ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA MARCOS ANTONIO DE OLIVEIRA PROSPECÇÃO, PESQUISA E PRODUÇÃO DE URÂNIO NO BRASIL: planejamento, busca e resultados Rio de Janeiro 2011 MARCOS ANTONIO DE OLIVEIRA PROSPECÇÃO, PESQUISA E PRODUÇÃO DE URÂNIO NO BRASIL: planejamento, busca e resultados Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Engº Simon Rosental. Rio de Janeiro 2011 C2011 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________ Geólogo Marcos Antonio de Oliveira Biblioteca General Cordeiro de Farias Oliveira, Marcos Antonio de Prospecção, pesquisa e produção de urânio no Brasil: planejamento, busca e resultados / Geólogo Marcos Antonio de Oliveira - Rio de Janeiro: ESG, 2011. 50 f.: il. Orientador: Engº Simon Rosental Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2011. 1. Prospecção de Urânio. 2. Pesquisa de Urânio. 3. Produção de Urânio. 4. Metodologia. 5. Reservas Geológicas. 6 Programa Nuclear Brasileiro. I.Título. Dedico estas páginas à minha companheira de sempre, Ana, que ao meu lado continua a ser a força tranquila das horas mais difíceis, o estímulo para enfrentar os desafios e o calor de um amor profundo que permitiu a constituição de uma família unida e cúmplice, formada pelos nossos dois filhos: Gabriel e Mariana. Esta Monografia é também uma homenagem à minha mãe Alice, ao meu pai Antonio, à minha sogra Nanú e aos meus irmãos: Mércia, Marta e Marconi. Todos juntos sempre me devotaram apoio, paciência e compreensão. AGRADECIMENTOS Ao Engenheiro, Alfredo Tranjan Filho, Presidente da Industrias Nucleares do Brasil S/A – INB, e ao Geólogo Otto Bittencourt Netto, Diretor de Recursos Minerais - DRM/INB, que ao me indicarem para estagiário do CAEPE/2011, demonstraram quão relevante a INB considera este Curso da Escola Superior de Guerra (ESG) para o desenvolvimento de planejamento estratégico com o objetivo de atingir a missão da Empresa que é a garantia do fornecimento de combustível nuclear para a geração de energia elétrica no Brasil. Ao engenheiro Simon Rosental, meu Orientador nesta Monografia e ex-colega da extinta NUCLEBRÁS, que, desde o início, dedicou incansável entusiasmo pelo tema aqui abordado, auxiliando-me com sugestões muito úteis em cada estágio da construção do texto. Além de sua diligência e competência, trouxe-me uma maturidade de julgamento da qual vim a depender. RESUMO Esta Monografia se propôs responder à questão se as reservas e a produção nacionais de urânio são suficientes para atender o atual e o planejado Programa Nuclear Brasileiro. Como se verá, durante o discorrer do tema, demonstrou-se que o potencial uranífero brasileiro permite assegurar que existe reservas suficientes para suprir os cenários previsíveis de geração de energia nucleoelétrica bem como gerar excedentes na produção de concentrado de urânio (“yellow cake”) para exportação, assegurando, assim, o binômio Segurança Energética-Desenvolvimento. A evolução do déficit energético doméstico e mundial torna imprescindível um esforço redobrado na continuidade da avaliação do potencial de urânio do País. A definição de reservas de urânio conhecidas, bem como a descoberta de novas reservas, além de constituírem elemento essencial no elenco de soluções energéticas e na garantia do desenvolvimento e da segurança nacionais, poderão vir a ser um importante fator geopolítico em termos de comercialização de excedentes na produção de urânio uma vez que estejam satisfeitas as necessidades internas do Brasil cujo Programa Nuclear planejado acena para a construção de mais 4 usinas nucleares além das atuais Angra I e II, em operação, e Angra III em construção. A metodologia utilizada foi a de pesquisa de dados em relatórios e publicações das instituições federais ligadas à área nuclear juntamente com pesquisa em artigos de Simpósios e Seminários nacionais e internacionais publicados por técnicos brasileiros do setor nuclear. Palavras Chave: Prospecção de Urânio. Pesquisa de Urânio. Produção de Urânio. Metodologia. Reservas Geológicas. Programa Nuclear Brasileiro. ABSTRACT This Monograph is proposed to answer the question if the national production and reserves of uranium are sufficient to meet the current and planned Brasilian Nuclear Program. As discussed during the writing of the subject, it was shown that the Brasilian uranium potential ensures that there is sufficient reserves to meet foresecable scenarios of nucleus-power generation as well as engenders surpluses in the production of uranium concentrate (“yellow-cake”) for exportation, thus ensuring the binomial Security-Development. The evolution of domestic and global energy deficit needs increased efforts in the continuing evaluation of the uranium potential of the country. The definition of known uranium reserves, also constitute an essential element in the list of energy solutions and, ensuring the development and national security, might become an important geopolitical factor in terms of trade in the production of uranium surpluses since domestic needs are met in Brazil which Nuclear Program planned beckons to build four more nuclear power plants beyond current Angra I and II, in operation, and Angra III, under construction. The methodology used was to survey data in reports and publications of the federal institucions linked to the nuclear research papers in national and international Symposia and Seminars published by technicians of the Brazilian nuclear sector. Keywords: Uranium Prospection. Uranium Research. Methodology. Geologic Resources. Brasilian Nuclear Program. Uranium Production LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Ciclo do Combustível Nuclear ............................................................17 QUADRO 1 Histórico da Prospecção e Pesquisa de Urânio no Brasil ..................22 FIGURA 2 Localização das Jazidas de Urânio no Brasil .....................................23 FIGURA 3 Programa de Seleção e Verificação de Áreas ....................................26 FIGURA 4 Programa de Prospecção de Minerais Nucleares – Final da década de 70.............................................................................................................. 27 FIGURA 5 Programa de Pesquisa de Minerais Nucleares – Final das décadas de 70 - 80 ...........................................................................................28 FIGURA 6 Programa de Desenvolvimento de Métodos – Final das décadas de 70 - 80 ...........................................................................................29 QUADRO 2 Contexto Geoeconômico ....................................................................30 FOTO 1 Mina Cachoeira – Caetité (BA) ...........................................................34 FOTO 2 Minério de urânio – Caetité (BA) ........................................................34 FOTO 3 Vista aérea geral da Usina de Beneficiamento de Urânio – Caetité (BA) .....37 FIGURA 7 Fluxograma de Processo ...................................................................38 FOTO 4 Yellow Cake........................................................................................38 FIGURA 8 Potencial uranífero adicional do Brasil ...............................................44 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Evolução das reservas brasileiras ............................................................ 24 Tabela 2 Reservas brasileiras de urânio ................................................................. 32 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CBTN Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear CNPq Conselho Nacional de Pesquisas CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CTMSP Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo DNPM Departamento Nacional da Produção Mineral DUA Diuranato de Amônio EAR Estimated Estimados Additional Resources: Recursos Adicionais ELETRONUCLEAR Eletrobrás Termonuclear S/A HTGR High Temperature Gas Reactor: Reator a Gás de Alta Temperatura IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis INB Indústrias Nucleares do Brasil S/A MME Ministério das Minas e Energia NUCLEBRÁS Empresas Nucleares Brasileiras S/A PGBC Projeto Geofísico/Geoquímico Brasil-Canadá PNB Programa Nuclear Brasileiro ppm partes por milhão PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas RAR Reasonably Assured Resources: Recursos Razoavelmente Assegurados URA Unidade de Concentrado de Urânio USGS United States Geological Survey = Serviço Geológico dos Estados Unidos SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 11 2 A ENERGIA NUCLEAR E SUAS APLICAÇÕES ............................................. 