reportagem | IDC Directions 2015 www.itchannel.pt IT deverá liderar a transformação digital dos negócios Todos os negócios terão de digitalizar-se e reinventar-se de algum modo se quiserem sobreviver na era dos consumidores conectados, informados, exigentes e menos previsíveis. Na 18ª edição do IDC Directions, ficou explícito que o IT está na linha da frente desta transformação, ao entregar agilidade, escalabilidade e eficiência. Nas empresas, o CIO é o dinamizador de todo este processo Vânia Penedo U ber, Airbnb, Netflix. Nomes que todos conhecemos e sinónimo de negócios ágeis e bem-sucedidos que nasceram na 3ª Plataforma, ou seja, na Cloud e na mobilidade, com a flexibilidade e escalabilidade necessárias para dar resposta permanente às necessidades e exigências dos consumidores, potenciando ao máximo a sua experiência. Modelos que simbolizam o caminho a seguir por todas as empresas que pretendam manter-se relevantes: a digitalização. Cada um destes players, todos americanos (o que não é uma coincidência) representa um novo modelo de negócio no seu mercado, herdeiro direto da economia de partilha, e o seu sucesso explica-se de forma simples: entenderam que o IT é um enabler do negócio. Esta foi a mensagem transversal às intervenções de todos os oradores do IDC Directions 2015, que contou com a presença de 1200 participantes no Centro de Congressos do Estoril, no dia 22 de outubro. Este ano, segundo a organização, o evento contou não apenas com a presença de CIOs, tendo atraído também profissionais dedicados à gestão, marketing e vendas. No discurso de inauguração, Gabriel Coimbra, country manager da IDC em Portugal, revelou alguns dados do estudo “IDC Portugal Tech Insights 2020”, que será divulgado no final deste ano e que procurou identificar e analisar as principais tendências tecnológicas no mundo e em Portugal até 2020, e o seu impacto nas empresas e organizações portuguesas. Segundo o que foi adiantado, a Cloud é já uma realidade em Portugal (Pública, Privada e em Hosting), representando 22% dos orçamentos empresariais de TI. Em 2020, representará mais de 40%. A IDC prevê ainda que, este ano, sejam vendidos mais de três milhões de smartphones, cerca de 800 mil tablets e 730 mil PCs. Dentro de cinco anos, a consultora prevê também que existam mais de 60 milhões de dispositivos ligados à Internet em Portugal, já em plena era da Internet of Things (IoT). Steven Frantzen, vice-president da IDC para a área de research, apontou os aceleradores da inovação: 16 a própria IoT, tecnologias virtuais e de realidade aumentada, impressão 3D, wearables, robótica e sistemas cognitivos. Cloud é o grande motor Só a Cloud satisfaz todas as necessidades que os CIOs têm no momento de impulsionar as empresas para a digitalização e de as tornarem mais competitivas, ao permitir reduzir custos e tempos de atuação. João Ricardo Moreira, administrador da NOS, salientou-o durante a sua intervenção, dedicada à “Importância da Cloud nos Desafios da Digitalização”, tendo dito que esta “é um caminho a fazer-se com um parceiro”, uma vez que é necessária integração e “confiança” em quem que faz a migração. O gestor sublinhou ainda que é necessária uma transformação do IT, que deve caminhar para a entrega como serviço, de modo a otimizar custos e a melhorar o time-to-market, tornando-se por esta via rápido, disruptivo e flexível. Também Carlos Leite, managing diretor da Hewlett-Packard Enterprise Portugal, focou a importância de uma infraestrutura híbrida na transformação dos negócios na era digital e mencionou ainda a importância de correlacionar e analisar diferentes fontes de dados, para que se consigam melhores resultados ao nível do negócio. Enfatizou também que “a tecnologia é a chave da sobrevivência” e que o IT “é o negócio”, realçando que a economia digital representa atualmente 7% da economia global. O líder da Hewlett-Packard Enterprise Portugal foi mais longe e apontou mesmo que as empresas que não encontrem um modelo de TI adequado “desaparecerão”. Jorge Queiroz Machado, presidente da comissão executiva da Iten Solutions, referiu que, para a tecnológica, “o modelo híbrido é o que impera, e continuará a ser assim nos próximos tempos”. O gestor referiu, além da Cloud, a importância do Big Data, dizendo que a gestão da informação vai ditar o sucesso das empresas. “A tecnologia é hoje es- reportagem | IDC Directions 2015 www.itchannel.pt truturante em qualquer negócio e os gestores já o perceberam”. As empresas olham atualmente para os Parceiros “de modo diferente”, sublinhou, com os CEOs a quererem saber “como evoluir e transformar o negócio”. E depois da ‘nuvem’? A Cloud foi o tema oblíquo deste IDC Directions, sem surpresas, mas houve quem falasse já do modelo sucessor. Foi o caso de Alexandre Santos, business manager da Intel Portugal, que afirmou que “a Cloud já foi o ano passado” e que “o futuro é a desagregação do sistema de computação”, por via de uma software defined infrastructure (SDI). Em declarações ao IT Channel, o responsável explicou que a Cloud era a mensagem da Intel de 2010 a 2015. “Hoje viemos com uma mensagem de SDI, propondo levar a computação virtualizada a outros limites. Porque não virtualizar storage e networking?” Alexandre Santos concorda que “para muitas empresas não é um salto fácil” e que, primeiro, “há que ser dado o salto para a Cloud”, sobretudo pelas organizações mais pequenas. “Algumas ainda estão no IT clássico. O caminho para a Cloud passa por hibridizar. No final terá que haver algo que faça essa gestão. É desta redefinição da infraestrutura que estamos a falar, com o SDI”. A Intel está já a trabalhar