AVALIAÇÃO DA SOLDABILIDADE DE AÇO DOMEX 700 MC COM PROCESSO MAG AUTOMÁTICO Tarly Iselino Amorim Wengrat Acadêmico do curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Passo Fundo [email protected] William Haupt Professor Ms. do curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Passo Fundo [email protected] Resumo. Este artigo apresenta o desenvolvimento de pesquisa a respeito da macrografia e microdureza de uma junta soldada do aço Domex 700MC (SSAB) utilizando processo de soldagem MAG automatizado. A chapas possuem 1,5 mm de espessura, com uma abertura de raiz de 1 mm e perfil de chanfro I. A fim de descrever diferentes comportamentos quando empregados mudança de parâmetro no processo de soldagem, o trabalho mostra a perspectiva, analise e comportamento quando variado os parâmetros de corrente continua e corrente pulsada e submetendo as juntas com e sem pré-aquecimento para a realização da solda. O estudo enfoca a região contemplada pela ZAC, também chamada de ZTA, que conforme são variados os parâmetros no processo, os resultados variam para cada junta soldada o que por fim acarretam em propriedades mecânicas diferentes. Palavras-chave: Microdureza. Parâmetros de Soldagem. Macrografia. 1. INTRODUÇÃO A soldagem é amplamente empregada atualmente nas uniões de juntas e componentes de estruturas e equipamentos de diversas finalidades. A simplicidade e economia acarretam em uma enorme vantagem em relação aos demais processos que exerceriam a mesma função. Sua aplicação tem vasto campo incluindo construção civil, naval, petroquímica, máquinas, componentes, reparo, manutenção, entre outros. Quando empregado o processo de soldagem em aços, sua estrutura é afetada devido à alta taxa de calor transferido a peça. Segundo Quites (2008), quando se unem metais mediante soldagem por fusão, o material das chapas precisa ser aquecido até seu ponto de fusão e então resfriara rapidamente sob a restrição à deformação imposta pela geometria da junta e pela estrutura que suporta as partes a unir. Ainda de acordo com Quites (2008), como resultado deste severo ciclo térmico, a microestrutura original e as propriedades do metal em uma região próxima à solda (ZAC) mudam. Okumura (1982) afirma que o desenvolvimento de métodos confiáveis de ensaio para avaliação de junta soldada e a constante evolução dos processos de soldagem tem contribuído decisivamente para ampliar cada vez mais os horizontes de aplicação da soldagem, tornando a execução das uniões estruturais altamente confiáveis e econômicas. Apesar de sua aparente simplicidade, segundo Okumura, a soldagem envolve uma gama muito grande de conhecimentos que XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil são implicitamente empregados durante a execução de uma junta soldada. Logo, o conhecimento do assunto é de fundamental importância para levar a bom termo de tarefas no projeto e execução. Os processos de soldagem são vastos, dentre eles se destaca o processo MIG/MAG, processo muito empregado nas indústrias por possuir vantagens econômicas. Os processos de soldagem possuem muitos parâmetros, dentre eles a corrente de soldagem (I). Destacando o processo MAG, processo o qual será utilizado no presente trabalho, pode-se alterar o tipo de corrente, neste caso, entre corrente continua (CC) e corrente pulsada (CP). Ao final das avaliações haverá comparações se estas alterações consequentemente influenciam na macroestrutura final do material ocasionando diferentes propriedades mecânicas. 2. DESENVOLVIMENTO As chapas de aço Domex 700 MC foram cortadas em partes retangulares onde cada duas partes foram unidas através da solda MAG automatizada com robô de solda da UPF do CMPP (Figura 1) formando um CP (corpo de prova), totalizando uma quantidade de quatro CPs onde foram adotados as mudanças de parâmetros que é o enfoque do estudo deste trabalho. Para o estudo foi utilizado um tipo de eletrodo padrão para todos os CPs bem como também algumas configurações, sendo elas: Eletrodo ER 70S diâmetro 1mm; Abertura da raiz da solda de 1mm; Ângulo da tocha de solda com 90º; Vazão do gás com 12 l/min; Distância bico/peça (stick-out) de 12 mm; Para facilitar a identificação das amostras, elas foram abreviadas com CPs, sendo quatro amostras. As identificações são as seguintes: CP 01CCSP: CC sem pré-aquecimento. CP 02CPSP: CP sem pré-aquecimento. CP 03CCCP: CC com pré-aquecimento. CP 04CPCP: CP com pré-aquecimento. As variações de cada amostra seguem na Tabela 1 a seguir. Tabela 1 – Parâmetros de soldagem para amostras. V Tensão no Amostra I (A) (cm/min) arco (V) CP 01CCSP 80 60 17,3 CP 02CPSP 75 100 21,5 CP 03CCCP 80 60 17 CP 04CPCP 70 100 21,2 Temp. pré-aquecimento (oC) 200 o Temp. ambiente ( C) 22 Observa-se que foi utilizada uma corrente menor no CP 04CPCP, isto porque nesta situação o processo apresenta maiores penetrações, pois, além de apresentar um grande aporte térmico por ser corrente pulsada, ainda possui pré-aquecimento. 