AVALIAÇÃO DE UMA SEMEADORA TIPO TUBO ROLANTE E COMPARAÇÃO COM O PLANTIO MANUAL ULTILIZANDO DE SEMENTES DE REPOLHO Mateus Guilherme de SOUZA1, Rafael DALMÔNICO1, Matias Bento BACHMANN1, Fabrício Campos MASIEIRO2, Ricardo Kozoroski VEIGA3. 1 Estudante IFC- Campus Rio do Sul, 2 Professor co-orientador IFC-Campus Rio do Sul, 3 Professor orientador IFC-Campus Rio do Sul. Introdução Ao contrário dos grandes produtores que realizam o trabalho de semeadura com o uso de sistemas automáticos e de alta tecnologia, os pequenos agricultores encontram grande dificuldade de fazer a semeadura direta de pequenas sementes, normalmente de hortaliças, e ainda enfrentam problemas como a grande demanda de mão de obra, o desperdício de sementes e o custo total final para produção. Um exemplo é a cultura da cenoura (Daucus carota), que segundo Figueira (2000), é uma cultura que necessita após a germinação fazer o distanciamento para um crescimento vigoroso, como a semeadora realiza uma distância adequada das sementes, não necessitando realizar este distanciamento, reduzindo assim o custo com a mão-de-obra e o gasto com sementes. Esta pesquisa teve como objetivo encontrar uma solução fácil e de baixo custo para esses pequenos produtores que não possuem condições de adquirir um trator (ou algum implemento/máquina tecnológica de alto valor comercial), através do uso de uma semeadora manual de tubo, que além de possuir fácil manuseio, diminuirá o desperdício de sementes e o tempo para plantio, além de evitar futuros problemas de saúde ao agricultor, relacionados à postura imposta para o trabalho de semeadura à mão. O sistema de tambor rolante tem algumas especificações, conforme Mialhe (2012), a semeadora manual de tambor rolante possui um cilindro com rodas de diâmetro cujo eixo se acopla um cabo de condução. As sementes são colocadas no interior do cilindro e chegam até o solo através de orifícios feitos ao redor da sua circunferência, sendo desprovido de órgãos para ação no leito de semeadura, sendo um equipamento elementar, exige que os sulcos sejam abertos previamente no solo em lavouras de sequeiro. Após a semeadora passar por determinado local, o operador faz cobertura das sementes, colocando uma pequena porção de solo sobre a semente que pode ser feito até mesmo com seus próprios pés. Nas quadras irrigadas, as sementes chegam diretamente ao solo com alto teor de umidade que necessitara da passagem de uma prancha para sua inserção na capa superficial do solo de consistência pastosa. A Semeadora Manual de Pequenas Sementes soluciona parcialmente esses problemas, o protótipo funciona simplificadamente, ela semeia em uma distância apropriada, evitando assim o desperdício das sementes, e uma pessoa sozinha conseguira comandar a semeadora, pois ela é muito leve, fazendo assim com que a mão de obra reduza significativamente. Material e Métodos O desenvolvimento da semeadora foi realizado no Instituto Federal Catarinense, Campus Rio do Sul, em sala de aula e no Laboratório de Mecanização Agrícola. O protótipo do sistema de semeadura em cilindro foi desenvolvido pelo agricultor Orlando José de Souza, de Alfredo Wagner, SC, que o utilizava para semear a cultura da cenoura (Daucus carota) por volta da década de 1990, mesmo modelo ainda utilizado nos dias atuais. Para viabilizar os testes de desempenho, foram necessárias algumas modificações e restauração do protótipo. Foram lixadas e pintadas as partes metálicas. Já os componentes em PVC foram limpos. A desmontagem permitiu a visualização de um detalhe fundamental para seu funcionamento, que são os furos para queda da semente, cuja parte interior do cilindro apresenta chanfros para condução das sementes através dos furos. Para realização dos testes foram utilizadas sementes de repolho (Brassica oleracea) em um canteiro do setor Agricultura I do IFC. O canteiro foi separado em 4 partes de 1,20 m por 0,83 m, que resultou em aproximadamente 1 m². Foram semeadas 3 partes com o protótipo e apenas 1 no método convencional ou seja manual. Para a utilização do protótipo foram realizadas variações na velocidade de semeadura, analisados distanciamento, densidade e dispersão de sementes dos aglomerados, número de sementes por 100 cm² e o tempo para semear 1 m² (10 linhas de 1,2m). Calculou-se as velocidades médias da semeadura de cada canteiro e o tempo necessário para semear 1 hectare. As medidas lineares foram realizadas com uso de trena e paquímetro e a velocidade calculada empregando também relógio. Resultados e discussão Na tabela 1 e 2, podemos observar os resultados dos testes realizados com o protótipo e no método convencional, no 1º canteiro que foi realizado os testes com o protótipo, pode-se observar que com uma velocidade maior, (1,09 km/h), as sementes caíram cerca de 2 a 3 sementes por aglomerados, que eram