MELISSA MAGAZINE
Melissa Nation Inverno 2014
Inverno 2014
MELISSA
NATION
Celebrando a diversidade e o
multiculturalismo, o inverno 2014 de
Melissa une todas as etnias do mundo para
traçar uma narrativa em que a busca pela
essência de quem somos se transforma na
valorização dos ideais coletivos.
1
+ CHLOE NORGAARD
A NOVA TOP GLOBAL INSPIRA
A GERAÇÃO DO AMOR 2014
+ NOMADISMO URBANO
VIAJAR É PRECISO (A REALIDADE DE
QUEM NÃO TEM FRONTEIRAS)
+ TRIBALISMO SONORO
OS RITMOS E BATUQUES QUE
CHACOALHAM GREGOS E BAIANOS
+ SOU MELISSEIRA
TRAVELLER, GUIDE OU LOCAL:
QUEM É VOCÊ NA NAÇÃO MELISSA?
Plastic Dreams
2
MELISSA BLISS.
INVERNO 2014.
Melissa Nation Inverno 2014
3
MELISSA BOHO.
INVERNO 2014.
www.melissa.com.br
www.melissa.com.br
18
80
112
18 A LINGUAGEM DAS CORES Chloe Norgaard, a mais linda representante da geração do
amor, apresenta a nova coleção Nation 80 DOLL PARTS Criador do coletivo inglês Ponystep
mixa lançamentos luxuosos dos parceiros de Melissa 112 OP ART Evocamos os anos 60
em bolinhas, listras, linhas e cores, supertrendy e optical
Melissa Nation
Inverno 2014
08
52
94
de Melissa concebeu o tema Nation
sem fronteiras geográficas
Karl: inovações deste time estrelado
12
58
98
qual seu DNA de melisseira? ;-)
qual bandeira você veste hoje?
Apple e a Galeria Melissa britânica
30
Erika Explica Saiba como a equipe
Moods Travellers, Guides e Locals,
Overseas Campanas iluminam a Big
60
SPFW Primeiro catwalk show da
100
Trevelyan são a cara da Melissa!
Melissa consolida seu DNA global
colore pontos de venda no Brasil!
34
64
102
Fred Butler se inspira na nova coleção
e moda étnica invade a estação
os pezinhos da nova geração!
36
66
106
novas maneiras de viajar pelo mundo
japonês criou looks icônicos de Bowie
para as datas mais especiais de 2014
44
70
110
Zakia mostra a força da cultura cigana
beleza que desenham o inverno
considera parte da Nação Melissa?
46
74
120
contemporânea, impossível!
brasileira, que conquistou o mundo
há sempre uma boa história
Neonômades Histórias inspiradoras e
Cinema Longa-metragem de Julia
Rituais Mais bem-vindos na vida
www.melissa.com.br
Em pano Formatos e cores,
Parceiros Gareth, VW, Jason Wu e
Par perfeito Chloe Norgaard e Anna
Neokitsch A artista multidisciplinar
MELISSA IT.
INVERNO 2014.
Som na caixa A música une gerações
Decolando Estilistas rodam o mundo
Mito Kansai no V&A Estilista
Fashion Tendências de moda e
Origem A trajetória única da arte
SP + Clube Melissa Coleção Nation
Baby Pequenas preciosidades para
GOL! Modelos icônicos de Melissa
Mapa-múndi Por que você se
Fiel Por trás de todo relacionamento
Melissa
Nation
Direção de Redação
Erika Palomino
Editora
Duda Porto de Souza
Redatora-Chefe
Suzy Capó
MARCIA FASOLI E ALE SCHNEIDER
Direção de Arte
Teo Menna
Designer
Elisa Carareto
Coordenação de Imagem
Vivi Bacco
Revisão
Cícero Oliveira
MEINKE KLEIN
Capa
Produção Gráfica
Jairo da Rocha
CTP, Impresão e Acabamento
Log&Print Gráfica e Logística S.A.
Projeto Gráfico
Ana Starling
BIZU Design com Conteúdo
Jaqueta Stephen Sprouse @ House
Of Liza, vestido Jean Paul Gaultier @
House Of Liza, braceletes acervo da
modelo e MELISSA SOLDIER
Calça Persy, top Issey Miyake
@ House Of Liza, pulseiras
acervo da modelo e MELISSA
CLASSIC HEEL
COLABORADORES
Ad Ferreira, Andréia Meneguete,
André Rodrigues, Anna Trevelyan,
Camila Fremder, Eduardo Jordão
de Magalhães, Eduardo Logullo,
Fabio Tavares, Fred Butler,
Guilherme Eddino, Ilana Rehavia,
Jackson Araujo, Manu Carvalho,
Marcio Madeira, Marina Pecoraro,
Nicolas Gaillard, Rafael Assis,
Richard Mortimer, Sergio Amaral,
Thiago Batista
AGRADECIMENTOS
Toda a equipe Grendene + Melissa
ENDEREÇOS DA EDIÇÃO AGENT PROVOCATEUR AGENTPROVOCATEUR.COM APARTAMENTO 03 (LUIZ CLAUDIO) APARTAMENTO03.COM.BR ARMANI ARMANI.COM ATSUKO KUDO ATSUKOKUDO.
COM ASHISH ASHISH.CO.UK ALEXANDER MCQUEEN ALEXANDERMCQUEEN.COM BERNARD WILLHELM BERNHARD-WILLHELM.COM CÉLINE CELINE.COM COLCCI COLCCI.COM.BR COMME DES
GARÇONS COMME-DES-GARCONS.COM ESCADA ESCADA.COM FRANCESCA MAROTTA FRANCESCAMAROTTA.COM GARETH PUGH GARETHPUGH.NET GENERAL EYEWEAR GENERALEYEWEAR.
COM GIVENCHY GIVENCHY.COM HAPPY SOCKS HAPPYSOCKS.COM HOUSE OF HOLLAND HOUSEOFHOLLAND.CO.UK JASON WU JASONWUSTUDIO.COM JEAN PAUL GAULTIER @ HOUSE OF LIZA
JEANPAULGAULTIER.COM JCDCASTELBAJAC @ HOUSE OF LIZA JC-DE-CASTELBAJAC.COM JEREMY SCOTT JEREMYSCOTT.COM KARL LAGERFELD KARL.COM KTZ KOKONTOZAI.CO.UK LETAGE LETAGE.
COM.BR MARC JACOBS MARCJACOBS.COM MARIA BLACK MARIA-BLACK.COM MARTINA SPETLOVA MARTINASPETLOVA.COM MELISSA MELISSA.COM.BR MISSONI MISSONI.COM MOSCHINO
MOSCHINO.IT NIKITA KARIZMA NIKITAKARIZMA.COM OPENING CEREMONY OPENINGCEREMONY.US OSKLEN OSKLEN.COM PRINTING PRINTING.PROVISORIO.WS RELLIK RELLIKLONDON.
CO.UK ROBER DOGNANI CASADECRIADORES.UOL.COM.BR RONALDO FRAGA RONALDOFRAGA.COM.BR SIBLING SIBLINGLONDON.COM STEPHEN JONES STEPHENJONESMILLINERY.COM
STEPHEN SPROUSE THESTEPHENSPROUSEBOOK.COM STATE OF CLAUDE MONTANA MONTANA.FR VALENTINO VALENTINO.COM VERSACE JEANS COUTURE VERSACE.COM VITOR ZERBINATO
VITORZERBINATO.COM.BR VIVETTA VIVETTA.IT VIVIENNE WESTWOOD VIVIENNEWESTWOOD.CO.UK YON LEE CASADECRIADORES.UOL.COM.BR YSL YSL.COM
CARTA DA EDITORA
Erika Palomino
Fazendo e
escrevendo
histórias
FELIPE ABE
Plastic
Dreams
11
5
Melissa Nation Inverno 2014
mas não menos importante,
Melissa Nation já é! Nesta
décima-primeira edição de
a exposição na Galeria SP,
sua revista PLASTIC DREAMS,
que busca rememorar aquele
que apresenta o tema e a
instante único do primeiro dia
coleção de inverno 2014,
de novembro no parque Villa-
contemplamos tanto as inspi-
-Lobos, sede da SPFW, com
rações dos desenvolvimentos
os modelos, a trilha sonora, a
dos modelos quanto a forma
energia que mudou a história
de inseri-los no contexto
de Melissa. A minha também,
sociocultural (e fashion) do
ao conceber e poder realizar
MARCIA FASOLI E ALE SCHNEIDER
4
Plastic Dreams
aquela apresentação de que
momento. O tal do zeitgeist
nunca vou me esquecer.
de que a gente tanto fala _a
consumidoras batizadas de Tra-
expressão alemã que significa
vellers, Guides e Locals (você
“o espírito dos tempos”.
encontra exemplos disso à pág.
pre, e sob os ventos do espíri-
não quando chega às lojas,
12, para melhor visualização).
to de grupo, colaborativo, em
Galerias e Clubes Melissa no
planeta, mas nos seus pés.
Conceitualmente, falamos
Para frente andamos, sem-
modelo de Melissa também é
único, e ganha o sopro de vida
de multiculturalismo, ancestra-
Porém, a mais perfeita
que talentos se somam num
lidades e de rua, da chamada
tradução do que queremos
mesmo objetivo: fazer parte
Como parte deste time,
“vida real”. Nos produtos, a
dizer passa por dois momen-
da sua vida com os melhores
também na condição de con-
equipe de criação de Melissa
tos. O primeiro foi o histórico
sonhos de plástico que serão
sultora, diretora desta revista,
desfile de Melissa no São
seus companheiros de
melisseira de coração desde a
Paulo Fashion Week, quan-
todos os dias e noites.
adolescência, convido você à
do debutamos na passarela
Assim, cada
leitura e ao desfrute de uma
focou em três famílias,
como se diz, sobre
grupos de
oficial da moda brasileira
PLASTIC DREAMS especial, que
com looks multiétnicos, que
dá início aos trabalhos das
desafiavam mesmo os olhares
comemorações dos 35 anos
mais afiados dos críticos da
desta verdadeira lovebrand
primeira fila (e do público)
global. Juntar pessoas e fo-
para identificar de qual país
mentar a criação e a liberdade
ou tribo vinha cada um. Na
é uma parte do meu trabalho,
verdade, era tudo ao mesmo
escrevendo e fazendo essas
tempo agora, como diz a
histórias. Eu faço parte da
música dos Titãs. Em segundo,
Nação Melissa.
6
Plastic Dreams
7
Melissa Nation Inverno 2014
FOTOS: ACERVO PESSOAL
Nossa gente
MANU CARVALHO
CAMILA FREMDER
EDUARDO LOGULLO
ANDRÉIA MENEGUETE
AD FERREIRA
ILANA REHAVIA
RAFAEL ASSIS
TEO MENNA
Fina de Paris, cidade onde
Como sugere o título de
Autor do texto sobre
Andréia é jornalista pós-
Com oito anos de carreira,
A jornalista Ilana Rehavia
Ilustrador nato e graduado
Teo está de volta ao time
nasceu, Manu Carvalho é
seu livro “Como ter uma
bandeiras publicado nesta
-graduada em Estética, Arte
o designer e DJ Ad Ferreira
deu um tempo do ritmo
em Design Gráfico pela
da PLASTIC DREAMS, como
referência de moda, seja
vida normal sendo louca”,
edição, Eduardo Logullo
e Gestão da Moda pela USP.
já é bem viajado, tendo
maluco de mãe de um
Universidade de Soroca-
diretor de arte da revista.
como figurinista de novela,
escrito com a apresentadora
escreve profissionalmente
Com nove anos de experiên-
atravessado o país disco-
bebê de três meses para
ba, Rafael trabalha como
Designer obcecado por
consultora de imagem para
Jana Rosa, Camila Fremder
há mais de 25 anos. Jorna-
cia no mercado editorial,
tecando em festas, clubes
cobrir os shootings dos
freelancer e, paralela-
letras, padrões geométricos,
marcas e artistas, stylist,
pertence ao grupo de
lista, roteirista de televisão
já atuou como editora de
e eventos. Durante sua
editoriais desta edição.
mente, como artista visual
imagens monocromáticas
professora ou dando dicas
viajantes que transformam
e escritor, já passou pelas
beleza da revista “Glamour”
estadia de quatro anos no
Baseada numa cidade de
em projetos pessoais e
e pictogramas, trabalha
valiosas para os mais diver-
qualquer parada em uma
principais redações e emis-
e como repórter das revis-
Bar Secreto, em São Paulo,
praia próxima a Londres,
coletivos. Como designer,
com design editorial
sos públicos. É formada pela
aventura de tirar o fôlego.
soras de São Paulo e do Rio
tas “Vogue”, “Manequim”
comandou, entre outras
Ilana trabalha como
desenvolveu o encarte do
e tipografia. Bienal de
Parsons School, de Nova
Formada em publicida-
– cidade em que nasceu.
e do jornal “Diário do Gran-
festas, a TROPICANALHA,
correspondente freelancer
primeiro disco de Juliana
Arquitetura, Museu da
York, e começou sua carrei-
de com pós-graduação
No momento, prepara dois
de ABC”. Além disso, ela
ao lado de Jackson Araujo,
para revistas, sites e rádios
R, entre outros trabalhos.
Casa Brasileira, Festival
ra na “Casa Vogue”. Manu,
em roteiro para cinema
novos livros, com lança-
colabora para sites como iG,
que também colabora nesta
brasileiras, incluindo UOL,
Como integrante do coletivo
Música Nova, MASP e FILE
é claro, é fã de Melissa e
e TV, Camila desenvolve
mento previsto ainda em
Terra e Tempo de Mulher.
edição. Já dividiu as pica-
“Época”, “Marie Claire” e
RAGA, ilustrou a 5ª edição
são alguns dos clientes
por isso a convidamos para
conteúdo para empresas,
2014. Logullo sonha com
Viciada em corrida, dietas
pes com grandes nomes
“TPM”. Vivendo na Inglater-
da revista “A[P]arte da
para os quais desenvolveu
escrever sobre a moda no
sites e produtoras, além de
viagens para lugares longe
detox e tratamento esté-
internacionais como Justice,
ra há 13 anos, trabalhou no
vez”. Para a ONG Instituto
Catálogos e Comunicação
inverno 2014 nesta edição
assinar coluna para a revista
deste insensato mundo,
ticos, Andréia correu atrás
Michel Gondry, Brodinski,
serviço mundial da BBC por
MOVE, esse mesmo coletivo
Visual. Participou da expo-
de PLASTIC DREAMS. Além
“Glamour” e editar o site
em pontos remotos como
das tendências de make
entre outros, e fez gente
oito anos, onde fez uma sé-
confeccionou, com Monica
sição Hidden Heroes, no
de acompanhar as princi-
We Pick (http://wepick.
o Círculo Polar Ártico, ilhotas
para o inverno 2014, que
como Michael Stipe, Marc
rie de coberturas especiais
Chan, uma série de posters
Vitra Museum (Alemanha),
pais tendências da tempo-
band.uol.com.br). Nas horas
na Oceania, Islândia ou as
ela compartilha com as fãs
Jacobs e Vincent Cassal
e documentários, viajando
em serigrafia. Em parceria
com uma família tipográfica
rada em desfiles e eventos,
vagas, Camila encontra
florestas do Acre. Enquanto
de Melissa nesta edição
correrem para a pista. Há
para o Japão para investigar
com Felipe Vieira, o coletivo
inspirada em um clip de
Manu adora viajar e
tempo pra escrever livros
isso, navega pela internet.
da PLASTIC DREAMS. Taurina
três anos é DJ residente do
a indústria do fetiche, e
desenvolveu o projeto
papel. Selecionado em três
destaca entre seus destinos
(já está no terceiro) e falar
Se quiser contactá-lo, basta
com ascendente em capri-
bloco carnavalesco I Love
para a Indonésia, logo após
“Jardim Elétrico”, de graffiti
Bienais de Design Gráfico,
preferidos Nova York, Paris
– sozinha, com as plantas
entrar no Facebook. Lá ele
córnio, Andréia só poderia
Cafusú, em Recife. Desde
o tsunami. Sua reportagem
no SESC Bom Retiro (2012).
também teve trabalhos
e Itacaré, na Bahia. Em São
e até quando está dormin-
comenta o lado B das no-
mesmo pertencer à tribo
2009, mantém sua marca
sobre como as brasileiras li-
Como técnico de palco
expostos no London College
Paulo, quando não está
do. O ritmo intenso da sua
tícias do dia, expressa sua
das Locals! Ah, é também
de roupas de cunho autoral,
dam com a beleza e o corpo
destaca o seu trabalho
of Communication, onde fez
trabalhando, Manu usa seu
vida não impediu que ela
indignação aos sistemas e
mãe, esposa, amiga, filha...
artístico e colaborativo, a
caiu nas mãos da apresen-
no espetáculo Bom Retiro
especialização por 1 ano,
tempo para se cuidar com
escrevesse a crônica que fe-
ações opressores e declara
ONONO. AD preparou para
tadora Oprah Winfrey, que
958m do grupo Teatro da
e no SESC SP. Vai ser pai
massagem em casa, aulas
cha esta edição da PLASTIC
seu amor pela anarquia,
TODO DIA Eu leio a previsão
esta edição um set list
entrevistou Ilana em seu
Vertigem. Rafael colaborou
pela primeira vez logo
de Pilates e caminhadas no
DREAMS. Bem-vinda à famí-
seja ela em forma de
astrológica antes de sair
inspirado na Melissa Nation.
programa. Definitivamente
nesta edição com a ilustra-
depois do fechamento da
Parque do Ibirapuera.
lia das Guides, Camila!
cidade, cinema ou poesia.
de casa.
O mood? Guides, claro!
uma Traveller, num break
ção que acompanha o texto
revista! É, portanto, um Lo-
para a maternidade.
de Camila Fremder, no final
cal, até segunda ordem :-)
Um Guide disfarçado de
Sim, Manu é Traveller
de carteirinha!
TODO DIA Eu me alongo
Traveller, ou vice-versa?
antes de deitar para dormir.
TODO DIA Eu pesquiso, ouço
e danço música.
da revista. Seu tipo?
TODO DIA Eu acordo com
Guides, suspeitamos.
TODO DIA A primeira coisa
TODO DIA Eu penso em
um sorriso da minha filha,
que eu faço é rezar. Junto as
dormir mais cinco minutos.
Naomi. É impossível ter
TODO DIA Eu pratico yoga
mau humor matinal.
ao acordar.
mãos sobre o peito e peço
muita luz, caminhos abertos
e que tudo dê certo...
TODO DIA Eu deixo alguma
coisa para amanhã.
9
Melissa Nation Inverno 2014
2
3
GUI MOHALLEM
GETTYIMAGES
1
8
VIVI BACCO
Plastic Dreams
1 As belezas de uma mulher do grupo étnico Mursi, na Etiópia
2 Numa placa de trânsito em uma estrada no Uruguai, instalação
confere o espírito despojado do país 3 Still do filme “Rio Cigano”,
com fotografia de Gui Mohallem (veja mais à pág. 44)
4 Cena noturna em Hong Kong
UMA NAÇÃO
EM SI
A COLEÇÃO DE INVERNO 2014 DE MELISSA REFORÇA O RESPEITO
MÚTUO ENTRE PESSOAS DE TODAS AS ORIGENS, CREDOS,
ETNIAS, NACIONALIDADES E NATURALIDADES. CADA
VEZ MAIS PRESENTE EM TODAS AS PARTES
DO GLOBO, MELISSA NATION ABORDA
QUESTÕES COMO A BUSCA ANCESTRAL,
O NOMADISMO URBANO E
A CULTURA DAS RUAS.
Texto
Erika Palomino
Sejam todos bem-vindos
O idioma falado no territó-
VIVI BACCO
4
humor ou descontração. Um
Melissa fez algo quase óbvio.
à Melissa Nation. Aqui não é
rio da Nação Melissa é dife-
assobio entra vez ou outra.
