XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da
Informação – EREBD
Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014
DESVENDANDO A CATALOGAÇÃO DE DOCUMENTOS SONOROS
NA RÁDIO UNIVERSITÁRIA (106, 9 FM)
GT 5: Organização e Representação da Informação e do Conhecimento
Modalidade: Comunicação Oral
MENDONÇA, Tatiane da Silva1
COSTA, Andreza Luiza Souza Coutinho2
NASCIMENTO, Janaina Bianque do3
RESUMO
A prática do processo de catalogação para a organização e recuperação de documentos
sonoros na Rádio 106,9 FM da Universidade Federal do Maranhão. Contextualiza a
catalogação no universo da representação da informação, conceituando-a como um processo
de descrição minuciosa do documento, seja ele em qualquer suporte, que tem como produto
os catálogos manuais ou automatizados. Explica que a catalogação pode ser feita tanto com os
documentos convencionais quanto em materiais especiais ou multimeios, e estes últimos são
considerados como documentos que precisam de algum tipo de instrumento para o manuseio,
uso e acesso às informações audiovisuais, sonoras e iconográficas contidas nestes, visando a
sua organização e recuperação pelos usuários. Caracterizado como um estudo exploratório e
explicativo, com dados obtidos a partir de visita técnica in loco, esta pesquisa objetiva
compreender o processo de catalogação dos materiais sonoros na Rádio Universitária, bem
como enfatizar a importância do bibliotecário nos mais variados campos da representação da
informação, uma vez que este profissional é o principal responsável por manter os acervos
dinâmicos e acessíveis aos usuários.
Palavras-chave: Catalogação. Documentos sonoros. Profissional bibliotecário.
ABSTRACT
The practice of cataloging process for the organization and retrieval of documents in Sound
Radio 106.9 FM, Federal University of Maranhão. Contextualizes cataloging the universe of
information representation, conceptualizing it as a process of detailed description of the
document, be it in any medium, whose product catalogs manual or automated. Explains that
cataloging can be done with both conventional and documents in special materials or
multimedia, and the latter are considered as documents that need some kind of tool for
handling, use and access to information audiovisual, sound and iconographic contained in
these, seeking their organization and retrieval by users. Characterized as an exploratory and
explanatory, with data obtained from technical visit in loco, this research aims to understand
the process of cataloging sound materials in University Radio, as well as emphasize the
importance of the librarian in various fields of information representation, since this is the
1
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Maranhão. E-mail: [email protected]
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Maranhão. E-mail: [email protected];
3
Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Maranhão. E-mail: [email protected]
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main professional responsible for maintaining the collections dynamic and accessible to
users.
Keywords: Cataloging. Sound documents. Librarian.
1 INTRODUÇÃO
A Rádio Universitária (106,9 FM) está localizada no Campus Universitário do
Bacanga - UFMA, na Ilha de São Luís, sob a direção de José Arnold da Serra C. Filho Diretor-executivo. Ela atua na sociedade como uma rádio educativa, oferecendo produtos que
fomentam a cultura maranhense, favorecendo a valorização desta pelos cidadãos. E, ainda,
atua como um dos polos mais importantes na formação dos profissionais de comunicação da
UFMA, ao caracterizar-se como um laboratório profissional-educativo. Diante deste
pressuposto, propõe-se a realizar um estudo, de cunho exploratório, para conhecer como se
caracteriza o processo de organização e recuperação dos produtos de áudio e som da rádio,
entendendo que tais documentos são imprescindíveis para difusão da cultura e da educação
maranhense por meio das programações da rádio universitária 106,9 FM.
Como objetivo geral, pretende-se identificar as principais fontes de informação
disponíveis na rádio e as características do processo de organização destas informações pelos
profissionais envolvidos na sua programação, lembrando que a rádio universitária caracterizase como um instrumento social de propagação da cultura, fortalecimento de ações educativas
e afirmativas para a comunidade ludovicense.
