OUTUBRO
Nº
8
2007
#8 2007
GLOB A L
S OLUTI ON S
FOR
L OC AL
C U S T O M ERS
–
EVERY W H ERE
ESAB apóia o
crescimento do
agronegócio
1
OUTUBRO
Editorial
Nº
8
2007
#8 2007
Ao nos aproximar do final de mais um ano, não podemos deixar de nos rejubilar pelos resultados que o ano de 2007 nos deixará: crescimento do PIB acima dos 4%, manutenção da inflação
em torno dos 3,5% e, apesar de todas as previsões em contrário,
manutenção dos altos volumes de exportação e de entrada de
investimentos estrangeiros, mesmo com considerável apreciação
do real frente ao dólar americano.
Dentre os setores da economia que compõem este cenário de
crescimento devemos destacar o papel do agronegócio, responsável por 33% do PIB brasileiro, e que vem apresentando taxas
de crescimento duas vezes maiores que a média da economia.
Expediente
Recuperando-se da crise enfrentada em 2005-06, o segmento
Publicação institucional da ESAB Brasil
apresenta sinais de forte crescimento, principalmente nos setores
Rua Zezé Camargos, 117
ligados à produção de bioenergia.
Cidade Industrial
A ESAB, atenta às necessidades dos seus diversos clientes,
está presente e pronta para apoiá-los nesta retomada, como
mostramos na série de artigos desta edição da Revista Solução.
Registramos aqui, também, o sucesso da nossa participação na Feimafe 2007, realizada em maio, em São Paulo. Com
um estande voltado para a automatização da soldagem, e com o
lançamento de uma série de novos modelos (veja os detalhes na
nossa edição de maio/07), pudemos mostrar aos nossos clientes
soluções capazes de agregar valor aos seus negócios, foco prin-
CEP. 32210-080 – Contagem – MG
[email protected]
www.esab.com.br
• Diretor Presidente
Dante de Matos
• Diretor de Vendas e Marketing
Newton de Andrade e Silva
• Diretor Financeiro
Luís Fernando Velasco
• Gerente de Marketing
cipal da nossa filosofia empresarial.
O sucesso de uma empresa se mede, também, pela sua contribuição para o crescimento da sociedade em que se insere. Neste sentido, a ESAB se orgulha de ter participado, desde seu início,
da criação do Projeto Cidades da Solda. Destinado à inserção social de jovens oriundos de comunidades carentes, o projeto continua crescendo e frutificando, atraindo cada vez mais a atenção
de entidades da sociedade civil e contribuindo para a redução das
desigualdades sociais no nosso país. A ESAB continuará apoiando este projeto, ajudando na estruturação de novas unidades e na
manutenção das unidades atualmente em funcionamento.
Esperamos que mais esta edição da Revista Solução seja um
instrumento útil de atualização tecnológica e de conhecimento.
Participe. Mande suas opiniões, críticas e dúvidas, bem como sugestões para temas a serem abordados para o endereço eletrônico [email protected].
Antonio Plais
• Produção
Prefácio Comunicação
(31) 3372-4027
• Editora
Celuta Utsch – MTr. 4667
• Redação
Alexandre Asquini, Marina Maria e Paulo Cunha
• Coordenação
Débora Santana
• Revisão
Cibele Silva
• Editoração
Tércio Lemos
• Fotografias
Arquivo da ESAB / outros
Boa leitura.
• Revisão técnica
Antonio Plais
Gerente de Marketing – ESAB Brasil
Antonio Plais
3
4
OUTUBRO
Nº
8
2007
OUTUBRO
Nº
8
2007
índice
Feimafe 2007
Em tempos de retomada dos
investimentos industriais, ESAB
enfatiza a automatização e os
processos de corte
Navalshore 2007
página 8
página 8
página 10
Tecnologia da ESAB participa
decisivamente da arrancada
do agronegócio
página 11
O agronegócio no Brasil
página 18
Tecnomaq investe em equipamentos
ESAB na fabricação de torres
de energia eólica
página 23
página 11
A diluição e o seu controle em
soldas de revestimento
página 26
Parceria entre Techint e ESAB
Brasil na montagem da jaqueta
da plataforma PRA-1
página 27
Smashweld nova geração:
série 0 produzida com sucesso
página 30
Cidades da Solda é o
principal projeto social apoiado
pela empresa
página 32
página 27
5
6
OUTUBRO
Nº
8
2007
Plataforma P-51, em construção no Campo
Petrolífero de Marlim Sul, no Rio de Janeiro.
Primeira plataforma do tipo semi-submersível
(que funciona como um sistema de flutuação)
construída no Brasil, ela terá capacidade de
180 mil barris de petróleo diários e de seis
milhões de metros cúbicos de gás natural
por dia.
M
E
T
I
U
AQ
B
A
ES
Nº
8
2007
Nelson Perez / Divulgação Petrobras
OUTUBRO
7
8
OUTUBRO
Nº
8
2007
Ao lado do cliente
Feimafe 2007
Em tempos de retomada dos
investimentos industriais, ESAB enfatiza a
automatização e os processos de corte
“
Neste momento em que a indústria brasileira vem crescendo consideravelmente e precisa
melhorar muito a automatização de seus processos de soldagem,
para ampliar a produtividade e adquirir
maior competitividade, estrategicamente, decidimos que seria importante enfatizar nossos equipamentos e nossa
tecnologia nesse campo, e realçar também todo o segmento de corte, incluindo os processos a plasma, a laser e o
oxicorte”. A análise é do diretor de Vendas e Marketing, Newton de Andrade e
Silva, e se refere à presença da ESAB
na 11ª Feira de Máquinas-Ferramenta
e Sistemas Integrados de Manufatura
(Feimafe), realizada de 21 a 26 de maio
de 2007, no Parque de Exposições do
Anhembi, em São Paulo. A empresa
apresentou no evento diversos lançamentos, incluindo consumíveis para
manutenção ferroviária, equipamentos
nas linhas de transformadores, retificadores, conjuntos de soldagem MIG e
TIG, colunas e viradores.
A Alcântara Machado, promotora e
organizadora da Feimafe, informa que
65 mil visitantes e compradores participaram desta edição da feira, e avalia
que o evento, com 1.250 expositores,
foi marcado pela retomada de investimentos da indústria nacional. Newton
Andrade e Silva ressalta a importância
da Feimafe, considerada a maior feira de
máquinas-ferramenta da América Latina.
“É uma feira bienal, tradicional e muito
importante para diferentes segmentos industriais, razão pela qual a ESAB
tem estado presente em suas edições.”
Quanto à realização de negócios, o diretor informou que o resultado foi positivo,
sem falar em valores. Ele assinala ser
uma característica de feiras como esta
permitir a abertura de negociações que
serão concluídas muito tempo depois.
OUTUBRO
Nº
8
2007
Ao lado do cliente
O peso da
informação
Segundo o gerente geral da Filial
São Paulo, Pedro Rossetti Neto, um
aspecto chamou a atenção nesta edição da Feimafe: em comparação com
edições anteriores, havia um número
menor de visitantes, porém era possível
perceber uma quantidade proporcionalmente maior de diretores e executivos com poder de decisão. Uma das
explicações possíveis passa pelo bom
momento da economia. Com muitas
encomendas em carteira, as indústrias
precisam reforçar seu parque produtivo,
mandando seus dirigentes às compras
e, ao mesmo tempo, não podem liberar encarregados e operadores diretos.
“Em outros anos, ao contrário do que
vimos neste, era possível reconhecer
uma presença muito maior de profissionais como soldadores, montadores
entre outros”, assinalou o gerente.
Pedro Rossetti acentua que a ESAB
atribui muita importância às feiras técnicas de que participa. Um aspecto
relevante desse entendimento é a preservação da familiaridade na relação
com os clientes. “Desenvolvemos uma
sistemática própria de participação em
feiras: trazemos profissionais de todas
as filiais para receber nossos clientes
de forma customizada e regionalizada”,
diz. Ele explica que, antes de participar
de uma exposição, é realizado um estudo a respeito de tudo o que a ESAB
tem a oferecer naquele momento, considerando o público que participará do
evento. A idéia é sempre expor equipamentos, produtos e serviços de uma tal
maneira que as informações cheguem
de forma clara e efetiva para os clientes, pois elas são fundamentais para os
negócios. “Nossa experiência mostra
que, muita vezes, a informação precisa, exata, é capaz de gerar um novo
negócio. A edição 2007 da Feimafe foi
um exemplo muito claro disso: fechamos diversos negócios significativos na
área de automatização de processos
de soldagem devido à qualidade das
informações apresentadas aos potenciais clientes durante o evento.”
O estande da ESAB na Feimafe 2007, com design arrojado e
demonstrações ao vivo, atraiu a atenção dos visitantes
9
10
OUTUBRO
Nº
8
2007
Ao lado do cliente
ESAB se destaca na
Navalshore 2007
Esta logomarca foi criada pela ESAB
especialmente para o segmento
P
O estande da ESAB, que teve destaque no espaço da exposição, expôs
os produtos de acordo com as linhas,
para mostrar a variedade de oferta de
máquinas e consumíveis da empresa
ara promover o intercâmbio entre fornecedores e
compradores de produtos
e serviços da indústria naval, aconteceu entre os dias 29 e 31 de
agosto, no Rio de Janeiro, a Navalshore
2007. O evento contou com a participação de grandes empresas do mercado offshore e naval, com destaque para
a ESAB, que é a maior fornecedora de
máquinas e consumíveis de soldagem e
corte para o segmento.
Neste ano, 120 estandes foram
montados em mais de 6 mil m2 de área
de exposição. Participante do evento
há vários anos, a ESAB marcou presença novamente na feira, e aproveitou a oportunidade para lançar seu
novo catálogo específico para o setor
de construção naval, além da logomarca que representará a nova identidade
visual do Segmento Naval & Offshore.
Para Cláudio Turani, consultor técnico
da ESAB, a Navalshore foi uma oportunidade de consolidar o trabalho da
empresa no setor. “Queremos mostrar
aos nossos clientes que possuímos
uma linha completa e diversificada de
produtos, que atendem a todas as suas
necessidades”, explica.
Cláudio afirma que a Navalshore
está crescendo a cada ano, e a mudança da localização da feira é um dos
sinais da expansão. Realizado em 2006
no Armazém 6 do Porto, o evento este
ano aconteceu no Rio Cidade Nova
Convention Center, um novo centro de
convenções da cidade. “Sem dúvida, a
estrutura de 2007 foi bem melhor. Também dá para perceber que a característica regional do evento está desaparecendo, com o aumento da participação
de expositores do Brasil e do mundo”,
comenta.
O estande da ESAB, que teve destaque no espaço da exposição, expôs
os produtos de acordo com as linhas,
para mostrar a variedade de oferta de
máquinas e consumíveis da empresa.
