XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 DESVENDANDO A CATALOGAÇÃO DE DOCUMENTOS SONOROS NA RÁDIO UNIVERSITÁRIA (106, 9 FM) GT 5: Organização e Representação da Informação e do Conhecimento Modalidade: Comunicação Oral MENDONÇA, Tatiane da Silva1 COSTA, Andreza Luiza Souza Coutinho2 NASCIMENTO, Janaina Bianque do3 RESUMO A prática do processo de catalogação para a organização e recuperação de documentos sonoros na Rádio 106,9 FM da Universidade Federal do Maranhão. Contextualiza a catalogação no universo da representação da informação, conceituando-a como um processo de descrição minuciosa do documento, seja ele em qualquer suporte, que tem como produto os catálogos manuais ou automatizados. Explica que a catalogação pode ser feita tanto com os documentos convencionais quanto em materiais especiais ou multimeios, e estes últimos são considerados como documentos que precisam de algum tipo de instrumento para o manuseio, uso e acesso às informações audiovisuais, sonoras e iconográficas contidas nestes, visando a sua organização e recuperação pelos usuários. Caracterizado como um estudo exploratório e explicativo, com dados obtidos a partir de visita técnica in loco, esta pesquisa objetiva compreender o processo de catalogação dos materiais sonoros na Rádio Universitária, bem como enfatizar a importância do bibliotecário nos mais variados campos da representação da informação, uma vez que este profissional é o principal responsável por manter os acervos dinâmicos e acessíveis aos usuários. Palavras-chave: Catalogação. Documentos sonoros. Profissional bibliotecário. ABSTRACT The practice of cataloging process for the organization and retrieval of documents in Sound Radio 106.9 FM, Federal University of Maranhão. Contextualizes cataloging the universe of information representation, conceptualizing it as a process of detailed description of the document, be it in any medium, whose product catalogs manual or automated. Explains that cataloging can be done with both conventional and documents in special materials or multimedia, and the latter are considered as documents that need some kind of tool for handling, use and access to information audiovisual, sound and iconographic contained in these, seeking their organization and retrieval by users. Characterized as an exploratory and explanatory, with data obtained from technical visit in loco, this research aims to understand the process of cataloging sound materials in University Radio, as well as emphasize the importance of the librarian in various fields of information representation, since this is the 1 Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Maranhão. E-mail: [email protected] Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Maranhão. E-mail: [email protected]; 3 Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Maranhão. E-mail: [email protected] 2 1 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 main professional responsible for maintaining the collections dynamic and accessible to users. Keywords: Cataloging. Sound documents. Librarian. 1 INTRODUÇÃO A Rádio Universitária (106,9 FM) está localizada no Campus Universitário do Bacanga - UFMA, na Ilha de São Luís, sob a direção de José Arnold da Serra C. Filho Diretor-executivo. Ela atua na sociedade como uma rádio educativa, oferecendo produtos que fomentam a cultura maranhense, favorecendo a valorização desta pelos cidadãos. E, ainda, atua como um dos polos mais importantes na formação dos profissionais de comunicação da UFMA, ao caracterizar-se como um laboratório profissional-educativo. Diante deste pressuposto, propõe-se a realizar um estudo, de cunho exploratório, para conhecer como se caracteriza o processo de organização e recuperação dos produtos de áudio e som da rádio, entendendo que tais documentos são imprescindíveis para difusão da cultura e da educação maranhense por meio das programações da rádio universitária 106,9 FM. Como objetivo geral, pretende-se identificar as principais fontes de informação disponíveis na rádio e as características do processo de organização destas informações pelos profissionais envolvidos na sua programação, lembrando que a rádio universitária caracterizase como um instrumento social de propagação da