A construção deste trabalho consistiu-se em dois momentos. No primeiro buscou-se
contextualizar e conceituar a Catalogação num âmbito geral e a catalogação específica para os
materiais especiais, com ênfase nas gravações sonoras, onde se apresentou os principais tipos
sonoros e suas respectivas regras de descrição, conforme o Código de Catalogação AngloAmericano (AACR2). Já o segundo momento caracterizou-se pela apresentação
contextualizada da visita orientada à Rádio Universitária, confrontando-se o que foi
observado com o que a literatura relata.
O desenvolvimento do tema "Desvendando a Catalogação de documentos sonoros na
Rádio Universitária, (106, 9 FM)", foi realizado a partir de uma revisão de literatura, o que se
caracteriza como uma pesquisa de cunho bibliográfico, segundo a qual as informações são
consultadas geralmente em fontes impressas, como livros ou em meio eletrônico, no caso de
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artigos disponibilizados em bases de dados ou repositórios. Como enfatiza Gil (2002, p. 44)
ao considerar que “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” É caracterizada também
como um estudo de cunho explicativo que, conforme Costa (2001, p. 62) "[é uma pesquisa
que] busca esclarecer que fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de algum
fenômeno" – e, neste caso, buscou-se compreender como os documentos sonoros que
constituem o acervo da Rádio Universitária estão sendo organizados.
Como embasamento teórico, foram utilizados estudiosos da área, tais como: Pazin
(1993), Mey (1995), Perota (1997), Ribeiro (2004), Mey e Silveira (2009, 2010), Miranda e
Garbelini (2011), Pereira e Moraes (2009) e o próprio AACR2 (2004).
2
ENTENDENDO
A
CATALOGAÇÃO
DE
MATERIAIS
ESPECIAIS:
contextualização histórica e conceitual
A ideia de organizar a informação de modo a propiciar a sua recuperação é uma
prática bastante antiga. Há pesquisadores como Mey (1995) que indicam que as primeiras
informações bibliográficas que caracterizavam a descrição física foram encontradas em
escavações hititas, onde foram localizados tabletes que identificavam o número do tablete em
uma série, o título do documento e algumas vezes o nome do escriba. Fala-se ainda das
escavações da biblioteca do rei assírio Assurbanipal, em Nínive, onde localizaram tabletes
que registravam o título do documento, o número do tablete ou volume, as primeiras palavras
do tablete seguinte, o nome do possuidor original e o nome do escriba. Mas é no século III e II
que a ideia de catálogo se intensifica, pois um sábio de Alexandria, conhecido como
Calímaco, o qual fora considerado o primeiro bibliotecário, cria um catálogo denominado
Pinakes que indicava o número de linhas de cada obra, as suas palavras iniciais e os dados
bibliográficos sobre os autores. Daí em diante há muitos registros sobre os catálogos. Por
exemplo, no século XVIII há a criação do primeiro Código Nacional de Catalogação que
explicava como devia ser feita a descrição dos documentos. No século XIX o bibliotecário
Anthony Panizzi cria seu próprio código com 91 regras e Charles Ami Cutter publica o Rules
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for a Dictionary, Regras para um catálogo dicionário, e elaborou também um código de
catalogação que explicava o uso e o porquê das regras.
Muitas iniciativas para regulamentar a descrição e organização dos documentos foram
propostas,
Dentre essas iniciativas, em 1961 a “Conferência Internacional sobre Princípios de
Catalogação”, realizada em Paris, patrocinada pela UNESCO e organizada pela
IFLA, apresentou propostas que levaram inicialmente à publicação do Código de
Catalogação Anglo-Americano (Anglo-american Cataloging Rules-AACR), em
1967. Como resultados mais importantes nos anos subsequentes, estão as
reformulações de códigos nacionais de catalogação com base em regras
internacionais. (CÓDIGO..., 2004, p. v).
