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Relatório de Haia
I - A situação da segurança no trabalho do Partido em 1954.
Fui para Pernambuco em maio de 1954. Entrava de olho fechado no aparelho da escola do C R , onde foi realizado a 1^ Curso Stalin e a Conferência Regional do IV Congresso do Partido, em julho.
Nesse periodo, sucederam dois casos ligados á segurança dos aparelhos
do CR.:
0 15 caso foi ligado a casa onde eu residia junto com a familia do
motorista do C R , Um belo dia de julho ou agosto o citado motorista alegou
que fora seguido por um tira desde as proximidades da casa até o centro da
cidade. 0 secretaria_do decidiu que eu devia mudar-me e depois mudamos a
familia do motorista para outra casa.
O 25 caso foi logo a seguir. 0 mesmo motorista do C R . advertiu-nos
que na bodega existente perto da Escola, se comentava sobre o número de ho
mens que entravam e saiam de dentro do carro e o que haveria na casa: jogo
ou mulheres? No dia seguinte o mesmo bodegueiro advertia o motorista: "Caia
f(5ra dessa casa rapaz, antes que seja tarde"! Nessa noite o secretariado
(Matos, Pompeu e Tome), se achava no aparelho e decidiu fazer uma retirada
dos 16 alunos da 2a. turma do curso Stalin e do secretariado, retirando todo o material e 4 armas. Isso foi feito facilmente nessa noite. Decidimos
abandonar a casa e, depois, dias depois, um cidadão foi bater na casa dizendo desejar alugá-la e se podia vê-la. A companheira da casa não permitiu
e o cidadão fci-se embora. No dia seguinte a familia de Antônio que cobria
essa casa, mudou-se para outro aparelho no bairro do Cordeiro e deixamos a
chave com um bodegueiro vizinho e 3 colchões para o c. Melo (legal) que mora
em Iputinga, perto do aparelho citado. Mas o c. Melo não foi lá e nos infor
mou, ao saber que a chave estava com o bodegueiro, ser este um arq.que da
Policia»
Depois o secretariado discutiu e concluiu que tinha havido falta de
vigilância de Pompeu, Nei e Jíntonio^ que eram os conhecedores e moradores
da casa (entravam com pacetões de pães, corroças de mantimentos, carros saiam até" 2 vezes por noite era bairro operário, os vizinhos olhavam a casa com
as luzes de suas casas apagadas e pelas frestas das portas, e t c ) .
Uns 3 meses depois desse fato, recebemos a seguinte informação colhida
nuna festa da burguesia: "um cidadão estrangeiro dono de um pulacete em Itaputinga dizia numa roda: "os comunistas são danados. Sem eu saber, alugaram
minha casa, entravam e saiam com carros cheios de homens e, quando a policia desconfiou e mandou lá um observador, eles não o deixaram entrar. Quando uns dias depois a policia voltou para entrar á força, eles já haviam se
mudado, desaparecido e, deixaram s<5 3 colchões velhos".
Discutimos a situação do aparelho de Iputinga e consideramos que o aparelho de Cordeiro não oferecia segurança pois, podia-se ter trazido algum
rabo. Decidimos o seguinte:
a) manter um aparelho totalmente novo, s<5 aproveitando o carro do antigo. Para isso mudamos a placa 2 vezes e mandamos pintá-lo de outra cêr.
b) afastar o motorista e ligá-lo á produção.
c) colocar a tarefa de por e tirar gente nos aparelhos, diretamente sob
a responsabilidade do 1$, 2^ secretários e do encarregado de educação. Os
três aprendemos a dirigir.
d) regularisar as entradas e saidas do carro para não despertar atenção dos vizinhos.
e) levando em conta a curiosidade dos vizinhos, que podiam de lua apagadas perceber nossas entradas e saidas, os que entrassem ou saissem no carro, com exceção do olheiro, deviam ir deitados ou sentados no fundo do carro e nos acentos e cobertos com um cobertor.
f) isolar o comerciante U. que era o fiador do aparelho e que poderia
ficar sendo controlado pela policia.
Alugamos um aparelho novo, em Olinda, em outubro de 1954, no qual permanecemos até outubro de 1955, quando findou o contrato. Nesta casa nao hou I
ve nenhum problema serio de segurança e tudo correu bem. 0 Gabriel conheceu
essa casa em outubro de 1955.
