FICHA TÉCNICA
ITINERARIUM STCP
Nº 6 - Abril a Junho 2009
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Agenda Setting
Gabinete de Comunicação e Relações
Institucionais (STCP, S.A.)
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Edição e Propriedade
STCP, S.A.
Impressão
Tecniforma Print
Depósito Legal
274128/08
ISSN
1646-9291
Registo ERC
Isento, ao abrigo do Decreto Regulamentar
8/99, de 9 de Junho
Tiragem
20.000 exemplares
Periodicidade
Trimestral
Newsletter STCP
Nº06 Abr Mai Jun 2009
itinerarium STCP
Itinerário 202
04 05 A MINHA LINHA
Serralves em Festa
06 07 AS NOSSAS NOTÍCIAS
D. Manuel Clemente
Bispo do Porto
08 09 O QUE DIZEM
A Primavera de 2009 não
representou, como normalmente,
aquela perspectiva optimista que
acompanha o nascer das flores e
o anúncio da luz e do calor do
Verão que lhe sucede.
António Augusto Ribeiro:
uma vida de dedicação à STCP
10 11 AS NOSSAS ESTÓRIAS
Matriz Origem-Destino na
STCP
Uma melhor compreensão da
mobilidade
Serralves
14 É DO NORTE
Curitiba, um “case study”
do mundo dos transportes
14 CURIOSIDADES DO MUNDO
DOS TRANSPORTES
02 03 A CIDADE + EDITORIAL
12 13 PRESENTE E FUTURO
A consolidação da crise que assolou o
mundo – fazendo estremecer mesmo as
estruturas aparentemente mais sólidas – e
o surgimento do risco de uma pandemia
de gripe mantiveram o horizonte sombrio,
fazendo perdurar um sentimento pesado
de Inverno.
Também a STCP, consciente do seu papel
perante todos os colaboradores que nela
trabalham e perante a comunidade que
serve, procurou participar activamente no
planeamento das medidas de prevenção da
epidemia da gripe A/H1N1 com a
divulgação, a partir de Abril, dos
procedimentos preventivos determinados
pela Direcção-Geral de Saúde, quer a nível
interno quer junto dos clientes através da
colocação de cartazes no interior das suas
viaturas.
Elaborou e aprovou, em Maio, o Plano de
Contingência da Gripe A/H1N1, com o
planeamento das acções e medidas a adoptar
se e quando a pandemia exigir intervenção,
considerando os diversos níveis de
disseminação e gravidade que podem ser
atingidos.
Apesar das vozes precipitadas que sempre
consideram exagero e gasto inútil o
investimento na prevenção, é inquestionável
que todos os casos potenciais de infecção
que possam ser evitados e quanto maior o
número de cidadãos com vacinação ou
tratamento assegurado, melhor será a defesa
de todos contra um risco que só memórias
curtas que tenham esquecido os surtos de
pandemia de gripe ocorridos no passado,
com perda de muitos milhares de vidas,
poderão irreflectidamente ignorar.
Embora na expectativa de que a acção
concertada da O.M.S. com as autoridades
de cada país possa minimizar e conter os
riscos de pandemia em níveis controláveis,
compete também a cada um de nós e, em
especial, a empresas com forte contacto
diário com a população, como é o caso da
STCP, coordenar a sua actuação
organizadamente para protecção simultânea
dos seus trabalhadores e familiares e das
centenas de milhar de pessoas que
diariamente utilizam o seu serviço.
O nosso desejo é que a prevenção adequada
evite males maiores e com esse objectivo
tudo faremos para que, também neste campo,
a STCP seja um exemplo a seguir.
Fernanda Meneses
Presidente Conselho Administração STCP
Construído no século XV, durante a guerra da
Restauração, o Castelo do Queijo é uma pequena
fortificação defensiva, situada na Praça Gonçalves
Zarco. Com o nome oficial de Forte de S. Francisco
Xavier, ganhou o nome pelo qual é mais conhecido
por estar assente em rochedos em forma de
queijo. É composto por espessas paredes e amplas
plataformas de tiro, tendo um delineamento
angular. Todo este conjunto arquitectónico faz
deste castelo uma belíssima obra de arte.
Pertencendo à Delegação Norte da Associação
de Comandos é actualmente utilizado como palco
para eventos culturais e de animação, constituindo
um dos melhores pontos da cidade do Porto para
se observar o pôr-do-sol.
Castelo do Queijo
Freguesia portuguesa do concelho do Porto,
Nevogilde caracteriza-se por ser uma freguesia
marítima, tendo sido apenas no fim do século XIX
que começou a fazer parte da cidade e do concelho.
