A Percepção dos Pais sobre as Competências dos Bebés Joana Rita Isidoro Santos Ribeiro Orientador de Dissertação: Professor Doutor Joaquim Eduardo Nunes Sá Coordenador de Seminário de Dissertação: Professor Doutor Joaquim Eduardo Nunes Sá Tese submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de: Mestre em Psicologia Especialidade em Psicologia Clínica 2011 Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação do Professor Doutor Joaquim Eduardo Nunes Sá, apresentada no ISPA - Instituto Universitário para obtenção do grau de Mestre na especialidade de Psicologia Clínica. II Agradecimentos Ao Professor Doutor Eduardo Sá por toda a disponibilidade que sempre teve para comigo em todos os momentos em que lhe solicitei ajuda, por todo o carinho e amizade com que me tratou, pela imensa paciência para com as minhas dúvidas. Sem a sua colaboração, nunca teria conseguido levar esta tarefa a bom termo. Às minhas colegas do Seminário de Dissertação pelo companheirismo, pela entreajuda e pelo ambiente simpático, acolhedor e alegre que sempre ajudaram a criar durante as aulas. Um grande obrigado pelas nossas conversas e brincadeiras que ajudavam a diminuir a ansiedade dos prazos que se aproximavam. Aos meus pais e à minha irmã por todo o apoio que me deram nestes cinco anos da minha vida, foram eles os grandes suportes nos momentos difíceis. À minha avó, pois sem a sua ajuda preciosa a vários níveis, não teria conseguido chegar até aqui. Ao meu namorado pelo apoio e pela enorme paciência para com as minhas ausências e falta de atenção. Aos meus amigos pela energia positiva que sempre me foram transmitindo. À minha tia Carla Alexandra e a uma enfermeira muito especial pela enorme ajuda na recolha dos questionários. A todos os pais e mães que aceitaram responder aos questionários, parte imprescindível nesta Dissertação. III Resumo O bebé nasce predisposto para a relação, com todo um conjunto de competências sensoriais, motoras e relacionais que, em contacto com o mundo que o rodeia, lhe vão permitir organizar e criar uma mente própria, o que o torna num ser único. É a mãe, na relação com o bebé, que o ajuda a criar as bases da vida mental, assim ela tenha consciência das reais competências do seu bebé. Pais informados sobre estas competências, adaptam-se, compreendem, estimulam os seus bebés e criam uma verdadeira relação. O objectivo deste estudo é perceber até que ponto os pais têm conhecimento de todas estas competências do bebé. Para isso, aplicou-se o Questionário sobre a Concepção de Competências do Bebé Recém-Nascido, a 52 pais com bebés de idades até 2 meses. Observou-se que os pais têm um conhecimento suficientemente bom sobre estas competências, considerando os bebés como seres activos e participantes nas relações com os outros. A idade dos pais não teve influência nos resultados, mas o grau de escolaridade e a profissão revelaram-se como indicadores de maior ou menor grau de conhecimento. Palavras-chave: Competências, Bebés, Pais. IV Abstract A baby is born predisposed for a relationship, with a whole set of sensorial, motor and relational competences which, in contact with the surrounding world, will allow him to organize and create a mind of his own, that will make him an unique human being. It is the mother, in the relationship with the baby, that helps him to raise the bases of a mental life, thus she is aware of the real competences of her baby. Parents that are acquainted with all these competences, adapt themselves, understand, stimulate their babies and create a true relationship. The aim of this study is to understand how far do parents are acquainted to these baby´s competences. Therefore the Questionnaire of the Conception of the New-Born Baby Competences was applied to 52 parents with babies till the age of two months. It was observed that parents know enough about these competences, considering their babies as active human being and participant in the relationship with the others. Age had