VOLUME 43 – NÚMERO 4 O U T / N OV / D E Z E M B RO – 2 0 1 4 • Prevalência e caracterização do trismo no câncer de cabeça e pescoço • Radioiodoterapia em carcinoma papilífero sistemática e em pacientes selecionados • Fibroma ossificante periférico extenso: Relato de caso • Tireoide ectópica submentoniana sem glândula em topografia normal • Carcinoma anaplásico da tireóide em pacientes jovens - relato de dois casos • Schwannoma de Septo Nasal • Tireiodite de Riedel simulando neoplasia maligna de tireóide • Reabsorção condilar progressiva: revisão de literatura • Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais Parte I • O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe • Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço • Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura A estimulação contínua do nervo vago, A estimulação contínua do nervo vago, durante as cirurgias de tireoide, permite a durante as cirurgias de tireoide, permite a monitorização em tempo real da função dos monitorização em tempo real da função dos nervos laringeos. Sua Sua utilização utilizaçãoalerta alertapara para nervos laringeos. situações de perigo perigo para para oonervo, nervo,como comoa a situações de presença de tração tração excessiva excessivado domesmo, mesmo, presença de o permite que que oocirurgião cirurgiãomude mudeaatática tática o que que permite cirúrgica antes de de qualquer qualquerdano danoaafunção função cirúrgica antes do nervo. do nervo. eletrodo APS APS de de silicone silicone permite permite a realização realização da OOeletrodo da monitorizaçãocontínua contínuado do nervo nervo vago vago com segurança monitorização segurança semdeslocamentos deslocamentos frequentes frequentes que que levam à perda e esem perda desinal sinaleeinterrupção interrupçãoda da cirurgia. cirurgia. de Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço ISSN 0100-2171 para a Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (impressa). ISSN 1981-951X para a Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (online). Registrada sob o nº 2080 P 209/73 na Divisão de Censura e Diversões Públicas do Departamento de Polícia Federal Órgão oficial da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Federação Sul-Americana de Sociedades de Cirurgia de Cabeça e Pescoço EDITOR-CHEFE Fábio Roberto Pinto - São Paulo / SP ICESP/DCCPFMUSP CO-EDITOR Alexandre Bezerra dos Santos - São Paulo / SP EDITOR ADJUNTO André Lopes Carvalho - Barretos / SP Hospital do Cancer EDITORES ASSOCIADOS Abrão Rapoport - São Paulo / SP Hospital Heliópolis Fernando Luiz Dias – Rio de Janeiro / RJ Hospital do Cancer - INCA Luiz Paulo Kowalski - São Paulo / SP Hospital A.C. Camargo Onivaldo Cervantes- São Paulo / SP Hospital São Paulo - UNIFESP CORPO EDITORIAL / EDITORIAL BOARD BRAZIL Agrício Nubiato Crespo – UNICAMP – Campinas / SP, Alfio José Tincani – UNICAMP – Campinas / SP, Alvaro Nagib Attalah – UNIFESP – São Paulo / SP, Ana Paula Brandão Barros – Hospital Heliópolis – São Paulo / SP, Antônio José Gonçalves – FCMSCSP - São Paulo / SP, Antônio Santos Martins – UNICAMP - Campinas / SP, Antônio Sérgio Fava – H.S.P.E. - São Paulo / SP, Carlos Neutzling Lehn – H.S.P.E. - São Paulo / SP, Cláudio Eduardo de Oliveira Cavalcanti – UFAL – Maceió - AL, Cláudio Roberto Cernea – USP - São Paulo / SP, Elisabete Carrara de Angelis – Hospital A.C. Camargo – São Paulo / SP, Fábio Luiz de Menezes Montenegro – USP - São Paulo / SP, Fátima Cristina Mendes de Matos – UFPe – Recife / PE, Flávio Carneiro Hojaij – UNIFESP - São Paulo / SP, Francisco Monteiro de Castro Júnior – UFC – Fortaleza / CE, Gerson Schullz Maahs – PUCRS - Porto Alegre / RS, Gilberto Vaz Teixeira - CECON - Florianópolis / SC, Gyl Henrique Albrecht Ramos – Hospital Erasto Gaertner - Curitiba / PR, Jacob Kligerman – INCA - Rio de Janeiro / RJ, Jorge Pinho Filho – Hospital Memorial São José - Recife / PE, José Antônio Pinto - Núcleo de Otorrinolaringologia São Paulo / SP, José Carlos de Oliveira - Hospital Araujo Jorge - Goiânia / GO, José Francisco de Góis Filho – IAVC - São Paulo / SP, José Francisco de Sales Chagas – PUCCAMP – Campinas / SP, José Luiz Braga de Aquino – PUCCAMP – Campinas / SP, José Magrin – Hospital A.C. Camargo - São Paulo / SP, José Maria Porcaro Salles - UFMG - Belo Horizonte / MG, Jossi Ledo Kanda - Fundação ABC - São Paulo / SP, Julio Morais Besteiro – USP – São Paulo / SP, Lenine Garcia Brandão – USP - São Paulo / SP, Leonardo Haddad – UNIFESP - São Paulo / SP, Luiz Augusto do Nascimento – UNB – Brasília / DF, Marcelo Doria Durazzo – USP - São Paulo / SP, Marcílio Ferreira Marques Filho – U.E. Ilhéus – Itabuna / BA, Márcio Abrahão – UNIFESP - São Paulo / SP, Marcos Brasilino de Carvalho – Hospital Heliópolis - São Paulo / SP, Marcos Roberto Tavares – USP - São Paulo / SP, Mauro Becker Martins Vieira – Hospital Felício Rocho - Belo Horizonte / MG, Marcelo Miguel Hueb – UFTM – Uberaba / MG, Marcus Lessa – UFBA – Salvador / BA, Maria Beatriz Nogueira Pascoal – PUCCAMP – Campi- nas / SP, Mauro Marques Barbosa - INCA - Rio de Janeiro / RJ, Nédio Steffen – PUCRS – Porto Alegre / RS, Orlando Parise Jr. – Hospital Sírio Libanês São Paulo / SP, Paola Andrea Galbiatti Pedruzzi - Hospital Erasto Gaertner Curitiba / PR, Pedro Michaluart Junior – USP - São Paulo / SP, Roberto de Araújo Lima – INCA - Rio de Janeiro / RJ, Rui Maciel – UNIFESP – São Paulo / SP, Rui Celso Martins Mamede – USP/RP - Ribeirão Preto / SP, Sérgio Luis de Miranda – UNISA – São Paulo / SP, Silvia Dornelles – UFRGS - Porto Alegre / RS, Silvia Regina Rogatto – UNESP – Botucatu / SP, Sylvio de Vasconcellos e Silva Neto - UFPe - Recife / PE. CORPO EDITORIAL INTERNACIONAL / INTERNATIONAL EDITORIAL BOARD Abél González – Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Ashok Shaha – Memorial Sloan Kettering Cancer Center, New York (Estados Unidos); Eugene N. Myers – Pittsburgh University, Pittsburgh (Estados Unidos); François Eschwege - Institut Gustave-Roussy, Villejuif (França); Jatin P. Shah - Memorial Sloan Kettering Cancer Center, New York (Estados Unidos); Jean Louis Lefebvre - Centre Oscar Lambret, Lille (França); Jonas T. Johnson – Pittsburgh University, Pittsburgh (Estados Unidos); Jose Luis Novelli, Centro de Tiroides - Rosário (Argentina); Jose Saavedra – Soc. Peruana de Cirurgia, Lima (Peru); Juan Postigo Díaz - Cirugia de Cabeza y Cuello – Oncologia, Lima (Peru); Luis Soto Díaz - CEAT, Santiago (Chile); Manuel Montesinos – Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Marcelo Figari – Hospital Italiano de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Maria Paula Curado – IARC – Lyon / França, Osvaldo Gonzalez Aguilar – Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires (Argentina); Paul J. Donald – University of California - Davis Health System, Sacramento (Estados Unidos); Pedro Sanchez e Ingunza - INEN, Lima (Peru). **** Indexada na Base de Dados Lilacs***** CONSELHO CIENTÍFICO DA SBCCP (EX-PRESIDENTES) Abrão Rapoport (São Paulo), Alberto Rossetti Ferraz (São Paulo), Anói Castro Cordeiro (São Paulo), Cláudio Roberto Cernea (São Paulo), Emílson de Queiroz Freitas (Rio de Janeiro), Fernando Luiz Dias (Rio de Janeiro), Francisco Monteiro de Castro Jr. (Fortaleza), Jacob Kligerman (Rio de Janeiro), José Roberto Vasconcelos Podesta (Espírito Santo) Josias de Andrade Sobrinho (São Paulo), Lenine Garcia Brandão (São Paulo), Luiz Paulo Kowalski (São Paulo), Marcos Brasilino de Carvalho (São Paulo), Marcos Roberto Tavares (São Paulo), Maria Paula Curado (Goiânia), Mário Jorge Rosa de Noronha (Rio de Janeiro), Mauro Marques Barbosa (Rio de Janeiro), Onivaldo Cervantes (São Paulo), Ricardo Curioso (Natal), Roberto Araújo Lima (Rio de Janeiro). EX-EDITORES DA RBCCP Abrão Rapoport (1974-1986), Marcos Brasilino de Carvalho (1987-1989), Lenine Garcia Brandão (1989-1993), Fernando Luiz Dias (1994-1997), Fábio Luiz de Menezes Montenegro e Marcelo Doria Durazzo (1997-2001), Luiz Paulo Kowalski (2001-2003), Onivaldo Cervantes (2003-2005), Rogério Dedivitis (20052009), Geraldo Pereira Jotz e Rogério Dedivitis (2009-2013), Geraldo Pereira Jotz (2011-2013). SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço www.revistabrasccp.org.br / www.sbccp.org.br Presidente: ........................................ Rogério Aparecido Dedivitis (SP) 1º Vice Presidente: ............................ Fernando Walder (SP) 2º Vice Presidente: ............................ Luis Eduardo Barbalho de Mello (RN) 3º Vice Presidente: ............................ Gabriel Manfro (SC) 4º Vice Presidente: ............................ Achilles Alves de Levy Machado (DF) 5º Vice Presidente: ............................ Alberto Mitsuyuki de Brito Kato (PA) 1º Secretário: .................................... Marco Aurélio Valmondes Kulcsar (SP) 2º Secretário: .................................... José Guilherme Vartanian (SP) 3º Secretário: .................................... Otávio Alberto Curioni (SP) 1º Tesoureiro: .................................... Leandro Luongo de Matos (SP) 2º Tesoureiro: .................................... Ullyanov Bezerra Toscano de Mendonça (RJ) 3º Tesoureiro: .................................... Fátima Cristina Mendes de Matos (PE) Diretor Científico: .............................. Flavio Carneiro Hojaij (SP) Diretor de Defesa Profissional: ......... Antônio José Gonçalves (SP) Redação, assinaturas e administração: Av. Brigadeiro Luís Antonio, 278 6º andar - Sala 5 - Bela Vista - CEP 01318-901 - São Paulo - SP - Brasil Tel./Fax: (11) 3107-9529 e-mail: [email protected] Projeto Gráfico: Vagner Bertaco Severino Impressão: H. Máxima Produtora Editora e Gráfica - (11) 2372-5061 A RBCCP é Distribuida gratuitamente aos sócios da SBCCP ou mediante assinatura anual de R$ 100,00; número avulso: R$ 35,00 Periodicidade: Trimestral - Tiragem: 1.000 exemplares (DIRETORIA DO BIÊNIO 2013-2015) É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Normas para publicação Orientação aos autores A Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (ISSN 0100-2171), órgão científico oficial da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Federação Sul-Americana de Sociedades de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, é um veículo multidisciplinar de publicação trimestral, em um único volume anual, com o objetivo de divulgar artigos originais de autores nacionais e estrangeiros, aprovados por pareceristas do Conselho Editorial, contendo informações clínicas e experimentais relacionadas com o segmento anatômico da cabeça e pescoço, interessando não só à Especialidade de Cirurgia de Cabeça e Pescoço como também às de Cirurgia Geral, Otorrinolaringologia, Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial, Neurocirurgia e Ciências Básicas afins. O endereço editorial é: Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 – 6º andar 01318-901 São Paulo SP. Telefax (11) 3107-9529. Todos os manuscritos e comunicações editoriais devem ser enviados on-line. Veja a Submissão de Manuscritos, abaixo. Visite o site: http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/ e http://www.sbccp.org.br Política editorial Todos os artigos são revisados por dois revisores. O Conselho Editorial é composto por especialistas, com publicações nas bases de dados, que recebem os textos de forma anônima e decidem por sua publicação. A aceitação é baseada na originalidade e significância do material apresentado. Somente serão submetidos à avaliação os trabalhos que estiverem dentro das normas para publicação na Revista. A responsabilidade de conceitos ou asserções emitidos em trabalhos na Revista, bem como a exatidão das referências cabem inteiramente ao(s) autor(es). Não serão aceitos trabalhos já publicados ou simultaneamente enviados para avaliação em outros periódicos. Autoria Todas as pessoas designadas como autores devem responder pela autoria do manuscrito e ter participado suficientemente do trabalho para assumir responsabilidade pública pelo seu conteúdo. O crédito de autoria deve ser baseado apenas por contribuições substanciais durante: (a) concepção, planejamento, execução, análise e interpretação dos resultados; (b) redação e elaboração do artigo ou revisão de forma intelectualmente importante; (c) aprovação final da versão a ser publicada. A participação limitada somente à obtenção de fundos, coleta de dados, supervisão geral ou chefia de um grupo de pesquisa não justifica autoria do manuscrito. Os Editores podem solicitar justificativa para a inclusão de autores durante o processo de revisão do manuscrito, especialmente se o total de autores exceder seis. Categorias dos artigos Os seguintes tipos de artigos são publicados: – Artigos Originais: a) introdução com objetivo; b) método; c) resultados; d) discussão; e) conclusões; f) referências bibliográficas. As informações contidas em tabelas e figuras não devem ser repetidas no texto. Estudos envolvendo seres humanos e animais devem fazer referência ao número do protocolo de aprovação pelo respectivo Comitês de Ética em Pesquisa da instituição à qual está vinculada a pesquisa. Artigos originais são definidos como relatórios de trabalho original com contribuições significativas e válidas. Os leitores devem extrair de um artigo geral conclusões objetivas que vão ao encontro dos objetivos propostos. – Artigos de Revisão da Literatura: a) introdução; b) revisão de literatura; c) discussão; d) comentários finais; e) referências bibliográficas. Artigos de revisão devem abranger a literatura existente e atual sobre um tópico específico. A revisão deve identificar, confrontar e discutir as diferenças de interpretação ou opinião. – Artigos de Atualização: a) introdução; b) revisão de um determinado tema; c) discussão; d) comentários finais; e) referências bibliográficas. O artigo de atualização é uma produção científica que explora um determinado tema, desenvolvido a partir de dados atuais disponíveis pelos autores. Tem por finalidade organizar um discurso explorando um assunto específico, com base em obras publicadas recentemente. – Artigos de Relato de Caso: a) introdução; b) revisão de literatura com diagnóstico diferencial c) apresentação de caso clínico; d) discussão; e) comentários finais; f) referências bibliográficas. Relatos de caso deverão apresentar características inusitadas ou cientificamente relevantes. Será dada prioridade a relatos de cunho multidisciplinar, interdisciplinar e/ou prático. – Artigos de Opinião e Carta ao Editor: deverão ser feitos sob convite do Editor. Preparação do manuscrito A Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço adota as recomendações do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, conforme o site www.icmje.org (de outubro de 2007). A Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Assim, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE. Os endereços estão disponíveis no site do ICMJE http://www.icmje.org. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Abreviações devem ser apresentadas por extenso na primeira vez em que aparecem no texto, sendo indicadas imediatamente depois entre parênteses. Devem ser consistentemente utilizadas no corpo do manuscrito. Serão aceitos trabalhos em português, espanhol e inglês. Página do título. A página do título deve conter: (1) título em português e em inglês, devendo ser conciso e explicativo e representando o conteúdo do trabalho; (2) nome completo de todos os autores, com o mais elevado título acadêmico e afiliação institucional de cada um; (3) instituição(ões) onde o artigo foi desenvolvido; (4) nome, endereço completo, números de telefone/fax e endereço eletrônico (e-mail) do autor correspondente; o autor correspondente receberá toda correspondência relativa ao manuscrito, bem como a prova do artigo e solicitação de separatas; (5) congresso ou encontro onde o trabalho foi apresentado, se aplicável; e (6) patrocínios, assistência recebida e conflito de interesse, se aplicável. Resumo e Abstract. Artigos originais devem ter um resumo em português e um abstract em inglês, cada um com 200 a 250 palavras. Devem ser apresentados em páginas separadas, em um parágrafo único e estruturados nas seguintes partes: Introdução; Objetivo; Casuística (ou Material) e Método; Resultados; e Conclusão. Três ou mais descritores em português e key words em inglês, em seguida, respectivamente, ao resumo e ao abstract devem ser apresentados, conforme padronização nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) (http:// www.bireme.br) e Medical Subject Headings do Index Medicus (MeSH). Texto. Consulte “Categorias dos Artigos” para orientação sobre o tamanho do manuscrito. O texto deve ser claro e conciso. Recomenda-se subdividir os artigos originais em: Introdução; Métodos; Resultados; Discussão; e Conclusão. Use os nomes genéricos de drogas e equipamentos quando possível; cite os nomes do proprietário após a primeira menção. Identifique equipamentos pelo nome e local do fabricante. Aspectos éticos. Todos os artigos devem mencionar claramente a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do local onde o trabalho foi realizado ou equivalente, contendo o Consentimento Informado e com observação da Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 196, de 10 de outubro de 1996 (http://www.datasus.gov.br/conselho/resolucoes.htm ou http://www.resodic.org. br/rede8119.html); da Declaração de Helsinki, revisada em 2000 - WMA (World Medical Association), 2000. Declaration of Helsinki. Edinburgh, Scotland: 52nd General Assembly-WMA. 13 October 2000 (http://www.wma.net) ; e das Normas Internacionais de Proteção aos Animais. Agradecimentos. Registre agradecimento ao estatístico e qualquer outra pessoa que tenha contribuído para o trabalho e que não sejam co-autores, indicando os nomes e respectivas titulações acadêmicas e vínculo institucional. Referências. Os autores são responsáveis pela exatidão, acurácia e formato das referências. Comece a listagem das referências em uma página separada, logo após os Agradecimentos. As referências são identificadas no texto, nas tabelas e legendas através de algarismos arábicos colocados na mesma linha do período, na forma sobrescrita. As referências devem ser numeradas de forma consecutiva na ordem em que são citadas pela primeira vez no trabalho, não na ordem alfabética nem na cronológica. Siga o formato detalhado no Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (JAMA. 1997;277:927-34). Mencionar todos os autores. Cite dados não publicados, comunicações pessoais e manuscritos submetidos (mas ainda não aceitos) como notas de rodapé, no texto. Serão aceitas no máximo 30 referências para artigos originais, 50 para artigos de revisão ou de atualização e 15 para relatos de casos. Exemplos de formas de referências: - em Revista: Alkureishi LW, Ross GL, MacDonald DG, Shoaib T, Gray H, ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Normas para publicação Robertson G, Soutar DS. Sentinel node in head and neck cancer: use of size criterion to upstage the no neck in head and neck squamous cell carcinoma. Head Neck. 2007;29(2):95-103. - livro: Carvalho MB. Tratado de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001. - capítulo de livro: Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In: Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não traumático - Novas propostas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Robe Editora; 1995. p. 201-220. - tese e monografia: Barros APB. Efetividade da comunicação oral, qualidade de vida e depressão pós-faringolaringectomia e laringectomia total. [Dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2002. - Material Eletrônico: Artigo: Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial on the Internet]. 1995 jan/mar [cited 1996 jun 5]; 1(1):[24 telas]. Available from: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm. Arquivo de Computador: Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993. Monografia em formato eletrônico: CDI, Clinical dermatology illustrated [CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0 San Diego: CMEA; 1965. Tabelas. As tabelas devem ser numeradas de forma consecutiva na ordem em que são citadas no texto. Devem ser colocadas em páginas separadas, logo após as Referências e numeradas na ordem em que elas são mencionadas no texto. Cada tabela deve ter um título conciso na parte superior e suas abreviações devem ser colocadas como notas de rodapé, escritas como Times New Roman 10. Figuras. As figuras devem ser numeradas de modo consecutivo de acordo com a primeira citação no texto. A lista de legendas das figuras deve ser remetida em folha separada logo após as tabelas. Cada figura deve ter uma legenda na sua parte inferior. Cada figura será impressa em preto e branco, a não ser que seja selecionada pelo Editor ou haja uma solicitação por parte dos autores para reprodução a cores. Figuras a cores são estimuladas, porém, os autores serão responsáveis pelas despesas para reprodução a cores, caso sejam os solicitantes. As figuras podem aparecer no website da Revista sem custo adicional. Para reprodução de figuras já publicadas deve ser reconhecida a fonte e os autores devem encaminhar cópia da autorização escrita do proprietário para reprodução. Fotos envolvendo seres humanos devem observar os cuidados de privacidade do indivíduo. Caso contrário, os autores devem providenciar uma autorização por escrito do paciente ou de seu responsável. As figuras devem ser submetidas no formato eletrônico, em formato TIF ou JPEG. As figuras devem ser enviadas separadamente na submissão eletrônica. Todas as figuras devem ser referidas no texto, sendo numeradas consecutivamente por algarismo arábico. Cada figura deve ser acompanhada de uma legenda descritiva colocada após as referências. Instruções para submissão on-line de manuscritos usando o sistema de gestão de publicações (sgp) Todo o processo de submissão deverá ser feito através do endereço de internet http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/, que dá acesso ao nosso Sistema de Gestão de Publicações (SGP), onde é feita a submissão do artigo pelos autores e a avaliação por revisores do corpo editorial, em um processo onde os nomes dos autores do artigo em questão não são demonstrados em nenhuma instância. Quando acessar este link, o sistema irá pedir seu nome de usuário e senha, caso já esteja cadastrado. Caso contrário clique no botão “Quero me cadastrar” e faça seu cadastro. Ou ainda, caso tenha esquecido sua senha, use o mecanismo para lembrar sua senha, que gerará automaticamente um e-mail contendo a mesma. O (s) autor (es) deve (m) manter uma cópia de todo o material enviado para publicação, pois os editores não se responsabilizam pelo extravio do material. O processo de submissão é composto de oito passos, listados abaixo: 1º - Informar Classificação (Original, Revisão, Atualização, Relato de Caso) 2º - Envio de Imagens para o seu Artigo 3º - Cadastrar Co-autor (es) 4º - Informar Título e Descritores 5º - Informar Resumo e Comentários 6º - Montar Manuscrito 7º - Transferência de Copyright (Cessão de Direitos) e Declaração de Conflitos de Interesse 8º - Aprovação do (s) Autor (es) nuscritos preparados em WordPerfect ou Microsoft Word, pois no passo “Montar Manuscrito”, será exibida uma tela que simula o Word, onde é possível “copiar e colar” de qualquer editor de texto, inclusive as tabelas. O texto deverá ser digitado em espaço duplo, sendo que as margens não devem ser definidas, pois o sistema SGP as definirá automaticamente. Regras para imagens e gráficos estão descritas abaixo. Submissão on-line passo a passo 1º Passo: Informar Classificação Escolha uma das quatro opções: Artigo Original, Artigo de Revisão, Artigo de Atualização ou Relato de Caso. 2º Passo: Envio de imagens para o seu artigo: As imagens deverão obrigatoriamente estar em formato JPG. Caso necessite alterar o formato de suas imagens entre na seção DOWNLOADS no SGP em: http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/naveg/downloads.asp e faça o download de algum dos programas freeware oferecidos para edição de imagens (requer senha de acesso). O sistema envia grupos de até cinco imagens por vez. Para submeter mais de cinco imagens, basta clicar no botão “Enviar mais imagens”. Logo após serão exibidas miniaturas das imagens, onde há um ícone (), que deverá ser clicado para editar o título e a legenda de cada imagem submetida. 3º Passo: Cadastrar Co-autor (es) Cadastre cada co-autor, informando nome completo, cargo e titulação obrigatoriamente. O CPF poderá ser informado posteriormente. A ordem dos co-autores pode ser alterada facilmente usando as “setas” exibidas na tela. 4º Passo: Informar Título e Descritore Informe o título do trabalho, em português e inglês, e as Descritore (Português) e Key words (Inglês), que deverão ter aproximadamente 2 a 6 palavras chaves pertinentes (ESTAS PALAVRAS DEVERÃO ESTAR CONTIDAS NO DECS E NO MESH que podem encontrados no SGP em todas as telas). 5º Passo: Informar Resumo e Comentários O Resumo/Abstract deverá obrigatoriamente conter no máximo 250 palavras cada. O autor deverá preencher os campos: Instituição, Nome e endereço para correspondência, suporte financeiro (deverá ser provida qualquer informação sobre concessões ou outro apoio financeiro) e a carta ao editor (opcional). Importante: o limite máximo aceito pelo sistema de submissão on-line para os resumos em português e inglês é de 250 palavras cada. O excedente será cortado automaticamente pelo sistema. 6º Passo: Montar Manuscrito Nesta tela é exibido um simulador do Word com todas as funcionalidades de formatação de texto necessárias. Para inserir seu texto neste campo, simplesmente selecione todo seu trabalho e copie e cole no campo de montagem do manuscrito (artigo). Somente selecione textos e tabelas, pois as imagens já deverão ter sido enviadas no 1º passo e serão inseridas no final do trabalho automaticamente. Importante: Nunca coloque neste campo os nomes de autores, co-autores, ou qualquer outra informação que possa identificar onde o trabalho foi realizado. Tal exigência se deve ao fato de o processo de revisão transcorrer sem o conhecimento destes dados pelo (s) revisor (es). A não observância deste detalhe fará com que seu trabalho seja devolvido como FORA DE PADRÃO para correções. 7º Passo: Copyright (Cessão de Direitos) e Declaração de Conflitos de Interesse Neste passo é exibida a tela com o termo de Copyright e outra com a Declaração de conflitos de Interesse, onde os autores deverão clicar nos boxes apropriados. 8º Passo (Último passo): Aprovação do Autor Este é o último passo para completar a submissão do artigo. Nesta tela o autor terá a opção de visualizar seu trabalho no sistema e também pode salvar uma versão em PDF de seu trabalho recém submetido. Importante: O autor deverá clicar no link “APROVAR MANUSCRITO” para que seu trabalho seja encaminhado à Secretaria da Revista da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO para conferência e confirmação. Distribuição A Revista é distribuída gratuitamente a todos os membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, a bibliotecas da área de Saúde e mediante assinatura. Após a submissão, o sistema oferece a opção de salvar uma cópia de seu manuscrito em formato PDF para seu controle. A Revista encoraja fortemente que os autores submetam eletronicamente ma- Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Instructions for authors Instructions for authors The Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (Brazilian Journal of Head and Neck Surgery), ISSN 0100-2171 is the official scientific journal of the Brazilian Society for Head and Neck Surgery and the South American Federation of Societies for Head and Neck Surgery. It is a multidisciplinary journal published quarterly, forming a single volume per year, with the aim of disseminating original articles by Brazilian and foreign authors that have been approved for publication by the Editorial Board’s specialist reviewers. The articles published contain clinical and experimental information relating to the anatomical segment of the head and neck and are of interest not only to the specialty of Head and Neck Surgery but also to the specialties of General Surgery, Otorhinolaryngology, Cranio-maxillofacial Surgery and Neurosurgery and similar Basic Sciences. The editorial address is: Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278, 6º andar, 01318-901 São Paulo SP. Tel/fax: (55 11) 3107-9529. All manuscripts and communications with the Editorial Board must be sent online. See Submission of Manuscripts, below. Visit the website: http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/ and http://www.sbccp.org.br Editorial policy All articles are appraised by two reviewers. The Editorial Board is composed of specialists with published work in indexed journals who receive submissions anonymously and decide whether these texts should be published. Acceptance is based on the originality and significance of the material presented. Only studies that conform to the Journal’s publication standards will be submitted for appraisal. The responsibility for concepts or assertions put forward in studies in the Journal, and for the accuracy of references, lies entirely with the author(s). Studies that have already been published or that have simultaneously been sent for appraisal by other periodicals will not be accepted. Authorship All persons named as authors are responsible for the authorship of the manuscript and need to have participated in the study sufficiently for them to assume public responsibility for its content. Authorship credit must be based only on substantial contributions during the stages of (a) conceptualization, planning, execution and results analysis and interpretation; (b) compilation and writing of the article or review in an intellectually meaningful manner; (c) final approval of the version to be published. Participation that is limited only to fund-raising, data collection, general supervision or being the head of a research group does not justify authorship of the manuscript. The Editors may request justification for author inclusion, during the manuscript review process, especially if the total number of authors exceeds six. Article categories The following types of article are published: – Original articles: a) introduction with objective; b) method; c) results; d) discussion; e) conclusions; f)references. The information described in tables and graphs should not be repeated in the text. Studies involving human beings and animals should include the approval protocol number of the respective Ethics Committee on Research of the institution to which the research is affiliated. Original articles are defined as reports of an original work with valid and significative results. The readers should extract from it objective conclusions that are related to the proposed objectives. – Literature review articles: a) introduction; b) review of literature; c) discussion; d) final comments; e) bibliographical references. Literature review articles should include the updated literature regarding an specific topic. The revision should identify and compare and discuss the different opinions and interpretations. – Update articles: a) introduction; b) review of a particular topic, c) discussion; d) final comments, e) references. The article is an update of scientific production that explores a particular theme, developed from current data available by the authors. Aims to organize a speech exploring a particular subject, based on recently published works. – Case report articles: a) introduction; b) review of literature with differential diagnosis; c) case report; d) discussion; e) final comments; f) references. Case report articles should present unusual characteristics or scientific relevant ones. Priority will be given to reports of multidisciplinary or interdisciplinary or practical approaches. – Opinion articles: Only by invitation from the Editorial Board. Preparation of the manuscript The Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço adopts the recommendations of the International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), as laid out on the ICMJE website: www.icmje.org (October 2007). The Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço supports the policies of the World Health Organization (WHO) and ICMJE regarding the registration of clinical trials and it recognizes the importance of these initiatives for registering and internationally disseminating information on clinical studies, with open access. Thus, clinical research articles will only be accepted for publication if they have received an identification number from one of the Clinical Trial Registers that have been validated in accordance with the criteria established by WHO and ICMJE. The addresses of these registers are available on the ICMJE website: http://www.icmje.org. The identification number should be stated at the end of the Abstract and abstract. Abbreviations must be written out in full on the first occasion when they appear in the text, such that the term is followed immediately by the abbreviation in parentheses. They must be used consistently in the body of the manuscript. Studies will be accepted in Portuguese, Spanish and English. Title page. The title page must contain: (1) the title in Portuguese and English, which must be concise and explicative, representing the content of the study; (2) full names of all the authors, with their highest academic titles and institutional affiliations; (3) institution(s) where the article was developed; (4) name, full address, telephone/fax numbers and electronic address (e-mail) of the author for correspondence; this author will receive all correspondence relating to the manuscript, as well as the proof for the article and requests for reprints; (5) congress or meeting at which the study was presented, if applicable; and (6) sponsorship, assistance received and conflicts of interest, if applicable. Abstract and Abstract. Original articles must have a Abstract in Portuguese and an abstract in English, which should each consist of 200 to 250 words. They must be presented on separate pages, each as a single paragraph and structured into the following parts: Introduction; Objective; Sample (or Material) and Method; Results; and Conclusion. Three or more descriptors in Portuguese must be presented following the Abstract, and three or more key words in English following the abstract, as standardized in the Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) (http://www.bireme.br) and Medical Subject Headings of the Index Medicus (MeSH). Text. Consult “Article Categories” for instructions regarding the manuscript size. The text must be clear and concise. It is recommended that original articles should be subdivided into: Introduction; Methods; Results; Discussion; and Conclusion. Use generic names for drugs and equipment whenever possible; cite the proprietary names after the first mention. Identify equipment by the name and the place of manufacture. Ethical matters. All articles must clearly mention that approval was obtained from the Research Ethics Committee at the place where the study was developed, or its equivalent; that informed consent procedures were adopted; and that due regard was given to Resolution no. 196 of the National Health Board (Conselho Nacional de Saúde), dated October 10, 1996 (http://www.datasus.gov. br/conselho/resolucoes.htm or http://www.resodic.org.br/rede8119.html); to the Declaration of Helsinki, as revised in 2000: World Medical Association (WMA), 2000. Declaration of Helsinki. Edinburgh, Scotland: 52nd General Assembly-WMA. October 13, 2000 (http://www.wma.net); and to the International Animal Protection Standards. Acknowledgements. Register acknowledgements to the statistician and any other persons who may have contributed towards the study but who are not coauthors, indicating the names and respective academic titles and institutional links. References. The authors are responsible for the exactness, accuracy and format of the references. Start to list the references on a separate page, just after the Acknowledgements. References are identified in the text, tables and legends by means of Arabic numerals placed on the same line of the sentence, in superscript form. The references must be numbered consecutively in the order in which they are cited for the first time in the study, and not in alphabetical or chronological order. Follow the format detailed in the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (JAMA. 1997;277:927-34). Mention all authors. Cite unpublished data, personal communications and manuscripts submitted (but not yet accepted), as footnotes in the text. There should be no more than 30 references for Original articles, 50 for Literature review or update articles and 15 for Case report articles. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Instructions for authors Examples of forms of references: - Journal: Alkureishi LW, Ross GL, MacDonald DG, Shoaib T, Gray H, Robertson G, Soutar DS. Sentinel node in head and neck cancer: use of size criterion to upstage the no neck in head and neck squamous cell carcinoma. Head Neck. 2007;29(2):95-103. - Book: Carvalho MB. Tratado de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia. Rio de Janeiro: Atheneu; 2001. - Chapter of a book: Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In: Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não traumático - Novas propostas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Robe Editora; 1995. p. 201-220. - Thesis and monograph: Barros APB. Efetividade da comunicação oral, qualidade de vida e depressão pós-faringolaringectomia e laringectomia total. [Dissertation]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2002. - Electronic material: Article: Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial on the Internet]. 