Cláudio explica que a feira atualmente
tem um caráter mais institucional, com
o objetivo de fazer contatos e divulgar
marcas, mas que isso está mudando.
“Acredito que a tendência é que a Navalshore se torne mesmo uma feira de
negócios”, afirma.
Guinada no setor
A indústria naval no Brasil passou por uma forte crise nos anos
90, com falta de investimentos e
perda de mercado internacional. A
retomada aconteceu no início desta
década, especialmente depois da
decisão da Petrobras de abrir lici-
tação para embarcações de apoio
marítimo construídos em estaleiros
nacionais.
A ESAB participou dessa mudança, fornecendo seus produtos
de alta qualidade para as indústrias
de construção naval e offshore. A
demanda por equipamentos e consumíveis de soldagem com altos índices de produção aumentou, abrindo espaço para que a empresa se
consolidasse como a maior fornecedora desses itens para os estaleiros
brasileiros.
OUTUBRO
Nº
8
2007
11
Tecnologia da ESAB participa
decisivamente da arrancada
em segmentos dinâmicos
do agronegócio
Reportagem e redação
Alexandre Asquini
O
s sinais de crescimento do
setor sucroalcooleiro vêm de
algum tempo. No primeiro
semestre de 2006, em entrevista para esta revista Solução, o vicepresidente da Dedini Indústria de Base
S/A, José Luiz Olivério, avaliava que, em
razão do crescimento da demanda, seria
preciso implantar 70 novas usinas até a
safra 2010/2011, significando ampliação
de 20% no parque instalado, com vistas
a produzir, para o mercado interno e para
exportação, 31,7 milhões de toneladas
de açúcar (contra 26,5 milhões de toneladas na safra 2004/2005) e 27,3 bilhões
de litros de álcool (contra 17,4 bilhões de
litros do combustível, igualmente na safra
2004/2005).
Aquela análise mostra-se coerente com
a previsão recentemente divulgada pela
Agência Internacional de Energia (AIE): segundo este organismo, a produção diária
de biocombustíveis no Brasil deverá crescer de 293 mil barris em 2006 para 421 mil
barris em 2009 e 528 mil barris em 2012.
Mirian Rumenos Piedade Bacchi, professora do Departamento de Economia,
Administração e Sociologia, da Escola
Superior de Agronomia Luiz de Queiroz,
da USP – tradicional centro de ensino e
pesquisa localizada em Piracicaba-SP
– considera lógicas essas duas interpretações e analisa uma perspectiva aberta
para esse setor nos últimos meses, em
razão da disseminação do uso do etanol.
Ela diz que o setor centrará esforços na
consolidação do mercado internacional
desse insumo. “O presidente da União da
Agroindústria Canavieira de São Paulo, a
Única, Marcos Jank, anunciou em recente
entrevista coletiva a intenção de montar
escritórios de representação do setor sucroalcooleiro brasileiro nos Estados Unidos, Europa e Ásia, visando apressar esse
processo.”
A professora acrescenta que, atualmente, se reconhece que o uso de biocombustíveis pode mitigar o aquecimento
global – fenômeno tornado incontestável
pelos relatórios da ONU sobre o tema, divulgados no primeiro semestre de 2007.
“Sendo assim, as perspectivas de aumento das exportações do etanol brasileiro
são bastante boas. O custo de produção
SIAMIG
Agronegócio
OUTUBRO
Nº
8
2007
Agronegócio
Paulo Soares / Esalq
12
Mirian Rumenos Piedade Bacchi,
professora do Departamento
de Economia, Administração e
Sociologia da Esalq
do etanol produzido aqui, o mais baixo
do mundo, vai permitir que o Brasil seja
um importante participante desse mercado. Contudo, para que o mercado internacional de etanol se consolide, há a necessidade de que outros países também
passem a participar desse mercado.”
Além do setor sucroalcooleiro, também o setor de grãos dá sinais de firmeza.
Informe divulgado pelo IBGE na primeira
quinzena de julho mostrava que a produção de grãos no país deverá alcançar este
ano 133,4 milhões de toneladas, um volume 14% superior ao registrado em 2006.
Com uma outra metodologia de pesquisa,
a Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), de acordo com informações publicadas em agosto no site do Ministério da
Agricultura, assinalou que as culturas de
algodão, milho e soja impulsionam a produção brasileira de grãos no sentido de alcançar 131,15 milhões de toneladas no período 2006/07, um aumento de 7% sobre
a do ciclo anterior – 2005/06 –, que foi de
122,53 milhões de toneladas. Este número
representa ainda um crescimento de 0,5%
sobre a estimativa divulgada em julho, que
era de 130,51 milhões de toneladas.
Não é de hoje que a ESAB tem acompanhado o que acontece no campo no
Brasil e, por essa razão, tem participado
efetivamente da recente arrancada empreendida por esses setores dinâmicos
dos agronegócios. Conforme observou o
diretor de Vendas e Marketing da ESAB,
Newton de Andrade e Silva, “a ESAB
procura estar em todos os mercados que
são intensivos em solda, ou seja, naqueles segmentos em que os processos de
soldagem sejam fundamentais na construção dos equipamentos destinados à
produção, transporte e armazenamento”.
Ele acrescenta que alguns do segmentos do agronegócio, incluindo o setor de
açúcar e álcool, e os que se dedicam à
produção de grãos, seguramente estão
entre aqueles cujos elos da cadeia produtiva dependem da eficiência e qualidade
dos processos de soldagem.
Efeitos do
crescimento agrícola
Confirmadas aquelas previsões de
crescimento, segmentos como o de máquinas e implementos agrícolas e de veículos de transportes dedicados ao setor
receberão influência direta e certamente
serão beneficiados, conforme avalia a
professora Mirian Bacchi. Ela sustenta
que, quando há investimentos em qual-
OUTUBRO
Nº
8
2007
13
Agronegócio
SIAMIG
SIAMIG
estratégica, a ESAB pôde antever essas
situações altamente positivas e está preparada para o crescimento anunciado. “A
ESAB investiu muito em suas fábricas, localizadas em Contagem-MG. A fábrica de
eletrodos já tinha a capacidade suficente
para responder ao aumento da demanda
que observamos agora, e estamos concluindo, neste mês de agosto de 2007,
a ampliação da fábrica de arames tubulares”, disse.
O diretor da ESAB acrescenta que a
aplicação de arames tubulares no setor
sucroalcooleiro cresce consideravelmente porque as indústrias necessitam de
processos automatizados, mas efetivos e
mais rápidos. “Hoje as paradas de manutenção precisam ser cada vez menores; existe a tendência de eles pararem
cada vez menos a produção nas fábricas.
Essa velocidade é muito importante. Os
arames tubulares ajudam muito nisso, e
os equipamentos também”, diz, acrescentando que a maior fábrica de arame
tubular da América Latina é a da ESAB e
está implantada no Brasil. “Aqui se produz todo tipo de arame, dos mais finos
aos mais grossos; tanto arames comuns
como especiais, para união e para revestimento.”
SIAMIG
quer setor da economia, aparecem os
efeitos positivos não somente sobre os
segmentos mais diretamente ligados à
área que realizou os investimentos, mas
também sobre muitos outros. “Na verdade, os efeitos se disseminam sobre toda
a economia. O maior emprego gera renda
e renda gera consumo ou outros investimentos, que beneficiam outros segmentos econômicos também.”
Apresentando dados do seu setor, o
presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea), Rogelio Golfarb, exemplifica
o que disse a professora. Recentemente, ao comentar no site de sua organização a vertiginosa ascensão no mercado
dos automóveis tipo “flex”, que alternam
o uso de gasolina e álcool – as vendas
acumuladas evoluíram de 48,2 mil unidades em 2003 para 376,6 mil em 2004
e para 1,2 milhão em 2005, chegando,
agora, a 2 milhões de veículos –, esse
dirigente assinalou que tal desempenho
favorece uma extensa cadeia econômica,
que inclui a base agrícola de produção
de cana-de-açúcar, a produção de álcool combustível, o setor de equipamentos
para usinas e chega aos revendores de
veículos, sem que se possa esquecer os
ganhos ambientais.
Já a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), reportando-se a um balanço
divulgado pela Anfavea, deu destaque
ao crescimento de 11% no número de
emprego no setor automotivo em julho
de 2007 em comparação com o mesmo
mês de 2006, atribuindo esse resultado
à crescente demanda por máquinas agrícolas para os setores de cana-de-açúcar,
café e fruticultura, e à volta da compra de
colheitadeiras pelos produtores de grãos.
De acordo com o balanço da Anfavea,
entre janeiro e julho de 2007, em comparação com igual período do ano passado, a produção de máquinas aumentou
26,8%, alcançando 35.210 unidades; a
produção de tratores cresceu 32,2%, atigindo 27.732 unidades, e o número de
colheitadeiras registrou incremento de
59,5%, para 2.492 unidades.
Newton de Andrade e Silva assinala que, como resultado de uma postura
Percepção e movimento
das empresas
Atuam diretamente ou contribuem
com o segmento de agronegócios muitas empresas com as quais a ESAB mantém sólidas parcerias. Fundada no início
de 1959 para fabricar componentes hidráulicos, a Motocana S/A, localizada
em Piracicaba-SP, está acostumada a
perceber oportunidades no setor sucroalcooleiro. Já nos primeiros tempos,
projetou e fabricou a primeira carregadora de cana-de-açúcar do país. A partir
do sucesso desse equipamento pioneiro, foi desenvolvendo tecnologias e novos produtos para o setor e, atualmente,
produz soluções para movimentação e
transporte de cargas para os segmentos canavieiro, florestal, industrial e rodoviário, comercializadas no mercado
interno e exportadas para outros países
Segmento sucroalcooleiro é
locomotiva do agronegócio
brasileiro nos últimos tempos
14
OUTUBRO
Nº
8
2007
SIAMIG
SIAMIG
CNH
Agronegócio
da América do Sul, da América Central
e África.
Vera Ramos Gonçalves, da área de
Marketing da Motocana, assinala que os
aumentos e flutuações no preço do petróleo, a demanda ambiental por combustíveis limpos, a busca por alternativas
de combustíveis por parte dos países
dependentes do petróleo e o aumento
da produção dos carros “flex” de fato
têm alavancado o crescimento do setor
sucroalcooleiro brasileiros e representam garantias de que esse segmento
vai continuar crescendo pelos próximos
anos. “A Motocana, que está neste setor
há quase 50 anos, vem acompanhando
este crescimento e visualizando um futuro promissor, tanto no mercado interno
como no externo”. Ela assegura que a
empresa vem investindo em projetos para
lançamento de novos produtos e para a
ampliação da fábrica, com vistas a gerar
maior produtividade, competitividade e
aumento de empregos.
