Prevenção e Terapêutica Antibiótica
na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
O que é?
Infecção que ocorre na ferida criada por um procedimento
cirúrgico invasivo.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
O que a define?
Presença de exsudado purulento, abcesso ou celulite em
expansão no local cirúrgico, durante o primeiro mês após a
operação.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Três níveis (CDC):
Horan TC, Gaynes RP, Martone WJ, Jarvis WR, Emori TG. CDC definitions of nosocomial surgical site infections, 1992: a modification of CDC
definitions of surgical wound infections. Am J Infect Control 1992;20:271-4.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Incisional superficial - Afecta a pele e o tecido celular
subcutâneo.
Horan TC, Gaynes RP, Martone WJ, Jarvis WR, Emori TG. CDC definitions of nosocomial surgical site infections, 1992: a modification of CDC
definitions of surgical wound infections. Am J Infect Control 1992;20:271-4.
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INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Incisional profunda – Afecta o plano fascial e/ou muscular.
Horan TC, Gaynes RP, Martone WJ, Jarvis WR, Emori TG. CDC definitions of nosocomial surgical site infections, 1992: a modification of CDC
definitions of surgical wound infections. Am J Infect Control 1992;20:271-4.
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INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Órgão ou espaço anatómico – envolve qualquer outra parte da
anatomia que não a incisão aberta ou manipulada durante o
procedimento cirúrgico.
Horan TC, Gaynes RP, Martone WJ, Jarvis WR, Emori TG. CDC definitions of nosocomial surgical site infections, 1992: a modification of CDC
definitions of surgical wound infections. Am J Infect Control 1992;20:271-4.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Que factores influenciam a susceptibilidade da ferida operatória
à infecção?
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Que factores influenciam a susceptibilidade da ferida operatória
à infecção?
Factores de risco relacionados com o agente infeccioso
Factores de risco relacionados com o hospedeiro
Factores de risco relacionados com a cirurgia
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Que factores influenciam a susceptibilidade da ferida operatória
à infecção?
Factores de risco relacionados com o agente infeccioso
Agentes mais frequentes:
Staphylococcus aureus
Staphylococcus coagulase negativos
Enterococcus spp.
Eschericia coli
Pseudomonas aeruginosa
Outros Gram negativos
Outros streptococcus
Anaeróbios
DADOS NNIS 1991-1996 (N=17,671)
20%
14%
12%
8%
8%
13%
5%
2%
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Que factores influenciam a susceptibilidade da ferida operatória
à infecção?
Factores de risco relacionados com o agente infeccioso
Os agentes patogénicos mais frequentes nas infecções da ferida operatória
são o Staphylococcus aureus, Enterococcus species, Staphylococcus
coagulase negativos, Enterobacteriáceas, Pseudomonas species e
anaeróbios (1)
Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes particularmente
virulentos (2)
1) Horan T, Culver D, and Jarvis W. Pathogens causing nosocomial infections. Data from the National Nosocomial Infections Surveillance
System. Antimicrobic Newsletter 1988; 5: 65-67.
2) Howard RJ, Lee JT Jr: Surgical wound infections: epidemiology, surveillance, and clinical management. In Surgical Infectious Diseases. 3rd
edition. Edited by: Howard RJ, Simmons RL. East Norwalk, CT: Allyn & Bacon; 1995:401-412.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Que factores influenciam a susceptibilidade da ferida operatória
à infecção?
Factores de risco relacionados com o hospedeiro
Internamento prolongado antes da cirurgia,
Obesidade mórbida,
Índice de gravidade da doença,
Idade avançada,
Má nutrição (calórica e proteica)
Tabagismo
Diabetes,
Imunossupressão
Neoplasia maligna,
Infecção concomitante (sistémica ou em outro local)
Howard RJ, Lee JT Jr: Surgical wound infections: epidemiology, surveillance, and clinical management. In Surgical Infectious Diseases. 3rd
edition. Edited by: Howard RJ, Simmons RL. East Norwalk, CT: Allyn & Bacon; 1995:401-412.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Que factores influenciam a susceptibilidade da ferida operatória
à infecção?