1995 Jan/Mar [cited 1996, Jun 5]; 1(1):[24 screens]. Available from: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm. Computer file: Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993. Monograph in electronic format: CDI, Clinical dermatology illustrated [CDROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0 San Diego: CMEA; 1965. Tables. Tables must be placed on separate pages, just after the References, and must be numbered consecutively in the order in which they are cited in the text. Each table must have a concise title placed above it, and abbreviations used in the table must be defined as footnotes. Figures. Figures must be numbered consecutively starting with the first citation in the text. A list of figure legends must be placed on a separate page just after the tables. Each figure must have a legend appearing below it. All figures will be printed in black and white, unless selected for color reproduction by the Editor or there is a request for this from the authors. Figures in color are encouraged, but the authors will be responsible for the expenses relating to color reproduction if they are the party requesting this. The figures may appear on the Journal’s website without additional cost. If it is desired to reproduce figures that have already been published, the source must be acknowledged and the authors must forward a copy of the owner’s written authorization of this reproduction. Photographs involving human beings must give due regard to the individual’s privacy. Otherwise, the authors must provide written authorization from the patient or from the person responsible for this patient. Figures must be submitted in electronic format, as TIF or JPEG files. The figures must be sent separately in the electronic submission. All figures must be referred to in the text and be numbered consecutively in Arabic numerals. Each figure must be accompanied by a descriptive legend that is placed after the references. General instructions for on-line submission of manuscripts using the Manager Publication System (MPS) All the submission process should be done through the internet address http://www.sgponline.com.br/rbccp/sgp/which gives access to our Manager Publication System (MPS), where the submission of the article is done by the authors and the evaluation process is done by the reviewers of our editorial board in a process where the names of the authors are not displayed in any instance. When linked the system will ask for your user name and password in case you have already registered. On the contrary click on the link “Want to Register” and make your registration. In case you have forgotten your password, click on the appropriate link and the system will generate an automatic e-mail with the information. The author or authors should keep a copy of all submitted material for publication as the editor can not be held responsible for any lost material. The submission is an eight steps process as listed bellow: 1st Informing article classification (Original articles, Literature review articles, Update articles, Case report articles) 2nd Sending images for your article 3rd Registering co-authors 4th Informing title and key-words 5th Informing Abstract and comments 6th Preparing Manuscript 7th Filling, signing and sending Copyright and Conflicts of Interest forms 8th Author approval After submission, the system offers the option of saving a copy of your manuscript in PDF format for your control. The journal strongly recommends that the authors submit their electronic manuscripts written in Microsoft Word or Word Perfect. In the “Preparing Manuscript” step a screen that simulates the word processor will be displayed, where it is possible to “copy and paste”, including tables. Rules for images and graphs are descried below. Step-by-step on-line submission 1st Step: Informing article classification Chose one from the three options: Original Article, Revision Article, Update Article or Case Report. 2nd step: Sending images for your article Images must be in JPG format. If your images need format changing access the section DOWNLOADS in SGP (Manager Publication System) on http://www. sgponline.com.br/rbccp/sgp/naveg/downloads.asp and download some freeware programs offered for image edition (password is required). The system accepts groups of five images at a time. In order to submit more than five images, click on “Send more images”. Soon after that it will be displayed miniatures of the images where there is an icon which must be clicked to edit the title and legend of each submitted image. 3rd Step: Registering co-authors Register each author informing his/her full name, function and position; CPF number (for Brazilians) or any ID (in case of a foreigner) could be send later on. Co-authors sequence can be easily changed using the “arrows” displayed on the screen. 4th Step: Informing title and key-words Inform the manuscript title and keyword in your native language and in English, using from 2 to 6 related words. (THESE WORDS MUST BE PART OF DECS AND MESH), which can be found on MPS (Manager Publication System)on all of the screens. 5th Step: Informing Abstract and comments Abstract/Abstract must have 250 words at its maximum. The author should fill the following fields: Institution, Name and Mail Address, Financial Support (any other information on concessions or other type of financial support), and Letter to the Editor (optional). Important: The limit accepted by the on-line submission system for the summaries in native language and English is 250 words. The exceeding words will be automatically cut off by the system. 6th Step: Preparing manuscript In this screen a Word simulator is displayed having all format text function needed. In order to insert your text in this field, select your text and tables and copy and paste it on “Preparing Manuscript” field; Images should have already been sent on the 2nd step and they will be inserted automatically at the end of the work. Important: never fill these fields with the names of the authors, co-authors or any other information that can identify where the work was done. This is because the reviewer should not have access to this information. If this instruction is not followed your work will return to you as OUT OF STANDARD in order to be correct. 7th Step: Filling, signing and sending Copyright and Conflicts of Interest forms In this step the Copyright and Conflict of Interest terms are displayed, clicking on the appropriate boxes. 8th Step: Author approval This is the last step to complete your manuscript submission. In this step the author will have an option to visualize his work in the system and will also be able to save a PDF version of the newly submitted work. Important: author should click on “ APPROVE MANUSCRIPT” to have it send to the office of the BRAZILIAN HEAD AND NECK SOCIETY Journal for control and confirmation. Distribution The Journal is distributed free of charge to all members of the Brazilian Society for Head and Neck Surgery and to libraries within the field of healthcare, and is available on subscription. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Editorial Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço Editorial - Volume 43 (4) – Outubro / Novembro / Dezembro – 2014 Prezados associados. A revista que representa a nossa Sociedade está realmente em um período de escassez importante. Essa edição, originalmente prevista para o últimos trimestre do ano passado, está saindo com um atraso considerável por um motivo muito simples: escassez de artigos enviados. Infelizmente, essa edição conta com apenas dois artigos originais, além de cinco artigos de revisão e de cinco relatos de caso. São números insuficientes para alcançarmos a indexação. Por isso, mais uma vez, conclamo nossos membros, em especial os oriundos dos serviços de formação, que enviem artigos originais para a nossa revista consiga alcançar o papel que nos cabe frente às sociedades médicas. Atenciosamente. Alexandre Bezerra Co-Editor da Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Índice Artigo Original Prevalência e caracterização do trismo no câncer de cabeça e pescoço ....................................................... 158 Prevalence and characterization of trismus in head and neck câncer Mayara Gonçalves, Telma Ribeiro Rodrigues, Celena Freire Friedrich, Dov Charles Goldenberg, Luiz Paulo Kowalski. Radioiodoterapia em carcinoma papilífero sistemática e em pacientes selecionados ................................. 163 Radioiodine therapy systematically and in selected patients in papillary carcinoma Sílvia Miguéis Picado Petrarolha, Rogério Aparecido Dedivitis, André Vicente Guimarães, Leandro Luongo de Matos, Rolando Costa Monteiro. Relato de Caso Fibroma ossificante periférico extenso: Relato de caso.................................................................................... 167 Extensive peripheral ossifying fibroma: Case report Leonardo Morais Godoy Figueiredo, Bráulio Carneiro Junior, Roberto Almeida de Azevedo, Liliane Elze Falcão Lins Kusterer, Viviane Almeida Sarmento, Leticia Almeida Cheffer, Andre Victor Pinto Serra. Tireoide ectópica submentoniana sem glândula em topografia normal........................................................... 172 Ectopic submentonian thyroid without normally located gland Francisco de Assis Castro Bomfim Junior, Walber de Oliveira Mendes, Yuri Pinto Nunes. Carcinoma anaplásico da tireóide em pacientes jovens - relato de dois casos.............................................. 176 Anaplastic thyroid carcinoma in young patients - report of two cases André Pires Cortez, Walber de Oliveira Mendes, Marcelo Esmeraldo Holanda, Jônatas Catunda de Freitas. Schwannoma de Septo Nasal............................................................................................................................... 181 Nasal Septum Schwannoma Thiago Pires Brito, Laíza Araújo Mohana Pinheiro, Eulália Sakano. Tireiodite de Riedel simulando neoplasia maligna de tireóide.......................................................................... 184 Riedel thyroiditis simulating malignant neoplasm of thyroid Emidio Oliveira Teixeira, Sânzio Tupinambá Valle, Danielly Solar Andrade Oliveira, Helena Cunha Sarubi. Artigo de Revisão Reabsorção condilar progressiva: revisão de literatura.................................................................................... 188 Progressive condylar resorption: literature review Rafael Santiago de Almeida, Willian Caetano Rodrigues, Willian Morais de Melo, Élio Hitoshi Shinohara, Eduardo Piza Pellizzer. Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais - Parte I................... 193 Applicability of cyanoacrylate adhesives in synthesis of maxillofacial surgical wound - Part I José Nunes Carneiro Neto, Adriano Freitas de Assis. O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe...................... 200 The role of p16 and Ki 67 in squamous cell carcinomas of the oral cavity and oropharynx Nathalia Machado Seixo de Britto, Hellen da Silva Cintra de Paula, Vera Aparecida Saddi. Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço.............................................. 206 The change of paradigm in initial therapy of head and neck cancer Otávio Alberto Curioni, Ricardo Pires de Souza, Ali Amar, Marcel Feng, Abrão Rapoport, Rogerio Aparecido Dedivitis. Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura............................................................................................................................................... 213 Respiratory complications after major oncologic head and neck surgery: a literature review Thatiana Moreira de Paiva, Woldir Wosiacki Filho, Juliana Carvalho Schleder, Gyl Henrique Albrecht Ramos, Luiz Paulo Kowalski. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Artigo Original Prevalência e caracterização do trismo no câncer de cabeça e pescoço Prevalence and characterization of trismus in head and neck câncer Resumo Introdução: Câncer de cabeça e pescoço e seu tratamento podem levar a diversas alterações funcionais, inclusive o trismo. Objetivos: Avaliar pacientes com câncer de cabeça e pescoço quanto à presença de trismo, identificar características associadas a essa complicação e seu impacto na qualidade de vida. Material e Método: Estudo de série transversal descritivo que avaliou pacientes submetidos a tratamento oncológico com intenção curativa em um hospital oncológico terciário. As avaliações constaram de anamnese, medida de abertura de boca, avaliação da dor e da qualidade de vida. Resultados: Trinta dos 111 indivíduos apresentaram trismo. Não foi encontrada relação entre presença de trismo e tipo de tratamento (p = 0,43), presença de dor (p = 0,97), realização de reconstrução (p = 0,74) ou dose de radioterapia (p = 0,44). Houve relação do trismo com maior tempo de uso de alimentação enteral (p = 0,02) e o estádio tumoral avançado (p = 0,025). Pacientes com trismo apresentaram um significativo pior escore no questionário de qualidade de vida (p = 0,021). Conclusão: A prevalência de trismo foi de 27% e os fatores associados foram estadio tumoral avançado e maior período de sonda de alimentação. Trismo mostrou associação com piora significativa na qualidade de vida. Descritores: Trismo; Complicações Pós-Operatórias; Radioterapia; Neoplasias de Cabeça e Pescoço. Introdução O trismo foi inicialmente definido como espasmo tetânico prolongado dos músculos da mastigação resultando em uma limitação na abertura da boca.1 Atualmente, o termo é utilizado amplamente em uma grande variedade de estudos como uma dificuldade na abertura da boca.2 Mayara Gonçalves 1 Telma Ribeiro Rodrigues 2 Celena Freire Friedrich 3 Dov Charles Goldenberg 4 Luiz Paulo Kowalski 5 Abstract Introduction: Head and neck cancers and their treatment can lead to functional impairments, including trismus. Aim: To evaluate patients with head and neck cancers for the presence of trismus, indentify characters associated with this complication and its impact on quality of life. Materials and Methods: This is a series study, a cross-sectional descriptive study, assessing trismus in patients submitted to surgery, radiotherapy or combined therapy with curative intent at a tertiary cancer hospital. The evaluations consisted of an interview, a measurement of mouth opening, pain assessment and a quality of life evaluation. Results: Thirty of the 111 subjects (27%) presented trismus. No relationship was found between the presence of trismus and the type of treatment (p=0.43), presence of pain (p=0.97), type of reconstruction (p=0.74) or radiotherapy dosis (p=0.44). The presence of trismus was correlated with increased time of enteral feeding dependency (p=0.02) and advanced tumor stage (p=0.025). Patients with trismus had significant worse quality of life scores (p=0.021). Conclusion: The prevalence of trismus was 27%, and the risk factors were advanced tumor stage and length of time on a feeding tube. Trismus significantly impaired quality of life scores. Key words: Trismus; Postoperative Complications; Radiotherapy; Head and Neck Neoplasms. A prevalência do trismo após o tratamento do câncer de cabeça e pescoço varia de 5% a 30,7%.3 Essa grande variação na prevalência pode estar relacionada a diferentes critérios utilizados para a avaliação e classificação. Dijkstra Kalk e Roodenburg (2004), em uma revisão de literatura, descrevem 12 estudos, em que nove critérios diferentes para trismo foram encontrados.4 Embora não exista consenso, atualmente o critério mais amplamente utilizado 1)Bacharelado. Fisioterapeuta AC Camargo Cancer Center. 2)Pós Graduação “Lato Sensu” em Insuficiência Respiratória e Cardiovascular em UTI: Monitorização e Tratamento Hospital A.C.Camargo, 2002. Fisioterapeuta AC Camargo Cancer Center. 3)Pós Graduação em Fisioterapia em Uroginecologia – CBES. Diretora do Departamento de Fisioterapia AC Camargo Cancer Center. 4)Professor Livre docente pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2010). Cirurgião Crânio-maxilo+facial Titular do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital A.C.Camargo. 5)Professor Livre Docente em Oncologia pela FMUSP. Diretor do Núcleo de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do ACCamargo Cancer Center. Instituição: A.C. Camargo Cancer Center São Paulo / SP – Brasil Correspondência: Luiz Paulo Kowalski - Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia A.C. Camargo Cancer Center - Rua Prof. Antonio Prudente 211 - São Paulo /SP Brasil – CEP: 01509-900 - Telefone: (+5511) 2189-5172 - Fax: (+55 11) 5541-3341 / 5541-0326 - E-mail: [email protected] Artigo recebido em 23/04/2014; aceito para publicação em 15/07/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há 158 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 158-162, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Prevalência e caracterização do trismo no câncer de cabeça e pescoço. é a que considera diagnóstico de trismo uma distância interincisivos com abertura menor que 35 mm.2 Em uma revisão de literatura, Vissink et al. (2003) relataram que o trismo foi atribuído à fibrose dos músculos mastigatórios e cicatrizes em resposta à radiação, bem como a fibrose dos tecidos moles ao redor da articulação temporomandibular (ATM) e rafe pterigóide-mandibular.5 Em outra revisão, Bensadoun et al. (2010) consideram que o trismo causado pela radioterapia estava relacionado a lesão e fibrose dos músculos mastigatórios, que foi associado com o tecido cicatricial devido à radioterapia ou cirurgia, lesão nervosa, e a hipomobilidade mandibular levando à degeneração tanto articular como muscular.3 Na literatura científica, o trismo radio-induzido é discutido com mais frequência em comparação ao trismo pós-cirúrgico. No entanto, o trismo tem sido avaliado após o tratamento cirúrgico do câncer da cabeça e pescoço.6,7 HO (2009) relataram que os déficits na mobilidade articular ocorrem frequentemente após glossectomia, ressecção da base da língua, ressecção do assoalho da boca, mucosa bucal e mandibulectomias.8 Adicionalmente a isso, sabe-se que quaisquer elementos que interferem na mobilidade, fatores que restringem tecidos moles, podem levar a atrofia muscular dentro de alguns dias ou semanas. Especificamente, a atrofia muscular pode ocorrer devido a aderências cicatriciais em torno das articulações e do tecido mole, assim como a mudanças de colágeno na cavidade articular.9 O trismo pode prejudicar diversas atividades de vida diária, como a higiene oral, a fala e os hábitos alimentares. Portanto, o trismo tem um impacto significativo na qualidade de vida, o que pode ser demonstrado por meio dos questionários de qualidade de vida (QV), como o EORTC QLQ-H&N 35 e o questionário de QV da Universidade de Washington (UW-QOL).10,11,12 O principal objetivo deste estudo foi avaliar pacientes com câncer de cabeça e pescoço em relação a presença do trismo, identificar características associadas a esta complicação e determinar o seu impacto na qualidade de vida. Método Este é um estudo transversal, que incluiu todos os pacientes elegíveis, que estavam em acompanhamento no período de setembro a novembro de 2011, no Ambulatório de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia, de um hospital terciário, São Paulo, Brasil. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (protocolo número 1584/11). Os critérios de elegibilidade incluíam pacientes com idade superior a 18 anos, com diagnóstico de tumores malignos da boca, orofaringe, nasofaringe ou seios paranasais submetidos à quimioterapia, radioterapia e / ou cirurgia, há pelo menos um mês. Os pacientes que apresentaram recidivas ou comorbidades não controladas, não foram considerados elegíveis para o estudo. Gonçalves et al. Durante os três meses de coleta de dados, 118 candidatos foram avaliados e seis foram excluídos após avaliação mais aprofundada dos prontuários devido a presença de recorrência tumoral. Apenas um participante desistiu da participação no estudo durante a avaliação. Para avaliar e identificar os fatores associados ao trismo, cada um dos 111 indivíduos elegíveis responderam a uma avaliação composta de anamnese, com uma revisão de prontuários para coletar informações sobre o local do tumor, estadio tumoral e tratamento do câncer, portanto, uma história médica padrão foi realizada. O tempo de alimentação não-oral (nasoenteral ou gastrostomia) foi considerado para incluir tanto o período pós-operatório, assim como o tempo durante e após a radio ou radioquimioterapia. Subsequentemente, a medida da abertura da boca foi obtida por meio de um paquímetro (Jomarca, Guarulhos, SP, Brasil), de acordo com a metodologia descrita por Goldstein et al. (1999).13 A avaliação da intensidade da dor foi realizada através da Escala Visual Analógica (EVA), e a qualidade de vida foi avaliada com a versão validada na língua portuguesa do questionário de Qualidade de Vida da Universidade de Washington (UW-QOL).14 O UW-QOL possui 12 questões pontuadas de 0 a 100, sendo a pontuação mais elevada indicativo de melhor qualidade de vida, além de três questões gerais. Em nosso estudo foi realizado análise de alguns domínios individualmente como a dor, a fala e a mastigação. Nesse estudo consideramos a presença de trismo quando o paciente tinha uma média de três medidas de abertura da boca, igual ou inferior a 35 mm, de acordo com o critério proposto por Dijkstra et al. (2006)2. Análises estatísticas foram realizadas utilizando o teste qui-quadrado para analisar as possíveis associações entre variáveis qualitativas. Associações entre variáveis qualitativas e quantitativas foram avaliadas pelo teste de Mann-Whitney não paramétrico. O nível de significância foi fixado em 5%. Resultados No total, 111 pacientes completaram a avaliação proposta. A maioria dos participantes era do sexo masculino (64%) com idade entre 30 e 86 anos (média, 58 anos), seis (5%) eram fumantes, e 59 (53%) eram exfumantes. Um total de 80 pacientes (72%) declararam que nunca tiveram o hábito de ingerir bebida alcoólica, cinco (5%) mantinham o hábito, e 26 (23%) eram exetilistas. Um total de 63 pacientes (57%) relataram outras doenças crônicas. A queixa principal mais comumente relatada pelos pacientes foi a xerostomia (27 casos, 24,3%). Dor ou limitação de abertura da boca foi relatada como a principal queixa por sete (6,3%) pacientes. No entanto, um total de 36 (32,4%) pacientes referiram a dificuldade, dor ou limitação ao bocejar quando questionados. Os pacientes foram classificados de acordo com a presença (30 casos, 27%) ou ausência (81 casos, 73%) Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 158-162, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 159 Prevalência e caracterização do trismo no câncer de cabeça e pescoço. de trismo. A medida média de abertura da boca foi de 40,3 mm, sendo que a menor média de abertura foi no grupo de participantes submetidos à cirurgia (C) e radioterapia (RDT) com quimioterapia (QT) (média = 37,9 mm / DP = 8,2 mm). As medidas de abertura de boca, agrupados por tratamento do câncer, são mostradas na Figura 1. O trismo foi encontrado em 33% dos pacientes que se submeteram a C + RDT + QT, 34% dos pacientes submetidos a RDT e QT, mas não a cirurgia, 29% dos pacientes que realizaram cirurgia e radioterapia pósoperatória e 18% dos pacientes que se submeteram a cirurgia exclusiva. Não houve correlação estatisticamente significativa entre a realização de reconstrução cirúrgica imediata e a presença de trismo (p = 0,75). A análise com a presença de dor no momento da avaliação (p = 0,98) e a realização de fisioterapia pós-operatória (p = 0,36) também mostrou resultados semelhantes. Trinta dos 111 participantes (27%) realizaram fisioterapia em algum momento, porém destes, em apenas 13 (43%) casos, o objetivo foi tratamento do trismo. A análise baseada no estadio T revelou correlação de tumores avançados com a presença de trismo (p = 0,03) (Tabela 1). A modalidade de RDT de intensidade modulada (IMRT) foi administrada em 24 pacientes, 39% do número total de participantes submetidos à radioterapia. Destes 24 pacientes, apenas cinco (21%) tinham trismo. Para aqueles indivíduos que realizaram modalidade de RDT 2D e 3D, a incidência de trismo foi 6/18 (33%) e 8/14 (57%), respectivamente. O número médio de sessões de radioterapia foi de 35,3 em pacientes que desenvolveram trismo e 31,5 em pacientes que não tiveram trismo (p <0,05). Em relação à dose de radiação, os participantes que foram submetidos à radioterapia e apresentaram trismo receberam uma dose total média de 64 Gy, não houve diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo sem trismo (p = 0,45). Porque alguns pacientes foram submetidos à radioterapia em outras instituições, havia informações incompletas em relação à dose de radiação recebida (quatro em cada 77 pacientes que se submeteram a RT isolada ou associada a outro tipo de tratamento), assim como sobre fracionamento (3/77) e modalidade (14/77) da radioterapia. Um total de 74 cirurgias foi realizado, das quais 35 eram diversos tipos de ressecção de tumor (47,3%) e 12 eram pelveglossectomias (16,2%). Três de cinco pacientes com carcinoma de lábio avançados apresentaram trismo. Para os pacientes com câncer de nasofaringe e orofaringe, a prevalência de trismo foi de 30% e 33%, respectivamente. O tempo de uso de sonda de alimentação (gastrostomia ou sonda nasoenteral) após a cirurgia e durante e após a radioterapia ou radioquimioterapia foi maior nos pacientes que tinham trismo (média de 98,3 dias / DP = 109,2), em comparação com aqueles que não tinham limitação de abertura da boca (média = 45,4 dias / DP = 60,0), essa diferença entre os grupos com e sem trismo foi estatisticamente significativa (p = 0,02). Gonçalves et al. Figura 1. Medidas de abertura de boca relacionadas ao tratamento do câncer. Legenda: C: cirurgia; RDT: radioterapia; QT: quimioterapia. Figura 2. Média dos domínios do UW-QOL relacionado à presença do trismo. A média do escore composto da qualidade de vida dos participantes foi de 78,7 (DP = 14,3, variação de 22,9-100), e os melhores resultados foram obtidos por aqueles que foram submetidos a tratamento cirúrgico exclusivo (média = 85,3, variação de 49,3-100). Em relação à presença ou ausência de trismo, a qualidade de vida dos indivíduos que apresentavam trismo foi significativamente pior [média = 73,8 (DP = 14,7, intervalo 42,3-97,9)] do que aqueles com a abertura da boca sem limitações [média = 80,6 (DP = 13,9, 22,9 gama -100)] (p = 0,02). A média dos escores de cada domínio do questionário UW-QOL são demonstradas na Figura 2. Discussão A prevalência de trismo na amostra estudada (27%) está dentro do intervalo apresentado nas revisões da literatura (a partir de 5% a 30,7%).3 Outro estudo brasileiro encontrou uma prevalência menor do trismo (14,3%) em doentes submetidos a tratamento do câncer. No entanto, a amostra incluiu apenas 69 pacientes acompanhados em uma clínica odontológica entre 2002-2004.15 O trismo em paciente com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço pode resultar da invasão local do tumor na musculatura mastigatória como masseter e pterigóideos, na inervação neural, articulação temporomandibular e / ou em outros tecidos.6,16 No entanto, a cirurgia e a radioterapia são as causas principais de trismo nestes pacientes.17 Nosso estudo avaliou pacientes apenas após o tratamento curativo, por isso não foi possível avaliar a presença de trismo devido a tumor. 160 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 158-162, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Prevalência e caracterização do trismo no câncer de cabeça e pescoço. Lee et al. (2011), em um estudo longitudinal, encontraram 71% de pacientes com trismo pósoperatório (6 semanas no pós-operatório), e 79% com trismo 6 meses após a cirurgia ou radioterapia. 18 Nossa análise mostrou que a presença de trismo foi maior em pacientes submetidos radioquimioterapia ou cirurgia seguida por radioquimioterapia, do que naqueles submetidos à cirurgia isolada ou cirurgia e radioterapia pós-operatória, no entanto, as diferenças não foram estatisticamente significativas. Possivelmente o tempo entre o tratamento e o momento da avaliação tenha influenciado nesse resultado. Nosso estudo é transversal, e foi realizado com pacientes tratados de 1 mês até 33 anos após o tratamento. Assim, pacientes com trismo que foram tratados de forma adequada ou até mesmo por meio da abertura da boca de rotina em atividades como a fala, mastigação, higiene oral, podem ter melhorado espontaneamente ao longo dos anos. Os participantes deste estudo foram distribuídos em diferentes grupos cirúrgicos. No entanto, não foi possível analisar a relação de trismo com procedimentos específicos por causa do baixo número de casos incluídos em cada categoria. Um substituto da extensão do procedimento cirúrgico pode ser o estádio da doença loco-regional porque está relacionado com a quantidade de tecido ressecado na cirurgia curativa, além de indicar, muitas vezes, a necessidade de um tratamento adjuvante. Um estudo prospectivo apresentou medidas e registros da abertura da boca em pacientes que realizaram cirurgias primárias por câncer de boca e orofaringe, e o trismo estava presente em 21% dos pacientes antes e após a operação e, em 32% apenas após a cirurgia. 7 A dor orofacial é uma condição comum em pacientes com câncer de cabeça e pescoço e é relatado em até 70% dos pacientes imediatamente após o tratamento curativo. Em um estudo, 36% dos pacientes tiveram dor orofacial contínua até 6 meses após a conclusão do tratamento.19 A dor aguda após cirurgia envolve geralmente resposta inflamatória relacionada com a extensão da cirurgia e pode estar associada com lesão nervosa concomitante.20. A dor orofacial influencia significativamente a morbidade e qualidade de vida, e pode alterar funções sociais da comunicação [da fala, expressão facial e interação física (comer e beijar)].19,20 Além disso, a disfunção e dor póscirúrgica podem persistir, afetando abertura da boca e a mobilidade dos tecidos moles (como lábios, bochechas, língua e palato mole), causando déficits para mandíbula e alteração da sensibilidade oral20. Houve uma associação significativa do estádio T e a presença do trismo, como demonstrado em estudos anteriores.16 Em 2008, Scott et al. também mostraram que a abertura da boca estava associada com o estádio clínico do tumor (média: Tis/T1-2, 35 mm; T3-4, 24 mm) e, além disso, também com a realização da radioterapia (mediana com radioterapia de 27 mm; mediana sem radioterapia de 38 mm).12 SCOTT et al. (2008) também mostraram que os pacientes que tiveram fechamento primário (mediana: Gonçalves et al. 38 mm), apresentaram uma maior abertura de boca do que os pacientes que necessitaram de retalhos de tecidos moles (mediana: 30 mm) ou retalhos compostos (mediana: 24 mm).12 Nossa análise não encontrou nenhuma associação de trismo com reconstrução cirúrgica. Diversos estudos na literatura têm mostrado uma relação do trismo com a dose de radiação e o local irradiado. A irradiação da ATM e músculos masseter e pterigóideos, bem como doses superiores a 60 Gy mostram-se como fatores de risco determinantes para trismo.10,13,21 No presente estudo, a dose total de radiação dentro dos campos cérvico-faciais (CCFF), que inclui as regiões da ATM e músculos da mastigação, foi de 64 Gy naqueles indivíduos que apresentavam trismo, e 61,6 Gy em pacientes sem trismo. Os participantes que apresentaram trismo necessitaram de dose total de radiação mais alta, possivelmente devido ao estádio mais avançado da doença. Assim, a causa de trismo parece ser multifatorial. Notavelmente, os pacientes que foram submetidos a IMRT apresentaram trismo em menor número comparado com pacientes tratados previamente com modalidade convencional (21%). Gomez et al. (2009) reportaram que 17% dos pacientes tratados com IMRT apresentavam trismo.22 No entanto, a proporção de trismo em nossa amostra ainda é maior do que a observada em outros estudos.3 O nosso estudo mostrou que a modalidade IMRT foi realizada em 24 participantes (39%), o que é explicado pelo momento do diagnóstico que, na maioria dos participantes, é recente, com uma média de 5,9 anos de seguimento. Fibrose de radiação se refere à esclerose do tecido que muitas vezes ocorre em resposta à exposição à radiação, porém frequentemente a radioterapia é combinada a quimioterapia e / ou cirurgia. Assim, os efeitos tóxicos podem ser cumulativos e de difícil separação clínica.17 A radioterapia e a cirurgia podem levar a fibrose na região orofacial e, portanto, se mastigação e deglutição tornam-se difíceis, uma modificação da dieta é necessária. A dieta oral pode exigir modificações de textura, dependendo da capacidade do paciente para abrir a boca e mastigar.23 Bragante et al. (2012) demonstraram que pacientes que se alimentavam através sonda de alimentação nasoenteral (SNE) apresentavam maior restrição na abertura máxima da boca, em comparação com pacientes em que foi administrada dieta por via oral.24 A hipomobilidade mandibular causada pela utilização da SNE pode acelerar a degeneração dos músculos mastigatórios e da ATM causada pela radioterapia.3 Em nosso estudo, o tempo total de uso de sonda (nasoenteral ou gastrostomia) foi calculado incluindo o período pós-operatório e o tempo durante e após radio ou radioquimioterapia. Longos períodos de uso de sonda de alimentação foram observados em pacientes que apresentaram mucosite associada à radiação ou quimioirradiação, e este período foi significativamente Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 158-162, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 161 Prevalência e caracterização do trismo no câncer de cabeça e pescoço. maior no grupo de pacientes com limitação na abertura da boca. O trismo é uma grande preocupação porque influencia e limita diversos hábitos de vida diária. Consequentemente, os pacientes com essa complicação apresentam significativamente piores pontuações no UWQOL quando comparados com pacientes sem limitação de abertura da boca. Este efeito também foi demonstrado em outros estudos. Kent et al. (2007) afirmam que o trismo induzido por radiação mostrou impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes tratados com radioterapia para câncer da cabeça e pescoço. 10 Weber et al. (2010) relataram altos índices de complicações em pacientes com câncer de boca e orofaringe, 65% dos quais eram problemas na alimentação e 70% no hábito de beber.25 Estas complicações são associadas com a redução na abertura da boca, pois a mastigação e a deglutição são prejudicadas pela abertura mandibular limitada. Outros estudos relatam consequências do trismo, tais como perda de peso e dificuldade em realizar cuidados de higiene dental. Jager-Wittenaar et al. (2011) demonstraram a relação entre trismo e malnutrição em indivíduos tratados para o câncer de cavidade oral ou de orofaringe.26 Além disso, Epstein e Huhmann (2012) também relataram que a capacidade de usar uma prótese bucal e sua funcionalidade pode ser afetada.23 Nossa análise não encontrou associação do trismo com a realização de tratamento fisioterapêutico. No entanto, os exercícios são frequentemente propostos para prevenção ou tratamento do trismo, incluindo exercícios de amplitude de movimento ativo e passivo e, geralmente, algumas ferramentas, como esferas de borracha, espátulas de madeira, abridores de mordida dinâmicos e o TheraBite®, que são instrumentos usados como incentivos para melhor cumprimento do exercício ou para aumentar a eficácia terapêutica. Djkistra et al. Gonçalves et al. (2007) demonstraram que a abertura da boca aumenta significativamente após a terapia de exercícios em pacientes com trismo, mas o aumento na abertura é maior em pacientes com trismo não relacionado ao câncer, em comparação com pacientes com trismo relacionados com câncer de cabeça e pescoço.27 O presente estudo mostrou que uma menor abertura média da boca estava no grupo de participantes submetidos a C + RDT + QT, apesar da ausência de significância estatística, e que o trismo foi associado estádio T. Assim, não fica claro se o trismo poderia ser um risco para a pior qualidade de vida ou se a associação de fatores, como tipo de tratamento e estádio tumoral, podem ser mais importantes para a qualidade de vida. Assim, é necessário realizar um estudo prospectivo longitudinal, envolvendo todos os pacientes submetidos ao tratamento curativo para determinar a real prevalência dessa complicação. Este estudo prospectivo longitudinal também pode fornecer informações sobre a prevalência em diferentes etapas do tratamento (após a cirurgia, após o tratamento adjuvante e, depois de longo prazo de seguimento) e pode ser mais informativo sobre a importância de inúmeros fatores de risco putativos. Conclusão Em conclusão, a prevalência do trismo na casuística estudada foi de 27%, e os fatores significativos associados com trismo foram estadios avançados do tumor e maior tempo com sonda de alimentação. Pacientes com trismo mostraram significativo pior escore de qualidade de vida. Este conjunto de informações é importante para identificar pacientes que apresentam alto risco para o desenvolvimento de trismo e assim, propor métodos adequados para a sua prevenção e controle. 162 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 158-162, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Artigo Original Radioiodoterapia em carcinoma papilífero sistemática e em pacientes selecionados Radioiodine therapy systematically and in selected patients in papillary carcinoma Sílvia Miguéis Picado Petrarolha 1 Rogério Aparecido Dedivitis 2 André Vicente Guimarães 3 Leandro Luongo de Matos 4 Rolando Costa Monteiro 5 Resumo Abstract Introdução: A ablação pós-operatória com radioiodo visa diminuir o risco de recorrência e facilitar sua vigilância em longo prazo em pacientes com carcinoma papilífero de tireóide. Entretanto, o benefício de seu uso em pacientes de baixo risco não está bem estabelecido e é passível de provocar complicações. Objetivo: Comparar o uso pós-operatório de iodo radioativo sistemático e em casos selecionados. Métodos: Entre 2007 e 2010, 142 pacientes submetidos à tireoidectomia total por carcinoma papilífero de tireoide foram retrospectivamente analisados. Foram subdivididos, de acordo com a indicação dos dois cirurgiões, no grupo que realizou radioiodoterapia sistematicamente; e no grupo em que apenas casos selecionados (classificados como de médio e alto risco) receberam radioiodo. Resultados: Os grupos analisados são homogêneos (p>0,05), exceto pelo seguinte: o cirurgião 1 teve mais pacientes de médio e alto risco (p=0,015) e o cirurgião 2 indicou mais radioiodoterapia (p=0,013). Não houve diferença estatística entre o cirurgião (indicação de ablação pósoperatória com radioiodo) e a recidiva (p=0,292). Conclusão: O uso de radioiodo sistematicamente não tem benefícios em relação à recidiva do CPT. Introduction: Postoperative remnant ablation with radioactive iodine aims at reducing the risk of recurrence and facilitating its long-term follow-up in patients with papillary thyroid carcinoma (PTC). However, the benefit of its use in low risk patients has not been well established yet and it is liable to cause complications. Objective: To compare the systematic postoperative use of radioactive iodine in selected cases. Methods: Between 2007 and 2010, 135 patients who had undergone total thyroidectomy for thyroid papillary carcinoma were retrospectively analyzed. They were subdivided according to two surgeons’ recommendation: the group that systematically underwent radioiodine therapy and the group in which only selected cases (classified as intermediate and high risk) received radioiodine. Results: The groups analyzed are homogeneous (p>0.05) excepting for the following facts: surgeon 1 had more intermediate and high risk patients (p=0.015) and surgeon 2 recommended more radioiodine therapy (p=0.013). There was no statistical difference between the surgeon (recommendation for postoperative ablation with radioiodine and recurrence (p=0.292). Conclusion: The systematic use of radioiodine showed no benefits in relation to PTC recurrence. Descritores: Carcinoma Papilar; Radioisótopos Neoplasias da Glândula Tireoide; Fatores de Risco. Key words: Carcinoma, Papillary; Iodine Radioisotopes; Thyroid Neoplasms; Risk Factors. do Iodo; Introdução O carcinoma diferenciado da tireoide (CDT) é a neoplasia endócrina mais comum1-3. O aumento na sua incidência, nos últimos 30 anos, é devido ao maior número de diagnósticos de microcarcinoma, definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como CPT com 1 cm ou menos, o qual tem um excelente prognóstico em longo prazo1,4-6. Isso ocorreu graças à ampla disponibilidade de ultrassonografia de alta resolução realizada por outras razões, levando ao aumento de descobertas incidentais de nódulos tireoidianos que são submetidos à punção aspirativa por agulha fina (PAAF). O estádio pelo TNM não avalia adequadamente o risco de doença persistente ou recorrente3. Nesse sentido, outros sistema de estratificação de risco têm sido propostos, como o MACIS (metastasis, age, completeness of resection, invasiveness e size)7. A classificação em risco permite definir extensão da ressecção cirúrgica e indicação de tratamento adjuvante. 