Aumento nas vendas – O diretor de
Relações Externas da Case New Holland
(CNH), Milton Rego, explica que, quanto
aos grãos, o mercado agrícola vem de
dois anos de depressão, mas se recupera.
“A crise foi causada pela rápida valorização do real frente ao dólar, o que fez com
que os preços das principais commodities
– soja e milho – caíssem. Hoje, o mercado está em fase de recuperação.” A Case
New Holland nasceu em 1999, da fusão
entre as empresas Case e New Holland.
Sua área de atuação é a de máquinas
agrícolas e de máquinas e equipamentos
para a construção.
As fábricas estão localizadas em
Curitiba-PR, Contagem-MG e Piracicaba-SP, havendo ainda uma unidade de
distribuição em Itu-SP. As máquinas são
distribuídas por meio dos cerca de 301
concessionários espalhados pela América Latina. A linha de máquinas agrícolas fabricada no Brasil é composta por
tratores, colheitadeiras de grãos, colhedoras de cana-de-açúcar, colhedoras
de café, pulverizadores auto-propelidos.
Calculando um aumento de 28,5% no
volume de vendas neste ano em relação a 2006, a companhia preparou, para
2007, o lançamento de produtos na área
agrícola, tanto em tratores quanto em
colheitadeiras.
Otimismo – Na avaliação Emerson Zeizer, gerente industrial da Intecnial S/A,
o setor agrícola passou por uma grande
crise nos últimos anos, inclusive com o
fechamento de diversas empresas. Mas
há otimismo: a companhia acredita que a
agricultura possa contribuir para o crescimento da economia, desde que haja
investimentos em infra-estrutura no setor,
incluindo unidades de processamento
do produto, sistemas de escoamento da
produção, sistemas de transporte e modernização de portos.
A Intecnial iniciou suas atividades em
1968, em Erechim-RS, onde ainda tem
sua sede, prestando serviços técnicos
a terceiros, nos setores de eletricidade,
mecânica e hidráulica.
Cinco anos mais tarde, passou a
fabricar também equipamentos e a realizar a montagem de instalações industriais e, com o passar do tempo, foi
se especializando nesse campo. Atualmente, trabalha com inovação, tecnologia, gestão e soluções de engenharia
para o mercado.
Hoje, a empresa utiliza tecnologia
própria e de terceiros para fornecer soluções compatíveis às necessidades
de cada cliente, tendo forte atuação no
mercado de óleos vegetais e derivados,
subprodutos de abatedouros, fábricas de
ração/moagem, indústria fumageira, indústrias química e petroquímica, produtos especiais, tanques de armazenagem,
terminais portuários, navegação, instalações elétricas, quadros elétricos, montagens industriais e suas respectivas peças
de reposição e outros projetos especiais
sob encomenda.
Além da sede em Erechim, a Intecnial
possui uma filial em Itajaí-SC, estabelecida em 2006, com foco na produção
naval, e escritórios de apoio comercial e
logístico em São Paulo-SP, Curitiba-PR
e Porto Alegre-RS. O otimismo da Intecnial é traduzido em ações práticas, com
investimentos na ampliação da sua área
fabril. Esses investimentos estão voltados
para aumentar a capacidade produtiva,
qualificar profissionais e para novas tecnologias de produção e montagem.
OUTUBRO
Nº
8
2007
15
SIAMIG
Agronegócio
Compreender o que
acontece no mercado e
conhecer as necessidades
dos clientes tem sido um
diferencial da ESAB
Neste momento de expansão vivido pela
cadeia produtiva de diferentes segmentos do
setor agrícola, a ESAB tem feito valer dois
aspectos essenciais de sua estratégia de
atuação: compreender o que acontece no
mercado e estar sempre muito próximo dos
clientes, a ponto de conhecer com detalhes
as suas necessidades.
Pedro Rossetti Neto, gerente geral da
unidade da ESAB em São Paulo, explica
como isso aconteceu na prática no que diz
respeito ao setor sucroalcooleiro. “Há alguns
anos – entre 2002 e 2003 –, começamos a
perceber sinais de que o segmento de açúcar e álcool, que andava em banho-maria,
tendia a ter um crescimento significativo. Por
se tratar de uma área muito importante no
Brasil, sugerimos à direção que o inserisse
como parte dos planos globais da companhia e que nos autorizasse a desenvolver um
trabalho específico para conhecê-lo melhor.
E tivemos autorização para isso.”
Profissional de significativa vivência e
experiência no segmento sucroalcooleiro,
Jair Silva foi designado para coordenar esse
estudo. Foi um trabalho exaustivo e meticuloso: “Primeiramente, fizemos uma ampla
radiografia de todo o setor e estruturamos o
fluxograma de sua cadeia produtiva, identificando as necessidades em cada elo dessa
corrente: as usinas, as empresas que montam as usinas, os fornecedores de máquinas
e equipamentos e assim por diante”, explicou.
Com isso, a ESAB passou a atender não
somente a parte de consumíveis, mas também a parte de equipamentos onde foram
desenvolvidos produtos para a execução de
revestimentos com controle CNC. Por outro
lado, fez-se um levantamento de tudo o que
a ESAB – considerando as fábricas brasileiras e as unidades instaladas em outros países – poderia oferecer ao setor. “Por causa
desse levantamento, acabamos trazendo
determinados equipamentos produzidos em
outros países para podermos atender nossos clientes no Brasil”, contou Jair Silva.
Pedro Rossetti sublinha ser muito importante para a ESAB dispor de uma equipe preparada para atender o segmento de
açúcar e álcool e compreender extamente o
que cada um dos representantes dos clien-
OUTUBRO
Nº
8
CNH
16
2007
Agronegócio
tes está falando. “A equipe de vendas vive
intensamente as necessidades do cliente
e principalmente o que pode acontecer no
mercado de açúcar e álcool. Não é só a
venda atual, mas o que mais nós podemos
oferecer ao mercado no futuro.” Ele acrescenta que a equipe conhece muito bem o
que a ESAB possui e o que é capaz de responder melhor e mais rapidamente ao que
os clientes expressam como suas necessidades.
O diretor de Vendas e Marketing da
ESAB, Newton de Andrade, acrescenta:
“Muitas vezes, é o contrário disso, também.
Entendendo melhor o cliente, o segmento
em que opera e tudo o que necessita, nós
preparamos alguns equipamentos, direcionamos os produtos”.
Um outro aspecto a ser valorizado nesse
processo, segundo Pedro Rossetti, é a rede
de revendedores. “A ESAB é a maior empresa no Brasil no ramo de solda e nós temos
uma cadeia de revendedores em condição
de atender rapidamente todos os nossos
clientes”, diz, acrescentando que esse é
um diferencial importante para quem não
tem tempo a perder. O gerente destaca o
trabalho de Jair Silva e sua equipe na conscientização dos revendedores sobre o papel
que podem e devem exercer em termos de
abastecimento dos clientes, garantindo o
prazo e as quantidades necessárias.
Pedro sublinha que, com esse esforço,
toda a rede de revendedores passou a ter
mais informação sobre o desenvolvimento
do mercado e a entender a necessária divisão entre venda direta e abastecimento por
meio de revenda e, sobretudo, a compreender que o mercado é suficientemente grande para todos. E deve crescer ainda mais.
Para clientes, estratégia
de atendimento é
muito eficiente
“O atendimento da ESAB é excelente,
devido ao comprometimento das pessoas
que nos dão suporte, facilitando o desenvolvimento de novos produtos, como recentemente aconteceu no desenvolvimento de
um arame MC 110, que alcançou a resistência de solda que atendia às especificações
dos nossos produtos”, diz Sérgio Soares,
diretor Industrial da CNH. Ele acrescenta a CNH recebe, dos técnicos da ESAB,
um acompanhamento que qualifica como
“ótimo”. “Eles nos prestam assistência de
primeira linha em relação aos consumíveis
e máquinas de solda MIG, também auxiliando na parte de desenvolvimento de novos
equipamentos com a avançada tecnologia
existente no mercado. Isso facilita a especificação de compra de um equipamento de
OUTUBRO
Nº
8
2007
Agronegócio
solda, tornando excelente a parceria entre
CNH e ESAB.”
Conforme explicou o diretor, o processo
de fabricação dos equipamentos agrícolas
CNH utiliza grande quantidade de equipamentos de corte e soldagem para sua produção. Toda a parte estrutural das colheitadeiras
de grãos e cana, além de todo o acabamento
e fechamento destes equipamentos e também dos tratores é feito em chaparia trabalhada por corte a laser, plasma e solda nos
processos MIG e, principalmente, utilizando
equipamentos de última geração para a obtenção dos parâmetros de qualidade, entrega
e custos exigidos pelos clientes.
Atualmente, a CNH conta internamente
com oito máquinas de corte a laser e uma máquina de corte plasma para corte de chapas
de várias espessuras e tamanhos de blank.
E dispõe de aproximadamente 145 máquinas
de solda MIG e 35 máquinas de solda ponto,
com um quadro de 85 soldadores em dois
turnos de trabalho. Em termos de participação, a ESAB hoje é responsável por 65% do
parque de máquinas de solda e 100% dos
consumíveis utilizados pela empresa.
Participação no desenvolvimento – A
ESAB tem participação no desenvolvimento
de algumas soluções técnicas no âmbito da
soldagem implementadas pela Intecnial nos
seus processos de fabricação. O gerente Industrial Emerson Zeizer explica que a ESAB
procura disponibilizar sua estrutura em Porto
Alegre para atender a Intecnial, principalmente para capacitação de profissionais da
soldagem, bem como atendimento rápido,
reposição de materiais, apoio técnico dos
equipamentos e processos de soldagem.
Ele acrescenta que a relação entre a Intecnial e a ESAB caminha para uma parceria
cada vez mais consolidada: “O ‘ganha-ganha’ é o desejo de todas as empresas. Estamos muito fortalecidos nesse processo e a
ampliação desta parceria faz com que nossas
empresas possam estar em crescimento continuado. A ESAB é uma empresa que oferece,
por meio de seus equipamentos, materiais e
profissionais, um atendimento que possibilita
à Intecnial continuar a busca pela excelência
da satisfação de nosso cliente”, afirma Zeizer.
O processo produtivo da Intecnial está
voltado para a transformação de chapas de
aço em equipamentos para os clientes. Os
produtos são bens de capitais voltados aos
mais diferentes segmentos, como foi mencionado anteriormente. Toda a matéria-prima, de
aço inox ou carbono, utilizada na empresa,
passa pelo processo de corte a plasma (maior
percentual), oxiacetilênico e/ou GLP, havendo
ainda o processo de corte mecânico, com
guilhotinas, serras e prensas. Quanto à soldagem – um processo crítico, validado somente após ensaios não-destrutivos –, integram
o conhecimento da empresa procedimentos
em arco submerso, arame tubular, MIG MAG,
TIG e eletrodo revestido.