cultura, fortalecimento de ações educativas e afirmativas para a comunidade ludovicense. A construção deste trabalho consistiu-se em dois momentos. No primeiro buscou-se contextualizar e conceituar a Catalogação num âmbito geral e a catalogação específica para os materiais especiais, com ênfase nas gravações sonoras, onde se apresentou os principais tipos sonoros e suas respectivas regras de descrição, conforme o Código de Catalogação AngloAmericano (AACR2). Já o segundo momento caracterizou-se pela apresentação contextualizada da visita orientada à Rádio Universitária, confrontando-se o que foi observado com o que a literatura relata. O desenvolvimento do tema "Desvendando a Catalogação de documentos sonoros na Rádio Universitária, (106, 9 FM)", foi realizado a partir de uma revisão de literatura, o que se caracteriza como uma pesquisa de cunho bibliográfico, segundo a qual as informações são consultadas geralmente em fontes impressas, como livros ou em meio eletrônico, no caso de 2 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 artigos disponibilizados em bases de dados ou repositórios. Como enfatiza Gil (2002, p. 44) ao considerar que “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” É caracterizada também como um estudo de cunho explicativo que, conforme Costa (2001, p. 62) "[é uma pesquisa que] busca esclarecer que fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de algum fenômeno" – e, neste caso, buscou-se compreender como os documentos sonoros que constituem o acervo da Rádio Universitária estão sendo organizados. Como embasamento teórico, foram utilizados estudiosos da área, tais como: Pazin (1993), Mey (1995), Perota (1997), Ribeiro (2004), Mey e Silveira (2009, 2010), Miranda e Garbelini (2011), Pereira e Moraes (2009) e o próprio AACR2 (2004). 2 ENTENDENDO A CATALOGAÇÃO DE MATERIAIS ESPECIAIS: contextualização histórica e conceitual A ideia de organizar a informação de modo a propiciar a sua recuperação é uma prática bastante antiga. Há pesquisadores como Mey (1995) que indicam que as primeiras informações bibliográficas que caracterizavam a descrição física foram encontradas em escavações hititas, onde foram localizados tabletes que identificavam o número do tablete em uma série, o título do documento e algumas vezes o nome do escriba. Fala-se ainda das escavações da biblioteca do rei assírio Assurbanipal, em Nínive, onde localizaram tabletes que registravam o título do documento, o número do tablete ou volume, as primeiras palavras do tablete seguinte, o nome do possuidor original e o nome do escriba. Mas é no século III e II que a ideia de catálogo se intensifica, pois um sábio de Alexandria, conhecido como Calímaco, o qual fora considerado o primeiro bibliotecário, cria um catálogo denominado Pinakes que indicava o número de linhas de cada obra, as suas palavras iniciais e os dados bibliográficos sobre os autores. Daí em diante há muitos registros sobre os catálogos. Por exemplo, no século XVIII há a criação do primeiro Código Nacional de Catalogação que explicava como devia ser feita a descrição dos documentos. No século XIX o bibliotecário Anthony Panizzi cria seu próprio código com 91 regras e Charles Ami Cutter publica o Rules 3 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 for a Dictionary, Regras para um catálogo dicionário, e elaborou também um código de catalogação que explicava o uso e o porquê das regras. Muitas iniciativas para regulamentar a descrição e organização dos documentos foram propostas, Dentre essas iniciativas, em 1961 a “Conferência Internacional sobre Princípios de Catalogação”, realizada em Paris, patrocinada pela UNESCO e organizada pela IFLA, apresentou propostas que levaram inicialmente à publicação do Código de Catalogação Anglo-Americano (Anglo-american Cataloging Rules-AACR), em 1967. Como resultados mais importantes nos anos subsequentes, estão as reformulações de códigos nacionais de catalogação com base em regras internacionais. (CÓDIGO..., 2004, p. v). Em 1967, o então Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR) é publicado e surgiu também o formato MARC, contudo vale ressaltar que, até então, o foco da catalogação era, tão somente, a organização dos documentos, e é só neste século que o foco passa a ser o