Factores de risco relacionados com a cirurgia
Duração da cirurgia,
Cirurgia emergente,
Traumatismo dos tecidos,
Má hemotase,
Hipóxia,
Material estranho na ferida,
Grau de contaminação da ferida.
Howard RJ, Lee JT Jr: Surgical wound infections: epidemiology, surveillance, and clinical management. In Surgical Infectious Diseases. 3rd
edition. Edited by: Howard RJ, Simmons RL. East Norwalk, CT: Allyn & Bacon; 1995:401-412.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Índices de classificação do risco de infecção da ferida cirúrgica
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Índices de classificação do risco de infecção da ferida cirúrgica
Study on the Efficacy of Nosocomial Infection Control (SENIC) - 1970,
58 498 doentes submetidos a intervenções cirúrgicas e avaliados prospectivamente
Identificados quatro factores de risco independentes:
Duração da intervenção (> 2 horas);
Grau de contaminação da ferida cirúrgica;
Três ou mais diagnósticos na altura da alta (excluindo relacionados com a infecção da
ferida e complicações da mesma);
Cirurgias abdominais.
Haley RW, Culver DH, Morgan WM, White JW, Emori TG, Hooton TM. Identifying patients at high risk of surgical wound infection. A simple
multivariate index of patient susceptibility and wound contamination. Am J Epidemiol 1985;121:206-15.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Índices de classificação do risco de infecção da ferida cirúrgica
O índice SENIC foi substituído pelo sistema de avaliação do risco pré-operatório da American
Society of Anesthesiologists (ASA) na sequência de um estudo de grandes dimensões
envolvendo 44 hospitais nos EUA, entre 1987 e 1990. (ASA I ou II – 1,9% vs III a V – 4,3%) (1)
Garibaldi et al confirmou o valor preditivo independente do índice ASA num estudo
prospectivo de 1852 doentes cirúrgicos , tendo sido demonstrada uma “odds ratio” de infecção
da ferida cirúrgica para as classes ASA III e IV 4,2 vezes superior à das classes I ou II (2).
1) Culver DH, Horan TC, Gaynes RP et al. Surgical wound infection rates by wound class, operative procedure, and patient risk index. National
Nosocomial Infections Surveillance System. Am J Med 1991;19(Suppl 3B):125S-157S.
2) Garibaldi RA, Cushing D, Lerer T. Risk factors for postoperative infection. Am J Med 1991;91(Suppl 3B):158S-163S.
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Índices de classificação do risco de infecção da ferida cirúrgica
NNIS (National Nosocomial Infection Surveillance) – um estudo prospectivo com 1483 doentes
com idades entre os 10 e os 92 anos comparou a eficácia do índice SENIC com a do índice NNIS.
O índice NNIS apresentava uma maior fiabilidade na discriminação e previsão do risco de
infecção da ferida cirúrgica.
O Índice NNIS é constituído por três parâmetros, cada um valendo 0 ou 1 valor.
Intervenção contaminada ou infectada,
Índice ASA > or = 3,
Duração da anestesia maior que o pecentil 75 estabelecido para a intervenção em causa
Delgado-Rodriguez M, Sillero-Arenas M, Medina-Cuadros M, Martinez-Gallego G. Nosocomial infection in surgical patients: comparison of two
measures of intrinsic patient risk. Infect Control Hosp Epidemiol 1997;18:19-23.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Índices de classificação do risco de infecção da ferida cirúrgica
Cruse PJ, Foord R. The epidemiology of wound infection. A 10-year
prospective study of 62,939 wounds. Surg Clin North Am 1980;
60(1): 27-40.