Mas que nem todo mundo
necessário visto de entrada,
rente de qualquer outro que
Como é essa música? A de
faz: olhar para o lado. É que
passaporte, nem imigração,
você já tenha ouvido. Mistura
cada um. A de todos. Muitas.
todos os integrantes desta nu-
apenas o trânsito livre entre
o vocabulário dos dialetos do
Várias. A gente aqui na Nação
merosa galera viajam, viajam,
cidadãos da boa vontade. Em
Design, da Moda, da Inovação
Melissa é bem solto mesmo.
viajam muito. Para pesquisar,
tempos de multiculturalismo
e do Alto-Astral. A palavra
e transversalidades, a coleção
mais usada é plástico, funcio-
te ano na “Folha de S. Paulo”,
feiras ou exposições de arte,
de inverno 2014 de Melissa
nando, no caso, praticamente
o jornalista Janio de Freitas
de arquitetura e de design.
reforça o respeito mútuo entre
como vírgula.
bem definiu: “O elemento es-
Para levar adiante os valores
sencial na existência de uma
de Melissa. Para trocar ideia.
pessoas de todas as origens,
Nossa bandeira traz todas
Num artigo em janeiro des-
para se inspirar, para visitar
credos, etnias, nacionalidades
as cores e raças, e a cor da
Nação é o povo. Não é o ter-
Ou mesmo com o humilde
e naturalidades. Cada vez
pele de quem aqui nasceu
ritório, não é o Estado, ambos
objetivo de… ver o que está
mais presente em todas as
(ou elegeu como seu lugar
inexistentes em várias formas
rolando por aí (isso inclui
partes do globo, nada mais
favorito no cosmos) é pura
de nação ao longo da histó-
andar pelo Brasil, terra-mãe
espontâneo do que Melissa
miscigenação. Portanto, não
ria”. Por isso, ao escolher este
da Nação Melissa). Durante
homenagear todos as gentes.
há preconceitos de qualquer
tema como nota de base para
tantas horas de voo, de van,
E que, neste ano, pelo calen-
forma. O hino é simples:
sua coleção, deliciosamente
de ônibus, de carro e até de
dário esportivo, acabam que
aquele lá lá lá que cantarola-
perfumada em tutti-frutti,
moto (!), descobrimos não
vão se encontrar no Brasil.
mos em momentos de bom
como sempre, a equipe de
apenas “as próximas tendên-
10
Plastic Dreams
VIVI BACCO
5
11
Melissa Nation Inverno 2014
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FOTOS: GETTYIMAGES
5 Uma cabana no vilarejo Punta del Diablo, na costa do Uruguai 6 Cruzamento de
pedestres em Shibuya, Tókio 7 As estátuas moai, na Ilha de Páscoa, um dos lugares mais
isolados do planeta 8 Um viajante no parque chileno Torres del Paine 9 Pintura rupestre
com a imagem de um caçador se mostra contemporânea 10 Entalhe na canoa maori
Ngatokimatawhaorua, usada nas migrações para a Nova Zelândia
cias”. Se quem viaja está, em
tentando nos expressar. Arte e
gos (metafóricos ou reais),
em nossos pensamentos?
chetas de madeira, enquanto
curiosidade do que respeito
ditamos firmemente nisso.
conhece e com quem você
tese, “em busca de alguma
narrativa. Parece contemporâ-
viajamos. Um turismo _de
Tem horas que a gente se
as mulheres dançam com
às diferenças, sejam elas
Essa é nossa constituição. E,
não conhece também. E se
coisa”, percebemos que certo
neo, né? Sim.
férias, de alma. Querendo
sente perdido mesmo. E nem
graça querendo ser a rainha
milenares ou corriqueiramen-
ao contrário, de certos países,
a Terra está cartograficamen-
chegar a algum lugar. Ou a
precisa estar num bairro
da festa. E se quiser ver
te facebookianas. Alguém que
fazemos valer essa declaração
te rateada em fronteiras,
que, a cada migração, nos
lugar nenhum. Seguimos.
desconhecido, numa festa es-
in loco, prepare-se, pois a
viva diferente de você, que
de valores.
o planeta pode ser dividido
tornamos diferentes? As
Nômades, errantes, ciga-
tranha ou numa rua esquisita.
capital Hanga Roa ferve com
pense diferente de você, que
Se nem sempre viajamos
porque muitos de nós vão
cidades ou as experiências de
nos. Uma pessoa sábia, o
esse carnaval, e vai gente
SEJA diferente pode ser legal.
literalmente, podemos viajar
e pessoas chatas. Seja legal
tentar encontrar suas raízes,
deslocamento que a elas
etnólogo francês Marc Augé,
vidinha é a dos rapanui, lá da
do mundo inteiro. Por quê?
Integrante da Nação Melissa,
para utópicos universos, pen-
então. Vai fazer toda a dife-
conhecer a terra de seus ante-
levam são transformadoras.
criou há coisa de 20 anos
Ilha de Páscoa? Nesta extra-
Talvez para reverenciar esses
você já percebeu que ser dife-
sando em como tudo seria
rença. Com este pensamento
passados, identificar a origem
“Life changing”, sintetiza a
uma expressão que se tornou
ordinária locação, um remoto
habitantes que, há bastante
rente pode ser e É legal. Pen-
melhor se todo o mundo
_e essa ação_ você já ganhou
de sua família. Em resumo, sa-
boa fala da língua inglesa.
importante: o não lugar. Em
ponto no grande Oceano
tempo, saíram da Polinésia
se em diferenças como ser
assim pensasse. Por outro
seu carimbo virtual para fazer
ber quem a gente é. A ques-
Já o argentino Jorge Luis
tese, lugares transitórios, sem
Pacífico que, formalmente, é
de canoa, pararam por ali e
mais magra (ou mais gorda),
lado, nos é possível agir para
parte da Nação Melissa (e
tão da ancestralidade ocupa
Borges (quem não leu ainda,
significado relevante para
território chileno, todo feve-
ergueram seus famosos mo-
alta “demais” (ou baixinha);
que isso aconteça de fato,
ao andar pela rua de Melissa
cada vez mais espaço nas
deveria) poetiza: o homem é
serem definidos como “um
reiro rola o festival Tapati, em
ais. Ah, você ou seu namora-
gay, hétero, branco, preto,
manifestando-se ao levantar
a gente já não se sente
discussões culturais, antropo-
sempre o primeiro homem,
lugar”. Pense num saguão de
que a população masculina
do têm uma tatuagem maori?
budista, evangélica, careca ou
bandeiras, placas, cartolinas.
especial e diferente?). Sejam
lógicas e até arqueológicas,
o rio é sempre o primeiro rio.
aeroporto, de rodoviária, uma
compete alegremente (com
Foram eles que criaram isso
japonesa. Faz alguma diferen-
A nós também é possível
todos bem-vindos, então,
com os Indiana Jones da vida
Porque cada água em curso
sala de espera de dentista ou
calções engraçados), em
também. E por que você de-
ça? Faz. Não faz _ porque no
atuar de forma invisível e in-
mais uma vez. Pra terminar
real cavoucando a picaretas
é nova, como nós também
uma loja de conveniência. Es-
categorias como deslizar em
senhou isso no corpo? Talvez
fundo, somos todos humana-
tangível. De modo corriqueiro
lembrando de uma música
e pincéis rochas, cavernas e
somos outros, a cada vez que
paços que a própria contem-
troncos de árvore do alto do
nem mesmo você saiba. Quer
mente iguais. Quem você é
e cotidiano. Simplesmente
meio velha, da lenda nordes-
mesmo o fundo do mar. Pense
nela tocamos.
poraneidade tornou “lugar”.
vulcão, correr com cachos de
saber? Não importa.
está longe de pré-conceitos,
ao sorrir para um estranho,
tina Luiz Gonzaga, “minha
Diz aí: quer algo mais “não
bananas no ombro e nadar
estereótipos ou classificações.
tratar bem um desconhecido,
vida é andar por este país pra
lugar” do que nossa cabeça,
no mar aberto sobre pran-
Nós, da Nação Melissa, acre-
em ser legal com quem você
ver se um dia descanso feliz”.
tipo de viajante pode estar é
à procura de si mesmo.
O clichê se justifica. Seja
numa pintura rupestre. Éramos nós, há zilhões de anos,
Também não é verdade
Para sentir a temperatura
e o sabor de distintos córre-
Quão diferente da sua
O interesse por outras
formas de ser reflete menos
também entre pessoas legais
Plastic Dreams
12
Coleção | Moods
13
Melissa Nation Inverno 2014
TRAVELLERS
Pensando nas meninas apaixonadas pelo novo, que desejam explorar outras culturas,
os modelos Travellers trazem referências vindas de cidades globais como Londres,
Nova York, Paris e Tóquio, mas também das cidades pequenas e charmosas, como
nas praias da Costa Amalfitana e da Tailândia. O resultado é a mistura do
frescor da praia com a praticidade da cidade.
MELISSA
BLISS
A rasteirinha traz um maxiaplique no formato de coração
ou triângulo (no mesmo tom da sola
ou nas combinações vermelho e marinho,
MELISSA
BALLET HEEL
FOTOS: VIVI BACCO
rosa e cinza e preto e branco). Seu cordão esportivo pode ser amarrado de diferentes maneiras (no tor-
O sucesso da versão flat
nozelo, num laço, ou até mesmo sem ele). Além de mutante
foi adaptado para ocasiões
e superfresca, o modelo garante conforto e muito estilo!
mais sofisticadas. Inspirada na
#LOVETRIANGLE #FRIDAYFEELINGS #PREFERIDA
reinterpretação das sapatilhas de ballet,
um laço delicado e fitas no mesmo tom para
serem amarradas ao tornozelo.
#SWEET #DELICADEZA #FEMINILIDADE
MELISSA LOVELY
MELISSA LOVE FU
Companhia perfeita para dias
Com solado estampado com
de sol, cabeça leve e pensamentos
print de rosas em tons invernais,
alegres. Os apliques de cada pé, quando
a rasteirinha Love Fu ganha mais atitu-
juntos, formam um charmoso laço minimalista.
de com spikes em ambas as tiras.
Arrase com tons vibrantes de rosa ou amarelo, ou
A opção perfeita para receber os amigos em casa
aposte nos básicos preto, branco ou marinho para
ou começar o dia com muito mais estilo!
um rasteirinha coringa para todas as ocasiões!
#BOMDIA #HOTELCHIC #COMPORTAMENTO
#LETTHESUNSHINEIN #FRESCOR #JETSETTERS
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores ou não serem disponibilizados para comercialização.
traz um salto alto e a ponta arredondada, com
MELISSA
CLASSIC HEEL
MELISSA
HARMONIC GARDEN
Toda garota que viaja,
Já imaginou viajar e levar suas
não importa para qual destino
flores favoritas aos seus pés? Modelo
do mundo, tem que ter em sua
perfeito para as jetsetters mais românticas,
bagagem um bom salto para uma balada.
agora com três maxiapliques de flores, em
A Classic Heel é perfeita para isso, moderna e
branco com preto, marinho com branco e total
sensual, nos básicos preto, cinza e nude, e em tons
pink, laranja e branco. Companheira para o dia e
vibrantes de vermelho e pink.
para a noite.
#LIFEONTHEROAD #SOMNACAIXA #FESTACERTA
#FESTANOJARDIM #IBIZAFEELINGS #DESEJO
Plastic Dreams
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Coleção | Moods
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GUIDES
A família Guides traz modelos que acompanham meninas antenadas,
sempre por dentro dos hotspots das grandes cidades.
Misturar é a palavra de ordem, usando referências
urbanas e inspirações da década de 90. O boom das
ruas e do street style é pura inspiração.
MELISSA SOLDIER
A ankle boot de salto traz inspiração militar no solado
tratorado, sem perder a feminilidade! O salto grosso proporciona estabilidade e modela as pernas, e o elástico lateral ga-
FOTOS: VIVI BACCO
rante o conforto nos dias mais frios. O acabamento envernizado
a torna ideal para momentos glam da noite e do dia.
#SINGINGINTHERAIN #AIRPORTSTYLE #SENHORADOSRAIOS
MELISSA QUEEN
MELISSA FLIP
Por ser confortável, feminina e combinar com todos os estilos, a sapatilha peep-
A sandália anabela remete à cena de rua dos anos 80 e vai
-toe tem seu lugar garantido em todos os closets.
fazer qualquer menina se sentir no topo do mundo! Inovando por
O modelo traz um laço duplo, que remete a momentos
meio de tiras que interagem com o salto, a Melissa Flip tem um
românticos, e ganha toques de modernidade com o contraste
estilo impactante. Sua estética duo color é finalizada com aca-
de texturas flocada e brilho.
#PRATICIDADE #RAINHASMODERNAS #VERSATIL
MELISSA
HOOP
encontros mais marcantes desta estação.
MELISSA
CAMPANA
FAVELA FLOCADA
Com solado e bow tartan, ganha versão neutra
Nascida em 2005, a
de preto e marinho, e combinações de bege com
incomparável Campana Favela
tartan azul e rosa com tartan rosa e azul, para quem
ganha versão flocada nesta temporada,
gosta de apostar nas cores! Perfeita para ser usada com
perfeita para temperaturas de meia estação.
legging e camisetão!
Nas cores bordô, preto e cinza.
#SARTORIALIST #CLICK #ENCONTROMARCADO
#DESIGNDODIA #MELISSAHISTORY #PUROCONFORTO
Hit do streetstyle, a Melissa
Hoop irá guiar as meninas para os
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores ou não serem disponibilizados para comercialização.
bamentos flocado e com brilho. Sua cartela de cores é elegante,
com cinza e marinho, off-white e preto, bordô, preto e cinza.
#PODER #TOPOFTHEWORLD #ARRASA
MELISSA IT
nhou sua versão Melissa com muito mais humor:
MELISSA
NECKLACE
um print de gatinho no mesmo tom do modelo, com di-
O modelo conta com uma sobreposição (destacável)
reito a orelhinhas salientes. A versão é flocada e se destaca
que cobre a estrutura da perna até o peito do pé, alongan-
ainda mais com sua cartela de cores: pink, bordô, cinza, ma-
do a silheuta. O cano médio o torna perfeito para uso diário,
rinho e preto. Vai agradar todas as gatinhas cosmopolitas!
um novo clássico para o seu guarda-roupa.
#HIT #STREETSTYLE #MEOWWWW
#MODERNIDADE #SLIM #DAYWEAR
Ícone da moda urbana, o tênis slip on ga-
Plastic Dreams
Coleção | Moods
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17
Melissa Nation Inverno 2014
LOCALS
Para mulheres que apostam num visual moderno e funcional,
misturando a alfaiataria masculina com a sensualidade
dos recortes arquitetônicos das cidades por
onde passam. Os modelos do grupo Locals
traduzem o melhor do estilo, da cultura
e do design avant-garde dos
pontos turísticos mais
inovadores da moda.
MELISSA STYLE
FOTOS: VIVI BACCO
A Melissa Style tem um solado flat com estética
que remete aos tamancos japoneses, usados até hoje
de maneira tradicional ou misturando tendências. Confortá-
MELISSA BOHO
vel, por ter um solado grosso e tiras que sustentam bem no pé,
Apesar do formato clássico, a estrutura da
é peça-chave no guarda roupa das trendsetters nesta estação. Em
Melissa Boho é cheia de detalhes únicos: o sal-
tons de azul, pink, off-white, cinza e preto.
calcanhar, e o desenho do decote em “v” no peito do pé
acompanha o bico fino, finalizado em peep-toe. Disponível
nas versões flocada e fosca.
#AVANT-GARDE #OUSADA #FUNDAMENTO
MELISSA
TAILORING
A Melissa Tailoring faz referência aos clássicos
sapatos Oxford, brincando com uma versão de bico
fino e recortes que revelam discretamente os pés. Emblemática em sua versão black and white e superprática toda em
preto. O laço dá um charme extra para o modelo.
#FINA #TILDASWINTON #CONCEITO
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores ou não serem disponibilizados para comercialização.
to geométrico é levemente maior que o encaixe do
#BALANCO #GLOBETROTTER #SUINGUE
MELISSA
CUTTING
A flat revive o mood dos
MELISSA
FRESH BLOOM
anos 50: alfaiataria, sensualidade,
A arquitetônica Fresh Bloom chega
sofisticação, modernidade e minima-
à coleção Nation em suas versões mais
lismo. Com recortes precisos, ela seduz nos
girly-chic, se destacando com animal print
pequenos detalhes: bico fino e efeito duo color na
de oncinha nas cores azul, marrom e rosa e
tira e na palmilha. Perfeita para ser usada com uma
com xadrez pied-de-poule na sapatilha preta e
saia comprida numa pista de dança!
branca. Linda com legging, jeans, saia ou shorts!
#ALLNIGHTLONG #CHIC #RETRÔ
#PRINTLOVE #TRENDY #ROAARRRRR
Plastic Dreams
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A linguagem
das cores
DENTRE AS PALAVRAS MAIS IMPORTANTES DO
DICIONÁRIO DO IDIOMA MELISSA ESTÁ, SEM
DÚVIDA, O SUBSTANTIVO COR. AQUI, A MAIS
LINDA REPRESENTANTE DA GERAÇÃO DO
AMOR, A MODELO-DO-MOMENTO
CHLOE NORGAARD, MEXE E
REMEXE PARA MOSTRAR
COM QUANTOS TONS SE
FAZ UMA COLEÇÃO
DE INVERNO.
FOTOS MEINKE KLEIN STYLIST ANNA TREVELYAN ASSISTENTES
ROSIE WILLIAMS E YAO YAO LIN HAIR CHARLIE LE MINDU
@ JEDROOT COM PRODUTOS GHD E HAIRDREAMS
ASSISTENTE SHIORI MAKE UP LAURA DOMINIQUE
@ STREETERS NAIL ART ZARRA CELIK
@ CLM HAIR & MAKE-UP COM
PRODUTOS M.A.C MODELO CHLOE
NOORGARD @ PREMIER
VEJA O MAKING OF NO
YOUTUBE/MELISSACHANNEL
Alguns produtos podem sofrer
distorção de cores ou não
serem disponibilizados para
comercialização.
Vestido Acervo stylist
Pulseira laranja Fashion Luxx
Jaqueta Issey Miyake @ House Of Liza
Outras pulseiras e colar Acervo da modelo
MELISSA ASCENSION + GARETH PUGH
Calça Persy
Pulseiras Acervo da modelo
Top Issey Miyake @ House Of Liza
MELISSA CLASSIC HEEL
Jaqueta Jean Paul Gaultier @ House Of Liza
Camiseta (usada por baixo) Jcdcastelbajac @ House Of Liza
Shorts Versace Jeans Couture @ House Of Liza
MELISSA STYLE
22
Vestido
Jean Paul Gaultier @ House Of Liza
MELISSA LOVELY
Camiseta
Gianni Versace @ House Of Liza
Calça
Nikita Karizma
Bracelete
Acervo da modelo
MELISSA BLISS
Jaqueta
State Claude Montana @ House Of Liza
Bracelete
Acervo da modelo
MELISSA NECKLACE
Vestido
Bernhard Willhelm @ Machine A
Braceletes
Acervo da modelo
MELISSA MAGDA + JASON WU
Camiseta (usada por baixo)
Versace @ Rellik
Regata YSL @ Rellik
Calça Nikita Karizma
Braceletes Acervo da modelo
MELISSA NATION
Jaqueta
Stephen Sprouse @ House Of Liza
Vestido
Jean Paul Gaultier @ House Of Liza
Braceletes
Acervo da modelo
MELISSA SOLDIER
30
Plastic Dreams
31
Anna Trevelyan:
de Gaga para
o cosmos
“TENTO SER AVENTUREIRA E FAZER COM QUE AS
MENINAS SEJAM FELIZES E NÃO TENHAM MEDO
DE SE DIVERTIR COM SUA APARÊNCIA”, DIZ
A TOP STYLIST ADORADA POR NICOLA
FORMICHETTI, QUE SE INSPIRA EM
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS.
Acima,
a top stylist
Anna Trevelyan
observa a produção de
Chloe Norgaard para o shooting
Texto
Ilana Rehavia
Fotos
Nicolas Gaillard
sejam felizes e não tenham
mas de uma forma bem mais
Formichetti, logo que saiu
como Topshop, Guess, Hermès
de arte e adoro tirar inspiração
é uma das profissionais de
A stylist Anna Trevelyan
cas dos últimos tempos, famoso por seu estilo audacioso.
com Formichetti e Gaga, Anna
medo de se divertir com sua
sutil: doce e de fala mansa.
da faculdade.
e Nike; as revistas “Dazed &
de personagens e musas.”
moda mais badaladas do
Não é exagero dizer que Anna
definitivamente continuou
aparência”, conta.