usuário e suas necessidades informacionais, o que possibilitou a este localizar e recuperar de forma ágil e eficiente os documentos disponíveis nas Unidades de Informação. Mas o que realmente compreende a Catalogação, quais são suas características e qual o seu objetivo? Conforme Mey (1995, p. 5), "Catalogação é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou em vários acervos, de forma a permitir a interseção entre as mensagens contidas nos itens e as mensagens internas dos usuários." Ou ainda, é "[...] a operação que consiste na descrição dos dados bibliográficos associados a um documento (descrição física), num suporte (ficha, registro informático) com a finalidade de o identificar para posterior recuperação (pesquisa), com rapidez e precisão." (BIBLIOTECA..., 2011, p. 21). Em outras palavras, a catalogação é o processo de descrição de um documento a partir da análise e estudo deste, de modo a propiciar sua organização nos acervos e permitir a sua recuperação pelos usuários finais. A catalogação dar-se segundo princípios normalizados e regras internacionalmente estabelecidas. Esta utiliza, ainda, uma linguagem catalográfica dotada de semântica e sintaxes próprias, tendo por propósito a elaboração e atualização de produtos catalográficos. (MEY; SILVEIRA, 2010). Nesse contexto, salienta-se que a catalogação segue as diretrizes descritas no AACR2 (2004) para fornecer a representação única e precisa dos documentos, tendo por produto final 4 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 a elaboração de um catálogo que consiste em "[...] um canal de comunicação estruturado, que veicula mensagens contidas nos itens, e sobre os itens, de um ou vários acervos, apresentando-as sob forma codificada e organizada, agrupadas por semelhanças, aos usuários desse(s) acervo(s)." (MEY, 1995, p. 9), e estes podem ser manuais ou automatizados, lembrando que é por meio dos catálogos que se consegue mensurar a quantidade de documentos existentes sobre determinado assunto, título ou autor em uma Unidade de Informação. A Catalogação inicia-se pela leitura técnica do documento (este convencional ou especial), no qual as informações necessárias para este processo devem ser retiradas da Fonte Principal de Informação do documento, na seguinte ordem: página de rosto e outras páginas que a antecedem, capa, colofão, encartes, apêndices, anexos, glossários, bibliografias, contêiner, após este passo indica-se seguir as regras descritas nos códigos de catalogação. Compreende-se que a Catalogação tem por objetivo principal fornecer uma representação fiel do documento para possibilitar a sua recuperação, nesta perspectiva entende-se que A representação descritiva [Catalogação] configura-se como método de representação que procura individualizar o documento e representa-lo a partir de características específicas dos documentos. Este método de classificação ainda é responsável por criar e padronizar pontos de acesso e unir documentos semelhantes por informações similares como autor em comum ou série. (SILVA. D., 2012, p. 20). Como base nisso, cabe ressaltar que as principais características deste processo são: Integridade - equivale a manter a fidelidade das informações tratadas pelo catalogador; Clareza - os termos adotados devem ser de fácil assimilação dos usuários; Precisão - as informações devem ser descritas uma única vez; Lógica - a descrição deve obedecer às regras, por exemplo, a ordem das oito áreas da catalogação; e Consistência - as informações semelhantes devem ser tratadas de forma igual, por exemplo, a entrada de autores deve ser feita por seus sobrenomes, salvos algumas exceções. (MEY; SILVEIRA, 2009). 