Em Nevogilde fica localizada a Igreja de São
Miguel de Nevogilde, erguida no século XVIII,
quando a freguesia contava ainda com poucos
habitantes, ligados essencialmente ao trabalho
agrícola. De pequenas dimensões, a Igreja contém
apenas uma nave e uma capela-mor, e expressa
a exuberância do barroco joanino.
Com um manancial de belas zonas residenciais,
a freguesia de Nevogilde tem sofrido um
considerável desenvolvimento.
Castelo do Queijo
Para mais informações vá a:
www.itinerarium.pt
Tendo sido ali instalada a partir do nome da
estátua, a praia do Homem do Leme tem
um pequeno areal, frequentado
maioritariamente por famílias e habitantes
locais. Localizada numa zona de forte pressão
antrópica da cidade do Porto, a praia do
Homem do Leme é, em termos geológicos,
uma praia do tipo rochoso com um declive
que varia entre 0º e 85º. Apesar da pequena
extensão de areal, esta praia tem sido
classificada com bandeira azul.
Praia do
Homem do
Leme
Lóios
Castelo do Queijo
Nevogilde
202
04 05 A MINHA LINHA
Igreja da Trindade
Localizada na Praça da Trindade, a Igreja da
Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade
situa-se nas traseiras da Câmara Municipal do
Porto. A sua construção ocorreu durante o século
XIX e reflecte o gosto pelo estilo neoclássico,
possuindo alguns detalhes barrocos.
Apesar das várias alterações ao projecto inicial,
a Igreja abriu as suas portas em 1841, ainda
sem capela-mor, tendo ficado concluída em 1892.
A frontaria da igreja é de tipo clássico, erguendose no cimo de uma larga escadaria, estando
dividida em duas áreas. No interior é de salientar
a qualidade técnica do trabalho em mármore e
os retábulos de talha dourada, destacando-se o
retábulo-mor, da autoria do arquitecto José
Marques da Silva.
Edificado de raiz na Avenida da Boavista,
por vontade do rei D. Pedro V, o Hospital
Militar serve as Forças Armadas, a GNR e
a PSP. Nos últimos anos começou a abrir as
portas à sociedade civil, tendo celebrado
protocolos tanto com o Hospital de Pedro
Hispano, a nível de cuidados intensivos, como
com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel
Salazar, no campo da Medicina de Catástrofe
e na troca de conhecimentos. Sob o lema
"Aqui não há inimigos senão a doença", o
Hospital Militar D. Pedro V tem 110 camas,
112 médicos, dos quais 46 são militares, e
não tem listas de espera.
Hospital Militar
Lóios
Lóios
O Largo dos Lóios, cujo processo de construção
e consolidação se concluiu no princípio do
século XIX, inclui alguns edifícios com grande
valor arquitectónico. Alguns deles formam
conjuntos que marcam a qualidade
arquitectónica do local; outros, individualmente,
contribuem para a beleza do Largo. Um bom
exemplo disto mesmo é a casa brasonada
de arquitectura simples que se pode ver
constituída por um piso térreo, sobreloja e
andar nobre, este com as janelas de sacada,
sendo as restantes de peitoril.
O Largo dos Lóios está inserido numa área
classificada como Património Mundial da
Humanidade.
E como a cidade tem nos milhares de estudantes
que a frequentam clientes especiais, é na Queima
das Fitas que, mais uma vez, a STCP facilita o
transporte nas noites em que todos os caminhos
vão dar ao Queimódromo.
Foram disponibilizados serviços especiais para
garantir a ligação directa da Baixa ao
Queimódromo e da Areosa / Hospital S. João
também ao Queimódromo. Os estudantes
puderam viajar de forma gratuita, graças a um
acordo estabelecido entre a STCP e a FAP. No
dia do cortejo, 5 de Maio, foi ainda feito um
reforço adicional no vaivém que partia da
Trindade, uma vez que a Avenida dos Aliados
estava cortada ao trânsito.
Aliados recebem
quiosque da STCP
para promoção turística
STCP reforça ligação
a Vila d’ Este
A STCP, com o objectivo de melhorar o serviço
prestado, deu resposta aos pedidos dos moradores
de Azevedo, em Campanhã, mais concretamente
da zona de Areias, e prolongou até lá a linha
ZR que vem do Freixo.
Uma mudança que é uma mais valia para a
população local, mas que serve também de elo
de ligação para turistas uma vez que a linha ZR
liga a Baixa à zona oriental da cidade.
O percurso desta linha garante passagem pela
marginal do rio Douro e ainda proporciona
paragem no Museu dos Transportes, no Museu
da Imprensa, no Funicular dos Guindais e ainda
no Palácio do Freixo.
A STCP associou-se à edição 2009 do “Serralves
em Festa” com a criação de dois vaivéns especiais
que ligaram o local do evento à Casa da Música
e ao parque de estacionamento do Queimódromo.