A fama que Anna tem de ser
Desde então, Anna vem
momento. Tão badalada que
abocanhou um dos trabalhos
firme na missão de trazer
A stylist é seu melhor
profissional e trabalhadora é
adicionando cada vez mais
e as cantoras Jessie J., Rita Ora
parte de seu trabalho também
foi escolhida como um dos
mais disputados da indús-
um elemento de diversão e
cartão de visitas, a personi-
totalmente justificada. Ela é
nomes à sua lista de clientes
e, claro, Lady Gaga. “Eu amo
são uma fonte constante de
cinco nomes emergentes mais
tria, uma grande façanha,
ousadia para a moda. Ela pa-
ficação perfeita do lado leve
um pacote completo.
e projetos. Como Diretora de
trabalhar em videoclipes”,
ideias. Brasil, Japão e África
influentes do mundo da moda
especialmente para a então
rece ter uma queda por novos
e divertido que celebra em
Ironicamente, foi sua
Moda da revista “Untitled”,
conta ela.
estão entre seus destinos
pelo jornal britânico “The
novata. Os dois se conheceram
estilistas e roupas com um
seu trabalho. Durante os dois
incapacidade de tirar boas
por exemplo, trabalhou ao
Independent”.
quando ela foi selecionada
impacto visual forte, como as
dias que passamos com Anna
fotos que a transformou em
lado de profissionais badala-
que já seduziram tanta gente
to, a stylist conta que não
Para entender tamanho
por Formichetti para traba-
peças que ela selecionou para
no estúdio em Londres, era
uma stylist. “Eu adorava criar
díssimos como o estilista Heidi
interessante, Anna é influen-
está muito preocupada em
sucesso, é impossível ignorar
lhar como modelo em uma
a PLASTIC DREAMS.
impossível ignorar o estilo
imagens e roupas, mas era
Slimane e a fotógrafa Ellen
ciada pelas pessoas à sua volta
fazer planos a longo prazo.
o período que ela passou
campanha da marca japonesa
Anna poderia estar descre-
dela – um misto de perucas
péssima em fotografia”, lem-
Von Unwerth (Anna inclusive
e por coisas aleatórias que vê
“Mal consigo pensar além da
ao lado de Lady Gaga. Anna
Uniqlo. “Trabalhar com ele foi
vendo a si mesma quando fala
de cores fortes, chapéus fofos
bra. Ela encontrou a solução
se preparava para ir ao aniver-
quando anda por aí. “Também
semana que vem”, diz ela.
trabalhou durante três anos
fantástico, nunca esquecerei.
sobre sua filosofia de trabalho:
e saltos altíssimos, que ela às
perfeita quando descobriu um
sário de Ellen depois da nossa
me inspiro em desenhos
“Dou um passo de cada vez
como assistente do stylist da
Foi um enorme aprendizado e
excêntrica, sexy, forte e estra-
vezes tirava para ficar mais
curso de Produção de Moda e
sessão de fotos!) Sua lista de
animados e histórias em
e tento garantir que cada dia
popstar, Nicola Formichetti,
tão inspirador. Uma experiên-
nha. “Eu tento ser aventureira
confortável. Sua personali-
Fotografia na London College
colaborações também inclui
quadrinhos e assisto muitos
seja uma descoberta.” Sábias
uma das figuras mais polêmi-
cia incrível”, conta ela.
e fazer com que as meninas
dade também é cativante,
of Fashion e foi descoberta por
o fotógrafo Rankin; marcas
filmes. Vou a várias galerias
palavras, Anna.
Do período que passou
Confused” e “Nylon Japan”;
Para criar os visuais incríveis
As viagens que fazem
favoritos. Vivendo o momen-
32
Plastic Dreams
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Melissa Nation Inverno 2014
Guerreira do
arco-íris
Reinado
colorido
Cenas do
backstage do
shooting da capa da
PLASTIC DREAMS 11
É impossível ignorar a
grafada por Terry Richardson),
meninas a se aventurarem
(puro, poderoso, espontâneo
chegada da modelo Chloe
“i-D” e “Miss Vogue”, estrelou
com as cores. A modelo pinta
& raro) na nuca; um bigode
Norgaard ao nosso estúdio em
uma campanha da Benetton
o próprio cabelo e tem alguns
dentro do lábio superior; uma
Londres. Ela é imediatamente
e desfilou para Zac Posen,
conselhos para quem está
estrela e lua crescente no
reconhecível pelo cabelo co-
Rodarte e Moschino Cheap
pensando em se arriscar.
dedo; e uma chave atrás da
& Chic, entre outros.
“Divirta-se. Há tantas formas
orelha esquerda, que ela fez
de colorir seu cabelo, de
combinando com a mãe.
lorido, que chamou a atenção
do mundo da moda e se
O dia era de chuva em Lon-
No estúdio, construído em-
elementos se misturassem
“Eu quis respeitar a imagem
tornou sua marca registrada.
Não é exagero dizer que a
Para Chloe, o cabelo representa rebeldia e criatividade.
spray a giz e máscaras. Brin-
Naturalmente morena, ela
que com as técnicas e não
Island, nos Estados Unidos,
tenha medo.”
filha de mãe polonesa e pai
Chloe cresceu em Long
dres. O noticiário alertava sobre
baixo de arcos ferroviários no
em uma grande explosão
de Chloe”, conta o cabeleireiro.
trânsito e alagamentos. Mas
badalado bairro de Shoreditch,
colorida”, explica.
“E amei o material e as cores
carreira de Chloe realmente
começou a brincar com as co-
apesar da enorme nuvem cinza
no leste de Londres, o dia
Enquanto lá fora o frio
das Melissas, foi uma delícia
decolou quando ela decidiu
res na escola, quando passava
Outra característica mar-
que pairava sobre a cidade,
passou rápido enquanto a
bombava, Chloe fazia ver-
trabalhar com a marca. No final,
trocar o loiro pelo azul. Ela
boa parte das aulas pintando
cante de Chloe – além de sua
família, ela mal pode espe-
havia um lugar onde o arco-íris
dupla de fotógrafos holande-
dadeiros contorcionismos no
resolvi que queria combinar os
começou a trabalhar como
os cabelos com canetinhas. No
inegável beleza, é claro – são
rar para viajar o mundo ao
apareceu o dia todo, mesmo
ses Meinke ten Have e Kees
quentinho do estúdio, deitada
sapatos com o cabelo dela.”
modelo há quatro anos, em
colegial, ela aprendeu técnicas
suas tatuagens. Ela tinha
lado dos pais quando eles se
sem o sol. Naquela sexta-feira,
de Klein clicava a bela Chloe.
nos pufes enormes trazi-
A sessão só foi interrom-
Tóquio. “Eles não gostaram
de coloração com amigos que
11 no total quando conversou
aposentarem. Egito, Índia e
uma explosão de cores tomou
“Nós queríamos fotografar as
dos para as fotos. Além das
pida para o almoço, uma
muito de mim lá, então
estudavam cosmética. “É o
com a PLASTIC DREAMS, mas
Madagascar estão no topo da
conta do estúdio que abrigava a
imagens da forma mais com-
roupas e do cenário, todo o
deliciosa lasanha vegetariana.
acabei trabalhando como DJ
meu projeto de arte na minha
planejava adicionar mais uma
lista. Seus planos para o futuro
equipe da PLASTIC DREAMS. Dos
pacta e essencial possível,
visual da modelo foi pensa-
E depois de um dia agitado
e explorando aquela cidade
cabeça. As coisas coloridas
à coleção. “Fiz minha primeira
também incluem aprender a
cabelos da modelo americana
para que elas fossem apenas
do para celebrar as cores: a
de trabalho, a equipe da
incrível.” Quando ela resolveu
sempre me atraíram, então
com 16 anos e diz ‘Penny
falar francês e japonês. “E o
Chloe Norgaard à peruca usada
sobre Chloe, os sapatos e as
maquiagem feita por Laura
PLASTIC DREAMS se perdeu
mergulhar de cabeça no pote
meu cabelo é apenas uma
Lane’ dentro do meu lábio, ba-
espaço! Quero muito ir para o
pela superstylist Anna Treve-
cores supervibrantes”, conta
Dominique, as unhas pintadas
pela noite londrina. Afinal, era
de tinta, porém, tudo mudou.
extensão disso”, conta ela.
sicamente por causa do filme
espaço”, conta ela. Algo nos diz
lyan, passando pelas roupas e
Klein. “Nossa ideia era criar
por Zarra Cellik e os cabelos
sexta-feira e até a chuva havia
Desde então, Chloe já apare-
Com mais de 150 mil
Quase Famosos.” Ela também
que Chloe conseguirá um dia
pelo cenário, o colorido reinou.
um cenário em que os três
criados por Charlie Le Mindu.
resolvido dar uma trégua.
ceu nas páginas de revistas
seguidores no Instagram,
tem as palavras “pure, po-
realizar o sonho de colocar sua
como “Harpers Bazaar” (foto-
Chloe está inspirando outras
werful, spontaneous & rare”
cabeça de arco-íris em órbita.
dinamarquês. Muito ligada à
34
OS MUITOS
TALENTOS
DE FRED
BUTLER
Fred estudou moda feminina
na Universidade de Brighton,
na Inglaterra, e começou sua
carreira como estagiária no
Arte Fred Butler
Fotos Tara Darby
Texto Ilana Rehavia
ASSINANDO PARCERIAS TÃO DIVERSAS
COM MARCAS COMO TOPSHOP E COM
O V&A MUSEUM, A ARTISTA
FRED BUTLER É UMA
NEOKITSCH; MELISSA
NÃO PODERIA
FICAR DE
FORA.
Melissa Nation Inverno 2014
ANTHONY LYCETT
Plastic Dreams
coletivo de moda As Four.
Ela também trabalhou como
assistente da cenógrafa Shona
É difícil descrever o que
Heath antes de decidir voar
Fred Butler faz em apenas
solo. “Na mesma época, eu
uma palavra. Essa multitalen-
comecei a escrever um blog
tosa artista cria acessórios e
para registrar minha vida e,
adereços, produz filmes de
inesperadamente, ele se tor-
moda e é diretora de arte de
nou uma parte integrante da
editoriais. Fred também tem
minha marca.”
um blog de enorme sucesso,
Ela recentemente realizou
no qual registra os lances de
o sonho de mostrar suas
sua vida e da cena cultural e
peças na Semana de Moda
criativa de Londres.
de Londres e está preparando
Sua impressionante lista de
uma exposição retrospectiva
clientes é tão diversa quanto
de seu trabalho, que descreve
suas empreitadas, e inclui MTV,
como “tátil, multidimensional,
V&A Museum, a banda Sigur
colorido, divertido, curioso
Rós, as cantoras Nicki Minaj e
e cósmico”.
Beth Ditto, M.A.C Cosmetics,
Fred adora o universo da
Samsung, Topshop, Nike e
Melissa e se identifica com a
Swatch, para quem ela criou
estética da marca. “Nós temos
um relógio em edição limitada.
em comum a criação de aces-
Todos os seus projetos
sórios ousados e divertidos”,
têm em comum um ele-
diz. Para ela, o conceito da
mento de cores, diversão e
M-Nation evoca a ideia de uma
experimentação.“O fio condutor
religião ou folclore do futuro,
em meu trabalho é o desejo de
que seria resultado de trocas
obter e transmitir uma sensa-
e influências culturais. Ou, em
ção que eleve os espectadores
suas próprias e loucas palavras:
e usuários. Eu quero transportar
“Altares futuros imaginários
as pessoas para uma outra
híbridos populares nômades
dimensão”, conta ela.
xamanistas sobrenaturais”.
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Plastic Dreams
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Melissa Nation Inverno 2014
MICHELLI PROVENSI
LOUCAS PELO MUNDO
NOSSAS MENINAS VIAJAM PELO MUNDO DE BICICLETA, FAZEM CICLOVIAGENS, PROCURAM AS
MELHORES ONDAS EM ÁGUAS QUENTES, LUTAM PELOS DIREITO HUMANOS DE MULHERES
E CRIANÇAS, TOPAM PERDER UM DIA DE PRAIA EM TEL AVIV PARA PARTICIPAR
DE UMA DEMONSTRATION (ATO DE RESISTÊNCIA DO POVO PALESTINO, EM
TERRITÓRIO OCUPADO) ORGANIZAM CAMPANHAS MUNDIAIS E LOCAIS NAS
REDES SOCIAIS, DECIDEM SER MODELO PARA CONHECER O MUNDO E
DOCUMENTAM DE FORMA SENSÍVEL O LUGAR MARAVILHOSO
E DIVERSO EM QUE VIVEMOS! EM COMUM NOSSAS
MENINAS TÊM O AMOR POR VIAJAR E TÊM O OLHAR
DO VIAJANTE, ABERTO AO CONHECIMENTO
DO OUTRO, E ACABAM USANDO ESSAS
VIAGENS COMO UMA FORMA DE
ENTENDER O MUNDO E, MUITAS
VEZES, A SI MESMAS.
Seu maior sonho era viajar, conhecer outros países e
outras culturas. Aos 16 anos, Michelli Provensi vislumbrou
na carreira de modelo a possibilidade de sair do sítio em
que morava com a família na cidade de Maravilha (SC), e
ganhar o mundo. “Participei de um concurso para modelos,
porque queria viajar. Nunca achei que fosse vencer, pois eu
era muito magra, feia e não era aquela menina cobiçada
na escola”. Em seis meses, Michele já estava morando em
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Texto
Marina Pecoraro
São Paulo, depois Tókio, Nova York, Londres, Paris entre
outras cidades importantes do circuito da moda mundial.
Aos 29 anos, decidiu contar sua história de 13 anos de
carreira em um livro bem-humorado que tem agradado
ao público e à crítica chamado: Preciso Rodar o Mundo
– Aventuras Surreais de Uma Modelo Real, (2013, Ed. da
Boa Prosa). “Há cinco anos planejo mostrar para as pessoas a vida real de uma modelo. As pessoas acham que
ser modelo é fácil e que todas são milionárias e burras,
claro!” No livro Michelli conta a experiência de morar com
127 garotas de nacionalidades distintas, com culturas e
línguas diferentes. “A profissão de modelo oferece muitas
oportunidades mas está muito longe de ser um conto de
fadas. O meu livro é a minha história de vida e espero que
ajude tanto as meninas que querem entrar para o ramo,
assim como os pais e parentes delas”.
Desfilando, ou posando para fotos e campanhas publicitárias Michelli já esteve em 37 países. Ela já foi a quase
todos os continentes – quase, porque ainda falta a Ocea-
Nada como ter boas histórias
para contar. E isso não falta
para a catarinense Michelli
Provensi, que juntou memórias
do que ela considera ser uma
modelo “normal” para lançar
um livro inteligente e cheio de
curiosidades, fruto de muita
experiência de vida. O projeto
inspira a nova geração
nia. Como viajar é o que move essa catarinense, mesmo
quando não está trabalhando está planejando viagens.
A próxima será no carnaval para a Islândia, onde planeja
ver a aurora boreal e fazer um trekking. Além de escritora,
Michelli também compõem músicas, como o rap “All the
Models in the House”, que fez especialmente para divulgar seu livro. O vídeo já é um viral e foi visto por mais de
80 mil pessoas.
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Plastic Dreams
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Melissa Nation Inverno 2014
Caroline D’Essen, 33 anos é jornalista,
antropóloga, ativista pelos direitos humanos
e atualmente é coordenadora de campanhas
da Avaaz, um movimento global que mobiliza milhões de pessoas de todo o mundo
para agirem em causas urgentes, sejam elas
internacionais, nacionais ou locais.
Aos 25 anos, cansada da vida maluca de
São Paulo, foi para Moçambique estudar antropologia por seis meses e acabou ficando
três anos e meio, que, segundo ela, transformaram a sua vida. “O continente africano
Foi só após uma cirurgia para corrigir miopia, aos 26 anos, que a estilista Maite Ramazzina Furuiti, 33, começou a surfar.
foi a experiência mais marcante para mim,
“O surfe é a minha meditação, foi o que encontrei para me deixar equilibrada e é o melhor significado de ‘liberdade’ para mim”.
me fez mudar a perspectiva das coisas. Pela
Apaixonada pelas ondas, Maite já surfou no México, Nicarágua, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Peru e Brasil. Todas as suas viagens
primeira vez estava num lugar de maioria
são planejadas de acordo com as ondas. Ao todo ela já esteve em 25 países e deseja conhecer e surfar no Havaí, Ilhas Maldivas,
negra, em que eu – branca, estrangeira e
Ilha de Páscoa e Nova Zelândia. “Não sei ficar parada deitada na praia; procuro uma praia em que eu possa surfar e, de preferência,
mulher – era total minoria. É um amadure-
que não seja água fria!” A sua melhor onda até o momento, foi em uma praia no México, que Maite não revela.
“Nenhum surfista gosta de surfar com uma multidão: é preciso manter segredo. Portanto, não vou falar o nome do local, mas as
cimento sem tamanho e faz você enxergar
melhores ondas que peguei foram em uma praia no México, em que, para chegar, é preciso dirigir 20 minutos e depois caminhar
sua própria sociedade com outros olhos”.
MADOKA KITANI
Dentre as muitas experiências vividas em
mais uns 15. Surfei todas as manhã por duas semanas, só com o meu marido e algumas tartarugas marinhas!”. Foi em uma viagem
Maputo, capital de Moçambique, ter dado
para surfar na Austrália com um amigo que Maite teve sua vida mudada por completo. O amigo virou marido, ela se mudou do
aula no curso de jornalismo foi fundamental
Brasil para Austrália e, de quebra, ficou surfando dez meses pelo Oceano Pacífico! Além de ser uma meditação, surfar também a
para a sua vida. “Foi lecionando que pude
deixa mais forte e corajosa para encarar o mundo.“ O surfe me ensinou a enfrentar coisas de que tenho medo. Cada dia de surfe é
conhecer de fato a cultura local. Estive mui-
diferente, cada mar é diferente. Antes de entrar na água, em qualquer lugar que seja, me dá um friozinho na barriga, um nervoso.
tas vezes com meus alunos na periferia da
Cada dia que pego uma onda boa, cada dia que volto para casa do surfe me sinto mais capaz!”
capital, conhecendo seus bairros, suas famílias e as condições em que eles, e a maioria
MAITE FURUITI
CAROLINE D’ESSEN
da população de Maputo, vive. Ter entrado em contato com a realidade deles foi a
experiência mais enriquecedora da minha
vida. Assim, percebi que o que eu queria
fazer profissionalmente era algo que me
permitisse interferir nessas realidades”. Foi
ainda como mestre que Caroline percebeu a
importância de ouvir e incentivar os sonhos
e projetos das pessoas.
“Diversas vezes tive alunos vindo me consultar sobre um projeto que gostariam de
desenvolver na sua comunidade local e perFOTOS: ARQUIVO PESSOAL
cebi que tudo que eles precisavam era uma
simples palavra de encorajamento. Vi que o
mundo precisa mais disso, de pessoas que
encorajem os outros a fazer a diferença, a ir
atrás de seus sonhos, de seus ideais e decidi
que queria “empoderar” as pessoas”. E assim
ela tem feito! Desde 2012, coordena campanhas nas redes sociais e envolve milhões de
pessoas no mundo inteiro para temas como
corrupção, direitos humanos, ecologia, entre
outros. Aos 33 anos, Caroline conhece 36
países! Talvez o mundo fique pequeno para
essa viajante!
À esquerda,
Caroline D´Essen,
que já visitou 36 países, em
alguns momentos marcantes de
suas viagens. Na foto em destaque
(acima) ela participa de um casamento
tradicional na Índia. Ao centro a
professora Carol e seus alunos de
jornalismo em Moçambique. Nas demais
fotos, nossa personagem na Antártida,
Austrália e em Alagoas.
À direita, a nossa surfista Maite Furuiti em
um jantar na casa de amigos em Mal Pais,
na Costa Rica. Pegando onda no México
e em El Salvador. Antes de surfar no Peru,
Maite foi conhecer o lago Titicaca e o
Portal do Sol, em Machu Picchu.
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
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Plastic Dreams
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Melissa Nation Inverno 2014
Aos 26 anos, Samar Kauss, era uma menina bem-sucedida.
Tinha um bom emprego, carro zero e morava nos Jardins, região
nobre da cidade de São Paulo. Era editora dos Programas de
Lilian Pacce e Alex Atala, exibidos pelo canal GNT. Mesmo com
tudo conspirando a favor, havia uma insatisfação que a rondava.
“Tinha um sentimento de que a vida é, e poderia ser, mais do
que o mundo capitalista espera de nós”. Foi então que, em 2006,
decidiu largar tudo e ir estudar inglês na Austrália. “Sabia que
JULIANA MUNDIM
precisava aprender essa língua para poder ganhar o mundo”.
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Morando na Austrália viajou e teve a oportunidade de conhecer diversos países da Ásia como Vietnã, Cambodja, Tailândia e
Índia. “Adorei conhecer outras culturas, outras pessoas e descobri que queria conhecer o mundo”. Foi nessas viagens que
O gosto por viagens foi plantado na ci-
pudesse conciliar trabalho e viagens, e assim
um projeto para vida e acho que só devo
neasta Juliana Mundim, 30 e poucos
tem rodado o mundo, filmando, fotografan-
parar quando eu morrer!” Juliana já per-
anos, ainda na infância. Natural de Brasí-
do, desenhando e escrevendo histórias.
deu a conta de quantos países visitou, mas
lia, a menina percorria grandes percursos
No fim dos anos 90, quando ainda es-
conhece todos os seis continentes. Nepal
de carro com a família – o mais longo foi
tava na faculdade, teve a ideia de fazer
é o lugar mais incrível e impactante em
a direitos humanos – mais especificamente, a índios, mulhe-
para o Maranhão. Os pais fizeram algumas
o Pocket Film for Travelers (http://www.
que esteve. “As paisagens mudam confor-
res, negros e crianças. Em 2012, durante uma viagem à Índia,
voltas ao mundo na sua infância. Quando
pocketfilmsfortravelers.com). Porém, só
me você sobe as montanhas No trajeto as
Samar teve seu lado feminista e de luta pelos direitos humanos
não havia verba para carregar os filhos,
em 2006 conseguiu publicar o material na
pessoas são dóceis e abertas e o esforço
aflorado. “Resolvi explorar a região do Rajastão e contratei um
Juliana ficava com a avó na capital federal.
rede. “A ideia do site surgiu porque queria
dos dias pra subir, suando, ouvindo música,
motorista que aos poucos foi revelando, mesmo sem perce-
“Seguíamos eles no mapa, e isso acabava
unir a arte que eu fazia com internet.
comendo lentilha todo dia, sendo seguido
ber, as idiossincrasias da cultura indiana, como o casamento
fazendo com que imaginássemos como seria
Queria fazer um filme sobre uma longa
por borboletas e crianças, acaba fazendo
arranjado de meninas, o machismo, o trabalho pesado que
cada país, pesquisavámos as culturas, e vía-
viagem, de anos infinitos, mostrando não
você pensar muito no sentido da vida.
mos fotos dos lugares... isso nos deixou com
só a viagem mas todos os devaneios da
Quando chegamos no topo somos acome-
mais vontade ainda de ver tudo ao vivo e em
jornada. As viagens internas no Pocket são
tidos por uma paz incrível e você sente um
cores”. Já adulta optou por uma profissão que
mais importantes que as externas. O site é
amor profundo por tudo aquilo”.
descobriu que não queria mais fazer televisão. Queria contar
histórias de vida reais por meio de documentários relacionados
as mulheres desenvolvem enquanto os homens tomam chá,
Outra experiência transformadora em sua vida, aconteceu em
gação do Documentário Stuck, dirigido por Thaddaeus Scheel,
filme que acompanha quatro crianças de três países diferentes
em suas viagens individuais de orfanatos para suas novas casas
com famílias nos Estados Unidos. Samar morou em um motor
home, por dois meses e percorreu 72 cidades nos EUA. Após a
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
2013, quando teve a oportunidade de trabalhar no tour divul-
SCOTT LOWE
entre outras coisas”.