Classificação da ferida cirúrgica (Cruse e Foord)
Limpa
Limpa contaminada
Contaminada
Infectada
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Classificação da ferida cirúrgica (Cruse e Foord)
1 – Limpa (1,5%)
Operações electivas, feridas não infectadas
Locais cirúrgicos sem inflamação
Não há abordagem de vísceras ocas (tractos respiratório, genitourinário,
digestivo ou orofaringe)
Encerramento primário
Drenagem fechada, se necessária
Não há quebra de técnica
Cruse PJ, Foord R. The epidemiology of wound infection. A 10-year prospective study of 62,939 wounds. Surg Clin North Am 1980; 60(1): 27-40.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Classificação da ferida cirúrgica (Cruse e Foord)
2 – Limpa contaminada (7,7%)
Há abordagem dos tractos digestivo, respiratório, genitourinário ou
orofaringe
Situações controladas e sem contaminação não usual.
Cirurgia genitourinária: sem cultura de urina positiva
Cirurgia biliar: sem infecção de vias biliares
Cirurgia do apêndice, vagina ou orofaringe sem evidência de infecção ou
quebra da técnica.
Cruse PJ, Foord R. The epidemiology of wound infection. A 10-year prospective study of 62,939 wounds. Surg Clin North Am 1980; 60(1): 27-40.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Classificação da ferida cirúrgica (Cruse e Foord)
3 – Contaminada (15,2%)
Feridas traumáticas recentes, abertas
Contaminação grosseira durante cirurgias do tracto digestivo,
manipulação das vias biliares ou genitourinárias na presença de bílis ou
urina infectadas
Quebras graves da técnica
É encontrada inflamação aguda não purulenta
Cruse PJ, Foord R. The epidemiology of wound infection. A 10-year prospective study of 62,939 wounds. Surg Clin North Am 1980; 60(1): 27-40.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Classificação da ferida cirúrgica (Cruse e Foord)
4 – Infectada (40%)
Feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado, corpos estranhos
ou contaminação fecal
Vísceras perfuradas ou secreção purulenta encontradas durante a
cirurgia
Cruse PJ, Foord R. The epidemiology of wound infection. A 10-year prospective study of 62,939 wounds. Surg Clin North Am 1980; 60(1): 27-40.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
O que fazer?
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Dr. Ignaz Semmelweis (1818 – 1865)
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
O que fazer?
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
O que fazer?
ANTES DE TUDO, LAVAR AS MÃOS!
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
O que fazer?
ANTES DE TUDO, LAVAR AS MÃOS!
A melhor defesa é a prevenção!
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção da infecção da ferida operatória.
Medidas Pré-operatórias
Medidas Intra-operatórias
Medidas Pós-operatórias
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção da infecção da ferida operatória.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção da infecção da ferida operatória.
Pré-operatório
Banho com solução anti-séptica
Diminuição das contagens de bactérias
Não diminui incidência da infecção da ferida operatória
Tricotomia
Aumenta incidência de infecção da ferida operatória
Quando necessária, imediatamente antes da cirurgia
Desinfecção do campo operatório
Soluções de iodopovidona, alcoólicas, gluconato de clorhexidina
Técnica
Desinfecção das mãos e antebraços
Soluções de iodopovidona, gluconato de clorhexidina, alcoólicas
Técnica de desinfecção, duração da desinfecção, primeira desinfecção do dia vs seguintes
Unhas postiças, jóias
Tratamento de pessoal do bloco contaminado/infectado
Casos demonstrados de surtos de infecção da ferida operatória
Políticas de exclusão do trabalho não penalizadoras
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
ALICIA J. MANGRAM, WILLIAM R. JARVIS. GUIDELINE FOR PREVENTION OF SURGICAL SITE INFECTION, 1999. C ENTERS FOR DISEASE CONTROL AND
PREVENTION
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção da infecção da ferida operatória.