Este último vaivém foi gratuito para os utilizadores
que estacionaram a sua viatura no parque
especialmente criado pela organização.
Além destes dois vaivéns, todos os outros serviços
regulares da STCP que servem Serralves foram
também assegurados.
Para facilitar a mobilidade a todos os passageiros,
as paragens incluídas neste serviço especial
“Serralves em Festa” estavam devidamente
identificadas com placas alusivas ao evento.
STCP tem novo Conselho
de Administração
A STCP está atenta às necessidades dos concelhos
que serve e quando há um evento importante,
os autocarros estão lá e de serviço reforçado.
Os exemplos são muitos: S. João, a Noite dos
Museus a 16 de Maio, o dia Mundial da Criança
no primeiro dia de Junho e ainda as Olimpíadas
do Ambiente da Universidade Católica.
O quiosque da STCP da Avenida dos Aliados
abriu ao público no passado dia 7 de Maio.
Trata-se de um novo posto de atendimento, que
vai funcionar como pólo de promoção e venda
de produtos turísticos da STCP Serviços.
O Conselho de Administração esteve presente
na cerimónia de abertura ao público deste
importante veículo promocional da empresa.
O quiosque foi objecto de obras profundas de
requalificação, tendo mantido na parte inferior
um espaço de apoio ao Departamento de
Operações (DOP), agora com condições
melhoradas.
“Serralves em Festa”
com a STCP
STCP apoia a cidade
em todas as festas
06 07 AS NOSSAS NOTÍCIAS
Prolongamento da
linha ZR para melhor
servir os clientes
Desfile dos Carros
Eléctricos anima as
ruas do Porto
A história passeou pelas ruas do Porto. Foram
peças de arte que desfilaram pelos carris da
cidade invicta. A 18ª edição do Desfile dos Carros
Eléctricos, organizada pela STCP, decorreu no
dia 2 de Maio.
A iniciativa proporcionou, mais uma vez, o
reavivar de lembranças de outros tempos. Para
uns, recordações antigas e para outros, uma
novidade divertida, a verdade é que os eléctricos
não passaram despercebidos a ninguém.
Dez veículos, os mais belos da colecção do Museu
do Carro Eléctrico, percorreram a linha da
Marginal. Os veículos, nove deles a tracção
eléctrica, são representativos da história e das
memórias dos transportes colectivos na cidade
do Porto, desde o início do século XX até aos
anos 30.
Portuenses e turistas puderam ver passar e
também passear a bordo destas relíquias, com
destaque, sobretudo, para os carros eléctricos
n.ºs 100, 104 e 163, numa recriação dos
primeiros anos dos transportes públicos da cidade
do Porto.
A STCP obteve no passado mês de Maio a
concessão provisória de uma nova linha de
ligação ao Porto pela Ponte da Arrábida (Boavista
– Vila d’ Este), agora em fase de regularização
administrativa formal.
Esta nova linha vem reforçar a ligação a Vila
d’Este bem como melhorar o serviço desta área
urbana de Gaia, sendo também um valor acrescido
nas condições de mobilidade para parte dos
cidadãos do Porto.
A obtenção surge do pedido feito pela STCP ao
Instituto de Mobilidade de Transportes Terrestres
(IMTT) para a concessão de uma nova linha pela
Ponte da Arrábida.
Foi eleito, no dia 16 de Abril, o novo Conselho
de Administração da STCP para o triénio 20092011. Fernanda Meneses preside a equipa e
tem como vogais Jorge Freire, Paulo Sá, Rui
Saraiva e Sandra Lameiras.
A eleição decorreu durante uma assembleiageral da empresa, na qual foram também
apresentadas as contas de 2008.
B.I.
1. Em Fevereiro cumpriu dois anos como Bispo do
Porto. Qual é a análise que faz do trabalho que tem
vindo a desempenhar na diocese?
Faço uma análise positiva, sobretudo pelo trabalho
dos outros, isto é, tenho encontrado na Diocese do
Porto muita gente disponível e comprometida para
levar esta aventura evangélica por diante. Nesse
sentido, tem sido uma experiência muito positiva
porque, antes de mais, é uma opção pessoal mas
depois essa opção é muito reforçada por aquilo que
vê nas outras pessoas e, nesse sentido, aqui a
convivência com os cristãos e as cristãs na Diocese
do Porto é muito positiva, muito estimulante.
2. Quais são os principais desafios a que pretende
dar resposta?
O grande desafio é que nós sendo referência do
Evangelho de Jesus Cristo sejamos mesmo cristãos
no sentido de aprofundar melhor as nossas motivações,
e isso tem tudo a ver com o aprofundamento social
e cultural. A partir daí também devemos ser mais
consequentes na nossa actuação. É fundamental
também que aprendamos uns com os outros,
aprofundemos as nossas motivações evangélicas e
depois sejamos capazes de as reproduzir na nossa
sociedade de hoje. Temos um núcleo de convicções
e de práticas que nos fazem cristãos propriamente
ditos e que nos são próprios, devemos vivê-los e
oferecê-los a quem quiser vir connosco.
