMENTO DO GRAU DE INCAPACIDADES GRAU CARACTERISTICA 0 Nenhum problema com os olhos, mãos e pés devido à hanseníase. I Diminuição ou perda da sensibilidade nos olhos. Diminuição ou perda da sensibilidade nas mãos e /ou pés. (não sente monofilamento azul/ 0,2g ). Olhos: Diminuição de sensibilidade Mãos: lesões tróficas e/ou lesões traumáticas; garras; reabsorção; mão caída. II Pés: lesões tróficas e/ou traumáticas; garras; reabsorção; pé caído; contratura do tornozelo. BRASIL, 2002 88 APÊNDICE F- QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL DAS MÃOS NAS LESÕES DE NERVOS PERIFÉRICOS RESPONDA COMO VOCÊ REALIZA CADA ATIVIDADE LISTADA ABAIXO USE COMO REFERÊNCIA O ULTIMO MÊS UTILIZAR O CÓDIGO 0- sem dificuldade 1- pouca dificuldade 2- muita dificuladade 3- impossível (não consegue realizar) x- não se aplica ( não faz parte das suas atividades de vida diária) Data: ____/ ____/ _____ Nº ATIVIDADES Vestuário 01 Abotoar, desabotoar 02 Abrir, fechar zíper 03 Dar laço, amarrar cadarço 04 Abrir, fechar fecho de corrente, pulseira Alimentação 05 Usar colher, garfo, faca nas refeições 06 Descascar fruta, legume Código 89 07 Segurar copo 08 Levantar jarra, garrafa com mais de 1,5 litros Higiene pessoal 09 Escovar dentes 10 Usar fio dental 11 Barbear-se, depilar-se 12 Cortar unhas Cuidado com a casa 13 Lavar louça 14 Lavar roupa 15 Torcer roupa 16 Limpar chão com vassoura, rolo Escrita 17 Escrever com caneta, lápis Computador 18 Digitar em teclado de computador 19 Usar mouse de computador Outros 20 Abrir, fechar com chave 90 21 Abrir, fechar maçaneta de porta 22 Abrir, fechar torneira 23 Manusear nota de dinheiro 24 Segurar-se em transporte coletivo 25 Usar cartão magnético em caixa eletrônico 26 Usar telefone celular 27 Cortar com tesoura 28 Usar martelo 29 Folhear página de livro, caderno 30 Pegar objetos pequenos (moeda, grampo, agulha) em superfície plana (mesa, chão) Resultado final Fonte: FERREIRA, 2006 91 ANEXOS 92 ANEXO-I CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 93 ANEXO II – MINIEXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) Nome:________________________________________________ idade: __________ Escolaridade: ________________ Data:___/___/______ ORIENTAÇÃO (10 PONTOS) 1 – dia da semana ...........................................................................................................□ 2 – dia do mês ................................................................................................................□ 3 – mês ...........................................................................................................................□ 4 – ano ............................................................................................................................□ 5 – hora aproximada.......................................................................................................□ 6 – local onde se encontra...............................................................................................□ 7 – endereço (ou como chegou ao local de exame).......................................................□ 8 – andar ou setor............................................................................................................□ 9 – cidade........................................................................................................................□ 10 – estado .....................................................................................................................□ RETENÇÃO OU REGISTRO DE DADOS (3 PONTOS) - Vaso, carro, tijolo.........................................................................................................□ ATENÇÃO E CÁLCULO (5 PONTOS) - (100-7) SUCESSIVOS ................................................................................................□ MEMÓRIA (3 PONTOS) - Recordar os objetos do item retenção de dados............................................................□ 94 LINGUAGEM (9 PONTOS) - Nomear uma caneta e um relógio (2 pontos)................................................................□ - Repetir: “Nem aqui, nem ali, nem lá” (1 ponto) .........................................................................□ - Obedecer à ordem: “Pegue o papel com sua mão direita, dobre ao meio e coloque no chão.” (3 pontos).....□ - Ler e obedecer: “Feche os olhos.” (1 ponto) ...........................................................................................□ Escrever uma frase (1 ponto) ........................................................................................□ - Copiar um desenho (1 ponto) ......................................................................................□ Total:________ Fonte: NITRINI, 2003 95 ANEXO II – WHOQOL-bref- QUALIDADE DE VIDA Nome: _______________________________________________________ WHOQOL-bref- QUALIDADE DE VIDA Instruções: Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor responda as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estaremos perguntando o que você acha de sua vida, tornando como referência as duas últimas semanas. Leia cada questão, veja o que você acha e circule no número que lhe parece a melhor resposta. muito ruim ruim 1 Como você avaliaria sua 1 2 muito insatisfeito nem ruim nem boa boa 3 4 muito boa 5 qualidade de vida? insatisfeito 2 Quão satisfeito (a) você está com a sua saúde? 1 2 nem satisfeito satisfeito nem insatisfeito 3 4 muito satisfeito 5 96 As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas. mais nada muito pouco ou menos bastante extremam ente 3 Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa? 1 2 3 4 5 4 O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária? 1 2 3 4 5 5 O quanto você aproveita a 1 2 3 4 5 6 Em que medida você acha que a sua vida tem sentido? 1 2 3 4 5 7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5 vida? 8 Quão seguro (a) você se sente em sua vida diária? 1 2 3 4 5 9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativo)? 1 2 3 4 5 97 As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas. médio 10 Você tem energia suficiente para seu Dia-a–dia? muito pouco muito completamente nada 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 1 2 3 4 Você é capaz de aceitar sua aparência física? 11 12 13 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades? Quão disponíveis para você estão às informações que precisa no seu dia-a-dia? Em que medida você tem 14 oportunidades de atividade de lazer? 5 5 As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas. muito ruim ruim 15 Quão bem você é capaz de se locomover? 1 nem ruim bom nem bom 2 3 muito bom 4 5 98 muito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito nem satisfeito muito satisfeito insatisfeito 16 Quão satisfeito (a) você está com o seu sono? 17 18 Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-adia? Quão satisfeito(a) você está com sua capacidade para o trabalho? 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 satisfeito muito Quão satisfeito (a) você está consigo mesmo? 19 nem continuação muito insatisfeito insatisfeito satisfeito nem satisfeito insatisfeito 20 Quão satisfeito (a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)? 1 2 3 4 5 99 21 Quão satisfeito (a) você está com sua vida sexual? 1 2 3 4 5 22 Quão satisfeito (a) você está com o apoio que você recebe de seus amigos? 1 2 3 4 5 23 Quão satisfeito (a) você está com as condições do local onde mora? 1 2 3 4 5 24 Quão satisfeito (a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde? 1 2 3 4 5 25 Quão satisfeito (a) você está com o seu meio de transporte? 1 2 3 4 5 As questões seguintes referem-se a com que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas. 26 Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão? nunca algumas vezes frequentemente 1 2 3 muito sempre frequentemente 4 Fonte: QUAGGIO, 2005 5