Intra-Operatório
Ambiente do bloco operatório
Ventilação
Superfícies
Colheita de amostras para bacteriologia (apenas em ensaios, estudos)
Esterilização dos instrumentos (evitar esterilizações rápidas)
Vestuário e campos operatórios
Fatos de bloco
Máscaras
Toucas e cobertura de pés
Luvas esterilizadas
Batas esterilizadas e campos operatórios descartáveis
Assépsia e técnica cirúrgica
Assépsia (equipa cirúrgica E anestésica)
Técnica cirúrgica
Hemostase eficaz, evitar isquémia, evitar hipotermia, manipulação suave do tecidos, evitar
perfurações de vísceras ocas, remover tecidos desvitalizados, utilizar correctamente
materiais de sutura e drenos, erradicar espaços mortos
CONTINUAÇÃO DA ANTIBIOTERAPIA PROFILÁTICA
ALICIA J. MANGRAM, WILLIAM R. JARVIS. GUIDELINE FOR PREVENTION OF SURGICAL SITE INFECTION, 1999. C ENTERS FOR DISEASE CONTROL AND
PREVENTION
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
Prevenção da infecção da ferida operatória.
Pós-operatório
Cuidados com a ferida
Encerramento primário – Penso oclusivo 48 horas
Encerramento primário retardado ou encerramento secundário
Técnica de assépsia na mudança de pensos
Planeamento após a alta
Plano de cuidados da ferida personalizado
Instruir doente/família sobre sinais de infecção
Atitudes/contactos em caso de suspeita de infecção
Em caso de infecção:
Remoção precoce material de sutura
Abertura/drenagem da ferida
Remoção de tecidos desvitalizados
Colheita de amostras para bacteriologia
ANTIBIOTERPIA TERAPÊUTICA
ALICIA J. MANGRAM, WILLIAM R. JARVIS. GUIDELINE FOR PREVENTION OF SURGICAL SITE INFECTION, 1999. C ENTERS FOR DISEASE CONTROL AND
PREVENTION
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
ANTIBIOTERAPIA NA INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
ANTIBIOTERAPIA NA INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Profilaxia antibiótica
Terapêutica antibiótica
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
ANTIBIOTERAPIA NA INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Profilaxia antibiótica
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Em 1961 John F. Burke demonstrou em animais a importância do “timing”
correcto da utilização de antibióticos profiláticos em cirurgia.
A duração da contaminação da ferida cutânea afecta a eficácia dos agentes
antimicrobianos na prevenção da infecção.
Os antibióticos actuam melhor quando são administrados antes da
contaminação; cerca de três a quatro horas após a inoculação bacteriana, o
valor profilático dos antibióticos diminui de forma muito significativa.
BURKE JF. THE EFFECTIVE PERIOD OF PREVENTIVE ANTIBIOTIC ACTION IN EXPERIMENTAL INCISIONS AND DERMAL LESIONS. SURGERY 1961;50:161-8.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
1960-1970 – Primeiros estudos em humanos:
Bernard H R, Cole W R. The prophylaxis of surgical infection: the effect of prophylactic
antimicrobial drugs on the incidence of infection following potentially contaminated operations.
Surgery. (1964); 56: 151–157.
Polk H C Jr, Lopez-Mayor J F. Postoperative wound infection: a prospective study of determinant
factors and prevention. Surgery. (1969); 66: 97–103.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
1980 – Primeiros estudos sobre relação custo benefício:
Haley RW, Schaberg DR, Crossley KB, Von Allmen SD, McGowan JE Jr. Extra charges and
prolongation of stay attributable to nosocomial infections: a prospective interhospital
comparison. Am J Med 1981;70:51-8.
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
PROTOCOLOS HOSPITALARES
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
MANUAL DE CONTROLO DA INFECÇÃO DO HOSPITAL DA LUZ
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Aspectos Gerais
Entende-se por Profilaxia Antibiótica em Cirurgia (PAC) a administração de antibiótico com vista à
diminuição do risco de infecção da ferida operatória decorrente da manipulação dos tecidos durante o acto
cirúrgico.