14 3 HISTÓRICO DA PESQUISA DE URÂNIO NO BRASIL ................................... 19 4 METODOLOGIA DA PESQUISA NO BRASIL ................................................. 25 5 RESERVAS BRASILEIRAS DE URÂNIO ........................................................ 31 6 PRODUÇÃO DE CONCENTRADO DE URÂNIO ..................................................33 6.1 LAVRA .............................................................................................................. 33 6.2 BENEFICIAMENTO .......................................................................................... 35 7 SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS ........................................................... 39 8 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 ÁREAS-ALVOS COM POTENCIALIDADE PARA JAZIMENTO DE URÂNIO ....... 42 PROVÍNCIA URANÍFERA DE LAGOA REAL (BA): JAZIDAS ADICIONAIS ..... 42 PROJETO RIO CRISTALINO (PA).................................................................... 42 PROJETO ARAPIRACA (AL) ............................................................................ 43 PROJETO VENTUROSA (PE) .......................................................................... 43 OUTRAS ÁREAS POTENCIAIS ....................................................................... 44 9 CONCLUSÃO ................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 48 11 1 INTRODUÇÃO A avaliação da magnitude das reservas energéticas renováveis e não renováveis nacionais trazem grande otimismo face os desafios do crescimento econômico e do desenvolvimento social sustentável do Brasil. Tem-se a convicção que, com o devido aporte de planejamento, tecnologia e adequada gestão, nosso País pode ser autossuficiente em energia, o que se constitui grande fator de alavancagem e diferencial competitivo no conserto das nações. A interpretação das notícias internacionais cotidianas nos indica que a busca da segurança energética pelos países, visando garantir o suprimento de insumos e fontes primárias, tem sido, provavelmente, o maior motivador das demonstrações de força, ameaças e conflitos internacionais, passados e atuais. Em nosso planeta, 39% da energia elétrica é produzida a partir da queima do carvão, 25% queimando gás ou óleo, 19% a partir de hidroelétricas, 16% nuclear, e 1% pelas demais fontes. O Brasil se constitui honrosa exceção, pois nos últimos cinco anos cerca de 90% da eletricidade tem sido produzida pela fonte hídrica, limpa, barata e renovável. Os cerca de 10% de complementação térmica requerida pelo sistema elétrico vem sendo, na sua quase totalidade, garantida pelas duas usinas nucleares nacionais Angra I e Angra II, e pelas termelétricas a gás, cujas contribuições são praticamente idênticas. Embora todas as fontes primárias de energia devam concorrer na composição na matriz de geração de eletricidade para produção de grandes blocos de energia elétrica, a prevalência da fonte hídrica permanecerá pelas próximas décadas. A contribuição do carvão e da energia nuclear tornar-se-á, crescentemente, necessária. Entretanto, o uso do carvão mineral tende a sofrer crescentes restrições políticas e econômicas tendo em vista as preocupações ambientais globais com os efeitos das emissões de enxofre, metais pesados e CO2 nas mudanças climáticas. Este fato faz com que a energia nuclear tenda a ter sua contribuição ampliada. A disponibilidade de grandes reservas nacionais de Urânio somadas ao domínio tecnológico do ciclo do combustível permitem afirmar que os desafios a serem enfrentados pelo Programa Nuclear Brasileiro (PNB) possam ser superados através da autossuficiência, sem criar dependência de fontes primárias importadas. 12 Mais ainda, esses dois fatores permitem que o País atenda as suas necessidades simultaneamente, tendo uma participação significativa no mercado internacional desse energético. Às atuais reservas geológicas de urânio de, aproximadamente, 310.000t, obtidas com trabalhos da pesquisa desenvolvidas até 1994, deverão se somar, pelo menos, 800.000t adicionais, hoje, ainda, especulativas mas com grande possibilidade de serem confirmadas fazendo crer que somente o Cazaquistão, com suas cerca de 1 milhão de toneladas conhecidas, poderia superar o Brasil em termos de reservas minerais de Urânio. Como se verá adiante, estas reservas adicionais de urânio são oriundas de duas fontes: a primeira, remete àquelas ocorrências uraníferas associadas a outros minerais econômicos presentes na rocha e dos quais o urânio vem a ser subproduto, como as encontradas nos depósitos de columbita/tantalita em Pitinga (AM) com um volume estimado de 150.000t expressas em U3O8; a segunda, refere-se àquelas regiões geológicas potencialmente férteis em urânio que, ainda, não foram pesquisadas mas que exibem semelhanças na gênese e na idade da formação do urânio em rochas acumuladoras desse mineral em outras jazidas do mundo e que, por analogia, podem conter este imenso potencial sendo nomeadas, na literatura, de reservas especulativas. A dimensão das reservas nacionais de urânio e a provável liderança mundial do Brasil, em futuro próximo, na posse desse valiosíssimo recurso mineral energético, associada ao domínio tecnológico do seu processamento, constituem atributos sem os quais estariam comprometidas a autossuficiência, a autossustentabilidade e expostas à vulnerabilidade e à dependência externa de eventuais interrupções no fornecimento de combustível, materiais e serviços, ante as quais estaria comprometida a nossa opção pela indústria nuclear. A evolução do deficit energético doméstico e mundial torna imprescindível um esforço redobrado na continuidade da avaliação do potencial uranífero do país. A refinada definição das reservas de urânio conhecidas, bem como a descoberta de novas reservas, além de constituírem elemento essencial no elenco de soluções energéticas e na garantia do desenvolvimento e da segurança nacionais, poderão vir a ser um importante fator geopolítico em termos de comercialização de excedentes na produção de urânio uma vez que estejam satisfeitas as necessidades internas do Brasil cujo Programa Nuclear acena para a construção, até 2030, de mais 4 usinas 13 nucleares além das atuais Angra I e Angra II, em operação, e Angra III, em construção. Será objeto desta Monografia, abordar, em 9 Seções, todo o esforço nacional desenvolvido pelas empresas estatais do setor, a extinta NUCLEBRÁS e sua substituta INB, a fim de demonstrar que o potencial uranífero por elas pesquisado e aquele a prospectar, permitem assegurar que existem reservas suficientes de urânio para suprir os cenários previsíveis de geração nucleoelétrica bem como gerar excedentes na produção de concentrado de urânio (“yellow-cake”) para exportação, não existindo, para isso, impedimento legal (artigos 2º, 6º e 23º da Lei 6.189, de 16.12.1974), assegurando, assim, o binômio Segurança Energética-Desenvolvimento. 14 2 A ENERGIA NUCLEAR E SUAS APLICAÇÕES Energia Nuclear é a forma de se obter e utilizar energia a partir da fissão do átomo. Por fissão, entende-se a cisão do núcleo de um elemento químico provocada pelo bombardeio de um nêutron. Esta cisão libera outros nêutrons que vão dividir outros núcleos, na chamada reação em cadeia. O Urânio é um elemento químico radioativo de número atômico 92, isto é, tem 92 prótons em seu núcleo. O Urânio encontrado na natureza é uma mistura de três isótopos, sendo 99,28% de Urânio-238, 0,71% de Urânio-235 e 0,00057% de Urânio-234. Só o Urânio-235 é físsil, sendo, aliás, o único elemento físsil encontrado na natureza, ponto de partida, portanto, para todas as áreas de aplicação nuclear. Para se ter idéia da potência deste isótopo, para gerar a mesma quantidade de energia contida em 10g de U-235, seriam necessários 700Kg de petróleo ou 1.200Kg de carvão. Assim, o emprego da radioatividade e da energia nuclear estão cada vez mais desenvolvidos em todo o mundo. Coisas simples, incorporadas ao nosso dia-adia, são possíveis devido à radioatividade. Por exemplo: a seringa descartável de injeção. O que permite a esterilização da seringa dentro de um invólucro, no qual será vendida nas farmácias, é um tratamento radioativo que elimina todos os germes e impede sua proliferação. E, ainda, na medicina, são numerosos os tratamentos – especialmente em casos de câncer – possíveis com o aproveitamento das propriedades dos isótopos radioativos. Na alimentação, também, são importantes as pesquisas possibilitadas pelos radioisótopos. Por um lado, é possível acompanhar toda a trajetória da absorção dos alimentos por uma planta, definindo-se os nutrientes que essa planta melhor absorve, da seguinte forma: misturam-se radioisótopos em adubos que serão dados como alimentos à planta. Depois, ao cientista, basta medir a radioatividade existente na planta para calcular as quantidades dos diversos adubos por ela absorvidos. Existem mil e uma outras aplicações da radioatividade na indústria, gamagrafia, medidores, etc... Mas, depois da bomba atômica, a aplicação mais conhecida da energia nuclear está nos reatores para geração de energia elétrica. 