Presteza – “Temos na ESAB um parceiro
sempre presente e pronto para nos auxiliar em
nossas necessidades. Seus representantes
nos fazem visitas freqüentes e, o mais importante: essas visitas não se limitam ao nosso
Departamento de Suprimentos, estendendose a todos os setores onde se aplicam produtos ESAB. Eles conversam com soldadores,
operadores de máquina, programadores e
engenheiros de processo”, assinala Ruben
Fanjul, diretor Industrial da Motocana.
Ele acrescenta que a empresa vem há alguns anos padronizando todo o equipamento de corte e solda e optando pela marca
ESAB, pela qualidade, robustez e tecnologia
aplicada. “Tanto em equipamentos quanto
em consumíveis, a qualidade está sempre
presente. Desde o início da idéia de adquisição de um produto ESAB, temos o acompanhamento e o assessoramento técnico em
todas as etapas. Eles nos indicam que produto se adapta mais à nossa aplicação, dão
apoio com treinamentos, pós-venda e uma
eficiente assitência técnica”.
Fanjul explica que, como em toda empresa metalúrgica, as primeiras operações
têm vital importância no desevolvimento da
fabricação. “Um equipamento de corte que
nos forneça qualidade e confiabilidade é fundamental.”
Quanto à solda, considera que é um dos
processos mais técnicos e de maior responsabilidade da área. Se há um componente
montado em forma deficiente, uma simples
inspeção visual ou dimensional pode denunciar falha. No caso da solda, as falhas podem
ficar ocultas e somente ser detectadas com
inspeções mais rigorosas, a serem feitas em
todo o processo, o que seria impraticável.
“Por esse motivo, tanto o treinamento do
soldador como a precisão da máquina são
fundamentais”, conclui.
653 CVCC
OrigoArc 150
AristoMig 500
Consumíveis ESAB
17
18
OUTUBRO
Nº
8
2007
Agronegócio
O agronegócio no Brasil
Júlio César Raupp
Consultor Técnico ESAB Brasil
M
oderno, eficiente e competitivo, o agronegócio
brasileiro é uma atividade próspera, segura e
rentável. Com um clima diversificado,
chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água
doce disponível no planeta, o Brasil tem
388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade,
dos quais 90 milhões foram explorados.
Esses fatores fazem do país um lugar de
vocação natural para a agropecuária e
todos os negócios relacionados a suas
cadeias produtivas. O país é um dos
poucos do mundo onde é possível plantar e criar animais em áreas temperadas
e tropicais. Favorecida pela natureza, a
agricultura brasileira pode obter até duas
safras anuais de grãos, enquanto a pecuária se estende dos campos do Sul
ao Pantanal de Mato Grosso – a maior
planície inundável do planeta.
Outro ponto que tem de ser considerado é que o Brasil investiu pesado em
pesquisa e tecnologia nas duas últimas
décadas e agora está colhendo os frutos. O desenvolvimento científico-tecnológico e a modernização da atividade rural, obtidos por intermédio de pesquisas
e da expansão da indústria de máquinas
e implementos, contribuíram igualmente
para transformar o país numa das mais
respeitáveis plataformas mundiais do
agronegócio. A adoção de programas
de sanidade animal e vegetal, garantindo a produção de alimentos saudáveis,
também ajudou o país a alcançar essa
condição. O retorno vem em números,
por exemplo: com a modernização da
agricultura, foi possível, com uma pequena expansão da área agrícola – de
37,9 milhões de hectares em 1990 para
45,6 milhões em 2007 –, passar de
uma produção de cerca de 58 milhões
de toneladas para 127,6 milhões, a safra recorde que o Brasil irá colher este
ano. Esse quadro de conquistas levou
o país a ser considerado o detentor da
agricultura mais moderna e produtiva do
mundo. Tais indicadores mostram que é
apenas uma questão de tempo, organização e estratégia de mercado para
que o Brasil se torne celeiro do mundo
– mundo esse que, cada vez mais, vai
precisar de comida para alimentar seus
habitantes. Em 2030, estima-se que a
população mundial seja de 8,5 bilhões
de pessoas. Países populosos como a
China e a Índia, mesmo sendo grandes
produtores agrícolas, terão dificuldades
de atender às demandas, devido ao
esgotamento de áreas agricultáveis. Ao
lado, temos um gráfico que aponta os
principais países com áreas agricultáveis, relacionando as áreas disponíveis e
as ocupadas (em 1000 ha).
Entre 2002 e 2006, as vendas ex-
OUTUBRO
ternas do agronegócio brasileiro cresceram
99%. Subiram de US$ 24,8 bilhões para US$
49,4 bilhões, segundo dados do Ministério da
Agricultura. A escalada de crescimento continua em 2007. Só nos primeiros quatro meses, as vendas externas do setor somaram
US$ 16,5 bilhões – o valor é 24,7% maior do
que o exportado no mesmo período do ano
passado.
O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um
em cada três reais gerados no país. É responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB) e
por 37% dos empregos brasileiros. No período
de 2000-2005, a taxa anual de crescimento da
agricultura foi de 5,99%, mais que o dobro do
crescimento do PIB.
E, se tudo isso não bastasse, a virada do
século trouxe consigo uma nova visão sobre a
atividade agrícola mundial, que começou a migrar de uma agricultura extrativa para uma agricultura energética. Só para termos idéia desta
pressão mundial pelo uso de fontes renováveis
de energia, podemos destacar que, em 2020,
20% da matriz americana será de energia renovável. Já de olho neste mercado, a previsão da
área plantada de cana de açúcar no Brasil para
2016 é 110% maior que a de 2005.
Quanto ao biodiesel brasileiro, políticas
governamentais obrigam a sua utilização na
composição do diesel. A partir de 2008, 2%
do consumo de diesel será de biodisel e, a
partir de 2013, serão 5%. Em 2006, o país
foi apenas o 14º produtor de biodiesel, mas
poderá ser o 2º ou 3º ainda em 2007, e talvez
o 1º a partir de 2010.
Pegando carona neste desenvolvimento do
agronegócio e até mesmo na onda do petróleo verde, os desdobramentos de atividades e
o número de setores envolvidos chegam a ser
espantosos. Com o aumento da produção de
grãos a cada ano no Brasil, a capacidade de
Continente/Continent
África/Africa
América do Norte e Central/
North and Central America
América do Sul/South America
Ásia/Asia
Europa/Europe
Oceania/Oceania
País/Country
BRASIL/BRAZIL
Argentina/Argentina
Canadá/Canada
Estados Unidos/United States
França/France
Reino Unido/United Kingdom
8
2007
armazenagem no país irá atender a este crescimento e, mais ainda, com a qualidade que
o mercado exige. Os equipamentos de armazenagem inseridos na unidade armazenadora de grãos são um dos itens essenciais para
a garantia da qualidade demandada para sua
comercialização. Com uma previsão de safra
recorde, o IBGE alerta para a necessidade de
investimentos em infra-estrutura para armazenamento. A produção armazenada brasileira
média é de apenas 10%, um valor considerado baixo diante dos países desenvolvidos. Na
mesma linha seguirão os investimentos em
equipamentos agrícolas, máquinas agrícolas,
setores voltados também para uma agricultura de precisão, contendo toda uma necessária
eletrônica embarcada. São os novos tempos
do agronegócio. Depois, para escoar toda essa
safra, temos os implementos rodoviários e os
produtos ferroviários em que a participação das
ferroviárias na matriz de transporte nacional já
migrou dos 20% em 1996 para 26% em 2006,
podendo chegar a 30% em 2009. Isso sem
falar nos fabricantes das usinas de álcool e de
biodiesel, cujos investimentos não param de ser
contabilizados.
Mas o Brasil é um país de contrastes, o
que reforça as necessidades de investimentos
de que esse mercado necessita. Para que possamos melhor entender o potencial do nosso
mercado, seguem mais alguns números: se
compararmos a área arável por trator ou a área
a ser colhida por colheitadeira entre diversos
países, veremos que a agricultura brasileira é
muito menos mecanizada que a dos de países
europeus e da América do Norte. Com relação
à área colhida por colheitadeira, o país está em
situação inferior à da Argentina, por exemplo.
Assim, o crescimento sustentado, buscando
crescentes ganhos de produtividade e crédito
suficiente a taxas razoáveis, é o caminho ao
pleno desenvolvimento.
UNIDADES
UNITS
Mundo/World
Nº
ÁREA CULTIVADA
CULTIVATED AREA
1.000 ha
Ha ARÁVEL/TRATOR
ARABLE AREA
PER TRACTOR (ha)
Ha COLHIDO/
COLHEITADEIRA
AREA HARVESTED
PER COMBINE (ha)
TRATORES DE RODAS
WHEEL TRACTORS
COLHEITADEIRAS
COMBINES
27.625.095
4.253.163
1.402.317
50,8
329,7
537.928
5.942.513
36.449
814.613
199.405
255.177
370,7
42,9
5.470,8
313,2
1.318.502
8.591.512
10.833.905
400.735
126.241
2.229.878
985.884
60.098
107.105
506.858
284.095
49.677
81,2
59,0
26,2
124,0
848,4
227,3
288,2
826,6
336.589
299.620
732.600
4.760.000
1.264.000
500.000
43.425
50.000
115.800
662.000
91.000
47.000
57.445
27.900
45.660
173.450
18.451
5.660
170,7
93,1
62,3
36,4
14,6
11,3
1.322,9
558,0
394,3
262,0
202,8
120,4
Fontes/Souites: FAO (ONU), IBGE.
Os dados do Brasil referem-se a 2006 e, para as frotas, são estimados. / The data for Brazil refer to 2006, and for fleets the figures are estimates.
19
20
OUTUBRO
Nº
8
2007
Nova máquina de corte: LPH 37
AristoPower 460 /
AristoFeed 30-4W MA6
Tecnologia a serviço
do agronegócio
(Advanced Surface Characteristics – Característica Avançada de Superfície).
A ESAB está preparada para esses novos
tempos e seus novos desafios. Trabalhando
estrategicamente há alguns anos, hoje a ESAB
coloca no mercado uma série de equipamentos
com suas tecnologias a serviço desse setor.
Nos últimos anos, a procura por robotização e mecanização vem crescendo exponencialmente, bem como o uso de equipamentos
de solda com maior tecnologia embarcada.
Essa nova tendência é resultado de um mercado globalizado, onde as empresas, para
se tornarem competitivas, precisam explorar
detalhes de seus projetos. Com isso, novas
técnicas de produção, aliadas a novos materiais e menores espessuras, requerem máquinas que permitam um melhor controle sobre
a soldagem. Toda essa tecnologia é utilizada
para tirar a subjetividade da soldagem e estabelecer a repetibilidade como uma nova forma de condução dos trabalhos.
