DAVI E A ARMADURA DE SAUL
Davi, enquanto apascentava as ovelhas de seu pai, nos montes e campinas de Belém,
desenvolvia um relacionamento simples e genuíno com Deus. Ali salmodiava, cantava louvores e
tinha sua própria experiência com Deus.
Para Davi, Deus não era um ser distante que o seu povo adorava, mas era alguém real e
sempre presente. Um Deus com quem ele tinha comunhão constantemente.
Naqueles montes e campinas ele ficava imerso na grandeza e presença do seu Deus. A
Sua presença era tão real que Davi não temia coisa alguma. Ele experimentou o poder de Deus
guardando sua vida e guardando seu rebanho.
Certo dia, enquanto apascentava o rebanho de seu pai, foi surpreendido por um leão, em
outra ocasião por um urso, e nas duas ocasiões, Davi para proteger as ovelhas os enfrentou e matou,
mas ele reconheceu: “O Senhor me livrou das garras do leão e das do urso...” (I Sm.17:37ª).
Esse era o relacionamento de Davi com Deus, um relacionamento genuíno e simples.
Davi sabia que Deus era maior e muito mais poderoso do que o leão ou o urso. Ele desenvolvia uma
comunhão constante com Deus, dia a dia, minuto a minuto e Deus não lhe era estranho.
Um dia, porém, os filisteus juntaram suas tropas para pelejar contra Israel e acamparam
em Efes-Damin. Saul e seus homens se ajuntaram e acamparam no Vale de Ela. Saiu do arraial dos
Filisteus um guerreiro chamado Golias. Sua altura era de 6 côvados e um palmo, ou seja,
aproximadamente 2,99 metros! Trazia em sua cabeça um capacete de bronze e vestia uma couraça
cujo peso era de cinco mil ciclos de bronze, cerca de 57 quilos. Usava uma caneleira de bronze em
suas pernas, e um dardo de bronze entre os ombros. A haste de sua lança era como o eixo do
tecelão, pesava cerca de 8 quilos, e a ponta de sua lança pesava seiscentos siclos de ferro,
aproximadamente 7 quilos (I Sm.17). Era assim que Golias se vestia, a sua armadura lhe dava
segurança e proteção. Seu porte físico e seu traje lhe davam confiança para afrontar o povo de Israel.
“E todos os israelitas vendo aquele homem, fugiram de diante dele e temiam
grandemente”( 1 Sm.17.24)
Um dia, depois que Davi apascentou o rebanho de seu pai, seu pai Jessé pediu que ele
levasse uns pães e grãos tostados aos seus irmãos que estavam no campo de batalha. Quando Davi
chegou no acampamento, viu os soldados israelitas e os filisteus prontos para a guerra, viu Golias os
desafiando e os israelitas fugindo e temendo grandemente.
Davi presenciou essa cena e não se deixou impressionar pela altura ou peso daquele
guerreiro filisteu. O que ele viu foi alguém desafiando os exércitos do Deus vivo (v.26) e, conhecendo
o Deus de Israel, não aceitou aquele desacato. Ele se ofereceu como voluntário para enfrentar o
gigante filisteu.
Davi entrou no Vale de Elá vivendo uma experiência real com Deus, esse era o seu
mundo, essa era a sua realidade. Um relacionamento com o Deus Todo-P oderoso e não aceitava que
os israelitas se curvassem a um gigante que zombava do povo de Deus.
Nas montanhas, enquanto apascentava as ovelhas, ele meditava, falava com Deus e O
adorava, era sua realidade, sua intimidade com o Deus Vivo. Ele via a forma maravilhosa como Deus
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o havia livrado das garras do leão e do urso. Quem era aquele gigante irreverente diante do Deus que
ele conhecia tão bem?
Davi sabia que o mesmo Deus que o livrou daqueles animais, lá no campo, poderia livrálo agora. Ele se apresentou ao Rei Saul que duvidou que Davi derrotasse Golias, mas era sua única
opção, ninguém mais se apresentou para enfrentá-lo. Contudo, diante da determinação de Davi,
concordou e disse: “Vai-te, e o Senhor seja contigo” (v.37).
Saul vendo esse jovem moço despreparado emprestou sua armadura com o objetivo de
ajudá-lo. Colocou sobre a cabeça de Davi o seu próprio capacete de bronze e o vestiu com uma
couraça e cingiu a espada do rei sobre a armadura, prendendo-a à cintura.