3. Se tivesse que fazer um diagnóstico sócio-económico,
como caracterizaria a cidade do Porto?
A cidade do Porto é o concelho mais envelhecido
da Diocese e isso levanta problemas próprios, como
é o caso do apoio inter-geracional. Há inúmeras
pessoas abandonadas, o que nos pede a nós em
termos de prática cristã muita atenção com esses
nossos irmãos e irmãs mais idosos, muitos dos quais
já nem saem de casa. Algumas das coisas mais
bonitas que acontecem aqui nas nossas paróquias
da diocese do Porto são o apoio sócio-caritativo das
instituições, os apoios domiciliários, as visitas, as
confrarias vicentinas, os apoios da Caritas e a obra
diocesana de promoção social. Por outro lado, o
Porto é uma cidade cheia de possibilidades de
convivência, só que são convivências vazias, temos
praças e lugares muito bonitos, mas a partir do fim
da tarde estão desertos, e as pessoas têm até receio
de os ocupar, sendo preciso contrariar essa situação.
Desde há dois anos atrás, que a Diocese do Porto
tem organizado no centro histórico do Porto uma
série de tertúlias e é muito gratificante ver que se
reúnem sempre mais de 100 pessoas vindas de
vários sítios, que partilham experiências e
conhecimento, conversam, ouvem música... Tem que
ser feito muito mais para que a cidade seja isso
mesmo: um conjunto de cidadãos e não um conjunto
de ruas desertas.
08 09 O QUE DIZEM
D. Manuel Clemente
Bispo do Porto
D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente
nasceu em S. Pedro e S. Tiago, Concelho de Torres
Vedras, a 16 de Julho de 1948. Após concluir o
curso secundário, frequentou a Faculdade de Letras
de Lisboa onde se formou em História. Ingressou
no Seminário Maior dos Olivais, e licenciou-se em
Teologia pela Universidade Católica Portuguesa,
tendo-se doutorado em Teologia Histórica em 1992.
Em 1975 começou a leccionar História da Igreja
na Universidade Católica Portuguesa tornando-se,
mais tarde, director do Centro de Estudos de História
Religiosa dessa mesma Universidade. Foi ordenado
presbítero em 1979, e desde então foi cónego da
Sé de Lisboa, Reitor do Seminário Maior dos Olivais
e Coordenador do Conselho Presbiteral do Patriarcado.
Em 2000 foi ordenado Bispo Auxiliar de Lisboa,
na Igreja de Santa Maria de Belém, e foi também
Coordenador da Comissão Preparatória da
Assembleia Jubilar do Presbitério para esse ano.
Em 2002 tornou-se Promotor da Pastoral da Cultura
na Conferência Episcopal Portuguesa.
Em Fevereiro 2007, assumiu as funções de
Bispo da Diocese do Porto.
Actualmente é Presidente da Comissão Episcopal
da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais
e, devido ao seu prestígio e à sua experiência de
vida, como Bispo e professor, tornou-se colaborador
habitual dos programas "Ecclesia" (RTP2).
4. Numa época em que a crise acompanha a nossa
vida quotidiana , qual é o papel da igreja na sociedade
actual?
A igreja é uma proposta cultural que permite tirar
do evangelho uma série de perspectivas e significados
para a vida, no aspecto propriamente cultural. Mas
depois há esse outro aspecto sócio-cultural onde a
igreja se reafirma como tal. Igreja quer dizer
assembleia, reunião e numa sociedade, não só na
portuense mas na portuguesa em geral, a principal
contribuição que a igreja católica dá é proporcionar
o encontro de uma parte significativa da população
de forma periódica, completamente gratuita, interclassista e inter-racial.
Este é um óptimo factor de coesão para a sociedade
e nem consigo imaginar o que seria da sociedade
portuguesa se desaparecesse a rede das mais de
quatro mil paróquias, que são uma rede básica de
sociabilidade. Eu creio que essa é a grande
contribuição que a igreja dá à sociedade,
concretamente a igreja católica, não pela perspectiva
individualista da religião uma vez que a nossa
tradição católica é muito comunitária, muito
vinculada à presença de um factor de unificação
muito forte. As pessoas reúnem-se para o culto,
encontram-se e a partir daí também surgem
iniciativas, quer no campo sócio-caritativo, quer no
campo cultural. E isto é que a igreja tem que fazer
porque nós estamos a atravessar o centro de uma
crise, um período completo de mudança da nossa
sociedade e da nossa sociabilidade que já não é
o que era e não se sabe muito bem o que vai ser.