15 O papel dos reatores nucleares é gerar calor. Com esse calor, podem-se mover navios e, sobretudo, produzir energia elétrica. Para mover navios ou produzir energia elétrica, o reator nuclear funciona conforme o mesmo princípio de uma caldeira. Só que no lugar do carvão, da lenha ou do petróleo, o que aquece a “caldeira” é o calor derivado da fissão do núcleo do urânio ou outro material físsil. A fissão aquece a água, produzindo vapor, que sob pressão, vai girar as turbinas, pondo em movimento as hélices do navio ou as pás do gerador de eletricidade. Em princípio, nada diferencia uma central elétrica térmica convencional de uma central elétrica térmica nuclear, exceto que a primeira usa petróleo, com suas míseras dez mil quilocalorias por quilo e, a segunda, usa urânio, com suas sensacionais 19 milhões de quilocalorias por grama de isótopo físsil, para produzir o vapor que porá o gerador em movimento. Na siderurgia e, mesmo, em outras indústrias como a química e a petroquímica, que requerem calor para provocar fenômenos químicos em seus processos, a energia nuclear poderá vir a ser largamente utilizada, estando em desenvolvimento reatores específicos para essas aplicações. Esses reatores, chamados HTGR (High Temperature Gas Reactor), conseguem elevar temperatura do fluído arrefecedor – gás neste caso – até 1.000ºC (os demais não chegam nem à metade disso), o que permite a gaseificação do carvão ou a obtenção de hidrogênio puro a partir d’água. Para geração de energia elétrica o urânio, desde que é minerado e até chegar ao reator, passa por um complexo processo de preparação. Após sair do reator, esse combustível “queimado” enfrenta novos processos, nos quais se recuperam urânio e plutônio físseis nele contidos e prepara-se o resto para ser, cuidadosamente, armazenado como rejeito radioativo, no jargão popular chamado de “lixo atômico”. Todo esse trabalho é conhecido como Ciclo do Combustível Nuclear (Figura 1). Suas sete principais fases são: 16 1) MINERAÇÃO/CONCENTRAÇÃO: o urânio é extraído da terra, onde às vezes se encontra associado a outros minerais de interesse econômico, separado destes e transformado em Diuranato de Amônio (DUA), um concentrado de urânio, conhecido popularmente como “yellow cake”, expresso em U3O8. 2) CONVERSÃO: o “yellow cake”, por meio de processos complexos, é transformado num composto com flúor, conhecido como hexafluoreto de urânio ou UF6 sólido, que, em torno de 60ºC, se transforma num gás. 3) ENRIQUECIMENTO: o hexafluoreto de urânio é submetido a processos para elevar seu teor de U235. 4) RECONVERSÃO: é o retorno do gás UF6 (hexafluoreto de urânio) ao estado sólido sob a forma de pó de dióxido de urânio (UO 2). 5) PASTILHAS: a prensagem do pó de dióxido de urânio (UO 2) transforma-o em pastilhas que têm a forma de um cilindro de, mais ou menos, um centímetro de comprimento e de diâmetro. 6) ELEMENTO COMBUSTÍVEL: é a fonte geradora do calor para a geração de energia elétrica, em uma usina nuclear, devido à fissão de núcleos de átomos de urânio. É composto pelas pastilhas de UO2 montadas em tubos de uma liga especial – o zircaloy (liga onde predomina o metal zircônio) – formando um conjunto de varetas cuja estrutura é mantida rígida por reticulados chamados grades espaçadoras. 7) GERAÇÃO DE ENERGIA: produção de energia elétrica através da fissão do núcleo do átomo. As usinas nucleares são unidades termoelétricas - como as convencionais – compostas de um sistema de geração de vapor, uma turbina para transformação do vapor em energia mecânica e de um gerador para a transformação de energia mecânica em energia elétrica. A geração de vapor, não ocorre em conseqüência da combustão de um material combustível, como o carvão e óleo, e sim devido à fissão de núcleos de átomos de urânio. 17 Figura 1: Ciclo do Combustível Nuclear. Apenas duas destas etapas ainda não são realizadas na INB: o Enriquecimento, que está em fase de implantação, e a Conversão do U3O8 em UF6 que, ainda, é integralmente realizada no exterior. Não obstante o País já detenha o domínio tecnológico necessário à execução dessas duas etapas, cujo responsável pelo desenvolvimento do processo foi o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), existem dois fatores limitantes para suas implantações pela INB: a questão da produção em escala industrial (scale-up) e a dificuldade na obtenção dos recursos necessários aos investimentos. O Programa Nuclear Brasileiro (PNB) que foi instituído em 1974 e se torna ponto de destaque do programa de governo do Presidente Geisel (1974-1979) conseguiu estruturar um parque industrial nuclear que garantiu a preservação e um significativo desenvolvimento da tecnologia adquirida pelo Brasil. Este parque, responsável pela operacionalização do ciclo do combustível, é composto por: duas usinas nucleares em operação (Angra I e Angra II) e uma terceira a ser finalizada (Angra III), localizadas no município de Angra dos Reis e operadas pela ELETRONUCLEAR, por um complexo fabril integrado de produção de elementos combustíveis para reatores nucleares, localizado em Resende (RJ), operado pela 18 INB e de uma planta de mineração e produção de concentrado de urânio, sob a forma de diuranato de amônio, o “yellow cake”, localizada em Caetité (BA) e também operada pela INB. O governo brasileiro já manifestou intenção de construir até 2030 de quatro a oito novas usinas nucleares, tendo sido anunciada a construção de duas delas no Nordeste e outras duas no Sudeste, com potência unitária de 1.000 MW. Com esta manifesta intenção do governo em incorporar de 4.000 a 8.000 MW oriundos de geração nucleoelétrica à matriz energética brasileira, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresentou no Plano Nacional de Energia (PNE) - 2030, resultados de cálculos que chegaram a quantificar em, aproximadamente, 100.407t em U3O8, a quantidade de combustível necessária à operação por 40 anos das três usinas de Angra e mais oito novas usinas de 1.000 MW, cada. Se, como se verá adiante, a reserva brasileira é de 309.370t em U3O8, isto resulta em um excedente de 208.963t de U3O8, suficiente para o atendimento de 24 usinas de 1.000 MW por quarenta anos e que podem ser exportados, já que não há impedimento legal que impeça a exportação (artigos 2º, 6º e 23º da Lei 6.189, de 16.12.1974), gerando, assim, os recursos financeiros para a implantação completa da indústria do ciclo do combustível e, também, para pesquisa e desenvolvimento. 19 3 HISTÓRICO DA PESQUISA DE URÂNIO NO BRASIL A prospecção e a pesquisa de urânio no Brasil começaram em 1952, (Quadro 1) quando o recém criado Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq desenvolveu atividades para determinar a existência de urânio no país. Inicialmente, as atenções voltaram-se para o Planalto de Poços de Caldas, localizado no sul do Estado de Minas Gerais, logo após se perceber que a rocha denominada caldasito, explorado há quase meio século como minério de zircônio, continha algum teor em urânio. Esta primeira fase das pesquisas, foi desenvolvida pelo CNPq e pelo Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, quando recorreram à prospecção aérea, técnica então incipiente. A partir de 1956, o CNPq, através da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, criada no referido ano, assinou convênio com o Serviço Geológico Americano – USGS, objetivando determinar o potencial de urânio do Brasil. Em consequência de uma nova orientação nas pesquisas, face à evolução do conhecimento da geologia do urânio, houve o interesse pelos metaconglomerados auro-uraníferos do Sinclinal do Gandarela (1954), Bacias Cretácicas de Tucano-BA e do Rio Grande do Norte (1956) e sequencias sedimentares de Olinda-PE (1959). Enquanto durou o convênio com o USGS, de 1956 a 1960, foram desenvolvidos trabalhos aéreos e feitas as primeiras sondagens geológicas. Identificou-se algumas ocorrências de urânio na Bacia do Parnaiba (Norte/Nordeste do Brasil), na Bacia do Tucano, na Bahia, e na Bacia