na desagregação do storage e da computação através de uma ligação de 6 gigabits: uma networking que liga estes dois elementos até dois km, através de ambientes óticos que proporcionem largura de banda, algo que deverá chegar dentro de cinco anos. CIO ao leme “O CIO deve liderar a transformação digital”. Bruno Morais, sales director da Oracle Portugal, foi taxativo a este respeito, dizendo que o IT e o negócio ainda estão do lado oposto. Esta ausência de uma “proximidade holística”, como lhe chamou, deve-se ao facto de nem sempre os objetivos serem convergentes. A relação, defendeu, deve assentar em excelência operacional, por um lado, e em excelência na liderança, por outro, esta última alicerçada numa cultura de inovação e risco, com o CIO ao leme. No painel de debate dedicado aos desafios que estes profissionais enfrentam, Gonçalo Marques Oliveira, CIO da Galp Energia, sublinhou a mensagem de que “é importante estar ao lado do negócio” e deu o exemplo da própria organização para a qual trabalha: “A discussão sobre tecnologia, na Galp, é feita com quem faz sentido”. Rogério Campos Henriques, executive board member & CIO da Fidelidade, foi peremptório ao dizer que “faltam iniciativas para educar as pessoas do negócio sobre a importância do IT” e que o CIO tem que fazer parte “do núcleo duro” destas pessoas. 18 Setor deve unir-se em torno da formação As pessoas foram o tópico da intervenção de José Tribolet, Professor Catedrático e Diretor do Departamento de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico, que não se poupou a palavras no momento de sensibilizar a plateia do IDC Directions para aquele que é o maior problema enfrentado pelo sector: défice de profissionais qualificados. O professor alertou para a necessidade de transformar as aptidões dos profissionais, e reconverter os que estão no desemprego, por exemplo, processo que “envolve toda a organização social”. É que, como enfatizou, “as estimativas são assustadoras”. Num tom efusivo, o Prof. Tribolet apontou uma das áreas que mais sofre com este problema: “Não temos skills na segurança. Há soluções, mas não há recursos humanos”. E são as próprias empresas que têm que contribuir para inverter esta tendência. “A falta de dinheiro em Portugal não é o problema”, rematou. “O problema é a falta de recursos humanos. O sector tem a obrigação de se unir e de formar profissionais”. Da gestão documental à impressão 3D O modo como as tecnologias podem melhorar o fluxo de informação foi tema que a Xerox levou até ao Estoril. “Os clientes querem automatizar os processos de negócio. Para que a informação seja ubíqua, tem que ser digital”, destacou Mike Feldman, presidente da área de Large Enterprise Operations da Xerox Services, que falou na nova geração de Managed Print Services e da aplicação “Digital Alternatives” (que transporta para o digital os processos em papel). “No passado os clientes queriam imprimir por menos. Hoje querem imprimir menos. Ignorar a combinação do papel com os pixéis irá afundar empresas”. Também a Konica Minolta focou a convergência entre o físico e o digital, com Vasco Falcão, diretor-geral da Konica Minolta em Portugal a dizer que “é fundamental também compreender que tipo de utilizadores temos e perceber que as TIC estão não só a influenciar os clientes finais, mas também o nosso lado, o dos fornecedores de tecnologia”. Mas se a impressão tradicional está a transformar-se para acompanhar as exigências de um novo mundo, outra está a surgir e promete ser “a verdadeira revolução industrial nos próximos cinco anos”. Quem o apontou foi José Correia, managing director da HP Portugal, relativamente à impressão 3D, uma das tecnologias nas quais o gigante tecnológico está a apostar. Ao transportar a realidade digital para o mundo físico, permitirá “mudar o paradigma” e o modo como todos trabalhamos. A entrada da HP neste mercado, que acontecerá já em 2016 com o lançamento da Multi Jet Fusion, é entendida, aliás, como o derradeiro impulso para a sua explosão. Que futuro para o data center privado? A Schneider Electric tem uma nova estratégia focada no IoT e foi isso que Kevin Brown, vice president data center global strategy and technology, abordou na sua intervenção, dedicada à otimização dos custos energéticos e aos data centers construídos com um propósito. “Fala-se muito na Cloud pública e há quem diga que as empresas não devem construir o seu data center. Para os Parceiros isso é uma preocupação”, referiu em conversa com o IT Channel. “Mas a IoT vai impulsionar a necessidade de haver computação localizada. Veja-se o exemplo dos controlos de processos industriais. A natureza destas aplicações não poderá ir para a Cloud pública”. São precisamente as aplicações que ditarão a necessidade, ou não, de uma empresa ter o seu próprio data center. “Hoje o tema é: qual a minha aplicação, os seus requirements em termos de largura de banda e de latência, qual o perfil de risco da minha empresa? Isto começa a mudar a conversa sobre que aplicações se colocam na Cloud e está já a acontecer. A maioria dos problemas dos data centers empresariais dizem respeito ao modo como os profissionais de IT colocam requirements que impulsionam a ineficiência. Daí que os micro data centers, pequenos pré-fabricados, sejam uma opção. Na Schneider Electric não os desenhamos genericamente. Adaptamos a infraestrutura física à aplicação desejada”. Kevin Brown diz que o Canal é quem está “na melhor posição” para aconselhar as empresas sobre as suas necessidades a este respeito. “Se os Parceiros fizerem bem o seu papel, muitos data centers cost effective podem ser edificados”.