3 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA DE MATERIAIS ESPECIAIS: um olhar sobre a gravação de som 5 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 A humanidade passou, ou passa, por diversas mudanças, tanto de cunho econômicopolítico-social como cultural. Diante desse cenário, percebe-se que as formas ou suporte de armazenamento das informações também evoluíram para acompanhar essas mudanças. Sabe-se que as primeiras formas de registros eram em rochas e/ou tabletes de argilas, em pergaminhos e em papiros e depois evoluíram para o papel que, com a invenção da imprensa ganhou grande utilidade. Apesar de essas serem as formas mais tradicionais de registros da informação, vale destacar que nos últimos anos outros suportes de informação começaram a ser reconhecidos e tratados como tal, são eles: as fotografias, as gravações sonoras, de vídeo, as realias e outros, que são considerados materiais especiais ou multimeios, que começaram a ser trabalhados com mais significância pelos bibliotecários, pois estes profissionais perceberam que as informações contidas em tais documentos eram e são tão importantes para a sociedade como as dos demais suportes. Cabe ressaltar que a introdução dos materiais especiais nas Unidades de Informação brasileiras deu-se de forma lenta e casual e por conta desse pressuposto, por anos o tratamento e a organização destes materiais foi 'desprezado' pelos bibliotecários, pois muitos não os reconheciam como relevantes para o seu acervo ou não dispunham de tempo, ou ainda, não sabiam como tratar tais documentos de forma a disponibilizá-los nas bibliotecas e/ou Centros de Informação. No entanto, essa realidade começa a mudar, pois como bem salienta Perota (1997, p. 2) "A proliferação de materiais não bibliográficos e o avanço da tecnologia trazem novos desafios aos profissionais da informação, na tarefa de incorporar os chamados multimeios aos acervos das instituições." Dessa forma, se compreende que estes são as 'novas formas' de registros da informação e que precisam ser descritos e organizados para propiciar o uso e acesso dessas informações pelos usuários interessados nestes tipos de suportes. Em linhas gerais, pode-se dizer que os materiais especiais ou multimeios são documentos que precisam de algum tipo de instrumento para o manuseio, uso e acesso às informações tanto sonoras, como é o caso das gravações de som (tratadas a seguir), quanto audiovisuais e iconográficos contidas nestes. Diante desta prerrogativa, compreende-se que o bibliotecário ao tratar e organizar as informações, independentemente dos formatos, com a finalidade de torná-las disponível aos usuários, deve também assegurar a recuperação das 6 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 informações contidas nos materiais ditos especiais ou multimeios vista sua relevância para os diversos acervos. A expressão "Materiais Especiais" engloba um leque de materiais, como os mapas, as fotografias, os globos, os panfletos, as realias, os cartões-postais e as gravações sonoros, como já citados anteriormente. Nesta perspectiva, busca-se dar um destaque para o último gravação de som, conceituando e explicando como procede a descrição deste material com base no Código de Catalogação Anglo- Americano (AACR2). Para Ribeiro (2004, p. 6-5) gravação de som é o "[...] registro de vibrações sonoras por meios mecânicos ou elétricos, de maneira a permitir a reprodução de som." Sendo esta resultado das tecnologias de reprodução e armazenamento sonoros, que permite que a qualquer momento possa ser ouvida, como é o caso das músicas e das entrevistas que são gravadas, em uma espécie de "cópia" das ondas sonoras. As gravações podem ser em: discos de vinis, fitas cassetes, compact disc (CD's), rolo, etc., e as regras aplicáveis à descrição destes documentos estão no capítulo 6 do AACR2 (2004). O primeiro passo para realizar o processo de representação descritiva de um documento é identificar qual é o tipo de documento que se está trabalhando - e este pode ser sonoro, audiovisual, impresso, iconográfico, etc., de modo a retirar as informações necessárias para a descrição conforme a fonte principal de informação do item. No caso da gravação de som, tem-se como fonte principal de informação a etiqueta fixada no item, a exemplo, os discos, onde as informações são retiradas dele próprio e de sua capa. (SILVA, A. 2002, p. 16). Lembrando que o AACR2 (2004) também indica qual fonte deve ser considerada ao se catalogar. O passo seguinte é a escolha do ponto de acesso principal e secundário que podem ser nomes pessoais ou de entidades coletivas, tais como: autores, compositores, executantes ou intérpretes ou pelo título. E esta operação deve ser feita conforme as instruções contidas no Capítulo 21.23 do AACR2 (2004). Feito isso, aconselha-se identificar as principais áreas de descrição de