1 SYBELLE DE OLIVEIRA SALES AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DE CONSERVAÇÃO DOS LEITES E DERIVADOS COMERCIALIZADOS EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE CARUARU – PE RECIFE - PE 2008 2 SYBELLE DE OLIVEIRA SALES AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DE CONSERVAÇÃO DOS LEITES E DERIVADOS COMERCIALIZADOS EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE CARUARU – PE Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA, Departamento de Ciências Animais para obtenção do título de Especialização em Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos. Orientador: Professor MSc. Antônio Humberto Pereira da Silva Júnior – FAVIP, Caruaru. RECIFE – PE 2008 3 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Biblioteca Orlando Teixeira FORMULÁRIO PARA SOLICITAÇÃO DE FICHA CATALOGRÁFICA Aluno: Sybelle de Oliveira Sales Título: Variação da Temperatura de Conservação dos Leites e Derivados Comercializados em Supermercados da Cidade de Caruaru – PE Orientador: Prof MSc. Antônio Humberto Pereira da Silva Júnior Co-orientador (se houver):_______________________________________________ Especialização em: Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos Total de páginas:__26___ Possui ilustração: ( X ) sim ( ) não Ano de Defesa: 2008 Palavras-Chave (no mínimo 3, no máximo 6): Equipamentos de Refrigeração, Leite, Microrganismos, Qualidade, Supermercados 4 SYBELLE DE OLIVEIRA SALES AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DE CONSERVAÇÃO DOS LEITES E DERIVADOS COMERCIALIZADOS EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE CARUARU – PE Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA, Departamento de Ciências Animais para obtenção do título de Especialização em Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos. Orientador: Professor MSc. Antônio Humberto Pereira da Silva Júnior – FAVIP, Caruaru. APROVADA EM: 29 / 03 / 2008 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Prof. M.Sc. Antônio Humberto Pereira da Silva Júnior (FAVIP) Presidente _____________________________________ Prof. M.Sc. Alexandro Íris Leite (UFERSA) Segundo Membro ______________________________________ Prof. D.SC. Jean Berg Alves da Silva (UFERSA) Terceiro Membro RECIFE -PE 2008 5 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram com preciosa ajuda para que o mesmo fosse concluído. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela paciência e pelo discernimento que me deu em todo o período de elaboração do trabalho; A minha mãe (Natália) e ao meu noivo (Júnior) pela paciência que tiveram comigo nos momentos de estress; A minha irmã e que deu grande ajuda na formatação; A minha amiga Genésia que nos momentos de dificuldade me ajudou demais dando opiniões valiosas; Ao meu orientador pela dedicação e rapidez com que corrigia este trabalho. 7 RESUMO O leite é um produto de origem animal, mais consumido pela maioria da população mundial, desde as crianças, segue percorrendo todas as faixas etárias até chegar aos idosos. Além de ter um gosto saboroso e originar excelentes derivados lácteos muito nutritivos, alguns produtos têm características probióticas. Mas para que estes produtos tenham realmente a finalidade a que se destinam e mantenham sua qualidade, é necessário existir todo um controle higiênicosanitário, evitando assim aumento excessivo da carga microbiana contaminante composta de bactérias psicrófilas, mesófilas, termófilas e termodúricas. O objetivo deste trabalho foi verificar se os estabelecimentos comerciais, supermercados propriamente dito, estão respeitando as temperaturas de armazenamento e conservação recomendadas pelos fabricantes de leite e produtos derivados, na cidade de Caruaru, Agreste Pernambucano. Os três maiores supermercados da cidade foram estudados e escolhidos de forma que todas as amostras tivessem padrões de conservações equivalentes. Os dados foram coletados quatro vezes ao dia e em quatro dias consecutivos, em quase todos os horários de funcionamento dos estabelecimentos foram coletados dados. Os resultados apresentaram uma alteração nos dados da amostra, todos os equipamentos pesquisados estavam dentro de um padrão de temperatura adequada para os produtos de laticínios. Porém os índices de temperatura mostrados nos termômetros apresentaram valores bem acima dos demarcados pelos equipamentos dos supermercados. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que os produtos lácticos ficam em eminência de sofrerem alteração da sua qualidade por ação do aumento da carga microbiana psicotróficas sobreviventes às falhas que por eventualidade podem acontecer nos processos de pasteurizações. Palavras chaves: Equipamentos de Refrigeração, Leite, Microrganismos, Qualidade, Supermercados 8 ABSTRACT Milk is a product of animal origin, more consumed by the majority of the world's population, from children, follow through all ages until the elderly. Besides having a taste tasty and cause great dairy very nutritious, some probiotic products have characteristics. But for these products have really the purpose for which they are intended and maintain its quality, it is necessary there is a whole hygienic-sanitary control, thus avoiding excessive increase of the load microbial contaminant composed of bacteria psichrophilic, mesophilic, thermophilic and termorezistentnih count. The objective of this study was to check whether the shops, supermarkets itself, are respecting the temperature storage and conservation recommended by the manufacturers of milk and derivatives, in the town of Caruaru, Arrest Pernambucano. The three largest supermarkets in the city were studied and chosen so that all samples had patterns of conservation equivalent. Date were collected four times a day and on four consecutive days, in almost all the operating hours of establishments were collected data. The results showed a change in the data of the sample, all equipment surveyed were within a standard temperature suitable for the products of dairy. But the rates of temperature shown in thermometers showed values well above the demarcated by the equipment of supermarkets. According to the results, it was concluded that the products are in lactic verge of suffering amendment of its quality per share of the increase in microbial load psichrophilic survivors by the failures that event can occur in the processes of pasteurizacion. Words keys: Refrigeration Equipment, Milk, Microorganisms, Quality, Supermarkets 9 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Equipamento de exposição à venda do supermercado A.................................. 31 Figura 02: Equipamento de exposição à venda do supermercado B................................... 31 Figura 03: Equipamento de exposição à venda do supermercado C................................... 31 Figura 04: Termômetro da cadeia de frios do supermercado A.......................................... 32 Figura 05: Termômetro da cadeia de frios do supermercado B.......................................... 32 Figura 06: Termômetro da cadeia de frios do supermercado C.......................................... 32 Figura 07: Termômetro DELLT (modelo dt-625) utilizado na coleta de dados................. 32 Figura 08: Termômetro DELLT (modelo dt-625) utilizado na coleta de dados................. 