Notícia anterior Classificação do artigo Próxima notícia 4 dez 2014 O Globo CESAR BAIMA cesar. baima@ oglobo.com. br Nasa faz hoje teste de nave com que pretende enviar astronautas a Marte Cápsula Órion vai ao espaço pela primeira vez em semana agitada para agências Esta semana será agitada para agências espaciais ao redor do planeta. Ontem, depois de vários adiamentos devido ao mau tempo, a japonesa Jaxa lançou a sonda Hayabusa2 para uma viagem de seis anos a fim de estudar o asteroide 1999 JU3 e trazer à Terra amostras dessa rocha espacial de quase um quilômetro de diâmetro em 2020. Já na manhã de hoje, a americana Nasa pretende fazer o primeiro voo de teste, não tripulado, de sua nova cápsula Órion, com a qual planeja enviar astronautas para explorar um asteroide capturado por uma nave robótica e trazido à órbita da Lua na década de 2020, além de viajar a Marte em meados dos anos 2030. No sábado, por sua vez, a mesma Nasa vai despertar sua sonda New Horizons, lançada em 2006 e posta em hibernação em 2007, enquanto se dirige para a primeira visita de um equipamento do tipo ao hoje “planetaanão” Plutão, à semelhança do que a Agência Espacial Europeia (ESA) recentemente fez com a dupla Rosetta Philae na missão ao cometa 67P/ Churyumov Gerasimenko. Por fim, na madrugada de domingo, China e Brasil planejam lançar o satélite de observação da Terra CBERS4, o quinto e último do atual acordo de cooperação entre os dois países, quase um ano depois da perda de seu antecessor, CBERS3, devido a uma falha no foguete chinês Longa Marcha4B. NASA Nostalgia. Ilustração da cápsula Órion se separando do módulo de serviço: desenho lembra naves do programa Apollo À primeira vista, a Órion, construída pela gigante da indústria da defesa americana Lockheed Martin, se parece muito com os módulos do programa Apollo que levaram astronautas à Lua entre o fim da década de 1960 e o início dos anos 1970, numa nostalgia dos tempos em que a Nasa (sem meios próprios para enviar astronautas até para a baixa órbita da Terra desde a aposentadoria de seus ônibus espaciais em 2011) liderava a exploração humana do espaço. Mas a nova nave é muito mais avançada que suas antecessoras, incorporando os diversos desenvolvimentos tecnológicos e conhecimentos obtidos sobre riscos e necessidades das viagens espaciais tripuladas nos últimos 40 anos. Ainda assim, após extensos e rigorosos testes em terra, o voo de hoje será fundamental para avaliar seu desempenho em condições mais próximas das que terá que enfrentar quando eventualmente levar astronautas tanto para o asteroide capturado quanto para Marte, identificando possíveis falhas e fraquezas. A “prova de fogo” da Órion, como a Nasa apelidou o voo, está prevista para começar às 9h05m no horário de Brasília, quando deverá partir do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, no topo de um foguete Delta IV Heavy, da empresa United Launch Alliance (ULA). Em cerca de 17 minutos, o foguete colocará a nave em uma órbita elíptica que vai variar entre 185 e 888 quilômetros de altitude. Nesse período serão testados equipamentos críticos, como o sistema para abortar lançamentos e, talvez, salvar uma futura tripulação em caso de um acidente ou falha em tal fase do voo. Também passarão por análises as estruturas que ajudam a unir e sustentar os módulos de habitação e serviço da Órion. ‘É HORA DA EXPLORAÇÃO HUMANA DE MARTE’ Quase duas horas depois do lançamento, após completar uma volta em torno do planeta, o segundo estágio do Delta IV será novamente acionado para levar a Órion a uma órbita mais elevada, em que vai chegar à altitude máxima de 5,8 mil quilômetros, a maior atingida por uma nave desenhada para carregar humanos desde a última missão Apollo, em 1972, e 15 vezes superior à da Estação Espacial Internacional (ISS). No caminho, a nave vai atravessar uma região de alta radiação no espaço próxima à Terra, o chamado Cinturão de Van Allen interno, colocando à prova sua blindagem. Sem tripulantes neste primeiro teste, a Órion foi carregada com quase 1,2 mil sensores que vão monitorar diversos equipamentos e vários parâmetros do ambiente em seu interior durante o voo. Após chegar à altitude máxima, a nave começará então a longa trajetória de volta à Terra, cruzando novamente o Cinturão de Van Allen, em apenas uma hora e meia. Antes da reentrada na atmosfera do planeta, a cápsula vai se separar do segundo estágio do Delta IV e do módulo de serviço. Sua velocidade inicial na descida será de pouco menos de 32 mil km/h, mas em dez minutos o atrito com o ar vai reduzi la para cerca de 480 km/h, enquanto eleva a temperatura de seu escudo térmico a até 2,2 mil graus Celsius, em outro importante teste para sua integridade. Neste ponto, a uma altitude aproximada de 6,7 mil metros, os dois primeiros dos seus oito paraquedas serão abertos, numa sucessão que diminuirá ainda mais sua velocidade para menos de 27 km/h quando cair no Oceano Pacífico, cerca de mil quilômetros a Oeste da costa da Califórnia. “Queremos aprender o máximo possível antes que a Órion leve astronautas para explorar um asteroide e, depois, para uma viagem a Marte”, escreveu Charles Bolden, administradorchefe da Nasa, em artigo ontem no site da rede CNN. “O mundo aprendeu muito sobre o planeta vermelho depois de décadas de exploração com veículos robôs e sondas orbitais, mas chegou a hora da exploração humana, e pretendemos cumprir o desafio. O voo de teste da Órion é o primeiro passo. É importante lembrar que a Nasa enviou humanos para a Lua ao traçar objetivos que pareciam além do nosso alcance. Com o nosso programa ‘Viagem a Marte’, a Nasa mais uma vez está no caminho de tornar ficção científica em ciência de fato”. 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