São necessários focos de agregação, de encontro,
e aí a igreja, uma igreja como a católica que é
muito convivencial, tem um papel extraordinário.
5. Muitas são as paróquias que se queixam de perda
de participação por parte da comunidade e é conhecida
a carência de vocações para o sacerdócio. Porque é
que a Igreja tem perdido seguidores e quais as
medidas a implementar para que a tendência se
inverta?
As razões são várias, e à partida digamos que há
uma básica, que é o facto das fontes habituais de
recrutamento sacerdotal terem praticamente
desaparecido. As grandes fontes dessa proveniência
de candidatos ao sacerdócio eram as famílias
católicas numerosas, onde era normal que uma
filha ou outra fosse para o convento e um filho ou
outro fosse para o seminário. Isso hoje onde é que
existe? Muito raramente. Depois, a própria ligação
à comunidade cristã mudou profundamente. Hoje
em dia, uma criança com 10 anos, se calhar, já
mudou três vezes de casa, já a própria família não
é como quando ela nasceu, porque já o pai está
num lado e a mãe no outro. Actualmente está
tudo muito mais rarificado e diversificado, portanto
não é tão habitual um percurso de definição, não
só cristã, mas até da personalidade, é uma vida
muito itinerante. A sociedade é menos sólida,
menos consistente, menos definida, e isso acontece
também no que diz respeito à definição vocacional,
no sentido religioso e no sentido geral. Portanto,
estamos numa fase de definição e de redefinição
da sociedade, que passa por haver menos quantidade
de vocações vindas das famílias directamente e
por crescer o número de vocações já de uma
juventude orientada ou mesmo na idade adulta.
A perda de seguidores, por outro lado, está ligada
ao facto de hoje em dia já não coincidir a terra e
a paróquia. Antigamente, pertencer a uma sociedade
era, pelo menos, aparecer na igreja nas festas
principais e seguir os vários itens da vida cristã.
Hoje já não é assim. As pessoas trabalham num
sítio, vivem noutro, têm os pais noutro, ou seja, o
próprio significado da terra, da integração na
sociedade hoje não é o mesmo. Portanto, as
comunidades cristãs têm hoje o grande desafio de
serem pólos de reintegração e de reagrupamento
comunitário, a partir da convicção cristã. Não há
nada que una tanto as pessoas como alguma
definição, quer em termos de ideias quer em termos
de práticas, porque se não fica tudo muito disperso.
6. A tecnologia e as novas plataformas da sociedade
de informação são um caminho?
Isso é inevitável. Inevitável porque a religião é
relação, e hoje a relação é mediática, todos nós
sabemos. Nem é uma questão opcional quer
para a religião quer para a sociedade. Não se
trata de utilizarmos os meios, mas sim de
estarmos nos meios, de vivermos em rede. Todos
nós sabemos o que é isso, abrimos o computador
e pela internet já fizemos não sei quantas
conversas de dia-a-dia. Hoje é assim que nós
comunicamos, e apesar da comunicação pessoal
continuar a ser insubstituível, também no que
diz respeito à transmissão de convicções religiosas
e de práticas o novo mundo internauta tem que
ser considerado. Hoje vive-se convivendo
mediaticamente.
7. É utilizador assíduo de transportes públicos?
Quando é preciso uso, mas prefiro andar a pé.
Mas gosto, gosto muito de conviver com as
pessoas nos transportes públicos e, concretamente
no Metro, com esta rede que vai geralmente
aos sítios onde eu mais preciso de me deslocar,
proporciona muito contacto positivo. A cidade
não é para se pensar, a cidade é para se calcorrear,
a cidade é para se viver no sentido mais
absorvente do termo, porque há coisas que nós
só sabemos andando, convivendo, ouvindo,
estando, encontrando...
8. Como avalia a evolução da rede de transportes
públicos na cidade, especialmente o papel da
STCP? Considera-os fundamentais na vida da
cidade?
Vejo que fazem muitos esforços nesse sentido.
Está muito diferente do Porto que eu conheci
há 50 anos, com os tróleis e a rede de eléctricos
bem maior. E também não podemos esquecer
as profundas alterações que trouxe o Metro.
Vejo com muito gosto e muito positivamente
tudo o que está planeado em termos de
alargamento da rede, porque há outras cidades
europeias onde isso já aconteceu há muito mais
tempo.
9. Como vê o papel do serviço social da STCP
enquanto instrumento de solidariedade e de
inclusão?
Quanto mais melhor e esse é um trabalho que
a STCP tem sabido fazer, sobretudo no que diz
respeito à solidariedade e à inclusão, com especial
atenção às pessoas com deficiência física.