SAMAR KAUSS
exibição, havia um debate com o diretor e coleta de assinaturas
para uma petição, cujo objetivo era acelerar o processo de adoção e entrevistas com famílias que estavam na mesma situação
que as do filme. A turnê acabou em maio, quando a equipe do
filme organizou uma passeata em Washington D.C, e entregou
a petição para o Obama com milhares de assinaturas. “Nesse
projeto, eu digo que não fiz um filme, e sim um Movimento.
É isso que eu quero fazer: ajudar o mundo a ser um lugar mais
justo e com menos desigualdades”.
À esquerda
Samar Kauss
descobriu sua veia feminista
durante as viagens pelo mundo,
mais especificamente na Índia, onde
vivenciou e retratou a dura situação da
mulher neste país
À direita desde pequena Juliana Mundim
faz grandes viagens de carro pelo Brasil
com seus pais. O que era para ser diversão
virou paixão e a cineasta já perdeu a conta
de quantos países já visitou, mas garante
que conhece todos os continentes. Ao lado,
imagens pessoais de suas viagens para
Índia, Berlim, Nepal, Nova York, Berlim
e Vietnam
42
Plastic Dreams
43
Melissa Nation Inverno 2014
Assim que saiu do programa A Liga, da
Band, a apresentadora Sophia Reis, 25, estava exaurida e só pensava em viajar. Após
um ano à frente do programa, que mostrava
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
a realidade de uma forma intensa, Sophia
precisava ter experiências mais leves para se
lembrar que, sim, o mundo é um lugar bom de
se viver. “Fui para os EUA com uns amigos, fiz
cursos, peguei carona e viajei muito”.
O seu desejo de conhecer outros países se
transformou em realidade em 2012, quando
recebeu o convite para fazer parte do programa Volta Ao Mundo, do Multishow. Ao lado de
Esther Ohana e Michelle Schllanger, Sophia foi
para Islândia, Croácia, Itália, Israel, Palestina,
Moçambique, Cingapura e Estados Unidos. De
mochila nas costas e com um orçamento apertado (cerca de US$ 100 dólares) essa paulistana viajou por cerca de 50 dias. “A experiência
de dar a volta ao mundo foi muito intensa;
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
foram quase dois meses que fiquei sem casa,
cada dia era uma novidade. Tivemos contato
A fotógrafa Laura Sobenes, 26, começou a andar de bicicleta em 2009. Assim
com pessoas e realidades muito distintas”.
como a maioria das pessoas, ela acreditava que bicicleta era para ser usada ou
Uma das experiências mais marcantes nessa
em passeios, ou era um esporte. Neste ano, passou a usar a bicicleta como meio
viagem se deu na Palestina. Estavam em Tel
de transporte e, no fim do ano, fez a rota Márcia Prado – percurso de 80 km que
Aviv, Israel, quando conheceu um documen-
vai da estação Grajaú de trem até Santos. “Acordei no dia do passeio e decidi
tarista inglês que estava indo no dia seguinte
ir na última hora. No meio do caminho, parei para descansar, tomar uma água
para gravar uma demonstration (manifestação
e quando avistei o mar, senti um frio na barriga, um medo, pois estava muito
palestina contra a opressão dos israelenses no
longe de casa e havia chegado lá por meio de minhas pernas, e não das rodas
território Palestino).
de um carro ou de um ônibus. Foi uma experiência incrível”.
A comunidade ficava no topo de uma
Após essa viagem, Laura foi mordida pelo “bicho” das cicloviagens e não
colina, e embaixo havia um jipe do exército
parou mais. Fez a rota dos romeiros, uma bela estrada que liga São Paulo a
israelense, que queria invadir a comunidade
Itu, depois Ilhas do Sul (ilha do Mel, Ilha do Cardoso, Superagui até Morretes),
para cooptar o território para poder expandir
onde pegaram o trem para Curitiba. “Fizemos todo o percurso pelas praias e foi
um assentamento judeu que ficava na colina
lindo”! Em 2011 fez com seu namorado e amigos o circuito Costa Verde & Mar,
vizinha. Então, todos os dias, jovens com idade
a primeira ciclo rota oficial do Brasil, que passa por 11 municípios catarinenses,
entre 13 e 16 anos ficavam jogando pedras
sendo oito no litoral e três no interior, ao longo de 270 km.
nos jipes para impedir a invasão. O embate
acontece diariamente há 3 anos: de um lado,
SOPHIA REIS
o exército jogava bomba de gás lacrimogênio
e atirava com balas de borracha, e, de outro,
quase uma brincadeira. Mudou o meu conceito
de medo, pois o clima não era aquele, pelo
menos não naquele instante. Esse foi o dia
mais louco da minha vida, foi uma experiência
incrível”. Agora Sophia planeja uma viagem
pela Rota da Seda, entre Mongólia e China.
LAURA SOBENES
Björk no Lollapalooza. “Decidimos ir de Santiago para Buenos Aires de bike. Fomos de ônibus até a capital chilena, onde começamos o pedal, que durou quase
os jovens jogavam pedra. “Ao contrário do
que podia imaginar, o clima não era tenso, era
Com as viagens nacionais dominadas, Laura se aventurou a percorrer de bike
outros países e, assim, em 2012, foi ao Chile, como pretexto de ver a cantora
dois meses”. Nessa viagem, Laura aprendeu a se desapegar das coisas materiais
À esquerda, Sophia Reis na Palestina durante o momento mais marcante
de sua “Volta ao Mundo”, no programa que apresentou no Canal
Multishow. Ela presenciou a resistência do povo palestino e sofreu
na pele os perigos de uma guerra.
À direita, Laura Sobenes em suas cicloviagens pela América Latina.
Ela começou usando a bicicleta como meio de transporte na cidade
e depois foi para estrada conhecer o mundo. As fotos foram tiradas
no Chile durante sua primeira viagem internacional de bike.
e a dar valor aos pequenos luxos que todos nós temos nas cidades como: um
banho quente, uma cama macia ou um edredom quentinho. “Em uma viagem
de bike você tem pouco espaço para carregar tudo de que vai precisar: barraca,
sleeping bag, comida, roupa entre outras coisas. Tudo que decidir levar você vai
ter que carregar o tempo todo. Levei sete calcinhas, alguns vestidos e um monte
de coisa desnecessária. Fiquei um mês carregando todo o peso do mundo”.
A dica de Laura para quem deseja iniciar no mundo das viagens de bikes é
simples: comece. “O importante é respeitar o próprio ritmo e pesquisar na internet os relatos das pessoas que já fizeram o percurso que você deseja fazer”.
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Plastic Dreams
Uma fábula
cigana
Texto Suzy Capó
Fotos Gui Mohallem
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Melissa Nation Inverno 2014
Stills do filme “Rio Cigano”
sorte, as cartas de Tarô, as
roupas coloridas (confeccionadas pelas próprias ciganas), as lendas (como o da
loba, que ouvimos com as
EM SEU
PRIMEIRO
LONGA-METRAGEM,
A CINEASTA JULIA ZAKIA
ROMPE COM PRECONCEITOS
E MOSTRA A FORÇA DAS MULHERES
NA CULTURA CIGANA.
crianças no início do filme)
e outros elementos que associamos a esse povo estão
todos lá, mas Julia rompe
com os mitos incrustrados
no imaginário popular.
Por exemplo, no filme, é
a Condessa (a mulher do
proprietário das terras em
que a família vai pernoitar)
que rouba crianças.
Inspirada em Elizabeth
Bathory – uma condessa
sanguinária húngara – a
personagem Condessa é
interpretada pela atriz Georgette Fadel, que também
interpreta Kaia quando já
adulta, e contracena com
a própria Julia, que faz o
papel de Reka. Georgette
acompanhou Julia em suas
viagens pelos Bálcãs, assinando, com a diretora,
o roteiro do filme.
“O filme é minha história
com a Georgette”, revela
Julia. “Por isso não abri
mão de interpreter a Reka”.
A parceria sensível entre
as duas se projeta num
universo fílmico particu-
Era uma vez, nas longín-
trajando roupas coloridas
-metragem cujo processo
atravessa os mundos para
De certa forma, a imo-
crianças sejam matriculadas
sica tradicional, assume um
larmente feminino, que
estendia roupas no varal.
de preparação e filmagem
encontrar Reka, sua amiga
bilidade sugerida no filme
nas escolas”, informa Julia.
caráter fantástico a partir da
expressa um dos aspectos
Ramos, nas profundezas do
Nove anos depois do
estreitou os laços de Julia
de infância, quase não se
remete à situação atual
separação das duas ciganas,
que mais fascinaram a
sertão de Alagoas, a cineas-
primeiro contato com esses
com a família e consolidou
vê os deslocamentos físicos.
dos ciganos calon, que
ças ciganas marca também
ainda crianças. A partir
cineasta em seu primeiro
ta paulista Julia Zakia, que
ciganos calon, da família
seu interesse por essa cultu-
“É uma viagem interior”,
começaram a chegar ao
uma mudança na cultura
de então, sonhos, ritos e
contato com essa cultura:
pesquisava locações para o
Ferraz, a imagem ainda é ví-
ra, despertado pelo cinema
explica a diretora e co-
Brasil em 1574, deportados
desse povo, até então
mitos se articulam de forma
a força das mulheres.
filme de um amigo do seu
vida para Julia. Como escre-
de Emir Kusturica. Agora, ela
-roteirista, que evoca a jor-
de Portugal, e desde então
baseada exclusivamente
inusitada, desestabilizando
reino, o grupo-produtora
veu Adélia Prado, “o que a
lança no circuito cinemato-
nada por meio de histórias
vinham transitando entre
em narrativas orais. Mas
o espectador acostumado a
que viajou muito para
Gato do Parque. Foi quando
memória ama, fica eterno”.
gráfico o primeiro longa de
ouvidas e imagens filmadas
a Bahia, Pernambuco e
são justamente as tradições
estruturas rígidas de tempo
descobrir que “as misturas
Julia avistou de longe, à
E a cineasta escolheu uma
ficção sobre ciganos realiza-
não apenas no período de
outros estados do nordeste.
transmitidas oralmente que
e espaço.
são possíveis, que o mundo
beira da estrada de terra,
narrativa audiovisual para
do no Brasil, Rio Cigano.
convivência com os Ferraz,
Desde 2004 muitos bandos
inspiraram Julia na constru-
duas barracas de lona gros-
perpetuar o encantamento
Curiosamente, neste
no sertão alagoano, como
deixaram de ser nômades.
ção de metáforas visuais
rompe com preconceitos
a gente nunca imaginou”.
sa e escura. Próximo a uma
daquele encontro.
filme sobre esse povo nô-
também durante suas via-
“A bolsa-família, instituída
e sonoras, que costuram a
contra os ciganos, represen-
Depois disso, ela fez um
made, que conta a história
gens pela Sérvia, Bósnia e
no Governo Lula, exige
história. O filme, que come-
tando-os sem os habituais
filme e viveu feliz para
de Kaia, uma cigana que
República da Eslováquia.
moradia fixa para que as
ça com uma narrativa clás-
estereótipos. A leitura da
sempre. The End.
quas terras de Graciliano
fogueira, crianças corriam
livremente e uma mulher
Primeiro fez “Tarabatara”,
documentário de curta-
A alfabetização das crian-
Com Rio Cigano, Julia
Era uma vez uma menina
está cheio de coisas que
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47
Na foto, “Welcome
Home” (2011), do artista
mineiro Gui Mohallem,
que aparece no livro
homônimo sobre suas
experiências no festival
Beltane; ao lado, a
performer Agatha
Barbosa, que encontrou
sua espiritualidade
numa festa da Trackers,
em São Paulo
NUBIA ABE
Melissa Nation Inverno 2014
GUI MOHALLEM
Plastic Dreams
O rito recria os mitos, traz para o presente os
heróis criadores, refaz a trajetória dos ancestrais, explica tudo, dá a direção da vida, aproxima céus e terra. Cada palavra, cada som é
mágico e criador. Tem o poder de transcender
o tempo, de transformar o mundo. O som dos
cantos vem de um tempo imemorial, o tempo
da criação de todas as coisas.
Angela M. Pappiani
PRA PAZ
ROLAR NA
TRIBO
Tem gente que só começa
Texto
Suzy Capó
as pessoas ou proporcionam
o dia depois de tomar café
uma sensação de realização,
e ler o jornal. As meninas
remetendo a práticas rituais
aprendem, desde muito cedo
ancestrais, encontradas em
que devem lavar, tonificar
todas as sociedades, religiões
e hidratar a pele todas as
e culturas. “Quando se atribui
noites antes de dormir.
a um ato ou gesto cotidiano
Alguns amigos se reúnem
um determinado valor – que
nas tardes de domingo para
pode ser espiritual ou não –,
assistir futebol. Outros se
ele pode ser considerado um
encontram todo dia 29 do
rito”, afirma a antropóloga
mês, “religiosamente”, para
Iara Pietricovsky. De ascen-
comer o nhoque da sorte.
dência indígena e judaica,
Hábitos como esses
organizam a vida, conectam
Iara conta que faz o sinal da
cruz toda vez que entra num
48
avião. “Com isso, eu visto um
cimento é crucial para o
manto de proteção”, explica.
entendimento do significado
O fato é que os ritos têm
dos ritos, especialmente os
uma grande importância
coletivos. “Os ritos são atos
para indivíduos e comunida-
repetitivos imbuídos de valo-
des, mesmo que para muitos
res e procedimentos aceitos
ocidentais vivendo em
por determinados grupos,
centros urbanos, o mundo
em que você reafirma cren-
globalizado possa parecer
ças, compromissos, identida-
destituído de raízes, e as tra-
des, repactuando constan-
dições, de sentido. “Os rituais
temente a sua ligação com
hoje em dia são desprovidos
determinada religião, cultura
de significados”, reflete o
ou sociedade”, diz Iara.
fotógrafo Gui Mohallem, cuja
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Melissa Nation Inverno 2014
FOTOS: GETTYIMAGES
Plastic Dreams
Os judeus, por exemplo,
experiência com o ritual celta
espalhados mundo afora
Beltane, celebrado por uma
devido à diáspora, preserva-
comunidade em um santuá-
ram a sua identidade como
rio ao ar livre no sudeste
um grupo étnico por meio
dos EUA, foi profundamente
de tradições, símbolos e
transformadora.
rituais originários da religião
Mohallem participou três
judaica. Mesmo para judeus
vezes do Beltane – em que
seculares – ou não religiosos
a fertilidade e a chegada da
–, ritos como o Brit Milá,
primavera são festejadas
(cerimônia de circuncisão
com danças em torno de
dos bebês nascidos de mãe
fogueiras –, mas não relata,
judia) e as festividades do
nem fez registros fotográfi-
Shabat (dia de descanso
cos do ritual em si. “É uma
no judaísmo) transcendem
questão de respeito pelo sa-
o significado religioso. São
grado”, explica. No entanto,
elementos da cultura judaica
você, Deus, uma mãe, um
isso, eles constituem seus
na é marcado pela mediação,
o título do livro de fotogra-
que os ligam com seus
profissional etc”. Os rituais do
modos de vida. Hoje, mais
manifestada por meio de
fias publicado por ele sobre
ancestrais, unindo-os como
Shabat – que se inicia quando
de 200 etnias habitam o
cerimônias, entre o mundo
a experiência – “Welcome
um povo.
desponta a primeira estrela
território nacional, cada uma
social e o cosmos, entre o
na sexta-feira, e termina
delas com sua própria cultura,
universo natural e sobrenatu-
Home” (Bem-vindo ao Lar,
“O Shabat está rela-
em português) – diz bastante
cionado ao sétimo dia da
quando três estrelas são vi-
envolvendo inúmeros rituais
ral. “Nós somos parte de um
sobre sua qualidade. “Só
criação do mundo, quando
síveis no sábado – envolvem
que se realizam por meio de
todo, não existe uma hierar-
depois da construção desse
Deus descansou”, explica a
velas, um jantar previamente
cantos, danças, rezas, pintura
quia entre os seres – huma-
sentimento de pertencimen-
rabina Debora Grinberg, da
preparado com a família e/ou
de corpo, confecção de arte-
nos, animais, plantas – que
to a uma família com a qual
Comunidade Shalom, em
amigos, vinho, rezas e cantos,
fatos, entre outras técnicas e
vivem neste plano”, explica a
não tenho laços sanguíneos,
São Paulo. Segundo ela, foi
realizados durante o jantar na
procedimentos utilizados para
diretora da Ikorê (www.ikore.
tive coragem de ir ao Líbano,
o primeiro direito adquirido
sexta-feira ou na sinagoga,
conectá-los com os espíritos
com.br) Maíra Lacerda, filha
terra natal de meus pais,
da humanidade. “É um con-
no sábado pela manhã.
da natureza e do mundo.
de um índio Krenak e de uma
para entender os meus
ceito muito bacana, porque
mitos de origem”, diz.
é universal. Todos têm o
O sentimento de perten-
direito de descansar, seja
Na página ao lado, as
simbólicas velas de
Hanukkah, celebração
religiosa judaica;
nesta página, um índio
nativo americano
Os rituais também mantêm
Além dos ritos de iniciação
mulher branca. “Então, todas
vivos mitos e tradições dos
e passagem, de indivíduos e
as atividades de caça, pesca
povos indígenas. Mais que
de grupos, o cotidiano indíge-
e coleta de alimentos, por
também em um ato de reverência
nossos maiores patrimônios culturais
a Oxalá, o orixá associado ao Nosso
e figuram entre as maiores manifes-
Senhor do Bonfim.
tações populares do Brasil. É o caso
VIVI BACCO
OXALÁ
Os ritos afro-brasileiros são um dos
O festejo começa às 10 da
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Melissa Nation Inverno 2014
ARIEL MARTINI / I HATE FLASH
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Plastic Dreams
da Lavagem das Escadarias da Igreja
manhã, quando os participantes –
do Nosso Senhor do Bonfim, a maior
católicos e adeptos do candomblé
exemplo, têm que ser previa-
tuto Brincante, onde aprendi
espaço/tempo do paulistano
festa popular da Bahia depois do
– se concentram em frente à Igreja
mente acordadas por meio
o valor espiritual de ritos
comum”, explica. Influen-
Carnaval, e um dos maiores exemplos
da Conceição da Praia para dar início
de rituais, para que elas não
pagãos como o Maracatu e o
ciadas pelo psicodelismo,
do fenômeno de fusão de religiões
a uma caminhada de 8 km até a
se deem de modo violento,
Cavalo Marinho”, conta. Isso
tropicalidade e paganismo,
conhecido como sincretismo.
Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.
para que elas aconteçam
foi em 2010, quando a noite
as “figurinhas” – como se au-
O cortejo é comandado pelas
harmoniosamente.”
paulistana se transformava,
todenominam os participan-
com o surgimento de festas
tes originais – detestam ser
O ritual se repete toda segunda
quinta-feira de janeiro, na Igreja do
baianas – com vestidos brancos,
Nosso Senhor do Bonfim, fundada
turbantes, braceletes e colares – que
indígenas têm em si a res-
independentes como Voo-
chamados neo-hippies, não
em 1754 para abrigar uma réplica
carregam vasos com água de cheiro,
ponsabilidade de manter o
doohop e Gente que Transa,
se organizam como coletivos
em madeira de uma imagem de
preparada nos terreiros de can-
equilíbrio da natureza. Entre
das quais Agatha participava,
e, sobretudo, são hiperurba-
Cristo, trazida ao Brasil por um por-
domblé de um a sete dias antes do
os ritos com essa finalidade
como num ritual, desde a
nos. “A gente nunca poderia
tuguês devoto. A festa tem origem
rito. Atrás delas vem o bloco Filhos
está o canto para manter o
etapa da preparação – em
largar tudo pra morar na
na novena ao Nosso Senhor do
de Gandhi e uma multidão de fiéis
céu suspenso, praticado por
que o espaço é decorado,
Bahia”, brinca.