do Paraná (Figueira-PR), no Sul. A partir de 1958, a CNEN passou a ser a responsável pela execução da pesquisa uranífera no Brasil. Em 1961, foi assinado convênio com o Comissariado de Energia Atômica Francês. No período em que o convênio vigorou, de 1962 a 1966, começou a participação mais efetiva de geólogos brasileiros no esforço de busca de urânio no país, uma vez que só nessa época se formaram as primeiras turmas de Geologia. Na ocasião foi identificado o urânio associado ao molibdênio, no Planalto de Poços de Caldas (MG). Até 1970 havia uma grande disponibilidade de urânio no mercado mundial, proveniente das minas da África do Sul, Austrália e Canadá, a um preço extremamente baixo porque a demanda era insignificante. No Brasil, não havia ainda 20 uma definição muito clara quanto ao caminho a seguir em termos de energia nuclear e de sua utilização no panorama energético brasileiro. Por isso, o número de técnicos envolvidos e os investimentos feitos foram relativamente pequenos. A partir de 1970, passou-se a investir, mais fortemente, na prospecção de urânio, quando a economia brasileira entrou, consistentemente, em fase de crescimento, o que requeria maior disponibilidade de energia. Através de reformulação do Ministério das Minas e Energia (MME), em 1970, foi criada a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, com o objetivo de executar os trabalhos de pesquisa mineral relacionados aos órgãos jurisdicionados ao MME, e, assim, a CNEN passou apenas a orientar a prospecção e pesquisa de urânio, encomendando os trabalhos à CPRM. No âmbito da CNEN e da Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear – CBTN, com a aquisição de equipamentos de qualidade e quantidade suficientes para garantir o melhor desempenho de técnicos, com o aumento do número de geólogos de 5 para 32 e a formação própria de um contigente de 26 prospectores, a pesquisa desenvolveu-se num ritmo rápido. Em Minas Gerais (Caldas, Poços de Caldas e Araxá) foram encontradas, inicialmente, ocorrências de urânio em rochas alcalinas. Em Araxá, o urânio, ainda não economicamente viável, está relacionado a jazidas de fosfato, que vieram impulsionar a indústria de fertilizantes no país. Assim, foram localizados, até 1974, alguns depósitos de relativa importância e assegurada uma reserva geológica de urânio da ordem de 11.000 toneladas expressas em U3O8, relativas ao Planalto de Poços de Caldas e ao Depósito de Figueira, na Bacia do Paraná. A partir de 1975, através da recém criada Empresas Nucleares Brasileiras – NUCLEBRÁS, que chegou a contar em seus quadros com 138 geólogos e centenas de engenheiros, prospectores e técnicos em mineração, e da sua sucessora Indústrias Nucleares do Brasil – INB, criada em 1988, a pesquisa de urânio no território brasileiro se intensificou significativamente, através de sua Diretoria de Recursos Minerais (DRM), tendo se concentrado nas grandes bacias sedimentares, orientando a busca no Paraná e no Nordeste. Desta forma, anomalias de urânio foram detectadas e jazidas definidas. Importa ressaltar que apesar de todo o esforço exercido, apenas 30% do território brasileiro foi 21 pesquisado, de maneira plena ou parcial. Assim sendo, algumas regiões devem, ainda, ser prospectadas e outras submetidas à análise geológica mais detalhada. Há de se enfatizar que a INB e as empresas antecessoras fizeram grande esforço para colocar em evidência depósitos econômicos de urânio. Guardadas as devidas proporções, não existiu preocupação em transportar modelos conceituais de jazidas existentes em outros países, embora na seleção de áreas para prospecção tenha-se adotado certas analogias. Até o momento, as jazidas avaliadas no Brasil têm apresentado características próprias. Em pesquisa geológica trabalha-se muito através de analogia. Entretanto, adotou-se a idéia de não se limitar aos modelos geológicos já conhecidos. Assim sendo, descobriu-se os depósitos de Lagoa Real, na Bahia, onde as primeiras anomalias foram detectadas em 1977, por reconhecimento aéreo. Hoje, a denominada Província Uranífera de Lagoa Real, apresentando 100.000 toneladas em U3O8, relativas a 12 dos 35 depósitos de urânio, de baixo a médio teor, que a compõem, caracteriza um modelo impar (“sui generis”), semelhante em alguns aspectos, apenas, aos depósitos da Ucrânia e, de certa forma, à ocorrência de Espinharas de Patos, na Paraíba, e aos depósitos de Plentajokk – Suécia e de Rohil (Rajasthan), na Índia. Outro exemplo é a Jazida Itataia, no Ceará, com reserva da ordem de 142.000 toneladas em U3O8 onde o urânio encontra-se intimamente associado à rocha fosfática (colofanito), contendo cerca de 11% de P2O5 e 0,1% em U3O8. No momento, a INB, junto à Galvani Mineração S/A, tenta obter licenciamento ambiental federal (IBAMA/CNEN) para início da lavra da jazida. Os trabalhos executados até o final da década de oitenta (Quadro 1) culminaram com a definição de várias jazidas (Figura 2), relacionadas a diversos ambientes geológicos, totalizando cerca de 310.000 toneladas em U3O8 (Tabela 1). Como mostrado nessa tabela, deve-se enfatizar, aqui, que, quando da criação da NUCLEBRÁS, em dezembro de 1974, as reservas conhecidas em todo o País eram de 11.040 toneladas em U3O8, elevando-se, no final de 1982, para 301.490 toneladas, o que equivale a um crescimento de 2.630% em um período de oito anos demonstrando, assim, a eficácia da metodologia da pesquisa de urânio empregada pelo corpo técnico da então NUCLEBRÁS e que será abordada na Seção 4, a seguir. PERÍODO EXECUTOR ATIVIDADES OCORRÊNCIAS / JAZIDAS 1952 – 1955 Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq Aerocintilometria: 70.000 km Urânio associado a: caldasito (Planalto de Caldas–MG); fosfato (Araxá-MG); ouro (Jacobina-BA). 1956 – 1960 Cooperação Americana CNEN / CNPq / USGS Aerocintilometria: 77.000 Km Sondagem: 6.000 m Urânio nas Bacias Sedimentares do Parnaíba-PI; Tucano-BA e Paraná-PR. 1961 – 1966 Cooperação Francesa CNEN / CEA Aerocintilometria: 94.000 Km Sondagem: 7.700 m Urânio na Bacia do Jatobá-PE; Urânio associado ao molibdênio, em Poços de Caldas-MG. 1967 – 1974 CNEN (CBTN) Aerocintilometria: 45.000 Km Sondagem: 26.000m Avaliação de reservas em Araxá-MG e Olinda-PE; Cubagem de reservas no Planalto de Poços de CaldasMG (Depósito de Agostinho). 1975 – 1988 NUCLEBRÁS Aerogamaespectrometria: 612.707 Km Sondagem: 336.043 m Implantação do CIPC (1976) Descoberta das jazidas /depósitos; Figueira – PR (1975); Amorinópolis e Rio Preto-GO (1975); Planalto de Poços de Caldas (Depósito do Cercado); Itataia-CE (1976); Lagoa Real-BA (1977); Rio Cristalino (1978). 1989 – Atual INB Sondagem: 25.731 m Implantação da URA (1999) Extensão de Jazidas da Província Uranífera de Lagoa Real. Quadro 1: Histórico da Prospecção e Pesquisa de Urânio no Brasil. Fonte: Relatório Interno da INB. 22 23 Figura 2: Localização das Jazidas de Urânio no Brasil. Fonte: Relatório Interno da INB. 24 Tabela 1: Evolução das reservas brasileiras a CLASSE DE RESERVAb MED. + IND. INFERIDA 1200 2382 4292 6292 3940 7100 EMPRESA ANO FASE CNEN (CBTN) 1970 1971 1972 1973 1974 FASE NUCLEBRÁS 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 3940 16900 27500 73500 126000 140500 140500 192540 192540 192540 192540 192540 192540 192540 7100 9480 39300 68800 89300 95800 125000 108950 108950 108950 108950 108950 108950 108950 11040 26380 66800 142300 215300 236300 265500 301490 301490 301490 301490 301490 301490 301490 FASE INB 1989 1990 1991 1992 1993 1994 192540 196710 196710 196710 177200 177500 108950 112360 112360 112360 131870 131870 301490 309070 309070 309070 309070 309370 TOTAL 1200 2382 4292 6292 11040 Fonte: Relatório Interno da INB. a Toneladas métricas de U3O8. b As reservas relativas aos projetos desativados foram inseridas na classe inferida. Reserva Medida+Indicada (MED. + IND.) – Equivale a Recursos Razoavelmente Assegurados (AIEA). Reserva Inferida – Equivale a Recursos Adicionais Estimados (AIEA). 