no influence in the outcome, but the scholar degree and the profession turned out to be as indicators of a better or worse degree of knowledge. Key-words: Competences, Babies, Parents. V Índice I. Introdução Teórica 1. Os Bebés Contexto histórico das antigas e novas perspectivas sobre o Bebé e as suas competências Continuidade pré e pós-natal Competências do Bebé As Competências Sensoriais 1. A visão 2. A audição 3. O olfacto 4. O paladar 5. O tacto As Competências Relacionais As Competências Motoras As Competências Mentais 2. Os Pais Concepção dos Pais acerca das Competências dos Bebés II. Método Amostra Instrumento Procedimento III. Resultados IV. Discussão V. Referências Bibliográficas VI. Anexos Anexo 1: Questionário sobre a Concepção de Competências do Bebé Recém-Nascido (QCBR) Anexo 2: Tabelas sobre as análises de dados efectuadas em SPSS 68 Lista de Figuras Figura 1: Calendário das grandes etapas do Desenvolvimento Motor Figura 2: Quadro de Desenvolvimento Psicomotor 15 15 VI 1 1 1 3 5 5 5 7 8 9 9 10 12 16 25 25 30 30 31 31 32 51 56 61 62 I. Introduªo Terica 1. Os bebØs Contexto histrico das antigas e novas perspectivas sobre o bebØ e as suas competŒncias De acordo com Eduardo SÆ (2009), os bebØs sempre fo ram ignorados ao longo da histria da Humanidade, sendo uma descoberta estran hamente recente. A importncia dada aos bebØs Ø uma descoberta recente que modifica a ontinuada c ignorncia de que foram sendo vtimas ao longo do tempo. Os psiclogos e psicanalistas foram falando dos beb Øs de uma forma tªo reflexa, que quase pareciam anencØfalos: Piaget falou deles como se fossem dominados por reacıes circulares; Klein imaginou que os bebØs nasciam co mo se estivessem perto de uma psicose congØnita e Mahler descrevia os bebØs num registo ed autismo normal (SÆ, 2003b). Antigamente, acreditavam que o feto e o recØm-nascido, atØ aos 2 ou 3 anos, nªo experimentavam emoıes e consideravam que a persona lidade ainda nªo se tinha desenvolvido, mas Freud veio provar que esta ideia estava errada, pois tanto os bebØs como as crianas sentem o que acontece sua volta (Almeida , 2006). Freud, atribuiu assim, no inicio do sØculo XX, personalidade ao recØm-nascido (Cunha , 2001) e salientou a importncia da vida emocional do bebØ (SÆ, 2004). Featherstone (2008) conta que no inicio do sØculo XX, o feto jÆ era visto pelos Australianos como uma entidade significante, mas ainda nªo como um ser detentor da sua prpria vida ou personalidade. O feto era visto qua se como um paciente que podia ser tratado atravØs da mªe, detendo uma inseparabilidade moral do corpo da mesma (Featherstone, 2008). De acordo com Dunker & Lordelo (1993), atØ dØcada de 50, os profissionais de saœde pensavam que os bebØs nªo podiam ver, ouvir e comunicar. As autoras, citando Thoman (1979), afirmam que os bebØs eram vistos como organismos basicamente deficientes, incompletos e relativamente incompetentes e inadequados (Thoman, 1979, citado por Dunker & Lordelo, 1993, p.1). As autoras referem que o bebØ nªo teria memria e que o seu equipamento sensorial e perceptivo era rudimentar. Acrescentam, ainda, que o bebØ nasceria como uma pÆgina em branco, no que diz re speito s emoıes, temperamento e preferŒncias e que seria um ser a-social. 1 Os pediatras e neonatologistas pensavam que o psiquismo s aparecia a partir dos trŒs meses, o que reforava a ideia do bebØ como uma tÆbua rasa. Com Brazelton (citado por Cunha, 2001) pudemos aprender as habilidades e competŒncias dos bebØs, os seus ritmos comportamentais e a sua relaªo com o desenvolvimen to. Brazelton e Cramer (2007), nos seus estudos mais recentes de observaªo de recØm-n ascidos afirmam que as competŒncias do bebØ sªo mais precoces do que aquilo que se pensava. Estes autores constataram, em contexto hospitalar, que o recØm-nascido nasce jÆ com um sis tema nervoso complexo e plÆstico. Estas constataıes estªo relacionadas com as capacidades de resposta do recØm-nascido, na sua relaªo com objectos inanimados e