1)Residência Médica em Cirurgia Geral. R4 de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. 2)Docente Livre. Supervisor do Grupo de Laringe e Hipofaringe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, São Paulo/SP. 3)Doutor em Ciências pelo Curso de Pós-graduação em Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Assistente dos Serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Ana Costa, Santos/SP e da Irmandade da Santa Casa da Misericordia. 4)Docente Livre. Doutor em Medicina pelo Curso de Pós-graduação em Biologia Molecular da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP. Assistente do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo ICESP, São Paulo. 5)Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Instituição: Hospital Ana Costa Santos / SP – Brasil. Correspondência: Sílvia Miguéis Picado Petrarolha - Rua Vahia de Abreu, 126 ap. 72 - Boqueirão – Santos / SP – Brasil – CEP: 11050-120 Artigo recebido em 17/11/2014; aceito para publicação em 21/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 163-166, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 163 Radioiodoterapia em carcinoma papilífero sistemática e em pacientes selecionados. Um dos tratamentos padronizados é a tireoidectomia total seguida de ablação por radiodo, com o objetivo de destruir o tecido tireoidiano remanescente1-3. O intuito da ablação pós-operatória com radioiodo é diminuir o risco de recorrência regional e facilitar a vigilância em longo prazo com rastreamento de iodo do corpo inteiro e/ou medidas de tireoglobulina4,5. Recomenda-se o uso de iodo radioativo em pacientes com risco intermediário e alto, pela eficácia em relação à sobrevida e diminuição de recorrência2,3. Entretanto, é importante ressaltar que este benefício não foi observado em pacientes em estádios iniciais, como aqueles com tumores menores do que 1cm e sem fatores de risco associados3. Adicionalmente, há complicações relacionadas ao uso de radioiodo, que são dose-dependentes, sendo os órgãos mais comumente afetados as glândulas salivares, ducto nasolacrimal, gônadas, sistema gastrointestinal e hematopoético. Sialoadenites e obstrução dos ductos salivares podem causar dor e/ou edema, principalmente em parótidas, enquanto inflamação/obstrução dos ductos nasolacrimais podem levar à conjuntivite, diminuição de lágrimas, olho seco e epífora. Um dos maiores riscos iniciais da terapia é a supressão da medula óssea, podendo levar à anemia aplásica7-9. É ainda discutível se um segundo tumor primário tem seu risco aumentado, relacionado à dose de 131I 9. O objetivo deste estudo é comparar o uso pósoperatório de iodo radioativo sistemático e em casos selecionados (médio e alto risco), considerando a recorrência. Métodos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde foi realizado. Entre 2007 e 2010, foi realizada uma análise retrospectiva por meio da revisão de prontuários médicos de pacientes consecutivos submetidos à tireoidectomia total por carcinoma papilífero de tireoide. Foram encontrados 159 pacientes, que foram subdivididos, de acordo com a indicação do cirurgião, em dois grupos em relação ao uso de iodo radioativo no pósoperatório. No primeiro grupo, constituído por pacientes operados por um dos cirurgiões, os que realizaram radioiodo sistematicamente; e, no segundo, operados por outro cirurgião do mesmo serviço, em apenas casos selecionados (classificados como de médio e alto risco). Foram excluídos os pacientes que perderam seguimento, somando-se um total de 17. Ao final, encontraram-se 142 pacientes com registros completos. Fatores como idade, gênero, estadiamento, esvaziamento cervical, radioiodoterapia e dose realizada foram comparados e analisados entre ambos os grupos. Entre os pacientes analisados, 62 (43,6%) realizaram radioiodoterapia sistematicamente e 80 (56,4%) somente quando classificados como sendo de médio e alto risco, a fim de que pudesse ser comparada a recorrência da neoplasia entre os dois grupos. Petrarolha et al. Os valores obtidos pelo estudo de cada variável quantitativa de distribuição paramétrica foram organizados e descritos por meio da média e desviopadrão. Para as qualitativas, foram utilizadas freqüências absolutas e relativas. Para a comparação entre as médias de duas populações amostrais paramétricas, foi utilizado o teste t de Student. O teste exato de Fisher foi utilizado para comparar as variáveis categóricas. Comparações da frequência de um fenômeno entre grupos de variáveis qualitativas foram realizadas com aplicação do teste do qui-quadrado. Em todas as análises, foi utilizado o programa estatístico SPSS® versão 17.0 (SPSS® Inc; Ilinois, USA) e, em todas as comparações, adotou-se nível de significância estatística inferior a 5% (p≤0,05). Resultados Os pacientes analisados formaram grupos homogêneos (p>0,05). A única exceção é que o cirurgião 1 teve mais pacientes de risco intermediário (p=0,015 – qui-quadrado) e o cirurgião 2 indicou mais radioiodoterapia (p=0,013 – qui-quadrado), como já era esperado. Não houve diferença estatística entre o cirurgião (indicação de ablação pósoperatória com radioiodo em relação à classificação de risco) e a recidiva de doença (p=0,292 - teste exato de Fisher) – Tabela 1. Discussão A idade do paciente no momento do diagnóstico inicial e terapia são fatores determinantes no estádio na classificação TNM da AJCC/UICC. Na ausência de metástases à distância (M0), todos os pacientes com idade inferior a 45 anos são classificados como estádio I. Na presença de metástases à distância (M1), todos os pacientes com idade inferior a 45 anos são classificados como estádio II9. Pacientes com 45 anos ou mais com tumor primário menor que 2cm e limitado à tireoide (T1), na ausência de metástases linfonodais ou à distância (N0M0), são classificados como estádio I, enquanto pacientes com 45 anos ou mais que apresentam tumor primário maior que 2 cm, mas não maior que 4 cm e limitado à tireoide (T2), Tabela 1. Fatores de risco em relação aos cirurgiões estudados. Fator de risco Cirurgião 1 Cirurgião 2 p Pacientes estudados Idade (anos) Metástase à distância Invasão extratireoidiana Tamanho (>1,5 cm) Multifocalidade Metásteses cervicais Risco Baixo Intermediário Alto Recidiva cervical 62 (43,6%) 48,92 (25-80) 1 (1,7%) 11 (18,6%) 21 (35,6%) 14 (23,7%) 8 (13,6%) 48 (79,7%) 7 (10,2%) 7 (10,2%) 5 (8,6%) 80 (56,4%) 46,48 (18-87) 0 (0%) 14 (18,4%) 19 (25%) 24 (31,6%) 7 (9,2%) 67 (85,5%) 13 (14,5%) 0 (0%) 3 (3,9%) >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 >0,05 0,015 >0,05 0,292 164 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 163-166, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Radioiodoterapia em carcinoma papilífero sistemática e em pacientes selecionados. na ausência de metástases linfonodais ou à distância (N0,M0), são classificados como estádio II. Pacientes com 45 anos ou mais, com doença T3 e/ou metástases limitadas ao nível VI linfonodal (N1aM0) são estádio III; por outro lado, aqueles com 45 anos ou mais com um tumor primário mais invasivo localmente (T4a ou T4b) e/ou metástases para qualquer localização outra que linfonodos em nível VI (N1b e/ou M1) são classificados como estádio IV9. Embora as diretrizes de estratificação de risco propostas pela American Thyroid Association e European Thyroid Association sejam um bom ponto de partida na decisão do tratamento inicial, elas têm menor acurácia em predizer o resultado em longo prazo em pacientes com CDT. Na verdade, os dois sistemas têm um valor preditivo positivo (VPP) muito baixo, devido ao grande número de pacientes (aproximadamente 60%) que são classificados como de risco intermediário/alto, estando em remissão completa no final do seguimento. Esse inconveniente é, provavelmente, devido ao fato de não serem considerados os efeitos da terapia inicial10-12. Usado após a tireoidectomia em pacientes com CDT, o tratamento com iodo radioativo pode ser indicado para ablação remanescente ou para tratamento de doença residual conhecida ou metastática9. A ablação remanescente com iodo radioativo é uma forma de intervenção oral com radioisótopo, com intenção de destruir o tecido tireoidiano normal remanescente após remoção completa cirúrgica do CDT (ex. após tireoidectomia total) 7. Esse procedimento, aparentemente, não influencia na taxa de mortalidade, mas, na maioria das séries, parece reduzir o risco de recorrência regional e facilitar a sobrevida a longo prazo baseada na medida da Tg sérica e diagnóstico pela pesquisa de corpo inteiro com I131. Além disso, a alta atividade do I131 permite a obtenção de alta sensibilidade pós-terapêutica na pesquisa de corpo inteiro12. Vários estudos retrospectivos amplos e uma metaanálise mostraram reduções significativas na recorrência do câncer de tireoide e na mortalidade pela doença em pacientes tratados com iodoradioativo para ablação remanescente. Nesses estudos, o benefício parece ser restrito aos pacientes com tumores maiores que 1,5cm, multicêntricos, câncer localmente invasivo ou com doença residual após cirurgia13-15. Entretanto, amplas séries retrospectivas com acompanhamento por longo período de tempo publicadas nas últimas duas décadas mostraram não haver benefício quando a radioiodoterapia foi realizada em pacientes com tumores pequenos e sem fatores prognósticos negativos, classificados como baixo-risco8. Uma revisão sistemática atualizada não confirmou o benefício da ablação remanescente em estádios precoces da CDT em relação à mortalidade causaespecífica ou recorrência. Entretanto, com o mesmo tratamento observou-se redução estatisticamente significativa no risco de metástases à distância16. Petrarolha et al. A dose terapêutica de I131 é passível de complicações. Sem se levar em conta a razão pela qual foi administrada, a ablação com radioiodo está associada a seus próprios riscos inerentes e, para muitos pacientes com CDT, o risco-benefício da terapia ainda está incerto. Doses mais altas de iodoradioativo foram associadas a efeitos colaterais imediatos e temporários, assim como consequências a longo prazo8. As complicações mais comuns são devido a sialoadenites por radiação, caracterizadas por dor e inchaço na região da parótida, assim como hipogeusia e xerostomia. A incidência de sialoadenites é dosedependente, ocorrendo em 5 a 40% dos pacientes tratados com iodo radioativo. Outra complicação relacionada é a obstrução do ducto nasolacrimal. Leucopenia e trombocitopenia moderadas e auto-limitadas podem ser observadas 6 semanas após o tratamento. Um aumento no risco de pneumonite e fibrose pulmonar pode também ocorrer em alguns pacientes com envolvimento pulmonar difuso. Nestes pacientes, na administração de iodoradioativo devem ser considerados os estudos de dosimetria com um limite de 80mCI, em 48 horas, na retenção de corpo inteiro17,18. Atualmente, a melhor evidência médica disponível para resultados a longo prazo após estratégias terapêuticas primárias em pacientes com CDT classificados como baixo-risco (incluindo extensão da tireoidectomia, esvaziamento do compartimento central profilático, ablação com radioiodo do tecido remanescente e supressão do TSH) é incerta, tendo em vista sua natureza amplamente observatória e baixas taxas de eventos reportados (análises com baixa significância estatística)7. Conclusão Não há evidência que mostre que o uso de radioiodoterapia sistematicamente tenha benefícios em relação à recidiva do CPT. Além disso, pelos efeitos colaterais descritos, a indicação de ablação com radioiodo deve permanecer apenas naqueles pacientes classificados como médio e alto risco. Referências 1. Ambrosetti MC, Colato C, Dardano A, Monzani F, Ferdeghini M. Radioiodine ablation: when and how. Q J Nucl Med Mol Imaging. 2009;53(5):473-81. 2. 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Apresenta basicamente duas variantes histológicas para a lesão: Uma central e outra periférica. A variante central é frequentemente notada na radiografia, sendo unilocular, bem definida e limitada por um halo esclerótico, ocasionalmente apresenta formações radiopacas. A variante periférica apresenta na radiografia focos de calcificação em meio a tecidos moles que sofrem traumatismos constantes. Objetivo: Reportar um caso de Fibroma Ossificante Periférico em maxila discutindo os aspectos clínicos, radiográficos e histológicos. Conclusão: Histologicamente o tumor apresenta uma variedade de subtipos histológicos, que dificultam o diagnóstico. O tratamento é cirúrgico e consiste na enucleação ou ressecção da lesão, dependendo das caracteristicas. Introduction: Ossifying Fibroma is a benign and uncommon tumor, of slow growth, arising from periodontal ligament. It affects mainly the posterior region of the jaw and shows higher predilection to females, afflicting patients between the third and fourth decades of life. There are basically two variants for the lesion: one central and the other peripheral. As for the central variant, it is frequently noticeable a radiolucency x-ray image, unilocular, well defined and limited by a sclerotic halo, and occasionally presenting radiopaque formations. As for the peripheral variant, the radiograph may show foci of calcification in the midst of the shadow of soft tissue injury. Objective: This article reports a case of Peripheral Ossifying Fibroma in the maxilla, discussing its clinical, radiographic and histopathological findings. Conclusion: Histologically, the tumor has a variety of histopathological subtypes, which may lead to a dilemma in diagnosis. Treatment is surgical and consists of enucleation or resection of the lesion, depending on its characteristics. Descritores: Fibroma Ossificante; Granuloma Piogênico; Neoplasias de Tecido Fibroso; Neoplasias de Tecido Ósseo Key words: Fibroma, Ossifying; Granuloma, Neoplasms, Fibrous Tissue; Bone Neoplasms. INTRODUÇÃO Fibroma ossificante (FO) pode ser classificado em central ou periférico. FO central é classificado como uma lesão fibro-óssea. A variante periférica é uma lesão benigna, composta de tecido conectivo e é associada a processos inflamatórios (lesão hiperplásica inflamatória reativa)1-3 O termo lesão fibro-óssea é referente a um grupo diversificado de desordens, nos quais a arquitetura óssea normal é substituída por fibroblastos e fibras colágenas. Elas formam uma matriz de tecido conjuntivo contendo quantidades variáveis de tecido mineralizado, que pode Pyogenic; ser osso medular ou cemento. O termo não indica um diagnóstico específico, mas um grupo diversificado de lesões4-6. Entretanto, não existe uma classificação satisfatória, geralmente é aceito que lesões fibro-ósseas da região oral e maxilofacial podem ser divididas em três categorias, as quais incluem: displasia fibrosa, neoplasias fibro-ósseas benignas e lesões reativas displásicas4,5. Alguns autores sugeriram que Fibroma Ossificante/ Cementificante são lesões fibro-ósseas benignas originadas do ligamento periodontal. Desde que elas tenham a mesma origem histológica, são variações de um mesmo processo histológico4,5,7,11,12. As lesões podem ser designadas de diferentes formas, dependendo 1)Graduação. Residente de Cirurgia Bucomaxilofacial do Hospital Santo Antônio/ Obras Sociais Irmã Dulce e Universidade Federal da Bahia. 2)Mestre em Odontologia. Professor de CTBMF da Universidade do Sudoeste da Bahia (UESB), Professor da Residência em CTBMF do Hospital Santo Antônio/ Obras Sociais Irmã Dulce. 3)Doutor em Odontologia. Chefe do Serviço de CTBMF do Hospital Santo Antônio/ Obras Sociais Irmão Dulce. Professor de CTBMF da Universidade Federal da Bahia. 4)Livre-Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Professora Adjunta da Universidade Federal da Bahia. 5)Doutora em Estomatologia. Professora Associada da Universidade Federal da Bahia e Professora Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana. Instituição: Universidade Federal da Bahia Juazeiros / BA - Brasil Correspondência: Leonardo Morais Godoy Figueiredo, Cirugião-Dentista - Rua Francisco Martins Duarte, 572 – Centro - Juazeiro / BA - Brasil - CEP 48904-070 – E-mail: [email protected] Artigo recebido em 05/03/2013; aceito para publicação em 22/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 167-171, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 167 Fibroma ossificante periférico extenso: Relato de caso. sobretudo do tipo de tecido identificado. Assim, o termo FO é usado se o tecido predominante é ósseo, enquanto que o Fibroma Cementificante é definido pela presença de estruturas curvilíneas trabeculares ou calcificações esféricas. Lesões caracterizadas pela presença de osso e cemento simultaneamente são chamadas de Fibroma Cemento-Ossificante. Entretanto, o termo FO ou Fibroma Cementificante são designações meramente acadêmicas4,5,13. O Fibroma Ossificante Central foi descrito em 1872 por Menzel , o qual reportou a variante do FO chamando de Fibroma Cemento-Ossificante afetando uma mulher de 35 anos de idade. Em 1972, Montgomery usou pela primeira vez a denominação FO, termo pelo qual a lesão é conhecida atualmente. Até 1948, se acreditava que a displasia fibrosa e o FO eram a mesma entidade patológica ou variantes que pertenciam a mesma lesão. Em 1971 a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou as lesões cementiformes nas seguintes categorias: Cementoma Benigno, Fibroma Cementificante, Displasia Fibrosa Cementária Periapical e Cementoma Giganteforme8. Em 1992 a OMS catalogou os fibromas ossificante e cemetificante com o mesmo nome: Fibroma Cemento-Ossificante9. Em 2005, esta entidade foi classificanda pela OMS como Fibroma Ossificante, que se caracterizava por duas variantes histológicas: Fibroma OssificanteTrabecular Juvenil (FOTJ) e Fibroma Ossificante Juvenil Psamomatóide (FOJP)8,10,14. FO periférico não representa uma variante extra-óssea do central, sem subclassificações. Esta é considerada uma lesão rara14-17. Este artigo tem o propósito de relatar um caso clínico de FO periférico de grandes proporções, localizado no rebordo alveolar superior. Figueiredo et al. enviada para avaliação histopatológica, a qual confirmou o diagnóstico de FO (Figuras 4 e 5). O paciente retornou para reavaliação após uma semana, e permaneceu em acompanhamento pós-operatório por um período de 01 ano sem sinais de recidiva. Após alta da equipe de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, o paciente foi encaminhado para reabilitação protética. Figure 1. Aspecto inicial da lesão RELATO DE CASO Uma paciente de 35 anos de idade procurou atendimento odontológico na Universidade Federal da Bahia (UFBA) com queixa de aumento de volume tecidual indolor em região posterior do rebordo alveolar da maxila, com evolução de aproximadamente 06 anos. Ao exame clínico observava-se uma lesão extensa e exofítica, de cerca de 08 centímetros de dimensão, consistência firme, coloração rósea, pediculada, localizada na região supracitada. Adicionalmente, foi notado que a paciente apresentava edentulismo total em arco superior, e que havia a impressão negativa do pré-molar inferior esquerdo na lesão (Figura 1). Para avaliar a presença de material calcificado na lesão, radiografias periapicais e a panorâmica foram obtidas. Imagens sugestivas de presença de pequenos focos de calcificação em ambos os exames radiográficos, e grande reabsorção de osso alveolar adjacente a lesão podem ser notadas (Figuras 2A e 2B). Com os achados clínicos e imaginológicos, a hipótese diagnóstica de FO foi levantada. O tratamento realizado foi a excisão cirúrgica da lesão sob anestesia local. A peça cirúrgica foi armazenada em formol a 10% e Figure 2 A e B. Pode-se observar a formação de pequenas áreas radiopacas no meio da massa de tecido mole, e uma grande reabsorção do processo alveolar da maxila na região. 2A: radiografia periapical. 2B: radiografia panorâmica 168 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 167-171, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Fibroma ossificante periférico extenso: Relato de caso. DISCUSSÃO Lesões fibro-ósseas benignas compreendem um grupo de lesões pobremente definidas e um pouco controversas, por continuarem apresentando problemas para classificação, diagnóstico e tratamento4,5. Embora não exista consenso na terminologia, um novo conceito emergiu culminando na última classificação da OMS10. O principal aspecto desta classificação é a concepção de um espectro de entidades patológicas clínicas no qual o diagnóstico somente possa ser realizado baseado em uma minuciosa análise dos achados clínicos, radiológicos e histológicos13-19. Essas lesões podem ser melhor estudadas pela nova classificação Figueiredo et al. proposta pela OMS10, por Speight e Carlos6, e Eversole; Su e El-Mofty13. O FO periférico não se encaixa na classificação para o caso de lesão não neoplásica ou de origem inflamatória. 15 FO periférico tem uma localização estritamente extra-óssea, ocorrendo apenas na gengiva, como resultado de um processo inflamatório crônico14. Diagnóstico diferencial de lesões periféricas com células gigantes, hiperplasia fibrosa inflamatória, fibroma periférico e granuloma piogênico18. De acordo com Zhang et al.21 em um estudo de 2439 casos de lesões reativas que afetam a gengiva, 61,05% dos casos eram Fibromas Periféricos, 19,7% eram Granulomas Piogênicos, 17,67% Fibroma Ossificante Figure 3. Aspecto da lesão excisada Figure 5. Aparência clínica pós-operatória. Nota-se região do defeito ósseo. Figure 4 A. Observa-se que a mucosa bucal é revestida por epitélio pavimentoso estratificado. Subjacente é observado a proliferação de células fusiformes ou de núcleo ovóide. Figure 4 B. Observada formação da matriz óssea mineralizada com a presença de intensa atividade dos osteoblastos. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 167-171, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 169 Fibroma ossificante periférico extenso: Relato de caso. Periférico e 1,52% eram lesões periféricas de células gigantes. Neste caso, a hipótese diagnóstica foi apresentada com a correlação dos achados clínicos e radiográficos, entretanto a confirmação ocorreu com o resultado do exame histopatológico, o qual descartou outras hipóteses diagnósticas de lesões similares. FO periférico é uma lesão inflamatória hiperplásica originada das células do ligamento periodontal, ou membrana periosteal. Afeta indivíduos entre a segunda e terceira décadas de vida, com o pico da prevalência entre 10 e 19 anos de idade. Dois terços dos casos afetam mulheres, com predileção para a região anterior da maxila14,15. No caso relatado o FO periférico afeta uma mulher com trinta e cinco anos e apresentou a lesão na região posterior esquerda da maxila. FO periférico usualmente varia entre 0,4 a 4cm em seu maior diâmetro. Neste caso, a área afetada e o tamanho da lesão não representam as características geralmente descritas na literatura. Apesar do diagnóstico ter sido feito durante a quarta década de vida da paciente, a lesão iniciou durante a terceira década de vida. No FO periférico uma matriz mineralizada está presente em apenas algumas lesões. Proliferação de tecido conjuntivo ocorre em resposta ao trauma, cálculo, ou corpo estranho no sulco gengival. A presença de irritação crônica na membrana periodontal ou no periósteo causa metaplasia no tecido conectivo e pode resultar na iniciação da formação do tecido ósseo ou calcificação distrófica14,15. O FO periférico pode mostrar radiograficamente focos radiopacos na região central da lesão, entretanto, nem todas as lesões possuem calcificações ao examinar a radiografia, o envolvimento do osso sobrejacente não é comumente observado14-16, 18, 22. No presente caso há pequenos focos de calcificação e uma extensa reabsorção do rebordo alveolar, logo não foi necessário a realização de tomografia computadorizada ou ressonância magnética, já que os achados radiográficos contemplaram os requisitos para alcançar o correto diagnóstico. No FO periférico a presença de epitélio escamoso estratificado, seja intacto ou ulcerado, é microscopicamente observado, tecido fibroso benigno com um número que varia de escassa a profusa proliferação de fibroblastos, material mineralizado consistindo de osso maduro ou osteióde lamelar, substâncias compatível com cemento, ou calcificações distróficas, ao lado da presença de infiltrado inflamatório crônico ou agudo, dependendo do tempo de evolução14-17, 22. No nosso caso foi observado a formação de matriz óssea mineralizada, na presença de intensa atividade osteoblástica e proliferação de células fusiformes ou de núcleo ovóide. Ono et al.23 reportaram o domínio de proteína óssea morfogenética no FO periférico em relação ao FO central. Além disso, eles também observaram expressão aumentada de osteopontina e osteocalcina no FO central comparado ao FO periférico, deste modo, o FO central parece ter maior capacidade para a formação de tecido duro do que o FO periférico. Figueiredo et al. Os FOs periféricos são usualmente tratados com excisão cirúrgica local, envolvendo o ligamento periodontal e o periósteo. No caso estudado, um tratamento conservador foi escolhido, realizando a enucleação da lesão, além de proservação de um ano sem sinais de recorrência. CONCLUSÃO O Fibroma Ossificante periférico é uma lesão incomum na região maxilofacial, alem de apresentar maior predileção por mulheres, sua maior prevalência está entre a segunda e terceira década de vida, sendo diagnosticada pela combinação de critérios clínicos radiológicos e histopatológicos. A detecção precoce com enucleação completa da lesão, envolvendo o periósteo e membrana periodontal e o acompanhamento em longo prazo são importantes devido a taxa de recorrência ser ligeiramente maior na maxila. REFERÊNCIAS 1. Mishra MB, Bhishen KA, Mishra R, Mishra S.(2011) Peripheral ossifying fibroma. J Oral and MaxillofacPathol 15: 65-8. 2. Yadav R, Gulati A.(2009) Peripheral ossifying fibroma: A case report. J Oral Science 51: 151-154. 3. Farquhar T, MacLellan J, Dyment H, Anderson RD. (2008) Peripheral Ossifying Fibroma: A case report. Journal of Canadian Dental Association 74(9): 809-812. 4. Gondivkar SM, Gadbail AR, Chole R, Parikh RV, Balsaraf S. (2011) Ossifying fibroma of the jaws: Report of two cases and literature review. Oral Oncology 47: 804–809. 5. Waldrom CA. (1993) Fibro-osseus lesions of the jaws. J Oral Maxillofac Surg. 51: 828–35. 6. Speight PM, Carlos R. (2006) Maxillofacial fibro-osseous lesions. Current Diagnostic Pathology. 12: 1–10. 7. 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Objetivo: Apresentar um caso de tireoide ectópica submentoniana sem tireoide em topografia normal. O tratamento escolhido foi a sua ressecção cirúrgica completa. Relatório: Paciente, sexo feminino, 45 anos, apresentou uma massa submentoniana indolor e móvel com 5 cm em seu maior diâmetro. A ultrassonografia cervical, a punção aspirativa por agulha fina, o exame cintilográfico e a tomografia computadorizada sugeriram que a massa era compatível com tireoide ectópica, e a paciente foi submetida a uma tireoidectomia total. O exame histopatológico revelou um bócio coloide. Linfonodos submentonianos não se apresentavam acometidos. Hormônio tireóideo exógeno está sendo administrado, e a paciente está clinicamente estável depois de nove meses de seguimento. Conclusão: A apresentação submentoniana de tireoide ectópica corresponde à minoria dos casos desta rara enfermidade. Foi relatado um caso de uma mulher de 45 anos que apresentou um tecido tireóideo ectópico ao nível do osso hioide e foi submetida a uma tireoidectomia total. Descritores: Glândula Tireóide; Diagnóstico Clínico; Bócio Nodular; Condições Patológicas Anatômicas; Relatos de Casos. INTRODUÇÃO A presença de tecido tireóideo ectópico é uma desordem embriológica rara, com uma incidência aproximada de 1 caso para cada 300.000 nascimentos1. Na maioria dos casos relatados, o tecido ectópico está localizado no trajeto do ducto tireoglosso2, sendo as apresentações mais comuns ao longo da linha média, desde a base da língua até o mediastino3. Dentre as diversas localizações que o tecido ectópico pode se Francisco de Assis Castro Bomfim Junior 1 Walber de Oliveira Mendes 2 Yuri Pinto Nunes 2 Abstract Introduction: Ectopic thyroid tissue is a rare entity. In most reported cases, the ectopic tissue is located in the route of the thyroglossal duct, in the midline of the neck. Most common site for an ectopic thyroid is lingual region, being the submental location a rare presentation. Cases with ectopic thyroid tissue without normally located thyroid are very unusual. Objective: To present a case of submental ectopic thyroid without orthotropic thyroid gland. The chosen treatment was the complete surgical resection. Report: The patient was a 45-year-old woman who presented with a painless and mobile submental mass with 5 cm in its greatest diameter. The cervical ultrasonography, the fine needle aspiration cytology, the scintigraphy and the computed tomography suggested that the mass was compatible with ectopic thyroid gland and the patient underwent a total thyroidectomy. Histopathological examination revealed a nodular goiter. Submental lymph nodes were not involved. Exogenous thyroid hormone is being administered and the patient is clinically stable after nine months of follow-up. Conclusion: The submental presentation of ectopic thyroid corresponds to the minority of cases of this rare entity. It was reported a case of a 45-year-old woman who presented a ectopic thyroid tissue at the level of the hyoid bone and underwent a total thyroidectomy. Key words: Thyroid Gland; Clinical Diagnosis; Goiter, Nodular; Pathological Conditions, Anatomical; Case Reports. apresentar, a mais comum é a apresentação lingual4. A presença de tireoide ectópica submentoniana em região sublingual é rara, respondendo por menos de 10% de todos os casos de tecido tireóideo ectópico2,5. Casos apresentando tireoide ectópica com ausência total de tecido tireóideo tópico são bastante incomuns1, 4. Neste artigo, será relatado um caso de uma paciente de 45 anos apresentando tireoide ectópica em região submentoniana sem a presença de tecido tireóideo em sua topografia habitual e que foi submetida à tireoidectomia total. 1)Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, Fortaleza, Ceará, Brasil. 2)Acadêmico de Medicina. Membro da Liga de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UFC, Fortaleza/CE. Instituição: Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza. Fortaleza / CE – Brasil. Correspondência: Walber de Oliveira Mendes - Rua Barão do Rio Branco, 20 – Centro - CEP: 60025-060 – Fortaleza / CE – Brasil - E-mail: [email protected] Artigo recebido em 18/03/2013; aceito para publicação em 31/10/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há 172 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 172-175, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Tireoide ectópica submentoniana sem glândula em topografia normal. Bomfim Junior et al. RELATO DE CASO Paciente de 45 anos, sexo feminino, natural e procedente de Fortaleza, Ceará. Procurou atendimento médico em julho de 2012 apresentando massa palpável em região submentoniana de evolução lenta, consistência fibroelástica, indolor, móvel à deglutição, predominante à esquerda e que media aproximadamente cinco centímetros em seu maior eixo. A superfície da massa apresentava um nódulo palpável, esférico, de aproximadamente dois centímetros. A ultrassonografia (US) cervical (Figura 1) revelou formação sólida heterogênea de 45 x 28 mm, com hipervascularização, sugestiva de tireoide ectópica. Solicitou-se, então, punção aspirativa por agulha fina (PAAF), que evidenciou tecido tireóideo ectópico, com citologia sugestiva de bócio adenomatoso. Não havia células neoplásicas na amostra coletada. A cintilografia qualitativa da tireoide com Tc-99 pertectenato (Figura 2) mostrou área de hipercaptação focal anômala em projeção de região submentoniana, além de ausência de captação na loja tireóidea. A tomografia computadorizada helicoidal do pescoço (Figura 3) evidenciou formação expansiva, sugestiva de tireoide ectópica sublingual. Na ultrassonografia, na cintilografia e na tomografia não foi visualizada glândula tireoide em sua topografia habitual. Em uma evolução de cinco meses, durante a qual a paciente esteve em uso diário de 50 mcg de Puran T4®, observou-se decréscimo progressivo do TSH sérico e aumento progressivo do T4 livre sérico (Tabela 1). O nível de Anti-TPO manteve-se <10 UI/mL, e o de Antitireoglobulina <20 UI/ mL. A tireoglobulina aferida em outubro obteve concentração de 438,0 ng/mL. Todos os exames expostos foram realizados com método de quimioluminescência. Dado que a condição clínica da paciente era satisfatória e as condições financeiras eram condizentes com a manutenção da terapia de reposição, a opção pela tireoidectomia total surgiu essencialmente frente ao desejo da paciente pela cirurgia, ao comprometimento estético e à possibilidade de transformação maligna e de crescimento da lesão, que poderia gerar sintomas compressivos. Durante a cirurgia (Figura 4), que ocorreu no inicio de dezembro, notou-se que a localização da tireoide ectópica mantinha íntima relação com osso hioide, situando-se ao nível deste. Logo, necessitou-se retirar a porção central, como em uma cirurgia de Sistrunk, para tornar possível a tireoidectomia. Não foi feito esvaziamento cervical. Não houve intercorrências, e a paciente recebeu alta hospitalar no dia seguinte. O exame histopatológico evidenciou bócio coloide, e os linfonodos submentonianos não se apresentavam acometidos. A paciente iniciou uso de Puran T4® na dose diária de 100mcg, encontrando-se estável clinicamente nove meses após a cirurgia. Figura 1. Ultrassonografia cervical evidenciando formação sólida (palpável) composta de dois nódulos: um hiperecóico, homogêneo, esférico, com margens definidas e contornos regulares, medindo 10 x 11 mm (à esquerda) e outro isoecóico, medindo 21 x 26 mm, com grande área de degeneração cística central (à direita). Figura 2. Cintilografia tireóidea. Visões panorâmicas (A e B) e laterais esquerdas (C e D). Tabela 1. Avaliação laboratorial dos hormônios tireóideos. TSH T4 Livre 12/julho 31/outubro27/novembro 6,4606,0533,220 0,6300,8301,140 Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 172-175, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 173 Tireoide ectópica submentoniana sem glândula em topografia normal. Bomfim Junior et al. Figura 3. Tomografia computadorizada do pescoço evidenciando formação expansiva sólido-cística no espaço sublingual anterior medindo 4,3 cm no maior eixo. A lesão exibe na fase sem contraste (A) densidade elevada do seu componente sólido, o qual realça intensamente após a injeção de contraste (B). Observam-se ainda as paredes espessadas do componente cístico. Figura 4. Cirurgia. Exposição da tireoide ectópica (A). Retirada da peça cirúrgica (B). Região sublingual após retirada do tecido tireóideo ectópico e realização de hemostasia (C). Peça cirúrgica (D). DISCUSSÃO A glândula tireoide é originada de um divertículo localizado em posição mediana na parede ventral da faringe primitiva. O tecido tireóideo derivado desse divertículo penetra profundamente no tecido mesenquimal subjacente e desce por alongamento anteriormente ao osso hioide e às cartilagens laríngeas até a região inferior do pescoço. O caminho formado pela retração do divertículo forma o ducto tireoglosso e este irá originar em sua porção proximal o forame cego e, em sua porção distal, poderá originar o lobo piramidal da tireoide6. A tireoide ectópica pode ser encontrada em qualquer posição do trajeto supracitado e até mesmo em órgãos subdiafragmáticos7. É geralmente cervical mediana (90%), e sua malignização é rara4. Porém, é importante avaliar todos os pacientes com tecidos tireóideos ectópicos1. A localização lingual corresponde a 90% dos casos2, 5, 7. Consequentemente, todas as outras localizações, incluindo a sublingual, correspondem a apenas 10% dos casos. A tireoide sublingual pode ser supra-hioidea, infra-hioidea ou estar ao nível do osso hioide8, como no caso relatado. Assim como no presente estudo, a apresentação sublingual geralmente caracteriza-se por paciente predominantemente do sexo feminino, assintomática, com massa cervical anterior, indolor, móvel, de consistência macia, com crescimento progressivo, podendo se mover com a deglutição8. Estima-se que a frequência de tecido tireóideo ectópico associado à glândula na sua topografia habitual se aproxime da frequência do tecido sem glândula tópica. Logo, a cintilografia com Tc-99 pertectenato é um exame essencial e deve ser feito antes do ato cirúrgico7, evitando, quando possível, a ressecção total do único tecido produtor de hormônios tireóideos, o que obrigaria o paciente a fazer reposição hormonal pelo resto da vida. Pode-se utilizar a ultrassonografia cervical, tomografia computadorizada e ressonância magnética para melhor avaliar a extensão e a localização da tireoide ectópica. A PAAF também pode confirmar o diagnóstico e é o único exame pré-operatório que pode diferenciar uma lesão benigna de maligna7. No caso relatado, a ultrassom cervical, a cintilografia e a tomografia computadorizada confirmaram a suspeita de tireoide ectópica e a ausência de tecido tireóideo em sua topografia habitual. A PAAF foi negativa para células neoplásicas (Bethesda II), sendo o resultado enganoso em apenas 2,3% dos casos, segundo estudo de Bohacek et al9 que analisaram 1000 punções aspirativas por agulha fina realizadas por cirurgiões e analisadas utilizando-se o critério de Bethesda. A experiência clínica permite-nos citar como diagnósticos diferenciais para a apresentação clínica acima exposta as seguintes afecções: cisto do ducto tireoglosso, cisto dermóide, linfadenopatia, lipoma, linfangioma, higroma cístico, além de neoplasias. A associação da clínica com os exames complementares contribuíram para o diagnóstico de tireoide ectópica no caso exposto. A posição desfavorável pode comprometer o suprimento sanguíneo, o que pode ser uma explicação para o hipotireoidismo clínico que ocorre em aproxima damente um terço dos pacientes com tireoide ectópica. O hipotireoidismo pode ser evidenciado em períodos de intensa demanda fisiológica como infecções, puberdade, 174 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 172-175, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Tireoide ectópica submentoniana sem glândula em topografia normal. trauma e gravidez8. Vale ressaltar que a paciente não apresentou, no curso da investigação, causas clinicamente detectáveis de aumento de demanda tireóidea. As dosagens de T4 livre e TSH mostram hipotireoidismo na maioria dos pacientes, sendo o restante geralmente eutireoideo10. A evolução das dosagens hormonais da paciente (Tabela 1) mostrou o controle do hipotireoidismo subclínico, que foi obtido com o uso de hormônio exógeno. Não há consenso sobre a melhor estratégia terapêutica, dada a raridade da afecção7. O tratamento resume-se a observação nos pacientes assintomáticos e à tireoidectomia em pacientes com sintomas obstrutivos, sangramento, degeneração cística e malignidade. Alguns recomendam tireoidectomia total pela possibilidade de transformação maligna da lesão11. Pacientes com hipotireoidismo podem ser tratados clinicamente com reposição exógena de hormônio tireóideo, suprimindo os níveis de TSH e reduzindo o tamanho da glândula. Tal tratamento não tem uma boa taxa de sucesso12. No caso relatado, o tratamento hormonal teve sucesso apenas no âmbito laboratorial, uma vez que não foi obtida redução da glândula. Em pacientes sem condições clínicas para serem submetidos à cirurgia, naqueles que recusam tratamento cirúrgico ou naqueles em que as dificuldades anatômicas contraindicam procedimento cirúrgico, pode-se considerar tratamento com iodo 131 radioativo. Porém, a redução do tecido tireóideo não é consistente12. A cirurgia nesta localização apresenta risco de complicação teórico menor do que a cirurgia em uma tireoide tópica, pelo menos no que se refere à ausência de proximidade com estruturas como o nervo laríngeo recorrente e como as paratireoides. A transformação maligna de uma tireoide ectópica é rara e é geralmente diagnosticada após excisão cirúrgica da lesão, através do exame histopatológico (4). No caso exposto, o exame histopatológico revelou bócio coloide, e o linfonodo submentoniano retirado durante a cirurgia estava livre de neoplasia. CONCLUSÃO Bomfim Junior et al. Relatamos no presente trabalho o caso de uma paciente de 45 anos que apresentou tireoide localizada ao nível do osso hioide e que foi submetida à tireoidectomia total. O profissional deve ter em mente a possibilidade de que uma massa em região submentoniana pode tratar-se de uma tireoide ectópica, e que esta pode, ainda que raramente, apresentar malignização. 