Portanto, tudo aquilo que seja facilitação do
acesso e também tudo o que diga respeito às
próprias paragens e ao conforto que elas tenham,
é extramente importante para a cidade. E até
na dignificação desses locais, quer nos meios de
transporte quer nos locais de espera, porque
dignificar a cidade e o seu equipamento público
é extremamente importante já que, sobretudo,
dignifica os utentes, os cidadãos.
Entrou para a STCP como cobrador na véspera
de S. João em 1953 e, nessa altura, conforme
nos contou: “ganhávamos 22 escudos por dia e
éramos pagos à quinzena”. Com 27 anos era já
um pai de família, casado e com uma filha.
Durante o seu percurso na STCP, foi tendo
momentos caricatos, uns mais pacíficos, outros
mais emocionantes, mas todos eles com um grande
significado para António.
Antes de passar a guarda-freio, António Ribeiro
esteve 10 anos como cobrador. “Eu estive dez anos
sem passar a efectivo. (…) Era injusto, mas a gente,
naquela altura, mal arranjava emprego agarravase logo para poder ganhar algum. Cheguei a estar
três anos sem ter um dia de férias. Quando
ganhámos o direito a férias tivemos direito a três
dias por ano (…)” relembrou António.
10 11 NÓS E OS OUTROS AS ESTÓRIAS DA NOSSA GENTE
Olívia da Silva, 2003
Montagem de retratos do Sr. António Ribeiro
aquando a realização do projecto de recolha de
Histórias de Vida.
Arquivo Fotográfico do Museu do Carro
Eléctrico
António Augusto Ribeiro:
uma vida de dedicação à STCP
António Augusto Ribeiro, “Segundo Camões”
como o próprio se designava, nasceu a 1
de Julho de 1926 em Nespereira, freguesia
do concelho de Lousada. A palavra sempre
foi a sua grande arma, e os seus maiores
confidentes o papel e a caneta.
Os cobradores, como o António, trabalhavam por
vezes cinco, oito ou 11 horas por dia e, dependendo
dos turnos, cinco horas de manhã e seis horas à
tarde. O guarda-freio revelou que uma vez foi
apanhado por um fiscal, porque tinha picado um
bilhete em zona 1 de Leça quando devia ser zona
4. “O bilhete estava mal picado. Apanhou-me e
foi fazer queixa ao inspector”, e António apressouse a falar com o engenheiro, a perguntar-lhe se
“valia a pena pôr um inocente na rua por ter
aparecido um fiscal”. “Lá fui absolvido” disse António.
Conflitos como estes foram as principais razões
para António pedir para ser guarda-freio, apesar
de só ter demonstrado a sua vontade depois de
ter a carta.
“Uma vez tive um acidente em Gomes da Costa
e ainda disse: ‘Fujam, fujam que eu não seguro o
carro.’ O carro começou a deslizar e eu não o
conseguia segurar. A areia, às vezes, funcionava
e outras vezes não. Não consegui parar o carro
e ele acabou por bater num automóvel.” Mais
uma história caricata do guarda-freio. Numa outra
situação, António estava a parar na Gomes da
Costa e uma senhora colocou-se à frente do carro,
obrigando o guarda-freio a meter contra-corrente.
Segundo António “não se deve meter contracorrente, mas para salvar uma vida faz-se tudo”.
António contou ainda que, há sensivelmente 30
anos, salvou o cantor Júlio Iglésias em frente ao
Bessa. “Eu vinha a descer em frente ao Bessa, o
carro dele atravessou-se à minha frente e eu tive
que meter contra-corrente.” Depois de uma troca
de palavras, o guarda-freio pediu ao cantor que se
deslocasse até à Boavista, para poderem fazer a
participação da situação. “Cheguei à Boavista e
vi uma romaria de gente e aquele senhor a dar
autógrafos. Só aí é que soube que ele era uma
figura pública. Ele veio ter comigo e disse assim:
‘Diga que foi só uma esmurradela.’ Agora sintome feliz quando o ouço cantar aquelas cantigas”
revelou António.
Depois de ter dedicado 30 anos da sua vida à
empresa, António Ribeiro faleceu em 2007. De
lembrança ao Museu do Carro Eléctrico, António
deixou um baú, onde o próprio dizia que aí deveria
conter “a minha boa condução, o meu pensamento
da empresa.”
Olívia da Silva, 2003
Caderno de poemas do Sr. António Ribeiro.
Arquivo Fotográfico do Museu do Carro Eléctrico.
Olívia da Silva, 2003
Baú do Guarda-Freio 824, pertencente ao Sr. António Ribeiro com
o bilhete “Deixar na Praça. Guarda-Freio 824”.
Arquivo Fotográfico do Museu do Carro Eléctrico
Foto-Eléctrica, 1952
Acidente de carro eléctrico ocorrido a 26 de Novembro de 1952.