com pessoas. Com os novos conhecimentos das neurociŒncias e de antos t outros autores ficÆmos com uma nova perspectiva de quem Ø realmente o bebØ . Assim, de tÆbua rasa, o bebØ passou a ter o estatuto de indivduo, com caractersticas e competŒncias prprias (Cunha, 2001). Para esta nova visªo, tambØm contriburam as novas tecno logias em obstetrcia nos anos 60, onde se comeou a perceber que o feto ouve, tem sensaıe s, reage ao stress, defende-se, tem medo. Pode-se dizer, assim, que o bebØ Ø um ser emocional , intelectual e fisicamente mais capacitado do que se imaginava (Almeida, 2006). Em funªo do exposto, faz todo o sentido o que diz Didonet (2002) quando refere que o facto de nªo sabermos como descrever o bebØ, nªo nos autoriza a defini-lo pela negaªo daquilo que se expressa no adulto. Todas as pesquisas feitas tanto pela psicologia, antropologia, psicanÆlise como pela neurobiologia,nos œltimos cinquenta anos, tŒm verificado que o bebØ possui desde muito cedo diversas competŒ ncias. O bebØ Ø um ser activo no contacto com a mªe. Tal como afirma Didonet (2002), citando Bowlby e McGrew & Schaffer, a criana nªo Ø um sujeito passivo na relaªo com o s outros, nªo estando, assim, espera de olhares e atenªo. Ela prpria determina os olhares e atenıes que quer voltados para si. Didonet, na sua palestra proferida em 2002, mencionou outras competŒncias dos bebØs, tais como, competŒncias para estabelecer relaıes sociai s, competŒncias cognitivas, competŒncias lœdicas e graus progressivos de autonomia. Estes novos estudos sobre o bebØ sªo da mÆxima pert inŒncias, pois jÆ era tempo de se olhar para o bebØ de outra forma e aqui considera-se que Pedro (2004) tem toda a razªo quando afirma que ninguØm tem o direito de ignoraro direito da criana em ver garantidas as suas necessidades, sobretudo quando Ø bebØ. E, segu ndo o autor, uma das formas de garantir as necessidades do bebØ pode passar pela constataª o de que a experiencia precoce Ø vital 2 para o desenvolvimento intelectual e moral da criana. Ao que SÆ (2009) acrescenta que, ns adultos, perante os desafios da vida, s teramos a ganhar se pudØssemos permanecer mais ou menos bebØs: curiosos, atentos, abertos ao deslumbramento desses desafios, intuitivos e autŒnticos. Caractersticas que vamos perdendo ao longo da vida. Assim, torna-se muito interessante a ideia de Farias (2008), pois ele afirma que as velhas ideias de o bebØ ser apenas reflexo e nªo ter a capacidade de comunicar nªo tinham graa nenhuma. Continuidade prØ e ps-natal Para Gonalves (2006), hÆ muito mais continuidade entre a vida intra-uterina e a primeira infncia do que o corte do parto pode faze r crer (p.108). De acordo com a autora, a situaªo biolgica do feto onde a mªe satisfaz as n ecessidades do mesmo atravØs do seu prprio corpo Ø substituda, no recØm-nascido, pela relaªo objectal sua mªe (que continua a satisfazŒ-lo por outros meios). Piontelli (1995) afirma que hÆ uma ligaªo de cont inuidade comportamental e psicolgica que se estende do feto ao bebØ e do beb Ø criana. Contudo, a autora refere que os seus estudos sobre a continuidade entre a vida prØ e ps-natal nªo sªo universalmente aceites, dizendo que a maioria dos psiclogos e psi canalistas parece pensar que a vida mental do bebØ comea no nascimento, pois muitos falam de nascimento psicolgico como se dando mais tarde, quando o bebØ revela sinais rudimentares de diferenciar self de objecto (Piontelli, 1995, p.237). Nos seus estudos com bebØs, percebeuque o modo como cada criana reagiu ao nascimento pareceu consistente com as tendŒncias individuais jÆ definidas no seu passado, pois apesar de o nascimento ser uma grande mudana ambiental, as crianas que observou nªo apresentaram uma mudana em si, mental ou relaciona l em relaªo ao perodo prØ-natal. HÆ, assim, uma continuaªo surpreendente do repert rio prØ-natal durante os primeiros dois meses de vida (Einspieler, Marschik & Prechtl, 2008). Esta continuidade Ø reforada por Cyrulnik (1995, citado por Oliveira, 2009), pois afirma que os bebØs jÆ sªo competentes antes do nascimento, possuindo assim, uma organizaªo neu ropsicolgica que os torna aptos a processar informaıes vindas do meio e de todos os sistemas sensoriais, como sejam, a visªo, a audiªo, o olfacto, o paladar e o tacto. Assim, o s bebØs quando nascem jÆ apresentam um conjunto de capacidades que os tornam predispostos para aprender atravØs das suas relaıes. 