32 Figura 09: Comparação de temperaturas dos leites e derivados no intervalo de 10h às 10h 50min........................................................................................................................... 34 Figura 10: Variações das temperaturas entre termômetro e equipamento no intervalo de 10h às 10h 50min................................................................................................................ Figura 11: Comparações das temperaturas dos leites e derivados no intervalo de 13h às 13h 50min........................................................................................................................... 34 35 Figura 12: Variações das temperaturas entre termômetro e equipamento no intervalo de 13h às 13h 50min................................................................................................................. Figura 13: Comparações das temperaturas dos leites e derivados no intervalo de 16h às 16h 50min........................................................................................................................... 35 36 Figura 14: Variações das temperaturas entre termômetro e equipamento no intervalo de 16h às 16h 50min................................................................................................................. 36 Figura 15: Comparações das temperaturas dos leites e derivados no intervalo de 19h às 19h 50min........................................................................................................................... 37 Figura 16: Comparações das temperaturas dos leites e derivados no intervalo de 19h às 19h 50min........................................................................................................................... 37 10 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Composição do leite de diferentes espécies (calorias)................................... 17 Tabela 02: Composição do leite de diferentes espécies (macronutrientes)...................... 17 Tabela 03: Composição do leite de diferentes espécies (micronutrientes)...................... 17 Tabela 04: Diferenças de coagulação das frações protéicas............................................ 19 Tabela 05: Principais bactérias que podem contaminar o leite e suas características...... 26 Tabela 06: Temperaturas recomendadas para leites e derivados pelos respectivos fabricantes.......................................................................................................................... 30 11 LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS Al – Alumínio; Ca – Cálcio; CO2 - Dióxido de Carbono; Cu – Cobre; Fe – Ferro; I – Iodo; IN51 – Instrução Normativa 51 K – Potássio; mL – Mililitros; Mg – Magnésio; Mn – Manganês; Na – Sódio; N2 – Nitrogênio; NMP/mL – Número Mais Provável / mililitro; O2 – Oxigênio; P – Fósforo; SNG – Sólidos Totais não Gordurosos; UFC/mL - Unidades Formadoras de Colônias / mililitro; Zn – Zinco. 12 SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE TABELA LISTA DE SIGLAS 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................12 2. OBJETIVOS..................................................................................................15 2.1-Geral.............................................................................................................15 2.2-Específicos....................................................................................................15 3. REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................16 3.1-Composição do Leite...................................................................................16 3.2-Propriedades do Leite.................................................................................19 3.3-Microbiologia do Leite e Seus Derivados..................................................23 3.4-Conservação do Leite e Seus Derivados nos Estabelecimentos comerciais............................................................................28 4. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................31 4.1-Amostragem.................................................................................................31 4.2-Coleta de dados............................................................................................32 5. RESULTADO E DISCUSSÃO.....................................................................33 6. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................38 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA............................................................39 ANEXOS.......................................................................................................42 13 1. INTRODUÇÃO O leite é uma emulsão obtida em condições naturais, produzido pelas glândulas mamárias das fêmeas, e possui algumas características básicas como: cor branca, ligeiramente amarelada, sabor doce e odor leve. É um alimento indispensável aos mamíferos, nos primeiros meses de vida, quando não conseguem digerir outras substâncias necessárias a sua sobrevivência (BEHMER, 1984). Do ponto de vista físico-químico, o leite é uma mistura homogênea de grande número de substâncias (lactose, glicerídeos, proteínas, sais, vitaminas, enzimas, etc.), e que algumas se encontram em emulsão como é o caso da gordura e substâncias associadas, e outras estão em suspensão (caseínas ligadas a sais minerais), ainda existem as que são encontradas em dissolução verdadeira como: lactose, vitaminas hidrossolúveis, proteínas do soro, dentre outras (ORDOÑEZ, 2005). É considerado um alimento funcional por conter componentes que afetam de forma positiva uma ou mais funções orgânicas. O leite e seus derivados têm propriedades muito particulares que auxiliam na manutenção da saúde e na prevenção de algumas doenças sérias (GAMA, 2006). Também tem uma importância sócio-econômica, por ser uma alternativa de fonte protéica acessível à população de baixa renda, que geralmente é carente em proteína de origem animal (BERTOLI apud BARCELOS, [s.d]). Pelas suas características específicas, o leite permite que a indústria produza diversos tipos de produtos derivados (queijos, manteigas, iogurtes, bebidas lácteas, coalhada, dentre outros.) utilizando diferentes tecnologias. Esses derivados possuem períodos de durabilidades que diferem um do outro, mas todos são armazenados sob refrigeração, por não sofrerem anteriormente algum processo de esterilização, que deixa o produto inócuo, livre de células vegetativas, esporos bacterianos e fungos. O leite por ser um produto muito sensível, não pode ser armazenado em locais com odores estranhos, pois tende a absorvê-los, ficando exposto ao sol seu sabor torna-se diferente e desagradável Behmer (1984), exposto as altas temperaturas, as más condições de higiene durante a ordenha, aos equipamentos e utensílios também mal higienizados, a problemas de saúde do animal, entre outros, são motivos pelo qual a carga microbiana presente aumenta em progressões geométricas, chegando a um número desaconselhável para consumo, se tornando 14 um produto de risco à saúde mesmo submetido ao processo de pasteurização. Isso implica dizer que a qualidade e a conservação dos alimentos estão numa relação direta com a sua carga microbiana (TIMM, 2001). Por sua composição química, o leite é um alimento de extremo valor na dieta humana, mas, pelo mesmo motivo, constitui um excelente meio de cultura para o desenvolvimento de inúmeros microrganismos heterótrofos 1 (ORDOÑEZ, 2005). A flora normal é dita inofensiva à saúde, por participar ativamente de alguns processos físicos, químicos e