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Anatomy and embryology of the thyroid and parathyroid glands. Seminars in ultrasound, CT, and MR. 2012;33(2):104-14. 7. Noussios G, Anagnostis P, Goulis DG, Lappas D, Natsis K. Ectopic thyroid tissue: anatomical, clinical, and surgical implications of a rare entity. European journal of endocrinology / European Federation of Endocrine Societies. 2011;165(3):375-82. 8. Ibrahim NA, Fadeyibi IO. Ectopic thyroid: etiology, pathology and management. Hormones (Athens, Greece). 2011;10(4):261-9. 9. Bohacek L, Milas M, Mitchell J, Siperstein A, Berber E. Diagnostic accuracy of surgeon-performed ultrasound-guided fineneedle aspiration of thyroid nodules. Annals of surgical oncology. 2012;19(1):45-51. 10. Yoon JS, Won KC, Cho IH, Lee JT, Lee HW. Clinical characteristics of ectopic thyroid in Korea. Thyroid : official journal of the American Thyroid Association. 2007;17(11):1117-21. 11. Shah BC, Ravichand CS, Juluri S, Agarwal A, Pramesh CS, Mistry RC. Ectopic thyroid cancer. Annals of thoracic and cardiovascular surgery : official journal of the Association of Thoracic and Cardiovascular Surgeons of Asia. 2007;13(2):122-4. 12. Rahbar R, Yoon MJ, Connolly LP, Robson CD, Vargas SO, McGill TJ, Healy GB. Lingual thyroid in children: a rare clinical entity. The Laryngoscope. 2008;118(7):1174-9. A tireoide ectópica situada em região sublingual corresponde à minoria dos casos desta rara enfermidade. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 172-175, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 175 Relato de Caso Carcinoma anaplásico da tireóide em pacientes jovens - relato de dois casos Anaplastic thyroid carcinoma in young patients report of two cases Resumo Introdução: O carcinoma anaplásico de tireoide (CAT) é bastante raro e, dado o alto potencial de metástases, é uma das neoplasias mais letais conhecidas, com sobrevida média de seis meses após o diagnóstico independentemente do tratamento. O tumor é mais comum na sexta e principalmente na sétima década de vida e é três vezes mais frequente em mulheres do que em homens. Objetivo: Relatar dois casos de CAT em pacientes jovens, um do sexo masculino e outro do sexo feminino, ambos de 34 anos. Relato dos casos: Caso 1: Paciente, masculino, 34 anos, admitido com queixa de intensa dispneia. Durante realização da traqueostomia de urgência, uma tumoração endurecida, invasiva, em região cervical anterior foi notada. A anestesia local foi convertida em anestesia geral, sendo realizada tireoidectomia total com esvaziamento cervical recorrencial bilateral. O exame histopatológico mostrou CAT. Foi realizada radioterapia adjuvante, permanecendo o paciente estável por aproximadamente 11 meses. Caso 2: Paciente, feminino, 34 anos, internada por queixa de intensa disfagia para sólidos e líquidos. Ao exame físico havia massa palpável, pétrea, no lobo direito da tireoide, confirmada pela tomografia cervical. Foi realizada exérese parcial da lesão, gastrostomia e traqueostomia. O exame histopatológico mostrou CAT. A paciente evoluiu bem, permanecendo assintomática por cinco meses mesmo sem tratamento adjuvante. Conclusão: Relatamos dois casos de carcinoma anaplásico de tireoide em pacientes de 34 anos que apresentaram péssimo prognóstico, dada a natureza invasiva da doença. A detecção precoce e o desenvolvimento de novas opções de tratamento são essenciais para melhorar a sobrevida. André Pires Cortez 1 Walber de Oliveira Mendes 2 Marcelo Esmeraldo Holanda 1 Jônatas Catunda de Freitas 4 Abstract Introduction: Anaplastic thyroid carcinoma (ATC) is very rare and, given the high potential for metastasis, is one of the most lethal cancers known, with median survival of six months after diagnosis, regardless of treatment. The tumor is more common in the sixth and in the seventh decade of life and is three times more frequent in women than in men. Objective: To report two cases of ATC in young patients, one male and one female, both aged 34. Case reports: Case 1: A 34-year-old man was admitted with complaints of severe dyspnea. During emergency tracheostomy, a hardened invasive tumor of the anterior cervical region was perceived. Local anesthesia was converted to general anesthesia and a total thyroidectomy with a bilateral anterior compartment neck dissection was performed. Histopathological examination showed ATC. Adjuvant radiotherapy was delivered and the patient remained stable for approximately 11 months. Case 2: A 34-yearold female was admitted with complaints of severe dysphagia for solids and liquids. On physical examination there was a palpable hardened mass in the right lobe of the thyroid that was confirmed by cervical tomography. Partial excision of the lesion, tracheostomy and gastrostomy were performed. Histopathological examination showed ATC. The patient recovered well, remaining asymptomatic for five months even without adjuvant treatment. Conclusion: We reported two cases of anaplastic thyroid carcinoma in patients of 34 years, who had a poor prognosis, given the invasive nature of the disease. Early detection and development of new treatment options are essential to improve survival. Key words: Thyroid Neoplasms; Young Adult; Carcinoma. Descritores: Neoplasias da Glândula Tireóide; Adulto Jovem; Carcinoma. INTRODUÇÃO O carcinoma anaplásico de tireoide (CAT) corresponde a 2% das neoplasias malignas da tireóide e, ao contrário dos carcinomas tireoidianos bem diferenciados, que possuem excelente prognóstico, é uma das neoplasias mais letais do ser humano, com sobrevida media de seis meses após o diagnóstico independentemente do tratamento realizado 1. A incidência estimada é de 1 a 2 casos por milhão de habitantes por ano. A maioria dos pacientes apresenta uma massa com extensa invasão das estruturas adjacentes. Logo, os principais sintomas estão relacionados ao rápido crescimento e invasão tumoral, podendo causar dor, 1)Médico. Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, Fortaleza-CE. 2)Acadêmico de Medicina. Membro da Liga de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UFC, Fortaleza-CE. Instituição: Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza. Fortaleza/CE – Brasil. Correspondência: André Pires Cortez - Av. Antônio Sales 990 - Hospital Otoclínica – Fortaleza/CE - Brasil. E-mail: [email protected] Artigo recebido em 09/06/2013; aceito para publicação em 04/08/2013; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há 176 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 176-180, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Carcinoma anaplásico da tireóide em pacientes jovens - relato de dois casos. disfagia ou disfonia. A invasão local ocorre em 90% dos pacientes e pode comprometer estruturas como: traqueia, esôfago, gordura peri-tireoideana, vasos e músculos adjacentes. Uma característica notável do CAT é o seu elevado potencial metastático, estando a doença disseminada presente em 20-50% dos pacientes no momento do diagnóstico, sendo as metástases pulmonares, ósseas e cerebrais as mais comuns2. O tumor é mais comum na sexta e principalmente a partir da sétima década de vida e ocorre três vezes mais em mulheres do que em homens3. A literatura carece de dados detalhando a incidência de CAT em pacientes jovens4. Entre os anos de 1999 e 2013, excetuandose os casos relatados no presente trabalho, foram encontrados apenas oito relatos de casos4-11 referentes ao carcinoma anaplásico de tireóide em pacientes com idade igual ou menor que 45 anos. Isto mostra a raridade desta enfermidade em pacientes jovens. Objetiva-se relatar dois casos de CAT em pacientes jovens, um do sexo masculino e outro do sexo feminino, ambos de 34 anos. RELATO DOS CASOS CASO 1 Paciente do sexo masculino, 34 anos, natural e procedente de Fortaleza. Foi admitido em maio de 2007 com importante queixa de dispneia. O paciente não tinha história de carcinoma tireoidiano, de tratamento radioterápico ou de bócio. Foi realizada traqueostomia de urgência e, durante o procedimento, foi percebida uma tumoração em região cervical anterior, medindo aproximadamente 4 cm, em projeção tireoidiana, endurecida, invadindo traqueia, cartilagem cricóide e esôfago cervical. A partir desta constatação, a anestesia local foi convertida para geral, e a incisão foi ampliada para uma melhor avaliação. Após a dissecção, constatou-se a presença de uma volumosa massa tireoidiana. Foi detectada no intraoperatório invasão de cartilagem cricóide, dos três primeiros anéis traqueais e do esôfago. Procedeu-se com a tireoidectomia total, quando se observou que o nervo laríngeo recorrente direito também estava comprometido, sendo sacrificado. Foi feito também o shaving da traqueia e do esôfago e o esvaziamento cervical recorrencial bilateral. O nervo laríngeo recorrente esquerdo pôde ser preservado. Duas paratireoides foram reimplantadas no músculo esternocleidomastóideo esquerdo. O paciente permaneceu estável durante a cirurgia e o procedimento foi realizado sem outras intercorrências. A alta hospitalar foi concedida três dias após a cirurgia. O exame histopatológico constatou carcinoma anaplásico de tireoide. O estadiamento cirúrgico constatado, portanto, foi IVb, uma vez que não se evidenciou metástases no exame tomográfico de tórax, realizado após a cirurgia. A decisão do serviço foi por radioterapia adjuvante na tentativa de aumentar a sobrevida global e/ou livre de Cortez et al. doença. A mesma se deu entre julho e outubro de 2007. A dose utilizada foi de 6000 cGy no sitio primário e 4600 cGy na drenagem linfática cervical e do mediastino. Não foi realizada quimioterapia adjuvante. O paciente permaneceu estável por aproximadamente seis meses após o fim da radioterapia com períodos em que era possível a retirada de cânula metálica e manutenção da respiração sem dispneia. Entretanto, no mês de abril de 2008, voltou a apresentar dispneia importante. Tentou-se novamente traqueostomia de urgência, porém o paciente faleceu durante o procedimento. CASO 2 Paciente do sexo feminino, 34 anos, foi internada em agosto de 2009 com queixa principal era intensa disfagia que a impedia de ingerir sólidos e líquidos. Ao exame físico havia massa palpável, algo dolorosa à palpação, pétrea, na projeção do lobo direito da tireoide, medindo aproximadamente 5 cm. A paciente realizou endoscopia digestiva alta, porém o aparelho não conseguiu progredir além do músculo cricofaríngeo devido à compressão extrínseca. Foi feita uma biópsia da região de obstrução, contudo o resultado foi insatisfatório. Não tinha história de bócio prévio, de carcinoma tireoidiano ou de irradiação. Foi realizada tomografia da região cervical que evidenciou uma tumoração na projeção da glândula tireoide à direita, invadindo a traqueia e o esôfago. Uma vez que a tomografia de tórax não evidenciou metástases, o estadiamento clinico obtido foi IVb. Optou-se, então, por fazer uma cervicotomia exploradora, que mostrou uma massa endurecida no lobo direito da tireoide (Figuras 1 A e B), confirmando os achados tomográficos em relação ao comprometimento da traqueia e do esôfago. Foi realizada exérese parcial da lesão, gastrostomia e traqueostomia. O exame histopatológico revelou se tratar de um carcinoma anaplásico da tireoide. A paciente evoluiu bem e recebeu alta hospitalar no terceiro dia pós-operatório, não sendo encaminhada para nenhum tratamento complementar por decisão conjunta da equipe médica e da paciente. Em janeiro de 2010, foi admitida no mesmo serviço com intensa dispneia e faleceu após dois dias. Figura 1. - A) Fotografia da cirurgia evidenciando o comportamento agressivo da lesão (seta) no lobo direito da tireoide, invadindo a musculatura pré-tireoideana (asterisco). B) Fotografia mostrando detalhe do fragmento da lesão endurecida proveniente do lobo tireoidiano direito. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 176-180, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 177 Carcinoma anaplásico da tireóide em pacientes jovens - relato de dois casos. DISCUSSÃO Os fatores de risco para o CAT não estão totalmente elucidados. Os pacientes com diagnóstico firmado tem um péssimo prognóstico12, e, em muitos casos, apresentam metástases à distância no momento do diagnóstico. A maioria não atinge um ano de sobrevida após o diagnóstico. Esta enfermidade é bastante rara, e geralmente acomete indivíduos idosos, muitas vezes com história de longa data de bócio coloide ou de um carcinoma bem diferenciado1. Os pacientes geralmente falecem em decorrência de complicações relacionadas às metástases a distância, ao rápido crescimento tumoral e à invasão local, que podem causar obstrução de vias aéreas e do esôfago12. Os casos relatados ilustram bem as principais apresentações clínicas. No primeiro caso, ocorreram sintomas obstrutivos das vias aéreas e, no segundo, a disfagia foi a queixa principal. O tempo de sobrevida médio é de três a seis meses, independente do tipo de tratamento empregado12, 13, e a sobrevida média em 5 anos varia de 1% a 7,1%2, porém é tão rara que, nesses casos, o diagnóstico de carcinoma anaplásico pode ser questionado8. Vários fatores prognósticos foram identificados para pacientes com esta enfermidade. A idade, a presença de sinais de compressão, a ocorrência de invasão capsular, a extensão local e a presença de metástases à distancia são fatores que influenciam no tempo de sobrevida dos pacientes 1. Kebebew et al.13, no maior estudo de coorte já realizado em pacientes diagnosticados com carcinoma anaplásico de tireoide (total de 516 casos), constatou que a idade menor que 60 anos, o tumor intra-tireoideano e o uso combinado de cirurgia e radioterapia foram preditores independentes de menor mortalidade. O primeiro paciente foi tratado com terapia multimodal e ambos apresentavam idade menor que 60 anos, o que confere um prognóstico melhor. Porém, o comprometimento extra-tireoideano, o volume tumoral e sua rapidez de crescimento são fatores de pior prognóstico em ambos os casos. O primeiro paciente foi tratado com cirurgia agressiva e radioterapia adjuvante e obteve sobrevida global de 11 meses. Já a segunda paciente, que foi submetida apenas a uma exérese parcial da lesão, obteve sobrevida de 5 meses. A raridade do tumor e o seu curso rápido e fatal dificultam o tratamento e os avanços na pesquisa1. Raros indivíduos são tratados em estágio inicial e curados por ressecção cirúrgica14. O tratamento deve ser individualizado devido aos diferentes estádios clínicos da doença e às características próprias de cada paciente. Geralmente o tratamento multimodal é recomendado pelo melhor controle locorregional e pela maior sobrevida média dos pacientes7. Este consiste em cirurgia, quando viável e evitando morbidade excessiva, radioterapia e quimioterapia combinadas. Contudo, muitas vezes o tratamento é paliativo. Cortez et al. Segundo o manual da AJCC (American Joint Committee on Cancer), todos os carcinomas anaplásicos de tireoide são classificados no estádio IV, dada a sua agressividade. No sistema TNM eles sempre são classificados como T4. Uma precisa subclassificação é essencial para definição de terapêutica14. Pacientes com estádio IVa (tumor intra-tireoideano e ressecável cirurgicamente, sem metástases à distância) são candidatos a tratamento multimodal, incluindo ressecção cirúrgica completa. Pacientes estadiados como IVc (tumor metastático, qualquer que seja o T e o N) são geralmente considerados para o tratamento paliativo15. Já o tratamento para pacientes no estádio IVb (tumor extra-tireoideano grosseiro que pode, por vezes, ser completamente ressecável cirurgicamente, sem metástases à distância), que é um grupo heterogêneo e que representa 40-60% das apresentações, será discutido a seguir por apresentar controvérsias. No estádio IVb, o tumor pode ser completamente ressecável ou não. Pacientes com doença localmente avançada neste estádio representam um desafio singular. Para estes pacientes, um exemplo de algoritmo está ilustrado na Figura 2. Ito et al.15 concluiu que a ressecção cirúrgica para o estádio IVb só deve ser feita se a ressecção curativa for possível e não defende o conceito de debulking cirúrgico, a menos que seja com o objetivo de facilitar a traqueostomia, impedindo a obstrução das vias aéreas. Alega-se que a cirurgia é o tratamento mais efetivo para o carcinoma anaplásico de tireóide. A cirurgia a ser feita é a tireoidectomia total acompanhada da ressecção de tecidos adjacentes, quando possível7. Apesar de ser de difícil realização na maioria dos casos, a ressecção completa está associada com maior sobrevida do Figura 2. Algoritmo adaptado do estudo de Pudney et al.16 ilustrando as opções de tratamento para pacientes com carcinoma anaplásico de tireoide inoperável. O quadro com asterisco (*) refere-se à escala de desempenho 0 ou 1 da Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG). TAC: docetaxel, doxorrubicina e ciclofosfamida. 178 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 176-180, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Carcinoma anaplásico da tireóide em pacientes jovens - relato de dois casos. que a ressecção incompleta ou a biópsia14. Todavia, a ressecção completa do carcinoma e dos tecidos adjacentes pode resultar em maior morbidade. Em geral, a maioria dos estudos demonstra que isoladamente a radioterapia2 e a quimioterapia12 não alteram o curso da doença. Várias técnicas radioterápicas podem ser empregadas, incluindo a radioterapia hiperfracionada e a técnica de intensidade modulada. Diversos quimioterápicos têm sido utilizados para o tratamento do CAT. Deve-se levar em consideração que um paciente responsivo ao tratamento quimioterápico, pode ter sua sobrevida aumentada, porém, ainda assim, raramente a cura é obtida3, dentre outros fatores, porque as células tumorais têm demonstrado resistência à maioria das combinações de quimioterápicos2. Complicações relacionadas às vias aéreas são uma das principais causas de morte. Por isso, quando há sintomas e sinais de invasão de via aérea, a traqueostomia deve ser feita3, assim como foi realizada nos casos relatados neste trabalho. A necessidade de individualização do tratamento é evidente para os dois pacientes em discussão. A paciente do segundo caso foi estadiada em IVb, sendo a lesão considerada irressecável pela equipe médica. Nesse momento, já que a paciente apresentava um status de performance bom, e sintomas locais significativos, seguindo o algoritmo apresentado na Figura 2, esta paciente poderia ser encaminhada para radioterapia hiperfracionada com doxorrubicina concomitante. Entretanto, a paliação foi a conduta tomada, porquanto a paciente recusou o tratamento. O primeiro caso não obedeceu nenhum algoritmo ou protocolo de tratamento, pois não havia diagnóstico quando da realização da cirurgia em caráter de emergência para descompressão de via aérea (debulking cirúrgico). O CAT em pacientes jovens é muito raro e sua incidência é desconhecida. Acomete geralmente idosos, tipicamente na sexta ou sétima décadas de vida3. Na Tabela 1 apresentamos todos os relatos de casos publicados de CAT em pacientes com idade menor ou igual a 45 anos nas bases de dados Medline e SciELO entre 1999 e 2013. Optou-se por incluir os casos aqui Cortez et al. relatados para facilitar comparações. No levantamento, foram desconsiderados casos de diagnóstico duvidoso, além dos casos de carcinomas pobremente diferenciados (insulares) de tireoide, por serem considerados entidade intermediária na progressão dos carcinomas diferenciados (papilífero e folicular) para os indiferenciados (anaplásicos). Observamos no levantamento que cinco casos eram do sexo feminino e que o tratamento mais realizado, também em cinco casos, foi a combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia. A sobrevida global média desses pacientes não pôde ser calculada em virtude de alguns casos que possivelmente obtiveram cura e de outros casos não terem obtido tempo suficiente de seguimento. CONCLUSÃO O carcinoma anaplásico de tireoide é uma entidade bastante rara e agressiva, acometendo principalmente idosos na sétima década de vida3. Quando se considera o acometimento de pacientes jovens a incidência cai dramaticamente. Relatamos dois casos de carcinoma anaplásico de tireoide em pacientes de 34 anos, em que, dada a natureza invasiva da doença, apresentaram um péssimo prognóstico. A detecção precoce e o desenvolvimento de novos tratamentos são essenciais para melhorar a sobrevida. É importante que, independente da idade do paciente, o carcinoma anaplásico de tireoide seja incluído no diagnostico diferencial dos tumores cervicais de localização anterior de rápido crescimento. REFERÊNCIAS 1. Roche B, Larroumets G, Dejax C, Kwiatkowsi F, Desbiez F, Thieblot P, Tauveron I. Epidemiology, clinical presentation, treatment and prognosis of a regional series of 26 anaplastic thyroid carcinomas (ATC). Comparison with the literature. Annales d’endocrinologie. 2010;71(1):38-45. 2. O’Neill JP, O’Neill B, Condron C, Walsh M, Bouchier-Hayes D. Anaplastic (undifferentiated) thyroid cancer: improved insight and therapeutic strategy into a highly aggressive disease. The Journal of laryngology and otology. 2005;119(8):585-91. Tabela 1. Relatos de casos de carcinoma anaplásico de tireoide em pacientes com idade menor ou igual a 45 anos publicados entre 1999 e 2013. Autor Ano de publicação Idade Sexo Tratamento Sobrevida Global Cortez et al. Cortez et al. Kumar et al. (5) Pichardo-Lowden et al. (4) Patel et al. (6) Kurukahvecioglu et al. (7) Batori et al. (8) Ogawa et al. (9) Szalecki et al. (10) Bezos Capelastegui et al. (11) 2013 2013 2011 2009 2009 2007 2007 2005 2005 1999 11 meses 5 meses > 3 meses > 2 anos 2 meses > 36 meses > 6 anos 2 meses 18 meses 10 meses 34 34 45 26 32 35 29 24 14 29 M F F F M F F F M M CIR+RT CIR CIR+RT+QT CIR+ RT + QT CIR + RT CIR+ RT + QT CIR+ RT + QT CIR + RT CIR + RT CIR+ RT + QT Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 176-180, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 179 Carcinoma anaplásico da tireóide em pacientes jovens - relato de dois casos. 3. Untch BR, Olson JA, Jr. Anaplastic thyroid carcinoma, thyroid lymphoma, and metastasis to thyroid. Surgical oncology clinics of North America. 2006;15(3):661-79, x. 4. Pichardo-Lowden A, Durvesh S, Douglas S, Todd W, Bruno M, Goldenberg D. Anaplastic thyroid carcinoma in a young woman: a rare case of survival. Thyroid : official journal of the American Thyroid Association. 2009;19(7):775-9. 5. Kumar S, Joshi MK. Emergency total thyroidectomy for bleeding anaplastic thyroid carcinoma: a viable option for palliation. Indian J Palliat Care. 2011;17(1):67-9. 6. Patel RS, Enepekides DJ, Higgins KM, Raphael S, Balogh JM. Cutaneous metastases in one of the youngest reported patients with anaplastic thyroid carcinoma. Thyroid : official journal of the American Thyroid Association. 2009;19(7):781-3. 7. Kurukahvecioglu O, Ege B, Poyraz A, Tezel E, Taneri F. Anaplastic thyroid carcinoma with long term survival after combined treatment: case report. Endocrine regulations. 2007;41(1):41-4. 8. Batori M, Chatelou E, Straniero A, Ruggieri M. Anaplastic thyroid carcinoma: a case of a young women that reports a survival exceeding 6 years. European review for medical and pharmacological sciences. 2007;11(1):69-71. 9. Ogawa M, Hori H, Hirayama M, Kobayashi M, Shiraishi T, Watanabe Y, Komada Y. Anaplastic transformation from papillary thyroid carcinoma with increased serum CA19-9. Pediatric blood & cancer. 2005;45(1):647. 10. Szalecki M, Nawrotek J, Lange D, Skotarczyk-Kowalska E, Mogielska B, Piatkowska E, Jalowiec I, Biernacka-Florczak I, Jarzab B, Perek D. Cortez et al. [Anaplastic thyroid carcinoma in a 14-year-old boy]. Endokrynologia, diabetologia i choroby przemiany materii wieku rozwojowego : organ Polskiego Towarzystwa Endokrynologow Dzieciecych. 2005;11(1):436. 11. Bezos Capelastegui J, Morales Angulo C, Garcia Mantilla J, Carrera Herrero F, Ondiviela R. [Anaplastic carcinoma of the thyroid in a young man. A report of a case]. Anales otorrinolaringologicos iberoamericanos. 1999;26(4):413-9. 12. Yau T, Lo CY, Epstein RJ, Lam AK, Wan KY, Lang BH. Treatment outcomes in anaplastic thyroid carcinoma: survival improvement in young patients with localized disease treated by combination of surgery and radiotherapy. Annals of surgical oncology. 2008;15(9):2500-5. 13. Kebebew E, Greenspan FS, Clark OH, Woeber KA, McMillan A. Anaplastic thyroid carcinoma. Treatment outcome and prognostic factors. Cancer. 2005;103(7):1330-5. 14. Neff RL, Farrar WB, Kloos RT, Burman KD. Anaplastic thyroid cancer. Endocrinology and metabolism clinics of North America. 2008;37(2):525-38, xi. 15. Ito Y, Higashiyama T, Hirokawa M, Fukushima M, Inoue H, Yabuta T, Tomoda C, Uruno T, Kihara M, Takamura Y, Miya A, Kobayashi K, Matsuzuka F, Miyauchi A. Investigation of the validity of UICC stage grouping of anaplastic carcinoma of the thyroid. Asian journal of surgery / Asian Surgical Association. 2009;32(1):47-50. 16. Pudney D, Lau H, Ruether JD, Falck V. Clinical experience of the multimodality management of anaplastic thyroid cancer and literature review. Thyroid : official journal of the American Thyroid Association. 2007;17(12):1243-50. 180 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 176-180, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Relato de Caso Schwannoma de Septo Nasal Nasal Septum Schwannoma Resumo Thiago Pires Brito 1 Laíza Araújo Mohana Pinheiro 2 Eulália Sakano 3 Abstract Introdução: Os schwannomas da cavidade nasal e seios paranasais são lesões bastante raras. Em lesões unilaterais da cavidade nasal, esta etiologia deve sempre estar entre as hipóteses diagnósticas. Seu potencial de malignização exige exérese cirúrgica, preferencialmente a ressecção endoscópica. Objetivo: Apresentar a evolução clínico-cirúrgica de um schwannoma de septo nasal. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 41 anos, com queixa de obstrução nasal unilateral progressiva há 1 ano. A endoscopia nasal mostrava lesão de superfície lisa e gelatinosa. Submetido a exérese cirúrgica endoscópica da lesão de inserção em septo nasal, cujo diagnóstico de schwannoma foi confirmado pela histopatologia. Comentários: Discute-se a apresentação clínica, os diagnósticos diferenciais, as alterações radiológicas e o tratamento desta lesão raramente diagnosticada. Introduction: Schwannomas of the nasal cavity and paranasal sinuses are very rare lesions. In unilateral lesions of the nasal cavity, this etiology is one of the diagnostic hypotheses. Its malignant potential requires surgical excision, preferably endoscopic resection. Objective: We present the clinical characteristics and surgical outcome of a nasal septum schwannoma. Case report: A 41-years-old male presented with progressive unilateral nasal obstruction for 1 year. The endoscopic examination of the nose revealed an smooth and gelatinous lesion. Underwent endoscopic surgical excision of the lesion with insertion into the nasal septum. Histopathological analysis of the resected specimen confirmed the diagnosis of schwannoma. Comments: We discuss the clinical presentation, differential diagnosis, radiographic changes and treatment of this lesion rarely diagnosed. Descritores: Neurilemoma; Cavidade Nasal; Neoplasias Nasais; Septo Nasal; Células de Schwann. Key words: Neurilemmoma; Schwann Cells; Nasal Cavity; Nasal Septum; Nose Neoplasms. INTRODUÇÃO RELATO DE CASO Os schwannomas, também conhecidos como neurilemomas, são tumores que geralmente acometem o VIII par craniano (80% dos casos) e raramente acometem a cavidade nasal e os seios paranasais, respondendo por menos de 4% dos schwannomas da cabeça e pescoço1. Trata-se de uma neoplasia benigna originada das células de Schwann, embora tenha potencial de malignização. Lesões com inserção no septo nasal são extremamente raras, com menos de 20 casos relatados na literatura. Este artigo se propõe a apresentar um caso de schwannoma de septo nasal e sua evolução clínicocirúrgica, além da revisão de literatura sobre o tema. Paciente de 41 anos, sexo masculino, previamente hígido, procurou o serviço de Otorrinolaringologia/ Cabeça e Pescoço de um hospital universitário terciário com queixa de obstrução nasal progressiva a direita de início há um ano. Negava queixas de hiposmia, rinorréia, cefaléia, dor facial, trauma nasal ou outros sintomas nasossinusais. À rinoscopia anterior, apresentava lesão de superfície lisa, coloração rosada e consistência gelatinosa, localizada na região posterior do meato inferior direito. À nasofibroscopia, a lesão extendia-se posteriormente até o meato médio, não sendo possível avaliar a inserção da lesão (Figura 1). O restante do exame era normal. 1)Médico. Residente em Otorrinolaringologia, Cabeça e Pescoço – UNICAMP. 2)Otorrinolaringologista (Colaboradora do Serviço de Rinologia da Disciplina de Otorrinolaringologia, Cabeça e Pescoço, UNICAMP. 3)Otorrinolaringologista (Chefe do Serviço de Rinologia, Disciplina de Otorrinolaringologia, Cabeça e Pescoço, UNICAMP. Instituição: Disciplina de Otorrinolaringologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas Campinas / SP – Brasil. Correspondência: Thiago Pires Brito* - Rua Vital Brasil, 251 - Campinas/SP - Brazil - CEP: 13083-888 - Telefone: (+55 19) 3521-7423 / (+55 19) 3521-7524 - E-mail: [email protected] Artigo recebido em 10/07/2013; aceito para publicação em 22/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 181-183, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 181 Schwannoma de Septo Nasal. A tomografia computadorizada de seios paranasais evidenciava volumosa lesão restrita à cavidade nasal direita e que comprimia as estruturas adjacentes, todavia sem erodí-las (Figura 2A). A ressonância magnética mostrava que a lesão era isointensa em T1 e T2, captava contraste após injeção do gadolíneo e não apresentava continuidade com a base do crânio (Figura 2B). A biópsia da lesão evidenciou neoplasia mesenquimatosa (Figura 3A). O diagnóstico de schwannoma nasal foi confirmado pela expressão positiva dos marcadores imunohistoquímicos S100 , Vimentina e Ki67 e expressão negativa para CD34. A ressecção endoscópica da lesão foi realizada, sendo possível visualizar a inserção do tumor na parede posterior do septo nasal (Figura 3B). No intra-operatório, não foi observado sangramento volumoso ou dificuldade na remoção da lesão. O paciente apresentou boa evolução no pósoperatório. Atualmente encontra-se em seguimento, Brito et al. Figura 1. Endoscopia nasal: Lesão de aspecto fibroelástico, avermelhada e com vascularização na superfície entre corneto inferior direito e desvio septal médio posterior. Figura 2. 2A. TC de seios da face em corte coronal evidenciando lesão com densidade de partes moles acometendo FND, causando compressão das estruturas adjacentes, sem erodi-las. 2B. RNM em T2 corte coronal evidenciando lesão de aspecto isointenso na FND sem comunicação com a base do crânio. Figura 3. 3A. Histologia da lesão corado com HE (aumento 400x): Células em paliçada circundando fibrilas neurais. Antoni B; 3B. Produto de exérese endoscópica da lesão. 182 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 181-183, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Schwannoma de Septo Nasal. assintomático e sem evidência de recidiva local clínica e radiologicamente. DISCUSSÃO Os schwannomas são lesões de provável origem ectodérmica que surgem da bainha neural de nervos periféricos, nervos autonômicos ou de nervos cranianos. Os schwannomas nasosinusais são geralmente originados dos ramos oftálmico e maxilar do nervo trigêmeo e de nervos autonômicos de fibras simpáticas do plexo carotídeo e fibras parassimpáticas do gânglio esfenopalatino2. As localizações preferenciais relatadas são as células etmoidais, seio maxilar, ponta nasal e seio esfenoidal1. O acometimento do septo nasal é raro, sem aparente localização preferencial. A idade dos pacientes acometidos por este tipo de tumor pode variar de 12 a 76 anos, sendo mais frequente nas faixas entre 40 e 60 anos(3). Não existem sintomas característicos e as queixas comuns são de obstrução nasal unilateral, rinorréia, cefaléia, anosmia e deformidade da pirâmide nasal. Eventualmente podem ocorrer dor, epistaxe e otite média serosa. Quando há destruição óssea e invasão intracraniana, sintomas visuais e neurológicos podem estar presentes. O diagnóstico é baseado na endoscopia nasal, nos exames radiológicos e na confirmação histológica. A endoscopia evidencia uma massa nasal geralmente unilateral e a tomografia de seios paranasais evidencia o caráter insuflativo da lesão, que em alguns casos, pode ser confundido com malignidade se houver destruição óssea pelo seu efeito expansivo. A ressonância magnética evidencia lesão isointensa em T1, iso ou hiperintensa em T2 e realce após injeção de gadolíneo4. A ressonância magnética também é útil para avaliar extensão intracraniana e nos diagnósticos diferencias (meningioma, nasoangiofibroma, papiloma invertido, pólipo inflamatório, gliomas, neurofibroma, estesioneuroblastoma). Macroscopicamente, os schwannomas são lesões solitárias e tem aparência de massas encapsuladas, de consistência cística ou gelatinosa. Presume-se sua origem a partir da proximidade com algum nervo. Microscopicamente, estes tumores são compostos de células citologicamente benignas que têm a característica Brito et al. típica de células de Schwann. São caracterizados por um arranjo compacto de células em fuso (classificação histológica Antoni A) ou por perda do estroma mixóide com as células em paliçada em formação aleatória (Antoni B), como no caso relatado5. Embora a transformação maligna dos schwannomas seja rara, a imunohistoquímica é utilizada nesta diferenciação, assim como nos diagnósticos diferencias, como os sarcomas. No caso relatado, os marcadores imunohistoquímicos utilizados confirmaram a benignidade e a localização da lesão indica sua provável origem no segundo ramo do trigêmeo (V2). O tratamento dos schwanomas intranasais e paranasais é a exérese cirúrgica com excisão completa da lesão, atentando para a preservação da integridade e funcionalidade do nervo. Diversas abordagens cirúrgicas são descritas e a rinotomia lateral foi classicamente utilizada para acessar a cavidade nasal e seios paranasais. Procedimentos alternativos como o degloving e o Caldwell-Luc podem ser necessários. Atualmente, as técnicas endoscópicas têm mostrado excelente resultado, porém são dependentes da extensão e localização da lesão. A exérese endoscópica mostrou-se eficaz neste caso e no follow-up de dois anos não houve recidiva da lesão. CONCLUSÃO O schwannoma nasal é um tumor raro, com poucos casos relatados na literatura, mas deve sempre ser suspeitado em casos de lesões unilaterais da cavidade nasal. O diagnóstico é histopatológico e a excisão cirúrgica geralmente é curativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Berlucchi M, Piazza C, Blanzuoli L, Battaglia G, Nicolai P.Schwannoma of the nasal septum: a case report with review of the literature. Eur Arch Otorhinolaryngol 2000;257:402–5. 2. Ulu EMK,Çakmak O, Donmez FY. Sinonasal schwannoma of the middle turbinate. Diagn Interv Radiol. 2010(16):129-31. 3. Luchi GER, Magalhães MR, Lanzelloti SM. Nasal Schwannoma. Braz. J Otolaringol.2006; 72(5): 714. 4. Rajagopal S, Kaushik V, Irion K, Herd M, Bhatnagar K. Schwannoma of nasal septum. The Brit J Radiol. 