Com o futuro já presente no nosso dia-adia, a ESAB apresenta as mais diversas soluções em solda e em corte, que vêm colaborar
com esse novo posicionamento do mercado.
Abaixo, a ilustração mostra a estabilidade do
ASC ao longo do contato deslizante do bico
de contato e o arame.
Consumíveis. Atualmente, a ESAB está introduzindo no mercado o OK AristoRodTM,
arame sólido com propriedades superiores
em soldagem automatizada e com robô, que
é fabricado pela ESAB com tecnologia ASC
• Arco estável em altas correntes
de soldagem.
• Pouco respingo.
• Excelente abertura de arco.
• Boa performance na alimentação de
arames em altas velocidades e
pistolas com conduits mais extensos.
• Reduzido consumo de bicos de
contato.
• Melhor proteção contra a oxidação
do arame.
• Baixos níveis de emissão de fumos.
• Mesma performance, ou melhor,
se comparada a arames cobreados.
• Baixa queda de voltagem entre o bico
de contato e o arame.
• Melhor estabilidade na corrente
de transferência.
• A tecnologia ASC melhora a resistência à
corrosão.
• A resistência à corrosão é igual ou melhor
do que os arames cobreados.
Esta tecnologia vai permitir que as automatizações tenham menores tempos de parada.
Possuímos também a linha mais completa de consumíveis para a soldagem dos aços
de alta resistência, que são uma realidade
na indústria de guindastes e que começam
a tomar forma na indústria de equipamentos
agrícolas e implementos rodoviários. Eles aumentam a capacidade de carga em função
da redução do peso do equipamento ou implemento construído.
Equipamentos de solda e corte standard.
A ESAB, líder no mercado nacional de equipamentos, vem ampliando constantemente
a sua linha de produtos, seja desenvolvendo
produtos nacionais com tecnologias já dominadas localmente, como a convencional,
que pode ser traduzida por robustez e confiabilidade, ou a tiristorizada, sinônimo de
robustez, parâmetros de solda constantes
mesmo com as oscilações da rede elétrica,
bem como maior número de parâmetros
possíveis e controles a distância. Estas tecnologias já estão disponíveis na construção
de máquinas semi-automáticas e automáticas. Agora, a ESAB se prepara para dar
mais um passo inédito na indústria nacional: a empresa está trabalhando no primeiro
inversor para fontes de energia a ser empregada nos processos semi-automáticos.
OUTUBRO
Completando a linha de inversores, visto
que, desde 2002, já tínhamos esta tecnologia disponível para as máquinas manuais,
esta tecnologia apresenta de forma ainda
mais apurada as vantagens das máquinas
tiristorizadas, acompanhada de redução de
consumo de energia elétrica e peso. E se o
critério for robustez, podemos aliar as vantagens dos inversores à força dos tiristores:
são as máquinas chooper.
Não podemos dizer que qualquer uma
das tecnologias vá ser eliminada em função de uma outra. Podemos observar as
vantagens de cada uma delas e definir pela
escolha da mais apropriada para uma determinada necessidade. A substituição de
uma tecnologia por outra de maior desenvolvimento sempre deverá ser precedida pela
seguinte análise:
• Necessidade técnica / processo.
• Prioridade dos investimentos.
• Análise da necessidade de melhorias em
outros setores da empresa, que funcionariam
como pré-requisito para uma boa soldagem,
como corte e dobra.
• Atualização da capacidade técnica do departamento de manutenção.
• Investimento em recursos humanos.
Sendo assim, podemos concluir: não
existe uma pré-definição do que deve ser
feito em termos de tecnologia numa empresa, e sim um caminho a ser seguido, em
que um posicionamento estratégico e um
estudo detalhado apontarão a decisão mais
correta.
Ainda pensando na otimização dos processos de soldagem, a ESAB apresenta,
de forma complementar ao Sistema Aristo
- uma fonte multiprocesso, pulsada, inversora, com linhas de sinergismo entre outros
recursos, perfazendo um equipamento de
altíssima tecnologia voltada a aplicações
específicas e/ou operação com células de
robô - sua nova tecnologia de controle dos
parâmetros de soldagem, o sistema QSet.
QSet. O QSet é um sistema revolucionário,
exclusivo da ESAB, para a soldagem em
curto-circuito e especialmente desenvolvido
para trabalhos em chapas finas. O sistema
opera com excelente performance com CO2,,
um diferencial importante face à instabilidade
que o mercado de gases de proteção está
passando, pela dificuldade no fornecimento
do gás argônio.
O Sistema QSet, de última geração,
é constituído por:
• Soldagem MIG-MAG curto-circuito com
um único botão de ajuste.
• Ajuste simples da velocidade do arame.
O sistema reconhece automaticamente o
material e diâmetro do arame e o tipo de
gás de proteção.
• Não precisa de linhas de sinergismo.
• Altura de arco constante.
• Arco estável, sem respingos.
• Cofiguração automática dos parâmetros ótimos de soldagem em apenas 6
segundos.
Quando se inicia a soldagem com
um tipo de arame e gás, o QSet define
e armazena automaticamente todos os
parâmetros ótimos. A tensão segue as
alterações na velocidade de alimentação
do arame, tão fácil quanto 1.2.3:
1. Definido o tipo de gás e arame a ser
utilizado, faz-se uma solda durante 6 segundos para que o equipamento encontre
os parâmetros ideais de soldagem.
2. Ajusta-se a velocidade do arame
em função do tipo da junta, espessura
do material a ser soldado e posição de
soldagem.
3. Diferentes programas ou alterações de velocidade de arame ou stick-out
durante a soldagem são assimilados em
tempo real pelo equipamento.
Automação e CNC: São máquinas planejadas e desenvolvidas tendo em mente as necessidades do cliente, buscando
facilidades de operação e manutenção.
Como são totalmente desenvolvidas
pela ESAB, garantimos a melhor e a
mais abrangente solução para nossos
clientes, com equipamentos fabricados
no Brasil ou nas diversas unidades da
ESAB no mundo.
Assistência técnica: Buscamos a
atualização de nossa rede de Serviço
Autorizado ESAB (SAE), como também
disponibilizamos uma política de peças
de reposição originais, acessível a todos
os nossos clientes.
Meio ambiente: A ESAB, com suas
soluções ambientais, juntamente com a
Nederman, está pronta a atender as exigências da ISO 14000 e TS 16949, que
tratam do meio ambiente.
QSet
Nº
8
2007
21
22
OUTUBRO
Nº
8
2007
OUTUBRO
Nº
8
2007
Energia Eólica
Tecnomaq investe em equipamentos
ESAB na fabricação de torres
de energia eólica
Reportagem e redação
Paulo Cunha
A
crise mundial na produção de
energia elétrica é fruto de um
acelerado processo de globalização da economia, aliado a fatores como a escassez de água em diversas
regiões do planeta, aquecimento global e a
necessidade da redução da emissão de gases na atmosfera. Estes temas estão entre
os maiores desafios de governos em todo o
mundo neste novo milênio. Buscar alternativas para reverter esse cenário, a curto e longo
prazos, coloca em evidência a necessidade
da implantação de fontes de energia alternativas que sejam, acima de tudo, limpas, renováveis e disponíveis em diversos lugares.
Neste contexto, a geração de energia elétrica
através do vento – energia eólica –, é uma das
alternativas viáveis para atender a diferentes
níveis de demanda. Além de ser abundante e
não poluente, a energia eólica poderá garantir
12% das necessidades mundiais de eletrici-
dade até 2020, criar 1,7 milhão de novos empregos e reduzir significativamente a emissão
global de dióxido de carbono na atmosfera
nos próximos 30 anos.
Um levantamento do Word Energy Council (WEC) aponta que, em 2007, cerca de 1%
da energia elétrica produzida no mundo será
proveniente de fonte eólica. Atualmente, a
potência mundial instalada de energia eólica é de 75 mil MW, sendo que, no Brasil,
os números ainda são muito pequenos em
relação a outros países, chegando a apenas
237 MW. Hoje, a potência instalada de energia eólica no Brasil representa apenas 0,23%
da matriz energética brasileira. O país ocupa
a vigésima posição no ranking de maiores
produtores deste tipo de energia no mundo;
contudo, tem um grande potencial de crescimento e, cada vez mais, estão sendo feitos investimentos para a geração de energia
através da fonte eólica.
Linha de produção da fabricação
de pontes rolantes da Tecnomaq
23
24
OUTUBRO
Nº
8
2007
Energia Eólica
Fabricação de torres
eólicas no Brasil
Linha de produção da fabricação
de pontes rolantes da Tecnomaq
Calandra, equipamento utilizado para
a confecção de filmes planos,
chapas e laminados
Ponte rolante de 75 ton
Acompanhando a tendência mundial na
busca de alternativas para o incremento de
geração de energia elétrica limpa e renovável,
a Tecnomaq, empresa com mais de 15 anos
no mercado metal-mecânico, sediada em
Fortaleza - CE e especializada na fabricação
e montagem de equipamentos e sistemas de
transporte, pórticos e pontes rolantes, nos últimos três anos passou também a investir na
área de energia, principalmente em energia
de fonte alternativa limpa. Enxergando que o
investimento em energia eólica no Nordeste
brasileiro, especialmente no litoral do Ceará
e do Rio Grande do Norte, tem potencial de
instalação do equivalente a mais de três usinas de Itaipu, a empresa realizou um grande investimento para a construção de uma
planta industrial, exclusivamente voltada para
a fabricação de torres eólicas tubulares em
aço, a primeira do Brasil.
A nova planta da Tecnomaq está em ritmo acelerado de construção, com as áreas
de corte e calandragem em fase adiantada
de instalação, podendo operar com chapas
de aço de até 3 metros de largura e 53 mm
de espessura. Segundo o diretor-gerente da
Tecnomaq, Antônio Balhmann, a empresa investiu aproximadamente R$ 30 milhões nessa fábrica, que terá capacidade de produzir,
nesta primeira fase, 100 torres de 85 m de
altura por ano. Já na segunda fase, a partir
de abril de 2008, a Tecnomaq terá condições
de construir 200 torres de até 100 m de altura por ano. De acordo com Balhmann, para
2009 a empresa já projeta atingir uma média
de uma torre por dia.
Localizada estrategicamente no km 23
da BR 116, próximo a Fortaleza, no Complexo Industrial Portuário do Pecém, a fábrica se beneficia da excelente localização,
que favorece tanto a logística para a importação de componentes como do transporte
das enormes e pesadas peças para a montagem das torres eólicas.