II) Alguns fatos que feriram a segurança em 1954/55t
a) Em junho de 1954, antes do caso de Iputunga, eu pedi ao comerciante U.,
que havia sido ponto de chegada do C.C., que me fornecesse nomes de antigos
militantes, para montar alguns aparelhos. Ele me deu apenas um elemento:
apelidado Manoel do Queijo, dono de um varejo de queijo no oitão da farmácia dê Encruzilhada.
Esse Manoel forneceu um quarto na casa dele, que foi utilizado muito pou
co (duas vezes) para chegada do interior (Goiana). Ao todo eu tive uns 10
encontros com esse Manoel, principalmente, durante o movimento dos ambulantes . Agora, em outubro de 1955, a c. França de Campo Grande, fez uma critica a mim, ao saber que eu me ligava com Manoel do Queijo. Segundo ela, esse cidadão é policial desde 1947, já espionou Ana e espiona ainda e, é ligado ao agente do S. Secreto do Exercito, Jeronimo Calheiíps, que como Manoel
do Queijo reside em Campo Grande.
Esse Jeronimo é o tipo que em 1952/53 penetrou no Partido e fez as provocações da queda do C M . Recife e denuncia contra Alencar e Quintino.
b) Relações com o deputado socialista Francisco Julião: 0 Partido tem relações com ele há muitos anos. E' o presidente do Maip e foi eleito com o mes_
mo apoio nas eleições suplementares de 1954. 0 nosso tesoureiro Pericles mo
ra na casa dele. Em abril de 1955 eu fui com Pericles discutir com ele a
unidade de ação com os socialistas e a indicação da candidatura Pelopidas
pelo P.S.B. Daí em diante tive mais uns 3 contatos com ele e uns 7 ou 8 com
a mulher dele.
Em agosto de 1955, mais ou menos o Kmerico me disse o seguinte: 0 que levei
ao conhecimento do secretariado: íisee Américo: "fui ao escritório do Julião
e lá encontrei o Galhardo (tira do S. Secreto do Exército) e o Siqueira
(chefe do S.S. do Exército) conversando com o Julião. Não sei se estavam
como amigos ou inimigos do Julião. Mas quero lembrar que o Julião foi o
advogado do desquite de Galhardo. E' verdade também que no processo de
Agliberto o Julião forneceu muitas informações sobre a podridão do Galhardo para desmascará-lo no processo".
Convém lembrar o seguinte: Galhardo é muito ligado com o tal Jeronimo Calheiros; o mesmo Julião, foi agora o intermediário entre os coronéis e nós,
em novembro de 1955; - Uma mocinha, filha de Julião, disse uma vez ao Pericles que eu tinha "fala de sulista.
BR AM, l\0 Jfr.C ÉSl, ACP.L/i, p.4> *
c) Em junho ou julho de 1955, o c. Tome foi seguido por um tira na rua Tob.ias Barreto. Quem o avisou foi o c. Fernandes (atual tesoureiro do C R . ) .
d) em janeiro de 1955: Antônio e Luiz foram denunciados á Policia por um trai
dor de uma O.B. de Água Fria, mas escaparam.
e) em abril de 1955: Luiz foi seguido desde Moreno até Campo Grande por um
tira e livrou-se sem ser preso.
f) em junho de 1955: na Escola do C.Z. Recife, o c. Antônio, sem ordem do
C.Z. ou do CR., permitiu a um vizinho desconhecido que guardasse sua caminhonete no quintal da escola. Daí o vizinho começou a entrar e sair do
nosso quintal sem bater e, um dia, até* um soldado da Policia Militar veiu
buscar a caminhonete.
Apesar do secretariado do C R . ter mandado suspender o uso dessa casa e ordenado a mudança, depois caimos em liberalidade e permitimos a realização
de 2 cursos de 7 dias e lá guardávamos as vezes, os carros. S<5 depois do
começo de novembro abandonamos essa casa.
g) em agosto de 1955: a policia seguiu mas não prendeu os camaradas Jorge,
Antônio, Diogo e Inácio, dirigentes do C.Z. Recife. Depois, quando preso,
disseram isso ao Diogo e o local, onde uma caminhonete da policia perto de
uma ponte do canal Madalena - Tacaruna.
h) Na campanha eleitoral de 1955, em setembro, Matos e o assistente do C C .
foram a alguns comicios de J.J. e dirigiram alguma orientação por bilhetes
aos camaradas no palanque. No comicio de S. Amaro, É| tiras já haviam se
aproximado de Matos.