Arquivo Fotográfico do Museu do Carro Eléctrico
Olívia da Silva, 2003
Montagem de retratos do Sr. António Ribeiro, usando o seu boné de
guarda-freio, aquando a realização do projecto de recolha de Histórias
de Vida.
Arquivo Fotográfico do Museu do Carro Eléctrico
Fotografias Sr. Ribeiro
Matriz Origem-Destino na STCP
Uma melhor compreensão da mobilidade
Termina em Julho a colocação de placas em Braille
em todas as paragens. As placas SMSBUS vão estar
em todos os SPINS e Abrigos para informar os
tempos de espera em Braille. Trata-se de um projecto
inovador a nível nacional e europeu.
12 13 O PRESENTE E O FUTURO
Técnicas do presente
reconstroem o passado
Projecto STCP fornece tempos
de espera em Braille
Vão nascer novos profissionais especializados na
reconstrução de carros eléctricos históricos. Abre em
Setembro a Oficina Escola, na Unidade de Museu
e do Carro Eléctrico em Massarelos, onde vai ser
leccionada a componente prática do curso de carpintaria
de limpos.
A Oficina Escola é um projecto da STCP que nasce
de um protocolo de cooperação com o Centro de
Formação Profissional das Indústrias da Madeira
e do Mobiliário e a EB 2/3 do Viso, e vai ser
homologado pela Direcção Regional de Educação
do Norte.
STCP acompanha os
ritmos da cidade
A Oficina Escola abre
em Setembro
O horário de Verão começou mais cedo. Com o fim
do ano escolar, os novos horários chegaram a 29 de
Junho, e devem perdurar até 6 de Setembro. Na
maioria das linhas, Agosto vai ainda ter um horário
específico apenas para este mês, onde se vai sentir
uma redução mais acentuada no número de viagens,
nos dias úteis.
Os horários estão disponíveis em www.stcp.pt e estão
assinalados em todas as paragens com uma cor
amarela de fundo.
Hoje, a STCP está dotada internamente de uma
ferramenta de análise de mobilidade dos seus clientes,
denominada de Matriz Origem Destino (MOD),
deixando de estar totalmente dependente de
consultores externos para estas análises.
Este processo teve origem em 2005 através de uma
colaboração entre a STCP e a Faculdade de Ciências
da Universidade do Porto, que resultou numa parceria
de sucesso para ambas as partes, académica e
empresarial: desenvolvimento de várias teses de
mestrado sobre o tema e uma ferramenta efectiva
para a gestão da empresa em termos de deslocações
dos seus clientes.
A MOD na STCP representa a mobilidade dos
nossos clientes entre áreas que podem ser concelhos,
freguesias, zonas andante ou ainda grupos de paragem
especificamente definidos para um estudo mais de
pormenor tendo em conta a rede de transportes,
dando relevo a términos, interfaces, pontos de
transbordo entre linhas, etc.
A quantidade de áreas definidas será a dimensão
(ou tamanho) da matriz.
Para se obter os dados que compõem a MOD é
usada a informação presente na base de dados de
validações da bilhética sem contacto, tecnologia em
uso na STCP desde finais de 2006. Em cada validação
efectuada pelos passageiros é possível saber a paragem
onde foi efectuada, ou seja, a sua origem. Como os
passageiros não validam à saída, não é possível
determinar qual o destino que o passageiro pretende.
Usando além da informação do local da paragem
(que se encontra georreferenciada) é também tida em
conta a linha onde validou, sentido, data, hora, entre
outras informações, que vão permitir elaborar um
algoritmo que estime o provável destino do passageiro
nessa etapa, assim como um possível transbordo para
continuação da viagem.
Compilando todas as validações no período que se
pretenda analisar, é possível construir uma MOD
que pode ser usada para várias análises de mobilidade.
Adicionando outros parâmetros, como por exemplo
o perfil de tarifário, podem ser obtidos resultados
destas análises por grupos (estudantes, 3ª idade, …).
Esta metodologia está ainda a dar os primeiros passos
na produção de resultados e apoio a estudos de rede
de transportes. É no entanto um processo de melhoria
contínua em que estamos a apostar para melhor
compreendermos as necessidades dos nossos clientes.
PARQUE
O Parque de Serralves, referência singular da paisagem
em Portugal, estende-se harmoniosamente por dezoito
hectares de magníficos jardins, uma quinta tradicional
e até uma mata. Projecto do Arq.º Jacques Gréber,
o Parque de Serralves é um dos poucos jardins
portugueses construídos na primeira metade do século
XX.
Como chegar a Serralves:
Linhas STCP:
201, 203, 207, 502, 504 e Circuito Turístico
Metro do Porto:
Utilize as linhas Azul (A), Vermelha (B), Verde (C),
Amarela (D) – faça transbordo na Estação da
Trindade –, e Violeta (E), com ligação à estação da
Casa da Música.