organolépticos, contamina o leite de forma benéfica. No entanto, o leite também pode ser contaminado por microrganismos indesejáveis, mas com aspecto deteriorador, que provocam alterações de cor, sabor, odor e textura. Por outro lado, quando acontece uma pasteurização inadequada, por falha no equipamento, ou mesmo leite muito contaminado pode desenvolver uma flora anormal, também conhecida como patogênica que causa danos à saúde do consumidor por sua presença no produto ou mesmo pelas toxinas por elas produzidas. Essas substâncias tóxicas são muito perigosas quando ingeridas por indivíduos com baixa imunidade, principalmente crianças, idosos e imunodeprimidos (BEHMER, 1984). O leite percorre um longo caminho até chegar ao consumidor, vai desde as granjas produtoras até à indústria, local onde ocorre todo o seu processamento, originando os derivados laticínios e, ao mesmo tempo uma redução da carga microbiana para níveis aceitáveis. Posteriormente são transportados, com destino aos locais de vendas, para comercialização, em caminhões baús, refrigerados, com temperaturas controladas evitando oscilações nas condições climáticas do veículo onde está submetido às alterações microbiológicas o laticínio. Todos os cuidados existentes nas fábricas, quanto à qualidade dos produtos são estendidos ao comércio varejista no que se referem aos monitoramentos das temperaturas dos balcões térmicos, refrigeradores, freezeres, câmaras, entre outros equipamentos responsáveis pela manutenção da cadeia de frio. O conhecimento das temperaturas utilizadas nos supermercados da cidade de Caruaru nos permite elaborar um parâmetro entre temperatura ideal aliada a uma maior qualidade do produto que está sendo comercializado. A economia é um outro fator decisivo para o produtor. Este precisa associar um baixo custo de produção com um valor de venda de mercado acessível à população e que ao mesmo tempo traga-lhe lucros. Devido a este fator de importante relevância, analisar a consciência dos empresários na relação redução de despesas x laticínio e até onde vai a preocupação com a saúde de quem compra esses produtos é de 1 Heterótrofos: São microrganismos que retiram do alimento os nutrientes para sua sobrevivência. 15 fundamental importância, por se constituir em um problema de ordem de saúde pública onde possíveis infecções que venham a ser ocasionadas pelo comércio de produtos contaminados com linhagens de células bacterianas patogênicas e/ou toxinas aos seres humanos, possam ser minimizadas. Dessa forma, torna-se possível estabelecer uma relação entre Produtor Comerciante - Consumidor. 16 2. OBJETIVOS 2.1 Geral O referente trabalho teve como objetivo verificar as irregularidades que existem, no que se refere a temperatura, na conservação dos leites e derivados nos estabelecimentos comerciais no Município de Caruaru, Agreste Pernambucano. 2.2 Específicos Entender a prática comum adotada pelos comerciantes no acondicionamento de leite e seus derivados; Comparar diferentes metodologias e predizer a melhor forma de manuseio destes alimentos; Verificar se os padrões de conservação destes alimentos atendem às exigências (ou especificações) previstas pelo Ministério da Agricultura; Entender as orientações sobre como manter a qualidade do produto por um maior período de tempo e se são implementadas pelos comerciantes visando manter a saúde humana em perfeita integridade. 17 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Composição do leite O leite é formado no interior da glândula mamária, através de dois mecanismos básicos síntese e filtração, sua obtenção acontece precisamente nas estruturas denominadas alvéolos ou ácinos, a partir do sangue do animal. A água presente no sangue passa direto por filtração, e compostos como aminoácidos, ácidos graxos, glicose e sais minerais são metabolizados dentro da mama sintetizando a proteína, a gordura, a lactose e os minerais do leite (VALSECHI, 2001). Quimicamente o leite é uma mistura complexa, constituída de substâncias orgânicas e inorgânicas. Tanto o sabor como o aroma depende, principalmente, da composição química, porém, outros fatores como absorção de odores estranhos, ação de microrganismos e decomposição química, determinados pelas condições ambientais às quais o leite pode ser exposto após sua obtenção terão influência marcante sob essas características organolépticas (OLIVEIRA, 1986). Segundo Madrid (1996), o leite é definido como um produto íntegro, não alterado nem adulterado e sem colostro, higienicamente ordenhado, de procedência regular, completa e ininterrupta das fêmeas mamíferas, domésticas, sadias e bem alimentadas. É muito importante ter bem entendido a composição do leite, uma vez que ajuda o produtor a aumentar seus lucros através do planejamento da lactação, que só pode ser feito se antes acontecer o efeito da alimentação, do manejo reprodutivo e da genética sobre a lactação. Esse conhecimento também é importante para a indústria processadora, que depende da manipulação das suas características físicas e químicas para elaboração de diferentes produtos lácteos, assim como garantir a qualidade. Sua viscosidade é duas vezes maior do que a água, de natureza opaca, de sabor ligeiramente adocicado e de odor pouco acentuado; sua composição varia de acordo com a espécie, a raça, a individualidade, a alimentação, o tempo de gestação e muitos outros fatores. Em média, está formado por 7/8 de água e 1/8 de substâncias sólidas, o que se denomina 18 Extrato Seco Total e representa uma parte nutritiva do leite (VALSECHI, 2001). Este, por sua vez, é dividido em lipídeos e sólidos totais não gordurosos (SNG), que contêm as proteínas, glicídeos (lactose) e sais minerais (cinzas). Além desses compostos encontram-se, em quantidades bem menores, vitaminas, enzimas, gases CO 2, O2, N2, compostos nitrogenados não protéicos (amônia, aminoácidos, uréia) e traços de alumínio (Al), zinco (Zn), manganês (Mn), ferro (Fé), cobre (Cu) e iodo (I) (OLIVEIRA, 1986). As tabelas 1, 2 e 3 mostram as diferentes composições dos leites em cinco espécies de mamíferos, sendo possível comparar as calorias para cada 100 gramas, as proteínas, as gorduras, os hidratos de carbonos, a água são discriminados em percentuais para cada 100 gramas e o cálcio e as vitaminas em miligramas para cada 100 gramas (MANUAL DA INDÚSTRIA DOS ALIMENTOS, 1996). Tabela 1 Composição do leite de diferentes espécies (calorias) Calorias Mulher Vaca Ovelha Cabra Égua 76 68 104 75 47 FONTE: Manual da Indústria dos Alimentos (1996) Tabela 2 Composição do leite de diferentes espécies (macronutrientes) Mulher Vaca Ovelha Cabra Égua Proteínas 1,1 3,3 5,5 3,8 2,1 Gorduras 4,5 3,6 7,0 4,3 1,7 Hidratos 7,6 4,8 4,3 4,6 6,1 FONTE: Manual da Indústria dos Alimentos (1996) tabela 3 Composição do leite de diferentes espécies (micronutrientes) Mulher Vaca Ovelha Cabra Égua Cálcio 35 140 207 138 102 Vitamina A 0,7 0,03 0,06 0,04 0,02 Vitamina C 5,0 1,0 3,0 2,0 10 FONTE: Manual da Indústria dos Alimentos (1996) Podemos perceber um maior nível calórico no leite de ovelha devido a um alto teor de gorduras, um maior teor de carboidratos no leite da mulher, e um maior teor de cálcio e de vitamina A e C nos leites de ovelha, da mulher e de égua, de acordo com o observado nas 19 tabelas 1, 2 e 3, respectivamente. Referente à tabela 2 os resultados estão de acordo com (MADRI, 1996). A água é o componente que representa o maior percentual no leite, cerca de 88% Vieira (2005), e é onde se encontram