i) em setembro, os jornais noticiaram que uma casa suspeita em Tijipió (on
de era deposito de uma casa comercial), foi varejada pela policia que julgou ser uma escola comunista, em vista de que chegavam carros com homens,
tarde da noite. Isso nos alertou que a policia continuava nos caçando ativamente.
j) em fins de outubro de 1955: o c. Fernandes (tes. do
por um simpatisante que a maçonaria estava colaborando
F.B.I. e Inteligence Service. Que havia 5 tiras do FBI
nham já localizado uma casa do Partido pelas pontas de
C R . ) foi informado
com a Policia, o
e 3 do IS e que ticigarro.
l) dias depois essas mesmas informações nos chegaram de outra fonte: o sogro
maçon do nosso encarregado de paz. Achamos que podia hver verdade no caso
e concluimos que não podia ser a casa da av. 17 de agosto (que caiu), porque nela estávamos a uns 3 ou 4 dias. Decidimos que o C.Z. Recife entregasse a casa deles bastante usada e o C D . Porto, abandonasse a casa deles no
bairro de Boa Vista. 0 c. Luiz foi o locatário dessa casa do C.Z. Recife e
depois foi o locatário da nossa casa, escola do C R . que caiu.
j m) fins de outubro de 1955: o nosso advogado C nos informou o seguinte:
; "Um conhecido dele, de S.S. do Exército, disse-lhe: n<5s sabemos que vocês
B« W, KO X<5.0. 6Sl, KP. L/3L, ^ 5
estão realizando cursos e que levam os alunos num carro vermelho e o motorista ê uma mulher".
Só* usamos um carro vermelho, de um amigo, duas noites em maio ou junho de
1955 e a mulher do Nei foi como olheiro.
Concluimos que talvez nesses dias tenhamos levado ou tirado da casa algum
elemento policial infiltrado que não conseguiu localizar a casa, mas viu
o carro e a mulher. Nao conseguimos lembrar quem entrou ou saiu nesses dias.
Então resolvemos começar a examinar as biografias dos camaradas que passaram pelos cursos, para ver se conseguiamos achar algum suspeito. Tome estava fazendo isso.
n) novembro de 1955: um cidadão mal vestido veiu procurar o Sr. Ivo (Luiz)
na casa da escola. Foi atendido pelo componês que não nos avisou na hora,
para investigarmos o tipo. Picou de voltar e não voltou. Estranhamos o fato,
pois Ivo não era conhecido ali, mas concluimos que talvez tenha sido enviado pela dona da casa para reformas no prédio.
o) Contato com o Estado Maior da 7a. R.M.
Em 14/15 de novembro, se não me engano, o deputado Juliao falou ao Pericles
que os coronéis do E. Maior da 7a. R.M. haviam mandado se congratular com
ele pela posição tomada no apoio ao governo Nereu-Lott e que desejavam falar com ele. Ofereceram a casa do cel. Viriato de Medeiros, mas Juliao não
quiz e, então combinaram que ele iria ao Q.G. da 7a. R.M. Poi recebido lá
pelos coronéis Luiz Guedes, Castelar e outros que já informei o nome. Esses oficiais o levaram ao gal. Sousa Dantas que contou suas atividades de
"revolucionário" de 1930, etc.
Depois de haver estado no Q.G. o deputado Juliao passou pelo escritório de
um amigo dele, coronel reformado, que lhe perguntou: "o que achaste do general? Soube que você veiu de lá agora". Juliao dizia então, que esse amigo dele, coronel, talvez fosse do S.S.
Diante desses fatos, resolvemos mandar a moça vir aqui informar a situação
e mandar um legal ir falar com o cel, Guedes. Designamos o c. Pericles, 0
Juliao foi 6 intermediário e como não conseguiu localizar o cèl. Guedes, p£
diu o auxilio (o endereço) do cel. Guedes, a esse amigo dele, cel. reformado. 0 cel. Guedes recebeu o Pericles comovPartido. Botamos o Edgar um pouco
longe para ver se havia por f<5ra algo de anormal, mas nadahouve. 0 cel.
Guedes disse que era socialista, que acompanhava o desenvolvimento do mundo, que lia no momento,vURSS e USA", que no Estado Maior sd havia 2 golpistas (cel. Braulio Guimarães e outro), que iam pô-los para fora, etc. Disse
que com mais movimento de massa se poderia por Cordeiro para fora, que o
gal. Hasquet Hall se estivesse em Recife em 11 de novembro teria prendido
Cordeiro e, finalmente, que se houvesse novos contatos não fosse com pessoas muito queimadas.