Em 1967, o então Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR) é publicado e
surgiu também o formato MARC, contudo vale ressaltar que, até então, o foco da catalogação
era, tão somente, a organização dos documentos, e é só neste século que o foco passa a ser o
usuário e suas necessidades informacionais, o que possibilitou a este localizar e recuperar de
forma ágil e eficiente os documentos disponíveis nas Unidades de Informação.
Mas o que realmente compreende a Catalogação, quais são suas características e qual
o seu objetivo?
Conforme Mey (1995, p. 5), "Catalogação é o estudo, preparação e organização de
mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou em
vários acervos, de forma a permitir a interseção entre as mensagens contidas nos itens e as
mensagens internas dos usuários." Ou ainda, é "[...] a operação que consiste na descrição dos
dados bibliográficos associados a um documento (descrição física), num suporte (ficha,
registro informático) com a finalidade de o identificar para posterior recuperação (pesquisa),
com rapidez e precisão." (BIBLIOTECA..., 2011, p. 21). Em outras palavras, a catalogação é
o processo de descrição de um documento a partir da análise e estudo deste, de modo a
propiciar sua organização nos acervos e permitir a sua recuperação pelos usuários finais.
A catalogação dar-se segundo princípios normalizados e regras internacionalmente
estabelecidas. Esta utiliza, ainda, uma linguagem catalográfica dotada de semântica e sintaxes
próprias, tendo por propósito a elaboração e atualização de produtos catalográficos. (MEY;
SILVEIRA, 2010).
Nesse contexto, salienta-se que a catalogação segue as diretrizes descritas no AACR2
(2004) para fornecer a representação única e precisa dos documentos, tendo por produto final
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a elaboração de um catálogo que consiste em "[...] um canal de comunicação estruturado, que
veicula mensagens contidas nos itens, e sobre os itens, de um ou vários acervos,
apresentando-as sob forma codificada e organizada, agrupadas por semelhanças, aos usuários
desse(s) acervo(s)." (MEY, 1995, p. 9), e estes podem ser manuais ou automatizados,
lembrando que é por meio dos catálogos que se consegue mensurar a quantidade de
documentos existentes sobre determinado assunto, título ou autor em uma Unidade de
Informação.
A Catalogação inicia-se pela leitura técnica do documento (este convencional ou
especial), no qual as informações necessárias para este processo devem ser retiradas da Fonte
Principal de Informação do documento, na seguinte ordem: página de rosto e outras páginas
que a antecedem, capa, colofão, encartes, apêndices, anexos, glossários, bibliografias,
contêiner, após este passo indica-se seguir as regras descritas nos códigos de catalogação.
Compreende-se que a Catalogação tem por objetivo principal fornecer uma
representação fiel do documento para possibilitar a sua recuperação, nesta perspectiva
entende-se que
A representação descritiva [Catalogação] configura-se como método de
representação que procura individualizar o documento e representa-lo a partir de
características específicas dos documentos. Este método de classificação ainda é
responsável por criar e padronizar pontos de acesso e unir documentos semelhantes
por informações similares como autor em comum ou série. (SILVA. D., 2012, p.
20).
Como base nisso, cabe ressaltar que as principais características deste processo são:
Integridade - equivale a manter a fidelidade das informações tratadas pelo catalogador;
Clareza - os termos adotados devem ser de fácil assimilação dos usuários; Precisão - as
informações devem ser descritas uma única vez; Lógica - a descrição deve obedecer às regras,
por exemplo, a ordem das oito áreas da catalogação; e Consistência - as informações
semelhantes devem ser tratadas de forma igual, por exemplo, a entrada de autores deve ser
feita por seus sobrenomes, salvos algumas exceções. (MEY; SILVEIRA, 2009).
3 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA DE MATERIAIS ESPECIAIS: um olhar sobre a
gravação de som
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A humanidade passou, ou passa, por diversas mudanças, tanto de cunho econômicopolítico-social como cultural. Diante desse cenário, percebe-se que as formas ou suporte de
armazenamento das informações também evoluíram para acompanhar essas mudanças.