Quanta honra, que privilégio ser equipado com a armadura do rei Saul e lutar com sua
espada! Quantos homens não desejariam usá-la? Mas depois de equipado, Davi tentou andar e
percebeu que não poderia fazê-lo com todo aquele peso sobre si! As intenções de Saul eram boas, a
armadura serviria de proteção, a espada era uma arma eficaz para ataque e defesa, mas para Davi
tudo aquilo era muito estranho, não fazia parte de sua realidade e a Palavra nos diz que Davi tirou
tudo aquilo de sobre si.
Primeiro, a realidade de Davi era outra e ele nunca usara uma armadura, nem uma
espada.
Segundo, as armaduras eram feitas sob medida e aquela, definitivamente, não foi feita
para ele. Era uma armadura emprestada.
Terceiro todo o peso daquela armadura dificultava seu caminhar.
Enquanto eu lia esse episódio, o Espírito Santo começou a falar ao meu coração. Na
experiência de Davi existia um relacionamento de intimidade com Deus. Enquanto ele apascentava
as ovelhas de seu pai, ele adorava ao Deus vivo com salmos e cânticos. A presença de Deus era tão
real que a presença de um urso ou um leão não lhe tirou a paz. Ali só existia ele e o Deus a quem ele
amava, esse relacionamento o fortalecia para enfrentar os desafios que se apresentavam à sua
frente. Ele era cuidadoso e muito atento ao rebanho e estava sempre pronto para defendê-lo.
Muitas vezes somos como Davi, no nosso dia a dia cultivamos a presença do Senhor,
através da oração, meditação, adoração e a medida que nos aproximamos mais do Senhor Jesus nos
tornamos íntimos dEle.
As lutas não tardam a chegar e quando chegam, temos que enfrentar o “Golias” que se
levanta contra nós.
Observe que a armadura era de Saul e não de Davi, para Davi usar uma armadura e se
locomover com facilidade era necessário que a armadura fosse confeccionada para ele, de acordo
com suas medidas.
Nós podemos correr do risco de tentar enfrentar o “Golias” com uma armadura de outra
pessoa, ou pedir emprestada e tentar usa-la.
A armadura de Saul era de Saul, a armadura que Davi usou era espiritual, era invisível,
era sob medida tecida na intimidade com Deus, na comunhão, no tempo que passou diante dEle.
Não podemos usar a armadura de outra pessoa. Cada um deve desenvolver sua própria
experiência, seu próprio relacionamento com Deus, aprender a ouvi-lo e a ter comunhão com Ele.
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Davi não queria uma armadura emprestada, ele sabia que isso não ia funcionar. Não era
assim que ele estava acostumado a enfrentar as dificuldades que se apresentavam a ele. Davi
preferiu lutar como que já estava acostumado e que sabia que daria certo.
No versículo 40 diz: “Tomou...”
As armas que Davi usou foram um cajado, cinco pedras lisas e uma funda. Com isso ele
foi caminhando pelo Vale de Elá, da mesma forma que caminhou quando foi defender suas ovelhas
das garras do urso e do leão.
Não podemos viver das experiências de outras pessoas nem viver pela fé dos outros.
Nós precisamos desenvolver cultivar um relacionamento pessoal com o Senhor, dia a dia colher o
“maná” fresco que se renova a cada manha esperando ser recolhido.
A armadura de Saul poderia ser vistosa e encher os olhos de qualquer outro, menos de
Davi. A armadura de Saul representava o poder, o próprio rei, quem não ficarei feliz em usá-la?
Se tentarmos usar a armadura de outro, com toda certeza se tornará um fardo, um peso
que nos impedira de caminhar livremente (v.39).
Quando Davi foi enfrentar o gigante filisteu, foi sem armadura e com isso deixou claro que
ele lutou e venceu por meio da fé. Deus estava com ele e a vitória pertencia ao Senhor dos Exércitos
e isso ficou notório. Deus pode usar os mais frágeis e despreparados.
Através de sua morte na cruz, Jesus proporcionou uma armadura espiritual a Sua Igreja.
Somente com essa armadura podemos ficar firmes contra as ciladas do diabo.
Devemos nos cingir com a verdade e nos vestir com a couraça da justiça. Calçar nossos
pés com a preparação do evangelho da paz, e abraçar o escudo da fé. Usar o capacete da salvação
e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.
Davi tinha a sua própria armadura, a sua fé e intimidade com Deus. Ele conhecia o Deus
a quem servia.
Hoje temos o privilegio de termos uma armadura espiritual que Deus preparou para nós.
Através dela, como Davi, podemos ser vitoriosos.
Precisamos crer como Davi e experimentar a intimidade com Deus como ele
experimentou.
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