Em caso de cirurgia efectuada em situação de infecção declarada do local cirúrgico não se aplica profilaxia
mas sim terapêutica das respectivas infecções, não referida nestas recomendações.
O objectivo principal da profilaxia não é a erradicação das bactérias mas antes conseguir uma redução
aceitável do seu número para diminuir o risco de infecção da ferida operatória.
De igual modo, a antibioterapia utilizada na PAC deve causar um mínimo de perturbação da flora individual
e das unidades de saúde, não contribuindo para a emergência de estirpes resistentes.
MANUAL DE CONTROLO DA INFECÇÃO DO HOSPITAL DA LUZ - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - PROFILAXIA ANTIBIÓTICA EM CIRURGIA –
COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Indicações
Cirurgias limpas, de acordo com a Classificação de Cruse e Foord (risco de infecção de 2%), nas seguintes
situações:
Duração igual ou superior a 2 horas;
Aplicação de próteses;
Elevado risco de morbilidade e mortalidade se ocorrer infecção (cirurgia cardíaca, cirurgia torácica,
cirurgia vascular, craniotomia);
Presença de factores de risco infeccioso intrínsecos.
Cirurgias limpas/contaminadas (risco de infecção inferior a 10%);
Cirurgias contaminadas (risco de infecção de aproximadamente 20%);
MANUAL DE CONTROLO DA INFECÇÃO DO HOSPITAL DA LUZ - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - PROFILAXIA ANTIBIÓTICA EM CIRURGIA –
COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Escolha do antibiótico (aspectos gerais)
A actividade do antibiótico escolhido deve incluir os microrganismos da flora endógena do
doente, no local intervencionado;
O seu espectro deverá ser o mais específico possível e de eficácia comprovada sobre os
microrganismos esperados nas indicações propostas;
O antibiótico deve atingir concentrações plasmáticas bactericidas desde o momento da
incisão cutânea até algumas horas após a sutura da ferida operatória;
Antibióticos usados em profilaxia não devem sê-lo em terapêutica e vice-versa.
Uma política errada em profilaxia compromete o tratamento das infecções, em toda a
instituição, por facilitar a emergência de microrganismos resistentes aos antibióticos;
O antibiótico escolhido deve ser seguro e barato;
MANUAL DE CONTROLO DA INFECÇÃO DO HOSPITAL DA LUZ - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - PROFILAXIA ANTIBIÓTICA EM CIRURGIA –
COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
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PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Escolha do antibiótico
Os regimes profilácticos geralmente recomendados incluem duas cefalosporinas: a Cefazolina,
para todas as cirurgias que não envolvam o íleon terminal, apêndice ileocecal e cólon, e a
Cefoxitina, em situações em que é necessário cobrir as bactérias entéricas e os anaeróbios;
Excepcionalmente é possível recorrer a outros agentes como a Gentamicina, Clindamicina,
Metronidazol ou Vancomicina;
A Vancomicina só deverá ser utilizada em casos de alergia tipo I (imediata) aos β-lactâmicos
ou em grande cirurgia que envolva a colocação de próteses, em instituições com elevada
incidência de infecção por Estafilococos meticilina-resistente, sendo por isso desaconselhada
no presente momento nestas recomendações para o Hospital da Luz.
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COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Dosagens
Cefazolina e Cefoxitina, 1g (peso < 70Kg) ou 2g (peso >70Kg);
Clindamicina: 900mg;
Metronidazol: 1g;
Gentamicina: 80mg* (1,7mg/kg peso);
Vancomicina: 1g*.
* A Gentamicina e a Vancomicina necessitam de ajuste à função renal apenas para administrações repetidas (situações
de administração múltipla intra-operatória ou profilaxia durante 24 ou 48horas.
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PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Administração intra-operatória
Intra-operatoriamente pode ser necessário efectuar reforço da dose nos
seguintes casos e de acordo com a tabela abaixo indicada:
Cirurgia prolongada (duração igual ou superior a 2 horas);
Cirurgia com hemorragia importante;
Cirurgia com grande administração de fluidos.