dissolvidos, suspensos ou emulsionados os demais componentes do leite, já a matéria gorda é a fração de maior valor e mais variável do leite apresentando-se entre 1,5 a 7,0%, com uma média para diversas procedências de 3,5% Behmer (1984), e dá origem a manteiga através da batedura do creme resultante do desnate do leite, que rompe as membranas protetoras permitindo a união dos glóbulos formando o produto (GUIMARÃES, 2003). A indústria também a utiliza na produção de creme de mesa, queijo, sorvete, etc. Enquanto as proteínas são bastante utilizadas na confecção de queijos, representa quase o mesmo percentual quantitativo que a gordura no leite de vaca. A lactose é originada da glicose sanguínea, o tecido mamário isomeriza a glicose em galactose e liga-a a outra molécula de glicose para formar uma molécula de lactose (MADRI, 1996). Só existe a lactose como açúcar livre em quantidades importantes em todos os leites, também é o componente mais abundante, o mais simples e o mais constante em proporção. É comum encontrar em proporções compreendida entre 45 e 50g/litro, ela pode ser um fator limitante da produção de leite, visto que as quantidades de leite produzidas pela mama dependem das possibilidades de síntese de lactose, além de ser considerada o componente lábil diante da ação microbiana, pois é um bom substrato para as bactérias, que a transformam em ácido láctico (ORDOÑEZ, 2005). Associando-se aos macronutrientes, as vitaminas e os minerais também fazem parte da estrutura do leite. Os sais correspondem a 0,7 % do total e encontram-se no estado coloidal ou em dissolução (moléculas e íons). Os elementos cálcio (Ca), sódio (Na), potássio (K) e o magnésio (Mg) são os principais elementos, sendo o Ca e o fósforo (P) elementos fundamentais para a estrutura da micela das caseínas, o Mg também pode ser destacado ajudando nesta função e juntos promovem a estabilidade da fase coloidal. Já as vitaminas, são compostos orgânicos essenciais para as reações metabólicas específicas que não podem ser sintetizadas por células dos tecidos humanos, muitas agem como co-enzimas ou como parte de enzimas responsáveis por promover reações químicas essenciais (KRAUSE, 1998). O leite é uma boa fonte de algumas vitaminas como ácido ascórbico, tiamina, riboflavina, vitamina A, sendo importante o seu consumo diário associado a outros alimentos para atender as necessidades nutricionais recomendadas. 20 3.2 Propriedades do leite As propriedades do leite são determinadas pelas substâncias químicas que fazem parte da sua composição e encontram-se em diferentes estados de dispersão (solução verdadeira, parcialmente em solução verdadeira, dispersão coloidal e emulsão), sendo a água o meio dispersante (OLIVEIRA, 1986). No processo de fermentação os macronutrientes (proteínas, gordura e açúcares) sofrem hidrólises parciais, tornando o produto de fácil digestão, sendo considerado agente regulador das funções digestivas (ALAIS, 1985; ÇON, 1996; MANZANARES et al., 1996 apud RODAS, 2001). De acordo com Valsechi (2001), as proteínas são substâncias indispensáveis à construção dos tecidos, ocupando um lugar de destaque na nutrição dos homens e animais. São responsáveis pela coloração esbranquiçada e opaca do leite, também são facilmente identificadas na coagulação do leite por formarem uma massa branca que é utilizada na fabricação de queijos. São constituídas por frações solúveis (albuminas, globulinas e enzimas) presentes no lactosoro e insolúveis (caseína) que representam cerca de 27g/l e são facilmente degradadas por todas as enzimas proteolíticas por se apresentarem na forma de micelas de fosfocaseinato de cálcio. Podem ser separadas por ultracentrifugação devido a pesos moleculares diferentes. A diferença significativa que existe entre a fração protéica solúvel da insolúvel, é que a primeira pode ser coagulada pelo calor e não é coagulada pelas enzimas e coalho do animal o oposto acontece com a fração não solúvel onde a caseína é coagulada pelo coalho animal e enzimas e não consegue ser coagulada pelo calor (tabela 4). Tabela 4 Diferenças de coagulação das frações protéicas Frações protéicas Coagulantes Coalho de animal e enzimas Calor coagulantes Proteínas solúveis (albuminas, Não Sim Sim Não globulinas e enzimas) Proteínas insolúveis (caseína) FONTE: Dados brutos As proteínas do leite se apresentam num percentual médio de 3,0%, valor, mas fixo que o da gordura por oscilar entre 3 e 6%, que por sua vez é o componente mais rico do leite, forma uma emulsão relativamente estável, constituída por glóbulos de pequenos diâmetros, bem distribuídos e cobertos por uma membrana protéica protetora que isolam as 21 duas frações: uma solúvel e a outra insolúvel em solução aquosa. A matéria gorda esta constituída por cerca de 99,5% de compostos lipídicos subdivididos em lipídios simples, lipídios complexos e ácidos graxos livres e 0,5% de compostos lipossolúveis constituídos por colesterol, vários hidrocarbonetos, vitaminas lipossolúveis e alguns álcoois (VALSECHI, 2001). A massa gorda do leite é a principal matéria-prima para as indústrias fabricarem manteiga, além de outros produtos de laticínios como gelados de leite e natas de fantasia por possuir a propriedade de realçar as características organolépticas dos produtos. Os glicídeos do leite são essencialmente constituídos pela lactose, cujo percentual fica em torno de 4,6% Behmer (1984), portanto, é o componente em maior abundância, também é o único glicídeo livre existente em quantidades significativas no leite, sua principal origem está na glicose do sangue Ordoñez (2005). Outra via de origem da lactose é através dos ácidos graxos voláteis, é uma via que foi descoberta e comprovada só em ruminantes e tem pouca importância. Fisiologicamente, a lactose é hidrolizada por via enzimática, pessoas que possuem deficiência na produção de lactase, enzima que degrada a lactose em glicose e galactose, são intolerantes à lactose e tem sérios problemas gastrointestinais. A lactose permanece no intestino e age osmoticamente para retirar água de dentro dele e ainda existem as bactérias presentes no tratogastrointestinal que fermentam a lactose não digerida, formando ácido láctico e outros ácidos orgânicos, dióxidos de carbono e gás hidrogênio gerando transtorno e mal-estar a essas pessoas (KRAUSE, 1998). Indivíduos com deficiência dessa enzima não se recomenda o consumos de produtos a base de leite, com exceção dos iogurtes, onde as bactérias lácticas já fazem à degradação da lactose. A lactose é um açúcar pouco solúvel quando comparado com a sacarose; no entanto sua solubilidade aumenta com o calor e 11% do açúcar encontram-se ligado a proteína por que a lactose não está inteiramente ligada em dissolução (VALSECHI, 2001). Quando a lactose é aquecida formando uma solução concentrada e posteriormente resfriada, ela cristaliza, propriedade muito utilizada na produção de açúcar originada do lactosoro do leite. Algumas propriedades podem ser destacadas também como: ação edulcorante (se dá pelo sabor levemente adocicado, do ponto de vista dietético é uma vantagem por tornar possíveis alimentos lácteos), o ácido láctico é formado através do ataque das bactérias lácticas na lactose. Outra característica importante é ser redutora e promover o escurecimento não enzimático (reação de Maillard), que se dá pela caramelização do açúcar pelo calor, ou seja, durante o tratamento térmico do leite, produz-se a decomposição da lactose, dando lugar a 22 