Mais informações em www.serralves.pt ou através
do +351 226 156 500
14 É DO NORTE!
De referir também as linhas convencionais, interhospitais, circular centro e ainda a Linha Turismo.
Os autocarros destinados aos turistas têm janelas
maiores e percorrem 22 pontos turísticos de Curitiba.
Saem da Praça Tiradentes, com a frequência de 30
minutos, durante toda a semana. Os autocarros
podem ser diferenciados através das cores que
caracterizam as variadas linhas.
Para o turista em Curitiba, são uma curiosidade
suplementar as paragens tipo “tubo”. A acessibilidade
das estações é também um factor muito importante
nesta rede de transportes. As linhas expressas e
directas têm já os veículos adaptados para o embarque
e desembarque de passageiros com deficiência. O
acesso aos “tubos” faz-se através de elevadores ou
rampas. Nas restantes linhas, a adaptação está ainda
a ser concluída. A taxa de veículos adaptados ronda
os 60%. A RIT de Curitiba espera ter toda a frota
adaptada a pessoas com necessidades de mobilidade
especial em 2014.
15 CURIOSIDADES DO MUNDO DOS TRANSPORTES
CASA
A Casa de Serralves, sede da Fundação, foi construída
na década 30 do séc. XX e constitui um dos melhores
exemplos do movimento Art Déco da Europa.
Respeitando rigorosamente o projecto de Marques
da Silva, a Casa acolhe exposições e eventos.
Na Rede Integrada de Transportes (RIT) desta cidade
brasileira circulam perto de 2 mil veículos. Os
passageiros têm ao seu dispor mais de 8 500 paragens
e 355 linhas.
O acesso faz-se através de uma tarifa única para toda
a rede, ou seja, com um mesmo título é possível viajar
por toda a cidade. São características que revelam
o grande investimento nos transportes colectivos, com
uma grande adesão da população. Os números
confirmam: em Junho deste ano circulavam por dia
mais de dois milhões de passageiros.
A RIT divide-se em nove tipos de linhas. As “expressas”
referem-se aos autocarros articulados que fazem a
ligação dos terminais ao centro da cidade. Para
estabelecer a ligação com os bairros da região existem
as linhas “alimentadoras”. Para circular de bairro em
bairro, sem passar pelo centro da cidade, foram criadas
as linhas “inter-bairros”. Para além disso, há as linhas
directas, cujos autocarros são conhecidos como
“ligeirinhos”. Estes veículos fazem paragens apenas
de 3 em 3 km, nunca menos. Referência ainda as
linhas “troncais” que levam os passageiros dos eixos
de ligação com os outros transportes para o centro
da cidade, através de vias partilhadas com outro
trânsito.
Curitiba, um “case study”
do mundo dos transportes
MUSEU
O Museu de Arte Contemporânea, concebido pelo
arquitecto Álvaro Siza Vieira, é actualmente o museu
mais visitado de Portugal onde são apresentadas
exposições temporárias dos mais importantes artistas
nacionais e estrangeiros, estando inserido nos principais
circuitos de arte contemporânea da Europa.
Serralves
FUNDAÇÃO
A Fundação de Serralves, como pólo cultural de
âmbito europeu ao serviço da comunidade nacional,
tem como Missão sensibilizar e interessar o público
para a Arte Contemporânea e o Ambiente e nasceu
em 1989 a partir de uma associação inovadora entre
o Estado e a Sociedade Civil, no domínio da produção
cultural. Localizada no coração do Porto, a Fundação
de Serralves está instalada na propriedade construída
por Carlos Alberto Cabral, Conde de Vizela, entre
as décadas de 20 e 40 do século XX e reúne, num
só espaço, um Museu de Arte Contemporânea, um
Parque e uma casa Art Déco, bem como espaços de
lazer, lojas e restaurantes. Situada a 10 min. dos
principais hotéis e com fácil acessibilidade a partir
do centro histórico, a Fundação de Serralves é um
espaço a não perder na visita ao Porto!
Curitiba, a capital do Estado do Paraná, no sul do
Brasil, começou nos anos 60 a planear o urbanismo
da cidade. As estradas sofreram uma adaptação aos
transportes colectivos. As diferenças com o nosso
país são facilmente detectáveis. As principais vias
têm faixas centrais para os transportes colectivos, e
só depois para a rede automóvel em cada um dos
sentidos. Chama-se Sistema de Transporte Colectivo
de Curitiba e inclui um total de 81 km de vias
exclusivas para autocarros. É também de realçar o
enorme número de vias fechadas para uso apenas
pedonal, mais conhecidas como “calçadões”.
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com uma filha