Durante a conversa, chegou ao hotel Lido (onde mora) um cel. médico da Aeronáutica que entegou ao Cel. Guedes, o documento do M.M.C. e disse que o
BR
f
\
>xq.o.*sr,KP.L/a.lp.t
pessoal havia gostado, retirando-se»
0 cel. Guedes disse que esse módico-cel. era o ponto de apoio para ganhar
os oficiais da Aeronáutica. Com a chegada do assistente do ClC. (A) suspendemos esse contato.
p) Provocações pelo "Jornal Pequeno" e de Es:r%r.jijfdo Marrequim; Em fins de
novembro, o "Jornal Pequeno" disse: "que o deputado Clodom|>r Morais andava
dando uns f<5ra na Assembléia e que seria criticado pelo Partido. Que nao
havia aproveitado as aulas do curso Stalin e que o professor simpático, cul
to e fanático, parecido com o senador Jarbas Maranhão (Nei, nota de Matos),
iria criticá-lo no próximo ponto".
Alguns dias depois o jornalista EsmaragojoMarroquim, disse ao Clodomir na
Rádio J. do Comércio: "Eu sei que vocês andam passando por cursos e que
vão cobertos pom um cobertor no carro". Este detalhe do cobertor para a
policia, só podia ser fornecido, por alguma das pessoas que haviam entrado na casa nessa condição; tivemos então suspeitas de alguns camaradas e
começamos a examinar com mais atenção os seguintes: Jornalista Seabra. (nos
7 dias do curso Stalin, pediu e ficou separado com outro jovem num pequeno
quarto separado. Entrou para o P. em setembro de 1955» Disse para o Tome
que eu era o tipo do paulista; o sapateiro da UJC, ex-operário de Rio Tinto e o camponês Juvenal, agora no Agreste, ambos alunos do curso Stalin e
presos em setembro. Não foi cia ra a posição deles e parece que o sapateiro se abriu; um baixote, operário da construção civil, de Cavaleiro, Jaboatão, que não quiz fechar os olhos no carro; um velho ferroviário de Jaboatão, Miranda, que teima em manter amizade com um tira.
Eu pessoalmente, tendo ainda poucos dados, tenho a impressão que Julião 4
do Serviço Secreto.
,
q) dezembro de 1955: dois cidadãos vieram se oferecer para vacinar o cachor
ro na casa da escola. Mandei o camponês sair para compras, para ver se eles
iam me oferecer noutras casas e já tinham desaparecido. Desconfiamos disso
e, decidimos que era preciso prestar atenção ás mínimas coisas que sucedessem, não as considerando casualidades.
r) Aviso do ex-deputado F. Lacerda: Entre 15 e 20 de dezembro avisou açc.
Rosa que tomássemos cuidado, porque indo ao Palácio do governo, viu um relatório do S. Segurança, que informava que por poucos minutos não havia sido preso em Campo Grande, o Matos, paulista e enviado para Pernambuco pelo
C.C. De fato eu estive em Campo Grande, entre 1 e 7 de dezembro para me encontrar com Osmar e depois com Tomo e Fernandes. Mas nenhum de nós 4 viu
nada de anromal. Eu me encontrei com Osmar na área da casa do tal Jeronimo,
que não conhece nem eu nem Osmar. Concluimos que talvez Manoel do Queijo ou
esse Calheiros, por indicação do 12, nos viu & foi telefonar para a R.P.,
e neste tempo desaparecessem nos becos do Hipodromo antigo. Decidimos: eu
só andar á noite e não ir mais a Campo Grande.
s) em dezembro de 1955: mais ou menos dia 20, eu.cheguei a pé, na casa da
escola á noite (cerca de 19 horas) e notei um careca, c£rca de 1,70 mts.
de altura, 40 anos, terno de linho, cara comprida e barba cerrada, sentado
num murinho a uns 20 metros do portão da casa, e como que esperando lotação. Mandei o camponês sair para controlá-lo de longe e uma meia hora depois ele tomou um lotação. 0 camponês informou que esse tipo Ifinha uma
mulher na Ia. rua transversal e que duas noites ele havia passado pela cal,
cada do quarteirão da casa com essa mulher. Também o camponês informou que
uma tarde esse tipo junto com um gordo passara em frente a casa e como que
havia apontado a casa ao gordo.
t) Ultimo encontro de Matos com o Prefeito em 26/12: Ele, prefeito, arranjou a casa de um parente, eu cheguei antes e saí antes. Quando saí o carro
dele, com chofer que não sabemos quem é, me viu.