Bonfim, instituída pelo papa Pio VII
e turistas. A maioria se veste de
vários povos, com diferen-
artistas e DJs contratados e
no século XIX, que culminava na
branco, a cor de Oxalá.
te periodicidade e formas
participantes convidados – à
tiplicaram, ganharam as
diversas. “Os Guaranis, por
própria experiência do even-
ruas e também a adesão de
exemplo, fazem todo dia. Eles
to. “Quando ouvi a house se
centenas de jovens de classe
manhã do segundo domingo depois
Depois de pouco mais de uma
Maíra explica que os
Acima, a música embala os
fiéis dos rituais afro-brasileiros, que se unem
para uma das maiores
manifestações populares do
Brasil; ao lado, registro da
VOODOOSTOCK, uma das
várias festas independentes
que transformaram a
noite paulistana
Hoje as festas se mul-
do Dia de Reis. Na quinta-feira
hora, a procissão chega até a
anterior à festa de encerramento, os
escadaria. Até os anos 50, a Igreja
sabem que o homem branco
misturando com coco, todo
média alta deslumbrados
senhores portugueses faziam seus
era efetivamente lavada, por dentro
não vai fazer e que esse equi-
mundo na mesma sintonia,
com a possibilidade de viven-
escravos, provenientes de nações
e por fora, mas hoje a água é der-
líbrio é fundamental. Por isso,
mas cada um trazendo uma
ciar algo próximo à expe-
africanas, prepararem a igreja,
ramada na escadaria externa, num
os rituais são necessários.”
coisa de dentro de si, percebi
riência mística de Ágatha.
limpando-a por dentro e por fora.
gesto simbólico de purificação. As
A performer Agatha Bar-
que havia uma união entre
Ela, por sua vez, está mais
Obrigados a aderir ao catolicismo,
baianas também depositam flores,
bosa encontrou seu ponto de
todas as coisas que eu esta-
voltada aos rituais relacio-
os escravos no entanto mantinham
enquanto cantam o hino do Senhor
equilíbrio em pleno espaço
va fazendo”.
nados com a maternidade e
suas tradições religiosas, fazendo
do Bonfim. O ritual termina em festa
urbano, durante uma festa
Ágatha atribui um valor ri-
associações entre divindades cristãs
com muita música, além de comes e
na Trackers, em São Paulo.
tualístico a essas festas. “Elas
parto da minha filha, Azul,
e entidades do Candomblé. Assim, a
bebes à venda nas barracas monta-
“Na época eu estudava
acontecem periodicamente,
me deu vontade de conhecer
preparação da igreja se transformou
das em torno da igreja.
Letras na USP, com foco em
reúnem pessoas em torno de
a minha história e a de meus
cultura brasileira, e no Insti-
um círculo e rompem com o
ancestrais”, finaliza.
com suas próprias raízes. “O
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Melissa Nation Inverno 2014
2
GETTYIMAGES
GETTYIMAGES
1
O DEBOCHE INDIE
À frente dessa libertação
sonora, o norte-americanoDiplo é criador de pontes
entre a cultura musical das
periferias e o mainstream,
sendo responsável por
TÁ TUDO DOMINADO
projetar o funk carioca para
Na África do Sul, outro
fora do Brasil. Foi ele quem
expoente do resgate cul-
catapultou ao estrelato a
tural do lifestyle periférico
rapper M.I.A, sua ex-namo-
conquista reconhecimento
rada, abrindo os ouvidos do
global: Die Antwoord, gru-
seletivo público indie para
po de rap-rave da Cidade
novos blends sonoros, pro-
do Cabo criado por Ninja,
Se tudo se confirmar,
movendo a popularização
Yo-Landi Vi$$er e DJ Hi-Tek.
em 2050, segundo a ONU,
musical periférica refeita
Em africâner – dialeto
quase 80% da população
em beats quebrados.
da Terra residirá em centros
UMA NAÇÃO
UNIFICADA
PELOS SONS
LIFESTYLE DA VIDA REAL INSPIRA
O MELHOR DA MÚSICA E DOS
RITMOS DO MOMENTO.
Texto
Jackson Araujo
No palco e na arte de
falado na África do Sul e
Namíbia –, o nome do
urbanos. Aplicando as
seus álbuns, site e clipes,
grupo significa “A Respos-
estimativas mais conserva-
M.I.A usa a sobreposição
ta”. Eles cantam também
doras às atuais tendências
étnica como cenário babé-
em xhosa (outra língua
demográficas, a população
lico do 3º Milênio. Na letra
de seu país) e inglês,
1 Os músicos Ninja e Yo-Landi Vi$$er, da banda
humana vai aumentar
de “Matangi” (2013), track
sempre respondendo com
em cerca de 3 bilhões de
que dá nome ao terceiro
provocação e autoironia
pessoas e o mundo será
álbum, cria rimas políticas
por meio de letras e vídeos
uma grande cidade, incor-
com nomes de países.
de casting bizarro.
Die Antwoord abrem o show de M.I.A. em
Manchester 2 A incomparável M.I.A. se apresenta
no festival Fun Fun Fun, em Austin, no Texas
3 Capa do disco “Free the Universe” (2013), do
Major Lazer, projeto de Diplo em parceria com
Switch, um grande mashup de afrobeats, hip hop,
reggae, dub e moombahton
porando definitivamente o
lifestyle das periferias.
Diplo, por sua vez,
No provocante clipe de
bomba no projeto Major
“Evil Boy”, Diplo surge nas
A indústria fonográfica,
Lazer, em dupla com o DJ e
picapes e como escravo se-
por sua vez, busca artistas
produtor Switch, propondo
xual de Yo-Landi, rapper de
fora dos grandes centros
um grande mashup de
baby voice louca por ratos.
como eficaz estratégia de
afrobeats, hip hop, reggae,
O look freak de Yo-Landi e
refresco estético, encontran-
dub e moombahton.
Ninja ilustram o vídeo do
do o novo dentro da saudá-
No álbum “Free The Uni-
Verão 2012 de Alexander
vel hibridação cultural, que
verse” (2013), Major Lazer
Wang, ao som de “Fatty
valoriza o crossover de gê-
traz para sua catarse tribal
Boom Boom”, ironizando
neros e a mistura de estilos,
até vozes pouco relaciona-
dinheiro e sucesso. Com
enxergando o mundo como
das com o universo do hip
dois álbuns – “$O$” (2009)
uma nova nação, onde
hop’n’reggae: Alexis Taylor
e “Ten$ion” (2012) –, eles
linguagens, antes exóticas,
(Hot Chip), Amber Coffman
levaram sua boca suja para
passam a desenhar o espí-
(Dirty Projects), Ezra Koe-
os festivais Coachella e
rito das transformações por
ning (Vampire Weekend)
SXSW, abrindo os shows de
meio da música.
e a francesinha La Roux.
M.I.A. Tá tudo dominado.
3
FOTOREPRODUÇÃO
55
Melissa Nation Inverno 2014
Plastic Dreams
KRIS KRUG
5
NA ESTEIRA DE M.I.A
Duas garotas seguem a
trilha de M.I.A e brilham
com atitude: a britânica
Ebony Bones e a norteamericana Santigold.
Ebony une sua atitude
ESCANDINÁVIA
MEETS ÁFRICA
punk a raízes tribais do
A arte nunca pressupõe
nas graças da moda com
4 O trio Pearl Negras, do Vidigal (RJ),
limites geográficos e agora
trilha da campanha “Mani-
os ritmos quentes passam a
festo” (2009), da YSL. Seu
estrelas promissoras do funk-trap que
já atraem atenção internacional
5 A britânica Ebony Bones, que gravou
seu disco mais recente na Índia
6 O casal de cegos do Mali, Amadou
& Mariam, uniram Ebony Bones e
Santigold (7) em seu mais novo álbum
8 A banda sueca Goat e seus afrobeats,
“World Music” sem limites geográficos
Caribe, Índia e África. Caiu
influenciar a música até de
novo álbum,“Behold A Pale
4
um lugar gelado. É o caso
Horse” (2013), gravado
CÁSSIA TABATINI
da banda sueca Goat, que
na Índia, tem a Orquestra
estreia com o álbum “World
AS PÉROLAS DO VIDIGAL
Music” (2012), em mix de
No Brasil, as mais novas
Engajadas, as duas can-
funk, afrobeats e kraut-rock.
e promissoras estrelas do
tam no CD “Folila” (2012),
funk-trap são as cariocas
de Amadou & Mariam, o
Goat é pancultural e
Sinfônica de Mumbai.
polirrítmico, hipnótico com
Alice Coelho, Mariana
uma conexão vodu sur-
Feitosa e Jennifer Loiola,
preendente para a banda
o trio Pearls Negras, que
do minúsculo vilarejo de
rapidamente bateu mais
Korpilombo, no nordeste
de 100 mil visualizações do
Apaixonada pela obra
da Suécia, que adota o
vídeo de estreia “Pensando
de Fela Kuti, reggae e mú-
transe psicodélico de sua
em Você”, sendo citado
sica nigeriana, Santigold é
música regional.
como “Brazil’s hottest new
respeitada por Kanye West,
No palco, oriente e oci-
rap girlgang” no site da
Jay-Z, Björk, M.I.A e Beastie
dente juntos num ritual mís-
revista inglesa “Dazed”.
Boys, com quem gravou
tico com máscaras e capas
7
FOTOREPRODUÇÃO
casal de cegos do Mali que
há 30 anos cantam a favor
das culturas da periferia
6
do mundo.
Elas cantam o cotidiano
“Don’t Play No Game That I
folclóricas para intensificar
da comunidade onde nasce-
Can’t Win”, de viés ragga e
a aura de mistério e exo-
ram e moram, se conhece-
moombathon.
tismo, ao som de levadas
ram no grupo de teatro Nós
de guitarra, baixo, tablas,
do Morro, assinaram con-
música não quer definições
órgão e bateria tribal. É folk
trato com a inglesa Bolabo
de gênero, mas o prolífico
escandinavo com funk de
Records e têm agenda de
blend linguístico e sonoro
raiz africana. Um acid-folk
shows em Portugal, Paris,
que traduz a poesia caótica
sem precedentes.
Madri e Reino Unido.
A nação unida pela
da diversidade mundial.
FOTOREPRODUÇÃO
MIKE GUALDONI
8
56
Plastic Dreams
Tribalistas
(e globais)
PREPARE-SE PARA UMA IMERSÃO NO RITMO, NA
DANÇA E NA TRADIÇÃO QUE UNEM GERAÇÕES
AO REDOR DO PLANETA, NUM SETLIST
EXCLUSIVO FEITO PELO TOP DJ
AD FERREIRA PARA A
PLASTIC DREAMS.
Ilustração
Thiago Batista
HUMMING FIELDS
57
Melissa Nation Inverno 2014
EVERYBODY DOES
HURRY KANE
CHIRP Loudpvck
BRAND NEW WAYO
Colleen
Brooke Candy
Bass ill Euro
http://migre.me/hCMn4
Mixed Grill
http://migre.me/hCGge
http://migre.me/hCLje
http://migre.me/hCM7x
“Loudpack”, dos produtores
http://migre.me/hCMzG
Colleen é um artista que
Brooke Candy é uma canto-
Bass Ill Euro é um coletivo
Kenny Beats e Ryan Marks,
Delicioso afro-funk da
expressa uma música
ra que lembra uma pin-up
formado pelo DJ Schowi
de Los Angeles e Nova
compilação “Mixed Grill”
que remete ao poder da
cyberpunk. Em “Todo Mun-
e DJ Passion, ambos DJs
York, é um dos projetos
de canções muito raras de
natureza, transcrevendo em
do Faz”, ela dança estranho
e produtores de Berlim e
precursores do movimento
artistas nigerianos de funk,
eletrônica o que soa como
e selvagem neste dancehall
Stuttgart, na Alemanha.
de música Trap (literalmen-
boogie & soul.
um gamelão da Indonésia.
pop de influência árabe.
Neste remix exploram um
te ‘Armadilha’). Na faixa
Alguns se arriscam a dizer
clássico obscuro da música
‘Chirp’ eles abrem o cala-
que ela invoca o espírito
sul-americana em um
bouço e nos trazem sons
HUMEDAD (DJs
PAREJA REMIX) MKRNI
Kawa Jaipur Brass Band
da Barbarella em nossa
moombahton tropical.
diretamente do subsolo. http://migre.me/hCMC2
http://migre.me/hCHiW
geração. Não sabemos
Que soem os trompetes,
se Jane Fonda faria esta
trombones e clarinetes! São
comparação com uma ex-
os indianos da Kawa Jaipur
PIYA TU AB TO AAJA
MKRNI (lê-se Macaroni) é
MAIS UM Souleance
SEXAPPEAL 4D
um projeto de Santiago, e
http://migre.me/hCMbN
http://migre.me/hCMrY
recentemente ganhou este
stripper do rap com tranças
Souleance é um duo fran-
4D é uma banda de Synth/
remix dos DJs argentinos
Brass Band, que abrem
cor-de-rosa e coberta por
cês de grooves oitentistas,
New Wave da Alemanha
Pareja. MKRNI tem um
a estrada de bronze para
minicamaleões.
house e quebradeiras.
dos anos 80. A banda é um
senso de cor, leveza e sen-
Recentemente lançaram a
projeto de Franz Aumüller
sualidade profundamente
excelente faixa “Mais Um”,
e Dieter Kolb, de Wun-
enraizada no psicodelismo.
indiana com canções de
WATCH OUT FOR THIS
(BUMAYE) Major Lazer
que mistura um misterioso
derwerke. Com exceção
Humedad (literalmente
amor além de Bollywood.
http://migre.me/hCLSS
sample de samba com
dos vocais, os instrumentos
‘Umidade’) é uma ode
Formado em 2008, Major
uma swingada batida de
são 100% digitais. A faixa
sônica ao vapor hispânico,
QUIMEY NEUQUEN
(CHANCHA VIA CIRCUITO
REMIX) Jose Larralde
Lazer é um projeto musical
hip hop.
“Sexappeal” é uma perfeita
com letras sensuais e
new wave tropical.
uma variedade louca de
http://migre.me/hCLaN
dance music mundial como
http://migre.me/hCMi9
Chancha Via Circuito explora
um dos empreendimentos
Na onda da música ele-
Asian Dub Foundation
e estranheza tribal – que
ritmos latinoamericanos,
mais originais do movi-
trônica ‘Made in Brazil’, o
http://migre.me/hCMuJ
se combinam numa matriz
que incluem o folclore me-
mento EDM atual. “Cuidado
produtor Omulu apresenta
Asian Dub Foundation é
de eletrofunk.
xicano, a cumbia colombia-
com esse (Bumaye)” é
a excelente rasteirinha
uma banda de música ele-
na, peruana e a cumbia vil-
um explosivo dancehall
“Patrão”, que soa como
trônica britânica que toca
lera argentina. Sua música
em parceria com os MCs
uma mistura de afoxé, funk
uma mistura de rapcore,
Brian Briggs
borbulha dos Andes como
jamaicanos Busy Signal,
carioca e hip hop.
dub, dancehall e ragga.
http://migre.me/hCMFa
lava percussiva, fervendo
The Flexican e FS Green.
Em “Jornada”, eles nos
Brian Briggs, alter ego
colocam em sintonia com
de John Holbrook, é um
a Nação Mãe.
respeitado engenheiro de
o Rajastão, misturando
música tradicional popular
dos produtores Diplo e
Switch, e se destaca na
camadas de tambores como
a água e a terra lutando
contra o calor.
HERMETICO
PATRÃO Omulu
instrumentação – bongos,
JOURNEY
Balkan Beat Box
http://migre.me/hCM4G
apitos, guitarras, beats
AEO (Part 1 & 2)
som que trabalhou em
MWENDWA The
diversos estúdios londrinos.
Com seu grupo de músicos,
Famous Nyahururu Boys
Em seu clássico new wave
os israelenses Ori Kaplan
http://migre.me/hCMx7
‘Brian Damage’ de 1980,
e Tamir Muskat do Balkan
Um doce dueto dos Famo-
traz toda a tradição do rock
Beat Box tocam música de
sos Meninos de Nyahururu,
& roll em diferentes estilos
influência mediterrânea, in-
uma antiga banda da
musicais populares daquele
corporando as tradições da
Etiópia. Cantado em Kikuyu,
momento, incluindo o re-
Europa Oriental, do Oriente
‘Mwendwa’ é uma canção
nascimento rockabilly, new
Médio e da cena eletrônica
de amor.
wave à base de synth e
de Nova York.
surf instrumental, tudo no
mesmo mundo – a Música.
“Encarnações de computador para a paz mundial”.
.
58
Plastic Dreams
59
Melissa Nation Inverno 2014
FOTOS: GETTYIMAGES
3
1
1 A bandeira no Nepal, a única que até hoje foge do padrão retangular
2 Bandeiras do Código Internacional Náutico
3 A tradição das bandeiras no festival de música Glastonbury (2013)
4 Visitante lê mensagens em bandeiras do do festival britânico:
SÍMBOLOS DE PANO
Se o modo de se vestir
Suas origens se perdem
Na Idade Média, quando
“De qual planeta você veio?”
Começavam assim os
Depois vieram as
De bandeirada em
Engraçado descobrir que
Por aqui, Marcos Valle
traduz arquétipos pessoais,
no breu dos tempos.
o mundo se dividia em ci-
padrões e protocolos: a
bandeiras como códigos
bandeirada, a evolução
o Festival de Glastonbury,
popularizou, nos anos 70,
as bandeiras também
Impossível precisar onde
dadelas, as bandeiras eram
bandeira deve ter formato
de leitura, em posições
dessa linguagem ampliou
o mais importante evento
a gíria “dar bandeira” (dar
tentam “singularizar” algo.
surgiu a primeira bandeira,
metáforas de coexistências.
retangular e incluir símbo-
que significam letras.
o seu uso do trânsito aos
musical da Grã-Bretanha,
detalhe, dar pinta, revelar
Nação, região, ideologia,
por se tratar de algo feito
Cada qual no seu quadrado,
los, tem que ser honrada,
A militarização aumentou
esportes, de cerimônias
mantém a tradição dos en-
algo), ao lançar a compo-
causa, aviso, conquista,
de pano. As antigas bata-
com a bandeira hasteada
estar à vista etc. Até hoje
a importância delas como
religiosas a celebrações po-
contros festivos dos cavalei-
sição “Que Bandeira”.
território, alerta. Nenhu-
lhas já ostentavam bandei-
avisando que aquele peda-
o Nepal mantém a única
sinalizações, informações,
pulares, de campanhas be-
ros do tempo do rei Arthur.
O refrão é bom: “Que ban-
ma bandeira é simples.
ras nas hostes de combate.
ço tinha dono, sim senhor.
bandeira nacional que
pedidos, saudações.
neficentes ao luto. Nenhum
Centenas de bandeiras e
deira que você deu / Que
Bandeiras manifestam
Em Roma, eram associadas
Bandeiras apontavam o
foge do padrão retangular.
Bandeiras de ataque,
país seria reconhecido sem
bandeirolas tremulam na
bandeira não me entendeu
alegorias, linguagens,
ao temor, ao poder. Essa
horizonte luminoso dos
Bandeiras com cruzes cris-
rendição, socorro, vitória,
bandeira. A bandeira virou
plateia. Com uma diferença:
/ Caretice tua chorar /
associações, simbologias.
representação se espalhou
verbos “avançar”, “vencer”,
tãs dominaram o mundo
doença. E o que dizer da
o amor à região em que se
o público hoje leva bandei-
Caretice tua brigar”. É isso
com o avanço da humani-
“conquistar”.
aí: bandeira branca, amor!
saxônico e a Escandiná-
bandeira negra com o crâ-
nasce, o time que se torce
ras para que se “vejam”
dade no mapa-múndi. Nas
via. No Oriente, ficaram
nio e duas tíbias apavoran-
e por aí vai.
nas transmissões da TV!
bandeiras havia a chancela.
minimalistas ou taoístas e
do os oceanos? Por que as
O aviso.
nas Américas, os detalhes
cores trazem significados?
e preciosismos figurativos,
E por que tantas bandeiras
como é o caso da bandeira
têm estrelas?
do Brasil, que traz o lema
nacional de ordem e progresso atravessando o céu
azul e estrelado.
4
2
Texto
Eduardo Logullo
60
Plastic Dreams
MELISSA NATION
NA SÃO PAULO
FASHION WEEK
PRIMEIRO CATWALK SHOW DA MARCA
CONSOLIDOU SEU DNA GLOBAL.