2.2 Macrografia e ZAC Figura 1 – Robô de solda UPF (CMPP). Os corpos de prova foram lixados até lixa de granulometria 1200 e atacados quimicamente com uma solução de nital 10%. Os mesmos são apresentados a seguir nas Figuras 2, 3, 4, e 5. 2.1 Parâmetros XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil continua (CC), entre com e sem préaquecimento, é de aproximadamente 6,24% e no processo com corrente pulsada (CP) este valor é de aproximadamente 6,43%. 2.3 Ensaio de Microdureza Vickers Figura 2 – Macrografia CP 01CCSP Os resultados dos ensaios apresentados nos gráficos da Figura 6. Microdureza HV 7,63 mm 7,3 mm Figura 3 – Macrografia CP 02CPSP 8,14 mm Metal Base ZAC são Metal de Adição Figura 6 – Gráfico ensaio microdureza Vickers. Figura 4 – Macrografia CP 03CCCP A dureza de cada amostra foi medida a partir do metal base (MB), atravessando a região da ZAC (ZAC de grão grosseiro – ZACgg, e ZAC de grão refinado – ZACgr), até atingir a região central do metal de adição (MA). Foi utilizada uma carga de 0,3 kgf com indentações de 0,3 mm de distância. 7,81 mm Figura 5 – Macrografia CP 04CPCP Observando os resultados apresentados nas figuras acima, nota-se que os CPs com pré-aquecimento (CP 03CCCP e CP 04CPCP) revelaram uma ZAC ligeiramente maior do que nos CPs sem pré-aquecimento (CP 01CCSP e CP 02CPSP). As diferenças do tamanho da ZAC no processo com corrente 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação às macrografias pode-se concluir que as diferenças (apresentadas nas figuras 2, 3, 4 e 5) se devem ao préaquecimento e ao tipo de corrente empregado. Em uma chapa que já esta com uma energia aplicada, no caso das com préaquecimento, o material tem uma T de transformação menor devido ao calor ali já aplicado, ou seja, os CPs com pré- XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil aquecimento partiram de 200oC até a temperatura de transformação e os CPs sem pré-aquecimento tiveram que partir da temperatura ambiente. Isto faz com que os corpos de prova apresentem uma T de transformação menor e apresentem uma ZAC maior, pois agregam maior energia, ou seja, agregam a energia não gasta para evoluir desde a temperatura ambiente. Já observando os dados do ensaio de microdureza, verifica-se que houve perda de dureza em ambas as amostras sem préaquecimento. A respeito da curva do CP 01CCSP, a queda da dureza na ZAC, ocorre devido à recristalização ocorrida na ZAC gerando novos grãos com propriedades mecânicas de dureza inferiores. Na curva do CP 02CPSP nota-se um leve aumento das durezas na ZAC possivelmente devido à variação no calor aportado para o processo MAG CP. Analisando-se os gráficos com préaquecimento, houve bons resultados. Observando a curva do CP 03CCCP, se nota que não houve queda de dureza com relação ao material base, isto indica que esta região apresenta propriedades semelhantes ao MB, e pode ser explicado pela redução na velocidade de resfriamento após a soldagem apresentando uma ZAC com maior extensão. Na curva do CP 04CPCP, nota-se uma grande queda na dureza da região da ZAC, possivelmente esta queda se deu devido à variação no calor aportado com o emprego de corrente pulsada. Agradecimentos Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade, agradeço também a todo apoio recebido de meus pais e das pessoas que sempre estiveram e estão ao meu lado. Agradeço em especial a professor William Haupt por toda dedicação e empenho, e por sempre me incentivar a buscar e explorar novos rumos, conhecimentos e oportunidades. 4. REFERÊNCIAS ASM INTERNATIONAL. Welding, brazing and soldering. Volume 6, 1993. Domex, HIGH STRENTH STEEL. Welding of Domex and Docol advanced high strength steels. SSAB. MARQUES, Paulo Villani; MODENESI, Paulo José. Algumas equações úteis em soldagem. Soldag. Insp. São Paulo, Vol. 19, No 01, p. 091-102, Jan/Mar 2014. OKUMURA, Toshie; TANIGUCHI, Célio. Engenharia de soldagem e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 1982. 459 p. QUITES, Almir M. Metalurgia na soldagem dos aços. Florianópolis: Soldasoft, 2008. 256p. : il. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este trabalho é possível concluir: O emprego de pré-aquecimento na soldagem aumenta a extensão da ZAC e modifica a velocidade de resfriamento gerando diferentes propriedades de microdurezas na ZAC. O uso de corrente pulsada não trouxe melhorias significativas nas propriedades de microdureza, mas apresentou uma redução na extensão da ZAC com o uso de pré-aquecimento. Na condição de soldagem com corrente contínua e uso de pré-aquecimento as microdurezas na ZAC são mantidas com relação ao MB. Na condição de soldagem com corrente pulsada e emprego de pré-aquecimento houve uma queda acentuada na dureza da ZAC com relação ao MB. Para as condições sem pré-aquecimento houve um aumento nas microdurezas na ZAC para o CP 02CPSP e uma queda acentuada nas microdurezas na ZAC para o corpo de prova CP 01CCSP. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil