Coluna do Augusto
COLUNA
Com que toolkit
eu vou?
O desenvolvimento de aplicativos multiplataforma é cada vez
mais comum, e algumas decisões ganham grande importância.
A
decisão sobre qual framework ou conjunto de
bibliotecas básicas de suporte um novo projeto
de software adotará muitas vezes é tomada de
forma quase impensada, escolhendo aquela que os desenvolvedores melhor dominam, aquela que usamos
desde sempre, ou mesmo aquela que é recomendada
ou adotada por padrão pelos fornecedores de alguma
outra ferramenta de desenvolvimento já adotada.
E na realidade quase monoplataforma que o desenvolvimento de software comum encarava até pouco
tempo atrás, a abordagem acima muitas vezes era mais
do que suficiente. Sabia-se que os clientes demandariam o software apenas em uma arquitetura e em um
sistema operacional, que os relacionamentos com outros
softwares seriam tratados de maneira bem superficial,
e todo mundo ficaria satisfeito.
O essencial é que eles
tomaram a decisão de
ser multiplataforma
antes mesmo
de começar.
Porém, de uns anos para cá, a realidade mudou radicalmente. Agora é possível que seus usuários continuem
satisfeitos com os sistemas monoplataforma, mas certamente os seus concorrentes já estão se preparando para
crescer em direções novas, suportando ativamente (e não
apenas portando para) dispositivos móveis, smartphones
de grife, MIDs, netbooks, interfaces web, múltiplos sistemas operacionais, virtualização e tantas outras plataformas e tecnologias que estão redefinindo o ambiente
de TI – assim, a escolha do framework passa a integrar
o rol das decisões estratégicas do gestor de TI.
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E mesmo conhecendo esta situação, ainda não há
caminhos definidos e unificados traçados. Alternativas
comuns têm estado associadas à adoção de fundamentos multiplataforma por natureza, como o framework
Qt, da Nokia, que suporta Linux/X11, Mac, Windows,
Java, Windows CE e diversas outras plataformas embarcadas, para sistemas em uma variedade de linguagens
(alguns exemplos: C++, C#, Java, Pascal, PHP, Perl,
Ruby e Python): alguns softwares desenvolvidos usando
a Qt são o ambiente KDE, o navegador Opera, Google
Earth, Skype e Adobe Photoshop Album.
Mesmo assim, há quem prefira – após detida análise
– adotar ferramentas de suporte diferenciadas em cada
plataforma que suportará. Dá mais trabalho e custa mais,
sem dúvida, mas eventualmente – argumentam os proponentes desta alternativa – serão oferecidos ao usuário final
uma interface e um conjunto de recursos que aproveitam
melhor as características da sua própria plataforma, sem
se limitar a um mínimo múltiplo comum, como é o que
se acredita – ao adotar esta linha de raciocínio – que os
toolkits multiplataforma oferecem.
Um exemplo recente desta segunda linha de raciocínio é o Google Chrome, cuja interface gráfica seus desenvolvedores optaram por desenvolver separadamente
nas versões Linux, Mac OS X e Windows.
Certos ou errados? Não conhecemos seus objetivos
estratégicos, portanto não podemos afirmar. Mas o essencial é que eles tomaram a decisão de ser multiplataforma
antes mesmo de começar, e isso os diferencia de todo
desenvolvedor que deixa para considerar a multiplicidade de ambientes só depois que todos os fundamentos do seu sistema já estão codificados e solidamente
amarrados a uma única possibilidade. n
Augusto César Campos é administrador de TI e
desde 1996 mantém o site BR-linux.org, que cobre a
cena do Software Livre no Brasil e no mundo.
http://www.linuxmagazine.com.br
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Linux Magazine #XX | Mês de 200X
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