Texto Duda Porto de Souza
Fotos Marcia Fasoli e Ale Schneider
61
Melissa Nation Inverno 2014
As mídias sociais da Melissa entraram
pudesse identificar de onde vêm, mas, ao
“A passarela era deslumbrante, uma obra
em erupção quando a marca anunciou
mesmo tempo, subvertendo sua literalida-
de arte. Conheci a família na primeira
que faria seu primeiro desfile na São
de. Tudo junto e misturado, como a Nação
sandalinha. Eu visitava a fábrica desde
Paulo Fashion Week de Inverno 2014.
Melissa, que não tem fronteiras”, explica
aquela época. Para mim é simplesmente
A ocasião marcou o lançamento da
Erika Palomino, que assinou a concepção e
um assombro ver o quanto eles caminha-
coleção Melissa Nation, proporcionando
direção geral do desfile.
ram”, disse a empresária e consultora de
uma imersão do público neste universo,
A atmosfera da Sala 3 da Bienal dava
moda Costanza Pascolato.
um megamix de referências estéticas de
o tom do que estava para acontecer. O
diversos países, tais como China, Japão,
ambiente escuro foi aquecido por uma
Dani. “No lugar de compor looks limpos
Mongólia, México, Peru, Brasil, África,
versão da Bolsa Refraction, que brilha
e deixar a atenção para o sapato, desen-
Índia, Tibete, para citar alguns.
no escuro, posicionada em cada uma das
volvemos um grande camuflado étnico
cadeiras dos convidados, e uma passarela
para traduzir o tema Nation”. As incríveis
meço ao fim”, diz Dani Ueda, um dos es-
em forma de cubos coloridos em diversos
perucas usadas pelas modelos vieram de
tilistas mais importantes do mercado, que
níveis e tamanhos. Ao fundo, o logo
Nova York e foram trabalhadas pelo hair
assinou o styling dos looks com o também
Melissa Nation. O projeto de iluminação
stylist Sylvio Giorgio. O make ficou aos cui-
editor de moda Pedro Salles, seu colega
ficou a cargo de Maneco Quinderé, top
dados de Robert Estevão, que se inspirou
na revista “Vogue”. “Procuramos trabalhar
que assina os melhores desfiles e tam-
na própria Melissa, suas cores, texturas e
com elementos que o público do desfile
bém a luz de premiadas peças de teatro.
inovações tecnológicas para desenhar a
“Foi um processo colaborativo do co-
“Fizemos o caminho contrário”, explica
Na boca
de cena da
sala de desfile
os talentosos músicos
da Orquestra Voadora e seus
instrumentos de sopro e percussão
beleza do desfile, com destaque para as
Nada melhor para unir este pot-pourri
“A gente está num momento de
lindas bocas com glitter, cada uma de uma
de referências do que a trilha criada
marcas que têm um apelo comercial
cor, que também foram o maior sucesso.
pela banda de fanfarra carioca Orquestra
muito forte mostrarem seu lado fashion.
Dani e Pedro convidaram estilistas e
Voadora, executada ao vivo. Os quatorze
A Melissa é muito forte nessa coisa de
marcas para comporem dentro de diferen-
músicos e seus trompetes, trombones,
fazer um statement de moda com um
tes perfis: Yon Lee, Luis Claudio, Vitor Zer-
saxofones, tuba e percussão misturaram
produto de massa, digamos assim. Foi
binato, Printing, Letage e Rober Dognani.
de Tim Maia a Manu Dibango, indo dos
um desfile show. Eu acho um passo
A designer Claudia Savelli fez a curadoria
Estados Unidos ao Leste Europeu. “Nosso
superimportante”, relatou a editora da
dos acessórios, buscando objetos em lojas
repertório eclético e global resultou numa
“Vogue”, Daniela Falcão. Entre as cele-
de utensílios domésticos e até materiais
parceria perfeita”, diz o trompetista
brities que estavam na primeira fila do
de construção! “Misturar Índia com Japão
Thiago Rodrigues.
desfile, a icônica Gaby Amarantos: “Tem
num mesmo look, por exemplo, tornou-
Fã de Melissa e da criatividade brasilei-
muito a cara da Gaby, tem muito a cara
-se um exercício de harmonia”, contam os
ra, Pandemonia, personagem criada por
do Brasil. Acho que a gente se conecta
stylists. “A expectativa era de que fosse
um artista britânico conceitual e pós-pop
muito e eu gosto dessa coisa da Melissa
fun, como a Melissa”, disse Lilian Pacce.
com mais de 2,10 m de altura e vestido
ser brasileira”, disse ela.
E esse desejo se confirmou, conforme a
de látex da cabeça aos pés, veio ao Brasil
própria editora nos disse após o evento.
especialmente para assistir ao desfile da
os povos, criando uma nação Melissa
O casting do desfile também foi mar-
primeira fila. Pandemonia arrasava ainda
que não tem uma cara, e sim a cara de
cante; num primeiro momento, foram
mais compondo seu look com o mode-
todos os lugares por onde a Melissa já
selecionadas mais de cem modelos das
lo Vivienne Westwood Anglomania +
passou”, explica Raquel Scherer, Gerente
agências mais importantes, pois todas
Melissa Slave Sandal. “Foi simplesmente
de Negócios de Melissa. Neste mundo
queriam participar! As escolhas finais
incrível ver uma paleta de cores global
interconectado, o primeiro desfile da
foram feitas na Galeria Melissa, com a
e tecidos que representam todas as
Melissa na SPFW uniu moda, música e
chegada dos produtos da nova coleção!
nacionalidades no mundo. Os sapatos da
design democrático, tornando as fãs da
Entre as tops estavam Fabi Mayer, Bruna
Melissa atendem todos os tipos de consu-
marca ainda mais próximas.
Tenório e Débora Müller. Completando o
midoras”, contou Pandemonia à PLASTIC
time de profissionais, Wan Vieira assinou a
DREAMS. Nem precisa dizer que ela foi
queria: teremos o segundo desfile de
direção do desfile e a direção de produção
SUPER fotografada e entrevistada pelos
Melissa na edição de Verão 2015 da
ficou por conta de Jacimar Silva.
corredores do São Paulo Fashion Week.
São Paulo Fashion Week!
“Essa é a nossa homenagem a todos
Agora a notícia que todo mundo
65
Melissa Nation Inverno 2014
Céline por Phoebe Philo
Alexander McQueen
VIAJAR
É PRECISO
Givenchy
64
Plastic Dreams
DESLOCANDO-SE NO ESPAÇO E ATÉ MESMO NO TEMPO,
CRIADORES RODAM O MUNDO DESCOBRINDO, EXPLORANDO
E MIXANDO CULTURAS E FOLCLORES DIVERSOS SÓ PARA
REINVENTAR A MODA. NESTA ESTAÇÃO, TUDO QUE
É ÉTNICO PROMETE DECOLAR.
Texto
Sergio Amaral
Fotos
Marcio Madeira
anos 90 e a primeira década dos 2000.
e estampas gráficas dos dois primeiros
todo mundo e a moda inclusive. Neste
Etnias, folclores, culturas estrangeiras
quanto nas modelagens de alguns vesti-
território da criação, mais do que um
e viagens são um tema recorrente e
dos da Missoni, que fazem alusão a um
prazer, viajar é quase uma necessidade.
revigorante na moda assim como na
tipo de indumentária tribal.
Para buscar o novo, sair da zona de
vida real.
Viajar: quem não ama? Eu, você,
Não é viagem, não. Até hoje isso
parada desse fashion tour, a africanida-
contato com diferentes referências, se
acontece. E a temporada internacional
de, também, ecoou, misturada à cultura
inspirar enfim.
do verão 2014 taí para provar isso, com
celta e à das amazonas com a marca
algumas das mais influentes e copiadas
Alexander McQueen (desenhada por
quando Yves Saint Laurent, o estilista ar-
marcas do Planeta Fashion pegando
Sarah Burton), assim como na coleção
gelino que fez fama em Paris, lançou as
carona nesta moda.
da Céline de Phoebe Philo, que também
É assim desde meados dos anos 60,
bases do prêt-à-porter, levou as calças,
Valentino
remetia a um tipo de padronagem
que, com milhagem de sobra, viajou
-roupa masculino para o feminino,
não só geograficamente (para um
passou a mostrar coleções inspiradas
Havaí distópico talvez), mas também
cultural entre África e Japão, Riccardo
em Marrocos, na África e na Rússia...
no tempo, olhando para as roupas dos
Tisci, na Givenchy, mostrou com quantas
Sim, Paris podia até parecer o centro do
anos 1890 para criar um verão 2014
pregas se faz um drapeado. E foram
mundo. Mas ainda havia muito território
original, sem praticamente nenhum
vários aplicados das mais diversas e
para a moda explorar.
dos clichês associados à estação mais
geniais maneiras, em vestidos que pa-
quente do ano.
reciam envoltos no corpo das modelos
esse espírito desbravador de fronteiras,
Missoni
A começar por Marc Jacobs, em NY,
o smoking e outras peças do guarda-
E vários outros estilistas encarnaram
Marc Jacobs
Em Paris, a última e mais esperada
conforto, desvendar outras culturas, ter
Na temporada de Milão, o fundamen-
primal/étnica.
Teve mais. Sugerindo um choque
e desafiavam o olhar até de gente que
olhando principalmente para o Japão, a
to ganhou reforço de Valentino, Pucci e
China e a Índia, por exemplo, um tipo
Missoni, que passearam por culturas e
de coisa que John Galliano fez magistral-
referências indígenas, latinas e africanas
-nacional, esse voo decolou. E não
mente à frente da Dior entre o fim dos
em suas coleções, tanto nos bordados
parece querer pousar tão cedo.
entende do riscado.
Regional, global, universal ou supra-
Plastic Dreams
BANZAI
66
67
Melissa Nation Inverno 2014
Ao lado, macacão
histórico criado por
Kansai para turnê de
Aladdin Sane, sexto
álbum de David Bowie.
Nesta página, registros
dos seus sempre
performáticos desfiles
KANSAI
ESTILISTA JAPONÊS
QUE CRIOU FIGURINOS
PARA DAVID BOWIE
E DEU O PRIMEIRO
EMPREGO NA MODA A
MARC JACOBS, KANSAI
YAMAMOTO CHEGA AOS
70, INSPIRANDO NOVAS
GERAÇÕES COM SUA
MODA EXTRAVAGANTE
E CHEIA DE ENERGIA.
Eternizar um look no ima-
discretas, que evocavam
simples. Yves Saint Laurent
uma mistura de cartoon
fez isso com o vestido Mon-
com japonismo e futurismo.
drian, por exemplo. Jean
E conquistaram ninguém
Paul Gaultier com Madonna
menos que David Bowie,
e o corset de cone. Kansai
o artista e ídolo que soube
Yamamoto, um nome me-
como ninguém se rein-
nos célebre na cultura pop,
ventar se desdobrando em
mas igualmente grandioso
inúmeras personas a cada
na moda, também habita
novo álbum e/ou turnê.
este seleto panteão.
Um dos tops da vanguar-
MASAYOSHI SUKITA
Texto
Sergio Amaral
Fotos
Cortesia Victoria
& Albert Museum
amplas e estampas nada
ginário fashion não é tarefa
Num primeiro momento,
Kansai assinou alguns dos
da japonesa (pré-Comme
looks usados por Bowie em
des Garçons), ele fez fama
sua famosa Ziggy Stardust
entre os anos 70 e 80 com
Tour, de 1973. Na turnê
suas roupas de forte apelo
seguinte, Alladin Sane, ele
pop, cores vibrantes, formas
criou todo o figurino do
Plastic Dreams
Kansai Yamamoto foi o
primeiro estilista japonês a
desfilar uma coleção de moda
na Inglaterra. O convite do
Victoria & Albert veio após
muitas de suas criações se
destacarem na exposição
de David Bowie
68
69
Melissa Nation Inverno 2014
cantor, entre eles alguns
navalhado e os figurinos
em Londres, no início dos
ce e diversão, de preferên-
dos que marcariam a
futuristas desenhados
anos 70, que o estilista se
cia com plateias e cenários
iconografia do músico, do
por Kansai Yamamoto
lançou na moda mundial.
grandiosos, como a Praça
rock e da moda, como um
transformaram Bowie num
body assimétrico de tricô
Completando 70 anos
Vermelha, em Moscou, o
messias alienígena do
em 2014, ele ainda inspira
estádio Nehru, em Nova
e um absurdo macacão de
rock”, afirma a pensadora
gente muito boa, talen-
Delhi, e o Tokyo Dome.
vinil pespontado. Não é
no catálogo da exposição
tosa e poderosa, como
trabalho para qualquer um.
“David Bowie Is” monta-
Marc Jacobs, que teve seu
e na ativa, como provou à
Até porque imagem, make,
da pelo museu londrino
primeiro trabalho na moda
plateia do museu V&A, no
cabelo e figurino na arte
Victoria & Albert em 2013,
com Kansai e que se inspi-
fim de 2013, em uma per-
de Bowie são tão (senão
e em cartaz até 20 de abril
rou no trabalho dele para
formance cheia de energia,
mais) importantes do que
no Museu da Imagem e do
desenhar o verão 2011 da
que traduzia um simples
sua música.
Som, em São Paulo.
Louis Vuitton.
vocábulo japonês: basara.
Camille Paglia, a polêmi-
Foi a mesma instituição
Avesso aos desfiles
E se mantém firme, forte
“É sobre se vestir livremen-
ca e respeitada escritora e
inglesa que promoveu uma
convencionais desde o
te, de um jeito extravagan-
ensaísta norte-americana,
apresentação da mais nova
início de sua carreira, o ja-
te e cheio de estilo, colorido
explica melhor: “A ma-
coleção do japonês no fim
ponês gosta mesmo é dos
e exuberante. Isso está no
quiagem extravagante de
do ano passado. Um retorno
megadesfiles, misturando
coração do meu design”,
Ziggy, o cabelo vermelho
quase mitológico, já que foi
música, dança, performan-
resume o estilista.
Minimal, mix
e máximo
71
Melissa Nation Inverno 2014
ção natural de inverno,
protetor. O novo para o frio
são o branco e o off-white,
Texto
Manu Carvalho
Fotos
Marcio Madeira
também emblemas de
minimal, cores com alta
manutenção: olhou, sujou,
sujou, lavou; um ciclo
caro. Ainda no trilho do
minimal, também vamos
ver muito metálico, o ouro,
O INVERNO 2014 VEM NA MEDIDA TROPICAL: BARRIGA E TORNOZELO
DE FORA, COM O JOGO DAS TEXTURAS DOS MATERIAIS.
ACESSÓRIOS GRANDES E SOBREPOSTOS ÀS ROUPAS, ALÉM
DE MUITAS ESTAMPAS, CRIAM O NOVO E DELICIOSO
PARADOXO DA ESTAÇÃO QUE É TÃO BÁSICA
QUANTO ULTRAFASHION!
mas principalmente
o prata, com atitudes de
passado e de futuro, rock e
glam. E também são fortes
cartelas de tons terrosos,
cores de barro, de naturais
como verdes e azuis e de
cores que enfeitam, como
em diferentes tratamentos
vermelhos e vinhos. Tudo
malista, mas rico em informa-
– bruto, envelhecido, encerado,
mais fechado e denso.
ção. O minimalismo já vem há
brilhante, nas modelagens
algumas temporadas e se esta-
tradicionais do street wear, de
muita estampa. Os clássicos
belece como principal direção e
alfaiataria e esporte, em looks
xadrezes, que todo inverno
base para outras ideias.
inteiros e misturados.
tem, os geométricos pied
O inverno 2014 vem mini-
As modelagens estão mais
E a temporada tem
de poule e pied de coq e
Mas o couro continua forte
e também vem com diferentes
os quadriculados. E tem
ta é arquitetônica, precisa, tu-
tratamentos e texturas: colo-
também os florais fechados,
bular como nos anos 60, com
rido, metalizado recortado e
com fundos mais escuros,
cintura marcada e alta como
vazado, bordado, matelassa-
mais para floresta do que
nos 50 e com a austeridade
do, num mix de recursos ar-
para jardim.
e a classe do comprimento
tesanais e tecnológicos. Outro
Nos acessórios femi-
mídi dos 40. Formas mais
material onipresente é o tule,
ninos, tem muita maxi-
quadradas e amplas trazem
criando ilusões em decotes e
bijoux, com força no
o oversize dos anos 90, e um
vazados, dando sustentação
maxibrinco e mais bjoux
certo japonismo em ombros
em todo tipo de construção
por cima das roupas, uma
arredondados com mangas
e para qualquer tipo de peça –
cultura de moda global,
largas e calças mais curtas e
de tops e vestidos até capas.
dos continentes de inverno
largas são a nova modelagem.
Também teremos muita renda,
gelado em que não se abre
Túnicas, tops e calças cropped. pura e trabalhada, com borda-
mão do decorativo, do
É um inverno de barriga (1 cm)
dos e pedrarias. E a novidade
acessório. Nos materiais,
e tornozelo de fora. Na me-
é o moleton, símbolo esportivo
muita estampa e textura
-dida tropical.
e bem anos 90, que agora
de animal: onça, zebra e
Nos materiais, se já tinha
vem com up grade, misturado
píton. E muitas mochilas.
uma voz dizendo que “o couro
a outras fibras e também re-
Agora, disso tudo, é
é o novo jeans”, a indústria
cortado com outros materiais,
saber o que você gosta e
do índigo, forte tanto na
como sedas e couros e em
funciona para você. Bom
fabricação quanto na con-
modelagens de alfaiataria.
fecção, reagiu e permeou as
passarelas. Vamos ver o jeans
Nas cores, começamos
com o preto, que é tradu-
Ronaldo Fraga
simples e mais fortes. A silhue-
inverno, boas novas,
boas compras!
Osklen
70
Coluna de moda
Colcci
Plastic Dreams
Plastic Dreams
Coluna de beleza
72
73
Melissa Nation Inverno 2014
Inverno chamando em 3, 2, 1!
E, pode apostar, a estética da tendên-
Phillip Lim
cia de beleza será traduzida por um
perfume grunge – estilo marcado nos
anos 90 por jovens rockers (alô, Kurt
Cobain!) cheios de atitude e um quê
de melancolia. A transposição de tal
imagem para o universo feminino não
podia resultar em outra coisa: imponência e poder, com toque descontraído, inerente ao mood urbano. “A
beleza da temporada chega ousada,
As propostas de looks são sedutoras
ganham um blur proposital, imprimin-
e misteriosas, deixando a mulher femi-
do o grunge com maestria e contem-
nina, mas longe de ser frágil”, diz a
poraneidade, assim como apostou
coolhunter Gabriela Maretti.
Acquastudio, Forum e Têca. “Os olhos
Os batons elétricos, de tons abertos, dão lugar para as nuances mais
com o mix de delineados e borrados.
fechadas, como o vinho e o marrom,
Tudo para garantir o efeito rocker”,
apresentados tanto nas semanas
sentencia o beauty artist Max Weber.
fashionistas brasileiras (vide desfiles
Ousadia e
atitude
NA BOCA, NUANCES FECHADAS, COMO O VINHO, O VERMELHO E
O MARROM. OS OLHOS VÊM FORTES E O CABELO PODE SER
MEIO BAGUNÇADO OU PRESO NUM COQUE: A BELEZA DE
INVERNO REFORÇA SUA PERSONALIDADE.
Texto
Andréia Meneguete
Fotos
Agência Fotosite
têm expressão forte e cores escuras
Por fim, mas não menos importante,
de Gloria Coelho e Forum), quanto
o cabelo tem seu destaque na cena:
nas internacionais, exemplificados
ar bagunçado – bem ao estilo acabei
perfeitamente no show de Phillip Lim
de acordar. Como? Ricardo dos Anjos dá
e Vivienne Westwood. Mas, claro,
o pulo do gato: “Basta borrifar xampu
vale destacar (e comemorar!): o ver-
seco nas madeixas e amassar puxando
melho não deixa de ser um clássico
para baixo. O resultado será podre e
e continua no nécessaire de inverno.
com aparência de sujinho.” Se o desejo
“No dia a dia, haverá um equilíbrio
for colocar as madeixas no lugar, não
na intensidade das cores que serão
tenha medo do efeito molhado (à base
usadas na boca e nos olhos, já que a
de muito gel fixador) e a risca lateral
mulher brasileira prefere não carregar
bem marcada, arrematando o compri-
tanto na produção.”, explica o beauty
mento por um coque ou rabo de cava-
artist Ricardo dos Anjos.
lo. É... o inverno chega fora do lugar,
Um au revoir temporário aos esfumados clássicos, pois agora os olhos
descompromissado. Mas que há beleza
por aqui nós não temos dúvidas!
Rodarte
Acquastudio
com muita atitude e força imagética.
Plastic Dreams
74
75
Melissa Nation Inverno 2014
VOYAGE PITTORESQUE ET HISTORIQUE AU BRÉSIL VOL.II. / BIBLIOTECA BRASILIANA GUITA E JOSÉ MINDLIN
ARTE
MESTIÇA
DE DEBRET A ADRIANA VAREJÃO, A MISCIGENAÇÃO
BRASILEIRA FEZ COM QUE A ESTÉTICA
NACIONAL TOMASSE UM RUMO ÚNICO
NA HISTÓRIA DA ARTE.
