Ademilson André da Rosa Heiden, divulgação detalhes Josssiele Fighera, divulgação dedicação Josssiele Fighera é psicóloga, trabalha no Hospital São José e, há seis anos em Joinville, já tomou gosto por fotografar as flores da cidade. Este clique é na Estrada da Ilha. A dedicação a levou até a fazer curso e comprar uma máquina especial, só para alimentar a paixão que, apesar de captar instantes de beleza da cidade, é mais praticada em viagens. Daniel Behar Ribeiro, divulgação Daniel Behar Ribeiro trabalha na Justiça Federal em Joinville e adotou há anos a fotografia como hobby em suas viagens. Ele se dedica principalmente a fotos macro, que enfocam detalhes, como esta. O gosto pelas lentes também é herança, já que o avô, um orquidófilo, tira fotos de orquídeas. beleza Ademilson André da Rosa Heiden não precisou ir muito longe para fazer esse belo registro: ele foi feito na sua própria casa. A família, que via a afinidade de Ademilson com a fotografia, o estimulou a fazer um curso, o que fez em 2008. De lá pra cá, nunca mais parou, comprou uma máquina semiprofissional e é praticamente o fotógrafo oficial da família. “Bem-vindo, Pedro!” À Primavera por Samuel Kühn Como se fossem dedos firmes, atléticos, com unhas cravadas na terra, a árvore mostrava garantia da novíssima folhagem que chegaria em breve. E Pedro, em frente a esses dedos, examinando o grande tronco formado por anos e estações, foi desenhando raivas pelos olhos ao lutar mentalmente com aqueles galhos dispostos a deixarem as folhagens saírem como uma barba que rompe a face do adolescente. Pensava em machados a rachar lenha para resolver sua raiva, raiva!. Não era um sentimento voltado contra a árvore, era contra essa insistência da árvore em querer ser mais do que se é, mais do que seu esqueleto, mais do que um outono permite. Pedro gostava do outono porque era pra dentro e porque não eram fabricadas aquelas plantas que o faziam ficar empipocado, cheio de alergias. Ainda jovem, somando quase doze anos, ele alimentava essa raiva de plantas e flores agressivas, alergizantes, que ocupavam por Monique Bione os galhos de suas aventuras nas alturas e o impediam de frequentar a casa de sua avó Antônia, de Araquari, como se deve aproveitar a vida na casa de uma avó: bolos, chocolates, balas, filmes de ação e aventuras nas árvores com os galhos secos, sem veneno. Pedro se lembra de vez em vez que um tipo ônibus alto passava arrancando as malditas que avançam para a rua. Era um prazer só. Não podia encará-las de igual para igual e ria quando saíam em sequência três blocos sobre rodas em menos de dez minutos. Pedro continuava ardendo de raiva na frente dessa árvore preconizando a existência dos vegetais. Já tinha gastado a madrugada querendo tocá-la, quando o sol iniciou sua postura de dia. Na rapidez com que a madrugada se despede, e entre Pedro e o sol, surge a silhueta de Glorinha, menina de catorze anos, com o vestido estampado de flores. Nascia a sua primavera antes de sua avó acordar. “A Flor Cega” por Ademar Nicanor Ramos amor Maria Lucia Krelling herdou o amor pela fotografia do pai, mas o amor pela primavera poderíamos dizer que foi o destino. É na primavera que Maria Lucia faz aniversário, e em setembro se comemora o Dia da Ioga e do biólogo, que são suas atividades. Além disso, ama as flores e gosta de cultivá-las. Esta foto foi tirada no jardim de sua chácara em Campo Alegre. E as flores foi ela que plantou. Maria Lucia Krelling, divulgação Alô, bom dia! Por gentileza é da clínica de oftalmologia? Gostaria de marcar uma consulta! Sim, senhor, bom dia, pra que dia o senhor deseja? O próximo horário vago, por favor! Hum! Vejamos, é o dia vinte e um de setembro, às oito horas da manhã, pode ser? Ok, pode ser, muito obrigado. Assim que amanheceu o dia, na data marcada para a consulta, saí de Barra Velha acompanhado de minha mulher com destino a Joinville, sem ao menos perceber que a primavera estava começando. Minha mulher no volante elogiava constantemente aquele dia e eu podia sentir um agradável perfume no ar. Minha visão estava se acabando mas ainda podia pensar e sonhar. Chegando ao consultório com um pouco de antecedência, aguardei no lado de fora senta- do em um banco, próximo a um canteiro de belas flores. Como já é sabido que cada qual deve andar com sua tribo, conheci uma flor que também não me viu, era uma flor cega, já tinha nascido cega e mesmo morando em frente ao consultório de oftalmologia, não teve direito a uma consulta. E assim ela me contou sua história: Já nasci cega, mas reconheço a chegada da primavera somente pelo cheiro. Sei que ao meu derredor todas enxergam, pois falam de como são bonitas as pessoas que por aqui passam. Sei que sou cega, mas