compostos ácidos (ácidos acéticos, fómicos, pirúvicos e levúlico), hidroximetil furfural, álcoois, redutonas e grupos aldeídos (ORDOÑEZ, 2005). Esses compostos são reativos e podem originar outras substâncias coloridas, quando estão livres da lactose reagem com moléculas nitrogenadas, desencadeando a reação de escurecimento. As bactérias juntamente com os fungos correspondem aos principais microrganismos utilizados no processo fermentativo e na elaboração de outros subprodutos, sendo por isso, ótimos agentes com elevado potencial biotecnológico. A lactose é o único açúcar do leite e é responsável pelo sabor adocicado, para a indústria leiteira a propriedade mais importante é a fermentação láctica, ela acontece de forma controlada, por ação de bactérias homofermentativas que só produz ácido láctico ou heterofermentativas que produz outros ácidos além do láctico, esse processo se dá pela transformação da lactose em quatro moléculas de ácido láctico de peso molecular menor. Existem outras fermentações (propiônica e butírica) que têm importância igualmente considerável para a indústria Ordoñez (2005), motivo pelo qual a qualidade da maturação de queijos na indústria, depende da forma de como se faz a degradação da glicose em galactose (VALSECHI, 2001). Na fermentação láctica a caseína é desdobrada pela ação do ácido láctico produzindo a coagulação do leite muito utilizada na produção de queijos, além de outros produtos como os iogurtes que são bons exemplos desse processo e dos leites fermentados, na butírica os microrganismos atacam a gordura e produz ácido butírico, quando há produção de ácido propiônico, secundariamente, ácido acético e gás carbônico é conhecido como fermentação propiônica (BEHMER, 1984). Alguns alimentos têm características que são conhecidas como probióticas, o iogurte é um exemplo, pois contém culturas vivas, essas culturas são compostas por microrganismos exclusivos benéficos a saúde e nutrição, esses iogurtes podem estimular o sistema imune, podem destruir patógenos, prevenir osteoporose. É no sistema digestivo que esses microrganismos florescem e onde seu efeito antibiótico age para combater inflamações, assim como proteger o intestino de toxinas. Podem-se citar também os altos níveis de prostaglandinas liberadas quando ingeridos iogurtes vivos, essas substâncias podem prevenir o aparecimento de diarréias, principalmente crianças e o melhor benefício é quanto a prevenção de câncer de cólon, por interromper a transformação de agentes químicos nocivos em agentes carcinogênicos (MARTINS, 2004). Os sais minerais e as vitaminas também merecem destaque, apesar das funções de todos estes minerais não estarem completamente definidas, alguns minerais são conhecidos como essenciais, apesar de quantidades tão pequenas, sua deficiência pode ser igualmente ou 23 mais prejudicial do que de um mineral necessário em quantidades maiores (KRAUSE, 1998). O cálcio, por exemplo, é responsável pela formação e manutenção dos ossos e dentes, enquanto o Na+ e o K+ estão diretamente envolvidos no balanço iônico dos líquidos corpóreos. 24 3.3 Microbiologia do leite e seus derivados O leite é um alimento importantíssimo na dieta humana, é muito nutritivo, e pelo mesmo motivo constitui um excelente meio de cultura para o desenvolvimento de grande variedade de microrganismos heterótrofos que como os homens utilizam os princípios nutritivos presentes nesse alimento (ORDOÑEZ, 2005). As bactérias e fungos (leveduras e mofos) estão presentes em todos os ambientes, são seres conhecidos como microrganismos que se alimentam dos componentes do leite, levando prejuízo para indústrias e consumidores (DÜRR, 2005). Dentre eles, os que mais se destacam são as bactérias, sua diversidade é maior, e se adaptam muito bem as diferentes faixas de temperaturas. Essa microbiota pode ser dividida em grupos como: psicrotróficas2, mesófilas3, termófilas4 e termodúricas5. As bactérias são seres vivos microscópicos unicelulares, de 0,4 a 30 microns de tamanho, se multiplicam pela divisão simples e rapidamente, ou seja, a cada vinte ou trinta minutos um ser dá origem a dois e em onze horas pode-se ter 10 milhões de células a partir de uma, essa condição vai depender de alguns fatores como: disponibilidade de nutrientes, de água, ph, temperatura, entre outros (MADRI, 1996). Algumas espécies de bactérias apresentam a capacidade de criar um esporo de resistência quando submetida à elevadas temperaturas, garantindo a sua sobrevivência. Em relação a microbiota fúngica, as leveduras, seres unicelulares de dimensões maiores que as bactérias, têm a capacidade de se propagar através da emissão de micélios, que correspondem a uma forma de propagação vegetativa dos fungos no ambiente (MADRI, 1996). Segundo Behmer (1984), todo e qualquer microrganismo encontrado no leite, observado do ponto de vista biológico constitui uma anormalidade o que segundo Ordoñez (2005) mesmo tendo os melhores procedimentos de higiene na ordenha com animais saudáveis e armazenamento na granja, sempre irá conter uma série de microrganismos, cuja taxa é muito variável 10³ e 106 Unidade Formadora Colônia/ mililitro (UFC/mL). A ação de alguns desses microrganismos é benéfica ao homem, dentre eles tem-se como exemplo os Streptococcus thermophilus e o Thermobacterium bulgaricum são culturas muito utilizadas na fermentação de alguns iogurtes, que possuem culturas vivas compostas de microrganismos exclusivos, responsáveis pelos benefícios a saúde (MARTIN, 2004). 2 Psicrotróficos: Microrganismos que têm como meio ótimo de sobrevivência temperaturas baixas. Mesófilas: Microrganismos que têm como meio ótimo de sobrevivência temperaturas ambientes. 4 Termófilas: Microrganismos que se multiplicam em temperaturas acima de 63°C. 5 Termodúrico: Bactérias que resistem ao processo de pasteurização por formarem esporos. 3 25 Por outro lado, a contaminação do leite pode acontecer de várias formas: durante a ordenha, no processamento com equipamentos inadequados, devido à falta de higiene dos recipientes, do estado de saúde dos animais, entre outras (FERRAZ, 2001). A contaminação proveniente do ordenhador tem mais importância por dois motivos: ela acontece em número variável e existe o risco eminente da contaminação patogênica. Alguns microrganismos podem causar intoxicações, por deixar no alimento substâncias tóxicas, ou toxi-infecções originadas pelas toxinas e/ou pelas próprias células vegetativas e até mesmo infecções graves que provocam sintomas mais agressivos. Algumas bactérias psicrotróficas desenvolvem a temperatura logo acima do ponto de congelação, sua ação é lenta, mas na refrigeração ocorre inibição das bactérias mesófilas, dando oportunidade para seu desenvolvimento, não são resistentes ao tratamento térmico, mas produzem enzimas que degradam os componentes do leite com atividades lipolíticas e proteolíticas que prosseguem suas atividades mesmo após a pasteurização por terem resistência térmica Porto (1998), desse modo, mesmo após a destruição das bactérias psicrotróficas através dos processos térmicos, as enzimas que elas produziram durante seu crescimento continuam a agir, destruindo proteínas e gorduras do leite (PASSOS, 2003). Sendo assim, a ação enzimática desses microrganismos causa danos aos produtos como: redução da vida de prateleiras dos produtos lácticos e do rendimento industrial na fabricação de queijos (perda da consistência na formação do coágulo), alteração do sabor e odor do leite e geleificação (gelatinização) do leite longa vida. A falta de higiene durante a manipulação dos equipamentos e utensílios da ordenha promove um excelente meio para o desenvolvimento das bactérias psicrotróficas e mesófilas (lácteas e coliformes). Qualquer microrganismo pode contaminar o leite, mas algumas bactérias se adaptam muito bem as condições de nutrientes e temperatura que o leite e/ou derivados oferecem, um bom exemplo disso, são as bactérias psicrotróficas, que podem contaminar os produtos lácteos através da água de qualidade inadequada, são constituídas por microrganismos Gram-negativos dos gêneros Pseudomonas, Flavobacterium, Alcaligenes, etc. e Gram-positivos dos gêneros Bacillus, Clostridium, Streptococcus, Lactobacillus, Microbacterium spp. etc. (PINTO, 2006). As Brucellas são bactérias Gram-negativas de grande resistência vital e essa qualidade justifica a sua elevada capacidade epidemiológica, são resistentes aos processos de fermentação ácida, se mantendo em derivados lácteos, mas em contra partida não são resistentes a pasteurização (EVANGELISTA, 2002). As bactérias do gênero Pseudomonas crescem rapidamente entre 4-6 °C e apresentam as maiores taxas de crescimento, também se tornam predominantes no leite 26 armazenado a 4°C por mais de 8 a 11 dias Passos (2003), mas não tem relevância se os valores não ultrapassarem 107 UFC/mL. São bactérias que se multiplicam muito bem nas baixas temperaturas, sendo que algumas delas são termodúricas, o que permite sua sobrevivência ao processo de pasteurização (FONSECA, 1998). A contagem microbiana de psicrotróficas para fabricação de produtos é baseada na literatura, por não existir no Brasil uma regulamentação específica para tratar da qualidade microbiológica do leite cru utilizado na fabricação dos produtos lácteos, portanto, não é recomendado utilizar leite cru com contagem de psicrotróficas superior a 5,0 x 106 UFC/mL. Já as bactérias mesófilas se multiplicam em temperaturas por volta dos 35°C, não são termodúricas, têm o ambiente e a manipulação do homem como maiores fontes de contaminação, podem ser potencialmente patogênicas, tais como Sthaphylococcus aureus e Escherichia coli ou ter caráter deteriorante como as lácticas, pois metabolizam a lactose presente no leite em ácido láctico, que em quantidades elevadas altera a acidez do leite por reduzir o pH em torno de 4,6 e promover a precipitação da caseína (coagulação), mas por outro lado essa mesma propriedade é muito utilizada na indústria de laticínios, na produção de alguns produtos derivados do leite. As temperaturas por volta dos 8 a 10°C, conseguem deter o crescimento das bactérias mesófilas. Os microrganismos termófilos crescem acima de 65ºC, desta maneira a temperatura de tratamento do leite condiciona as espécies que se desenvolvem nele e apresenta o mesmo problema no outro extremo da escala termométrica. Temperaturas por volta de 63ºC, utilizadas nos tratamentos térmicos, são insuficientes para destruir alguns microrganismos termófilos e todos os termodúricos que sobrevivem à pasteurização em número suficiente, não se multiplicam a essas temperaturas, mas podem contaminar objetos mal higienizados e recontaminar de forma intensa o leite que for manuseado nesses utensílios, mas o que torna mais preocupante é que essas bactérias pertencem a diferentes espécies ou gêneros (PORTO, 1998). Ainda pode estar presentes na microbiota do leite, a forma esporulada de alguns microrganismos dos gêneros Bacillus e Clostridium, que podem ter duas origens uma com o leite esterilizado e outra com os queijos duros e semiduros. A pasteurização não fornece temperatura suficiente para destruir esporos, em determinadas condições, podem germinar e proliferar-se, gerando gás como um dos produtos resultante do seu metabolismo, principalmente nos queijos. Na década de 1980, nos Estados Unidos, houve um surto de Listeria monocytogenes, pelo consumo de leites e derivados não pasteurizados, é uma bactéria transmitida pela alimentação, produtos pasteurizados guardados por tempo mais ou menos 27 prolongado, voltam a detectar-se algumas Listeria, talvez devido a uma revitalização e ao crescimento posterior ou simplesmente ao crescimento de um número muito reduzido de bactérias sobreviventes. O que está claro é que esse microrganismo cresce em temperaturas de refrigeração. Alguns trabalhos recentes informam que a L. monocytogenes é um microrganismo resistente à pasteurização, mas existem outros também que divergem quanto à eficácia da pasteurização, dizem que as temperaturas de 71,7ºC por 15 segundos destrói eficazmente o microrganismo (ORDOÑEZ, 2005). A Instrução Normativa n° 51 (IN51), de 18 de setembro de 2002, determina regulamentos técnicos de produção para os diferentes tipos de leite A, B, e C, sendo admitidos valores diferentes de contaminantes para cada mililitro de leite produzido. A taxa inicial do leite ordenhado de um animal saudável é de aproximadamente 10 3 UFC/mL, que se multiplica imediatamente podendo chegar a um fator 104 UFC/mL ou mesmo 105 UFC/mL se o leite é obtido com alguma higiene, caso contrário se não forem respeitadas as condições mínimas de higiene o número de bactérias pode ultrapassar o nível de 10 6 UFC/mL (ORDOÑEZ, 2005). A tabela 5 mostra os microrganismos separados por suas respectivas particularidades. Tabela 5 Principais bactérias que podem contaminar o leite e suas características Psicrotróficas Bactérias Gram-positivo ou Produtos da Interesse para negativo degradação indústria -Ácido láctico -Iogurte, queijos de - Pseudomonas spp Negativas - Bacillus spp Positivas - Listeria spp - Lactobacillus spp Positivas - Clostridium spp Positivas Homofermentativas - Streptococcus thermophilus Positivas massa cozida. - Lactobacillus deebruckii subsp. Positivas -Ácido láctico Mesófilas bulgarucus - Lactobacillus lactis -Iogurte, nata fermentada, etc. Positivas -Ácido láctico -Queijos duros de massa cozida. Heterofermentativas - Leuconostoc mesenteroides Positivas subsp. cremoris - Leuconostoc mesenteroides subsp. Dextranicum Positivas -Ácido láctico, -Queijos, acético, álcool manteigas, etílico e CO2. fermentada. -Ácido láctico, acético, álcool -Kefir nata 28 etílico e CO2 Termorresistentes Homofermentativas - Enterococos -Ácido láctico Heterofermentativas - Microbactérias -Principalmente ácido láctico -Clostridium (esporos) FONTE: Tecnologia de Alimentos (2005) Positivas -CO2 -Nenhuma 29 3.4 Conservação do leite e seus derivados nos estabelecimentos comerciais A conservação pode ser definida como métodos ou processos a que é submetido o leite e os seus derivados e que lhes permita manter por mais longo tempo as suas qualidades iniciais, podendo ser seguido por agentes físicos ou por meio de conservadores químicos (OLIVEIRA, 1986). Os processos de conservação empregados aos produtos visam impedir que haja transmissão de doenças ou distúrbios causados por ação de microrganismos através da inibição do crescimento e metabolismo bacteriano ou eliminação da carga contaminante. É importante a manutenção de uma baixa velocidade de multiplicação da microbiota tanto do ponto de vista industrial como de saúde pública, pois os processos de beneficiamentos e industrialização visam sempre à destruição total ou parcial dos microrganismos presentes no leite, no entanto, não são totalmente eficientes, principalmente quando a carga microbiana é muito alta OLIVEIRA (1986), sendo as práticas mais utilizadas na conservação são: manipulação asséptica, calor, baixa