25 4 METODOLOGIA DA PESQUISA NO BRASIL Com a criação da Empresas Nucleares Brasileiras S.A. – NUCLEBRÁS, em dezembro de 1974, e a estruturação de sua Diretoria de Recursos Minerais (DRM), teve início, em janeiro de 1975, um programa de prospecção e pesquisa de minérios nucleares seguindo uma metodologia adaptada às características geológicas do território brasileiro e que não fosse apenas uma transposição de metodologias existentes em outros países, ou seja, partiu-se desde o início para a formação de uma competência nacional, hoje plenamente atingida. Do ponto de vista organizacional, dentro da área de recursos minerais da então NUCLEBRÁS, as tarefas foram divididas entre três grupos: 1) Geologia 2) Prospecção e Pesquisa 3) Engenharia Mineral Coube, ao grupo da Geologia, a ampla análise geológica e a seleção de grandes áreas-alvo. Ao grupo de Prospecção e Pesquisa, coube a execução de trabalhos desde a escala regional até a pesquisa de uma jazida. Ao grupo de Engenharia Mineral, estiverem afetas as tarefas de desenvolvimento de processos de extração de urânio, determinação de métodos de lavra, estudos conceituais e de projeto básico de complexos industriais. A interação entre estes grupos, de extrema importância para o desenvolvimento dos trabalhos, permitiram, desde os passos iniciais, em uma área determinada, avaliar o potencial de produção econômica de concentrados de urânio. A busca do urânio ou de qualquer outro bem mineral não depende somente de recursos e de pessoal capacitado. São necessárias uma filosofia de trabalho e uma sistemática que permitam a real avaliação das áreas trabalhadas. A metodologia de trabalho, até hoje seguida pela INB, esteve orientada em uma série de ações inerentes à prospecção e pesquisa mineral visando, em última instância, à descoberta de jazidas de urânio. O planejamento ordenado dessas ações orientou a criação de 4 Programas de Trabalho, assim conceituados: 26 1º) Programa de Seleção e Verificação de Áreas Caracteriza-se por trabalhos iniciais de pesquisa bibliográfica e viagens de verificação no campo, tendo por finalidade selecionar, em uma determinada região, áreas de centenas a milhares de quilômetros de superfície, que devem ser alvos de trabalhos de campo. De modo geral, as informações obtidas deverão ser sintetizadas em mapas com escalas entre 1:500.000 e 1:100.000. Uma vez selecionados os alvos, são realizados trabalhos de reconhecimento geológico, objetivando verificar premissas e estabelecer uma base geológica geral para trabalhos posteriores. Nas áreas julgadas favoráveis, o trabalho prossegue mediante coleta de dados geológicos através de levantamentos aerogeofísicos ou geoquímicos regionais. De modo geral, esses trabalhos são realizados em escalas entre 1:100.000 e 1:50.000 e objetivam a descoberta e/ou localização de anomalias de radioatividade. A figura abaixo, exibe o extenso programa de seleção e verificação de áreas radiométricas anômalas desenvolvido, pela NUCLEBRÁS, na década de 70. Figura 3: Programa de Seleção e Verificação de Áreas. Fonte: Relatório Interno da INB. 27 2º) Programa de Prospecção de Minerais Nucleares O objetivo do trabalho nesse Programa é a descoberta e a avaliação preliminar de indícios de mineralização. As áreas trabalhadas variam de algumas centenas de metros quadrados a alguns quilômetros quadrados e os trabalhos compreendem, de modo geral, levantamento aerofotográfico, restituição fotogramétrica, mapeamento fotogeológico, mapeamento geológico, levantamento radiométrico, geoquímica, geofísica terrestre, avaliação de indícios, sondagem geológica/perfilagem e estimativa de recursos. De modo geral, a escala de trabalho varia entre 1:25.000 e 1:5.000. A avaliação geológica preliminar das anomalias uraníferas evoluiu para a avaliação de detalhe tendo sido descobertos 17 indícios de urânio cujas localizações são mostradas na figura abaixo: SERIDÓ Figura 4: Programa de Prospecção de Minerais Nucleares – Final da década de 70. Fonte: Relatório Interno da INB. 28 3º) Programa de Pesquisa de Minerais Nucleares A partir dos 17 indícios uraníferos descobertos no Programa de Prospecção de Minerais Nucleares, a Pesquisa Mineral tem por objetivo a definição de reservas de uma possível jazida, o estudo do tipo de mineralização presente e o conhecimento detalhado da geologia do depósito, com vistas ao seu aproveitamento econômico da jazida. Os trabalhos se desenvolvem em escala maior que 1:10.000 e compreendem levantamento aerofotográfico, restituição fotogramétrica, mapeamento geológico, geofísica terrestre, abertura de "poços" e galerias de pesquisa, sondagem de cubagem/perfilagem, estimativa de reservas, estudos hidrológicos, hidrogeológicos e ensaios de beneficiamento e análise econômica de um possível empreendimento mínero-industrial. A localização de 7 indícios dos 17 iniciais (Figura 4) que evoluiram para o estágio de Jazidas, é mostrada na figura abaixo: Figura 5: Programa de Pesquisa de Minerais Nucleares – Final das décadas de 70 – 80. Fonte: Relatório Interno da INB. 29 4º) Programa de Desenvolvimento de Métodos Nesse Programa são englobados estudos visando a descoberta e o aperfeiçoamento de técnicas e métodos de trabalho, que poderão contribuir direta ou indiretamente para a realização dos Programas anteriores. Deve-se ressaltar que os estudos que compõem esse Programa podem se desenvolver paralelamente às fases realizadas em outros Programas, constituindo, muitas vezes, um apoio à realização das mesmas. Nesse Programa estão enquadrados os Convênios firmados com Universidades e entidades governamentais ligadas à pesquisa mineral. As áreas onde se desenvolveram os estudos e métodos de trabalho estão localizadas na figura, abaixo: Figura 6: Programa de Desenvolvimento de Métodos – Final das décadas de 70 – 80. Fonte: Relatório interno do INB. 30 No quadro, a seguir, encontrar-se-á uma síntese das principais características de cada uma das jazidas de urânio, localizadas na Figura 2, contextualizando-as geoeconomicamente. JAZIDA POÇOS DE CALDAS – MG TIPO DE MINÉRIO/MINERALIZAÇÃO Associação urânio, molibdênio, zircônio, potássio. Rocha Hospedeira: Tinguaíto e Rochas vulcânicas (alcalinas) – “Pipe em Brecha de Colapso / Rollfront”. Bem Mineral: urânio, molibdênio, zircônio e rocha potássica. FIGUEIRA – PR (Bacia do Paraná) Ocorrência carbonífera com urânio associado, em arenitos e rochas carbonosas (siltitos e carvões). Bem Mineral: urânio, molibdênio. QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG Associação aurouranífera relacionada a metaconglomerados piritosos (seixos de quartzo). Bem Mineral: ouro, urânio e pirita. Urânio associado a arenitos feldspáticos (subarcósios) – AMORINÓPOLIS – GO “Tipo Rollfront”. Bem Mineral: urânio (primário e (Borda da Bacia do Paraná) secundário). RIO CRISTALINO – PA Quartzito feldspático e metarcósio são os principais hospedeiros da mineralização uranífera – Depósito tipo inconformidade proterozóica”. Bem Mineral: urânio. ITATAIA – CE Urânio associado a rocha fosfática (Colofanito) – “Depósito tipo fosfato”. Bem Mineral: fosfato e urânio. LAGOA REAL – BA Mineralização monometálica de urânio. Rocha hospedeira: Albitito metassomático (“tipo metassomatito granítico cálciosódico”). Bem Mineral: urânio ESPINHARAS – PB Urânio associado a gnaisses albitizados/albititos (rochas metassomatizadas). Bem Mineral: urânio. Quadro 2: Contexto Geoeconômico. Fonte: Relatório Interno da INB. 31 5 RESERVAS BRASILEIRAS DE URÂNIO Conforme definição da Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA as reservas de urânio situam-se em duas categorias: Recursos Razoavelmente Assegurados (RAR = Reasonably Assured Resources) e Recursos Adicionais Estimados (EAR = Estimated Additional Resources), podendo ser consideradas, ainda, em várias categorias de custos de produção. Desta forma, as reservas brasileiras são apresentadas na Tabela 2. As categorias RAR e EAR, correspondem, no Brasil, às classes de reservas MEDIDAS+INDICADAS (RAR) e INFERIDAS (EAR) que se diferem pela quantidade de trabalhos de pesquisa efetuados nas áreas mineralizadas que asseguram certezas e incertezas quanto maior (RAR) ou menor (EAR) for o grau de estudos sobre a área pesquisada. Há de se observar, portanto, que na avaliação da reserva de uma jazida é indispensável considerar a sua reserva recuperável: quantidade de urânio contido no minério, que poderá ser realmente aproveitado, levando em conta as perdas inevitáveis decorrentes do processo de lavra e do beneficiamento mineral, mesmo adotando-se tecnologias corretamente comprovadas e utilizadas. Atualmente, dentre as jazidas brasileiras de urânio, destacam-se as de Lagoa Real (BA) e Itataia (CE), ambas com grande tonelagem de reservas geológicas e boas possibilidades de recuperação a um custo abaixo do preço de mercado, o que permite considerá-las para empreendimentos mínero - industriais. As reservas geológicas de Lagoa Real e de Itataia são da ordem de 243.000 toneladas de U3O8, das quais supõe-se que cerca de 66.000 toneladas sejam recuperáveis a um custo abaixo de 20 dólares a libra, e cerca de 111.000 toneladas a um custo abaixo de 40 dólares a libra (Tabela 2). Presentemente, (meados de setembro / 2011) o concentrado