gravações de som e suas respectivas regras, são elas: Área do título e indicação de responsabilidade (Regra 6.1); Área de edição (Regra 6.2); Área da publicação, distribuição, etc. (Regra 6.4); Área da 7 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 descrição física (Regra 6.5); Área das notas (Regra 6.7); Área do número normalizado e modalidades de aquisição (Regra 6.8); e respeitar a ordem em que se apresentam. Como se ver a catalogação de gravações sonoras é semelhante a que é feita em livros e outros documentos, portanto não simboliza uma novidade no campo da representação da informação para os profissionais envolvidos com o processo de catalogar. Por fim, compreende-se que o conjunto de obras sonoras é de grande relevância para o acervo de qualquer biblioteca, principalmente a especializada nesta área, pois dar suporte aos usuários, como os estudantes de músicas e os profissionais desta área na construção da sua aprendizagem. 4 A IMPOTÂNCIA DO BIBLIOTECÁRIO NA ORGANIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES NA RÁDIO UNIVERSITÁRIA 106, 9 FM O Bibliotecário possui a função de tornar as informações visíveis nos centros de informações e independente de qual seja este, a informação tem que ser disponibilizada de maneira organizada e estrutural para que se tenha a real recuperação dentro destes ambientes informacionais. No entanto, a profissão é vista por muitos de forma errônea, pois, a assemelham como uma atividade que se resume a guardar livros, entretanto o bibliotecário tem evoluído diante desse contexto da profissão biblioteconômica, assumindo novas posturas e competências frente às possibilidades de sua atuação na atual sociedade da informação. Nesse contexto, salienta-se que o trabalho do bibliotecário foge das bibliotecas tradicionais, podendo atuar em diversos ambientes, pois, de acordo com Pereira e Moraes (2009, p. 82), Devido à sua formação generalista e à necessidade de se alcançar um estágio que o qualifique e possibilite lidar com diversos suportes informacionais, pode-se afirmar que ele é o profissional que se encaixa no processo de armazenamento [organização] e recuperação de informação [...] [em qualquer espaço informacional]. Nessa perspectiva, cabe ao profissional da informação se aliar às oportunidades que surgem e se especializar, de forma que esteja habilitado para atuar em centros convencionais e não convencionais para organizar e disseminar a informação a todos de maneira rápida e eficiente. 8 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 Ainda nesse cenário de novos campos de atuação do bibliotecário, pode-se citar as Rádios Universitárias, onde as informações trabalhadas necessitam de um tratamento de organização especializado, já que, por muitas vezes, estas informações representam a própria identidade da organização e, uma vez organizadas, elas podem ser rapidamente recuperadas por aqueles que delas necessitam. Em outras palavras, compreende-se que "[...] organizar toda esta informação de forma que a mesma possa ser mais rapidamente recuperada e também preservada [...]" (MIRANDA; GARBELINI, 2011, p. 449) é uma tarefa que deve ser desempenhada pelo bibliotecário, pois este é o mais indicado para gerenciar a informação em qualquer ambiente e suporte, uma vez, que este profissional lida com a informação a todo momento. Ou seja, é imprescindível a presença do bibliotecário nestes novos ambientes informacionais. 4.1 Organização de documentos sonoros na Rádio Universitária 106,9 FM Antes de compreendermos como acontece a organização dos documentos sonoros na Rádio Universitária é importante conhecer um pouco sobre a função e estrutura desta Rádio para a comunidade acadêmica e ludovicence. De acordo com o site4 da Rádio Universitária 106,9 FM, esta iniciou suas transmissões em 21 de outubro de 1986, então data de comemoração do aniversário da Universidade Federal do Maranhão. A rádio é mantida pela Fundação Sousândrade e opera com o prefixo 106,9 Mhz e conta ainda com dois transmissores, sendo que um destes é um sistema digital que garante a durabilidade nas transmissões da Rádio. A Rádio Universitária tem por função principal divulgar e valorizar a cultura ludovicense por meio de uma programação voltada para esta comunidade, enfatizando os principais acontecimentos em que o Estado está inserido, seja no contexto nacional ou internacional. A Rádio funciona, ainda, como uma "empresa" que auxilia na formação acadêmica e profissional dos alunos do curso de Comunicação Social da Universidade, das habilitações de Rádio e TV, Jornalismo e Relações Públicas, além dos alunos de Biblioteconomia e Letras, os quais desenvolvem atividades de arquivo na discoteca, e de 4 Disponível em: <http://www.universidadefm.ufma.br>. Acesso em: 19 ago. 2013. 