II - 002 o 20 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL EXPERIÊNCIA EM REMOÇÃO DE MANGANÊS ATRAVÉS DA COAGULAÇÃO COM SULFATO FÉRRICO Gösta Walhroos(1) Engenheiro. Chefe de Produção dos Serviços de Água da cidade de Turku, Finlândia. Wanderley Ferreira Engenheiro Químico e Sanitarista. Chefe de Aplicações Técnicas da Kemwater Brasil S/A. FOTOGRAFIA NÃO DISPONÍVEL Endereço(1): Estrada particular Eiji Kikuti, 397 - Cooperativa - São Bernardo do Campo - SP - CEP: 09852-040 - Brasil - Tel./Fax: (011) 4392-4400 - e-mail: [email protected] RESUMO O excesso de manganês traz o inconveniente de escurecer a água potável. Apesar de o manganês não ter nenhum efeito sobre a saúde, ele está incluído na maioria dos padrões de potabilidade devido a sues efeitos de coloração preta. O limite superior de manganês em água potável na União Européia é de 50 ug/l. A OMS permite 500 ug/l pelos efeitos limitados do manganês sobre a saúde. Na verdade, quantidades de até 20-30 ug/l de manganês podem ser oxidadas na rede de distribuição de água e resultar numa precipitação preta ou em um lodo colorido, escapando especialmente quando é alterado a vazão. PALAVRAS-CHAVE: Manganês, Sulfato Férrico, Coagulação, Floculação, Tratamento de Água. INTRODUÇÃO O excesso de manganês traz o inconveniente de escurecer a água potável. Apesar de o manganês não ter nenhum efeito sobre a saúde, ele está incluído na maioria dos padrões de potabilidade devido a sues efeitos de coloração preta. O limite superior de manganês em água potável na União Européia é de 50 ug/l. A OMS permite 500 ug/l pelos efeitos limitados do manganês sobre a saúde. Na verdade, quantidades de até 20-30 ug/l de manganês podem ser oxidadas na rede de distribuição de água e resultar numa precipitação preta ou em um lodo colorido, escapando especialmente quando é alterado a vazão. TEXTO Química do manganês O manganês está presente em todos os tipos de solo e lodo de lagos e rios. Se a concentração o 20 Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3550 II - 002 o 20 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL de oxigênio da água for suficiente, o manganês permanecerá com valência +4 e insolúvel como dióxido de manganês. Em situações de baixa ou ausência de oxigênio o manganês é reduzido: MnO2 - O2 Mn2+ e o manganês +2 aparece. Como é solúvel, freqüentemente está presente tanto em águas subterrâneas, quanto em águas superficiais. Se o manganês tiver de ser removido da água, este precisa ser oxidado e o dióxido de manganês insolúvel deve ser filtrado ou coagulado para ser assim removido. A velocidade de reação, Mn2+ + O2 MnO2 depende muito do pH . Em pH baixo a velocidade de reação será bem baixa e o oxidante precisa ser bastante forte para se alcançar uma boa oxidação. Em circunstâncias neutras (pH 7-8) a reação é boa com oxidantes fortes (ozônio), mas a um pH mais alto (> 8.5) a reação será rápida, mesmo com oxidantes mais fracos. Em pH alto a oxidação pode ser possível somente via reação catalítica de antigo dióxido de manganês oxidado. Alguns complexos orgânicos de manganês (especialmente húmus) são muito difíceis de serem oxidados. Portanto, a origem do manganês tem uma grande influência na oxidação e remoção. Histórico do manganês da cidade de Turku, Finlândia A estação de tratamento de Turku faz a coleta de sua água bruta em um rio. No verão e no meio do inverno a saturação de oxigênio está abaixo de 100% e há um pouco de manganês dissolvido na água bruta (100-200 ug/l). Com a coagulação convencional por alumínio e a antiga cloração forte da água bruta a situação era satisfatória e o padrão dos anos 70 (100 ug/l) não era excedido. Ao final da década de 70 com o conhecimento dos produtos THM a pré-cloração forte foi interrompida e o consumo médio de cloro baixou para aproximadamente 20% da antiga dosagem. Com a coagulação por alumínio e a pré-cloração reduzida, a oxidação do manganês em pH alto (> 8) e cloração só podia ser realizada no tanque de água tratada. Neste tanque e na rede de distribuição formava-se dióxido de manganês com alta velocidade (reação catalítica do dióxido de manganês formado). A perturbação devido à coloração preta da água era notada especialmente quando a vazão da água era modificada. Demanda por uma melhor remoção de manganês Durante vários anos, desde o final da década de 70 e início da de 80, os técnicos da Estação de Tratamento de Turku colocaram todos os esforços com o objetivo de encontrar um método para a remoção eficaz de manganês. O propósito principal era achar um processo de purificação eficaz com etapa de pH alto e efeito simultâneo na oxidação de manganês. o 20 Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3551 II - 002 o 20 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL Coagulação com Sulfato Férrico foi a solução Diferentemente do coagulante à base de alumínio, a coagulação com ferro (III) pode ser realizada tanto na faixa de pH baixo quanto na alto. A faixa de pH de coagulação alta é adequada para oxidação e remoção de manganês. Porém, como o pH alto não é bom para remoção de matéria orgânica, este pH raramente pode ser usado sozinho, sem uma etapa de coagulação em pH baixo de apoio no processo de purificação. Há duas possibilidades para se usar coagulante férrico em estações de coagulação convencionais: A maneira mais fácil é mudar de coagulante à base de alumínio para o férrico e fazer a coagulação, floculação e sedimentação na faixa de pH baixo (4-6), sendo o pH dependente da qualidade da água bruta. Depois, após a sedimentação, antes da adição do cal filtrante ou de outro alcalino para alcançar alto nível de pH (8-9.5), deve ser selecionado o método de oxidação e o pH, dependendo da origem do manganês. Manganês com liga de húmus freqüentemente precisa de pH > 8.5 e dióxido de cloro para o início catalítico de reação no filtro de areia. O filtro de carvão ativado normalmente tem um efeito catalítico melhor sobre a oxidação do que a areia. A segunda possibilidade é usar dois processos de coagulação, floculação e sedimentação separados, um após o outro, com pH diferente. A primeira coagulação remove as substâncias orgânicas, bactéria e plâncton na faixa baixa de pH e a segunda coagulação a pH alto remove ferro residual e manganês. A necessidade da oxidação deve ser controlada de acordo com a origem do manganês. O projeto final da Estação de Tratamento de Turku A recente possibilidade de remoção de manganês foi possível na Estação de Tratamento de Turku, devido ao consumo reduzido de água e à conversão de tanques de sedimentação horizontal em clarificadores de flutuação. A água de baixa alcalinidade tornou possível ajustar o pH facilmente com cal. O esquema de fluxo do processo atual da Estação de Tratamento de Turku é mostrado na fig. 1. E o desenvolvimento de valores médios de manganês residual na Estação de Turku de 1979 a 1996 na fig. 2. Figura 1: Processo atual utilizado pela ETA de Turku. o 20 Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 3552 II - 002 o 20 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL Figura 2: Valores médios de manganês residual da ETA de Turku de 1979 a 1996. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. WHO ORGANIZATION: Guidelines for drinking-water quality, November 1992 Decision of the Ministry of Social Affairs and Health relating to the quality and monitoring of water intended for human consumption. Statutes of Finland 1994 No. 74 3. CARNEY, S. European Drinking Water Standards. Jour A 83:6:48 (June 1991) 4. MacGraw-Hill. Water Quality and treatment. American Waterworks Association. 5. STUMM AND MORGAN. Aquatic Chemistry, John Wiley at sons, Inc 6. KNOCK, W. R. ET A. Kinetics of Manganese and Iron Oxidation by Potassium Permanganate and Chlorine Dioxide. Jour A 83:6:80 (June 1991) 7. WILCZAK, A ET A. Manganese Control During Ozonation of Water Containing Organic Compounds. 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