temperatura, desidratação, pressão osmótica, produtos químicos e radiações. O armazenamento por refrigeração utiliza temperaturas acima do ponto de congelação e essas temperaturas são usadas como meio de conservação básica ou temporária. As baixas temperaturas são utilizadas para retardar as reações químicas, a atividade enzimática, inibir ou retardar o crescimento e a atividade dos microrganismos nos alimentos. Quanto mais baixa for a temperatura mais reduzida será a ação química, enzimática e o crescimento microbiológico. Durante a refrigeração, a temperatura das câmaras onde se encontram os produtos a conservar não é tão baixa e quase nunca inferior a 0ºC, obtendo-se assim uma conservação por dias ou semanas, dependendo do produto (GAVA, 1982). Quando o leite sai do úbere da vaca, sua temperatura é favorável à multiplicação, motivo pelo qual é necessário criar rapidamente condições que inibam a proliferação, em geral é feito pelo resfriamento rápido do leite. Alguns parâmetros podem influenciar na proliferação das bactérias durante o armazenamento do leite cru como: microbiota inicial, temperatura e tempo de armazenamento (ORDOÑEZ, 2005). As bactérias que fazem parte das culturas lácteas, além de exercer a função de fermentar o leite para fins industriais também são utilizadas para aumentar a vida de prateleira dos produtos lácteos, pela formação de componentes metabólicos (ácido láctico, ácido propiônico, diacetil e substâncias antagonistas) que exercem efeito inibitório nas bactérias Gram-negativas responsáveis pela deterioração, em produtos como os iogurtes à acidez chega 30 aos valores de 3,6 a 4,2 e o produto fica relativamente estável (MARTINS, 1988, VEDAMUTHU, 1988, VOSNIAKOS, 1991 apud RODAS, 2001). Uma diminuição de 10ºC pode deter o crescimento de alguns microrganismos e retardar o de outros, pelo fato de cada microrganismo possuir uma temperatura ótima de crescimento e uma temperatura mínima, onde não podem multiplicar-se e à medida que vai decrescendo, o ritmo e crescimento também diminuem, sendo mínimo na temperatura de crescimento mínimo, no entanto a atividade metabólica continua, ainda que lentamente, até certo limite. O frio associado a outras técnicas de conservação, é muito utilizado na manutenção da qualidade dos produtos conservados, mesmo sendo um processo bastante caro porque o produto deve ser mantido em baixas temperaturas desde sua produção até o seu consumo, e sempre obedecendo à cadeia de frios (GAVA, 1982). O calor é um excelente meio utilizado para conservação microbiológica dos alimentos e a pasteurização é a mais utilizada, visa eliminar a microbiota patogênica e reduzir a deteriorante do leite Porto (1998), pode ser rápida quando utiliza temperaturas entre 72 ºC a 76 ºC, e o tempo menor, de 15 a 20 segundos Valsechi (2001) ou pode ser lenta quando a temperatura utilizada fica entre 63ºC a 65ºC durante 30 minutos (PORTO, 1998). A pasteurização lenta elimina 95% da microbiota enquanto o tratamento térmico rápido eliminar a flora microbiana em 99,5% da carga bacteriana, na esterilização são utilizadas temperaturas muito mais altas entre 135ºC a 150ºC por 2 a 8 segundos, e neste caso são eliminadas toda a flora (100%), incluindo os esporos, os microrganismos patogênicos, os capazes de proliferar durante o armazenamento, aumenta a vida de prateleira e não necessita refrigeração quando a embalagem não é aberta para consumo (PORTO, 1998). De acordo com a IN51, o leite Tipo A deve ser refrigerado logo após a ordenha a 4°C, depois da pasteurização a refrigeração deve ocorrer imediatamente a 4°C. O leite envasado deve ser depositado rapidamente em câmaras frigoríficas e mantido à temperatura máxima de 4°C. O leite tipo B é aquele que pode ser mantido pelo período máximo de 48h, em temperatura igual ou inferior a 4°C, que deve ser atingida no máximo 3h após a ordenha e transportado a indústria para ser processado com temperatura igual ou inferior a 7°C. Depois da pasteurização deve ser refrigerado na temperatura igual ou inferior a 4°C e envasado, sua expedição deve ser conduzida no máximo a 4°C, mediante acondicionamento adequado e sua chegada aos pontos de venda não deve ultrapassar 7°C. O leite tipo C pode ser entregue ao estabelecimento beneficiador na temperatura máxima de 10°C e ser transportado para outra indústria, no momento do seu recebimento, temperatura igual ou inferior a 7°C, visando processamento final. Os leites tipo A, B e C após a pasteurização devem apresentar 31 enumeração de coliformes a 30/35°C menor que 0,3 NMP/mL (Número Mais Provável/mililitro) da amostra. Segundo Gava (1982), a temperatura utilizada para conservação esta diretamente ligada a qualidade do produto, assim, a 5ºC um produto poderá ser conservado por 5 dias, ao passo que, a 15ºC, poderá ser deteriorado em 1 dia e a temperatura escolhida depende do tipo de produto, do tempo e das condições do armazenamento. Como exemplo, a tabela abaixo trás duas empresas e alguns de seus produtos com suas respectivas temperaturas de conservação. Tabela 6 Temperaturas recomendadas para leites e derivados pelos respectivos fabricantes Produtos Temperaturas recomendadas para conservação Batavo Nestlé Bebida láctea morango 1º a 10ºC (fechada35dias) ----- Iogurte a base de queijo petit suisse 1 a 10ºC (fechada 35dias) Até 10°C Iogurte natural integral com mel / frutas 1º a 10ºC (fechada 45dias) Até 10°C Iogurte natural integral / desnatado 1º a 10ºC (fechada 35dias) Até 10°C Leite fermentado desnatado 1º a 10ºC (fechada 60dias) Até 10°C em pedaços Leite pasteurizado Leite aromatizado UHT 1º a 7ºC (fechada 5 dias) Ambiente até 22ºC (fechada / 180 dias) Leite UHT Ambiente (fechada / 120 dias) Manteiga extra com sal / sem sal 1º a 10ºC (fechada / 90 dias) Queijo prato light 1º a 10ºC (fechada / 180 dias) Requeijão ----- Até 10°C (aberto consumir em 8 dias) FONTE: BATAVO e NESTLÉ, (2008) As câmaras de refrigeração devem ser projetadas de uma forma que não permitam oscilações superiores a 1ºC, sendo necessário fazer um bom isolamento e conhecer os fatores que podem fornecer calor ao ambiente (GAVA, 1982). 32 4. MATERIAL E MÉTODO 4.1 Amostragem A cidade de Caruaru fica localizada a 130 km de Recife, capital pernambucana, tem um porte médio para municípios do interior e sua economia é baseada no comércio e na informalidade, possui uma população em torno de trezentos mil habitantes, no entanto seus supermercados ainda se encontram em número reduzido e não são tão diversificados. Foram escolhidos os três maiores supermercados da cidade, todos com o mesmo padrão econômico, ou seja, com as mesmas condições de armazenamento e exposição dos produtos (leites e derivados) à venda. Os estabelecimentos foram identificados nas figuras abaixo como supermercados A, B e C. Figura 1 - Equipamento de exposição à venda do supermercado A Figura 2: Equipamento de exposição à venda do supermercado B Figura 3: Equipamento de exposição à venda do supermercado C 33 4.2 Coleta de dados Foram coletadas temperaturas dos equipamentos dos supermercados A, B e C (figuras 4, 5 e 6), durante quatro dias seguidos (15, 16, 17 e 18 de setembro de 2006) e quatro vezes por dia (10h, 13h, 16h e 19h), com intervalos de três horas entre cada coleta, também respeitando sempre os mesmos horários que começavam pela manhã e finalizavam no final do dia. O mesmo aconteceu com as coletas das temperaturas dos produtos pelo termômetro DELLT modelo DT-625 (figuras 7 e 8) que foram utilizados os