9 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 Ciências da Computação, Engenharia Elétrica e Desenho Industrial, pois disponibiliza um rico campo de estágio, no qual esses alunos põem em prática tudo ou quase tudo que apreendem em sala de aula. A Rádio tem uma equipe formada por profissionais da própria Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Fundação Sousândrade, por colaboradores e estagiários, mantendo um quadro de pessoal bastante diversificado e dinâmico. Os principais programas oferecidos pela Rádio à comunidade são: Santo de Casa, Acústico Santo de Casa, Rádio Opinião, Samba Pede Passagem, FMPB, Sessão das oito, Manhã 106, Você Pediu, Super Tarde 106, Balada 106, Programação do Ouvinte, 106 Noite e Em Dois Tempos. Para manter e organizar e/ou preparar esta programação é necessário contar com um acervo bastante diversificado e selecionado para atender às demandas de seus ouvintes. Diante desse pressuposto, é necessário manter a organização do acervo de modo a propiciar a recuperação rápida e precisa das informações - neste caso os arquivos das músicas ou de entrevistas gravadas pela Rádio. A Relações Públicas da Rádio Universitária comentou que o principal objetivo da Rádio é manter uma interação com o público e deixar a sociedade informada de tudo que acontece no Estado, por meio de boletins informativos, entrevistas, documentários e quaisquer produção jornalística. Acrescentou, ainda, que após serem usadas, essas produções são arquivadas em CD's ou em redes de informações para evitar perdas. No entanto, a Relações Públicas revelou que há uma grande dificuldade em se recuperar arquivos muito antigos. A exemplo, se o ouvinte solicita uma entrevista gravada há três anos, levará certo tempo para ser localizado devido à forma em que esses arquivos são organizados, sem qualquer tratamento especializado, o que dificulta sobre maneira a sua recuperação em tempo ágil e preciso. A organização das músicas - CD's - constitui-se de dois momentos. No primeiro, são cadastradas por uma numeração específica - que é o número de tombo, o que, diga-se de passagem, é a forma mais indicada para registrar qualquer tipo de documento sonoro e outros, pois, como bem salienta Silva (2002, p. 15) "[...] o registro destes materiais pode ser feito em livros de tombo, um para cada tipo, tendo sempre o número precedido por alguma inicial, como por exemplo, CD para CD's, K7 para fitas cassete... e assim por diante." Ou seja, os 10 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 documentos, sejam eles de qualquer natureza, devem passar por um tratamento de organização, pois o objetivo deste processo é a localização rápida e precisa das informações. Já no segundo momento, os dados são migrados para o computador. Neste instante, os CD's recebem uma segunda numeração, ressaltando que esta numeração surge mediante a necessidade dos locutores. Uma ressalva na literatura é que, "Ao escolher um sistema de indexação [ou classificação] a biblioteca deve levar em conta seus usuários e a solução de seus problemas [...]" (PAZIN, 1993, p. 19), o que justificaria a escolha da Rádio por este mecanismo de busca e organização das músicas, pois facilita a recuperação da informação desejada para aquele momento e sana de certa forma os 'problemas' dos locutores. Na Rádio Universitária há uma biblioteca denominada Biblioradium, gerenciada e organizada por uma estagiária de Biblioteconomia que desenvolve a atividade de catalogar as fitas de rolos que simbolizam toda a trajetória da Rádio. Essas fitas são ouvidas por um aparelho adequado para essa tarefa, depois classificadas, catalogadas e organizadas para fins de pesquisas e/ou como instrumento de memória institucional. A Biblioradium também é composta por