2006 (79): e16-18. 5. Donnelly M, Al-Seder MH, Blayney AW (1992) Benign nasal schwannoma. J Laryngol Otol 106:1011–1015. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 181-183, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 183 Relato de Caso Tireiodite de Riedel simulando neoplasia maligna de tireóide Riedel thyroiditis simulating malignant neoplasm of thyroid Resumo Tireoidite de Riedel é uma entidade fibrosante rara que acomete a tireóide e deve ser suspeitada em pacientes com uma massa da tireóide com sinais de restrição local ou sintomas infiltrativos. Apresentamos um relato de caso de nódulo tireoideano levando a sintomas compressivos cervicais, características ultrassonográficas de malignidade e citologia por punção aspirativa inconclusiva. O reconhecimento dessa enfermidade é importante para evitar-se cirurgias extensivas e suas possíveis complicações. Emidio Oliveira Teixeira 1 Sânzio Tupinambá Valle 2 Danielly Solar Andrade Oliveira 1 Helena Cunha Sarubi 1 Abstract Riedel’s thyroiditis is a rare fibrosing disease that affects the thyroid and must be suspected in patients with a thyroid mass with signs of restriction site or infiltrative symptoms. We present a case report of thyroid nodule leading to cervical compressive symptoms, ultrasound characteristics of malignancy and inconclusive cytology aspiration. The recognition of this disease is important to avoid extensive surgery and its complications. Key words: Thyroiditis; Thyroid Neoplasms; Carcinoma. Descritores: Tireoidite; Neoplasias da Glândula Tireoide; Carcinoma. INTRODUÇÃO Tireoidite de Riedel é uma entidade fibrosante rara que resulta na destruição da tireóide e infiltração dos tecidos adjacentes1,2. Recentemente, foi proposto que essa condição inflamatória da tireóide seria uma manifestação local de um processo fibrótico sistêmico1 ou um processo autoimune2. Apresenta-se um caso de Tireoidite de Riedel com sintomas compressivos locais e características infiltrativas simulando neoplasia maligna da tireóide. REVISÃO DE LITERATURA A Tireoidite de Riedel causa invasão e substituição das estruturas pelo processo fibrótico, envolvendo paratiróides, músculo esquelético, nervos, vasos sanguíneos e traquéia. O processo inflamatório forma uma massa palpável dura com aparência semelhante a uma lesão maligna3, sem planos teciduais macroscópicos dificultando a ressecção cirúrgica precisa.4 Possui incidência estimada de 1,06 casos por 100.000 habitantes, e é observada em 0,06% dos resultados documentados de tireoidectomia14, sendo três vezes mais frequente em mulheres e com pico de incidência entre 30 e 50 anos4. Histologicamente, ocorre substituição dos tecidos normais por uma massa de células inflamatórias, (linfócitos, células plasmáticas, eosinófilos)5,6, e pequenas quantidades de colóide7 8 numa matriz densa de tecido conjuntivo hialino. Apresenta-se como massa firme na tireóide comumente associada a sintomas compressivos1,6 como dispnéia, disfagia, rouquidão e afonia, causado pela pressão local ou infiltração do processo fibrótico.6,9 Tais sintomas podem preceder os achados ao exame físico10. Estudo ultrassonográfico revela imagem hipoecóica difusa e aparência hipovascular devido à extensa fibrose5,11. Tomografia computadorizada (TC) do pescoço Médico. Residente em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial. Otorrinolaringologista do Hospital Socor, Belo Horizonte-MG. Preceptor do Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Hospital Socor, Belo Horizonte-MG. Instituição: Hospital SOCOR. Belo Horizonte/MG – Brasil. Correspondência: Emidio Oliveira Teixeira - Rua Contorno, 40 – Bairro: Alto dos Poções – Januária/MG – Brasil - CEP: 39480-000 - Telefone: (+55 38) 9126-5463 - Email: [email protected] Artigo recebido em 02/09/2013; aceito para publicação em 22/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há 184 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 184-186, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Tireiodite de Riedel simulando neoplasia maligna de tireóide. revela alargamento da área afetada com tecido hipodenso, podendo haver invasão extratireóideia5,11 e envolvimento das artérias carótidas e veias jugulares internas10. A ressonância magnética (RM) revela imagens hipointensas em T1 e T211. Cerca de 74% dos pacientes apresentam hipotireoidismo ao diagnóstico, sendo que em 90% dos casos, os auto-anticorpos tornam-se presentes com a evolução10. Hipertireoidismo ocorre na minoria, sendo atribuída à doença de Graves1,8. Hipoparatireoidismo primário ocorre em até 14%2, geralmente após o hipotireoidismo primário5. A combinação de hipotireoidismo primário, anticorpos antitireoidianos positivos e bócio pode ser confundida com tireoidite de Hashimoto, que é muito mais comum. A associação com sinais e sintomas de hipoparatireoidismo ou outras formas de fibrose deve levar a suspeita de tireoidite de Riedel.5 A PAAF geralmente não é diagnóstica6,10, podendo apresentar resultados de inflamação10, fragmentos de tecido fibroso com brandas células fusiformes e miofibroblastos, ou mesmo citopatologia consistente com neoplasia folicular5. Complicações locais da Tireoidite de Riedel incluem acometimento dos nervos laríngeos recorrentes2,12, síndrome de Tolosa-Hunt, síndrome de Horner12 e envolvimento dos vasos sanguíneos cervicais (flebite oclusiva) que pode também resultar em trombose do seio venoso cerebral5. Estima-se que ocorra associação com outros processos fibróticos em no mínimo 38% dos casos, estando presentes antes do diagnóstico, no momento dele, ou surgindo durante o seguimento10. O diagnóstico definitivo é feito apenas com a histopatologia, a partir de uma biópsia aberta13, ou após a cirurgia descompressiva realizada devido aos sintomas clínicos. São necessários os seguintes critérios histopatológicos para estabelecer o diagnóstico da tireoidite de Riedel14: 1) Processo inflamatório na tireóide com extensão para o tecido circundante. 2) Infiltrado inflamatório não deve conter células gigantes, folículos linfóides, oncócitos, ou granulomas. 3) Deve haver evidências de flebite oclusiva. 4) Não deve haver nenhuma evidência de malignidade da tireóide14. O tratamento clínico apresenta graus variados de sucesso. Reposição de tiroxina deve ser realizada nos casos de hipotiroidismo primário, além de cálcio e calcitriol para controle do hipoparatireoidismo. Antiinflamatórios são utilizados visando a diminuição da massa inflamatória. A terapia medicamentosa não é completamente validada por ensaios clínicos controlados devido à raridade da doença, mas incluem uso empírico de glicocorticóides e tamoxifeno5. Corticoterapia é geralmente o primeiro passo na abordagem medicamentosa do paciente, com melhora Teixeira et al. dramática dos sintomas, sendo mais eficaz quando iniciada no início da doença5. A dosagem é empírica e varia desde doses diárias equivalentes de 15 a 100 mg de prednisona5,6. A persistência da resposta é variável, podendo haver recorrências. Tabagistas ativos podem necessitar de corticoterapia mais prolongada5,10. O uso de Tamoxifeno, em doses de 10 a 20 mg, associado ou não com prednisona, têm sido relatado na literatura12, com redução significativa do tamanho da massa e dos sintomas clínicos5,10. Foi relatada redução significativa do tamanho do bócio com o uso de micofenolato mofetil associado a prednisona5, sendo que a utilidade desta combinação aguarda confirmação. A mortalidade varia em frequência de 6-10%7,8, sendo em geral decorrente de insuficiência respiratória por compressão traqueal e comprometimento das vias aéreas superiores. Em uma série recente, não houve óbitos em um seguimento médio de 9,5 anos, havendo estabilidade ou melhora dos sintomas em 86% dos indivíduos10. CASO CLÍNICO Paciente do sexo masculino, 76 anos, apresentando hipotireoidismo e reposição de tiroxina, com quadro de disfagia há 4 meses, com piora progressiva e perda ponderal de 7 kg nesse período. Imagens ultrassonográficas mostravam nódulo tireóideo sólido hipoecóico de contornos irregulares e limites imprecisos, com microcalcificações de permeio, de grau IV, em lobo direito da tireóide, com dimensões de 2,2 x 1,7 x 2,3cm, sem planos de clivagem com o esôfago que se mostrava espessado. Mostraram ainda linfonodos ovalados nível VI. Tomografia Computadorizada cervical mostrou importante espessamento irregular circunferencial do esôfago proximal, medindo 3,5 x 2,2 cm ao nível da cartilagem tireóide. A endoscopia digestiva alta revelou estenose de esôfago cervical secundária a compresso extrínseca. A função tiroideana se encontrava alterada, com o T4 livre no seu limite inferior (0,54 ng/dL) e o TSH ultrasensível elevado (61,11 micro UI/mL). Os anticorpos anti-tireoideanos estavam aumentados, com o anti-TPO de 157,00 UI/mL e anti-Tireoglobulina de 239,89 UI/mL. Foi suspeitada neoplasia maligna da tireóide e, após PAAF de nódulo tireoideano e linfonodomegalia cervical inconclusiva, o paciente foi submetido a lobectomia parcial para alívio dos sintomas e confirmação diagnóstica. Após análise anatomopatológica e imunohistoquímica, foi diagnosticada Tireoidite de Riedel, sendo então iniciado tratamento clínico do paciente. DISCUSSÃO Embora seja mais frequente no sexo feminino e possua pico de incidência entre 30 e 50 anos, relata-se Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 184-186, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 185 Tireiodite de Riedel simulando neoplasia maligna de tireóide. Teixeira et al. Figura 1. Ultrasom cervical com nódulo tireóideo sólido hipoecóico de contornos irregulares e limites imprecisos. Figura 2. Tomografia Computadorizada mostrando espessamento da parede do esôfago e estreitamento do mesmo. Figura 3. Endoscopia Digestiva Alta mostrando compressão extrínseca do esôfago. Figura 4. Avaliação imunohistoquímica com agressão a paredes de vasos sanguíneos e sem componente epitelial proliferativo. um caso diagnosticado fora desses padrões, ocorrendo em um paciente de 76 anos do sexo masculino. O hemograma do paciente se encontrava dentro da normalidade, enquanto VHS apresentava-se elevado, conforme a maioria dos casos descrito na literatura7,8. A presença de hipotiroidismo e anticorpos antitireoideanos no paciente em questão está de acordo com a literatura, já que o hipotireoidismo ocorre em 70% dos casos no momento do diagnóstico e os anticorpos se positivam em 90% dos casos acompanhados. Hipoparatireoidismo primário, que ocorre em até 14% dos casos, não estava presente no caso relatado, cujos valores de paratormônio, cálcio total e cálcio iônico se encontravam dentro da normalidade. Tireoidite de Riedel deve ser diferenciada clinicamente e histologicamente de tumores malignos, especialmente câncer de tireóide anaplásico15, linfoma da tireóide, sarcoma da tireóide, além da variante fibrosante da tireoidite de Hashimoto, que representa aproximadamente 10% dos casos e é mais frequente entre idosos2. Assim como relatado na literatura6,10, a PAAF foi inconclusiva. O exame anatomopatológico da amostra evidenciou intenso infiltrado inflamatório linfoplasmohistiocitário com acentuada fibrose e hialinose, acometendo inclusive tecido muscular esquelético e adiposo. A análise imuno-histoquímica demostrou agressão a paredes de vasos sanguíneos 186 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 184-186, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Tireiodite de Riedel simulando neoplasia maligna de tireóide. e afastou componente epitelial proliferativo, tornando improvável a possiblidade de carcinoma anaplásico e reforçando a possibilidade diagnóstica de tireoidite de Riedel. Não há um consenso sobre o tratamento padrão na Tireoidite de Riedel. Indica-se geralmente uma cirurgia para aliviar os sintomas obstrutivos e estabelecer um diagnóstico definitivo. O tratamento cirúrgico eficaz geralmente limita-se a istimectomia para aliviar a pressão constritiva6, sendo que procedimentos cirúrgicos extensos são considerados inadequados10,13. Em uma série recente, apesar da intervenção cirúrgica limitada (biópsia aberta, istmectomia ou lobectomia), 39% dos pacientes tiveram complicações como paralisia definitiva de prega vocal ou hipoparatireoidismo cirúrgico, mesmo quando tratadas por equipes cirúrgicas experientes10. CONCLUSÃO Tireoidite de Riedel deve ser suspeitada em pacientes com massa da tireóide com sinais de restrição local ou sintomas infiltrativos, geralmente desproporcionais ao tamanho ou extensão da lesão, além de alterações bioquímicas especialmente hipocalcemia. A intervenção cirúrgica deve ser limitada a exclusão de malignidade e a confirmação histopatológica da doença, evitando-se cirurgias extensivas devido ao risco de complicações. Uma vez estabelecido o diagnóstico, deve-se pesquisar outras condições fibrosantes e iniciar o tratamento clinico. Teixeira et al. 2. Sheu SY, Schmid KW 2003 [Inflammatory diseases of the thyroid gland. Epidemiology, symptoms and morphology]. Pathologe 24: 339– 347 3. Balach ZW, LiVolsiVA2005 Pathology. In: Braverman LE, Utiger RE, eds. Werner, Ingbar’s the thyroid; a fundamental and clinical text. 9th ed. Philadelphia: Lippincott Williams, Wilkins; 427 4. Lee SL, Ananthakrishnan S 2011 Infiltartive thyroid disease. In: Rose BD, Mulder JE, eds. UpToDate. Wellesley, MA: BDR, Inc.; 1–21 5. Henessey JV. 2011 Clinical review: Riedel’s thyroiditis: a clinical review. J Clin Endocrinol Metab. 2011 Oct;96(10):3031-41. Epub 2011 Aug 10 6. GuimaraesVC2010 Subacute and Reidel’s thyroiditis. In: Jameson JL, De Groot LJ, eds. Endocrinology: adult and pediatric. 6th ed. Philadelphia: Elsevier; 1600–1603 7. VolpeR1995 Subacute and sclerosing thyroiditis. In: De Groot LJ, ed. Endocrinology. 3rd ed. Philadelphia: WB Saunders; 742–751 8. Schwaegerle SM, Bauer TW, Esselstyn Jr CB 1988 Riedel’s thyroiditis. Am J Clin Pathol 90:715–722 9. Hay ID 1985 Thyroiditis: a clinical update. Mayo Clin Proc 60:836– 843 10. Fatourechi MM, Hay ID, McIver B, Sebo TJ, Fatourechi V 2011 Invasive fibrous thyroiditis (Riedel’s thyroiditis): the Mayo Clinic Experience 1976–2008. Thyroid 21:765–772 11. Ozgen A, Cila A 2000 Riedel’s thyroiditis in multifocal fibrosclerosis: CT and MR imaging findings. AJNR Am J Neuroradiol 21: 320–321 12. 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Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 184-186, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 187 Artigo de Revisão Reabsorção condilar progressiva: revisão de literatura Progressive condylar resorption: literature review Resumo Abstract A reabsorção condilar progressiva é uma complicação irreversível que pode resultar em má oclusão, deformação facial e que pode acontecer principalmente em pós-operatório de cirurgias ortognáticas de avanço de mandíbula ou cirurgias combinadas. Afetam predominantemente mulheres jovens, portadores de má oclusões esqueléticas de classe II e com incidência de disfunção temporomandibular prévia ao tratamento cirúrgico. Sua etiologia exata e patogênese permanecem obscuros. O Objetivo desse trabalho é fazer um revisão de literatura dos últimos 10 anos sobre a reabsorção condilar progressiva. Para tanto, foi utilizada a base de dados Medline para artigos na língua inglesa. Então,13 artigos foram encontrados, avaliados e confrontados sobre fatores predisponentes, etiologia, diagnóstico e manejo clínico. Descritores: Reabsorção Óssea; Articulação Temporomandibular. Rafael Santiago de Almeida 1 Willian Caetano Rodrigues 1 Willian Morais de Melo 2 Élio Hitoshi Shinohara 3 Eduardo Piza Pellizzer 4 Cirurgia Ortognática; INTRODUÇÃO Os côndilos mandibulares estão constantemente sujeitos a alterações morfológicas que podem ser consideradas fisiológicas ou patológicas. Essas alterações são em decorrência da reabsorção e aposição óssea e acontecem com maior intensidade em pós-operatório das cirurgias ortognáticas, visto que há uma alteração da carga mecânica que incide sobre a articulação temporomandibular (ATM) e sua capacidade de adaptação (Xi et al., 2013). Essas alterações patológicas são chamadas de Reabsorção Condilar Progressiva (RCP) e são uma complicação irreversível que acontece principalmente no pós-operatório de cirurgias ortognáticas combinadas ou com grandes avanços mandibulares (0,5 cm). São The progressive condylar resorption is a irreversible complication that can result in malocclusion and facial deformity that can happen especially in postoperative orthognathic surgery of mandibular advancement or combined surgery. Predominantly affect young women, bearers of malocclusions of skeletal class II and with incidence of temporomandibular disorders prior to surgical treatment. Its exact etiology and pathogenesis remain unclear. The purpose of this article is to make a literature review of the last 10 years on the progressive condylar resorption. For this, we used the Medline database for articles in the English language. Then, 13 articles were found, evaluated and compared on predisposing factors, etiology, diagnosis and clinical management. Key words: Bone Resorption; Temporomandibular Joint. Orthognathic Surgery; caracterizadas por alterações morfológicas graves na configuração condilar, com redução de volume e uma diminuição na altura do ramo mandibular (Kobayashi et al., 2012). Antes chamada de Reabsorção condilar idiopática, a RCP é uma condição na qual a cabeça da mandíbula reabsorve parcialmente ou completamente, e quase sempre bilateralmente (Papadaki et al., 2007). Em muitos casos, a reabsorção ocorre na superfície súperoanterior condilar deixando-a com a forma achatada e mal formada. (You et al., 2011). De acordo com Papadaki et al. a incidência de reabsorção condilar em pós operatório de cirurgia ortognática é estimada entre 1% e 31% dependendo do autor e sua pesquisa relacionadas, e isso depende de diversos fatores, cirúrgicos e não cirúrgicos. As 1)Mestrando em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. UNESP - Campus de Araçatuba. 2)Doutorando em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. UNESP - Campus de Araçatuba. 3)Doutor em Odontologia (Estomatologia) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. UNESP – Araçatuba. Professor Orientador de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. UNESP - Campus de Araçatuba. 4 )Doutor em Odontologia (Materiais Dentários) pela Universidade de São Paulo. USP - São Paulo. Professor Adjunto de Prótese Dentária da na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. UNESP - Campus de Araçatuba. Instituição: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP- Campus de Araçatuba. Araçatuba / SP - Brasil. Correspondência: Rafael Santiago de Almeida - Rua José Bonifácio, 1193; Vila Mendonça - Araçatuba / SP - Brasil - CEP: 16015-050 - Telefone +55 (18) 3636-3270. - E-mail: [email protected] Artigo recebido em 02/09/2013; aceito para publicação em 22/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há 188 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 188-192, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Reabsorção condilar progressiva: revisão de literatura. Almeida et al. primeiras manifestações perceptíveis radiograficamente da reabsorção costumam aparecer em 6 meses ou mais de acompanhamento pós-cirúrgico. O objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão de literatura atualizada sobre os fatores predisponentes, etiologia, diagnóstico e manejo clínico da RCP que ainda são motivo de muita discordância entre os principais pesquisadores na área. MATERIAL E MÉTODO A base de dados utilizada para a pesquisa bibliográfica foi a Medline. Os critérios de inclusão para esse trabalho foram, artigos datados entre janeiro de 2003 e junho de 2013, em língua inglesa, correlacionando os termos reabsorção óssea condilar e cirurgia ortognática (condylar resorption, orthognathic surgery). RESULTADO Foram encontrados 16 artigos e após leitura 3 artigos foram excluídos por não se enquadrarem nos critérios propostos (Fluxograma). Xi et al., em 2013, propõem um novo método para renderização de superfície tridimensional de côndilos usando tomografia computadorizada (TC), através de exames pré e pós operatório. Sabendo que as alterações morfológicas dos côndilos pós cirurgia ortognática acontecem, cabe estabelecer quando são fisiológicas ou patológicas, visto que quanto antes for realizado o diagnóstico, menores são as sequelas e mais fácil o tratamento, caso necessário. Park et al., em 2012, preconizam em seu artigo o uso da tomografia computadorizada cone-beam com análise cefalométrica para avaliar a remodelação condilar em pós-operatório de cirurgia ortognática bimaxilar em pacientes classe III esqueléticos. Foi constatado que houve remodelação e diminuição na altura condilar. A maioria dos pacientes que se submeteram à cirurgia ortognática bimaxilar com alteração da posição condilar têm mostrado estabilidade esquelética clinicamente aceitável. As alterações anatômicas relatadas no estudo, portanto, podem estar dentro do alcance da capacidade de adaptação da cabeça da mandíbula. Em um trabalho de 2012, Kobayashi et al., avaliaram características cefalométricas, sinais e sintomas na ATM e os fatores cirúrgicos de 6 pacientes submetidos a cirurgia de avanço mandibular pela técnica de osteotomia sagital do ramo mandibular que desenvolveram RCP. Concluem que a mandíbula deve ser avançada somente quando os côndilos são estáveis em radiografias e uma atenção especial deve ser dada à carga mecânica no pós-operatório da ATM em pacientes de alto risco. A tomografia cone-beam deve ser feita rotineiramente no pré-operatório para uma avaliação dos fatores de risco e possível comparação cefalométrica no pós-operatório. Wohlwender et al., em 2011, avaliaram 26 pacientes submetidos a osteotomia sagital unilateral do ramo Fluxograma mostrando a metodologia utilizada na busca. mandibular. Como resultado mostrou que 1 paciente apresentou reabsorção condilar unilateral e 1 outro paciente apresentou sinais de reabsorção condilar bilateral com perda de altura do ramo. Nesse primeiro trabalhado científico achado na literatura não houve evidência de efeitos adversos se comparar a técnica de osteotomia sagital unilateral do ramo mandibular com a técnica osteotomia sagital do ramo mandibular (bilateral). Em 2011, You et al., descrevem um relato de caso de uma paciente do sexo feminino de 25 anos que já apresentava reabsorção condilar progressiva pré-operatória. Foi feito como tratamento a cirurgia bimaxilar, com Le fort I, osteotomia bilateral sagital do ramo mandibular e mentoplastia para correção de retrognatismo mandibular e assimetria facial. Em proservação de 3 anos foi verificado ausência de sintomas e constatada a estabilidade esquelética. Em um trabalho de comparação de duas técnicas cirúrgicas e suas relações com o nervo alveolar inferior e complicações: a osteotomia sagital bilateral do ramo mandibular (BSSO) com avanço e a distração osteogênica mandibular (MDO), Ow e Cheung, em 2010, selecionaram 23 pacientes e distribuíram aleatoriamente em dois grupos: 12 pacientes foram submetidos à técnica BSSO (2 homens e 9 mulheres) e 11 (2 homens e 9 mulheres) à técnica MDO. Como resultado, dentre outras complicações relacionadas, a reabsorção condilar foi observada em 1 caso para cada técnica. Gunson et al., em 2009, avaliaram os efeitos do hormônio sexual feminino 17β-estradiol como um fator importante na reabsorção condilar progressiva. Esse trabalho veio a contrapor uma ideia corrente de que o desarranjo interno poderia ser o grande responsável pelo Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 188-192, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 189 Reabsorção condilar progressiva: revisão de literatura. RCP e explicar a alta prevalência em mulheres. A baixa circulação de 17β-estradiol parece tornar impossível a capacidade de reparação óssea natural do côndilo quando existe processos inflamatórios locais. Então seria necessária exame prévio à cirurgia para avaliar os níveis do hormônio. Se necessário, adiar a cirurgia para quando houver normalidade das taxas circulantes desse hormônio. Em um artigo de 2008, Veras et al., avaliam o pós operatório de cirurgia ortognática onde a linha de fratura coincidia com a osteotomia planejada (regular sagittal split) e o pós operatório onde a linha de fratura não coincidia com a osteotomia realizada (bad sagittal split). Foi observado se estavam presentes distúrbios temporomandibulares (DTM), click, dor, remodelação condilar ou reabsorção condilar. Os pacientes em que houve uma diferença da linha de fratura com a osteotomia planejada apresentaram limitação de abertura bucal, mas não houve maior incidência de DTM (incluindo dor ou click) ou reabsorção condilar. Gill et al., em 2008, fizeram um revisão de literatura dos fatores de risco para reabsorção condilar pósortognática. Os fatores de predisponentes encontrados para a RCP incluem ser do sexo feminino, retrognatismo mandibular associada a um ângulo do plano mandibular aumentado, presença de pré-tratamento de atrofia condilar e pacientes com deslocamento condilar preexistente. Em seu artigo de 2007, Papadaki et al., discutiram sobre a reabsorção condilar incluindo etiologia, fatores de risco (as teorias e o que já está comprovado cientificamente), diagnóstico e tratamento (considerando as várias correntes existentes de tratamento), levando em consideração as atualidades sobre o assunto. Wolford LM, em 2007, discute em seu artigo as patologias da ATM mais comuns, incluindo reabsorção condilar, e apresenta as considerações sobre o tratamento cirúrgico para as condições específicas da ATM e deformidades da mandíbula (tratamento cirúrgico de ATM associado a cirurgia ortognática). Em um trabalho de 2004, Hwang et al., pesquisaram sobre os fatores de risco não cirúrgicos relacionados à reabsorção condilar após cirurgia ortognática. Foi feita comparação entre um grupo de pacientes que desenvolveram a reabsorção condilar pós cirurgia ortognática e outro grupo que desenvolveu hipoplasia condilar sem ter feito qualquer cirurgia ortognática prévia. Wolford et al., em 2003, avaliaram os efeitos da cirurgia ortognática na ATM em pacientes com desarranjo temporomandibular prévio. 25 pacientes com deslocamento de disco articular da ATM que se submeteram à cirurgia, foram avaliados através de ressonância magnética sinais e sintomas (dor, amplitude de movimento mandibular, presença ou ausência de sons na ATM). Os pacientes com distúrbio temporomandibular prévio tiveram piora em seus quadros no pós-cirúrgico e em alguns casos desenvolvendo reabsorção condilar. Almeida et al. DISCUSSÃO Quando se fala de reabsorção condilar progressiva, alguns tópicos ainda merecem especial atenção como diagnóstico, fatores predisponentes, etiologia e tratamento. Com o advento da tomografia computadorizada um novo e importante meio de diagnóstico pôde ser utilizado. E com isso novos trabalhos1,5 apareceram mostrando como diagnosticar e preservar casos de reabsorção condilar progressiva. Assim, sabendo que as alterações morfológicas dos côndilos pós cirurgia ortognática acontecem, cabe estabelecer quando são fisiológicas ou patológicas, visto que quanto antes for realizado o diagnóstico, menores são as sequelas e mais fácil o tratamento, caso necessário. Kobayashi et. al., em 2012, relatam que os primeiros sinais de reabsorção condilar são aparentes 6 meses ou mais após a cirurgia ortognática e que se desenvolve em até 2 anos de pós operatório. Mas Wolford LM, em 2007, cita que alterações podem ser vistas a partir de 2 a 3 semanas de pós-operatório em casos de cirurgias mal realizadas. A tomografia computadoriza cone-beam tornou possível esse tipo de avaliação, visto que, pelo menor grau de irradiação pode ser realizado para acompanhamento a longo prazo e dá maior precisão de detalhes se comparado aos métodos anteriores (técnicas radiográficas 2D e TC multislice 3D). A RCP pode ser diagnosticada quando há alteração oclusal pós-operatória com aumento de overjet, diminuição de overbite, ou ambos; diminuição acentuada na altura do ramo ou rotação anti-horária do segmento proximal, ou ambos em exames cefalométricos através de TC; e reabsorção condilar em avaliação tomográfica de pós-operatório em comparação com pré-operatório. Quanto aos fatores predisponentes, alguns trabalhos3,8,10,11,12,13 já elucidaram muito sobre o assunto. Atualmente são considerados pacientes com maior risco a desenvolver reabsorção condilar progressiva, mulheres jovens (numa proporção de 9:1 em relação aos homens) , má-oclusão esquelética classe II, portadores de doença auto-imune, pacientes com neoplasias, pacientes em uso de corticoides, histórico de trauma facial, tratamento ortodôntico, cirurgia ortognática (combinada ou com grande avanço mandibular, sendo considerado grande avanço mais que 5 mm), a inclinação posterior do pescoço condilar e pacientes com desarranjo articular. Na busca por relacionar a técnica cirúrgica a uma maior incidência alguns trabalhos2,4,6,9,11 foram feitos, mas não foram encontradas evidências de uma correlação significativa com algum técnica específica. Porém, Wolford LM, em 2007, cita que o procedimento cirúrgico mal realizado pode aumentar a incidência de reabsorção condilar, ou seja, um problema não relacionado com a técnica escolhida e sim com a má condução da cirurgia no trans-operatório (maxilares posicionados de forma inadequada, estabilização inadequada). 190 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 188-192, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Reabsorção condilar progressiva: revisão de literatura. Apesar de todos os fatores de risco citados, a etiologia ainda não foi identificada. Na maioria dos casos não existe qualquer evento precipitador identificável, e daí o termo “reabsorção condilar idiopática” ter sido por muito tempo utilizado. Com relação ao tratamento, a mandíbula deve ser avançada somente quando os côndilos são estáveis em radiografias e uma atenção especial deve ser dada à carga mecânica no pós-operatório da ATM em pacientes de alto risco. A tentativa de minimizar os fatores de risco e esperar o momento oportuno é frequentemente mencionada nos artigos como uma maneira de reduzir os riscos quando a cirurgia ortognática está indicada. Várias técnicas têm sido indicadas2,3,4,5,11,13, mas ainda não existe consenso entre os pesquisadores. Wolford LM, em 2007, preconiza cirurgia de ATM e ortognática combinadas, com ancoragem do disco (remoção de hiperplasia sinovial e dos tecidos bilaminares ao redor do côndilo com reposicionamento e estabilização do disco na técnica de ancoragem de Mitek, concomitante a cirurgia ortognática com osteotomia em maxila e mandíbula para melhores resultados estéticos). Hwang et al., em 2004, estudaram os resultados da condilectomia com enxerto costocondral. You et al., 2011, realizaram acompanhamento de pacientes que foram submetidos a tratamento com placa e tratamento ortodôntico prévio à intervenção cirúrgica. Kobayashi et al., em 2012, expõem que para definir a melhor conduta no tratamento ainda é necessário debate e pesquisa, mas em seus trabalhos cita a cirurgia ortognática com a compensação ortodôntica ou com ajuste oclusal. Wolford LM, em 2007 também cita como opção de tratamento a condilectomia com enxerto de titânio e polietileno (prótese condilar) para os casos de reabsorção mais severos. Enfim, de acordo com a literatura encontrada, não há consenso sobre o tratamento da RCP. Os resultados referentes aos fatores predisponentes e os tratamentos achados na revisão foram (Tabela 1): Almeida et al. COMENTÁRIOS FINAIS Na prática clínica a RCP ainda é vista como tendo um prognóstico duvidoso e motivo de muita preocupação. O acompanhamento dos pacientes de risco, em caso de pós-operatório de cirurgia ortognática deve ser duradouro; mesmo que não haja reabsorção condilar nos primeiros 6 a 12 meses, há relatos de até 5 anos depois iniciar esse processo reabsortivo. Ainda há muito o que se pesquisar e definir quando se trata de reabsorção condilar progressiva. Trabalhos melhor conduzidos devem ser elaborados na tentativa de definir a etiologia e um tratamento com melhores resultados, visto que alguns trabalhos da literatura usaram de metodologia controversas e falhas. Os fatores de risco da RCP já estão mais definidos e fundamentados, mas os tipos de tratamento ainda são causa de muita discordância. REFERÊNCIAS 1. Xi T, Van Loon B, Fudalej P, Bergé S, Swennen G, Maal T. Validation Of A Novel Semi-Automated Method For Three-Dimensional Surface Rendering Of Condyles Using Cone Beam Computed Tomography Data. Int J Oral Maxillofac Surg. 2013 Aug; 42(8):1023-9. 2. Kobayashi T, Izumi N, Kojima T, Sakagami N, Saito I, Saito C. Progressive Condylar Resorption After Mandibular Advancement. Br J Oral Maxillofac Surg. 2012 Mar; 50(2):176-80. 3. Papadaki ME, Tayebaty F, Kaban LB, Troulis MJ. Condylar Resorption. 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Fatores Predisponentes Tratamento Mulheres jovens Cirurgia combinada (ortognática e ATM) Má-oclusão classe II Placa miorrelaxante e cirurgia Artrite reumatóide Condilectomia com enxerto autógeno Lúpus eritematoso Condilectomia com enxerto aloplástico Neoplasia Compensação ortodôntica ou ajuste oclusal Corticóides Trauma facial Pós- operatório de ortognática (Combinada ou com grande avanço mandibular > 5mm) Tratamento ortodôntico Anatomia condilar Desarranjo articular prévio Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 188-192, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 191 Reabsorção condilar progressiva: revisão de literatura. 7. Ow A, Cheung LK. Bilateral Sagittal Split Osteotomies Versus Mandibular Distraction Osteogenesis: A Prospective Clinical Trial Comparing Inferior Alveolar Nerve Function And Complications. Int J Oral Maxillofac Surg. 2010 Aug; 39(8):756-60. 8. Gunson MJ, Arnett GW, Formby B, Falzone C, Mathur R, Alexander C. Oral Contraceptive Pill Use And Abnormal Menstrual Cycles In Women With Severe Condylar Resorption: A Case For Low Serum 17beta-Estradiol As A Major Factor In Progressive Condylarresorption. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009 Dec; 136(6):772-9. 9. Veras RB, Kriwalsky MS, Hoffmann S, Maurer P, Schubert J. Functional And Radiographic Long-Term Results After Bad Split Inorthognathic Surgery. Int J Oral Maxillofac Surg. 2008 Jul; 37(7):60611. Almeida et al. 10. Gill DS, El Maaytah M, Naini FB. Risk Factors For Post-Orthognathic Condylar Resorption: A Review. World J Orthod. 2008 Spring; 9(1):215. Review. 11. Wolford LM. Clinical Indications For Simultaneous TMJ And Orthognathic Surgery. Cranio. 2007 Oct; 25(4):273-82. 12. Hwang SJ, Haers PE, Seifert B, Sailer HF. Non-Surgical Risk Factors For Condylar Resorption Afterorthognathic Surgery. J Craniomaxillofac Surg. 2004 Apr; 32(2):103-11. 13. Wolford LM, Reiche-Fischel O, Mehra P. 