III - Minha viagem
Viajei para cá no dia 29/12 com os 3 c. dos estados vizinhos. Antes de
viajar eu me sentia preocupado com as coincidências que ocorriam em torno
daquela casa, mas ainda não estávamos convencidos que ela se achasse sob.
vigilância da policia. Isso porque, entre 18 e 24 (se não me engano) realizamos nela um ativo com 14 camaradas e o assistente do C.C. e nada de anormal houve. No dia 29 eu e os 3 vizinhos dos CC.RR. viajamos e nada houve.
Recomendei ao Tome e ao pessoal da casa cautela e que dessem importância aos pequenos fatos. A Tome recomendei que se fosse necessário não realizasse o curso em janeiro e procurasse outra casa. Disse-lhe que em minha
volta não iria dire\to para a Escola.
IV - A escola que caiu: Situada na Av. 17 de agosto, 428. Parnamirim.
Alugada em 30/10/55. Caiu em 7/1/56. Locatário oficial: Ivo Valença. Mudança
bem feita. Todo o material escolar foi transportado nos carros para não cha
mar a atenção dos caminhões.
Terreno de 100 x 30 metros, mais ou menos. Muitas arvores, pouco visível da rua, entrada "boa para carro egarage nos fundos. Paredes de 40 a 50
cms. De um lado oitão livre, de outro lado, os fundos de quintais de algumas casas.
0 ponto débil da casa: tinha uma sala de jantar que dava com 2 janelas
e uma porta numa área interna de 8 x 3 metros. 0 vizinho abrira antes de
nós morarmos lá, 5 ventiladores para refrescar um quarto dos fundos da casa
dele. Pedimos para tapar sob pretexto de utilizar a área interna. Mas o
dono procurou o Ivo e o Misael indiciou a ele que Ivo trabalhava na Fabrica
Peixe. Esse cidadão foi procurá-lo e não o encontrou.' Resolvemos então recuar nessa questão e intensificar a procura de outro aparelho.
5* AM,£»0 i°\ O.ÍSI, Ac?. L/l, p.6
Nessa casa nenhuma noite o carro saiu depois de 21 horas para não chamar a atenção. Moravam na casa: Pompeu e Maria (camponezes), Matos, Misael
(ene. de educação) Lindalva (mulher de Misael),todos do Partido, e mais 3
crianças menores de 4 anos filhos de Misael. Além dessas conheciam a casa:
Tome, e Luiz (Ivo). Tome tinha um quarto na casa. Ivo s'o ia na casa por
tarefa do secretariado.
V - Os presofr. do dia 7/1:
Segundo os jornais (que não falam das 2 mulheres e 3 crianças):
1) Hugo Ferreira (Tome) - 25 secretario
2) Antônio Pereira da Silva (Misael), ene. educação, assistente PcJ Torre.
3) Ivo Valença (luiz) assist. fça. Macacheira e motorista do C.R.
4) camponês Pompeu (fazia vigilância externa, tipo de jardineiro, etc.)
5) Aristides (Natanael em Alagoas). Parece que foi o único que capitulou.
71 - Os presos depois da queda da casa:
Os jornais (I,P.) noticiaram a prisão dos seguintes camaradas (todos
eles são legais e quasi todos tem mais de 5 ou 6 prisões, Hão frequentemen
te presos):
1) Manoel José Silva - Pres. sind. Carris
\
2) Ramiro Justino - ex-vereador
) ,,
, ^
< Pernambuco
3) Elizer Pinto - transviário
< Tranway
4) Amaro Silva - 12 secret. Tranway e membro do O.Z. Redife )
5) Ivaldo Melo Medeiros, estudante, ex-araque, ê da C.F. do C.R.
6) Antônio José Dantas, da C.P. do C.R.
7) Pedro Renaux Leite, ex-vereador, encarregado campo do C.R.
8) Elias - Este ê o único não queimado. E' o 2- secret. da Fabrica da Torre. Tanto Tome, Ivo como Antônio Pereira conhecem a casa dele e sabem que
a casa de 1^ secret. da Paulista ê pegada a dele. Porissçxé" bem acompanhar para ver se não está havendo delação.
VII - 0 material que a policia deve, possivelmente, ter apreendido:
a) politicos - Atas da O.B. e CC.DD. e CC.ZZ. e da Conferência Regional do
IV Congresso.
Anotações sobre as ultimas discHSsões do C.C. e do secretariado do C.R.