Expansão e
equipamentos ESAB
A construção de uma planta industrial
para fabricar torres de geradores eólicos
de grande porte exigiu que a Tecnomaq
investisse na automatização de sua linha
de produção, associada às rígidas especificações de solda, pintura, preparação
de chapas e outros processos. Para se
equiparar às melhores e mais produtivas
indústrias do mundo, a Tecnomaq utilizará
o conjunto de máquinas de alta tecnologia
ESAB, inclusive máquinas de solda automáticas.
A Tecnomaq, que já dispõe de máquinas de solda ESAB para a fábrica de pontes rolantes e gruas, adquiriu para a planta
de torres eólicas uma linha completa de
viradores e colunas manipuladoras de solda para a fabricação de torres tubulares
de aço com diâmetro de até 5200 mm.
Uma outra linha de equipamentos ESAB
já tem sua compra planejada para duplicar a produção, a partir de junho de 2008.
O início da utilização da primeira linha de
máquinas de solda deverá ocorrer no mês
de novembro de 2007.
Equipamentos ESAB utilizados pela Tecnomaq
• Coluna CaB65, série 300, com 6 m
de altura e lança de 5 m de comprimento e coluna CaB55, série 300, com
5 m de coluna e 5 m de lança, instalados sobre trilhos para maior flexibilidade para soldagem externa das virolas.
• Cabeças de soldagem Tandem
com dois arames (CC/CA) arco sub-
merso, permitindo ao sistema elevadas taxas de deposição.
• Controladores micro-processados
ESAB PEH, que permitem melhor
controle e registro dos parâmetros
de soldagem utilizados.
• Trator de soldagem A2T Multitrac
para o processo arco submerso,
para a soldagem circunferencial interna.
• Em conjunto com os equipamentos de soldagem, serão instalados
viradores auto-alinháveis da Série
ZT. Nos modelos ZT 20, ZT 40 e ZT
80, para giro de 20, 40 e 80 ton, respectivamente.
OUTUBRO
Nº
8
2007
Energia Eólica
Mercado mundial
O mercado mundial de energia eólica cresce rapidamente nos países desenvolvidos. Nos últimos 30 anos, países como Estados Unidos, Alemanha,
Espanha e Dinamarca têm realizado importantes investimentos no desenvolvimento de tecnologia e equipamentos
para a geração eólica. A crise do petróleo na década de 70 e a necessidade
de diminuir a dependência do petróleo
e carvão na produção de eletricidade
colaboraram diretamente para o crescimento da indústria de construção de
torres e geradores eólicos.
Hoje, no mundo, existem mais
de 30 mil torres eólicas de gran-
Ranking
total 2006
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
TOTAL
de porte que geram 50 mil MW de
energia. De acordo com o Conselho
Global de Energia do Vento (Global
Wind Energy Council), entidade que
reúne associações do setor de vários países, em 2020 a capacidade
de geração de energia eólica chegará a 1.245.030 MW, ou seja, 12% de
toda a energia elétrica do mundo.
Os países com o maior número de
instalações de energia eólica (tabela
abaixo), são os seguintes: Alemanha (20.622 MW), Espanha (11.615
MW), Estados Unidos (11.603 MW),
Dinamarca (3.136 MW) e Índia (6.270
MW). Alguns países, como Itália, Ho-
landa, Japão e Reino Unido, estão
acima ou próximos da marca dos
1.000 MW.
Na dinamarca, por exemplo, atualmente a fonte eólica contribui com
12% do total de energia elétrica produzida no país. Na Alemanha, esse
número já atinge 16%. O país é disparado, o maior produtor e consumidor de eólica em todo mundo. Já
nos Estados Unidos, país que não
é signatário do Protocolo de Kioto,
muitos estados norte-americanos
já fizeram suas escolhas em adotar
a estratégia de substituição da sua
matriz energética.
Additional
Growth rate Total capacity
capacity 2006
2006
end 2006
[MW]
%
[MW]
2194
11,9
20622
Germany
1587
15,8
11615
Spain
2454
26,8
11603
USA
1840
41,5
6270
India
8
0,3
3136
Denmark
1145
90,9
2405
China
405
23,6
2123
Italy
610
45,1
1963
United Kingdom
628
61,4
1650
Portugal
810
106,9
1567
France
336
27,5
1560
Netherlands
768
112,4
1451
Canada
354
34,0
1394
Japan
146
17,8
965
Austria
238
41,1
817
Australia
183
31,9
756
Greece
147
29,6
643
Ireland
54
10,6
564
Sweden
55
20,4
325
Norway
208
729,6
237
Brazil
730
48,4
2238
Rest
14.900
25,3
73.904
Country
Total capacity
end 2005
[MW]
18428
10028
9149
4430
3128
1260
1718
1353
1022
757
1224
683
1040
819
579
573
496
510
270
29
1508
59.004
Ranking total
2005
1
2
3
4
5
8
6
7
11
13
9
14
10
12
15
16
18
17
19
34
25
26
OUTUBRO
Nº
8
2007
Correio Técnico I
A diluição e o seu controle em
soldas de revestimento
Cláudio Turani Vaz
Consultor Técnico ESAB Brasil
D
iluição é o nome dado à mistura do metal de base com o
metal de adição durante a soldagem. Quando o objetivo é
realizar revestimentos para a obtenção de
propriedades específicas, como resistência a determinados mecanismos de desgaste, é interessante reduzir ao máximo a
diluição. A composição química do metal
de base sobre o qual está sendo aplicado
o revestimento certamente influencia a diluição. Além deste fator, a mistura também
será influenciada pelo processo e procedimento de soldagem empregados, conforme podemos ver na tabela abaixo.
Fatores que influenciam a diluição:
Velocidade de soldagem
Tipo de corrente e polaridade*
Aporte de calor
Baixa velocidade = alta diluição
Alta velocidade = baixa diluição
CC- = baixa diluição
CA = diluição intermediária
CC+ = alta diluição
Baixo = baixa diluição
Alto = alta diluição
Técnica de soldagem
Cordões estreitos = baixa diluição
Cordões largos = alta diluição
Posição de soldagem
Vertical ascendente = alta diluição
Horizontal, plana e vertical descendente
= baixa diluição
Número de camadas
Maior número de camadas = menor diluição
Metal de solda empregado
Materiais mais ligados = menor
sensibilidade a diluição
Comprimento energizado
(arames)
Maior comprimento energizado
/ menor diluição
(*)Não é valido para soldagem TIG
OUTUBRO
Nº
8
2007
Parceria entre Techint e ESAB
Brasil na montagem da jaqueta
da plataforma PRA-1
Cláudio Turani Vaz - Consultor Técnico ESAB Brasil
Sérgio Munhós - Engenheiro de Soldagem Techint S.A.
José Roberto Domingues - Gerente Técnico ESAB Brasil
A
PRA-1 é uma plataforma fixa de rebombeamento autônoma que faz
parte do PDET (Plano Diretor de
Escoamento e Tratamento de Óleo
da Bacia de Campos), criada como alternativa
para escoamento do petróleo das plataformas
para o continente. Sua jaqueta foi montada
pela Techint S.A. no canteiro de Pontal do
Paraná/PR. Os requisitos técnicos e aspectos
operacionais influenciaram de maneira significativa a escolha dos consumíveis de soldagem
para esse projeto. A parceria técnica entre Techint e ESAB foi de fundamental importância
para o sucesso desse projeto.
Tabela 1: Características técnicas da PRA-1
Lâmina d’água
Capacidade de bombeamento
Convés
Número de módulos
Acomodações
Investimento
Jaqueta
Aço
Peso total
Altura
Base
Topo
106 metros
750 mil bpd
67 metros x 53 metros x 41 metros
5
90 pessoas
US$2.7 bilhões
Jaqueta
API 2W-50
7.500 toneladas (aproximado)
116 metros
56 metros x 56 metros
36 metros x 49 metros
Descrição
A PRA-1, Plataforma de Rebombeio Autônomo-1, é uma plataforma fixa instalada a
cerca de 100 Km da costa no Campo de Marlim Sul/Bacia de Campos planejada para escoar, em período de pico, aproximadamente
630 mil barris de petróleo por dia, produzidos
pelas plataformas P-40, P-51, P-52, P-53,
P-55 e RO-Módulo 4 nos Campos de Roncador, Marlim Sul e Marlim Leste. Sua jaqueta,
uma estrutura em aço API 2W-50 com peso
total de 7.500 ton, construída pela Techint em
seu canteiro localizado no município de Pontal do Paraná-PR, sob encomenda da Petrobras, foi lançada ao mar em 31 de dezembro
de 2006. Suporte técnico e consumíveis de
soldagem fornecidos pela ESAB permitiram a
Techint sucesso nas operações de soldagem
executadas durante este projeto.
Figura 1: Vista aérea do canteiro de obras
da Techint em Pontal do Paraná / Paraná
Características técnicas
Planejada sob um novo conceito que contemplou, como característica fundamental, a
otimização no emprego de materiais através
da redução de peso, a jaqueta da PRA-1 tem
como característica própria uma estrutura as-
Figura 2: Vista geral da jaqueta em sua fase
final de montagem
27
28
OUTUBRO
Nº
8
2007
Figura 3: Geometria do chanfro
Figura 4: Dimensões da chapa de teste e
localização dos corpos de prova
Tabela 2: Características técnicas OK 48.08
E7018-G
Classificação AWS
Composição Química (Valores Típicos) Composição Química (Valores Típicos)
C
0,05%
Si
0,37%
Mn
1,25%
Ni
0,90%
Propriedades Mecânicas (Chapa de teste AWS)
Limite de escoamento
555MPa
Limite de resistência
630MPa
Alongamento
28%
Impacto (Charpy – V)
153J
Propriedades Mecânicas (Chapa de teste N-1859)
Limite de escoamento – média
545MPa (como soldado) 560MPa (T.T.)
Limite de resistência – media
633MPa (como soldado) 645MPa (T.T.)
Alongamento – média
30% (como soldado) 27% (T.T.)
Impacto - face (Charpy – V) (-30J)
85J (como soldado) 79J (T.T.)
Impacto - raiz (Charpy – V) (-30J)
109J (como soldado) 146J (T.T.)
CTOD – média
0,86mm (como soldado) 1,50mm (T.T.)
simétrica. Esse aspecto representou enorme
desafio aos construtores durante os 24 meses necessários à sua montagem.
Nós e tubos empregados na jaqueta foram fabricados previamente e enviados ao
canteiro de obras de Pontal do Paraná por
via terrestre. No canteiro de obras, frente à
complexidade estrutural, foi elaborado um
detalhado plano de construção, constituído
pela montagem das faces ao nível do solo,
“roll up”, estaiamento e consolidação final
pelo travamento dos elementos tubulares. A
seqüência dessa montagem foi estabelecida
após análise estrutural das faces e níveis da
jaqueta. Dentro desse planejamento, as soldagens, quase na totalidade constituídas por
juntas circunferenciais, foram executadas seguindo critérios de qualidade e produtividade.