Sabe-se que as primeiras formas de registros eram em rochas e/ou tabletes de argilas,
em pergaminhos e em papiros e depois evoluíram para o papel que, com a invenção da
imprensa ganhou grande utilidade. Apesar de essas serem as formas mais tradicionais de
registros da informação, vale destacar que nos últimos anos outros suportes de informação
começaram a ser reconhecidos e tratados como tal, são eles: as fotografias, as gravações
sonoras, de vídeo, as realias e outros, que são considerados materiais especiais ou multimeios,
que começaram a ser trabalhados com mais significância pelos bibliotecários, pois estes
profissionais perceberam que as informações contidas em tais documentos eram e são tão
importantes para a sociedade como as dos demais suportes.
Cabe ressaltar que a introdução dos materiais especiais nas Unidades de Informação
brasileiras deu-se de forma lenta e casual e por conta desse pressuposto, por anos o tratamento
e a organização destes materiais foi 'desprezado' pelos bibliotecários, pois muitos não os
reconheciam como relevantes para o seu acervo ou não dispunham de tempo, ou ainda, não
sabiam como tratar tais documentos de forma a disponibilizá-los nas bibliotecas e/ou Centros
de Informação.
No entanto, essa realidade começa a mudar, pois como bem salienta Perota (1997, p.
2) "A proliferação de materiais não bibliográficos e o avanço da tecnologia trazem novos
desafios aos profissionais da informação, na tarefa de incorporar os chamados multimeios aos
acervos das instituições." Dessa forma, se compreende que estes são as 'novas formas' de
registros da informação e que precisam ser descritos e organizados para propiciar o uso e
acesso dessas informações pelos usuários interessados nestes tipos de suportes.
Em linhas gerais, pode-se dizer que os materiais especiais ou multimeios são
documentos que precisam de algum tipo de instrumento para o manuseio, uso e acesso às
informações tanto sonoras, como é o caso das gravações de som (tratadas a seguir), quanto
audiovisuais e iconográficos contidas nestes. Diante desta prerrogativa, compreende-se que o
bibliotecário ao tratar e organizar as informações, independentemente dos formatos, com a
finalidade de torná-las disponível aos usuários, deve também assegurar a recuperação das
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informações contidas nos materiais ditos especiais ou multimeios vista sua relevância para os
diversos acervos.
A expressão "Materiais Especiais" engloba um leque de materiais, como os mapas, as
fotografias, os globos, os panfletos, as realias, os cartões-postais e as gravações sonoros,
como já citados anteriormente. Nesta perspectiva, busca-se dar um destaque para o último gravação de som, conceituando e explicando como procede a descrição deste material com
base no Código de Catalogação Anglo- Americano (AACR2).
Para Ribeiro (2004, p. 6-5) gravação de som é o "[...] registro de vibrações sonoras por
meios mecânicos ou elétricos, de maneira a permitir a reprodução de som." Sendo esta
resultado das tecnologias de reprodução e armazenamento sonoros, que permite que a
qualquer momento possa ser ouvida, como é o caso das músicas e das entrevistas que são
gravadas, em uma espécie de "cópia" das ondas sonoras.
As gravações podem ser em: discos de vinis, fitas cassetes, compact disc (CD's), rolo,
etc., e as regras aplicáveis à descrição destes documentos estão no capítulo 6 do AACR2
(2004).
O primeiro passo para realizar o processo de representação descritiva de um
documento é identificar qual é o tipo de documento que se está trabalhando - e este pode ser
sonoro, audiovisual, impresso, iconográfico, etc., de modo a retirar as informações necessárias
para a descrição conforme a fonte principal de informação do item. No caso da gravação de
som, tem-se como fonte principal de informação a etiqueta fixada no item, a exemplo, os
discos, onde as informações são retiradas dele próprio e de sua capa. (SILVA, A. 2002, p. 16).
Lembrando que o AACR2 (2004) também indica qual fonte deve ser considerada ao se
catalogar. O passo seguinte é a escolha do ponto de acesso principal e secundário que podem
ser nomes pessoais ou de entidades coletivas, tais como: autores, compositores, executantes
ou intérpretes ou pelo título. E esta operação deve ser feita conforme as instruções contidas no
Capítulo 21.23 do AACR2 (2004).