de urânio (“yellow-cake”) está sendo comercializado a US$ 54,00 dólares americanos a libra peso (pound). O aproveitamento da Jazida Itataia está condicionado à associação com parceiros privados interessados no mercado de fertilizantes. A atratividade do empreendimento, em fase de implantação, será complementada pela co-produção de urânio, obtido a baixo custo. As demais jazidas, na Tabela 2 referidas como OUTRAS, apresentam restrições técnicas e econômicas, decorrentes de pequena espessura e distribuição 32 irregular dos corpos mineralizados. Essas restrições acarretam dificuldades na lavra e na recuperação do urânio e, consequentemente, elevam o custo de produção. Em se tratando de depósitos de baixo teor, que podem constituir as denominadas jazidas de qualidade inferior (tipo convencional), com freqüência, o urânio apresenta-se como sub-produto. Este é o caso da Ocorrência Sinclinal do Gandarela (metaconglomerados), na qual o produto é o ouro e as concentrações uraníferas somente poderão ser complementadoras na viabilização do empreendimento. Tabela 2: Reservas brasileiras de urânio a CLASSE DE RESERVA JAZIDA/ DEPÓSITO RECURSO RAZOAVELMENTE c ASSEGURADO U3O8 <20 US$/lb CIPC RECURSO ADICIONAL d ESTIMADO TOTAL U3O8 <40 US$/lb TOTAL U3O8 <40 US$/lb GERAL 500 500 4.000 4.500 LAGOA REAL 24.200 69.800 94.000 6.770 100.770 ITATAIA 42.000 41.000 83.000 59.500 142.500 61.600 61.600 131.870 309.370 b OUTRAS TOTAL 66.200 111.300 177.500 Fonte: INB/AIEA. a Toneladas métricas de U3O8. b Refere-se a Prospectos/Depósitos tais como: Rio Cristalino (PA); Amorinópolis e Rio Preto/Campo Belo (GO); Poços de Caldas e Gandarela (MG); Figueira (PR) e Espinharas (PB). c No Brasil, corresponde às classes de reservas MEDIDAS+INDICADAS. d No Brasil, corresponde às classes de reservas INFERIDAS. 33 6 PRODUÇÃO DE CONCENTRADO DE URÂNIO 6.1 LAVRA É importante compreender, como já anteriormente descrito, que para se produzir urânio não basta determinar uma anomalia radioativa, mas são necessárias outras atividades que se interconectam, tais como pesquisa geológica para identificação do urânio, sondagem para avaliação das reservas contidas, sondagem de desenvolvimento e extensão de jazidas, engenharia de processo e elaboração do projeto industrial. São tarefas que levam cerca de dez anos, em média, para serem concluídas, desde que as anomalias foram descobertas. A produção do concentrado de urânio, denominado comercialmente por “yellow cake”, é programada com 20 meses de antecedência para recargas de combustíveis, e com 36 meses para entrada em operação de novas usinas nucleares novas. No Brasil, inicialmente, foi aproveitado o urânio contido nas jazidas do Complexo Alcalino de Poços de Caldas, na região de Caldas – MG, onde se instalou, em 1980, o Complexo Mínero-Industrial (Mina Osamu Utsumi), que operou até 1994. Neste período, de forma descontínua, foram produzidas um total de 1124 toneladas de concentrado de urânio (diuranato de amônio – DUA, contendo aproximadamente 85% de U3O8), que constituíram a matéria prima para composição do combustível nuclear utilizado na Usina Angra 1. Após a desativação, por razões econômicas, da primeira mina de urânio do País, em Caldas (MG), criou-se um novo centro produtor de urânio, no Município de Caetité, no sudoeste da Bahia. Trata-se da Unidade de Concentrado de Urânio – URA, que tem como objetivo o fornecimento de matéria-prima para fabricação do combustível requerido pelas usinas nucleares brasileiras. Em junho de 2005 obtevese a primeira produção de concentrado de urânio, a partir da exploração da Jazida Cachoeira (Anomalia 13, da Província Uranífera de Lagoa Real). Ao entrar em lavra, a Jazida Cachoeira adquiriu o “status” de mina. Constitui, atualmente, a única mina de urânio em atividade no Brasil, sendo operada de forma ecologicamente correta e seguindo boas práticas de segurança, utilizando-se técnicas e equipamentos convencionais (Foto 1), segundo atestam a CNEN e o IBAMA, órgãos fiscalizadores nacionais. 34 Foto 1: Mina Cachoeira – Caetité (BA). Fase de lavra do Corpo 1, mostrando cava a céu aberto com bancadas de 5 metros de altura e bermas de 3 m de largura. Profundidade atual de 70 metros, visando a profundidade de 120 m. A partir de uma visão empresarial, embasada no respeito e na preocupação ambientais, os trabalhos foram iniciados em dezembro de 1999. Até o momento (meados de setembro de 2011), foram retiradas e processadas cerca de 1.464.248 toneladas de minério equivalentes a 2.913 toneladas de U3O8, sendo a relação estéril-minério de 6:1 e o teor médio de urânio da ordem de 0,3% (Foto 2). Foto 2: Minério de urânio: Mina Cachoeira – Caetité (BA) Constituído por anfibólio-piroxênio albitito. A rocha apresenta, disseminadamente, uraninita e, condicionado a planos de fatura e à foliação, uranofano (mineral secundário de cor amarela). 35 Foi desenvolvido um modelo para a otimização do teor de corte, que vem a ser o teor mínimo do bem mineral a ser extraído, visando o melhor aproveitamento das reservas. Atualmente, por imposição econômica, o teor de corte é de 700 ppm de U3O8, todavia, teores superiores a 300 ppm são aproveitados, se contidos em porções de minério lavrável. A explotação é conduzida conforme a orientação do planejamento da mina. Lavra-se o minério a céu aberto (cava em bancada), bloco a bloco, através de acompanhamento litológico e radiométrico e do conhecimento da distribuição dos teores na jazida, constituindo-se na atividade essencial para o alcance das metas básicas de produção. O período de lavra a céu aberto, da jazida em epígrafe, está estimado em 10 anos, contemplando aproximadamente 5.000 toneladas de U3O8. A disposição do estéril da mina é efetuada de forma ascendente, estabelecendo patamares modulares, que são prontamente revegetados, conforme estabelecido no Plano de Recuperação das Áreas Degradadas (PRAD) aprovado pelo IBAMA. Este procedimento facilita os trabalhos de descomissionamento, promovendo a imediata reintegração da área ao ambiente local. Desta forma, os trabalhos mineiros encontram-se adaptados ao cenário internacional, onde se busca custos de produção decrescentes, através da racionalização das operações e do controle da qualidade. 6.2 BENEFICIAMENTO O minério lavrado é submetido ao processo de tratamento mineral, na Unidade de Concentrado de Urânio (URA) – Caetité (BA), (Foto 3), conforme fluxograma apresentado na Figura 7. O processo é o de lixiviação em pilhas, que dispensa as fases de moagem, agitação mecânica e filtração. A lixiviação estática, em pilha, foi escolhida por razões econômicas e em função das características favoráveis do minério. O minério é britado em quatro estágios, em circuito fechado, atingindo uma granulometria em torno de 1 centímetro. Após a cominuição física do minério e formação da pilha, efetua-se um ataque químico, com ácido sulfúrico, obtendo-se um licor uranífero (sulfato de uranila). Numa etapa seguinte, a lixívia passa por um sistema de extração por solventes orgânicos, reversão com cloreto de sódio, para recuperar o solvente orgânico e retornar ao processo, tornando-o extremamente 36 econômico, seguido por uma etapa de precipitação com hidróxido de amônio, levando à formação de diuranato de amônio - DUA (Foto 4). A planta tem capacidade anual para processar todo o licor oriundo de até 180.000 toneladas de minério, produzindo cerca de 400 toneladas de DUA. Num processo contínuo, as etapas de lixiviação e de usina levam cerca de 40 dias. Até meados de setembro de 2011, foram produzidas cerca de 2.913 toneladas de diuranato de amônio, a partir do processamento de 64 pilhas de lixiviação. A recuperação média do conteúdo uranífero é da ordem de 75%, com um consumo de 30 quilos de ácido sulfúrico por tonelada de minério tratado. No aspecto ambiental, a ausência de rejeitos sólidos finos evita a necessidade de depósitos especiais para sua contenção, minimizando, desta forma, os impactos já reduzidos, também, pela menor utilização de insumos químicos. O projeto permite a reciclagem total dos efluentes líquidos, evitando a liberação para o meio ambiente. Adotou-se a utilização de lagoas (“ponds”), com mantas impermeabilizantes de 1mm de espessura, sobre colchão de areia, para retenção da fase sólida gerada no tratamento do efluente líquido. Esse método possui um moderno sistema de drenagem, denominado drenos subaéreos, que permite a reciclagem de toda a fase líquida e substitui, com enormes vantagens ambientais, os sistemas convencionais de barragem de rejeitos. O lençol freático é monitorado através da coleta de