União de elementos tubulares, quando possível, foi executada em “pipe shop” pelo processo de soldagem ao arco submerso (SAW).
As demais soldas foram executadas em área
aberta, com passes de raiz, utilizando soldagem TIG (GTAW) e enchimento e acabamento
com arames tubulares de núcleo não metálico
(FCAW) ou eletrodos revestidos (SMAW).
A fabricação da jaqueta seguiu os critérios construtivos da Norma Petrobras
N-1852 (Estruturas Oceânicas – Fabricação
e Montagem de Unidades Fixas). Segundo
essa norma, os aços empregados devem ser
classificados segundo a Norma Petrobras
N-1678 (Estruturas oceânicas – Aço) e os
consumíveis de soldagem devem ser fornecidos de acordo com as condições definidas
pela Norma Petrobras N-1859 (Consumível
de Soldagem com Qualidade Assegurada).
A temperatura mínima de projeto para esta
jaqueta foi de 10°C. O aço API 2W-50, empregado na fabricação da jaqueta, foi reclassificado de acordo com a Norma N-1678.
Consumíveis de soldagem
Os consumíveis de soldagem utilizados na construção da jaqueta desta plataforma foram fornecidos de acordo com as
condições definidas na Norma Petrobras
N-1859. Para atender às exigências dessa
norma, foram executados, além dos ensaios
necessários à classificação dos consumíveis,
ensaios de tração, impacto (Charpy - entalhe
V) e CTOD em corpos de prova do metal de
solda nas condições como soldado “AW” e
após tratamento térmico “PWHT”. O tratamento consistiu na manutenção de uma
OUTUBRO
temperatura entre 600 e 650°C por, aproximadamente, duas horas. As faixas de aquecimento e resfriamento máximas foram de
110 e 130°C/hora, respectivamente.
Para a retirada dos corpos de prova, a
Norma N-1859 recomenda a soldagem de
uma chapa de teste com espessura mínima
de 50mm, confeccionada no mesmo aço a
ser empregado no projeto. A figura 3 mostra a
geometria do chanfro, e a figura 4, as dimensões e localização de onde devem ser retirados os corpos de prova da chapa de teste.
Para o ensaio de impacto (Charpy – entalhe
V) foram confeccionados dois conjuntos de seis
corpos de prova. Cada conjunto é constituído de
três corpos de prova retirados da raiz da solda e
de três retirados a 2mm da superfície no centro
da solda. Para a realização do ensaio de tração,
foram confeccionados dois conjuntos de dois
corpos de prova. Desses conjuntos, um corpo
de prova foi retirado do lado A e outro do lado B
da junta. Finalmente, para realização do ensaio
de CTOD, foram confeccionados dois conjuntos
de três corpos de prova. Os ensaios de CTOD
foram realizados à temperatura de mínima de
projeto (Tp), ou seja, 10°C, e os ensaios de tenacidade ao impacto (Charpy – entalhe V) à Tp
– 40°C, ou seja, -30°C.
Além da soldagem desta chapa de
teste, é exigida, pela Norma N-1859, a soldagem de chapas de teste para realização
dos ensaios mecânicos necessários à classificação do consumível pela especificação
AWS correspondente.
Neste projeto, foram empregados: o eletrodo revestido OK 48.08, fluxo aglomerado OK
Flux 10.71 e arame tubular Filarc PZ 6138SR.
As características técnicas e resultados obtidos
nos ensaios propostos pela N-1859 são relacionados nas tabelas 2, 3 e 4.
Em complemento às aprovações iniciais
dos consumíveis, todos os lotes de consumíveis utilizados na fabricação da jaqueta
foram fornecidos com valores de ensaios
mecânicos reais.
Suporte técnico
Além da aprovação dos consumíveis de
soldagem pela Norma N-1859, todo o processo de qualificação dos procedimentos de soldagem e treinamento dos soldadores visando
à qualificação foi efetuado em conjunto pela
ESAB e Techint. Essa parceria técnica foi de
fundamental importância para o sucesso do
empreendimento.
Nº
8
2007
Tabela 3: Características técnicas OK Flux 10.71
Arame
Classificação AWS
Composição Química (Valores Típicos)
C
Si
Mn
Propriedades Mecânicas
Limite de escoamento*
Limite de resistência*
Alongamento*
Impacto (Charpy – V)*
Limite de escoamento – média**
Limite de resistência – média**
Alongamento – média**
Impacto face (Charpy – V)** (-30J)
Impacto raiz (Charpy – V)** (-30J)
CTOD – média**
EM13K
F7A4-EM13K
Composição Química (Valores Típicos)
0,05%
0,50%
1,40%
542MPa
644MPa
30%
76J
498MPa (como soldado) 510MPa (T.T.)
626MPa (como soldado) 620MPa (T.T.)
26% (como soldado) 25% (T.T.)
59J (como soldado) 91J (T.T.)
115J (como soldado) 147J (T.T.)
0,81mm (como soldado) 0,94mm (T.T.)
(*) Chapa de teste AWS
(**) Chapa de teste N-1859
Tabela 4: Características técnicas Filarc PZ 6138SR
Classificação AWS
Composição Química (Valores Típicos)
C
Si
Mn
Ni
Propriedades Mecânicas
Limite de escoamento*
Limite de resistência*
Alongamento*
Impacto (Charpy – V)*
Limite de escoamento – média**
Limite de resistência – média**
Alongamento – média**
Impacto face (Charpy – V)** (-30J)
Impacto raiz (Charpy – V)** (-30J)
CTOD – média**
E81T1-Ni1MJ
Composição Química (Valores Típicos)
0,05%
0,37%
1,24%
0,84%
530MPa
580MPa
31%
144J
445MPa (como soldado) 490MPa (T.T.)
625MPa (como soldado) 600MPa (T.T.)
23% (como soldado) 24% (T.T.)
124J (como soldado) 78J (T.T.)
130J (como soldado) 58J (T.T.)
0,66mm (como soldado) 1,13mm (T.T.)
(*) Chapa de teste AWS
(**) Chapa de teste N-1859
29
30
OUTUBRO
Nº
8
2007
Procedimento
de soldagem
A figura 5 apresenta o chanfro e
seqüência de passes de um dos procedimentos de soldagem qualificados
neste projeto onde foi utilizado, para
soldagem do passe de raiz, o eletrodo
revestido OK 48.08 e, para enchimento
e acabamento, o arame tubular Filarc
PZ6138SR. Na qualificação do procedimento foram soldadas chapas de teste
na posição vertical ascendente (3G – ascendente).
Características do procedimento
de soldagem qualificado estão listadas
na tabela 5 e os resultados dos ensaios
destrutivos obtidos durante a qualificação são listados na tabela 6.
Tabela 5: Procedimento de soldagem qualificado
Figura 5: Chanfro e seqüência de passes
todas
Posição de soldagem qualificadas
≥15°C
Pré-aquecimento
≤250°C
Temperatura entrepasses
OBS: Goivagem da raiz antes da soldagem do lado B
Raiz
OK 48.08
Consumível
E7018-G
Classificação
3,25mm
Diâmetro
CC+
Tipo de Corrente/Polaridade
95 – 127A
Corrente
19 – 25V
Tensão
≤3,7KJ/mm
Heat Input
Enchimento
Filarc PZ6138SR
Consumível
E81T1-Ni1MJ
Classificação
1,20mm
Diâmetro
75%Ar + 25%CO2 (15l/min)
Gás de proteção
Tipo de Corrente/Polaridade
CC+
Corrente
152 – 222A
Tensão
23 – 28V
Heat Input
≤2,4KJ/mm
Tabela 6: Resultados dos ensaios
executados para qualificação do procedimento
Tração
545MPa, fora da solda
545MPa, fora da solda
Dobramento lateral
0,8mm
0,8mm
Impacto (Charpy –V) -30°C
Centro da solda
ZTA
Linha de fusão – 2mm
Linha de fusão – 5mm
Dureza (HV)
Dentro dos valores especificados
Livre de descontinuidades
Livre de descontinuidades
65J / 103J / 78J (média 82J)
254 / 60 / 140 (média 185J)
279J / 246J / 284J (média 270J)
250J / 232J / 242J (média 241J)
OUTUBRO
Nº
8
2007
31
Puma
Smashweld nova geração:
série 0 produzida com sucesso
A
nova linha de máquinas para soldagem Smashweld, também chamada de SW, está cada vez mais
próxima de seu lançamento no
mercado. No dia 4 de setembro, foi iniciada a
montagem do primeiro lote dos equipamentos,
que terá no total 30 unidades. A fabricação da
série zero corresponde à fase 4 do Puma, metodologia de desenvolvimento de projetos usada pela ESAB e que possui seis etapas.
Para o engenheiro Flávio dos Santos, a utilização dessa metodologia é o fator de sucesso
da nova geração Smashweld, e o que torna a
linha tão importante para a ESAB. “Esse é um
dos principais projetos desenvolvidos dentro
do Puma, e que passou por todas as suas
fases. Isso permitiu que a Engenharia tivesse
um maior controle das ações, e promoveu um
amadurecimento contínuo dos processos e da
equipe, resultando num trabalho de maior qualidade”, comenta.
Outro ponto de destaque é o desenho
das máquinas. Ele segue uma determinação
da ESAB que pretende unificar o design dos
produtos de todas as unidades no mundo,
fortalecendo a identidade visual. É importante
salientar também que os equipamentos SW
foram desenvolvidos dentro das normas internacionais de segurança e confiabilidade.
Thiago Martins, da Engenharia de Processos, explica que essas características do
projeto provam que ele já está adaptado aos
padrões mundiais da ESAB. “As linhas estão
passando por um momento de reestruturação,
para melhorar itens como custo, funcionalidade e produção. A última geração Smashweld já
traz todos esses benefícios”, explica.
Superando expectativas
Na Fábrica de Máquinas, a montagem do
lote zero movimentou os colaboradores. Depois de um período de adaptação, a equipe se
empenhou na montagem dos equipamentos.
Thiago explica que a linha foi desenvolvida com
uma preocupação ergonômica, e por isso vai
melhorar as condições de trabalho, além de
tornar os processos mais rápidos e seguros.
Outra boa notícia é a melhora na produtividade, que já foi comprovada na fabricação
da primeira série. De acordo com Thiago, a
expectativa era que as 30 máquinas fossem
montadas em três dias, mas no segundo dia
de trabalho todas as unidades já estavam
prontas. “Não esperávamos essa capacidade
de produção tão alta. É um ótimo resultado.”