Feito isso, aconselha-se identificar as principais áreas de descrição de gravações de
som e suas respectivas regras, são elas: Área do título e indicação de responsabilidade (Regra
6.1); Área de edição (Regra 6.2); Área da publicação, distribuição, etc. (Regra 6.4); Área da
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descrição física (Regra 6.5); Área das notas (Regra 6.7); Área do número normalizado e
modalidades de aquisição (Regra 6.8); e respeitar a ordem em que se apresentam.
Como se ver a catalogação de gravações sonoras é semelhante a que é feita em livros e
outros documentos, portanto não simboliza uma novidade no campo da representação da
informação para os profissionais envolvidos com o processo de catalogar. Por fim,
compreende-se que o conjunto de obras sonoras é de grande relevância para o acervo de
qualquer biblioteca, principalmente a especializada nesta área, pois dar suporte aos usuários,
como os estudantes de músicas e os profissionais desta área na construção da sua
aprendizagem.
4 A IMPOTÂNCIA DO BIBLIOTECÁRIO NA ORGANIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
NA RÁDIO UNIVERSITÁRIA 106, 9 FM
O Bibliotecário possui a função de tornar as informações visíveis nos centros de
informações e independente de qual seja este, a informação tem que ser disponibilizada de
maneira organizada e estrutural para que se tenha a real recuperação dentro destes ambientes
informacionais. No entanto, a profissão é vista por muitos de forma errônea, pois, a
assemelham como uma atividade que se resume a guardar livros, entretanto o bibliotecário
tem evoluído diante desse contexto da profissão biblioteconômica, assumindo novas posturas
e competências frente às possibilidades de sua atuação na atual sociedade da informação.
Nesse contexto, salienta-se que o trabalho do bibliotecário foge das bibliotecas
tradicionais, podendo atuar em diversos ambientes, pois, de acordo com Pereira e Moraes
(2009, p. 82),
Devido à sua formação generalista e à necessidade de se alcançar um estágio que o
qualifique e possibilite lidar com diversos suportes informacionais, pode-se afirmar
que ele é o profissional que se encaixa no processo de armazenamento [organização]
e recuperação de informação [...] [em qualquer espaço informacional].
Nessa perspectiva, cabe ao profissional da informação se aliar às oportunidades que
surgem e se especializar, de forma que esteja habilitado para atuar em centros convencionais e
não convencionais para organizar e disseminar a informação a todos de maneira rápida e
eficiente.
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Ainda nesse cenário de novos campos de atuação do bibliotecário, pode-se citar as
Rádios Universitárias, onde as informações trabalhadas necessitam de um tratamento de
organização especializado, já que, por muitas vezes, estas informações representam a própria
identidade da organização e, uma vez organizadas, elas podem ser rapidamente recuperadas
por aqueles que delas necessitam.
Em outras palavras, compreende-se que "[...] organizar toda esta informação de forma
que a mesma possa ser mais rapidamente recuperada e também preservada [...]" (MIRANDA;
GARBELINI, 2011, p. 449) é uma tarefa que deve ser desempenhada pelo bibliotecário, pois
este é o mais indicado para gerenciar a informação em qualquer ambiente e suporte, uma vez,
que este profissional lida com a informação a todo momento. Ou seja, é imprescindível a
presença do bibliotecário nestes novos ambientes informacionais.
4.1 Organização de documentos sonoros na Rádio Universitária 106,9 FM
Antes de compreendermos como acontece a organização dos documentos sonoros na
Rádio Universitária é importante conhecer um pouco sobre a função e estrutura desta Rádio
para a comunidade acadêmica e ludovicence.