depositadas pelos orifícios do tubo semeador, com uma precisão de aproximadamente 70 mm e variação de 5 mm, a densidade de sementes numa pequena área de 100 cm² (10 cm x 10 cm), com 3 a 6 sementes nesta área, com o pequeno número de sementes depositadas ao solo. O tamanho dos aglomerados foi pequeno de 2 a 3 mm. Neste primeiro teste foi levado um menor tempo que os demais, 39 segundos, em uma projeção de uma área de 1 ha, 10000 m², levaria um tempo de aproximadamente 110 horas 9 minutos. O 2º canteiro semeado com o protótipo, a semeadura foi realizada em uma velocidade menor, de 0,96 km/h, as sementes foram depositadas ao solo em cerca de 5 à 6 sementes por aglomerado, a precisão de deposição também foi 70 mm, com uma variação de 4,5 mm. A densidade de sementes na área de 100cm², foi de 4 a 7 sementes, Neste segundo teste foi levado um maior tempo em relação ao primeiro, 44 segundos, na projeção para 1 ha levaria um maior tempo, aproximadamente 124 horas e 4 minutos. O 3º canteiro semeado com o protótipo foi semeado com a menor velocidade, cerca de 0,79 km/h, a deposição de sementes, foi obtida uma distancia de 70 mm, com uma variação de ate 4 mm, com o número de sementes por aglomerado foi de 6 à 9 sementes, na área de 100 cm², foi contabilizada de 8 a 12 sementes, com a mesma relação de velocidade e quantidade de sementes por aglomerado, obteve-se o tamanho dos aglomerados de 8 à 10 mm, como este último teste com o protótipo foi o que mais demorou para ser semeado, a projeção para 1 hectare o tempo obtido foi de 152 horas e 38 minutos. Já o canteiro que foi semeado de modo convencional (manual), a velocidade foi exacerbadamente menor, aproximadamente 0,3 km/h. A distancia entre aglomerados de sementes teve uma grande imprecisão com diferença de 83 mm à 113 mm, com uma variação grande de 30 mm, as sementes nos aglomerados foi muito imprecisa e com um alto desperdício, com 8 à 17 sementes. Na área de 100 cm², foram contabilizadas 10 à 19 sementes, a relação entre a velocidade e a quantidade de sementes depositadas ao solo não se aplicou a este teste, a velocidade foi menor e a quantidade de sementes por aglomerado foi maior, mas essa relação se deve principalmente pela imprecisão humana, já que não havia nenhum tipo de instrumento para medida da distancia e quantidade de sementes, como realmente é no método convencional, o tamanho dos aglomerados também foi maior, de 13 à 18 mm, o tempo também foi maior, 2 minutos e 24 segundos, a projeção para semeadura em 1 ha tomaria um tempo em torno de 400 horas e 38 minutos. Canteiros Distância entre aglomerados 68,00 - 74,00mm Densidade de sementes em 100 cm² 3 - 6 sementes Nº de sementes por aglomerado 2 - 3 sementes Tamanho dos aglomerados em linha 2,00 - 3,00mm 1ª Repetição Semeadora 2ª Repetição Semeadora 3ª Repetição Semeadora Processo Manual 66,50 - 72,00mm 4 - 7 sementes 5 - 6 sementes 6,00 - 8,00mm 67,00 - 72,00mm 8 - 12 sementes 6 - 9 sementes 8,00 - 10,00mm 83,00 - 113,00mm 10 - 19 sementes 8 – 17 sementes 13,00 - 18,00mm Tabela 1 – Quantidade de sementes e distancias pelos processos manual e semeadora. Canteiros 1ª Repetição 2ª Repetição 3ª Repetição Processo Manual Tempo de semeadura em 1m² 39,68 s 44,98 s 54,99 s 144,21 s Velocidade de Semeadura 1,09 km/h 0,96 km/h 0,79 km/h 0,3 km/h Tempo de semeadura em 1 ha 110h 9min 124h 4min 152h 38min 400h 33min Tabela 2 – Tempo de operação e velocidade pelos processos manual e semeadora. Nos testes com o protótipo, podemos observar uma relação entre a velocidade, sementes por aglomerados, e tamanho dos aglomerados, o que pode ser observado foi que quando menor a velocidade, pior foi a semeadura, com maior desperdício de sementes e maior foram as dispersões dos aglomerados. Com maior velocidade obteve-se melhores resultados quanto a quantidades de sementes depositadas ao solo. Conclusão Pode-se concluir que o sistema de semeadura por tambor rolante apresenta uma grande precisão, com pequena variação (poucos milímetros) em relação ao sistema de semeadura manual. Constatou-se que uma das desvantagens deste sistema é ausência de sulcador para facilitar deposição de sementes e elemento para fazer sua cobertura após a deposição. Como a maior velocidade de semeadura resultou em melhores valores de dispersão e posicionamento, sugere-se nova pesquisa com velocidades superiores. Faz-se necessário e estudo ergonômico e funcional de equipamento com depósito de semente com maior capacidade do que o apresentado pelo protótipo. Com isso vislumbram-se ganhos econômicos pela menor necessidade de parada para reposição das sementes. Referências FIGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agro tecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. p.310-311. MIALHE, L. G. Máquinas agrícolas para plantio. Campinas: Millennium, 2012. xxiv, p. 73,86.