amostras, em vários pontos estrategicamente localizado ao redor da pilhas. Na montagem e na operação inicial do Complexo Mínero-Industrial de Poços de Caldas, houve a participação efetiva e importante de técnicos franceses, visando a absorção de sua tecnologia. Em relação ao Complexo Mínero-Industrial de Caetité, cabe salientar que a idealização, montagem e operação do empreendimento se deu através de tecnologia brasileira, tendo-se utilizado, em sua quase totalidade, equipamentos nacionais. O diuranato de amônio (“yellow cake”) produzido na Unidade de Caetité é transportado, via rodoviária, para o porto marítimo de Salvador – BA, onde é embarcado em navio com destino ao Canadá, para a conversão do diuranato de amônio em hexafluoreto de urânio. Em seguida o material é enviado para a Europa, a fim de passar pelo processo de enriquecimento isotópico. Desta forma, o hexafluoreto de urânio enriquecido retorna para o Brasil, visando a reconversão em 37 pó de dióxido de urânio, fabricação de pastilhas e fabricação do elemento combustível, na Unidade Industrial da INB, localizada em Resende – RJ. Finalmente o combustível nuclear é enviado para as Usinas Nucleares Angra 1 e Angra 2, para geração de energia elétrica, estabelecendo-se, assim, o Ciclo do Combustível Nuclear como exibido na Figura 1, na Seção 2. Atualmente, na Unidade de Resende, a INB desenvolve testes referentes ao processo brasileiro de enriquecimento, objetivando efetivá-lo, em escala industrial, em 2012. Foto 3: Vista aérea geral da Usina de Beneficiamento de Urânio – Caetité (BA). Visualiza-se os pátios de britagem e de lixiviação em pilhas, as bacias de armazenamento do licor uranífero (lixívia proveniente das pilhas, após ataque ácido), lagoa para retenção de sólidos e unidade de processo (extração e estocagem DUA). 38 Figura 7: Fluxograma de Processo. Britagem do minério – Formação da pilha de minério – Lixiviação do minério – Obtenção do licor uranífero – Clarificação – Extração por solventes – Precipitação – Filtração do DUA – Secagem do DUA – Entamboramento do DUA. Foto 4: “Yellow Cake”. Observa-se, na esteira, o diuranato de amônio – DUA (“yellow cake”), em fase de secagem. 39 7 SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS Conforme demonstra o cenário geológico do território brasileiro, o seu potencial uranífero permite estabelecer uma grande possibilidade da existência de outras jazidas, além daquelas já definidas, considerando a variedade de ambientes favoráveis. Desta forma, não se pode perder de vista a importância fundamental da continuidade da prospecção uranífera e da necessidade de se efetuar a avaliação de indícios e ocorrências já identificados e merecedores de investimentos adicionais, levando, consequentemente, à caracterização de jazidas, determinando sua importância industrial, através do estudo de viabilidade técnico-econômica. Ou, por outro lado, que sejam definitivamente descartadas as anomalias selecionadas e recomendadas inicialmente, mas que não apresentem, a partir de uma reavaliação, reais potencialidades e parâmetros geoeconômicos favoráveis. Embora a reserva já assegurada possa estabelecer recursos suficientes para suprir os cenários previsíveis de geração de energia elétrica de origem nuclear, para as necessidades brasileiras e possível exportação, se faz necessária a continuidade do desenvolvimento tecnológico e de pesquisa, objetivando a otimização e a viabilidade de novos projetos, constituindo-se no caminho essencial para a consolidação da energia nuclear no país. Os esforços na prospecção e pesquisa deverão concentrar-se, em prospectos de potencial de baixo custo de produção e elevado teor, a exemplo daqueles do tipo discordância, encontrados no Canadá e na Austrália. O Prospecto Rio Cristalino, no Pará, se enquadra neste tipo de jazimento, justificando, portanto, a retomada da pesquisa para sua avaliação. Vale lembrar, que se deve trabalhar, normalmente, com uma antecedência de dez anos em relação a demanda, uma vez que a descoberta e a viabilização de depósitos minerais constituem um processo complexo e de longa duração. Neste sentido, constitui-se em real vulnerabilidade a escassa renovação de pessoal no setor nuclear, fazendo-se necessário, portanto, contratar novos profissionais uma vez que lhes é exigido, além da capacitação técnica, a experiência operacional, que só pode ser ganha através de sua atuação. Há urgência nesta contratação, para que possam absorver os conhecimentos adquiridos pelos mais 40 experientes antes que estes se aposentem levando consigo toda a memória tecnológica de suas áreas de conhecimento. O mercado de urânio, como não poderia deixar de ser, é reflexo da política global dos programas nucleares. Atualmente, o mercado se encontra em desequilíbrio entre a produção e a demanda. A tendência atual do mercado de urânio sinaliza para uma eventual escassez, já nesta década. Como conseqüência, as minas que apresentam urânio de baixo custo de produção são as que estão em evidência. Deve-se considerar, principalmente, que os levantamentos aerogamaespectrométricos foram fundamentais para a descoberta dos primeiros indícios de urânio (Figura 4). Na ocasião, final da década de 70, os levantamentos foram realizados segundo uma malha aberta, utilizando-se equipamentos, hoje, superados. Com a evolução tecnológica e melhoria da qualidade dos equipamentos, traduzidas por obtenção de dados com mais fidelidade e com melhor resolução, através de aeronaves apropriadas para este tipo de serviço, torna-se mais eficiente e indicada a adoção deste método investigativo, na pesquisa mineral, notadamente aquela relacionada aos minerais radioativos. Cabe considerar, também, que o emprego do método geoquímico, como ferramenta auxiliar na busca de jazimentos que não afloram, tem se revelado um método de pesquisa eficaz e cada vez mais freqüente em todo mundo, tanto para urânio como para vários outros metais. A aplicação dessa técnica nas suas várias formas de análise possíveis (água, solo, sedimento de corrente, etc.), pode levar a resultados de decisiva importância e a custos compensadores, principalmente em países de clima tropical, sujeitos à forte ação intempérica das rochas, como o Brasil, onde alvos mineralizados de grande interesse, não raro, se apresentam sob cobertura de alteração, de variada espessura. Esse é o caso, por exemplo, da Província Uranífera de Lagoa Real, particularmente, em se tratando dos seus setores central e nordeste que contêm os principais depósitos de urânio. Nesta região, as áreas mineralizadas apresentam-se parcialmente encobertas por uma camada de solo detrítico/laterítico, que dificulta ou mesmo impede a detecção da mineralização pelos recursos comuns da radiometria de superfície. Assim sendo, estabelece-se a proposta de utilizar levantamentos radiométricos/gamametria, coadjuvados por geoquímica de solo e outros métodos, 41 como alternativa útil de pesquisa em área de cobertura intempérica, desprovida de afloramentos rochosos, a exemplo da emanometria onde o radônio, produto de filiação do urânio, difunde-se no solo e migra na atmosfera. O estudo de sua emanação pode evidenciar a presença de mineralizações uraníferas profundas. O nordeste brasileiro, apresentando clima semi-árido e relevo moderado, constitui uma região propícia para aerogeofísica. 42 8 ÁREAS-ALVOS COM POTENCIALIDADE PARA JAZIMENTO DE URÂNIO As áreas-alvos estão localizadas na Figura 8. 8.1 PROVÍNCIA URANÍFERA DE LAGOA REAL (BA): JAZIDAS ADICIONAIS Localização: centro-sul do Estado da Bahia – Município de Caetité; 2 Área: 1200 km ; Situação da pesquisa: a) Determinação de 35 anomalias autoportadas/aéreas, das quais 12 foram submetidas a avaliação por sondagem testemunhada, sendo que sete são consideradas jazidas com reservas em torno de 100.000 toneladas de U3O8 e teor médio de 0,2 a 0,4%. A Jazida Cachoeira (Anomalia 13) encontra-se em processo de lavra; b) Realização de quatro Levantamentos Aerogamaespectrométricos; c) Execução de 120.000 metros de sondagem testemunhada e 105.000 determinações analíticas; Proposição: a) Execução principalmente de geofísica aérea/terrestre e métodos auxiliares (geoquímica, radiometria, emanometria); b) Avaliar, através de sondagem, os demais indícios. 8.2 PROJETO RIO CRISTALINO (PA) 2 A área do Projeto Rio Cristalino, com aproximadamente 1.000 km , localizase no Município de Santana do Araguaia, Estado do Pará. Está contida na folha Rio Campo Alegre SC-22-X-C-I (IBGE). A ocorrência de mineralização uranífera na área do Rio Cristalino foi definida a partir de dados obtidos pelo Projeto Geofísico/Geoquímico Brasil – Canadá – PGBC (1975-1978), realizado sob o âmbito e coordenação do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, em uma região abrangendo partes de Tocantins, Pará, Mato Grosso, Goiás e Maranhão. 