De acordo com o site4 da Rádio Universitária 106,9 FM, esta iniciou suas transmissões
em 21 de outubro de 1986, então data de comemoração do aniversário da Universidade
Federal do Maranhão. A rádio é mantida pela Fundação Sousândrade e opera com o prefixo
106,9 Mhz e conta ainda com dois transmissores, sendo que um destes é um sistema digital
que garante a durabilidade nas transmissões da Rádio.
A Rádio Universitária tem por função principal divulgar e valorizar a cultura
ludovicense por meio de uma programação voltada para esta comunidade, enfatizando os
principais acontecimentos em que o Estado está inserido, seja no contexto nacional ou
internacional. A Rádio funciona, ainda, como uma "empresa" que auxilia na formação
acadêmica e profissional dos alunos do curso de Comunicação Social da Universidade, das
habilitações de Rádio e TV, Jornalismo e Relações Públicas, além dos alunos de
Biblioteconomia e Letras, os quais desenvolvem atividades de arquivo na discoteca, e de
4
Disponível em: <http://www.universidadefm.ufma.br>. Acesso em: 19 ago. 2013.
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Ciências da Computação, Engenharia Elétrica e Desenho Industrial, pois disponibiliza um rico
campo de estágio, no qual esses alunos põem em prática tudo ou quase tudo que apreendem
em sala de aula.
A Rádio tem uma equipe formada por profissionais da própria Universidade Federal
do Maranhão (UFMA) e da Fundação Sousândrade, por colaboradores e estagiários,
mantendo um quadro de pessoal bastante diversificado e dinâmico.
Os principais programas oferecidos pela Rádio à comunidade são: Santo de Casa,
Acústico Santo de Casa, Rádio Opinião, Samba Pede Passagem, FMPB, Sessão das oito,
Manhã 106, Você Pediu, Super Tarde 106, Balada 106, Programação do Ouvinte, 106 Noite e
Em Dois Tempos. Para manter e organizar e/ou preparar esta programação é necessário contar
com um acervo bastante diversificado e selecionado para atender às demandas de seus
ouvintes.
Diante desse pressuposto, é necessário manter a organização do acervo de modo a
propiciar a recuperação rápida e precisa das informações - neste caso os arquivos das músicas
ou de entrevistas gravadas pela Rádio.
A Relações Públicas da Rádio Universitária comentou que o principal objetivo da
Rádio é manter uma interação com o público e deixar a sociedade informada de tudo que
acontece no Estado, por meio de boletins informativos, entrevistas, documentários e quaisquer
produção jornalística. Acrescentou, ainda, que após serem usadas, essas produções são
arquivadas em CD's ou em redes de informações para evitar perdas. No entanto, a Relações
Públicas revelou que há uma grande dificuldade em se recuperar arquivos muito antigos. A
exemplo, se o ouvinte solicita uma entrevista gravada há três anos, levará certo tempo para ser
localizado devido à forma em que esses arquivos são organizados, sem qualquer tratamento
especializado, o que dificulta sobre maneira a sua recuperação em tempo ágil e preciso.
A organização das músicas - CD's - constitui-se de dois momentos. No primeiro, são
cadastradas por uma numeração específica - que é o número de tombo, o que, diga-se de
passagem, é a forma mais indicada para registrar qualquer tipo de documento sonoro e outros,
pois, como bem salienta Silva (2002, p. 15) "[...] o registro destes materiais pode ser feito em
livros de tombo, um para cada tipo, tendo sempre o número precedido por alguma inicial,
como por exemplo, CD para CD's, K7 para fitas cassete... e assim por diante." Ou seja, os
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documentos, sejam eles de qualquer natureza, devem passar por um tratamento de
organização, pois o objetivo deste processo é a localização rápida e precisa das informações.
Já no segundo momento, os dados são migrados para o computador. Neste instante, os CD's
recebem uma segunda numeração, ressaltando que esta numeração surge mediante a
necessidade dos locutores. Uma ressalva na literatura é que, "Ao escolher um sistema de
indexação [ou classificação] a biblioteca deve levar em conta seus usuários e a solução de
seus problemas [...]" (PAZIN, 1993, p. 19), o que justificaria a escolha da Rádio por este
mecanismo de busca e organização das músicas, pois facilita a recuperação da informação
desejada para aquele momento e sana de certa forma os 'problemas' dos locutores.