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COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
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PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Administração intra-operatória
Antibiótico
Dose inicial
Doses
subsequentes
Intervalo de administração
intra-operatória
Cefoxitina
1 ou 2g
1 ou 2g
2h
Cefazolina
1 ou 2g
1 ou 2g
4h
Gentamicina
80 mg
Ajuste f. renal
4h
Clindamicina
900 mg
900 mg
6h
Metronidazol
1g
1g
12h
Vancomicina
1g
Ajuste f. renal
12h
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COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Administração pós-operatória (excepcional)
O prolongamento pós-operatório, por 24 horas está indicado:
Cirurgia limpa/contaminada da cabeça/pescoço;
Cirurgia torácica de ressecção pulmonar;
Cirurgia ortopédica nas seguintes situações:
Colocação de prótese;
Material de osteossíntese para fixação interna de fractura;
Cirurgia articular “major”;
Cirurgia vascular periférica.
O prolongamento pós-operatório, por 48 horas, apenas está indicado na cirurgia cardíaca,
independentemente da persistência de drenos ou cateteres. A manutenção da PAC apenas por se
manterem drenos e cateteres está contra-indicada.
O prolongamento pós-operatório, por 72 horas, apenas está indicado na cirurgia de transplantação de
órgãos.
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COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Especialidade
Intervenção
Antibiótico
Neurocirurgia
•Craniotomia
•Derivações de líquor
•Aplicação de material de osteossíntese em cirurgia da coluna ou por lesões malignas
•Cirurgia oftálmica de globo aberto
Cefazolina
Oftalmologia
Otorrinolaringologia
Cabeça e pescoço
Cirurgia cardiotorácica e
procedimentos cardíacos
Cirurgia esofágica
Cirurgia bariátrica
Cirurgia gastro-duodenal
Cirurgia hapato-biliar e
procedimentos
endoscópicos das vias
biliares
Cirurgia colorectal
Apendicectomia
Hérnias da parede
abdominal
•Cirurgia a ouvido perfurado
•Rinoplastia
•Cirurgia sinusal
•Cirurgia faríngea e laríngea
•Cirurgia “major” com exposição da ferida operatória ou presença de ulceração cutânea
•Cirurgia “major” com exposição da via aérea ou digestiva superior
•Cirurgia mediastínica
•Cirurgia de bypass coronário
•Colocação de pace-maker definitivo
•Cirurgia de valvuloplastia/ próteses valvulares
•Cirurgia de ressecção pulmonar
•Cirurgia com penetração do lúmen (excepto se utilização do cólon)
•Colocação de banda gástrica
•Cirurgia de derivação intestinal
•Cirurgia com penetração do lúmen intestinal.