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A seleção dos artigos foi de forma independente e cega feita por dois pesquisadores através da escala de PEDro e critérios de inclusão. Resultados: De 1.272 artigos da BVS e 2.865 da PUBMED encontrados, 18 da BVS e 23 da PUBMED foram selecionados de acordo a leitura do título e resumo, destes 01 referentes à BVS e 02 à PUBMED possuíam texto na íntegra com exclusão de 02 artigos duplicados. O restante de 36 sem texto na íntegra buscou-se nos periódicos eletrônicos da CAPES, resultando em 04 artigos alusivos à BVS e 07 à PUBMED com texto na íntegra. Dos 14 artigos encontrados nos sites de busca e qualificados metodologicamente através da escala de PEDro, apenas 07 artigos foram inclusos criteriosamente no corpus documental desta revisão por obterem pontuação maior que três com alta qualidade metodológica, excluindo os demais. Conclusão: O Tisuacryl® e Histoacryl® foi os adesivos de cianoacrilato mais aplicados devido às vantagens apresentadas em síntese de ferida cirúrgica de extração dental. Palavras-chave: Biologia Sintética; Cirurgia Bucal; Técnicas de Fechamento de Ferimentos. Introdução Desde o primeiro resultado favorável do uso médico do adesivo de cianoacrilato (AC) nos anos 60, como agente de sutura e hemostático local em feridas dos soldados da Guerra do Vietnã, suas aplicações em síntese de ferida tecidual foram estendidas para outras áreas da saúde incluindo a odontologia1 com maior concentração na área da cirurgia bucomaxilofacial. A segunda geração de AC é indicada na odontologia devido sua cadeia química longa gerar degradação lenta José Nunes Carneiro Neto 1 Adriano Freitas de Assis 2 Abstract Objective: To systematically review the literature and suggest a protocol applicability of cyanoacrylate adhesives in the synthesis of oral surgical wounds. Method: The established methods included in the literature search strategy in Portuguese, English and Spanish, as well as inclusion and exclusion criteria adopted in the period 2000-2013 in the databases of VHL, PUBMED and CAPES. The selection of articles was independently and blindly by two researchers through the PEDro scale and inclusion criteria. Results: Of 1,272 articles VHL and PUBMED from 2865 found, 18 and 23 of the VHL PUBMED were selected according reading the titles and abstracts, 01 of these related to VHL and 02 had PUBMED the full text to the exclusion of 02 duplicate articles . The rest of 36 without the full text was sought in electronic journals from CAPES, resulting in 04 and 07 depicting the VHL PUBMED with the full text articles. Of the 14 articles found in the search and methodologically qualified sites through the PEDro scale, only 07 articles were carefully included in this review document corpus for obtaining scores above three high methodological quality, excluding others. Conclusion: The Tisuacryl® and Histoacryl® cyanoacrylate adhesives was applied due to the advantages presented in synthesis of tooth extraction wound. Key words: Synthetic Biology; Surgery, Oral; Wound Closure Techniques. dos seus produtos menos tóxicos ao organismo, ao contrário da primeira geração que produz toxicidade ao organismo.1 Os AC de segunda geração mais utilizados no Brasil são Colagel® (octil-2-cianoacrilato), Loctite® ou Super Bonder® (éster-cianoacrilato), Histoacryl® (n-butil-2cianoacrilato), Three Bond® Three Bond do Brasil (alfacianoacrilato) e o Dermabond® (octil-2-cianoacrilato).2 Estes AC são classificados em biológicos sintéticos composto por formaldeído (9,25%), glutaraldeído (25%), cianoacrilato (97%), corante (0,17%) e ácido p-toluenosulfônico (estabilizador de polimerização).2 1)Aperfeiçoamento em Cirurgia Bucomaxilofacial. Cirurgião-Dentista da Estratégia de Saúde da Família de Candeal-BA. 2)Especialista (FOAR/UNESP), Mestre (FORP/USP), Doutor (FOP/UNICAMP) em CTBMF (Staff do Serviço de CTBMF da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (HGRS/HGESF/HJN); Professor BAHIANA / UNIRB / NPCI; Coordenador Especialização em Implantodontia - NPCI; Coordenador Capítulo XV - Colégio Brasileiro de CTBMF . Instituição: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Candeal/BA – Brasil. Correspondência: José Nunes Carneiro Neto - Rua Doutor Artur Negreiro, 108 – Centro – Candeal / BA – Brasil - CEP.: 48710-000 - E-mail: [email protected] Artigo recebido em 24/08/2014; aceito para publicação em 12/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 193-199, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 193 Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais - Parte I. O mecanismo de adesão destes AC forma-se através de uma reação exotérmica do contato entre os íons de hidroxila presentes em líquidos como sangue ou água e umidade do ar com o tecido humano, dando origem a uma barreira protetora de cadeias químicas longas, estáveis, fortes e a prova d’água. Este mecanismo de polimerização ocorre entre vinte segundos a dois minutos dependendo da concentração de umidade tecidual1,3 Não obstante, em casos de polimerização iatrogênica de uma ferida cirúrgica bucal aplica-se a vaselina, um agente de remoção eficaz do AC polimerizado.4 Diante do exposto, esta pesquisa tem como objetivo revisar sistematicamente a literatura e sugerir um protocolo de aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais. Método Este estudo constitui numa revisão sistemática da literatura, sem metanálise, acerca da aplicabilidade dos AC em síntese de feridas cirúrgicas bucais (SFCB). Estratégia de busca Por meio de pesquisa realizada nas bases eletrônicas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PUBMED e Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com os seguintes descritores em português, inglês e espanhol: cianoacrilato, cyanoacrylate, odontologia, dentistry, odontología, cirurgia bucomaxilofacial, maxillofacial surgery e cirugía maxilofacial, utilizando-se o descritor cianoacrilato isoladamente ou em combinação acompanhados de “e”, “and” e “y” com os outros descritores em todos os idiomas citados, durante o mês de setembro a novembro de 2013. Critérios de inclusão e exclusão Os critérios de inclusão adotados para o levantamento dos artigos foram: texto na íntegra; tempo de busca de 2000 a 2013; população-alvo de todos os grupos etários; intervenções em SFCB; idioma em português, inglês e espanhol; tipo de estudo sem delimitação, com exceção das revisões de literatura e dos estudos experimentais biomecânicos, in vivo e vitro. Foram excluídos os artigos que não atenderam aos critérios de inclusão e que abordassem a aplicação direta do AC em procedimentos de embolização e síntese pós-cirúrgicas de fissuras labiais e/ou palatais. Seleção dos artigos Foi de forma independente e cega feita por dois pesquisadores/autores do presente estudo de acordo os critérios de inclusão e exclusão mencionados anteriormente. Inicialmente, foi realizada a estratégia de busca dos artigos através da leitura dos títulos, seguido do resumo e texto completo, coletando informações necessárias ao objetivo da pesquisa. Carneiro Neto et al. Apreciação da qualidade metodológica A qualidade das informações coletadas em cada artigo selecionado para a produção da revisão sistemática da literatura e sugestão de protocolo da temática em questão foi assegurada através da padronização da escala de PEDro, uma das mais usadas atualmente na área da saúde, devido sua eficácia e praticabilidade na validação dos artigos selecionados5. Os critérios da escala de PEDro foram desenvolvidos para serem empregados em estudos experimentais, padronizados numa escala de 0-10 para qualidade de evidência científica, com pontuação somente para os seguintes critérios encontrados: 1) especificação dos critérios de inclusão (item não pontuado); 2) alocação aleatória; 3) sigilo na alocação; 4) similaridade dos grupos na fase inicial ou basal; 5) mascaramento dos sujeitos; 6) mascaramento do terapeuta; 7) mascaramento do avaliador; 8) medida de pelo menos um desfecho primário em 85% dos sujeitos alocados; 9) análise da intenção de tratar; 10) comparação entre grupos de pelo menos um desfecho primário e 11) relato de medidas de variabilidade e estimativa dos parâmetros de pelo menos uma variável primária6. Após aplicação da escala pelos dois pesquisadores/ autores do presente estudo nos artigos selecionados, os mesmos obtiveram discordâncias que foram sancionadas por discussão e consenso quanto à pontuação que apresentaram para critério de inclusão, considerando exclusos da revisão os artigos de baixa qualidade metodológica com pontuação menor que três.7 Resultados Foram encontrados conforme a estratégia de busca dos artigos no período de 2000 a 2013 com o descritor cianoacrilato isoladamente ou em combinação com os outros descritores em todos os idiomas citados nas bases eletrônicas da BVS 1.272 artigos e na PUBMED 2.865 artigos somente no idioma inglês. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 18 artigos da BVS e 23 artigos da PUBMED de acordo a leitura do título e resumo. Destes 01 artigos referentes à BVS e 02 à PUBMED com exclusão de 02 artigos duplicados, apresentavam no momento da pesquisa a disponibilidade do texto na íntegra. Sendo que 16 e 20 artigos respectivamente da BVS e PUBMED sem texto na íntegra foram submetidos a uma busca específica na base eletrônica dos periódicos da CAPES, resultando em 04 artigos alusivos à BVS e 07 à PUBMED com texto na íntegra, formando um total de 14 artigos encontrados nas bases eletrônicas da BVS, PUBMED e periódicos da CAPES. Destes 14 artigos selecionados e qualificados metodologicamente através da escala de PEDro. Apenas 07 artigos foram inclusos criteriosamente no corpus documental desta revisão por obterem pontuação maior que três com alta qualidade metodológica, excluindo os demais – Figura e Tabela 1. 194 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 193-199, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Vastani A, Maria A. Healing of intraoral wounds closed using silk sutures and isoamyl 2-cyanoacrylate glue: a comparative clinical and histologic study. J Oral Maxillofac Surg. 2013; 71(2):241-8. Prospectivo randomizado Prospectivo, randomizado e controlado 30 pacientes desdentados em bom estado de saúde e higiene oral entre 45 a 70 anos de ambos os sexos 160 pacientes em bom estado de saúde e higiene oral entre 15 a 65 anos de ambos os sexos Comparativo 24 pacientes em clínico-histológico bom estado de saúde e higiene oral entre 35 a 50 anos Kulkarni S, Dodwad V, Chava V. Healing of periodontal flaps when closed with silk sutures and N-butyl cyanoacrylate: a clinical and histological study. Indian J Dent Res. 2007; 18(2):72-7. Pérez M, Fernández I, Márquez D, Bretaña RM. Use of N-butyl-2cyanoacrylate in oral surgery: biological and clinical evaluation. Artif Organs. 2000; 24(3):2413. População-alvo Tipo de estudo Artigo 07 05 Síntese de ferida cirúrgica paraendodôntica (apicectomia), de extração (molares), de enxerto (mucogengival com retalho de Newman – duas incisões lineares com mais de 6 cm) Síntese de ferida cirúrgica periodontal de bolsas profundas (retalho mucoperiosteal de espessura total em áreas anteriores) Aplicabilidade em SFCB Desvantagens - Não houve em relação à sutura convencional. - Não houve em relação à sutura convencional. - Cicatrização normal por - Não houve em relação processo inflamatório crônico; à sutura convencional. - Menor acúmulo de placa bacteriana e resposta inflamatória ao 7º dia comparado a sutura convencional. Vantagens - Facilidade na aplicação; - Rápido controle da hemorragia; - Sem efeitos adversos; - Boa cicatrização; - Eliminação das consultas de acompanhamento e do desconforto causado pela remoção; - Menor custo. Novocryl® (isoamilo - 2 - Síntese de ferida cirúrgica - Recomendação para cianoacrilato) pré-protética (alveoloplastia pacientes que recusam o bilateral no rebordo alveolar retorno para remoção de sutura convencional; mandibular na região anterior) - Indicação especial para pacientes pediátricos com laceração sem tolerância a anestesia local ou cirurgia simples intra-oral; - Aplicação fácil, segura, rápida e indolor para síntese de incisões intra-orais; - Prevenção de infecção secundária; - Menor resposta inflamatória e incidência de eritema; - Rápida cicatrização tecidual; - Menor desconforto para o paciente no intra e pósoperatório. Tisuacryl® (n - butil - 2 cianoacrilato) Escala Tipo de AC de PEDro 05 N - butil - 2 cianoacrilato Tabela 1 – Características dos estudos inclusos no corpus documental para aplicabilidade do AC em SFCB Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais - Parte I. Carneiro Neto et al. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 193-199, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 195 30 pacientes de ambos os sexos entre 11 a 79 anos Ensaio clínico duplo-cego Ensaio clínico controlado Ghoreishian M, Gheisari R, Fayazi M. Tissue adhesive and suturing for closure of the surgical wound after removal of impacted mandibular third molars: a comparative study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2009; 108(1):146. Joshi AD, Saluja H, Mahindra U, Halli R. A Comparative Study: Efficacy of Tissue Glue and Sutures after Impacted Mandibular Third Molar Removal. J Maxillofac Oral Surg. 2011; 10(4): 310–315. Orozco-Razón LF, Millán-Guerrero RO, Vera-Rodríguez SE. Cianoacrilato comparado con cirugía tradicional en el cierre de heridas en zonas libres de tensión. Gac. méd. Méx. 2002; 138(6):505-509. 30 pacientes em bom estado de saúde e higiene oral de ambos os sexos entre 20 a 32 anos 30 pacientes em terapia com anticoagulante oral (varfarina) e 10 pacientes que nunca havia estado em terapia com anticoagulante oral (grupo controle negativo) de ambos os sexos entre 49 a 67 anos 16 pacientes em bom estado de saúde e higiene oral de ambos os sexos entre 18 a 24 anos Ensaio clínico Al-Belasy FA, Amer MZ. Hemostatic effect of n-butyl-2-cyanoacrylate (histoacryl) glue in warfarin-treated patients undergoing oral surgery. J Oral Maxillofac Surg. 2003; 61(12):1405-9. Ensaio clínico controlado População-alvo Tipo de estudo Artigo 06 03 05 Sem indicação Amcrylate® (isoamilo-2cianoacrilato) Epiglu® (etil-2cianoacrilato) Síntese de ferida cirúrgica de biópsia excisional (lipoma, verruga, corpo estranho vulgar) Síntese de ferida cirúrgica da remoção de terceiros molares inferiores impactados mesio-angular ou horizontalmente (Classe II e posição B da classificação de Pell & Greogery em 1933) Síntese de ferida cirúrgica da remoção de terceiros molares inferiores impactados Escala Tipo de AC Aplicabilidade em SFCB de PEDro 06 Histoacryl® (n - butil - 2 - Síntese de ferida cirúrgica cianoacrilato) de extração dental seriada (média de 06 dentes com retalho mucoperiosteal) e pré-protética (alveoloplastia) cont. Tabela 1 – Características dos estudos inclusos no corpus documental para aplicabilidade do AC em SFCB Desvantagens - Recomendação para síntese de ferida cirúrgica da pele e tecido mole; - Indicação especial para pacientes pediátricos ambulatorial; - Aplicação segura em menor tempo; - Melhor estética; - Indicação para cirurgias intraorais de pequeno porte; - Bom hemostático local; - Redução da dor nos 3 primeiros dias pós-operatório; - Sem necessidade de remoção. - Aplicação fácil e rápida; - Boa hemostasia local. - Inaplicabilidade hospitalar. - Contra-indicação em caso de ferida cirúrgica com tensão lateral em toda extensão, excesso contínuo de umidade e sítio cirúrgico infectado ou com grandes espaços mortos. - Não houve em relação à sutura convencional. - Indicação para cirurgia oral em - Nenhuma. nível ambulatorial; - Aplicação fácil e rápida; - Boa hemostasia local; - Sem sangramento tardio; - Cicatrização normal no 10º dia pós-operatório; - Menor custo. Vantagens Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais - Parte I. Carneiro Neto et al. 196 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 193-199, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Figura 1. Discussão O corpus documental sistematizado demonstrou que as principais vantagens dos AC estão na indicação para síntese de ferida cirúrgica na face e cavidade oral em serviço de urgência e cirurgia ambulatorial, especialmente em pacientes pediátricos; aplicação fácil, segura, rápida e indolor para síntese de incisões intraorais; efeito bactericida, hemostático local imediato e selante; menor trauma tecidual na aplicação; curativo a prova d’água; proteção contra danos mecânicos e acúmulo de alimentos; menor resposta inflamatória e incidência de eritema; evita sangramento tardio, efeitos adversos e necessidade de remoção; redução da dor nos três primeiros dias pós-operatório; cicatrização normal no 10º dia pós-operatório; concessão imediata para ingestão de alimentos após a síntese; baixo índice de complicações; melhor estética; menor custo; grande disponibilidade no mercado. Entretanto as desvantagens são as contraindicações em caso de ferida com tensão lateral em toda extensão, excesso contínuo de umidade e sítio cirúrgico infectado ou com grandes espaços mortos, além da inaplicabilidade hospitalar. Diante da maior proporção de vantagens comprovadas clinicamente pela qualidade metodológica dos estudos abordados em relação às desvantagens na aplicabilidade dos AC na SFCB apresentadas na – Tabela 1, faz-se necessário a descrição técnica da aplicabilidade dos AC em procedimentos como síntese de ferida cirúrgica periodontal, paraendodôntica, préprotética, extração dental simples e seriada, remoção de terceiro molar inferior impactado, enxerto mucogengival e biópsia excisional para sugerir um protocolo de uso desses adesivos – Quadro 1. AC – Tisuacryl® (n-butil-2-cianoacrilato); Indicação – síntese de ferida cirúrgica paraendodôntica; Recomendação – apicectomia; Paciente – adolescente, adulto e idoso; Procedimento – aplicação de pequenas gotas de forma linear cobrindo de 2 a 3 mm de espessura sobre as bordas da ferida cirúrgica assepsiadas e coaptadas manualmente até a polimerização em torno de 30 segundos. AC – (1) Novocryl® (isoamilo-2-cianoacrilato) e (2) Histoacryl® (n butil - 2 - cianoacrilato); Indicação – síntese de ferida cirúrgica pré-protética; Recomendação – alveoloplastia; Paciente – (1) (2) adulto, idoso e (2) sob terapia com anticoagulante oral (varfarina); Procedimento – (1) aplicação gota a gota sobre as bordas secas e assepsiadas da ferida cirúrgica coaptadas manualmente até a polimerização entre 1 a 2 minutos. (2) Aplicação em três camadas com intervalos de 30 segundos sobre as bordas da ferida cirúrgica assepsiadas e coaptadas munualmente. Síntese de ferida cirúrgica É aplicada em pacientes adolescentes, adultos e idosos com paraendodôntica lesões periapicais. Utilizando-se do AC depois da hemostasia da ferida cirúrgica paraendodôntica, coaptando manualmente as bordas da incisão e colocando pequenas gotas de Tisuacryl® (n-butil-2-cianoacrilato) de forma linear, cobrindo de 2 a 3 mm de espessura e evitando a concentrada entre os rebordos da ferida. A coaptação manual da ferida deve ser mantida por 30 segundos até a polimerização do Tisuacryl®.9 Síntese de ferida cirúrgica É aplicada em pacientes adultos e idosos com indicação de pré-protética alveoloplastia. O AC foi utilizado após a obtenção da hemostasia adequada e isolamento com gaze seca da ferida cirúrgica, criando um campo livre de saliva. Em seguida as bordas da ferida foram coaptadas manualmente para aplicação em gotas do Novocryl® (isoamilo-2-cianoacrilato) através de uma seringa e agulha até a polimerização do AC entre 1 a 2 minutos.10 Entretanto Al-Belasy e Amer 11 em seu estudo, aplicou o AC de Histoacryl® com três camadas em intervalos de 30 segundos sobre a ferida cirúrgica da alveoloplastia em pacientes sob terapia com anticoagulante oral (varfarina), obtendo os mesmos resultados. Pérez et al., 20009 (2) Al-Belasy; Amer, 200311 (1) Vastani; Maria , 201310 PROTOCOLO SUGESTIVO AC – N-butil-2-cianoacrilato; Indicação – síntese de ferida cirúrgica periodontal; Recomendação – Bolsas periodontais profuntas ≥ 06 mm; Paciente – Adulto; Procedimento – aplicação de gota a gota sobre as bordas da ferida cirúrgia assepsiadas e coaptadas manualmente. APLICABILIDADE DESCRIÇÃO DA TÉCNICA Síntese de ferida cirúrgica É aplicada em pacientes adultos com 06 mm ou mais de bolsas periodontal periodontais profundas após o procedimento cirúrgico periodontal, onde as bordas da ferida cirúrgica são assepsiadas e coaptadas manualmente com gota a gota de n-butil-2-cianoacrilato.8 AUTOR E ANO Kulkarni et al., 20078 Quadro 1 – Características do autor, ano, aplicabilidade, descrição técnica e protocolo sugestivo dos adesivos de cianoacrilato usados em SFCB Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais - Parte I. Carneiro Neto et al. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 193-199, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 197 DESCRIÇÃO DA TÉCNICA É aplicada em pacientes adolescentes, adultos e idosos com indicação de exodontia simples, após o protocolo cirúrgico usual com os mesmos parâmetros de aplicabilidade do AC de Tisuacryl® (n-butil-2-cianoacrilato) na coaptação manual das bordas da ferida cirúrgica paraendodôntica.9 Síntese de ferida cirúrgica É aplicado em paciente adulto e idoso sob terapia com de extração dental anticoagulante oral (TAO) de varfarina com indicação de extração seriada dental seriada com média de seis dentes. Esta TAO tem uma grande relevância clínica devida sua indicação para portadores de doença cardíaca valvar, arritmia e tromboembólica venosa, válvula protética cardíaca, embolia pulmonar e história de acidente vascular cerebral. O tubo de Histoacryl® foi acoplado a uma agulha hipodérmica de 23 calibre e 25 mm para ser usado sobre as bordas da ferida cirúrgica coaptadas manualmente, limpas e secas. Prosseguindo com três aplicações contínuas de faixas finas após cada coloração opaca no intervalo de 30 segundos.11 Síntese de ferida cirúrgica É aplicado em paciente adulto jovem em bom estado de saúde geral da remoção de terceiro com indicação para remoção de terceiro molar inferior impactado. O molar inferior impactado Epiglu® (etil-2-cianoacrilato) foi colocado após o trans-operatório e assepsia da ferida cirúrgica em duas camadas finas sobre o retalho reposicionado e fechado manualmente.12 Conseguinte no estudo de Joshi et al.13, a aplicabilidade do AC de Amcrylate® (isoamilo2-cianoacrilato) seguiu os mesmos parâmetros do estudo anterior em ferida cirúrgica da remoção de terceiro molar inferior impactado mesio-angular ou horizontalmente (Classe II e posição B da classificação de Pell & Greogery em 1933). Síntese de ferida cirúrgica É aplicado em em paciente adulto após enxerto mucogengival, de enxerto mucogengival procedendo-se de pequenas gotas de Tisuacry®l (n-butil-2cianoacrilato) de forma linear sobre os rebordos da ferida cirúrgica assepsiada, cobrindo de 2 a 3mm de espessura, sem concentração entre os rebordos da ferida cirúrgica até sua polimerização em torno de 30 segundos. 9 Síntese de ferida cirúrgica É aplicado em paciente infantil, adolescente, adulto e idoso com de biópsia excisional indicação de biópsia excisional. Foi utilizado uma ou duas gotas de AC sobre as bordas da incisão coaptadas manualmente e pressionada por 10 segundos até a polimerização.14 Al-Belasy; Amer, 200311 Orozco-Razón et al., 200214 Pérez et al., 20009 (2) Joshi et al., 201113 (1) Ghoreishian et al., 200912 APLICABILIDADE Síntese de ferida cirúrgica de extração dental simples AUTOR E ANO Pérez et al., 20009 PROTOCOLO SUGESTIVO AC – Tisuacryl® (n-butil-2-cianoacrilato); Indicação – síntese de ferida cirúrgica de extração dental simples; Paciente – adolescente, adulto e idoso; Procedimento – aplicação de pequenas gotas de forma linear cobrindo de 2 a 3 mm de espessura sobre as bordas da ferida cirúrgica assepsiadas e coaptadas manualmente até a polimerização em torno de 30 segundos. AC – Histoacry®l (n - butil - 2 - cianoacrilato); Indicação – síntese de ferida cirúrgica de extração dental seriada; Paciente – adulto e idoso sob terapia com anticoagulante oral de varfarina; Procedimento – aplicação contínua com o tubo montado de AC em três faixas finas sobre as bordas da ferida cirúrgica coaptadas manualmente, limpas e secas, num intervalo de 30 segundos após cada coloração opaca das faixas. AC – Tisuacryl® (n-butil-2-cianoacrilato); Indicado – síntese de ferida cirúrgica de enxerto mucogengival; Paciente – adulto; Procedimento – aplicação de pequenas gotas em forma linear sobre os rebordos da ferida cirúrgica assepsiada cobrindo de 2 a 3 mm de espessura sem concentração entre os rebordos até a polimerização em torno de 30 segundos. AC – sem delimitação. Indicação – síntese de ferida cirúrgica de biópsia excisional; Recomendação – lipoma, verruga e corpo estranho vulgar. Paciente – infantil, adolescente, adulto e idoso; Procedimento – aplicação de uma ou duas gotas sobre as bordas da incisão assepsiadas e pressionadas por 10 segundos até a sua polimerização. AC – (1) Epiglu® (etil-2-cianoacrilato) e (2) Amcrylate® (isoamilo-2cianoacrilato); Indicação – síntese de ferida cirúrgica da remoção de terceiro molar inferior impactado mesio-angular ou horizontalmente; Recomendação – Classe II e posição B da classificação de Pell & Greogery em 1933; Paciente – adulto jovem; Procedimento – aplicação de duas camadas finas sobre o retalho reposicionado e fechado manualmente após o trans-operatório e assepsia da ferida cirúrgica. Quadro 1 – Características do autor, ano, aplicabilidade, descrição técnica e protocolo sugestivo dos adesivos de cianoacrilato usados em SFCB cont. Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais - Parte I. Carneiro Neto et al. 198 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 193-199, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Aplicabilidade dos adesivos de cianoacrilato na síntese de feridas cirúrgicas bucais - Parte I. Conclusão - A maior concentração dos estudos qualificados metodologicamente pela escala de PEDro pontuam entre 05 e 06 com alta qualidade científica; - Os adesivos mais utilizados são o Tisuacryl® e Histoacryl® compostos pela cadeia química n-butil-2cianoacrilato; - A maioria da aplicabilidade foi na síntese de ferida cirúrgica de extração dental; - A maior proporção de pacientes constitui-se em criança, adolescente, adulto e idoso de ambos os sexos; - Os protocolos sugestivos são seguros para pacientes não alérgico ao AC aplicado em SFCB conforme os parâmetros clínicos e cirúrgicos adotados. Referências 1. González González JM. Cianoacrilato. Definición y propiedades. Toxicidad y efectos secundarios. Aplicaciones en medicina y odontología. Av. Odontoestomatol. 2012; 28 (2): 95-102. 2. Dip EC, Campos ALF. Ester de cianocrilato (Super Bonder®) e sutura tradicional na implantodontia: relato de casos clínicos. Innov. implant. j., biomater. esthet. 2010; 5(1):60-65. 3. Davis KP, Derlet RW. Cyanoacrylate glues for wilderness and remote travel medical care. Wilderness Environ Med. 2013; 24(1):67-74. 4. Jagannathan N, Hallman M. Complications associated with 2-octyl cyanoacrylate (Dermabond): considerations for the anesthesiologist. J Clin Anesth. 2010; 22(1):71-2. Carneiro Neto et al. 5. Sampaio RF, Mancini MC. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Rev. Bras. Fisioter. 2007; 11(1):83-89. 6. Chagas PSC, Mancini MC, Barbosa AP, Silva PTG. Análise das intervenções utilizadas para a promoção da marcha em crianças portadoras de paralisia cerebral: uma revisão sistemática da literatura. Rev. Bras. Fisioter. 2004; 8(2):155-63. 7. Dodd KJ, Taylor NF, Damiano DL. A systematic review of the effectiveness of strength-training programs for people with cerebral palsy. Arch Phys Med Rehabil. 2002; 83:1157-64. 8. Kulkarni S, Dodwad V, Chava V. Healing of periodontal flaps when closed with silk sutures and N-butyl cyanoacrylate: a clinical and histological study. Indian J Dent Res. 2007; 18(2):72-7. 9. Pérez M, Fernández I, Márquez D, Bretaña RM. Use of N-butyl-2cyanoacrylate in oral surgery: biological and clinical evaluation. Artif Organs. 2000; 24(3):241-3. 10. Vastani A, Maria A. Healing of intraoral wounds closed using silk sutures and isoamyl 2-cyanoacrylate glue: a comparative clinical and histologic study. J Oral Maxillofac Surg. 2013; 71(2):241-8. 11. Al-Belasy FA, Amer MZ. Hemostatic effect of n-butyl-2-cyanoacrylate (histoacryl) glue in warfarin-treated patients undergoing oral surgery. J Oral Maxillofac Surg. 2003; 61(12):1405-9. 12. Ghoreishian M, Gheisari R, Fayazi M. Tissue adhesive and suturing for closure of the surgical wound after removal of impacted mandibular third molars: a comparative study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2009; 108(1):14-6. 13. Joshi AD, Saluja H, Mahindra U, Halli R. A Comparative Study: Efficacy of Tissue Glue and Sutures after Impacted Mandibular Third Molar Removal. J Maxillofac Oral Surg. 2011; 10(4): 310–315. 14. Orozco-Razón LF, Millán-Guerrero RO, Vera-Rodríguez SE. Cianoacrilato comparado con cirugía tradicional en el cierre de heridas en zonas libres de tensión. Gac. méd. Méx. 2002; 138(6):505-509. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 193-199, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 199 Artigo de Revisão O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe The role of p16 and Ki 67 in squamous cell carcinomas of the oral cavity and oropharynx Resumo Introdução: Os carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe apresentam incidência crescente no Brasil e no mundo. Esses carcinomas são geralmente distintos quanto ao padrão de crescimento, comportamento clínico e prognóstico. A carcinogênese oral é um processo de múltiplos estágios que envolvem a participação de várias proteínas que controlam o ciclo celular, incluindo p16 e Ki 67. A proteína p16 é uma inibidora de quinases dependentes de ciclinas e atua regulando o ciclo celular, enquanto Ki 67 está presente no núcleo celular em divisão, funcionando como marcador de proliferação celular. Objetivo: O objetivo deste trabalho consistiu em revisar a literatura acerca do papel dos marcadores tumorais p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe. Método: A revisão da literatura foi feita nas bases de dados Scielo e PubMed/Medline durante o período de 2000 a 2013. Resultados: Os resultados obtidos foram conflitantes em relação ao papel da expressão de p16 nos carcinomas de cavidade oral, embora sua função pareça estar associada à proliferação celular dos carcinomas. Com relação ao marcador Ki 67, os resultados foram menos discrepantes e os estudos demonstraram que o aumento de sua expressão em carcinomas de cavidade oral esteve associado ao alto grau de displasia, diferenciação tumoral e maior agressividade do tumor. Considerações finais: Os resultados conflitantes apresentados neste trabalho sugerem que são necessárias novas pesquisas com critérios de avaliação mais precisos em relação ao papel dos marcadores tumorais p16 e Ki 67 nos carcinomas de cavidade oral e orofaringe. Descritores: Inibidor p16 de Quinase Ciclina-Dependente; Neoplasias Bucais; Neoplasias Orofaríngeas; Imunoistoquímica; Antígeno Ki-67. INTRODUÇÃO O carcinoma de células escamosas (CEC) de cabeça e pescoço é o sexto câncer mais incidente do mundo, constituindo mais de 90% de tumores malignos da cavidade oral e orofaringe1. Este tipo de carcinoma está associado a um alto índice de morbidade e mortalidade Nathalia Machado Seixo de Britto 1 Hellen da Silva Cintra de Paula 2 Vera Aparecida Saddi 3 Abstract Introduction: Squamous cell carcinomas of the oral cavity and oropharynx show increasing incidence in Brazil and worldwide. These carcinomas are usually distinct concerning the pattern of growth, clinical behavior and prognosis. Oral carcinogenesis is a multistage process involving the participation of several proteins that control the cell cycle, including p16 and Ki 67. The p16 protein is a cyclin-dependent kinases inhibitor and acts regulating the cell cycle, whereas Ki 67 is present in the nucleus during cell division, functioning as a molecular marker of cell proliferation. Objective: The objective of this study was to review the literature on the role of the tumor markers, p16 and Ki 67, in squamous cell carcinomas of the oral cavity and oropharynx. Method: A literature review was performed on the Scielo and Pubmed/Medline databases during the period 2000-2013. Results: The results were conflicting regarding the role of p16 expression in carcinomas of the oral cavity, although its function appears to be associated with the carcinomas cell proliferation. Regarding Ki 67, the results were less contradictory and the studies have shown that Ki 67 increased expression in carcinomas of the oral cavity was associated with high-grade dysplasia, tumor differentiation and increased tumor aggressiveness. Final comments: The conflicting results presented here suggest that more research is needed in order to provide more precise evaluation criteria regarding the role of tumor markers p16 and Ki 67 in carcinomas of the oral cavity and oropharynx. Key words: Cyclin-Dependent Kinase Inhibitor p16; Mouth Neoplasms; Oropharynx; Immunohistochemistry; Ki-67 Antigen. por câncer2. Trata-se de uma neoplasia epitelial invasiva com variados graus de diferenciação e propensa ao aparecimento precoce de metástase em linfonodos. Ocorre predominantemente em usuários de álcool e tabaco, do sexo masculino, com idade média entre 50 e 70 anos. O CEC está associado também as infecções virais pelo Papilomavírus humano (HPV)3. 1)Graduação em Biomedicina. Biomédica. 2)Mestrado. Biomédica e Docente. 3)Doutorado. Docente. Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Goiás e Associação de Combate ao Câncer em Goiás. Goiania / GO – Brasil. Correspondência: Hellen da Silva Cintra de Paula - Rua 239 Nº 52 Qd. 89A Lt.29 Setor Leste Universitário – Goiânia / GO – Brasil - CEP 74605-070. Artigo recebido em 10/09/2014; aceito para publicação em 12/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há 200 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 200-205, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe. Estes carcinomas são geralmente distintos quanto ao padrão de crescimento, comportamento clínico e prognóstico. Tumores de cavidade oral costumam ser mais diferenciados do que os carcinomas de orofaringe. Porém, carcinomas de orofaringe apresentam uma alta tendência de recorrer localmente e gerar metástase2. Modelos em animais e análises moleculares indicam que os CEC de cabeça e pescoço resultam do acúmulo de múltiplos eventos genéticos ou alterações de genes críticos. As células anormais resultantes resistem à apoptose, logo apresentam vantagens proliferativas sobre as células normais e sobrevivem ao sistema imune do paciente2. O fator de risco mais importante para o CEC de cabeça e pescoço é o uso abusivo do tabaco e do álcool1. Um efeito carcinogênico em potencial pode ser estabelecido se o uso do álcool e do tabaco acontecer de forma simultânea. Metabólitos do álcool, como o acetaldeído, interferem na síntese e no reparo do DNA. O papel carcinogênico do álcool parece residir na sua capacidade como solvente na parte tecidual, o que potencializa os efeitos dos constituintes do tabaco e assim seus efeitos carcinogênicos4. Cerca de 25% dos casos de carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço estão relacionados ao HPV. O HPV mais detectado é o tipo 16, presente em 90% a 95% dos casos seguido pelos HPV 18, HPV 33 E HPV 352. Os HPV de alto risco, 16 e 18, codificam duas oncoproteínas virais importantes, E6 e E72. A proteína E7 do HPV 16 é capaz de ligar se à proteína do retinoblastoma (pRb), que regula a transição G1/S do ciclo celular, inativando-a5. Enquanto que a proteína E6 expressa suas atividades oncogênicas por meio da imortalização das células primárias, transformação de linhagens celulares estabelecidas, resistência à diferenciação celular terminal e abolição do ponto de checagem do ciclo celular5. Esses dois mecanismos podem contribuir de forma importante para a carcinogênese. Portanto, os carcinomas de células escamosas de cavidade oral associados ao HPV representam um grupo tumoral específico, diferente dos demais carcinomas, já que estudos de caso controle comprovaram que as ações oncogênicas do HPV ocorrem de forma independente aos fatores de riscos para o desenvolvimento do carcinoma de cabeça e pescoço4. A carcinogênese oral é um processo de múltiplos estágios. Lesões precursoras, invasão e metástase estão muitas vezes presentes de forma simultânea e a proliferação de células tumorais malignas envolve mecanismos de perda de controle do ciclo celular. Assim, estudos que investigaram a expressão de proteínas envolvidas no mecanismo biomolecular da carcinogênese oral demonstraram um significativo interesse para a identificação de biomarcadores que tenham potencial preditivo e prognóstico para carcinomas orais e de orofaringe6. Brito et al. Um dos marcadores que vem sendo estudado em carcinomas de cavidade oral e orofaringe é a proteína p16, que age como supressora tumoral, inibindo as quinases dependentes de ciclina (CDK4 e CDK6) que regulam o ponto G1 de checagem do ciclo celular3. Alterações em p16 são frequentemente observadas em vários tipos de tumores, incluindo os carcinomas de células escamosas de cavidade oral. Esse marcador é pouco expresso em epitélio normal e hiperexpresso apenas em células proliferativas e lesões inflamatórias7. A proteína p16 atua no controle do ciclo celular, promovendo a parada do ciclo e a apoptose. Assim, interrompe a proliferação pela manutenção de um estado de fosforilação da proteína do retinoblastoma6. A hiperexpressão de p16 tem sido descrita em resposta a inativação da pRB, como acontece durante a ação da oncoproteínas E7 do HPV8. Apesar da proteína p16 ser exaustivamente estudada em carcinomas de colo uterino, seu papel na carcinogênese oral ainda é controverso9. Outra proteína bastante estudada em tumores é a proteína nuclear Ki 67. Ki 67 está presente no núcleo celular em divisão e o gene que codifica esta proteína está localizado no cromossomo 1010. Geralmente, Ki 67 é utilizado para detecção e quantificação da proliferação celular. O aumento da sua expressão está associado ao grau de diferenciação tumoral, sendo utilizado como marcador em vários tipos de tumores11. A expressão de proteínas como Ki 67, associada com a proliferação celular tumoral, vem sendo evidenciada em muitos estudos por meio da técnica de imunoistoquimica12. O objetivo deste estudo consistiu em revisar a literatura nacional e internacional acerca do papel de p16 e Ki 67 nos carcinomas de cavidade oral e orofaringe, em trabalhos que utilizaram o método de imunoistoquímica. MÉTODOS Nesta revisão da literatura foram pesquisados artigos publicados nas bases de dados SciELO e PubMed/ Medline, durante o período de 2000 a 2013. As palavraschave utilizadas sobre o tema foram baseadas na lista do MeSH e DeCS. Os seguintes termos em inglês foram selecionados para a realização da busca: p16, Ki 67, oral cancer, oropharynx cancer and immunohistochemistry. Em português, foram utilizados os termos p16, Ki 67, câncer oral, câncer de orofaringe e imunoistoquímica. Combinações entre os termos foram utilizadas para pesquisa em todos os bancos de dados, sendo que as referencias dos artigos escolhidos também foram verificadas para identificar outros estudos que pudessem ter sido omitidos na busca eletrônica. Foram considerados somente limites de tempo (2000 a 2013) durante a busca, sendo que todos os artigos encontrados foram selecionados posteriormente por critérios de inclusão e exclusão, após leitura dos respectivos resumos. As publicações escolhidas foram obtidas para reavaliação de seus resultados. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 200-205, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 201 O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe. RESULTADOS Durante o período analisado, foram encontrados na literatura cinco estudos que investigaram, com o uso do método de imunoistoquímica, o papel dos marcadores tumorais p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe (Tabela 1). O primeiro estudo selecionado13 analisou a expressão de p16 em um grupo de 225, diagnosticados no período de 1978 a 2000 e submetidos à cirurgia exclusiva ou radioterapia seguida de cirurgia. As amostras compreenderam 44 tumores de cavidade oral, 24 tumores de faringe e 147 tumores de laringe. A baixa expressão de p16 foi encontrada em 48% das amostras analisadas, se correlacionou ao estágio T avançado dos tumores e esteve associada significativamente com tumores inicialmente irradiados e sem resposta terapêutica. A análise por regressão múltipla revelou que o sítio tumoral é o mais importante fator independente que afeta a expressão de p16. Nenhuma associação significativa foi detectada entre a expressão de p16 com Brito et al. o sexo, idade, grau tumoral, metástase ou recorrência do tumor após tratamento cirúrgico. Os autores concluíram que a baixa expressão da proteína p16 está associada a uma maior proliferação das células tumorais, afetando assim o tamanho do tumor. Porém, não significa maior proporção de metástase linfonodal ou pior prognóstico para pacientes submetidos a tratamento cirúrgico. El-Mofty & Patil (2006)14 analisaram carcinomas tonsilares HPV-positivos com morfologia basaloide nãoqueratinizante e imunofenótipo característico. O objetivo do estudo foi analisar a expressão de p16 e Ki 67 em carcinomas orofaríngeos e identificar os tumores com morfologia não-queratinizante. Os tumores e controles foram submetidos à detecção e genotipagem de HPV, usando a reação em cadeia da polimerase (PCR). Na análise foram revistos 235 carcinomas, incluindo 141 de amígdalas e 94 de base da língua. Deste total, 36% dos tumores tonsilares e 32% dos carcinomas da base da língua eram não-queratinizantes (NKCa) e os demais representavam a forma clássica queratinizante dos carcinomas espinoce lulares (KSCC). O DNA de Tabela 1. Características dos cinco estudos incluídos nesta revisão. Autores, ano de publicação Marcadores estudados Yuen et al, 2002 p 16 El-Mofty & Patil, 2006 p 16 Ki 67 Carcinomas não queratinizantes de orofaringe e tonsilas 235 Vékoni et al, 2008 p16INK4a, Ki 67, E2F1, p53, ciclina D1, policomb BMI-1, MEL-18 e EZH2 Tumores mioepiteliais de glândulas salivares 84 Carcinomas de cavidade oral 50 Carcinomas de cavidade oral 34 p 16 Abrahao et al, 2011 p53 hTERT Dragomir et al, 2012 p 16 Ki 67 P53 Sítios anatômicos avaliados Carcinomas de cavidade oral, orofaringe e laringe Total de casos analisados 225 Resultados encontrados p16 esteve associada ao estágio T avançado e aos tumores sem resposta terapêutica p16 mostrou-se útil na identificação de lesões displásicas e sua baixa expressão estava relacionada à transformação neoplásica. A expressão de Ki 67 mostrou ter importante valor prognóstico, especialmente na identificação de lesões agressivas e de alta proliferação tumoral. p16 demonstrou alta expressão em tumores benignos se comparado às células normais das glândulas salivares. Ki 67 esteve presente nas neoplasias mioepiteliais primárias e parece contribuir para a transformação neoplásica mioepitelial e crescimento de tumores agressivos. p16 não se demonstrou útil na diferenciação do epitélio não displásico e displásico da mucosa oral. A expressão de p16 não apresentou diferenças significativas com relação aos parâmetros clínicos e histopatológicos, porém demonstrou ser útil na identificação de lesões displásicas. A expressão de Ki 67 se mostrou útil na identificação de formas agressivas de CEC de cavidade oral com alta expressão na frente de invasão. Abreviações: CEC = Carcinoma de células escamosas. 