livros relacionados à área jornalística e da cultura maranhense, os quais são organizados para fins de leitura, pois a Rádio desenvolve entre seus funcionários Campanhas de Incentivo à Leitura. Desenvolve-se, ainda, a Clippagem que é "[...] a seleção de notícias e artigos retirados de jornais, revistas, sites e demais veículos de imprensa, como forma de reunir um conjunto de notícias a respeito de determinado assunto. [...]" (CLIPPING, 2013), por meio desta atividade as informações e/ou matérias publicadas nos principais meios de comunicação sobre a Rádio ou sobre a Instituição que a mantém, são destacadas e organizadas por data e pelo título da matéria. 5 CONCLUSÃO Compreende-se que o olhar e o tratamento dado aos "novos" suportes da informação, e diríamos não tão novos, como é o caso dos materiais especiais ou multimeios - que antes eram tratados com certa timidez, devido a algumas barreiras existentes entre os bibliotecários e 11 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 estes materiais não convencionais - no que se refere à sua descrição e organização nos acervos das bibliotecas, representa um significativo avanço na área da Biblioteconomia. As mudanças decorridas das novas tecnologias criaram um cenário em que os então suportes, como o livro, jornais e revistas impressas, já não contemplavam as exigências dos usuários inseridos nesse contexto, por isso os profissionais da informação responsáveis pela representação, organização e disseminação da informação devem considerar que tais materiais especiais são importantes para compor os diversos acervos, com destaque para os de bibliotecas especializadas na área de música (gravação sonora), por exemplo. Em linhas gerais, percebe-se que o mecanismo de busca, organização e recuperação de informações não são tão precisos como deveriam ser para uma emissora de rádio, como é na Rádio Universitária 106,9 FM, que conta com um rico acervo de documentos sonoros, e esta prerrogativa pode ser justificada talvez pela ausência de um profissional da informação, ou melhor, de um bibliotecário que esteja capacitado para trabalhar nesse cenário, onde o suporte deixa de ser o convencional e passa a ser o material especial, que com o passar dos anos ganhou sua importância como veículo de transmissão de informação e como tal deve ser tratado e organizado para ser recuperado pelos usuários ou diríamos pelos ouvintes. No mais, este estudo serviu para visualizarmos o processo de organização dos documentos sonoros na Rádio Universitária, o qual evidenciou a necessidade do profissional bibliotecário no gerenciamento das informações, uma vez que tal profissional é de suma importância neste processo, pois trabalha continuadamente com a informação, independentemente de seu formato e suporte, tornando-a disponível e acessível a todos. REFERÊNCIAS BIBLIOTECA Municipal José Marmelo e Silva. Manual de procedimento da Rede Concelhia de Bibliotecas de Espinho. Espinho, 2011. Disponível em: <http://portal.cmespinho.pt/fotos/editor2/manual_procedimentos_rbe.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2013. CLIPPING. 2013. Disponível em: < http://www.infoescola.com/jornalismo/clipping/>. Acesso em: 19 ago. 2013. CÓDIGO de catalogação Anglo-americano. 2. ed. rev. 2002. São Paulo: FEBAB/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 12 XVII – Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação – EREBD Abordagens Contemporâneas na Sociedade da Informação: Tecnologia Sociedade e Cultura Universidade Federal do Ceará Fortaleza – 02 a 08 de Fevereiro de 2014 COSTA, Marco Antonio F. da Costa; COSTA, Maria de Fátima B. O projeto de pesquisa. In:____. Metodologia da pesquisa: conceitos e técnicas. Rio de Janeiro: Interciência, 2001. cap. 3, p. 45-69. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. MEY, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. Rio de Janeiro: Briquet de Lemos, 1995. MEY, Eliane Serrão Alves; SILVEIRA, Naira Christofoletti. Catalogação no plural. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2009. ___________. Considerações teóricas aligeiradas sobre a catalogação e sua aplicação. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 1, n.1, p. 125-137, 2010. 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