mesmos critérios, ou seja, nos mesmos dias e nos mesmos horários e com o mesmo intervalo de tempo que as medidas anteriores. Os leites e derivados foram escolhidos de forma aleatória para medição das suas temperaturas e os mais utilizados foram os saquinhos de leite de qualquer tipo e as bebidas lácteas. Todos os valores foram anotados numa planilha de coleta de dados. A validação da calibração do termômetro foi feita com um copo de gelo, onde o ponto de congelamento da água se dá a 0ºC. Figura 4: Termômetro da cadeia de frios do supermercado A Figura 5: Termômetro da cadeia de frios do supermercado B Figura 7: Termômetro dellt (modelo dt-625) utilizado na coleta de dados Figura 6: Termômetro da cadeia de frios do supermercado C Figura 8: Termômetro dellt (modelo dt-625) utilizado na coleta de dados 34 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras abaixo fazem uma comparação entre as temperaturas dos equipamentos e as dos produtos aferidas pelo termômetro DELLT (modelo DT-625) encontradas em diferentes horários, nos supermercados da cidade de Caruaru, Pernambuco. Pode-se observar nas figuras 9 e 10, que nos intervalos de tempo das 10h e 13h, o supermercado C apresentou as melhores temperaturas, para conservação no equipamento, em todos os dias, variando entre -8ºC e 3ºC, que por sinal essa temperatura negativa refletiu diretamente na temperatura do produto, oferecendo assim, a melhor temperatura de armazenamento (2,3ºC), neste dia e nestes horários, resultado que se encontra mais de acordo com o recomendado pelos fabricantes e pela legislação que estabelece os métodos de conservação de alimentos. Segundo o código de defesa do consumidor (2004), todo o produto deve trazer informações claras, precisas e em linguagem portuguesa, sendo que os rótulos de alimentos devem indicar principalmente prazo de validade e a forma de conservação, entre outras. Instruções essas, que servem para garantir a qualidade do produto e a saúde do consumidor. Por outro lado, o supermercado A obteve os maiores valores de temperatura do equipamento 3ºC a 5ºC, no entanto, o termômetro DELLT verificou nos produtos, valores bem acima, variando em 8,1ºC, 8,5ºC e 9,3ºC, temperaturas muito próximas do máximo (até 10ºC) recomendado para conservação de produtos lácticos refrigerados pelos fabricantes. O supermercado B não apresentou disparidade muito significativa entre as temperaturas do seu equipamento e a aferida nos produtos pelo termômetro, ficando numa média de 2ºC essa diferença. 35 10 9,3 8,5 7 8 66,1 6 4 3 4 4 Graus Celsus 33 2,3 2 8,1 7,9 5,75,5 44 3 5 6,2 5,6 4 3 Sup. A 0 Sup. B -2 Sup. C -4 -6 -8 -8 Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T /1d /1d /2d /2d /3d /3d /4d /4d Figura 9: Comparações das temperaturas de leites e derivados no intervalo de 10h às 10h 50 min 12 10 10,3 8 Sup. I Sup. II Sup. III 6,5 Graus Celsus 6 4 5,3 3,9 3 33,1 2 2,5 1,7 3,1 2,6 2,2 0 Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Figura 10: Variações das temperaturas entre termômetro e equipamento no intervalo de 10h às 10h 50 min 36 10 9,3 8 8 6 6,4 5 6,15,7 5 4 4 4 2,3 Graus Celsus 2 8 8 6,15,9 44 6,4 5,2 5 4 3 2 2 Sup. A Sup. B 0 Sup. C -2 -4 -6 -6 Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T /1d /1d /2d /2d /3d /3d /4d /4d Figura 11: Comparações das temperaturas de leites e derivados no intervalo de 13h às 13h 50 min 9 8,3 8 7 6 Graus Celsus 5 4 3 4,3 3,7 2,4 2 3 2,1 44,2 4 2,9 2,7 3 Sup. I Sup. II Sup. III 1 0 Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Figura 12: Variações das temperaturas entre termômetro e equipamento no intervalo de 13h às 13h 50 min As figuras 9 e 11 se destacaram negativamente dos demais por apresentarem as maiores temperaturas coletadas pelo termômetro DELLT (12,8°C), que se deu no supermercado A, isso implica dizer que este produto deveria ser descartado uma vez que possui todas as condições para promover o processo de deterioração, em um espaço de tempo muito pequeno. Na primeira verificação, demonstrou que ao longo do dia, as temperaturas dos equipamentos pouco variaram o que não aconteceu com as temperaturas dos produtos aferidos 37 pelo termômetro DELLT que a cada aferição foi observada uma elevação e nas demais verificações os valores continuaram altos, mas numa pequena variação. 14 12,8 12 10 8,1 7,8 8 Graus Celsus 6,56,3 6 7,9 6,36,2 66,1 66 5 44 4 44 3 44 3 Sup. A Sup. B Sup. C 44 3 2 0 Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T /1d /1d /2d /2d /3d /3d /4d /4d Figura 13: Comparação das temperaturas de leites e derivados no intervalo de 16h às 16h 50 min 8 8 7 6 5 3 3,9 3,8 Graus Celsus 4 2,5 2,3 2 3 2 3,1 22,1 3,2 Sup. I Sup. II Sup. III 2,2 1 0 Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Figura 14: Variações das temperaturas entre termômetro e equipamento no intervalo de 16h às 16h 50 min 38 12 11,1 10 8,1 8 6,25,9 Graus Celsus 6 4 44 8,1 5,95,7 44 3 8 65,7 5,95,8 5 Sup. B 4 3 33 Sup. A 33 Sup. C 2 0 Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T Tem E Tem T /1d /1d /2d /2d /3d /3d /4d /4d Figura 15: Comparação das temperaturas de leites e derivados no intervalo de 19h às 19h 50 min 8 7 7,1 6 5 4,1 Graus Celsus 4 3 2 2,9 2,2 2,7 1,9 4,1 2,9 2,8 33 2,7 Sup. I Sup. II Sup. III 1 0 Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Variações temperaturas Figura 16: Variações das temperaturas entre termômetro e equipamento no intervalo de 19h às 19h 50 min 39 6. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estabelecimentos comerciais no Município de Caruaru mesmo apresentando uma boa estrutura física, não estão seguindo as normas adequadas de manutenção do leite e de produtos derivados. A falta de fiscalização pode ser um dos grandes fatores que contribuam para à má estocagem dos produtos o que pode comprometer diretamente a qualidade da saúde da população que se utiliza destes alimentos nas respectivas unidades de venda. A manutenção da temperatura recomendada pelos fabricantes é a garantia da qualidade de seus produtos. Se tais condições não são observadas em estabelecimentos comerciais de Caruaru considerados de médio a grande porte, é necessário que se leve em consideração que pequenos comerciantes apresentam condições mais precárias de armazenamento dos produtos. A presença de possíveis patógenos e deteriorantes tornam uma realidade a veiculação de doenças alimentares de forma mais acentuada na população, levando à graves infecções. Medidas de prevenções tornam a qualidade dos produtos totalmente salutar à população sem causar danos à saúde, uma vez que, as características dos produtos não seriam alteradas por falta de temperatura adequada, seu tempo de vida útil seria maior e os produtos estariam fora da possibilidade de fazer algum mal à saúde do consumidor. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELOS, S. S. et. al. 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Atenciosamente, ____________________________________ Sybelle de Oliveira Sales Nutricionista CRN6ª 4483 45 A B QUINTA Supermercados Data Hora Temperatura do Equipamento Temperatura do Termômetro A B SEXTA Supermercados Data Hora Temperatura do Equipamento Temperatura do Termômetro A B SÁBADO Supermercados Data Hora Temperatura do Equipamento Temperatura do Termômetro Supermercados Data Hora Temperatura do Equipamento Temperatura do Termômetro A B DOMINGO ANEXO B - Dados Coletados para Elaboração do TCC: Temperaturas de leites e derivados expostos à venda nos supermercados A, B e C