Texto
André Rodrigues
Acima, imagens do livro
“Viagem Pitoresca e Histórica
ao Brasil”, ilustrado por pinturas
do francês Jean-Baptiste
Debret. A publicação é uma
referência quando se fala do
desenvolvimento da
sociedade brasileira
Foi em 4 de abril de 1755, uma sexta-
Em 1816, o pintor francês Jean-Baptiste
-feira (desde sempre dia de boas notícias),
Debret desembarcou no Rio de Janeiro para
que o Brasil oficializou uma coisa que já
dar aulas na Academia de Belas Artes. No
acontecia bastante. Dom José I, rei de Portu-
meio tempo, viajava pelo país pintando o
gal, assinou a lei que permitia casamentos
que dava na telha. O resultado foi o famoso
entre portugueses e nativos. O importante
“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”,
era povoar o vasto território tupiniquim com
publicado na Europa entre 1834 e 1839.
sangue europeu. Deu meio certo: o Brasil foi
Dividido em três volumes – A Vida dos Índios,
povoado. Só que de todo tipo de mistura.
O Brasil Escravocrata e As Festas Populares
Mais de duzentos anos depois, em 1997,
a artista plástica Adriana Varejão expôs pela
primeira vez “Testemunha Ocular”, seu tríp-
–, o livro é hoje referência quando se fala do
desenvolvimento da sociedade brasileira.
Quase um século depois, contudo, Debret
tico sobre a mestiçagem brasileira. Em três
ficaria absolutamente perdido. Afinal, foi
autorretratos, Adriana se coloca como uma
no embalo da Semana de Arte Moderna de
índia, uma mulata e uma portuguesa para
1922 que Tarsila do Amaral quebrou geral ao
refletir sobre as diferentes origens do país.
apresentar “Abaporu”, em 1928, e o mundo
Mas, vamos voltar a fita.
artístico brasileiro – então todo atrelado aos
76
quadros românticos de inspiração euro-
de Di Cavalcanti, e “Lavrador de Café”, de
peia – virou de ponta-cabeça de vez com
Portinari, chamaram atenção por tratarem
a chegada do Modernismo.
de temas sociais e envolverem negros e
Não era fácil identificar aquele “homem
mestiços. Ilustrar diferentes etnias em um
que comia gente” como alguém branco,
mesmo ambiente era algo significativo,
mulato ou índio, e essa era provavelmente
especialmente no contexto histórico de um
a intenção. Tarsila pintou em tons fortes as
Brasil que havia abolido a escravidão meros
cores da bandeira do Brasil e ajudou a abrir
trinta e poucos anos antes.
ali, num presente para o marido Oswald
Conforme a poeira baixava e as novas
77
GETTYIMAGES
Melissa Nation Inverno 2014
GETTYIMAGES
Plastic Dreams
Acima, a magia das festas
populares no Brasil, que
inspiraram nomes como Tarsila
do Amaral, Di Cavalcanti e
Cândido Portinari cujas telas
deveriam refletir a cultura
popular inaugurando uma nova
fase da arte e do orgulho nacional
mesma época que Graciliano Ramos publicava seu fundamental “Vidas Secas”.
Em vilarejos de praia e pequenas cidades
do interior, Di Cavalcanti acompanhava realidade local simples, os carnavais e as festas
típicas, como São João e Bumba-Meu-Boi.
Mais tarde, na década de 60, depois de
ver tanta coisa, ele pinta seu resumo da história do país em “Brasil em Quatro Fases”:
de Andrade, uma nova fase da arte e do
ideias modernistas viravam norma, os
a transformação da selva e do índio em vila,
orgulho nacional.
artistas passaram a explorar temas longe
depois em cidade fervilhante e, por fim, em
do circuito Rio-São Paulo.
uma metrópole dominada pelos prédios e
Além de Tarsila, gente como Di Cavalcanti
e Cândido Portinari também escancarou
Em quadros de traços experimentais e
pelas sombras.
portas, mostrando que as telas poderiam e
capazes de cortar o coração, como “Criança
deveriam refletir a cultura popular.
morta” e “Retirantes”, Portinari trouxe ao
ajudinha das palavras de Jorge Amado e das
público das capitais uma realidade dura e
figuras de Carybé, amigo e ilustrador do es-
pouco conhecida de fuga da seca, ali pela
critor. As pessoas sem rosto e alongadas do
Obras como “Operários”, também de
Tarsila, “Cinco Moças de Guaratinguetá”,
Já a Bahia ganhou o mundo com uma
78
79
Melissa Nation Inverno 2014
FOTOS: REPRODUÇÃO
Plastic Dreams
artista enchem rodas de capoeira, aparecem
famosa, um poncho com franjas e couro cor
vestidas de branco no terreiro e em formas
de caramelo, que ele usava sempre, Bispo
voluptuosas e cor de canela pelas praias.
bordou cuidadosamente nomes, orações e
Imagens tão poderosas, que hoje moram no
figurinhas que museus europeus hoje se
inconsciente coletivo brasileiro, e que nos fa-
estapeiam para apresentar.
zem querer fugir para a Bahia todos os dias.
Destaque baiano de outra natureza é
Da colônia psiquiátrica onde vivia, fazia
arte com o que pintasse: madeira, cimen-
À esquerda, a obra “Abaporu”
(óleo sobre tela, 1928),
de Tarsila do Amaral,
que se encontra exposta
no Museu de Arte LatinoAmericano de Buenos Aires
(MALBA). À direita, capa
do documentário “Lixo
extraordinário”(2010) que
mostra o poder transformador
da arte por meio de uma série
de obras do artista Vik Muniz
feitas em parcerias com os
catadores do aterro sanitário
de Jardim Gramacho
ras, Vik Muniz. Em “Aftermath”, série de
1998, ele criava crianças de aparência pobre
de arte de primeiro mundo.
E voltamos à Adriana! Em 2013, ela expôs
no espaço negativo no meio do lixo de coi-
“Polvo” na prestigiosa galeria londrina
sas pequenas – confetes, pontas de cigarro,
Victoria Miro, um estudo sobre miscigenação
anéis de latinha, sujeira em geral.
e cor da pele.
Dez anos depois, o conceito virou um
Inspirada pelas respostas dos brasileiros
gigante com “Pictures of Garbage”, sua série
a um censo do IBGE de 1976 (“de que cor
mais famosa e que rendeu o documentário
você é?” foi respondida de 135 manei-
“Lixo Extraordinário”. Catadores do aterro
ras diferentes), Varejão criou 33 tintas,
sanitário carioca de Jardim Gramacho, então
batizando-as com nomes tipo Café com Leite
o maior da América Latina, encarnam per-
e Burro-quando-foge, para refletir sobre
sonagens de quadros clássicos assinados por
tanta pigmentação.
Mestre Didi, líder espiritual em Salvador
to, tênis, pedaços de tecido. A cabeça de
e dono de uma criatividade que o fazia
“louco” de Bispo, que guardava uma mistura
esculpir incríveis figuras de orixás e exus
de cores, estampas e referências religio-
com os búzios do terreiro. Dizia que aquilo
sas, podia bem ser um vislumbre do Brasil
não era arte, já que esse conceito para ele
resumido. Tem ali elementos do cangaço,
não existia. Chamava de “odara”: o belo que
dos indígenas, dos colonizadores europeus,
Picasso, Il Guercino e Jacques-Louis David por
Como fez há quase vinte anos com seu
carrega consigo bondade e sabedoria.
da cultura negra, da igreja católica. Tudo e
meio de centenas de quilos de material des-
tríptico sobre as origens, Adriana Varejão se
mais um pouco.
cartado. É a realidade da pobreza brasileira,
colocou no lugar de sujeito. Pintou-se de onze
povoada em sua esmagadora maioria por
cores diferentes, da mais clara à mais escura.
Na obra do sergipano Arthur Bispo do Rosário, a mistura de culturas brasileiras apare-
A frase também é um bom resumo para
ceu de um jeito diferente. Em sua peça mais
o atual popstar das artes plásticas brasilei-
gente negra e mestiça, elevada à condição
E aí: de que cor você é?
Plastic Dreams
DOLL PARTS
LUXO POP COMBINA TOTAL COM ALTA MODA. PARA DEMONSTRAR ESSA LIGA,
CONVIDAMOS RICHARD MORTIMER, O NOME À FRENTE DO IRREVERENTE COLETIVO
INGLÊS PONYSTEP, PARA MIXAR ALGUNS LANÇAMENTOS DE PARCEIROS DE
MELISSA COMO VIVIENNE WESTWOOD, KARL LAGERFELD E GARETH PUGH
COM PEÇAS DA ELITE DO DESIGN FASHION GLOBAL.
FOTOS TOM MORAN
CONCEITO E STYLING RICHARD MORTIMER
CENOGRAFIA STEPHANIE KEVERS
MAKEUP MONICA STORRS
NAIL ART SABRINA GAYLE
@ LMC WORLDWIDE
80
VEJA O MAKING OF NO
YOUTUBE/MELISSACHANNEL
Alguns produtos podem sofrer distorção
de cores ou não serem disponibilizados
para comercialização.
Jaqueta Gareth Pugh
MELISSA ASCENSION +
GARETH PUGH
Vestido Karl Lagerfeld
MELISSA GLOVE LOVE +
KARL LAGERFELD
Vestido Moschino
MELISSA QUEEN
Saia ‘Anglomania’
por Vivienne Westwood
VIVIENNE WESTWOOD
ANGLOMANIA +
MELISSA LADY DRAGON
Jaqueta de plástico
e underwear de borracha
Atsuko Kudo
MELISSA LADY DRAGON
Top de borracha
Atsuko Kudo
Saia
Sibling
MELISSA
SOLAR
GARDEN
Calça
House Of Holland
MELISSA HARMONIC TARTAN
Calça
Gareth Pugh
MELISSA AILERON FLIP FLOP
+ GARETH PUGH
MELISSA ULTRAGIRL +
GARETH PUGH
93
Melissa Nation Inverno 2014
Uma rara
referência
para a moda
Texto
Richard Mortimer
Durante seus quase 35 anos de vida, a marca Melissa tornou-se algo como uma referência
para a moda internacional. Desde seu nascimento no Brasil, o sapato de plástico transformou--se num fenômeno da cultura pop, criando statements de moda numa escala global.
Recentemente, a Melissa passou a desenvolver suas criações de uma maneira diferente.
Colaborações com alguns dos designers mais influentes do meio tornaram a marca conhecida entre a elite da moda. E todos simplesmente a amam. Coleções de grande sucesso em
parceria com Vivienne Westwood, Gareth Pugh, Karl Lagerfeld e Jean Paul Gaultier (entre
outros) deram aos pioneiros do plástico da América do Sul um raro fenômeno de moda.
Para a edição Melissa Nation, uni a nova coleção com peças-chave de designers internacionais que estão em plena harmonia com a linguagem da marca. Dos parceiros Gareth
Pugh, Vivienne Westwood e Karl Lagerfeld, a indumentária de plástico fetichista do fenômeno japonês Atsuko Kudo, a genialidade off-beat da italiana Moschino, ao talento londrino
Sibling, uma força imparável.
Richard Mortimer é o empresário responsável pelo sucesso do cultuado clube londrino BoomBox.
Atualmente ele é Editor-Chefe da revista Ponystep.
Plastic Dreams
94
Parcerias
SUPER
PARCEIROS
MELISSA ASCENSION
+ GARETH PUGH
Corajoso e irreverente, este é o design
mais audacioso desenvolvido por Gareth
para a Melissa. Uma anabela composta
por recortes geométricos e plataforma
no solado, que conta com a palmilha
estampada e cinco variações de cores
(preto, marinho, prata, vermelho e azul),
COCRIAÇÃO, COLETIVIDADE E ESPÍRITO COLABORATIVO SÃO
PALAVRAS-CHAVE QUANDO SE PENSA NO FORMATO
DOS DESENVOLVIMENTOS DOS PRODUTOS
ASSINADOS POR GRANDES NOMES DA
MODA E DO DESIGN INTERNACIONAL
JUNTO À MELISSA. CONHEÇA
NAS PÁGINAS A SEGUIR AS
NOVIDADES DESTA
TEMPORADA.
incluindo tons metálicos. Um ícone que
dará vida ao look mais básico, perfeito para ser usado com jeans e t-shirt
detonados e monocromáticos. A despeito
de seu ousado visual, a Ascension é
O estilista cult britânico Gareth Pugh
iniciou sua carreira aos 14 anos, criando
figurinos para o Teatro Nacional francês
e hoje, aos 32, é reconhecido por alguns dos
profissionais mais renomados do meio por
ter “redefinido o luxo contemporâneo”
(showstudio.com). Seu nome se fortalece a
cada temporada e a parceria com Melissa foi
fruto de um processo natural, pois o plástico
é a matéria-prima de suas criações mais marcantes, assim como as formas arquitetônicas
que desenham seus modelos para a marca.
Para o inverno 2014, Pugh propõe três
novos shapes, em sua segunda coleção
para a Melissa.
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores ou não serem disponibilizados para comercialização.
superfirme para caminhar.
A ascensão
de Gareth
Pugh
AGÊNCIA FOTOSITE
95
Melissa Nation Inverno 2014
MELISSA AILERON + GARETH PUGH
A estampa futurista característica dos prints do esti-
MELISSA ULTRAGIRL + GARETH PUGH
lista aparece num modelo flip flop que irá destacar
as jetsetters mais modernas durante suas passagens
O print geométrico e vanguardista de Pugh reveste
por destinos de temperaturas mais elevadas nesta
um dos modelos mais icônicos de Melissa, a Ultragirl
estação. Disponível em cinco cores: preto enverniza-
em cinco cores: vermelho, azul, preto, roxo e prata.
do, preto fosco, azul metálico, prata e branco.
96
Parcerias
A Vivienne Westwood
Anglomania + Melissa Satyr
[1] é uma releitura charmosa de
uma ankle boot de sua marca-mãe, com tecido aveludado e
salto opaco. Ousado, confortável
Vivienne Westwood,
the one and only
APENAS A IRREVERENTE DAME VIVIENNE WESTWOOD
PODERIA MISTURAR GLAMOUR, TRADIÇÃO E
FANTASIA EM SUA NOVA COLEÇÃO PARA
A MELISSA. PREPARE-SE!
e übber fashion! A Vivienne
Westwood Anglomania +
Melissa Riding [2] é uma galocha versátil com detalhe em
xadrez que possui duas versões
de solado (preto, com as cores
dourado e verde musgo, e rosa,
2
3
97
Melissa Nation Inverno 2014
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores ou não serem disponibilizados para comercialização.
Plastic Dreams
No melhor estilo Karl!
And we love it!
EM SUA MAIS DO QUE AGUARDADA SEGUNDA COLEÇÃO-CÁPSULA
PARA A MELISSA, O INCOMPARÁVEL KARL LAGERFELD BUSCOU
INSPIRAÇÃO NO SEU PRÓPRIO VESTUÁRIO PARA CRIAR SEIS
NOVOS MODELOS PARA A MARCA, ALÉM DE PRESTAR
HOMENAGEM AO BRASIL NUMA SAPATILHA-DESEJO DOURADA QUE VEM COM APLIQUE
DE BOLA DE FUTEBOL.
12
13
14
A Melissa Glove Love + Karl
16
5
1
6
Lagerfeld [12] foi inspirada na icônica
luva usada pelo estilista, com salto
quadrado e vazado arredondados
15
que resultaram num modelo sexy e
4
irreverente. A cartela de cores torna-a
perfeita para o dia e para a noite, com
tons alegres de amerelo neon, laranja
e azul petróleo, e os mais sóbrios
nos tons prata e azul marinho). E para não faltar opções
para o dia a dia, a Vivienne
Westwood Anglomania +
Melissa Ultragirl [3] ganha
um laço tartan romântico na
parte superior do calçado.
Já a Vivienne Westwood
Anglomania + Melissa
Bailarina [4] ganha 4 novas
Dos pés das
celebridades para
o mundo
branco, marinho e preto. Já a Melissa
JASON WU CONQUISTOU FÃS DE MELISSA AO
REDOR DO PLANETA COM A CARACTERÍSTICA
FEMINILIDADE ARTESANAL DE SUAS CRIAÇÕES,
TORNANDO CADA PRODUTO DE SUA PARCERIA
COM A MARCA UM SÍMBOLO
DE ELEGÂNCIA E PRATICIDADE.
Black Tie + Karl Lagerfeld [13] nasce
da camisa branca com gravata preta
frequentemente usada por Karl, uma
rasteira abotinada bicolor que só poderia ser fruto desta parceria! Para a sorte
das fãs da marca, a Melissa Ultragirl
+ Karl Lagerfeld [14] traz o modelo
A Melissa Magda + Jason Wu [7] é uma interpre-
9
clássico com aplique de óculos escuros,
tação autoral da sandália franciscana, com bico fino e
o mesmo usado por ele em suas apa-
arredondado, e recortes alongados no cabedal. Tons
rições. Puro charme e bom-humor! Na
ta britânica. A nova versão
puros de marinho, preto e branco vão enlouquecer
versão Melissa Ultragirl Heel + Karl
da Vivienne Westwood
as seguidoras mais descoladas do estilista. O top hit
Anglomania + Melissa Lady
Melissa Jean + Jason Wu [8], que desenha os pés com
Dragon [5] vem com bow tar-
tramas que lembram as fitas de gorgurão, ganha novas
tan ou maxiaplique de coração.
cores. Versões da Melissa Virtue + Jason Wu [9] e da
setters na primeira fila dos desfiles da
A versão perolada do modelo,
Melissa Ultragirl + Jason Wu [10] ganham opção lisa
próxima temporada! Por fim, a Melissa
com maxiaplique de cora-
e aveludada com laço de tecido e detalhe metálico.
Seduce + Karl Lagerfeld [16] é uma
ção, sucesso entre as noivas,
Por fim, a Melissa Moon Dust + Jason Wu [11] dá um
homenagem a este ano tão importante
toque rock and roll para a nova coleção do estilista, em
para o Brasil. O shape ganha aplicação
cores e vem com o símbolo
da marca-mãe da estilis-
também está de volta! E para o
7
8
deleite das mamães, Vivienne
galochas que recebem aplicação de spikes e minispikes
Westwood Anglomania +
na mesma cor do produto!
Mini Melissa Ultragirl [6].
Lagerfeld [15], o mesmo modelo ganha
10
salto e cores igualmente otimistas, que
certamente estarão nos pés das trend-
de bola de futebol e também uma
11
versão com moderno laço.
Plastic Dreams
98
Galerias
Melissa Nation Inverno 2014
NOVA YORK
GALERIAS
Irmãos Campana e Melissa
iluminam a Big Apple
EM MAIS UM PASSO NA SUA ESTRATÉGIA
DE EXPANSÃO INTERNACIONAL DO
PROJETO GALERIA MELISSA,
A MARCA JÁ CONQUISTOU
SÃO PAULO, NOVA
YORK E AGORA
LONDRES.
FERNANDO E HUMBERTO ATERRISAM EM NOVA YORK PARA BRINDAR
A CHEGADA EM TERRAS ESTRANGEIRAS DESSE NOVO HIT.
FERNANDO LASZLO
FABIO TAVARES
Parceiros de longa data de
LONDON CALLING!
objetos feitos de matéria-
dessa parceria, a exposição
Melissa e referência mundial
-prima inusitada em calçados
protagonizada pelo novo
do design contemporâ-
pode ter soado improvável
modelo será composta por
neo, Fernando e Humberto
dez anos atrás. Mas, desde o
painéis luminosos com a
Campana vão fazer história
lançamento, em 2004, da Me-
mesma textura da Fitas e
na Galeria Melissa de Nova
lissa Campana (de salto fino e
dois grandes lustres, feitos
York no primeiro semestre de
bico arredondado), da Melissa
com a própria sandália. A
2014. E quem será o principal
Aranha Campana e da bolsa
iluminação será translúcida
protagonista? O modelo Fitas,
Campana, não há dúvidas de
e em tons de laranja. Em
cujo lançamento internacio-
que a combinação da criati-
março, Fernando e Humberto
nal em fevereiro vem mar-
vidade dos irmãos Campana
aterrissam em Nova York
cado por uma exposição na
com a tecnologia da Melissa
para brindar o novo hit.
concept store da Melissa
é sucesso garantido. Seus
localizada no SoHo.
modelos também ganharam
modelo (que foi lançado no
Na Melissa Nation, o
versão Baby e Infantil e estão
Brasil com a coleção We Are
de uma bandeja que era
entre os mais procurados da
Flowers) ganha novas cores
originalmente um estudo
marca pelas fãs/consumido-
glam – oito, no total, incluin-
para a criação de um biombo
ras de Melissa e de design
do cobre, prata, dourado e
feito de fitas de papelão. A
acessível para todos.
preto –, na versão com glitter
O design da Fitas nasceu
ideia de aplicar o design de
E para celebrar os dez anos
Na foto, os Campana Brothers, um
dos poucos brasileiros com obras
no acervo de design do MoMA
e o novo modelo Fitas
(abaixo), inspirado num
biombo de papelão
e sem glitter. Puro glamour!