não sou surda. Não conheço o mundo ao meu redor, mas sei do meu interior, sei que sou uma doce flor, conheço o sabor do doce e gostaria muito de ver e saber o que é a cor, o formato de minhas pétalas, ver o sol que me aquece e também a noite que me rega com seu sereno. Só sei que é noite porque todas ficam em silêncio e aí eu aproveito para conversar comigo mesma, me perguntando por que sou rejeitada pelas outras flores! Será que é pela minha deficiência? Varias vezes já me questionei, tentando achar respostas do por que, entre milhões, eu fui sofrer de tal anomalia, ser diferenciada, separada, sempre muito hostilizada, por nascer com algo que não pedi. Seria a única? Engraçado, as pessoas que me olham não sabem e muito me elogiam por ser eu muito bela, sei que não entendem tanto de flor assim pra saber que nós temos sentimentos. Mesmo sendo cega, flor é flor e pessoas são pessoas que sofrem com tais preconceitos dos seus cegos, mudos e surdos. A beleza sempre estará presente na flor, mesmo cega nunca deixará de ser flor a encher o olhar de quem a vê com amor. Depois de ouvir atentamente aquela meiga flor, fui surpreendido com alguém chamando meu nome para a consulta. Lógico que eu queria voltar a enxergar, mas não com tanta ansiedade. Queria voltar a aprender mais com aquela flor, queria experimentar muitas outras primaveras, pois até aquele momento não sabia o seu sentido. Aquela flor me fez lembrar o antigo e velho ditado que diz “o maior cego é aquele que não quer enxergar”. Eu, embora já quase cego, começava a entender o real sentido da palavra olhar, começaria a enxergar com os meus novos olhos, a mente e o coração, pois a grande beleza está no olhar de quem vê. Aprecie, sinta a primave ra chegar e aprenda com uma simples flor o grande segredo de saber olhar. Minha cara e estimada Primavera, hoje acordei às 7 horas da manhã e logo fui ver na minha agenda as obrigações marcadas. Percebi que tenho um compromisso, na sexta-feira, importante e sua presença se faz necessária. Isso porque quando você chega, traz junto muita cor e um ar na medida certa. Dos períodos do ano, os que você está presente são os mais alegres. Então, fique consciente de que sob nenhuma desculpa poderá faltar. O acontecimento será ao ar livre, então, Primavera, não invente de fazer uma tempestade em copo d’água. Levarei o meu namorado e a câmera fotográfica para registrar lindas paisagens. Sei bem que você adora acordar mais cedo, com os passarinhos catando mais alto e o sol tomando novos formatos. Por isso, ficarei tranquila de que será pontual. O seu vizinho, o Inverno, estava de mau humor este ano e colocou muita gente em uma fria danada. As pessoas an- davam carrancudas nas ruas e os “bom dia” eram tímidos e quase inaudíveis. É por essas e outras que todos a aguardam ansiosos. O seu aconchego é como um cobertor em volta do corpo, a pele fica mais macia, os cabelos ficam brilhosos com os raios de sol que surgem repentinamente e brincam de se esconder por entre as encostas. Ah! Não se esqueça de trazer lindas flores. Sei que você sempre nos presenteia, mas vale lembrar. Os poetas se criam imitando as suas flores, tentando as materializar novamente no papel. Os pintores reproduzem as suas cores na tela, numa busca de perfeição que só você, Primavera, com o seu vestido florido, sempre carregando um buquê, consegue criar. Os homens te desejam, querem abdicar do cinza para abraçar o seu romance. O traje para o compromisso pode ser o que você veste sempre. Nuvens branquinhas na cabeça, nos ombros passarinhos cantantes, nos pés um vento nem quente, nem frio e, no perfume, um cheiro de terra molhada com árvores repletas de folhas e um ar azul. Sei que você virá com o tempo marcado para ir embora. Mas tudo bem. Iremos aproveitar a sua linda companhia e festejaremos com passeios de bicicleta no parque, fotografias em campos verdes, mergulhos dos pés em lagos brilhantes e beijos apaixonados com plateia de pelicanos. Quando chegar, não precisa ficar tímida. Todos irão te abraçar com um lindo sorriso e cantorias desafinadas sem fim. Você é uma velha e conhecida amiga para muitos. Mas pode ficar certa de que até mesmo os que te viram um pouquinho, já te amam de montão. Bom, agora tenho que ir. Tenho que organizar algumas coisas antes de sexta-feira. Algumas roupas mais leves, sandálias delicadas e chapéu multicor. E, Primavera, já está avisada. Beijos, Monique original O dentista Marlo Vinicios Duarte Lemos aproveitou um passeio pela Estação da Memória para um clique de sua mulher, Tatiana, à espera da primavera. Tirar fotografias é um hobby não só do casal, mas também de amigos, que recentemente montaram um clube de fotos. Marlo Vinicios Duarte Lemos, divulgação