202 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 200-205, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe. HPV, particularmente do tipo 16, foi detectado em 10 (100%) de 10 NKCa e em apenas 2 (20%) de 10 KSCC (P =.0014). Os NKCas foram fortemente reativos para p16, enquanto os KSCC mostraram reatividade focal e fraca. A detecção de Ki 67 foi mais alta nos NKCa, em comparação com KSCC. Os autores concluíram que os NKCa das amígdalas e base da língua são subtipos distintos de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço com alta prevalência de HPV e um imunofenótipo característico. O estudo demonstrou que a investigação de p16 pode ser útil na identificação de lesões displásicas e que a diminuição da sua imunoexpressão é um fator de previsão para transformação neoplásica enquanto que a avaliação da expressão de Ki 67 possui um valor prognóstico na identificação de formas mais agressivas e de alta proliferação de células tumorais em carcinomas orais. O estudo de Vékony et al (2008)12 analisou tumores mioepiteliais de glândulas salivares. O estudo investigou a expressão de E2F1, p16INK4a, p53, ciclina D1, Ki 67 e do grupo de proteínas policomb BMI-1, MEL18 e EZH2, em 49 tumores benignos e 30 tumores malignos mioepiteliais primários, além de cinco recidivas histologicamente benignas. Os achados foram correlacionados com as características histopatológicas. Tumores benignos mostraram um maior percentual de células com expressão de p16(INK4a) (P = 0,002), comparado com o tecido normal das glândulas salivares. Entre os tumores benignos, o tipo de células claras tinha a maior fração de proliferação (P = 0,05). Este estudo foi o primeiro a demonstrar que a via de senescência regulada por p16 (INK4a) está envolvida no desenvolvimento de tumores mioepiteliais. Os autores sugerem que a inativação adicional de p53 e Ki 67 nas neoplasias primárias malignas e benignas contribui para a transformação neoplásica mioepitelial e para o crescimento dos tumores agressivos. O estudo de Abrahao et al. (2011)15 avaliou padrões de expressão das proteínas p53 e p16, em relação à expressão de subunidade hTERT da telomerase. Foram analisadas 30 amostras de CEC de cavidade oral, 15 amostras de desordens potencialmente malignas da mucosa oral e cinco casos de hiperplasia epitelial oral. Na avaliação imunoistoquímica, não houve relação entre a expressão de p53 e o grau de displasia do tumor. A expressão de p16 foi evidenciada em 26,7% dos casos de desordens potencialmente malignas da mucosa oral, 43,3% dos casos de CEC de cavidade oral e em dois casos de hiperplasia epitelial oral, mas não foi útil para diferenciação entre o epitélio não displásico e o epitélio displásico. A expressão da telomerase hTERT foi observada em todas as amostras de hiperplasia epitelial oral e nas amostras potencialmente malignas da mucosa oral, mas não foi útil na diferenciação de hiperplasia e displasia do epitélio oral. Portanto, a avaliação da expressão dos marcadores p16, p53 e hTERT apresentada no estudo, não demonstrou nenhuma relação entre tais marcadores e o grau de displasia Brito et al. nos casos de desordens potencialmente malignas da mucosa oral, ou com o grau de diferenciação de CEC de cavidade oral. Dragomir et al (2012)10 analisou características clinicas, histopatológicas e imunoistoquímicas de 34 casos de carcinomas de células escamosas de cavidade oral, sendo que em 11 casos foram identificadas lesões epiteliais displásicas adjacentes. O estudo avaliou a expressão das proteínas p16, Ki 67 e p53, tanto no tumor em geral quanto na frente de invasão. Foram predominantes dentre as amostras, carcinomas bem diferenciados (52,9%) e estadiamento I/II (88,3%). A expressão de p16, p53 não apresentaram diferenças significativas com relação aos parâmetros clínicos e histopatológicos, no entanto, a alta expressão de Ki 67 esteve associada ao alto grau de diferenciação tumoral e alto grau de displasia. O estudo destacou a importância da imunomarcação de p16 na identificação de lesões displásicas e a importância preditiva de p53 e Ki 67 na identificação de formas mais agressivas de carcinomas orais, vez que a expressão desses marcadores estava aumentada na frente de invasão. DISCUSSÃO De acordo com os estudos analisados verificou-se que a expressão de p16 se apresentou alta nos casos de tumores benignos12 e em carcinomas não queratinizados de cavidade oral associados ao HPV14. Sua baixa expressão é observada em carcinomas queratinizados de cavidade oral demonstrando que esse foi um fator de transformação neoplásica14. A baixa expressão de p16 também esteve relacionada a estágios TNM avançados, já que gera maior proliferação das células tumorais13. Porém, foram descritas diferenças significativas na expressão de p16 em diferentes sítios anatômicos, não havendo associação deste marcador com idade, sexo, metástase ou recorrência tumoral pós-tratamento cirúrgico13. Existem controvérsias entre os três estudos reportados, em relação à expressão de p16 em lesões displásicas e não displásicas. Segundo Abrahao et al (2011)15, a expressão de p16 nos casos de CEC de cavidade oral, desordens potencialmente malignas e hiperplasia epitelial oral, não foi útil na diferenciação entre o epitélio não displásico e displásico, enquanto que para Dragomir et al (2012)10 e El-Mofty & Patil (2006)14 a expressão deste marcador se demonstrou importante na identificação de lesões displásicas. Como demonstrado nas pesquisas revisadas uma baixa expressão de p16 pode ser um indicativo de proliferação tumoral, porém, sem nenhum significado prognóstico. Por outro lado, a alta expressão de p16 nos tumores benignos e associados ao HPV demonstra que essa proteína está possivelmente desempenhando seu papel na tentativa de interromper a proliferação tumoral, o que resultaria em melhor prognóstico para a doença. Segundo Wittekindt et al (2012)4, o inibidor transcricional Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 200-205, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 203 O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe. de p16 é a proteína pRb. Assim, nos tumores HPV positivos, a proteína pRb é inativada pela proteína E7 do HPV, o que resultaria em desrepressão de p16 e aumento da sua expressão. Os estudos que avaliaram o marcador Ki 67 demonstram sua alta expressão em carcinomas e tumores malignos da cavidade oral e expressão mediana em tumores benignos12. Os resultados obtidos na pesquisa, de modo geral, se apresentam coerentes já que Ki 67 está associado ao grau de diferenciação e displasia tumoral10, crescimento tumoral agressivo12 e possui um importante valor prognóstico na identificação de formas agressivas de tumores com alto índice de proliferação de células tumorais14. Portanto, sua expressão elevada em tumores de cavidade oral e orofaringe demonstra que esse tipo de tumor possui uma alta capacidade de proliferação e alta agressividade, representando um fator de mal prognóstico. Embora os estudos revisados tenham analisado os marcadores p16 e Ki 67 em CEC de cavidade oral, usando o método de imunoistoquímica, em grupos com maior prevalência de indivíduos do sexo masculino e com idade média de 50 anos, algumas discrepâncias foram detectadas, como mostra a tabela 1. Sítios anatômicos diferentes, diferenças no número de casos analisados e critérios de inclusão e exclusão também discrepantes foram observados, resultando certamente em conclusões conflitantes entre os autores, principalmente com relação ao marcador p16. Enquanto alguns autores concluíram que a baixa expressão de p16 esteve associada à proliferação celular e ao tamanho do tumor13, associações significativas não foram observadas em relação à metástases linfonodais15. O papel prognóstico de p16 nos carcinomas de cavidade oral e orofaringe não está bem estabelecido, bem como sua importância nas lesões displásicas de cavidade oral. Por outro lado, a maioria dos estudos não avaliou a expressão de p16 em relação a aspectos tumorais relevantes como a sobrevida dos pacientes, a classificação TNM e a presença de HPV, abordada somente em um estudo14. Mesmo com dados, avaliações e conclusões conflitantes dos artigos reportados nesse estudo, a expressão de p16 parece estar associada à proliferação celular dos carcinomas da cavidade oral e orofaringe13. Sua baixa expressão parece representar um fator de mal prognóstico, já que esse participa do controle do ciclo celular levando as células tumorais à apoptose. O marcador Ki 67 foi o que apresentou menos resultados discrepantes e sua expressão mediana ou alta em carcinomas de cavidade oral e orofaringe parece representar alto grau de displasia, baixa diferenciação tumoral e maior agressividade do tumor, representando também mal prognóstico12. O que se espera para estudos futuros é que incluam avaliações mais precisas sobre o tema abordado. Números maiores de casos reportados e melhor classificados, em que o foco seja estabelecer Brito et al. qual a função de cada marcador, ao invés de correlacioná-los, já que suas funções particulares ainda não estão esclarecidas. O estabelecimento de um ponto de corte (cut off) para a expressão dos marcadores em função dos aspectos tumorais também parece ser um aspecto relevante a ser abordado, uma vez que cada estudo utiliza valores diferentes. Estudos com acompanhamento por maior período de tempo e seguimento destes pacientes em longo prazo são necessários a fim de se estabelecer o valor prognóstico dos marcadores. Outro aspecto relevante que também precisa ser abordado diz respeito a expressão de Ki 67 e p16 com relação a infecção pelo HPV. Diferente dos carcinomas de colo uterino, em que a associação desses marcadores e a presença do DNA do HPV já está bem estabelecida, nos carcinomas de cavidade oral, seus significados permanecem inconclusivos. CONCLUSÕES Os dados, avaliações e conclusões dos artigos revisados nesse estudo são conflitantes. A expressão de p16 parece estar associada à proliferação celular dos carcinomas da cavidade oral e sua baixa expressão parece representar um fator de mal prognóstico, já que participa do controle do ciclo celular levando as células tumorais à apoptose. O marcador Ki 67 apresentou menos resultados discrepantes e sua expressão mediana ou alta em carcinomas de cavidade oral parece se associar ao alto grau de displasia, baixa diferenciação tumoral e maior agressividade do tumor, representando também um fator de mal prognóstico. REFERÊNCIAS 1. Barnes L, Evenson JW, Reichart P, Sidranski D, editors. World Health Organization Classification Of Tumors. Pathology and genetics of head and neck tumours. Lyon: IARC Press; 2005. 430p. 2. Ferreira CG, Casali JC. Oncologia Molecular. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2010. 664p. 3. Pannone G, Santoro A, Papagerakis S, Muzio L, Rosa G, Bufo P. The Role of human papillomavirus in the pathogenesis of head and neck squamous cell carcinoma: an overview. Infect Agent Cancer 2011; 6 (4): 1-11. 4. Wittekindt C, Wagner S, Mayer CS, Klussmann JP. Basics of tumor development and importance of human papillomavirus (HPV) for head and neck cancer. GMS Current Top Otorhinolaryngol HeadNeck Surg 2012; 11: 2-29. 5. 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Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 200-205, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 O papel de p16 e Ki 67 em carcinomas de células escamosas de cavidade oral e orofaringe. cervical cytology for the prediction of underlying high-grade dysplasia. Cancer Cytopathol 2010 Jun;118(3):146-56. 10. Dragomir LP, Simionescu C, Mărgăritescu C, Stepan A, Dragomir IM, Popescu MR. P53, p16 and Ki67 immunoexpression in oral squamous carcinomas. Rom J Morphol Embryol 2012; 53 (1):89-93. 11. Hou YY, Cao W, Li L, Liu T, Wan HY, Liu M, Li X, Tang H. MicroRNA-519 targets MKi67 and supress cell growth in the hepatocellular carcinoma cell line QGY-7703. Cancer Lett 2011. 307: 182-190. 12. Vékony H, Röser K, Löning T, Raaphorst FM, Leemans CR, Van Der Waal I, Bloemena E. Deregulated expression of p16INK4a and p53 pathway members in benign and malignant myoepithelial of the salivary glands. Histopathology 2008; 53(6):658-66. Brito et al. 13. Yuen PW, Man M, Lam KY, Kwong YL. 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Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 200-205, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 205 Artigo de Revisão Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço The change of paradigm in initial therapy of head and neck cancer Resumo Introdução: Devido aos avanços na técnica cirúrgica, radioterapia e quimioterapia, têm ocorrido constantes mudanças na abordagem inicial do câncer precoce e avançado da cabeça e pescoço. Objetivo: Avaliar as mudanças de paradigma ao longo do tempo. Síntese dos dados: A cirurgia evoluiu rapidamente a partir do aprimoramento das técnicas anestésicas, antibióticos, reposição de hemoderivados, novos procedimentos de reconstrução, estratégicas de abordagem das metástases cervicais e tumores laríngeos. Reconhecido como um procedimento efetivo de estadiamento e terapêutica, o esvaziamento cervical terapêutico diminuiu as sequelas funcionais e estéticas. Laringectomias parciais e ressecção endoscópica transoral a laser podem preservar a função de fala e deglutição sem a traqueostomia definitiva. Avanços na criação de algoritmos para cálculo e distribuição de doses mais acuradas possibilitaram o desenvolvimento de dosimetria e controle de qualidade na radioterapia, proporcionando uma abordagem mais conservadora. A radioterapia com intensidade modulada tem alta precisão com melhor proteção de órgãos sob risco. Esquemas de fracionamento alterado podem reduzir a toxicidade tardia com benefício na sobreviva. Tomoterapia, arcoterapia volumétrica modulada, radioterapia estereotáxica e FDG-PET CT são recentes abordagens. Quimioterapia de indução e sequencial é um componente-chave no tratamento do câncer de cabeça e pescoço localmente avançado. O anticorpo monoclonal do fator de crescimento epitelial IgG1 (EGFR) mostrou significativa melhor clínica no tratamento de câncer localmente avançado, recorrente e/ou metastático. Conclusão: Assim, o tratamento dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço deve ser multidisciplinar e avanços nas estratégias melhoraram os resultados. Descritores: Neoplasias de Cabeça e Pescoço; Radioterapia; Quimiorradioterapia; Quimioterapia. Otávio Alberto Curioni 1 Ricardo Pires de Souza 2 Ali Amar 3 Marcel Feng 4 Abrão Rapoport 5 Rogerio Aparecido Dedivitis 6 Abstract Introduction: Due to advances in surgical techniques, radiotherapy and chemotherapy, there has been constant changes in the initial management of early and advanced head and neck cancer. Objective: To evaluate paradigm changes along the time. Data synthesis: Surgery evolved rapidly from the improvement in anesthetic techniques, antibiotics, blood replacement, new reconstruction procedures, management strategies of neck metastasis and laryngeal cancer. Recognized as an effective staging and therapeutic procedure, elective neck dissection diminished functional and aesthetic sequelae. Partial laryngectomies and endoscopic transoral laser resection could keep the function of speech and swallowing without definitive tracheostomy. Advances in creating algorithms for calculation and distribution of more accurate dose enabled the development of dosimetry and quality control in radiotherapy, providing a more conservative approach. The radiotherapy with intensity modulation has high precision with better protection of organs at risk. Altered fractionation schemes can reduce the late toxicity with survival benefit. Tomotherapy, volumetric modulated archoterapy, stereotactic radiotherapy and FDG-PET CT are recent approaches. Induction and sequential chemotherapy is a key component in the treatment of locally advanced head and neck cancer. The Epidermal Growth Factor IgG1 monoclonal antibody (EGFR) showed significant clinical benefits in the treatment of locally advanced, recurrent and/or metastatic cancer. Conclusion: Thus, the treatment of head and neck cancer patients should be multidisciplinary and advances in strategies have improved the outcome. Key words: Head and Neck Neoplasms; Radiotherapy; Chemoradiotherapy; Antineoplastic Combined Chemotherapy Protocols. 1)Professor Livre Docente, Departamento de Cirurgia, Centro Universitário Lusíada, Santos. Chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, São Paulo). 2)Doutor em Radiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Radiologista do Hospital Heliópolis, São Paulo). 3) Professor Livre Docente, Departamento de Cirurgia, Centro Universitário Lusíada, Santos. Assistente do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis, São Paulo. 4)Radioterapeuta do Hospital Heliópolis, São Paulo. 5)Professor Livre Docente, Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Diretor Técnico do Hospital Heliópolis, São Paulo. 6)Professor Livre Docente do Departamento de Cirurgia da Fundação Lusíada Unilus. Médico Assistente do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Chefe dos Serviços de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Ana Costa e da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santos. Instituição: Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital Heliópolis. São Paulo / SP – Brasil. Correspondência: Abrão Rapoport - Rua Cônego Xavier, 276 - 10º andar - São Paulo / SP – Brasil – CEP: 0431-030 - E-mail: [email protected]. Artigo recebido em 11/09/2014; aceito para publicação em 11/12/2014; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há 206 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 206-212, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço. Introduction Advances in surgical techniques, radiotherapy and chemotherapy modalities carry on for increasing the locoregional control, survival and quality of life of patients with head and neck cancer. These advances have shifted the focus from curative efforts of radical ablation for the organ and function preservation. At the past Century turn, radiotherapy had just been discovered and surgery was discouraged because of the lack of antibiotics and the anesthesia limitations. As a result, there was a trend toward the use of radiotherapy as primary treatment in the first half of the 20th Century. Then, in the mid 20thCentury, advances in perioperative care combined with the recognized adverse local effects and failures in the radiation control of the disease led to the emergence of primary surgery with or without adjuvant radiotherapy for the majority of head and neck cancers. Nowadays, radiation therapy remains an important treatment option for early-stage tumors and plays an important role in the adjuvant setting. In the second half of the 20thCentury, the focus on functional outcomes and the increasing role of chemotherapy led to strategies aiming at organ preservation in both surgical and non-surgical approaches. Recently, combinations of chemotherapy and radiotherapy have been increasingly used for cancer in advanced stages, being the primary treatment for adjuvant treatment. Finally, the development of molecular targeted therapy offers new options for the treatment of cancer of the head and neck, which may improve survival and functional outcomes. Currently, there is a change in the initial management of head and neck cancer, either for early and for advanced disease. Radiotherapy with or without chemotherapy is considered an option in order to achieve oncologic control. On the other hand, it offers better functional and aesthetic outcome. As a result, such approach could be considered the treatment of choice. Furthermore, the ability for probable identification of occult disease through new methods for detection by means of molecular markers would create a new paradigm in this already fetched scenario1,2, determining the paradigm shift. Therefore, head and neck cancer should be understood as a systemic phenomenon instead as a localized condition. Surgery As a tool in the treatment of head and neck cancer, surgery evolved rapidly from the improvement in anesthetic techniques, development of antibiotics, blood replacement and the introduction of new reconstruction procedures. Radical resection, whose primary goal is the potential cure, should always seek to preserve the aesthetic function with lowest possible injury. The technical improvement in management strategies of neck metastasis and for laryngeal cancer is an example of evolution and adaptation of treatment based on the Curioni et al. understanding of the phenotypic expression of the disease. The radical neck dissection was introduced in the late 19thCentury3-5 and represented the workhorse of treatment of cervical lymph node metastases for many decades. The progress regarding the neck approach is undeniable, since Crile’s publication6 and through the historical publication of Martin7 with standardization of radical neck dissection, without preservation of nonlymphatic structures. It is noteworthy that Martin was not adept to elective (prophylactic) neck dissection advocating the conduct of wait and see and intervening after the neoplasm recurrence. In 1963, Suarez8 published an article showing the possibility of radical neck dissection with preservation of non-lymphatic structures (internal jugular vein, esternocleidomastoid muscle and XI cranial nerve) based on the fascial compartments of the neck. Thus, the concept of modified radical neck dissection (MRND) was introduced9, considering the oncological radicality and the functional and aesthetic maintenance. In 1972, the rationale selective neck dissection was established10 with the identification of the distribution patterns of clinical metastasis according to the subsites within the head and neck. The evaluation of the histological pattern of cervical lymph node metastasis in patients undergoing elective radical neck dissection and treatment for cancer of the head and neck was considered since 197011,12. Then, it was created the basis for selective neck dissection to levels with higher risk of metastasis and an alternative for MRND. Although the movement towards elective neck dissection (END) and MRNI was in order to avoid functional and aesthetic sequelae associated with radical neck dissection (RND), END was useful as a staging procedure and its effectiveness was demonstrated by several studies in the late 199013,14. Its use was suggested as a safe alternative in patients with clinically lymph node with limited disease15-17. Cervical lateral endoscopic approaches were proposed1,2 as minimally invasive techniques and may have utility in the future. The ability of identifying probable occult disease has been improved through new methods of detection by molecular markers, which would create a new paradigm in this already fetched scenario when the knowledge of tumor biology determines paradigm shift. The head and neck cancer ceases to be understood as a localized phenomenon and is understood as a systemic one. The treatment of laryngeal cancer also demonstrates the conservative spirit or a tendency to functional surgical conservatism notwithstanding the oncological radicalism based on the understanding of the disease expression. In the early 20th Century, the lack of early diagnosis, limitation of anesthesiology and high mortality rate of laryngeal cancer, the situation was hopeless and most patients refused to undergo major procedures because of the low hope of surviving after the perioperative period and also the low cure rates18. In such a scenario, radiotherapy Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 206-212, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 207 Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço. was welcome to the therapeutic arsenal and became the primary treatment of choice for laryngeal cancer. The limitations of the initial radiotherapy techniques have been recognized and an advance in surgical techniques and perioperative care led to a reverse situation in which surgery became once again the treatment of choice for cancer of the larinx19. In parallel, extensive experimental and observational studies identified the anatomical basis for the cancer spread in the larynx as well as their pattern of lymph node metastasis. This knowledge provided the possibility of developing surgical techniques so as to perform partial laryngectomies20-22. The purpose of these procedures was to obtain healing by means of less radical approaches, since they could keep the function of speech and swallowing without definitive tracheostomy23. Subsequently, techniques for endoscopic resection and transoral laser resection were developed and listed as forms of conservative treatment24-27. Functional laryngeal preservation with adequate oncologic control can be achieved employing the conservative surgery. More recently, other advances in the operative domain continued to be developed in considering the functional and aesthetic consequences as reconstruction techniques, especially microvascular free flaps28,29, endoscopic endonasal access for resection of anterior skull base tumors with minimally invasive approaches30,31 and transoral resection, especially for cancer of the oropharyngeal and supraglottic tumors32. Radiotherapy The discovery of X- ray by Roentgen (1895), the description of the natural radioactivity33 and subsequent isolation of two new radioactive elements by the Curies, in 1898, laid the foundation for the start of radiation therapy either external (source away from the patient) and brachytherapy (source in the patient). After six months of the Roentgen’s discovery, the first cancer radiation treatment was performed in a patient with gastric cancer34. The undesirable effects of radiation were related and safety concerns become the object of several studies. In the first decades of the 20th Century, with the development of ionizing chambers, radiation began to be measured. Brachytherapy was liable for the treatment of some cancers such as base of tongue and uterus tumors35. In the 1920s, a larynx cancer was cured for the first time without the need for surgery and tracheostomy36. At this time, it was showed that there was radiosensitivity difference according to the cellular types37 and dose fractionation (2Gy per fraction) was proposed38. With the spread of radiotherapy, in 1928 the International Commission on Radiological Protection (ICRP) was created for controlling the safe use of the radiation, creating the concept of radioprotection38. In the mid 1940s, breakthrough was obtained in the field of radiotherapy. The use of Cobalt60 (natural ɣ-ray Curioni et al. source), with a mean energy of 1.25MeV, permitting the treatment of deeper tumors and decreasing the high epidermis toxicity39,40.In 1948, the first unit of Telecobalto terapy was installed in Canada. This new technology allowed doses above 50Gy for the treatment of deeper tumors, radically expanding the use of radiotherapy. On the other hand, the use of Co60 radioactive source could lead not only potentially exposed workers, but also the general population to unnecessary and harmful radiation exposure. The evolution of the radar during the World War II, concerning the use of microwave tubes, enabled the construction of the first linear accelerator, which produced X- ray megavoltage (6mV and 20mV) without the need of using radioactive sources. In 1953, London was the first city to have a linear accelerator. As a result, doses from 60 to 70Gy began to be used even deeper in the development of tumors without unacceptable toxicity to adjacent organs at risk. In this period, the planning of radiotherapy and the location of the fields was done through bony landmarks and treatment was limited primarily to rectangular fields in composition forming “cubes” high dose which involved “target” treatment. After the second half of the 20th Century, the combination of radiotherapy computers has enabled the creation of software (System Planning), creating algorithms calculation and distribution of more accurate dose, enabling the development of dosimetry and quality control in irradiating treatments41. Those developments made radiation therapy play a key role in cancer treatment with the possibility of curative treatments in different types of tumors and a significant increase in local control allowing the development of more conservative treatments42. The last 20 years have been no less extraordinary in the evolution of radiotherapy than tat achieved in the 20thCentury. The development of tomography43 and the immense development of computing have made the planning of radiotherapy evolve planar radiographs, two-dimensional treatment planning and volumetric tomography based on the three-dimensional technique. The incorporation of the multileaf collimators to linear accelerators managed by new systems with better planning algorithms calculations and new features (beam-eye-view) provided higher dose on target tissue and protected risk on the surrounding tissues44-46. Thus, the possibility of dose escalation above 70Gy was possible with proven benefit in prostate tumors47. After a century of evolution, the gold standard of radiotherapy that would allow an important benefit in the treatment of head and neck cancer was the development of radiotherapy with intensity modulation (IMRT). The IMRT is a type of three-dimensional conformal highly sophisticated radiotherapy, with high precision and controlled by computers which allow non-uniform intensity attributed to a small subdivision of the radiation beam, making it possible to manipulate the beam into several small volumes allowing greater control distribution. It 208 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 206-212, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço. also used the inverse planning that defines specific doses in healthy adjacent tissue and tumor48,49. So the dose is delivered more accurately on the target, better protection of organs at risk and allows reach different doses in different areas of the same treatment without the necessity of modifying the field (Simultaneous Integrated Boost - SIB). Recent studies using IMRT demonstrate the superiority of this technique over the others. A randomized study of 60 patients with T1/T2 nasopharyngeal carcinomas showed that IMRT was superior to the conventional two-dimensional treatment in preserving the function of the parotid glands with less late xerostomia after 1 year50. The phase II study (RTOG 0225) investigated the feasibility of using IMRT with or without chemotherapy in 68 patients with nasopharyngeal cancer. Grade IV acute mucositis occurred in 4.4% of patients and progressionfree survival and overall survival were 72.7% and 80.2% respectively and the rate of grade II xerostomia at 1 year was only 13.5%51. Adaptive radiation therapy is a process in which the treatment plan can be modified and adapted using systematic monitoring of the possible variations that occur during the 5-7 weeks of treatment (tumor volume reduction, weight loss). A new plan tailored the initial course of treatment with the acquisition of new images. In this case, the field margin and treatment dose can be routinely customized for each patient to achieve a dose escalation of security dose52. Another important field of study within the radiotherapy is the altered fractionation schemes. The classic fractionation with an application, once a day for five days a week is commonly used in the treatment of this cancer. In accelerated fractionation, the total treatment time is reduced. This reduces tumor repopulation between the sessions and may allow better local control. Hyperfractionated treatments (two or three applications at lower doses than conventional fractionation) is carried out in one day and can reduce the late toxicity. A metanalysis of 15 randomized clinical trials enrolled more than 6,000stage III/IVhead and neck cancer patients. In this analysis, there was a small but significant survival benefit of 3.4% associated with altered fractionation radiotherapy in 5 years53. The survival benefit was significantly higher with hyperfractionated-accelerated radiotherapy and also among patients under 50 years who had good general condition. The Radiation Therapy Oncology Group (RTOG) has recently completed a phase 3 trial, RTOG 0129, to examine whether the benefit of altered fractionation persisted when combined with chemotherapy. There was no significant difference in acute late toxicity54. The tomotherapy is a type of radiotherapy in which processing is done “slice by slice”, unlike other forms of radiation therapy in which the entire tumor volume is irradiated at a time through a supply of megavoltage X-rays. Constructed with a tomography similar setting, this technique allows a combination of IMRT and image- Curioni et al. guided radiotherapy better conformation enabling the beam and maximum dose gradient for the protection of radiosensitive organs. In a comparative study of patients with head and neck cancer treated with IMRT and tomotherapy, the free of loco-regional recurrence survival rates at 1 and 2 years were 61.2% and 58.1% for the conventional RT group, and 89.3 % and 80.3 % for tomotherapy group55. Thus, the outcome for thetomotherapy treated group was significantly higher than the conventional group (p = 0.029). There were no significant differences in overall survival and freedom from distant metastases between the groups. Besides the radiation technique, the tumor stage and duration of treatment were significant prognostic factors for loco-regionalrecurrence-free survival rates55. Volumetric modulated archoterapy (IMAT), another innovation in radiotherapy, allows to change three parameters during treatment: gantry rotation speed; treatment field by modifying the shape of the collimator blades; and the rate dose. This type of treatment allows a reduction in the duration of each treatment session while maintaining the highest compliance standard dose of IMRT. It enables the reduction of monitors (beam time) units during treatment, which decreased scattered patient radiation56. Stereotactic radiotherapy (SBRT) is a new radiotherapy technique that enables the use of high doses in small volumes using highly accurate stereotactic localization devices. In head and neck its use is still being studied and its main role is in the irradiation of recurrent tumors in areas previously irradiated57,58. The use of FDG-PET combined with CT is a breakthrough in the treatment with radiotherapy. Its use has potential advantages in defining the tumor (GTV) and its banks, distinguishing active disease metabolism59,60. More recently, a prospective study has demonstrated the added planning with the use of 18F-FDG-PET and 18F-FMISO-PET in radiotherapy planning and evaluation of response value61. Chemotherapy and targeted therapy Chemotherapy is a key component in the treatment of locally advanced head and neck cancer. In a metanalysis published in 200062 (MACH -NC), in which 93 randomized trials including 17,346 patients were studied, the hazard ratio of death was 0.88 (p < 0.0001) with an absolute benefit for chemotherapy of 4.5% at 5 years and a significant interaction (p <0.0001) between the type of chemotherapy (adjuvant or concomitant induction) and treatment. Both direct (six trials) and indirect comparisons showed a more pronounced benefit of the concomitant chemotherapy compared with induction chemotherapy. For 50 concurrent trials, the hazard ratio was 0.81 (p < 0.0001) and the absolute benefit of 6.5% at 5 years. There was a decreasing effect of chemotherapy with age (p = 0.003)63. The role of induction chemotherapy for several authors has been studied. The combination of taxanes, platinum and fluorouracil (Tax-PF) may be superior to Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 206-212, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 209 Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço. platinum and fluorouracil (PF). In most studies, the TaxPF scheme has shown a significant increase in overall survival (OS) and progression-free survival (PFS)64-69. In a metanalysis70, 5 randomized trials gathering 1,772 patients demonstrated the superiority of Tax- PF scheme compared to PF with significant reduction in progression, loco-regional recurrence and failure to distance, with HR of 0.78 ( 95% CI, 0.69 to 0.87, p < 0.001), 0.79 (95% CI, 0.66-0.94, p = 0.007) and 0.63 (95% CI, 0.45 to 0.89, p = 0.009), respectively. The receiver of Epidermal Growth Factor IgG1 monoclonal antibody (EGFR), Cetuximab showed significant clinical benefits in the treatment of locally advanced, recurrent and/or metastatic cancer. Based on the data from the phase III study71, the European Society for Medical Oncology (ESMO) in its guidelines recommend the use of Cetuximab in combination with radioterapy72. The use of Cetuximab associated with radiochemo therapy was shown to be feasible in phase II studies and is being investigated in phase III trials. Taken together, these data support an important role in Cetuximab treatment for locally advanced head and neck cancer. Final comments The advances in strategies for the treatment of head and neck cancer have affected all approaches: surgery, radiotherapy, chemotherapy and targeted therapy. Additionaly, the changing of the epidemiological profile seems to determine a group of patients with distinct disease when associated with HPV. Thus, the treatment of these patients should have a multidisciplinary approach, including surgical oncology, radioncologists, oncologists, radiologists, dentists, nurses, specialists, psychologists, speech therapist and nutritionists. The experience of the treatment center plays a large and strategic role. A major challenge in treating any type of cancer is to obtain a high cure rate while preserving vital structures and their functionality. This is especially true for tumors of the head and neck due to the anatomic complexity of the region, where major structures and their functions are affected by both the cancer and its therapy73,74. The question to be discussed is that despite these advances, cancer of the head and neck remains a disease under poor prognosis, with the main factor associated with late diagnosis with advanced loco-regional disease and the absence of appropriate biomarkers to detect the progression of the disease. In case of disease control, there is a risk of developing a second primary tumor (4% per year). These primary tumors are considered to result from the field cancerization75,76. Thus, clinical studies to characterize and validate appropriate biomarkers for early detection and specific biomarkers for early tumors at high risk are essential. The characterization of a molecular profile of the patient with head and neck cancer may help in the prediction of tumor behavior and response to therapy culminating with better results. Curioni et al. References 1. Lombardi CP, Raffaelli M, Princi P, De Crea C, Bellantone R. Minimally invasive video-assisted functional lateral neck dissection for metastatic papillary thyroid carcinoma. Am J Surg. 2007;193(1):114-8. 