Informes e atas das últimos plenos do C.R.
Anotações para o balanço da campanha eleitoral de 1955.
Relatórios sobre cursos SXJÍSEXXÍXXSUÍM realizados.
BiiAio,eiotfvo.«i/c'>-J-/2.,p.*
Um pacote com anotações do IV Congresso do Quintino e uma
carteira falsa dele, como fotografia.
Todas as aulas do curso Stalin e do c. de 7 dias.
Anotações sobre as empresas têxteis para um folheto e sobre a ferrovia,
4 ou 5 pacotes de materiais velhos do tempo do Alencar que
devia ir para a pasta.
*
b) Orgânico
Biografias dos cursos Stalin e de 7 dias e antigas do tempo de Alencar. Parte dela não pode ser identificada. Só" 4
ou 5 talvez tenham o nome legal.
Estrutura do partido - Proposta ao C.C. que Pompeu deve ter
trazido cópia. A outra cópia ficou com Tome.
Os efetivos do P. - Eram anotadas por Tome. Não sei se esse
material estava na escola,
-
«
c) Finanças
d) Segurança
Antes de viajar deixei na escola o esboço dos balancetes
de 1955, para bater á maquina no regresso. Neles estão os
nomes de guerra dos funcionários.
Talão de cheques - 25.000,00 depositados num Banco em nome
de Ivo Valença. Os cheques estão assinados em branco para
se poder retirar em emergência.
Relação de amigos - Deixei uma relação de amigos do C.R,
Os nomes estão incompletos e com letras nossas misturadas,
dificil de entender.
-
Tomo tinha as senhas do interior, Rio (Almirante Tamandaró)
e João Pessoa (Maroquinhas Ramos).
Carteiras falsas: eu deixei lá uma com fotografia minha de
1945 e nome: José Cavalcante de Melo; outra minha sem fotografia como taifeiro: JoBé Párias de Oliveira; uma carteira de assalariado agricola Inácio, um carimbo do Gabinete de Identificação.
e) Bens materiais Deve ter caido o carro e o jeep, ambos^ii nome de Ivo Valença. Valor 70.000,00 e 112.000,00. f R a pagar 17.000,00
do jeep.
A maior parte da biblioteca do C.R. e da Escola. Coleções
de Problemas, Voz, Folha do Povo, D. Popular, I, Popular
e muitos jornais burgueses e recortes,
2 rádios e 1 ventilador
16 camas de ferro e muitos outros móveis que valem mais
de dez mil cruzeiros.
Um mimiografo.
3 armas.
ú
•
Estes os dados que posso fornecer camaradas.
Quanto as detalhes de como foi a queda e porque, eu ignoro. Só* os informes de lá é* que podem esclarecer e então poderei dar uma opinião. Talvez que as informações deste relatório sirvam de subsidio para estudar a
questão e se tirar conclusões,
Isso entretanto, não quer dizer que se exclua minha responsabilidade.
Os quadros lá sofrem grande influência de minha atuação e assimilam tam
bem, infelizmente, os meus defeitos. E 1 provável que eu seja, apesar de
longe, o maior responsável pelo ocorrido.
"
~ ~
, — • —
0 que 8B passos do dia 7/1 conhecem do Nordeste
/
Tome* e Misael conhecem todos os 3 primeiros secretários da Paraiba,
R.G-. Norte e Alagoas. Mas nenhum dos presos conhece bem o R.G.N.
0 ponto de chegada do R.G.N. é* conhecido só pelo Misael, que conhece
os secretários do C.R, do R.G.N,, uma vez que estava lá no R.G.N.
A Paraiba ê bem conhecida do Misael que é de lá e pelo Toma mais ou
menos,
Alagoas - 0fljisaele Tome* conhecem o ponto de chegada atual (que ê um
hotel legal).
Acho que o R.G.N. e Paraiba podiam voltar entrando pelo sertão o
camarada da Paraiba (via ônibus Fortaleza, Cajazeiros, Oampina Grande). 0
do R.G.N. podia entrar por Mossoró. Ambos podiam ir ,no avião Salvador -Paulo
Afonso - Fortaleza.
Acho que o maior perigo existe no camarada Barreto, de Alagoas, pois
o tal Aristides, do Rio Largo, traiu segundo a "I,Popular" e deve tê-lo denunciado,
Acho que deve aguardar informações de Alagoas,
Quanto a mim, penso que com a chegada do nosso c, poderão decidir.
J. Maia 23/1/56.
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