A nova linha SW já tinha sido apresentada
à equipe da fábrica, durante uma reunião da
célula de comunicação do setor, em junho. O
objetivo era adiantar algumas informações sobre as especificidades do projeto. Isaac Assis,
líder do setor, foi um dos colaboradores que
participou da reunião de apresentação do equipamento. Meses depois do primeiro contato,
disse estar animado com as máquinas novas.
“Dá pra ver que a produção vai melhorar, o processo está otimizado, a qualidade do trabalho
aumentou”, afirma.
Anderson Soares, montador da Fábrica,
também teve uma boa impressão do produto.
“A montagem está mais ergonômica e rápida.
Isso vai melhorar os processos e beneficiar o
cliente, nosso foco principal.”
Próximos passos
O Projeto Smashweld foi iniciado no final de
2006 pelo setor de Engenharia de Desenvolvimento de Máquinas. Mas, desde o lançamento
da primeira máquina, a linha vem passando por
alterações, completando quatro gerações: 250,
250E, 252 e 257. Nos próximos meses, o lote
zero será avaliado nas filiais da ESAB no Brasil e no exterior, além de passar por testes em
laboratórios externos e testes de campo com
alguns dos clientes. Este momento de provas e
verificações corresponde à etapa 5 do PUMA.
Depois de avaliadas, serão feitas as revisões necessárias nas máquinas, e começa a
preparação para o lançamento dos produtos.
Esta é a última fase do desenvolvimento do
projeto, e consiste na produção e acompanhamento dos equipamentos. De acordo com
Flávio dos Santos, a previsão é que, no início
de 2008, a linha SW já esteja sendo fabricada
para o mercado.
Processo otimizado melhorará a produção
e a qualidade do trabalho
32
OUTUBRO
Nº
8
2007
Responsabilidade Social
ESAB comprometida com ações sociais
Cidades da Solda é o principal projeto
apoiado pela empresa
Reportagem e redação
Paulo Cunha
H
á dois anos, a ESAB, jun-
Com o objetivo de capacitar jovens
tamente a outras empre-
para trabalhar como soldadores e ma-
sas sediadas em Conta-
çariqueiros, colaborando diretamen-
gem – MG, a prefeitura do
te para sua inserção no mercado de
município, a Federação das Indústrias
trabalho, o projeto Cidades da Solda
do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o
disponibiliza para esses jovens uma
Senai e Sebrae-Minas, com apoio do
oficina didática de soldagem onde são
Prominp, iniciaram o projeto Cidades
realizados os cursos e treinamentos.
da Solda, no Bairro Funcionários, um
A ESAB, que participa do projeto fa-
dos mais carentes do município. Inau-
zendo a doação de vários equipamen-
gurado em julho de 2005, o Cidades da
tos de solda utilizados na montagem
Solda, em Contagem, está sediado no
das oficinas, oferece todo o suporte
Cacad Lucas Braga (Centro de Atenção
técnico aos profissionais responsáveis
à Criança e ao Adolescente), instituição
por ministrar os cursos, e também co-
de ensino da prefeitura.
labora absorvendo parte da mão-de-
OUTUBRO
Nº
8
2007
33
Responsabilidade Social
obra formada na oficina, proporcionan-
sendo que 85% deles conseguiram o
do a muitos jovens a oportunidade do
primeiro emprego logo após o encer-
primeiro emprego.
ramento do curso. Em agosto, teve iní-
Todas as empresas que participam
cio a terceira turma, composta por 32
do Cidades da Solda assumem os
alunos, que passam a ter um incentivo
custos com a infra-estrutura das ins-
especial. “As empresas conveniadas ao
talações, uniformes, materiais, entre
Senai estão oferecendo aos estudantes
outras coisas. O curso tem duração de
o pagamento de uma bolsa de estudos
três meses e os alunos aprendem os
de meio salário mínimo e vale-transpor-
processos de soldagem, recebem co-
te. O Cacad entra com o espaço para
nhecimentos teóricos de matemática,
o projeto e a alimentação”, explica Irmã
qualidade, segurança, meio ambiente e
Rita.
relações interpessoais. Um dos objeti-
Aluna da terceira turma, Cristiane
vos do projeto é não só formar o aluno
Barbosa Siqueira, 19 anos, que conhe-
para desempenhar uma função especí-
ceu o Cidades da Solda através do seu
fica, mas também que ele adquira co-
irmão, que se formou como soldador
nhecimento suficiente para solucionar
no projeto, está animada com a oportu-
problemas no dia-a-dia da profissão.
nidade de aprender uma profissão. “Os
Podem se inscrever no curso jovens
professores são ótimos e esta é uma
entre 18 e 24 anos, que tenham cursa-
oportunidade importante para eu con-
do pelo menos até a 6ª série do ensino
seguir conquistar os objetivos que de-
fundamental, que estejam desempre-
terminei para minha vida”, conta. Sobre
gados e em situação de risco social.
a bolsa de estudos, Cristiane diz que é
Oficina didática de soldagem com
equipamento da ESAB
um grande incentivo. “Fazendo o cur-
Formando novos
profissionais e cidadãos
so, sei que seria beneficiada no futuro,
mas com a bolsa, já tenho o beneficio
desde agora e isso é muito bom.”
O sucesso da implantação de um
Outro participante do curso, Anilton
projeto como o Cidades da Solda de-
Oliveira, 20 anos, que foi aluno do Ca-
pende tanto do investimento das em-
cad na infância, aguardou ansiosamen-
presas e entidades participantes como
te a oportunidade de entrar no projeto.
também da instituição que abriga e
“Só estava fazendo bicos e o curso
mantém o dia-a-dia do projeto em
chegou na hora certa. Agora terei uma
cada localidade. O Cacad (Centro de
profissão. O que eu gosto aqui é que,
Atenção à Criança e ao Adolescente)
além de aprender sobre soldagem, o
Lucas Braga, que recebe o projeto em
curso também ensina como devemos
Contagem, é um exemplo de sucesso
nos comportar nas empresas, nas en-
na condução do projeto. Acompanhar
trevistas de trabalho, como fazer um
a rotina dos alunos, cobrar a presença
currículo e nos relacionar com as pes-
e incentivá-los ao estudo são algumas
soas”. Anilton destaca que vários de
das tarefas fundamentais nesse pro-
seus amigos de bairro estão interessa-
cesso de profissionalização.
dos em participar do Cidades da Solda
Para a coordenadora do Cacad Lucas Braga, Irmã Rita Silva, “a oportunidade para esses jovens participarem
do projeto é essencial para ajudá-los a
e também vislumbram uma oportunidade de ter uma profissão.
Outras iniciativas
abrir portas no mercado de trabalho”.
O projeto Cidades da Solda tem
Até julho de 2007, o projeto formou
despertado o interesse de outros mu-
duas turmas, totalizando 35 alunos,
nicípios de Minas Gerais e de outros
Cristiane Barbosa e Anilton Oliveira fazem
parte da terceira turma do Cidades da Solda
34
OUTUBRO
Nº
8
2007
Responsabilidade Social
O presidente da ESAB, Dante de Matos,
em cerimônia de inauguração de mais
um Cidades da Solda, em Betim-MG.
Acima, Dante ao lado do representante
da ONG Missão Ramacrisna, Américo
Amarante, e do prefeito de Betim,
Carlaile Pedrosa.
Estados do país, como Pernambuco,
partir de 6 anos de idade e atende, por
Rio Grande do Norte, Paraná, São
ano, cerca de três mil pessoas. Para
Paulo. Em Minas Gerais, a ESAB tem
os 486 alunos do ensino fundamental
participação no projeto em outras duas
de cinco escolas públicas da região
localidades: Betim, na região metropo-
rural de Betim, a Missão Ramacrisna
litana de Belo Horizonte, e Coronel Fa-
oferece ação complementar com auxí-
briciano, no Vale do Aço. Existe ainda
lio pedagógico, além de cursos profis-
o interesse de replicação deste mode-
sionalizantes para jovens em situação
lo em outras cidades de Minas Gerais,
de risco social, moradores de todos os
como Ibirité, atualmente em processo
bairros de Betim. A chegada do proje-
de assinatura dos convênios, Vespa-
to Cidades da Solda em Betim, certa-
siano, Belo Horizonte e outra unidade
mente, repetirá o sucesso já visto em
em Contagem.
Contagem.
Em Betim, o projeto inaugurado em
Já na cidade de Coronel Fabricia-
18 de setembro, com a presença do
no, foi assinado no segundo semestre
presidente da ESAB, Dante de Matos,
de 2006 o protocolo de intenções para
segue os mesmos moldes do que foi
a instalação do projeto que será con-
implantado em Contagem. Neste caso,
duzido pela Associação Solidariedade
a entidade que irá abrigar o Cidades
Brasil-Togo (ASBT). De acordo com
da Solda é a Missão Ramacrisna, uma
este protocolo, a prefeitura da cidade
organização não-governamental com
será responsável pela remuneração
quase 50 anos de história e reconheci-
do profissional, pelo fornecimento do
da internacionalmente pelos trabalhos
material didático e pelo pagamento de
que desenvolve no terceiro setor. As
água e luz do imóvel. O Senai-MG esta-
aulas do curso já tiveram início.
belecerá as diretrizes pedagógicas e a
Novamente, a participação de uma
ASBT vai fazer a seleção dos estudan-
instituição forte é o ponto-chave para
tes, além de disponibilizar o espaço. A
o sucesso do projeto em Betim. A Mis-
data para o início dos cursos nesta lo-
são Ramacrisna atua com crianças a
calidade ainda não está definida.
Prêmio Top Social ADVB 2007
O projeto Cidades da Solda recebeu da Associação dos Dirigentes
de Vendas e Marketing do Brasil,
seção Rio de Janeiro (ADVB-RJ), o
prêmio Top Social ADVB-RJ 2007,
numa cerimônia realizada no Clube
Monte Líbano, no Rio de Janeiro, no
último dia 21 de agosto. O projeto
foi um dos 22 vencedores desta premiação concedida a empresas que
se destacam pela prática de ações
socialmente responsáveis.
Concebido no âmbito do Fórum
Regional do Prominp em Minas Gerais, o projeto tem o objetivo de formar soldadores e maçariqueiros em
comunidades carentes, próximas às
unidades industriais fornecedoras
de bens e serviços, para atender à
demanda dos grandes investimentos
planejados para os próximos anos
nos setores de petróleo e gás, siderurgia, mineração, papel e celulose.
Esta é a segunda premiação conquistada pelo projeto. Em 2006, com
este mesmo tema, Cidades da Solda
– Um projeto de Responsabilidade Social, o projeto ficou com o primeiro lugar
em Responsabilidade Social do Prêmio
Apoena do Abastecimento Sede.
Download

Outubro de 2007