•Cirurgia em doentes com obstrução dos canais biliares ou pancreáticos (igualmente aplicável a
radiologia de intervenção ou CPRE neste contexto);
•Doentes de alto risco, definidos por idade>70 anos, obesidade, colecistite ou colelitíase nos últimos 6
meses, DM e antecedentes de icterícia obstrutiva ou obstrução biliar
(+ Metronidazol se abordagem trasesfenoidal)
Neomicina-Polimixina B-Gramicidina, mais
Tobramicina 0,3% ou Gentamicina, 2 a 3 gotas
antes do procedimento
Cefazolina
Cefazolina
Cefazolina
Cefazolina
Cefazolina
Cefazolina
Cefazolina
Cefoxitina (em doentes com obstrução da via
biliar)
•Transplantação hepática
•Toda a cirurgia electiva
•Colectomia total ou sub-total de urgência sem contaminação major
•Apendicite aguda não complicada de perfuração, abcesso ou gangrena
Cefotaxima + Ampicilina
Cefoxitina
•Hernioplastia com colocação de prótese
Cefazolina
Cefoxitina
MANUAL DE CONTROLO DA INFECÇÃO DO HOSPITAL DA LUZ - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - PROFILAXIA ANTIBIÓTICA EM CIRURGIA –
COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA
Especialidade
Intervenção
Antibiótico
Cirurgia Ginecológica
•Histerectomia vaginal, abdominal ou radical
Cefoxitina
Cirurgia Vascular
•Cirurgia da aorta abdominal;
•Cirurgia arterial com colocação de prótese;
•Cirurgia arterial com incisão inguinal
•Doentes de alto risco, definido por:
• Cateterização urinária pós-operatória prolongada (>3 dias);
• Urocultura positiva pré-operatória (neste caso deve ser adicionalmente feito tratamento
pré-operatório);
• Hospital com taxa de infecção urinária nosocomial >20% (o que não se aplica
presentemente ao hospital da Luz);
•Prostatectomia radical; Cirurgia uro-oncológica;, Entreocistoplastia de substituição;
•Cirurgia percutânea e ureterorrenoscopia;
•Ressecção ou biopsia endoscópica
•Uretrotomia interna e Cateterismo ureteral em doentes de risco
Cefazolina
•Cirurgia urológica aberta, que não a indicada acima
•Cirurgia articular major;
•Artroplastias;
•Colocação de próteses;
•Redução aberta de fracturas;
•Cirurgia ortopédica major, incluindo amputação de membro inferior;
Cefazolina
Cefazolina
•Amputação de membro
Cefoxitina
Cirurgia Urológica
Cirurgia Ortopédica
Cefoxitina
MANUAL DE CONTROLO DA INFECÇÃO DO HOSPITAL DA LUZ - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - PROFILAXIA ANTIBIÓTICA EM CIRURGIA –
COMISÃO DE CONTROLO DA INFECÇÃO - 2008
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
ANTIBIOTERAPIA NA INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Profilaxia antibiótica
Terapêutica antibiótica
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
ANTIBIOTERAPIA NA INFECÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA
Terapêutica antibiótica
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
TERAPÊUTICA ANTIBIÓTICA
Terapêutica empírica (regras gerais):
Incidir sobre os agentes mais prováveis (tipo de cirurgia)
Não usar antibióticos utilizados na profilaxia
Sempre que possível, monoterapia
Obter precocemente amostras para bacteriologia
Avaliar factores de risco de gravidade
Avaliar factores de risco de resistência
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
TERAPÊUTICA ANTIBIÓTICA
Agentes mais frequentes:
Staphylococcus aureus
20%
Staphylococcus coagulase negativos
14%
Enterococcus spp.
12%
Eschericia coli
8%
Pseudomonas aeruginosa
8%
Outros Gram negativos
13%
Outros streptococcus
5%
Anaeróbios
2%
DADOS NNIS 1991-1996 (N=17,671)
Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico
TERAPÊUTICA ANTIBIÓTICA
Infecção da Ferida
Cirúrgica
•
•
•
•
•
•
Remoção de material de sutura
Abertura da ferida, drenagem
Colheita de amostras
Lavagem
Desbridamento
Penso
Não
Necessidade de
antibioterapia?
Sim
Cirurgia limpa ou limpa
contaminada
•
•
•
•
Agente mais provável: Staphylococcus aureus
Iniciar Flucloxacilina (Clindamicina se alergia)
Ponderar probabilidade de MRSA
Logo que possível – terapêutica dirigida
Cirurgia contaminada ou
infectada
•
•
•
•
Agentes mais prováveis: aeróbios e anaeróbios
Iniciar Cefalosporina 2ª geração (Cefuroxima) + Metronidazol
Ponderar probabilidade de MRSA e VRE
Logo que possível – terapêutica dirigida
Terapêutica Antibiótica na Infecção
da Ferida Cirúrgica
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Prevenção e Terapêutica Antibiótica na Infecção do Local Cirúrgico