2. Terris DJ, Monfared A, Thomas A, Kambham N, Saenz Y. Endoscopic selective neck dissection in a porcine model. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2003;129(6):613-7. 3. Jawdynski F. Przypadek raka pierwotnego szyi. t.z. raka skrzelowego Volkmann’a. Wyciecie nowotworu wraz z reketcyja tetnicy szyjowej wspólnej i zyly szyjowej wewnêtrznej. Wyzdrowienie. Gaz Lek. 1888;8:530-37,554-60, 582-7. 4. 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Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 206-212, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 211 Mudança de paradigma no tratamento inicial do câncer de cabeça e pescoço. of unresectable locally advanced head and neck cancer (LAHNC). J Clin Oncol. 2009; 27:15. 66. Lorch JH, Goloubeva O, Haddad RI, Cullen K, Sarlis N, Tishler R, Tan M, Fasciano J, Sammartino DE, Posner MR; TAX 324 Study Group. Induction chemotherapy with cisplatin and fluorouracil alone or in combination with docetaxel in locally advanced squamous-cell cancer of the head and neck: long-term results of the TAX 324 randomised phase 3 trial. Lancet Oncol. 2011;12:153-9. 67. Paccagnella A, Ghi MG, Loreggian L, Buffoli A, Koussis H, Mione CA, Bonetti A, Campostrini F, Gardani G, Ardizzoia A, Dondi D, Guaraldi M, Cavallo R, Tomio L, Gava A; Gruppo di Studio Tumori della Testa e del Collo XRP 6976 F/2501 Study. 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Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 206-212, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Artigo de Revisão Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura Respiratory complications after major oncologic head and neck surgery: a literature review Resumo Introdução: Segundo dados do INCA, a estimativa para o ano de 2014 em relação ao câncer na cavidade oral é de 11.280 casos novos em homens e 4.010 em mulheres. A principal modalidade terapêutica para neoplasias de cabeça e pescoço é a cirurgia, e nestes pacientes as complicações pulmonares no pós-operatório são uma causa significativa de morbidade e de mortalidade. Objetivo: Estabelecer a relação, descrita na literatura, entre cirurgias de grande porte em cabeça e pescoço e complicações respiratórias; analisar os fatores de risco pré-operatórios para o surgimento de complicações respiratórias; descrever as medidas preventivas propostas para estes pacientes. Método: Realizou-se uma revisão bibliográfica nas bases de dados da Bireme e PubMed, sendo analisados 42 artigos científicos, 3 livros específicos, 2 dissertações de mestrado publicadas online e 1 site na internet. Resultados: A incidência de complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte de cabeça e pescoço variou de acordo com o perfil dos pacientes estudados, e dos tipos de complicações analisadas, variando de 5% a 70%. As mais relatadas na literatura foram atelectasia, pneumonia e insuficiência respiratória. Os fatores de risco mais citados foram: idade, função pulmonar prévia, tempo cirúrgico e de internamento em UTI. Entre os tratamentos citados, estão a atuação conjunta da fisioterapia, nutrição e fonoaudiologia nas fases pré e pós operatória. Conclusões: Pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à cirurgia de grande porte, têm grande potencial de evoluírem com complicações respiratórias pós operatórias. A identificação dos fatores de risco e a atuação intensiva da equipe multiprofissional, incluindo fisioterapia, nutrição e fonoaudiologia, deve ser considerada no tratamento pré e pós operatório destes pacientes. Descritores: Complicações Pós-Operatórias; Neoplasias de Cabeça e Pescoço; Fisioterapia; Fatores de Risco. Thatiana Moreira de Paiva 1 Woldir Wosiacki Filho 2 Juliana Carvalho Schleder 3 Gyl Henrique Albrecht Ramos 4 Luiz Paulo Kowalski 5 Abstract Introduction: According to the INCA the estimate for 2014 in relation to cancer of the oral cavity is of 11,280 new cases in men and 4,010 in women. The main treatment for head and neck cancer is surgery, and in these patients, pulmonary complications in the postoperative period are a significant cause of morbidity and mortality. Objective: To establish the relationship described in the literature, among major surgeries in the head and neck and respiratory complications; analyze pre-operative risk factors for the emergence of respiratory complications; describe the preventive treatments used in these patients. Method: We conducted a literature review in the databases PubMed and BIREME, including 42 scientific articles, three specific books, 2 dissertations published online and 1 site Internet. Results: The incidence of respiratory complications in oncological surgery of large head and neck varied according to the profile of patients studied, and the types of complications analyzed, and results varied from 5% to 48.8%. The most frequently reported in the literature, were atelectasis, pneumonia and respiratory failure. The most commonly cited risk factors were age, prior pulmonary function, operative time and hospital stay in ICU. Among the preventive treatments mentioned are the joint action of physiotherapy, speech therapy and nutrition in the pre and postoperative phases. Conclusions: Patients with head and neck cancer undergoing major surgery, have great potential to evolve with postoperative respiratory complications. The identification of risk factors and intensive multidisciplinary effort, including physiotherapy, speech therapy and nutrition should be considered in pre and postoperative treatment of these patients. Key words: Postoperative Complications; Head and Neck Neoplasms; Physical Therapy Modalities; Risk Factors. 1)Mestranda em Oncologia pela Universidade de São Paulo, Especialista em Fisioterapia Oncológica. Fisioterapeuta do Hospital Araújo Jorge, Goiânia-GO, Professora do Instituto Unificado de Ensino Superior (Objetivo). 2)Fisioterapeuta, Mestre em Engenharia de Produção. Preceptor Residência de Fisioterapia Oncológica Hospital Erasto Gaertner, Curitiba – Paraná. 3)Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Oncológica, Mestre em Tecnologia em Saúde pela Pontifícia Universidade Católica – Paraná. Professora Adjunta do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais, Responsável pelo Ensino e Pesquisa do Setor de Fisioterapia do Hospital Erasto Gaertner. 4)Médico. Chefe do Serviço de Cabeça e Pescoço do Hospital Erasto Gaertner, Curitiba – Paraná. 5)Médico. Diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do AC Camargo Cancer Center, São Paulo - São Paulo. Instituição: Setor de Fisioterapia do Hospital Erasto Gaertner - Liga Paranaense de Combate ao Câncer do Paraná Curitiba / PR – Brasil. Correspondência: Thatiana Moreira de Paiva - Liga Paranaense de Combate ao Câncer - Hospital Erasto Gaertner - Fisioterapia - Rua Dr. Ovande do Amaral, 201 - Jardim das Américas - Curitiba / PR- Brasil – CEP 81520-060 – E-mail: [email protected] Artigo recebido em 22/11/2014; aceito para publicação em 12/12/2015; publicado online em 15/04/2015. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 213-219, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 213 Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura Introdução O câncer de cabeça e pescoço é a quinta causa de morte por câncer no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), as estimativas de câncer na cavidade oral, para o ano 2014, no Brasil, mostram um total de 11.280 casos novos em homens e 4.010 em mulheres. No período de 2012, foram estimados 145 mil óbitos pela doença, considerando-se estimativas mundiais 1. O consumo de tabaco, isolado ou associado ao álcool, é o mais importante fator de risco para este tipo de câncer, sendo responsável por aproximadamente um a cada três casos.2 As formas de tratamento para as neoplasias de cabeça e pescoço são: cirurgia, radioterapia e a quimioterapia. A ordem e a combinação das mesmas dependem de vários fatores como estadio clinico, localização anatômica, tamanho tumor, histologia e dados do paciente como idade, condição geral, comorbidades e preferência.3 Nos pacientes com indicação cirúrgica, as complicações pulmonares no pós-operatório encontramse entre as mais significativas causas de morbidade e mortalidade. Essas complicações incluem atelectasia, broncoespasmo, bronquite, pneumonia, exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), edema pulmonar e várias formas de obstrução das vias aéreas superiores. A incidência e gravidade destas complicações podem ser alteradas devido principalmente aos procedimentos cirúrgicos realizados, podendo variar também entre um hospital e outro.4 As complicações, respiratórias e não respiratórias após cirurgia de cabeça e pescoço, estão associadas a múltiplos fatores de risco, entre eles, variabilidade o tipo de cirurgia realizada, sítio e estádio tumoral, tipo de reconstrução realizada e, mesmo a definição dos tipos de complicações.5 Outros fatores como idade, estado geral do paciente e porte cirúrgico, são significativos em relação à ocorrência de morbidades pós operatórias. 6 Segundo Haley (1980), o porte cirúrgico é determinado de acordo com o tempo em horas de duração da cirurgia, sendo específico para cada categoria de procedimento. Considera-se de pequeno porte as cirurgias com duração menor que duas horas, de médio porte com duração de duas a quatro horas, e de grande porte aquelas com duração maior do que quatro horas. 7 Tumores localizados na cavidade oral e orofaringe podem alterar a fala, a deglutição e a respiração, e uma avaliação pré-operatória é fundamental para reduzir ou prevenir as complicações funcionais pós-operatórias.8 Pacientes candidatos a cirurgia de grande porte em cabeça e pescoço são desafiadores, e a atuação de uma equipe multidisciplinar, constituída principalmente por fonoaudiólogos, fisioterapeutas e nutricionistas, antes e após o tratamento, é de fundamental importância. 8,9 Método Realizou-se uma revisão bibliográfica nas bases de dados da Bireme e Pubmed, utilizando-se os seguintes Paiva et al. descritores de assunto: complicações pós-operatórias, complicações perioperatórias, neoplasias de cabeça e pescoço, fisioterapia (especialidade), fatores de risco e reabilitação, sendo identificados 42 artigos científicos, 3 livros específicos, 2 dissertação de mestrado publicadas online e 1 site na internet. Foram considerados somente artigos publicados a partir de 1980, e textos completos publicados em inglês, português e espanhol. Resultados da Revisão Bibliográfica 1) Cirurgia em pacientes com câncer de cabeça e pescoço Os procedimentos cirúrgicos realizados em pacientes com câncer de cabeça e pescoço são prolongados e envolvem geralmente ablação de múltiplas áreas de uma anatomia complexa, acompanhada de reconstrução imediata. 10 Os tipos de cirurgia empregados dependem da localização do tumor, sendo algumas descritas como ressecção de determinadas estruturas (como lábio, amígdala ou região jugal), enquanto outras são especificamente denominadas: alveolectomia, palatectomia, ressecção de inframeso estruturas, pelvectomia, glossectomia parcial, hemiglossectomia, glossectomia subtotal, glossectomia quase total, glossectomia total, glossolaringectomia total e pelveglossectomia, entre outros.11 Qualquer cirurgia que resseca estruturas críticas do trato aerodigestivo superior e interrompa a fisiologia faríngea irá resultar em problemas com a fala e deglutição. A incapacidade funcional que ocorre após cirurgia de cabeça e pescoço é geralmente proporcional ao volume e ao local da ressecção, tipo de reconstrução e realização de tratamentos adjuvantes.8,9 O esvaziamento cervical é um procedimento comum no tratamento de neoplasias na região da cabeça e pescoço, visando controle das metástases regionais. Com o avanço do conhecimento do comportamento biológico do tumor, atualmente, em casos selecionados, são realizados esvaziamentos cervicais cada vez menos agressivos, com manutenção da eficácia e diminuição das complicações. Entretanto, a extensão da doença e a presença de comorbidades, como o diabetes mellitus, disfunção renal, imunossupressão, obesidade, doenças hepáticas e doenças cardiopulmonares, favorecem o aparecimento de complicações.12 Devido ao risco de edema significativo de vias aerodigestivas no pós operatório, um elevado número de pacientes é submetido a traqueostomia eletivamente. As indicações de traqueostomia incluem previsão de intubação orotraqueal prolongada, dificuldades para manutenção de higienização brônquica, restabelecimento de via aérea em casos de doenças obstrutivas, proteção de vias aéreas após grandes ressecções de cavidade oral, faringe e laringe e a presença de algumas afecções neurológicas.13,14 Pacientes que necessitam de traqueostomia após cirurgia de grande porte de cabeça e pescoço apresentam uma alta incidência de 214 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 213-219, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura complicações respiratórias, prolongamento do tempo de recuperação, e também necessitam de mais cuidados intensivos. Estes fatores associam-se a atraso na reabilitação e inevitavelmente, aumento dos custos hospitalares. 15 2) Complicações respiratórias pós-operatórias em cirurgias para tratamento do câncer de cabeça e pescoço As complicações respiratórias no pós-operatório têm sido geralmente definidas como eventos que ocorrem no período pós-operatório e que possam produzir doença clínica ou disfunções que afetem negativamente o curso clínico.16 Estão incluídas entre qualquer evento ou complicação que ocorrem no decorrer de 30 dias do pósoperatório, e até mesmo após este período, que estejam diretamente relacionadas com a cirurgia. 17 Smetana et al.(2006) realizaram uma ampla revisão sistemática, dos fatores risco para complicações pulmonares pós-operatórias em cirurgias não cardíacas, incluindo pneumonia e insuficiência respiratória, identificando os principais fatores de risco. Eles foram divididos de acordo com os níveis de evidência para o surgimento de complicações respiratórias pós operatórias. A idade avançada, dependência funcional, DPOC, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia prolongada e anestesia geral tiveram nível de evidência A (evidências significativas) para identificar o risco particular de complicações respiratórias. A perda de peso e uso de tabaco e bebidas alcoólicas tiveram nível de evidência B (algumas evidências) para apoiar o risco particular de desenvolvimento de complicações respiratórias. 18 Pacientes candidatos à cirurgia de cabeça e pescoço possuem alta prevalência de uso crônico de álcool e tabaco, além disso a localização do tumor pode induzir a um quadro de disfagia associada com aspiração crônica 19,20 e dentro as infecções encontradas no período pós operatório, a pulmonar é a mais frequente.21 Vários mecanismos têm sido identificados que podem explicar o risco aumentado de complicações em pacientes tabagistas submetidos a procedimentos cirúrgicos. Primeiramente, possuem mais hipersecretividade pulmonar que os indivíduos não tabagistas. Em segundo lugar, são mais propensos do que os não fumantes a ter hipóxia tecidual. Isto pode ser causado pelo aumento dos níveis de carboxiemoglobina, fato que limita o carreamento de oxigênio no sangue, além do comprometendo o fluxo sanguíneo capilar devido à vasoconstrição induzida pela nicotina. O resultado dessas condições é um aumento no risco de infecções e piora da cicatrização de feridas. 22 Cerca de 47% dos pacientes submetidos a cirurgia de grande porte de cabeça e pescoço e traqueostomizados, desenvolvem complicações respiratórias15, e estão associadas ao tempo de permanência em Unidade de terapia Intensiva e hospitalar, à presença de traqueostomia, cirurgia reconstrutiva imediata com transferência de tecidos e uso de ventilação mecânica pós operatória.23 Paiva et al. Um estudo empregou um cateter esofágico para analisar as pressões e fluxos da traquéia e esôfago antes e após a realização da traqueostomia em indivíduos em respiração espontânea. Conclui-se que a traqueostomia reduz a resistência de trabalho inspiratório, a PEEP (pressão positiva expiratória final) intrínseca, o produto de pressão tempo, bem como a resistência e elastância do sistema respiratório. 24 Embora a traqueostomia traga benefícios incontestáveis para a maioria dos pacientes com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço que tenham indicação, ela pode estar associada a complicações e alterações da mecânica respiratória durante ventilação espontânea. A exclusão da função glótica (que é de fechar-se durante a expiração na tentativa de manter o volume pulmonar adequado aumentando a resistência final das vias aéreas, gerando um incremento na elastância do sistema respiratório) juntamente com o baixo volume pulmonar, associa-se ao aparecimento de microatelectasias de base.13 Uma das complicações pós-operatórias mais comuns é a atelectasia pulmonar. O uso de ventilação mecânica intra-operatória, combinada com depressão pulmonar provocada pelas drogas utilizadas em paciente submetidos a anestesia geral, contribuem para o acúmulo de secreções pulmonares e a consequente formação de atelectasias. 15,25,26,27 A formação de atelectasias observáveis em exames radiográficos é de 20 a 80%. No entanto, a formação de uma atelectasia maior com sintomas clínicos associados é descrita em somente cerca de 1 a 10% dos pacientes. A reconstrução cirúrgica é frequentemente necessária em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, e os retalhos miocutâneos ainda são os mais frequentemente utilizados em muitas instituições. Eles podem ser provenientes da caixa torácica, como o retalho de músculo peitoral maior. Nesses casos a dor local na área doadora, pode causar diminuição da expansibilidade toraco-pulmonar, contribuindo para a formação de atelectasias. Histórico de tabagismo, longa duração da anestesia, idade avançada e tipos de cirurgia são considerados os mais importantes fatores de risco. 25 As reconstruções que utilizaram retalhos maiores que 40cm2 apresentam maior risco de formação de atelectasias (até 67%) quando comparadas com aquelas em que os pacientes foram submetidos a outras cirurgias. 26,27 O quadro de formação de atelectasias e microatelectasias pode evoluir para o surgimento de insuficiência respiratória aguda, infecção respiratória aguda e aumento de tempo de permanência em ventilação mecânica, que por sua vez aumentam as taxas de morbidade e de mortalidade em pacientes submetidos a cirurgias de cabeça e pescoço. 13 Um tipo de complicação pouco relatada na literatura é a lesão do nervo frênico. A maioria dos estudos se referem a relatos de casos. 28,29 Este nervo percorre Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 213-219, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 215 Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura a superfície no músculo escaleno anterior, devendo ser visibilizado e preservado durante a execução de esvaziamentos cervicais. A maior parte das lesões ocorre durante a secção dos ramos do plexo cervical superficial. A lesão do nervo frênico resulta em paralisia diafragmática e elevação da cúpula pleural, o que pode contribuir para infecção respiratória no pós-operatório.30 Em um estudo prospectivo incluindo 151 pacientes, 14 tiveram paralisia unilateral do diafragma. Nestes pacientes, houve um número significativamente maior de relatos de dificuldades técnicas no intra-operatório dos esvaziamentos cervicais que foram seguidos por paralisia do nervo frênico. Nestes relatos constavam a descrição de edema de tecidos moles, fibrose, sangramento difuso e infiltração tumoral em área adjacente próxima ao nervo frênico.31 3) Fatores de risco para o surgimento de complicações respiratórias pós operatórias em cabeça e pescoço Complicações após a realização de cirurgia de cabeça e pescoço são comuns, principalmente em pacientes idosos, e alguns fatores como a realização de radioterapia prévia, tabagismo, dependência funcional nas atividades da vida diária, e as condições nutricionais estão relacionadas com o prolongamento do tempo de internamento hospitalar. Todos esses indicadores devem ser considerados em uma avaliação pré-operatória destes pacientes.32 Em um estudo prospectivo, idade, histórico de consumo de tabaco, PaO2 (pressão arterial de oxigênio) pré-operatória, tempo de anestesia, e em relação aos valores espirométricos, o VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo) e o pico de fluxo, foram considerados significativos para o surgimento de complicações respiratórias.33 Em um estudo realizado em pacientes com diagnóstico de câncer de língua e assoalho de boca, a realização de esvaziamento cervical bilateral e o score de APACHE II, foram identificados como fatores de risco para complicações pós operatórias. Esses fatores quando analisados em conjunto, aumentam o tempo de internamento hospitalar.34 A presença de hipertensão pré-operatória e a idade avançada foram considerados como os principais fatores para o surgimento de complicações pós-operatórias.23 Uma função pulmonar ruim e o surgimento de atelectasias no período pós-operatório também são considerados fatores de risco significativos para o surgimento de infecções pulmonares no pós-operatório. Por outro lado, o uso prolongado de antibióticos profiláticos não previne o desenvolvimento destas infecções respiratórias em pacientes submetidos à cirurgia de grande porte de cabeça e pescoço com traqueostomia.15 Em um estudo retrospectivo visando identificar fatores de risco pós operatórios, o esvaziamento cervical bilateral e a Escala Apache II foram significativos.34 Paiva et al. Dillon et al. (2011) encontraram relação significativa do surgimento de complicações respiratórias nos pacientes que realizaram traqueostomia e com tempo cirúrgico prolongado.35 Fatores como doença pulmonar prévia, história prévia de infarto agudo do miocárdio, Escala da Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASA)19 e sítio primário epiglote36, uso de tabaco e perda de peso20 também foram relatados. 4) Atuação multidisciplinar no tratamento pré e pós operatório dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço Em continuidade aos estudos de Smetana et al. (2006), Valerie et al.(2006), avaliaram as estratégias para redução de complicações respiratórias. A única modalidade que teve nível de evidência (A), foram as modalidades de reexpansão pulmonar adotadas no período pós operatório, prevenindo o surgimento de atelectasias, pneumonias, bronquite e hipoxemia severa.37 Ong et al. (2004) também consideraram que a prevenção de atelectasias no período pós operatório, através do uso de estratégias que têm como objetivo a reexpansão pulmonar, devem ser realizadas precocemente em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, evitando a formação de atelectasias e pneumonias no período pós operatório.15 Em uma revisão sistemática, Singh et al. (2013), analisaram os efeitos de exercícios pré-operatórios em pacientes com câncer. Dos 18 estudos encontrados, a maioria incluía pacientes com tumores gástricos ou pulmonares. Nenhum estudo foi encontrado com amostra específica em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Nesta revisão concluiu-se que o exercício pré-operatório pode beneficiar pacientes com câncer através de efeitos positivos sobre a função e capacidade física. Os autores concluem que os oncologistas cirúrgicos devem considerar as intervenções de exercício pré-operatórios como uma terapia potencial para redução do risco de complicações respiratórias pós-operatórias.38 Para o sucesso do tratamento de pacientes com câncer de cabeça e pescoço, o trabalho de uma equipe multidisciplinar é considerado fundamental. Nesse contexto, a fisioterapia deve ter início no pré-operatório, através de avaliação da função respiratória e motora, seguindo-se da orientação do paciente a respeito das repercussões dos procedimentos terapêuticos e o papel da fisioterapia.9 Provas de função pulmonar são fundamentais para se avaliar a condição pulmonar do paciente e identificar a presença de doenças pulmonares associadas, geralmente causadas pelo tabagismo. Sempre que necessário, deve-se promover preparo pneumo-funcional, visando a diminuição da hipersecretividade pulmonar e o treino da musculatura respiratória, minimizando as alterações funcionais da musculatura respiratória.39 216 e��������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 213-219, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura A identificação de fatores de risco associados complicações pulmonares são fundamentais no preparo pré-operatório. Estratégias visando cessar o consumo de tabaco, o uso de bronco dilatadores e a espirometria de incentivo estão entre os instrumentos que podem ser indicados neste período com objetivo de profilaxia de complicações. Oliveira, Wosiacki, Oliveira et al (1998) comprovaram que um tratamento fisioterapêutico préoperatório, incluindo o uso de treinamento muscular respiratório, é eficaz na minimização das alterações funcionais da musculatura respiratória em pacientes com neoplasias de cabeça e pescoço. 40 Schleder et al (2011) compararam dois tipos de abordagem pré-operatória em pacientes com câncer de cabeça e pescoço candidatos a cirurgia. Além do treinamento muscular com resistor linear de fluxo proposto por Oliveira, Wosiacki, Oliveira et al. (1998), foi incluído um treino de expiração lenta total com a glote aberta - ELTGOL. O estudo concluiu que ambas as intervenções são eficazes no preparo pneumofuncional de pacientes em pré-operatório. 41 Um estudo realizado em pacientes em pós operatório de cirurgia de cabeça e pescoço, relacionou valores espirométricos abaixo do previsto, principalmente do parâmetro de ventilação voluntária máxima (VVM), com um maior tempo de internamento no período pós operatório.42 Nomori & Kobayashi (1994) realizaram um treinamento muscular respiratório, que consistiu em exercícios respiratórios com carga, tosse com contração abdominal e treinamento com um dispositivo de pressão expiratória. Avaliaram-se as pressões inspiratória e expiratória máximas antes e depois do treinamento. Concluiu-se que o treinamento muscular respiratório pode prevenir as complicações respiratórias, quando consegue-se aumentar a força muscular inspiratória e expiratória dos pacientes. Pacientes com fraqueza muscular respiratória possuem uma grande incidência de complicações respiratórias pós-operatórias. 43 Comprovando os achados de Torres (2009), que observou significância entre valores baixos obtidos na pressão expiratória máximas no período pré-operatório e a presença de complicações respiratórias pós-operatórias. 44 Um estudo retrospectivo realizado em pacientes com câncer de cavidade oral, laringe, hipofaringe e orofaringe, identificou diferentes tipos de pneumonia e sua relação com diferentes fatores de risco. Concluiu que a pneumonia associada à ventilação mecânica, se relaciona com a presença de doença pulmonar obstrutiva crônica, a pneumonia aspirativa com o quadro de disfagia, e a pneumonia de qualquer causa, associada com perda de peso e com idade maior do que 80 anos. Associou também a presença de comorbidades e a realização de procedimentos cirúrgicos de grande porte, com o aumento da mortalidade hospitalar, devido a um quadro de infecção, aspiração e pneumonia. Além disso, um tratamento pré-operatório intensivo e o tratamento de doença pulmonar pré-existente, da perda de peso e da disfagia podem reduzir a mortalidade e morbidade. 45 Paiva et al. As modificações no sistema respiratório decorrentes do mal estado nutricional são abrangentes e incluem mudanças na estrutura do parênquima pulmonar, na qualidade do surfactante, no transporte de íons, principalmente, na defesa celular e na estrutura dos músculos respiratórios, sendo o diafragma o músculo mais afetado pela desnutrição, com redução da sua espessura, comprimento e massa muscular. 46 Do ponto de vista da função pulmonar, alguns estudos verificaram que a desnutrição leva à redução das pressões respiratórias máximas e da ventilação voluntária máxima. Com essa diminuição da força muscular respiratória e de algumas capacidades pulmonares, o indivíduo tem uma tosse menos eficaz e consequentemente uma diminuição da eliminação de secreções, aumentando o risco do desenvolvimento de atelectasias e pneumonias. A fraqueza muscular respiratória também pode levar o indivíduo a um quadro de insuficiência respiratória. 46,47 Lunardi (2010) realizou um estudo em indivíduos desnutridos candidatos a cirurgia abdominal alta, utilizando treinamento muscular respiratório. Concluiu que a desnutrição está associada a fraqueza muscular expiratória e a diminuição da expansibilidade torácica. Esses déficits aumentam a incidência de complicações pulmonares após cirurgias abdominais altas eletivas.48 A atuação da fonoaudiologia também é de fundamental importância nos complexos que envolvem uma série de eventos coordenados precisamente, e dependente de interações biomecânicas e fisiológicas, da anatomia da cavidade oral, laringe e faringe. Qualquer alteração estrutural ou neurológica das estruturas dessa região ou de seus movimentos, como ocorre no câncer de cabeça e pescoço, pode afetar esses processos, e a avaliação deve ocorrer tanto no período pré quanto no período pós operatório. A reabilitação varia dependendo do tipo de cirurgia e reconstrução, e as disfunções estão relacionadas à alteração da mobilidade da língua oral, da base do movimento da língua, motilidade faríngea, fechamento da glote e excursão da laringe.8,9 Discussão dos resultados Na revisão da literatura foi encontrada uma diversidade de definições de complicações respiratórias no período pós-operatório incluindo uma ampla variedade de tipos: de origem infecciosa e não infecciosa, respiratórias e não respiratórias, e alguns trabalhos encontrados não citam os critérios utilizados para avaliação das complicações respiratórias. Alguns autores consideraram o diagnóstico de pneumonia com os achados de infiltrado novo na radiografia torácica, combinado com febre, leucocitose, e presença de secreção purulenta com cultura positiva 15, 19, 20,23, 34,35,42 síndrome da angústia respiratória utilizando-se o protocolo padrão para critério diagnóstico (SARA)20,23, ventilação mecânica prolongada20, broncoespasmo23,42 pneumotórax, edema e embolia pulmonar, ventilação Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 213-219, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 217 Complicações respiratórias em cirurgias oncológicas de grande porte em cabeça e pescoço: revisão de literatura através de pressão positiva por mais de 1 hora depois do desmame ventilatório ou a necessidade do uso de pressão positiva por mais de 24 horas no pós-operatório 23 , quadro de insuficiência respiratória que necessita ou não de ventilação mecânica35,42, hipersecretividade pulmonar42, Na revisão sistemática de Smetana et al. (2006) consideraram as complicações respiratórias mais importantes a presença de atelectasia, pneumonia, insuficiência respiratória e DPOC18. Em outro estudo a atelectasia não foi considerada um tipo de complicação importante, e foi excluída do mesmo.10 Em relação ao perfil e o tipo de cirurgia do paciente submetido à cirurgia de cabeça e pescoço caracterizado como grande porte, também houve grande variação. Ong & Morton (2004) consideraram a presença de traqueostomia em pacientes com carcinoma na cavidade oral, faringe e laringe. 15 Buitelaar & Alfons (2006) separaram os tipos de procedimentos: parotidectomia e laringectomia, laringectomia combinada com esofagectomia, ressecções diversas de tumores grandes e ressecções radicais de pescoço.19 McCulloch et al. (1997) consideraram todos os procedimentos que envolviam a excisão e reparo de lesões da boca, faringe e laringe, que necessitavam de tempo cirúrgico maior do que duas horas, de esvaziamento cervical e reconstrução com uso de tecidos.20 Melo, Ribeiro et al. (2001) consideraram pacientes com carcinoma oral de língua e assoalho de boca34 e Dillon et al. (2011) consideraram o diagnóstico de carcinoma de células escamosas.35 Também foram considerados os pacientes com diagnóstico de carcinoma de células escamosas de cavidade oral que realizaram transferência de tecido livre como procedimento primário para reconstrução, cirurgia com duração maior que 3 horas, procedimento que necessita do uso de traqueostomia e pós operatório em uso de ventilação mecânica em Unidade de Terapia Intensiva. 23 Pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à cirurgia de grande porte, têm grande potencial de evoluírem com complicações respiratórias pós operatórias. A incidência de complicações respiratórias varia de acordo com o perfil dos pacientes estudados e dos tipos de complicações analisadas, podendo variar de 5 a 70%6,10,15,19,20,21,23,25,26,27,32,33,34,35,36,42 ,44 . Foram encontrados na literatura vários estudos que descrevem as complicações respiratórias apresentadas por pacientes com diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço submetidos a cirurgia de grande porte e complicações respiratórias. Foram encontrados estudos retrospectivos 6, 20,23,35,26,27,34,35,36,42 e prospectivos 10,15,19,21,25,32,33,44. As complicações citadas na literatura foram: pneumonias 6,19,20, 21,35,36,44 insuficiência respiratória 23,29, atelectasias15,25,26,27,44 , paralisia de diafragma 28,29,31, Paiva et al. hipersecretividade pulmonar42, hipóxia10 e presença de rolha na traqueostomia44. Em relação aos fatores de risco encontrados, foram encontrados uma diversidade entre os fatores de risco para o surgimento de complicações respiratórias. Fatores como idade 18,19,23,33, PaO2 pré-operatório33, doença pumonar prévia 18,19, localização do tumor19, presença de traqueostomia15,23, esvaziamento cervical bilateral34, APACHE II34, função pulmonar prévia15 , VVM42, VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo) e pico de fluxo33, pressão expiratória máxima44, sítio primário epiglote36, ,surgimento de atelectasias no período pós-operatório 15, tempo cirúrgico 18,33,35,44, tempo de internamento hospitalar 23,32,34,44, tempo de internamento em UTI34,44, uso de ventilação mecânica pós operatória23, ASA19, histórico de infarto cardíaco prévio19, hipertensão arterial pré operatória23, uso de tabaco20,23,32 , álcool18,19 e aspectos nutricionais 18,20,32 foram considerados significativos. Dentre os tratamentos realizados, a atuação multiprofissional da fisioterapia10,15,,37,38,40,41,43,, nutrição32,45, e fonoaudiologia11,45, tanto na fase pré-operatória quanto na fase pós operatória8,9,, foram citados, e um tratamento intensivo, principalmente naqueles pacientes com risco de aspiração, foi considerado importante na prevenção de complicações respiratórias em pacientes de cabeça e pescoço.34 Comentários finais Pacientes submetidos à cirurgia de grande porte de cabeça e pescoço têm grande potencial de evoluir com complicações respiratórias. Uma análise criteriosa dos fatores de risco, a fim de se identificar os pacientes com potencial risco de evoluírem com complicações, juntamente com uma atuação intensiva da equipe multiprofissional, incluindo fisioterapia, nutrição e fonoaudiologia, deve ser considerada no tratamento pré e pós operatório destes pacientes, a fim de se minimizar o surgimento de complicações respiratórias. REFERÊNCIAS 1. INCA. 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Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.43, nº 4, p. 213-219, Outubro / Novembro / Dezembro 2014 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 219 TUBO TRAQUEAL EM “T” TRACHEAL “T” TUBE TUBO TRAQUEAL EM “T” CÓDIGO TT - 08 TT - 10 TT - 12 TT - 14 TT - 16 A B C D E 8 10 12 14 16 37 45 60 60 60 61 77 105 105 105 33 42 49 60 60 7 9 10 10 10 SPECIFICATIONS ESPECIFICAÇÕES • Disponível em cinco tamanhos: 8, 10, 12, 14 e 16. • Avaliable in Five sizes: 8, 10, 12, 14 e 16. • Produto comercializado não esterilizado. Pode ser esterilizado em autoclave ou a Peróxido de Hidrogênio. • Non sterilized product. Sterilize using either autoclave or Hydrogen Peroxide. • Produzido em silicone grau médico para implante até 29 dias. • Manufactured with silicone, for temporary implant up to 29 days. • Tubo flexível, proporcionando maior conforto ao paciente. • Flexible material, ensuring patient confort. • Ajuda a manter a traqueia umedecida, além de permitir que o paciente fale e respire normalmente. • Allows normal tracheal humidification and patient’s breathing. • Fácil limpeza e retirada de crostas. • Simple cleaning process and crust removing. ACESSÓRIOS ACESSORIES • Anel para fixação • Manual de instruções • Fixing ring • Tampão de silicone • Anvisa: 102644.70005 • Silicone cuff • Operation manual Av. Dr. Dante Pazzannese, 500 • Ibirapuera • CEP 04012-180 • São Paulo - SP Fone: (11) 5572.2017 / 5085.4009 - Fax (11) 5572.6512 • [email protected] • www.fajbio.com.br MD-02 V:00 Identificar Detectar Proteger C2 NerveMonitor Neuromonitoramento Intraoperátorio O C2 NerveMonitor é um monitor de nervos de última geração, com recursos inteligentes e interface simplificada. Possui 8 canais EMG e 2 estimuladores independentes: • Para a estimulação direta no nervo • Para a monitorização contínua do nervo. Aplicações • Cirurgia de Cabeça e Pescoço (Tireóide, Nervos Faciais, Mastóide, Parótida, Neurinoma do Acústico etc.); • Otorrinolaringologia; • Cirurgia de Nervos Periféricos; • Cirurgia da Base do Crânio; • Intervenções na Coluna. Leia este QRcode utilizando seu Smartphone e conheça mais detalhes sobre o C2 NerverMonitor Distribuidor por surgicalline.com.br • 11 4053-9640