3 Segundo Oliveira (2009), o bebØ possui um aparelho mental que ainda nªo estÆ completamente desenvolvido, mas que lhe permite estar em contacto com o mundo externo e com o seu mundo interno. Ao que Wilheim (2004, citado por SÆ & Dias, 2004) atØ acrescenta e refora a existŒncia de uma memria prØ-natal, ou seja, as competŒncias do recØm-nascido nªo poderiam ter sido adquiridas na ausŒncia de umamemria. Sousa (2006) tambØm refora esta ideia pois diz ser cada vez mais pertinente procurar a origem das competŒncias dos recØm-nascidos na vid a prØ-natal, sobretudo na organizaªo neurofisiolgica do feto. A autora jÆ tinha afirmado noutra obra anterior que, indubitavelmente competente para a relaªo muito a ntes de nascer, e previamente a qualquer aprendizagem, o bebØ demonstra capacidades para percepcionar e integrar as informaıes biolgicas e qumicas que provŒm do ambiente que o envolve (Sousa, 2006, p.33). Para alØm de existir uma reciprocidade e complementaridade entre as competŒncias do bebØ e as competŒncias do feto, existe tambØm umaomplementaridade c com as competŒncias maternas, pois para Eduardo SÆ (1995, citado por Reis, 2003), o comportamento do bebØ s pode ser entendido na relaªo com as mªes e com os pais. Esta ideia vai ao encontro de Winnicott (1975b), quando ele afirma que aquilo a que chamamos bebØ nªo existe, porque para descrever um bebØ, temos de o descrever com mais alguØm; um bebØ nªo pode existir sozinho, ele faz parte de uma relaªo. TambØm para Winnicott (1975b), a histria do ser humano nªo comea aos dois anos, nem aos seis meses , mas ao nascer e antes mesmo de nascer. Na sua opiniªo, cada bebØ Ø, desde o incio, uma pessoa. Com efeito, para Cyrulnik (1995), no fim da gravidez o bebØ jÆ se alimentou de informaıes sensoriais com as quais jÆ estÆ familiarizado. O seu primeiro mundo mental Ø um mundo de representaıes organizadas em torno do afe cto, mundo esse que ele percebe e jÆ organizou, ao perceber e interpretar os afectos maternos transmitidos pelos canais sensoriais. A partir da 26“ semana de gestaªo, quando se estru tura o aparelho de sonhar, o feto alimenta os sonhos com as informaıes sensoriais percebidas durante as poucas horas de vida e Ø assim que se assiste ao nascimento da vida psquica intra -uterina. A vida mental prØ-natal resulta do encontro entre um aparelho biolgico (o sono com so nhos) e uma alimentaªo sensorial fornecida pela mªe, o seu corpo e as suas emoıes. Quando o bebØ nasce, vem jÆ equipado com um aparelho neurolgico que percebe, filtra e o rganiza o seu novo mundo, um aparelho que funciona apenas hÆ algumas semanas, mas que, alimentado pelas suas percepıes, as transforma jÆ em representaıes (Cyrulnik, 1995, p .76). 4 Mancia (1981) jÆ tinha a mesma opiniªo: a mªe nªo s fornece ao feto oxigØnio e comida, mas tambØm estabelece uma relaªo com ele, centrada numa sØrie de estmulos que alcanam o feto, principalmente na sua constncia e ritmicidade. O feto amadurece em termos fisiolgicos, mas tambØm em termos psquicos que se referem ao nœcleo mental de actividade que precisa de ser construdo para conseguir formar um self. isto que vai impedir que o bebØ se parta em pedaos perante a ameaa dos ins tintos que sªo activados no nascimento e que precisam de enfrentar a realidade. Conclui-se que o bebØ jÆ vem um pouco preparado para o embate da chegada a este mundo e que se assim nªo fosse, o embate seria insuportÆvel. CompetŒncias do BebØ No que diz respeito ao recØm-nascido, Ø possvel determinar uma sØrie de competŒncias sensoriais, motoras e relacionais quefazem do bebØ um parceiro apto e capaz, desde muito cedo, para o estabelecimento de relaıe s interpessoais (Reis, 2003). As CompetŒncias Sensoriais De acordo com Lipsitt (1995), os bebØs nascem com todos os seus sistemas sensoriais a funcionar, embora ainda nªo em pleno. Contudo, el es tŒm capacidade para se aperceberem de cada modalidade sensorial. O autor refere tambØm que desde que nascem, os bebØs comeam logo a interagir com outras pessoas signifi cativas. 