43 Foram detectadas dezenas de anomalias radioativas, em um contexto geológico amplamente favorável à mineralização de urânio. Do conjunto de anomalias verificadas, três delas foram submetidas à investigação subsuperficial através de sondagem exploratória, visando estudar em profundidade o comportamento da mineralização uranífera evidenciada na superfície, a partir de levantamentos radiogeológicos e análises de teores. Desta maneira, os trabalhos de prospecção e pesquisa devem ser retomados, de uma forma sistemática e criteriosa, obedecendo às várias fases que a metodologia clássica estabelece, aqui sintetizada, na Seção 4. 8.3 PROJETO ARAPIRACA (AL) Projeto contido na folha SC.24-X-D-V, situada, geograficamente, entre as latitudes 9º 30’ e 10º 00’ sul e longitudes 36º 30’ e 37º 30’ W, abrangendo parte central do Estado de Alagoas. Geotectonicamente, a área está inserida na porção sul da Província Borborema, no denominado Domínio Externo, posicionada entre a Faixa Sergipana, o Domínio Araticum, o Terreno Pernambuco – Alagoas e o Terreno Canindé – Marancó. Sugere-se, para o projeto em questão, a seguinte programação de trabalho: Compilação de trabalhos geológicos de cunho regional executados pela CPRM, ou por outras empresas, notadamente os levantamentos geológico-metalogenéticos nas mais diversas escalas e trabalhos provenientes de cursos de pós-graduação e publicações técnicas em livros, revistas, anais e boletins de Congressos e Simpósios; Levantamento Radiogeológico Autoportado na Folha Arapiraca; Avaliação de Indício através de um Plano Contador; Amostragem e Análise Química para Urânio e Tório; Levantamento Aerogeofísico a depender dos resultados anteriores. 8.4 PROJETO VENTUROSA (PE) Projeto trabalhado pela Nuclebrás na década de 70 e que merece uma revisão mais detalhada, principalmente, por se tratar de mineralização, em um 44 contexto geológico favorável, onde foi executado um programa mínimo de sondagem geológica. 8.5 OUTRAS ÁREAS POTENCIAIS Adicionalmente, às áreas suprarelacionadas, as principais áreas a serem investigadas/retomadas são: Bacia do Paraná; Bacia do Parnaiba (Maranhão ou Meio-Norte); Bacia de Tucano-Jatobá (BA); Região Granitogênica do Norte do país / Áreas Cratônicas da Região Amazônica/Carajás; Regiões situadas em domínios da Chapada Diamantina (BA), no Cráton do São Francisco. Trabalhos de geofísica, seguidos por programas de sondagem, serão apropriados para investigações iniciais dessas áreas. 150.000t 150.000t 120.000t 130.000t 800 Figura 8: Potencial uranífero adicional do Brasil. 45 9 CONCLUSÃO A evolução do déficit energético brasileiro e mundial torna imprescindível a continuidade da avaliação do potencial uranífero do país. A definição de reservas conhecidas bem como a descoberta de novas reservas, além de constituírem elemento essencial no elenco de soluções energéticas poderão vir a ser um importante fator de política no plano internacional. Cria-se sempre nova demanda de combustível nuclear após uma decisão de construir uma usina nuclear. Como os reatores necessitam de recursos periódicos ao longo de suas vidas operacionais, o compromisso de uma instalação nuclear exige uma disponibilidade firme de combustível durante, pelo menos, 30 anos. A dinâmica das relações entre a oferta e a demanda é determinada pelas taxas em que o urânio é produzido e consumido. É improvável que a demanda mundial de urânio prevista possa ser atendida somente através de reservas de baixo custo, mesmo que novas jazidas do tipo superior venham a ser descobertas, em razão da alta taxa de crescimento que se projetam para um futuro próximo. Assim sendo, será necessária a produção a partir de reservas de maior custo, em quantidades suficientes. Como o preço de U3O8 representa uma parcela relativamente pequena (22%) no custo total da energia nuclear, consequentemente não se espera que preços mais elevados de U3O8 ocasionem declínio significativo da demanda de urânio. A Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa responsável pela operação das 6 primeiras das 7 etapas que compõem o Ciclo do Combustível Nuclear (Figura 1), quer aproveitar esse cenário para que, com a exportação de “yellow cake”, obtenha recursos próprios, sem a necessidade de contribuição por parte do Governo e possa, assim, implantar, em ritmo mais acelerado, as duas etapas do Ciclo que, ainda, não são executadas no Brasil com fins comerciais: Conversão e Enriquecimento. Dessas, o Enriquecimento é a que mais contribui (47%) para o custo de fabricação do combustível, enquanto a Conversão representa apenas 5%, semelhante às etapas da Reconversão e Fabricação de Pastilhas com igual 5% de valor agregado ao elemento combustível. A atividade mineral tem um compromisso com a demanda e deve, portanto, ser fomentada e incrementada em todos os seus segmentos, a partir de uma visão 46 empresarial e de forma ecologicamente correta. Atualmente, o mercado, a nível mundial, encontra-se em desequilíbrio entre a produção e a demanda que tende a se agravar. A demanda interna ou externa, por produtos e serviços com exigência de qualidade cada vez mais rigorosa, tem provocado, na pesquisa e mineração que constituem o especificações início de da cadeia características produtiva, químicas, maiores físicas exigências e quanto metalúrgicas. às Baixa variabilidade leva a grande vantagem competitiva. Isto tem acarretado uma revolução no planejamento da prospecção, pesquisa e de mina, com enfoque partindo da geologia ao produto beneficiado. Como conseqüência deve se adotar adequados modelos técnicos e organizacionais, de modo a melhor se aliar o bom aproveitamento de recursos minerais à satisfação do lucro e da qualidade. Estas devem ser, portanto, a postura e a ação da INB, empresa que tem um grande portifólio e enorme responsabilidade. Embora assegurando o monopólio estabelecido na legislação nuclear em vigor, a viabilidade deverá buscar, sempre que possível, a participação da iniciativa privada, flexibilizando atuações, a exemplo de outros setores energéticos como o petrolífero. O grande potencial geológico do Brasil para urânio, deixa prever a existência de novas jazidas. Portanto, deve-se efetuar investimentos para assegurar acréscimo de reservas recuperáveis. Estes investimentos, até agora, oriundos de repasses do Tesouro Nacional, podem ser complementados e até mesmo descartados pela real possibilidade de obtenção de recursos para a INB através da exportação não só do “yellow cake”, como também do pó, pastilhas e elementos combustíveis. A legislação vigente é completamente favorável à venda ao exterior uma vez que os artigos 2º, 6º e 23º da lei nº 6189 de 16 de dezembro de 1974, tornam possível a venda de excedentes à reserva estratégica com aplicação dos dividendos exclusivamente no desenvolvimento da tecnologia nuclear (grifos nossos). Como citado no final da Seção 2 e como se estivesse a enfatizar o já descrito nesta Monografia, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), apresentou no Plano Nacional de Energia (PNE) – 2030, resultados de cálculos que chegaram a quantificar uma reserva estratégica de 100.407 toneladas em 47 U3O8, quantidade de combustível necessária à operação por 40 anos das 3 usinas nucleares de Angra e mais 8 novas que vierem a ser instaladas com potência de 1000 MW, cada. Se, como se viu na Seção 5, a reserva geológica brasileira é de 309.370 toneladas em U3O8, isto resulta em uma reserva excedente de 208.963 toneladas em U3O8, quantidade suficiente para atender o suprimento de combustível de 24 usinas nucleares de 1000MW, cada, durante 40 anos ou como quantidade excedente à necessidade nacional de geração nucleoelétrica e, portanto, disponível para exportação. 48 REFERÊNCIAS BRITO, W.; RAPOSO, C.; MATOS, E. C. Os Albititos Uraníferos de Lagoa Real. In: SBG, CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 33., 1984, Salvador. Anais… SBG, 1984. p. 1475-1488. CABY, R.; ARTHAUD, M. Petrostructural Evolution of the Lagoa Real Subalkaline Metaplutonic Complex. Salvador, BA. Ver. Bras. Geoc. 17(4):636, 1987. CORDANI, U. G., et al. Pb-Pb, Rb-Sr, and K-Ar Systematic of the Lagoa Real Uranium Province (south-central Bahia, Brasil) and the Espinhaço Cycle (ca. 1.5-1.0 Ga). J. Sout. Amer. Eart. Sci., 1:33-46, 1992. CRUZ, S. C. P. 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