Na Rádio Universitária há uma biblioteca denominada Biblioradium, gerenciada e
organizada por uma estagiária de Biblioteconomia que desenvolve a atividade de catalogar as
fitas de rolos que simbolizam toda a trajetória da Rádio. Essas fitas são ouvidas por um
aparelho adequado para essa tarefa, depois classificadas, catalogadas e organizadas para fins
de pesquisas e/ou como instrumento de memória institucional.
A Biblioradium também é composta por livros relacionados à área jornalística e da
cultura maranhense, os quais são organizados para fins de leitura, pois a Rádio desenvolve
entre seus funcionários Campanhas de Incentivo à Leitura.
Desenvolve-se, ainda, a Clippagem que é "[...] a seleção de notícias e artigos retirados
de jornais, revistas, sites e demais veículos de imprensa, como forma de reunir um conjunto
de notícias a respeito de determinado assunto. [...]" (CLIPPING, 2013), por meio desta
atividade as informações e/ou matérias publicadas nos principais meios de comunicação sobre
a Rádio ou sobre a Instituição que a mantém, são destacadas e organizadas por data e pelo
título da matéria.
5 CONCLUSÃO
Compreende-se que o olhar e o tratamento dado aos "novos" suportes da informação, e
diríamos não tão novos, como é o caso dos materiais especiais ou multimeios - que antes eram
tratados com certa timidez, devido a algumas barreiras existentes entre os bibliotecários e
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estes materiais não convencionais - no que se refere à sua descrição e organização nos acervos
das bibliotecas, representa um significativo avanço na área da Biblioteconomia.
As mudanças decorridas das novas tecnologias criaram um cenário em que os então
suportes, como o livro, jornais e revistas impressas, já não contemplavam as exigências dos
usuários inseridos nesse contexto, por isso os profissionais da informação responsáveis pela
representação, organização e disseminação da informação devem considerar que tais materiais
especiais são importantes para compor os diversos acervos, com destaque para os de
bibliotecas especializadas na área de música (gravação sonora), por exemplo.
Em linhas gerais, percebe-se que o mecanismo de busca, organização e recuperação de
informações não são tão precisos como deveriam ser para uma emissora de rádio, como é na
Rádio Universitária 106,9 FM, que conta com um rico acervo de documentos sonoros, e esta
prerrogativa pode ser justificada talvez pela ausência de um profissional da informação, ou
melhor, de um bibliotecário que esteja capacitado para trabalhar nesse cenário, onde o suporte
deixa de ser o convencional e passa a ser o material especial, que com o passar dos anos
ganhou sua importância como veículo de transmissão de informação e como tal deve ser
tratado e organizado para ser recuperado pelos usuários ou diríamos pelos ouvintes.
No mais, este estudo serviu para visualizarmos o processo de organização dos
documentos sonoros na Rádio Universitária, o qual evidenciou a necessidade do profissional
bibliotecário no gerenciamento das informações, uma vez que tal profissional é de suma
importância
neste
processo,
pois
trabalha
continuadamente
com
a
informação,
independentemente de seu formato e suporte, tornando-a disponível e acessível a todos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOTECA Municipal José Marmelo e Silva. Manual de procedimento da Rede
Concelhia de Bibliotecas de Espinho. Espinho, 2011. Disponível em: <http://portal.cmespinho.pt/fotos/editor2/manual_procedimentos_rbe.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2013.
CLIPPING. 2013. Disponível em: < http://www.infoescola.com/jornalismo/clipping/>.
Acesso em: 19 ago. 2013.
CÓDIGO de catalogação Anglo-americano. 2. ed. rev. 2002. São Paulo: FEBAB/Imprensa
Oficial do Estado de São Paulo, 2004.
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desvendando a catalogação de documentos sonoros na