1. A visªo Cyrulnik (1995) afirma que contrariamente s ideias mais antigas, a visªo estÆ presente desde o nascimento, mesmo nos bebØs prematuros. Contudo, a visªo Ø o sentido menos desenvolvido, ao nascer. Isto porque o feto nªo tem estmulos visuais no œtero. A acuidade visual dos recØm-nascidos Ø pobre, mas jÆ parecem sensveis a um mundo de objectos (Moura & Ribas, 2004). A partir do momento em que nasce, o bebØ conseguecompreender o rosto humano. Os estmulos visuais que chamam a atenªo do bebØ sªo o brilho dos olhos e da boca, bem como os contornos do rosto. Esta capacidade permite ao bebØ um conhecimento muito precoce das pessoas que cuidam dele (Brazelton & Cramer, 2007). TambØm Lopes, Nascimento, Souza, 5 Mallet & Argimon (2010) vŒm ao encontro desta ideia, afirmando que o bebØ pode distinguir o rosto materno dos outros rostos. Depois do nascimento, a visªo torna-se a principal fonte de estmulos para o bebØ. Para Alvarez e Golse (2009), no primeiro mŒs de vida, o bebØ nªo Ø capaz de se adaptar realidade, por isso a distncia ideal para apresent ar um objecto ao bebØ Ø de trinta centmetros. Os autores afirmam tambØm que 95% dos bebØs com qua tro dias seguem com os olhos um objecto com uma cor viva. Ideia jÆ anteriormente defendida por Dunker e Lordelo, em 1993, quando afirmam que o bebØ, aps o nascimento, vŒ e apresenta preferŒncias em relaªo a alguns objectos. Entre quatro a sete semanas depois de nascer, o bebØ jÆ estabelece contacto visual (Farias, 2008). Com seis semanas, os olhos do bebØ abrem-se mais, o que proporciona uma relaªo afectiva. Deste modo, o bebØ Ø capaz de utilizar a comunicaªo humana (Alvarez & Golse, 2009). Efectivamente, a partir da 6“ semana, a mªe tem pela primeira vez a impressªo que o bebØ a olha nos olhos e que comunica com ela, o que dÆ um valor incrementado relaªo (Alarcªo, Relvas & SÆ, 2004). Entre duas e doze semanas a criana consegue fixar os objectos, fixa claramente a cara da mªe e segue alg uns objectos com o olhar. Entre trŒs e quatro meses, reage ao seu reflexo no espelho (Farias, 2008). No fim do terceiro mŒs, o bebØ segue com os olhos os movimentos da mªe, podendo, a ssim, ter acesso a uma interacªo distncia (Alvarez & Golse, 2009), aumentando a red e de comunicaªo, passando a poder controlar as informaıes visuais que quer receber ( Alarcªo, Relvas & SÆ, 2004). TambØm a partir dos 3 meses, o bebØ percebe as cores (SÆ, Ma tela, Morais & Veiga, 2004). O reconhecimento visual torna-se rapidamente um sinal reconfortante para os pais, prova-lhes que todas as faculdades do bebØ estªo intactas e que eles jÆ sªo importantes para os bebØs (Brazelton & Cramer, 2007). Lauren Adamson (citado por Brazelton & Cramer, 2007) realizou uma experiencia que demonstrou atØ que ponto a visªo Ø importante parao recØm-nascido. Ao cobrir os olhos de um bebØ acordado, primeiro com uma manta opaca e depois com um plÆstico de cor clara, o bebØ tentou remover a manta o mais depressa possvel e quando conseguiu, acalmou-se. Quando a manta foi substituda por outra transparen te, o bebØ olhou atravØs dela. Como conseguia ver, nªo estava afectado pelo objecto que lhe cobria a cara. 6 2. A audiªo Desde o perodo intra-uterino, o bebØ discrimina diversos sons, o que faz com que ao nascer prefira sons agudos, especialmente as vozes femininas e a da sua mªe. Mais tarde vai preferir a voz do pai de um estranho (Dunker & Lo rdelo, 1993). Estas capacidades auditivas permitem ao bebØ reconhecer a voz materna poucas horas depois do nascimento, pois jÆ a ouviu no œtero. O