LONDRES
Texto
Suzy Capó e
Duda Porto de Souza
prédio mais antigo da King
De fato, o que mais seduz o
entre aquela rigidez e pompa
o mundo como parâmetro
Londres e o da Melissa sempre
O espírito da cidade de
Melissa Nation, consolida-
Street, no charmoso bairro de
designer naquela cidade “é a
dos palácios, dos guardas, e os
em meus projetos em geral,
caminharam juntos. Ambos são
-se outro aspecto fortíssimo,
Covent Garden – são, neste
mistura do tradicional com o
jovens na rua que, na época,
sejam eles onde for, de Campo
conectados com a criatividade,
comum entre ambos: a multiet-
contexto, estimulantes, indi-
high-tech, do passado com o
eram praticamente todos
Grande a Nova York”, afirma
inovação e a união saudável
nia. Londres abriga uma ampla
cando as afinidades que ali
futuro, e os parques.”
punks”, conta ele.
Randolph, com a tranquilidade
entre o tradicional e o contem-
variedade de povos e culturas,
serão festejadas.
porâneo – conceitos que per-
característica que traduz a
meiam todas as áreas, da cida-
essência da coleção de inverno
de e da marca. Não por acaso,
2014 da marca brasileira.
Com a chegada da coleção
Randolph tem uma relação
Realizar um projeto desse
de um profissional cujo currícu-
afetiva com a capital britâni-
porte e naquele ponto espe-
lo combina pioneirismo
o conceito inovador e futurista
ca desde a sua infância. Na
cífico da cidade – próximo a
com diversidade.
de Melissa no prédio mais an-
década de 70, ele esteve em
concept stores de marcas de
tigo do bairro, logo, altamente
Londres com a família, que foi
enorme prestígio – é uma ta-
highlight do projeto a sua
“É um grande desafio inserir
O carioca Muti Randolph,
responsável pelo projeto
arquitetônico das galerias Melissa
de São Paulo e Londres
Randolph destaca como
Dame Vivienne Westwood
A Galeria Melissa em Lon-
e Gareth Pugh, referências
dres, que abre suas portas em
protegido pelas leis locais”,
toda acometida por uma forte
refa, no mínimo, especial. “Ter
relação com a marca. “Pensar
mundiais de duas gerações da
2014, servirá com um templo
afirma o carioca Muti Randolph,
virose. De pé, só ficaram ele e
que impressionar em Londres,
numa evolução do que criamos
moda e do comportamento que
para a celebração de todos
que também assinou o projeto
seu avô. “Ele me levou para ver
um grande centro de inovação
na Oscar Freire no bairro de
sempre destacaram Londres
esses valores. E os obstáculos
arquitetônico da Galeria em
as principais atrações turísticas
artística e tecnológica mundial,
Covent Garden, por si só, já é a
entre as grandes metrópoles,
apresentados pela própria
São Paulo. “Mas isso pratica-
da cidade, mas o que mais me
é uma pressão grande, mas
coisa mais especial sobre essa
são parceiros de Melissa.
localização do espaço – no
mente define Londres”, explica.
impressionou foi o contraste
já conhecida minha: eu tenho
experiência”, finaliza.
ARQUIVO PESSOAL
COM PROJETO
ARQUITETÔNICO ASSINADO
POR MUTI RANDOLPH,
MELISSA ABRE GALERIA
NO FAMOSO DISTRITO DE
COVENT GARDEN, ZONA
DE COMÉRCIO LONDRINA
CUJA ORIGEM REMONTA
AOS TEMPOS ROMANOS,
E QUE HOJE REÚNE TODA
A POMPA E MODERNIDADE
FASHION DA CIDADE.
Plastic Dreams
100
Galerias
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Melissa Nation Inverno 2014
Os dez looks mais
emblemáticos do desfile
Melissa Nation estão
expostos na Galeria
Melissa São Paulo até
maio de 2014
SÃO PAULO
DA PASSARELA
À GALERIA
Textos Duda Porto de Souza
Fotos Romulo Fialdini
CLUBE MELISSA
ARRASANDO AO
REDOR DO BRASIL
Que o conceito do Clube Melissa é ser muito mais do
que uma cadeia de lojas (que conta com mais de 115
quatro foram posicionados na
pontos de venda em todo país), você já sabe. É uma expe-
seu primeiro desfile na São
área externa, comunicando a ri-
riência de relacionamento com nossas consumidoras onde
Paulo Fashion Week, com a
queza multiétnica desta coleção
você encontra lançamentos de cada coleção e produtos
coleção Melissa Nation para o
para o coração fashion de São
exclusivos da marca.
Inverno 2014, a marca transpor-
Paulo, a Rua Oscar Freire. A pró-
tou o universo desta conquista
pria fachada reproduz os cubos
ção completa Melissa Nation, com ações especiais durante
inspiradora para a Galeria Melis-
coloridos que desenharam a
todo o semestre.
sa. Os dez looks mais emblemá-
passarela do desfile, agora uma
ticos estão expostos no espaço
verdadeira obra de arte a
Conheça a loja mais perto de você em:
até maio de 2014, sendo que
céu aberto.
www.melissa.com.br/clube-melissa
Para celebrar o sucesso de
A partir de 22/02 cada Clube será “invadido” pela cole-
102
Plastic Dreams
103
Melissa Nation Inverno 2014
JOVEM GUARDA
O PEQUENO EXÉRCITO DA PAZ DE MELISSA GANHA NESTA TEMPORADA
ARMAS QUE VÃO NOS ARRANCAR SORRISOS E SUSPIROS. É UM
LANÇAMENTO MAIS FOFO DO QUE O OUTRO. PRA QUE
QUERER SER GENTE GRANDE QUANDO SE PODE VIVER
NESTE DELICIOSO MUNDO DE SONHOS?
FOTOS E DIREÇÃO CRIATIVA
KARIN BERNDL
VEJA O MAKING OF NO
YOUTUBE/MELISSACHANNEL
Alguns produtos podem sofrer
distorção de cores ou não
serem disponibilizados
para comercialização.
MINI MELISSA SUGAR RAIN
MINI MELISSA FURADINHA
MINI MELISSA ULTRAGIRL BOW
MINI MELISSA ULTRAGIRL BEAR
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Plastic Dreams
Melissa Nation Inverno 2014
MINI MELISSA ARANHA
MINI MELISSA ULTRAGIRL HAPPY EASTER
MINI MELISSA SUGAR RAIN
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Plastic Dreams
Coleção
BABY +
INFANTIL
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Melissa Nation Inverno 2014
MINI MELISSA FURADINHA
MINI MELISSA ULTRAGIRL BOW
Dá até vontade de comer, cheia de vitamina C!
Além de ganhar sua versão em verde e amarelo,
A Mini Melissa Furadinha da estação vem com
celebrando este ano tão especial para o Brasil,
um gominho de fruta cítrica, que também
a Mini Melissa Ultragirl Bow tem formato de
estampa sua palminha formando
boneca e vem sempre com combinações bicolores
uma florzinha! Nas cores preta,
azul, verde e rosa.
do laço com o sapatinho. Que tal a marinho com
MINI
MELISSA
ARANHA
rosa para um aniversário, e a bege com
vermelho para a escola?
#PLAY #PARAPRESENTE
#LOVEANDSMILE
#NHACT #PICNIC
#SAUDE
Uma das versões mais
divertidas da Mini Melissa
Aranha ganha um smile num pé e
um coraçãozinho no outro, remetendo a
uma estética de video game dos anos 90!
Nas cores transparente, preto, branco, azul
e rosa. Alegria nos pezinhos das pequenas!
VIVIENNE WESTWOOD
ANGLOMANIA +
MINI MELISSA ULTRAGIRL
A nova versão de um dos modelos
preferidos para as bebezucas agora vêm
nas cores vermelho, preto, dourado, rosa
perolado e branco perolado, além do
bow e da palmilha tartan. Uma pequena
preciosidade para complementar o look
de uma ocasião especial, como uma
festinha, casamento ou aniversário.
#BABYPRINCESS #CELEBRACAO
#DOCURA
MINI MELISSA
CAMPANA ZIG ZAG
Com nova cartela de cores especialmente para as pequenas melisseiras
(vermelho, azul, dourado, rosa e prata), todas
com glitter, é versátil e pode ser usada em várias
ocasiões, acompanhando mãe e filha em grande estilo
durante o dia, afinal o modelo é um ícone da linha adulta.
#DESIGN #COMPANHEIRA #ICONEMELISSA
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores ou não serem disponibilizados para comercialização.
#PLAY #BRINCADEIRA #LOVEANDSMILE
INFANTIL
Sucesso para as crianças com numeração de 26 a 32, a Melissa versão infantil apresenta 3 opções superespeciais
na coleção Melissa Nation. A Melissa Ultragirl [1] é flocada e com uma charmosa palminha com padronagem
colorida de losango. Já a Melissa Campana Zig Zag [2] vem nas cores prata, preto, dourado, vermelho e
azul petróleo, flocada em vermelho e marinho. A Ultragirl + Zé Carioca [3] com solado estampado
com o querido personagem da Disney, em celebração aos jogos de futebol que tomam conta
do Brasil em 2014, também ganha versão infantil, num modelo com laço flocado e outro
com transparência nas cores verde, amarelo e cinza. Ser criança este ano será ainda
mais gostoso! ;-) #NOMUSEU #CRIATIVIDADE #ORGULHOBRASILEIRO
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Coleção
PROJETOS
ESPECIAIS
Melissa Nation Inverno 2014
BOLA NA REDE!
Futebol e Brasil: só se fala nisso! A Melissa também entra em campo com uma linha especial inspirada neste ano tão marcante
para o país. O querido Zé Carioca estampa a palmilha de duas versões da Ultragirl (verde e amarelo bandeira, com charmoso
detalhe dourado na frente da sapatilha, e azul-marinho com megalaço flocado. A Nation chega em versão azul reverenciando a
sede dos jogos do campeonato mundial de futebol, compondo a palavra Brasil. Para a nova geração, uma fofurice extra: a Mini
Ultragirl Bow em verde e amarelo, com doce aplique de laço. Show de bola! ;-)
DIA DOS NAMORADOS
As princesas mais adoradas da Disney
estampam versões especiais da Melissa
Ultragirl Sweet Love para o Dia dos
Namorados deste ano. Ambos vêm com
mega-aplique com muito glitter vermelho,
e se diferenciam pelas estampas das
palmilhas. Na branca, com aplique de
coração, a Cinderela e os fofíssimos ratinhos
e passarinhos aparecem na palmilha com a
frase “Won’t you dance with me?” (“Dança
comigo?”). Na marinho, o aplique tem forma
de laço e num pé está estampada a Fera, e
no outro, a Bela. Sorridentes and in love.
HAPPY EASTER
MELISSA MINIATURES
A Páscoa ficou muito mais doce
A Melissa lança nesta estação sua primeira
este ano! A Mini Melissa Ultragirl
linha de miniaturas, como fizeram outros
ganhou uma versão com carinha de
grandes nomes do design mundial, entre
coelhinho e sola estampada com
elas a suíça Vitra. É a Design Collection, com
cenourinhas que vai enlouquecer
criações dos Irmãos Campana, Zaha Hadid,
os fãs da marca de todas as idades.
Gaetano Pesce e Karim Hashid. Verdadeiros
Os produtos ganharam as cores
objetos de arte e símbolo do desejo gerado
especiais cinza e rosa e serão
pelo design exclusivo e inovador da marca,
vendidos exclusivamente nos
já nascem hit da decoração!
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores ou não serem disponibilizados para comercialização.
Plastic Dreams
Clubes Melissa e na Galeria de São
Paulo. A embalagem da sandalinha
é em formato de ovo de páscoa,
tornando-o um presente ainda mais
especial! Os olhinhos das pequenas
vão brilhar!
MINI MELISSA ANIMAL LOVERS
Um rinoceronte, um coelho, um ursinho e um gatinho se uniram para formar
uma das linhas mais irresistíveis para as pequenas, a Mini Melissa Animal
Lovers. Com exceção do rinoceronte, que vem no formato botinha, os outros
são sapatilhas estilo boneca. No pacotinho de cada modelo, as crianças vão
encontrar um adesivo com a carinha do animal do produto. Nas lojas, a mãe
ganhará uma cartela de papel, simulando um porta retrato, com a imagem do
cenário da embalagem para a sua pequena colocar o novo adesivo, e completar com os outros bichinhos! Depois é só enquadrar! ;-)
109
110
Plastic Dreams
POR QUE VOCÊ SE
CONSIDERA PARTE DA
NAÇÃO MELISSA?
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Melissa Nation Inverno 2014
”Melissa é arte nos pés, é amizade, amor, e milhões de pessoas
que se unem para compor esta grande nação”
“Nunca quis outro presente a não
ser uma Melissa”
TARSILA G. DOS SANTOS
24, vendedora
TAMARÁ DE ALENCAR
21, estudante
de moda
FORTALEZA
Texto
Duda Porto de Souza
“Melissa emociona e surpreende”
“Me identifico com a Melissa
de diversas maneiras – primeiro,
porque não seguimos um estilo,
estamos sempre abertas a novidades, dispostas a variar”
MARIA CLAUDIA PALHARES
30, designer de produtos
BEBEL SADER
23, jornalista
“Não consigo ficar sem o colorido,
o cheiro, o design e a praticidade.
Muitos perguntam se só tenho
Melissas, e associam meu cheiro
ao da sandália”
Melissa
tornou-se
muito mais do que
um acessório de moda,
design e desejo. É um ícone que
“Adoro colorir minha vida, e a
Melissa faz isso melhor do que
ninguém”
PRISCILA PINHO
32, enfermeira
DANIELA ARCE
37, tradutora
transforma sonhos em realidade,
“A Melissa nos permite
sonhar e viajar”
ISABELLA DE CASTRO
25, designer de acessórios
“Crescemos
juntas, desde as
brincadeiras de infância, o período da primeira
graduação, o trabalho; continua-remos caminhando juntas nos
altos e baixos da vida construindo
uma história e também um estilo”
SIMONE CABREDO
30, formanda em direito
autoestima e alegria, unindo fãs no
Brasil e ao redor do mundo. Presente
hoje em diversos países, são muitas
RIO DE JANEIRO
as histórias que chegaram à PLASTIC
DREAMS sobre laços e amizades que
se formaram paralelamente ao cres-
SÃO PAULO
cimento da marca. Nada melhor do
que a edição NATION para iniciarmos
um mapeamento destas fãs, para as
quais fizermos a pergunta acima.
A ideia é que você também dê o seu
depoimento, usando a #melissanation no @melissaoficial, e faça parte
da evolução deste mapa! ;-)
PORTO ALEGRE
”A Melissa representa minha personalidade, as cores me trazem alegria. Formei algo além de uma coleção e perdi a conta de quantos pares tenho, mas
todos me fazem grande companhia. O contato com a revista me emocionou”
CAMILLA DUNCAN MARQUES
32, relações públicas
“Sou apaixonada por Melissa desde que a sandália tinha o símbolo
da abelhinha. Fiz muitas amigas
por conta deste “vício”, sou uma
verdadeira colecionadora. Troco
Melissas com as que calçam o
mesmo número”
JOSEIANA GAYGER
33, técnica em enfermagem
Plastic Dreams
112
OP ART
EM CLIMA OPTICAL, EXPLORANDO ESTA QUE É UMA DAS MAIS FORTES
TENDÊNCIAS DA MODA HOJE, MELISSA ACIONA O VOCABULÁRIO ANOS
60 DE BOLINHAS, LISTRAS, LINHAS E CORES PARA BRINCAR COM
A ALFAITARIA MODERNA. O RESULTADO VAI MUITO ALÉM
DO GEOMÉTRICO DA HORA: É PURA DIVERSÃO!
FOTO MATT IRWIN ASSISTENTE RUSSELL HIGTON
STYLIST ANNA TREVELYAN ASSISTENTES
ROSIE WILLIAMS E YAO YAO LIN
CENOGRAFIA THOMAS PETHERICK
MODELOS YULIA TERENTIEVA
@ PREMIER E BECCA HORN
@ ELITE TRATAMENTO
DIGITAL DAVID
ADAMS
VEJA O MAKING OF NO
YOUTUBE/MELISSACHANNEL
Alguns produtos podem sofrer distorção de cores
ou não serem disponibilizados para comercialização.
Blusa e saia KTZ,
Colar Acervo stylist,
Sutiã Agent Provocateur,
Brincos e anéis Maria Black,
Meia-calça Acervo da stylist e
MELISSA CUTTING
À esq. Sutiã Jean Paul Gaultier @ Rellik, Saia Sister by Sibling, Cinto Francesca Marotta, Meia-calça Acervo stylist e MELISSA BALLET HEEL
À dir., Sutiã Atsuko Kudo, Saia Sister by Sibling, Cinto Acervo Stylist, Meia-calça Acervo stylist e MELISSA BALLET
Vestido Ashish, Blusa (usada por baixo) KTZ, Meia-calça Acervo stylist, Brincos e anel Maria Black, Óculos de sol General Eyewear e MELISSA TAILORING
Macacão Armani @ Rellik,
Top (usado por baixo) Kansa @ Rellik,
Cinto e meia-calça Acervo stylist e
MELISSA FLIP
Jaqueta Jean Paul Gaultier @ House of Liza, Blusa Comme Des Garcons @ House of Liza, Saia Jean Paul Gaultier @ Rellik, Óculos escuros General Eyewear, Meia-calça Acervo stylist e MELISSA IT
À esq., Top Martina Spetlova, Saia Kiko para Opening Ceremony, Meias Acervo stylist e MELISSA BOHO
À dir., Top Vivetta, Shorts Escada @ Rellik, Meias Happy Socks, Chapéu Stephen Jones @ Rellik e MELISSA VIVIENNE WESTWOOD ANGLOMANIA + MELISSA SATYR
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Plastic Dreams
DEI BANDEIRA
No meio de todos
esses torcedores (leia-se
pretendentes) eu conheci
Texto
Camila Fremder
Ilustração
Rafael Assis
Meses depois, conheci
o Henrique, um corin-
Marco, um publicitário.
thiano roxo. Me arrastou
O Marco não dava a menor
pro estádio, me ensinou
bola pra futebol, era o
gritos de torcida, nomes
tipo de cara que se você
de jogadores, a diferença
perguntasse qual time ele
entre falta, lateral e impe-
torcia, ele provavelmente
dimento, tudo aquilo que
responderia que torcia para
a gente se empenha pra
o Brasil, e, assim como eu,
aprender, mas esquece no
não veria problema algum
mês seguinte ao término
em confundir um gavião
da relação.
com um urubu. Me apaixo-
Não é toda menina que
E falando em término, o
sente a emoção e o orgu-
nosso foi relativamente rá-
e desligado do Marco, pelos
lho explodindo no peito
pido. Um belo dia, no meio
finais de semana onde
quando vê a bandeira do
de algum papo maluco, eu
em vez do estádio eu ia
seu time hasteada, e, con-
falei do “urubu” desenhado
ao cinema.
venhamos, não é toda me-
na bandeira da torcida.
Até que um belo dia,
nina que tem um time. Eu,
Sim, eu disse “urubu. O
usando a minha camiseta
na verdade, sempre tive,
tempo fechou, o Henrique
preferida estampada com
mas foram muitos, porque
ficou possesso com o meu
o rosto do John Lennon, fui
eu mudava conforme o
engano e berrava: “A
me encontrar com o Marco
namorado. E sabe como é
torcida chama gaviões!
na porta do cinema, e
que é: durantes os meus
Gaviões!”. Eu me defendia
antes mesmo de esco-
vinte anos, eu fui bem
acusando-o de doido faná-
lhermos o filme o Marco
namoradeira. Não digo que
tico. No meio da discussão
me perguntou com cara
Camila Fremder é pós-
a minha casa virou uma
a gente resolveu que era
de dúvida, “Por que você
-graduanda em roteiro para
cantina italiana cheia de
melhor terminar. Ele não ia
tá usando uma blusa do
TV e cinema, colunistas
camisas de futebol, mas na
conseguir perdoar a minha
Steve Jobs?”. Sim, ele con-
de diversas revistas de
última gaveta, aquela que
gafe, e eu achei tudo aqui-
fundiu o John Lennon com
comportamento e tem três
a gente guarda as coisas
lo uma grande bobagem.
o Steve Jobs. Foi aí que eu
livros publicados, entre
Peguei bode do Henrique
entendi tudo. Então, Henri-
eles o best-seller “Como
era possível encontrar
e coloquei minha camiseta
que, se você estiver lendo
ter uma vida normal sendo
camisas de times, inclusive,
do Corinthians na última
isso, me desculpa, eu fui
louca”, em parceria com a
da Europa.
gaveta, junto às outras.
mesmo uma idiota...
apresentadora Jana Rosa.
MELISSA BLISS.
que não usa muito, lá sim
NVERNO 2014.
nei pelo jeito tranquilo
www.melissa.com.br
Melissa Nation Inverno 2014
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MELISSA NATION