Anais do XVI Encontro de Iniciação Científica e Pós-Graduação do ITA – XVI ENCITA / 2010 Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil, 20 de outubro de 2010 EFICIÊNCIA VOLUMETRICA DE UM MOTOR DE COMBUSTAO INTERNA UTILIZANDO UM SISTEMA DE INJECAO DIRETA DE GAS NATURAL Andre Luiz Martelli1, Pedro Teixeira Lacava 2 Divisão de Engenharia Aeronáutica, Instituto Tecnológico da Aeronáutica Pça Mal Eduardo Gomes 50,Jd das Acácias, 12228-900 – São José dos Campos, SP - Brasil, [email protected], http://www.ita.br 2 Divisão de Engenharia Aeronáutica, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, Pça Mal Eduardo Gomes 50,Jd das Acácias, 12228-900 – São José dos Campos, SP - Brasil, [email protected], http://www.aer.ita.br 1 1. Introdução Motores de combustão interna utilizam, em geral, misturadores ou injetores individuais no pórtico de admissão (ambos anteriores as válvulas de admissão) como método de dosagem de combustível gasoso. A presença do gás natural reduz a quantidade mássica de ar máxima admitida pelo motor, o que limita a máxima potência por ele desenvolvida. Recentes desenvolvimentos aplicam métodos de injeção no interior da câmara de combustão, por meio de injetores especiais. Tais sistemas permitem a adoção de estratégias de injeção atrasada, iniciando-se próximo ao fechamento das válvulas de admissão, o que a reduz influência do combustível no processo de aspiração. Com este conceito Caley, D. e Cathcart (2006) aumentaram a vazão de ar de um motor de 450 cm³ em 4 % para 5000 rotações por minuto (RPM) atingindo até 10% de aumento em baixas rotações. O mesmo estudo alerta também para problemas relativos à preparação da mistura para altas cargas e velocidades, uma vez que para a manutenção da vazão de combustível o período de injeção (em graus do ciclo de compressão) torna-se critico. Neste trabalho utilizou-se de uma ferramenta de simulação 1-D (GT-POWER) para estudar a iteração da injeção direta de combustível gasoso no processo de admissão avaliando, sobretudo, o parâmetro de eficiência volumétrica definido segundo Heywood (1988) com base na massa de ar admitida (mar) velocidade de rotação (N) e volume deslocado (Vd) para uma densidade referência (ρa) como mostra a Eq.(1). ߟ௩ = ଶ.ೌೝ (1) ఘೌ ..ே 2. Metodologia A construção do modelo numérico 1-D baseou-se na geometria de um motor monocilíndrico de pesquisa (Figura 1 e Tabela 1). Sua validação se deu pela comparação dos dados de vazão mássica de combustível (mcomb) e fator lambda (λ) obtidos durante os experimentos com injeção direta de gás natural para diferentes posições de inicio de injeção (SOI em graus relativos ao ponto morto superior de compressão, °CA). A velocidade de estudo foi de 1800 RPM, que corresponde a operação de um gerador síncrono de 4 polos acoplado ao um motor deste porte. Figura 1 - Motor monocilindrico e modelo numérico simplificado Tabela 1 – Principais caracteristicas geométricas do motor Diâmetro do cilindro Curso do pistão Volume deslocado Razão de compressão 128 mm 160 mm 2059 cm³ 13 : 1 Abertura da válvula de admissão Fechamento da válvula de admissão Abertura da válvula de escape Fechamento da válvula de escape 353 °CA 601 °CA 134 °CA 399 °CA Anais do XVI ENCITA, ITA,20 de outubro de 2010 , O fator lambda relaciona a massa de ar real à massa de ar teórica para a combustão estequiométrica de uma unidade mássica de combustível, que para o gás natural utilizado é de 15,58. Deste modo, a vazão de ar foi determinada segundo a Equação (2), possibilitando o cálculo da eficiência volumétrica. (2) mୟ୧୰ = mሶୡ୭୫ୠ . λ. .15,58 O injetor foi modelado como uma válvula de admissão de 8 mm de diâmetro e levantamento de 0,2 mm. O perfil de abertura e fechamento é do tipo trapezoidal, com rampas de 1 milissegundo (ou 10,8° CA a 1800 RPM) para cada evento. Convencionaram-se como inicio e fim da injeção (SOI eEOF) os instantes de acionamento e desligamento do pulso elétrico aplicado ao solenóide de abertura, inicio das rampas de abertura e fechamento. A vazão de combustível foi ajustada aos dados experimentais pelo coeficiente de descarga do injetor. A pressão de injeção foi de 25 bar. 3. Resultados e Discussões Considerando as incertezas de medição, para os dados experimentais dos casos A e B a simulação apresentou a mesma tendência no aumento da eficiência volumétrica (ver Tabela 2). O atraso de 40° CA na injeção elevou a eficiência volumétrica em 1,5 % aproximadamente. Tabela 2 - Dados experimentais e da simulação Fuel Flow [Kg/h] 6.61 ± 0.04 6.57 ± 0.04 6.54 6.54 SOI [º CA] 413 453 413 453 Lambda Factor 1.01 ± 0.01 1.03 ± 0.01 1.02 1.03 Volumetric efficiency 80.4 ± 1.2 % A 81.9 ± 1.2 % B 80,4% Simulação A 81,7% Simulação B O modelo foi então submetido a diversas condições de SOI e até mesmo a condições de não injeção de combustível (no fuel) e injeção de combustível no pórtico (PFI), condições conseguidas atribuindo zero ao levantamento do injetor e ao ambiente a composição ar/combustível para o fator lambda desejado. Volumetric Efficiency 86% 84% EOI 82% PFI 80% SOI 78% No fuel 76% 350 400 450 500 550 600 650 700 °CA Figura 2 - Simulação de diversas condições de injeção e seu impacto na eficiência voluétrica Observou-se que a adoção da injeção direta aumentou, para a condição estudada, a eficiência volumétrica do motor de 2 a 7 %. A região que mais impacta a eficiência é a de SOI entre 450 e 520 °CA. É possível concluir que a injeção direta pouco interfere no processo de admissão quando SOI ocorre muito próximo ao fechamento das válvulas de admissão (600°CA), uma vez que a eficiência volumétrica atinge os níveis da não injeção de combustível. 4. Conclusões Para a condição PFI a eficiência volumétrica foi de 77,6 %, sendo identificados aumentos de 2 a 7% nos valores absolutos da eficiência volumétrica para injeção direta de gás natural com SOI de 350 a 560°CA respectivamente. Esta ultima condição aproxima-se ao estudo de não injeção de combustível que representa um processo ideal, sem a influência do combustível no processo de admissão. Agradecimentos À Sygma Motors, por suprir o aparato experimental utilizado neste trabalho. 5. Referências Caley, D. and Cathcart, G., Development of a Natural Gas Spark Ignited Direct Injection. http://www.orbeng.com.au/orbital/tp/pdf/2006_ngv.pdf Heywood, J. B. - Internal Combustion Engines Fundamentals, McGraw-Hill, New York, 1988