recØm-nascido Ø, assim, capaz delocalizar os sons virando a cabea para a voz que lhe fala com mais ternura (Nunes, 2009). Brazelton e Cramer (2007) confirmam que a capacidade de ouvir Ø logo evidente no momento do nascimento. O som de uma roca ou uma voz suave pode acordar um bebØ adormecido, a sua respiraªo torna-se irregular, o seu rosto ilumina-se, abre os olhos, e quando jÆ estÆ num est ado de alerta, o bebØ vira os olhos e a cabea na direcªo do som. A seguir mantØm um olhar atento para descobrir de onde vem o som. Os autores afirmam, ainda, que os recØm-nascidos preferem os sons humanos aos outros. A sensibilidade dos bebØs s diferenas auditivas p ode ser um indicador de habilidades cognitivas (Lopes, Nascimento, Souza, Mallet & Argimon, 2010). Lebovici (1995) tambØm refere que, como aos cinco meses de vida fetal, o bebØ Ø capaz de usar os seus sentidos auditivos e gustativos nªo Ø nenhuma surpresa que os recØmnascidos sejam capazes de distinguir a voz da mªe d e outras vozes femininas nas primeiras horas depois do nascimento. Fifer, no seu estudo em 2005, refere outro estudo que fez em 1980 com o seu colega DeCasper, onde desenvolveram procedimentos experimentais nos quais os recØm-nascidos podiam escutar gravaıes da voz da sua mªe, alteran do os padrıes de comportamento de sucªo nªo nutritiva, com o objectivo de investigar se os recØm-nascidos se comportariam da mesma forma. Os autores concluram que atØ os recØm-nascidos com menos de 24 horas de vida foram capazes de conhecer e preferir a voz materna. Brazelton (1995) afirma que, com dez dias o bebØ serÆ capaz de escolher a cara da mªe de entre vÆrias caras femininas e que, com 14 dias,se o seu pai estiver presente, ele escolherÆ a voz e a cara do pai quando confrontado com a voz e a cara de outro homem. De acordo com Almeida (2006), o som predominante no mundo do bebØ Ø o dos batimentos cardacos da mªe, a criana reconhece este som, o que lhe transm ite um sentimento de segurana. Nunes (2009) tambØm concluiu que a exposiªo prØ-natal aos sons humanos, como a fala a que o bebØ estÆ sujeito pela mªe, estimula asua atenªo a determinados sons, em 7 especial ao diÆlogo humano depois de nascer, o quevai permitir ao bebØ uma adaptaªo prØvia sociedade humana e principalmente lngua da mªe. Quando nasce, o bebØ tem de familiarizar-se com os novos rudos, ou seja, deve remodelar ou reconstruir as suas percepıes auditiv as. Ao explorar o meio com o olhar, vai dar um significado e um sentido quilo que ouve (Mo ntagner, 2009). A audiªo tambØm estÆ relacionada com o comportamento motor do bebØ, pois este parece estar modulado pela palavra, como se esta m arcasse um ritmo, iniciasse e sincronizasse todos os seus movimentos (Alvarez & Golse, 2009, p. 26). 3. O olfacto Nos primeiros meses, a relaªo entre uma criana e os seus pais organiza-se atravØs de contactos corporais que permitem ao bebØ associar um odor a um comportamento, por exemplo, quando o bebØ estÆ a mamar, ele cheira oeio s e a axila; quando anda ao colo, cheira o pescoo (Alvarez & Golse, 2009). Brazelton e Cram er (2007) afirmam que os recØmnascidos tŒm o sentido do olfacto fortemente apurado e que assim, conseguem distinguir os cheiros agradÆveis dos cheiros desagradÆveis. Os au tores dªo um exemplo, as crianas nªo gostam do cheiro do vinagre nem do Ælcool, mas gostam dos odores doces como o leite e as soluıes aucaradas. Com apenas quatro dias, o bebØ detecta e discrimina cheiros praticamente como o adulto (SÆ, Matela, Morais & Veiga, 2004). O bebØ refere p o odor do leite materno com apenas 5 a 7 dias de vida (Alarcªo, Relvas & SÆ, 2004). TambØm Brazelton e Cramer (2007) fazem alusªo a esta preferŒncia, afirmando que o bebØ com 7 dias consegue distinguir o cheiro do peito da mªe do de outras mulheres em fas e de amamentaªo. Assim, e de acordo com Lopes, Nascimento, Souza, Mallet & Argimon (2010), o bebØ diferencia o cheiro da mªe dos outros cheiros. Os odores maternos parecem desempenhar um papel tranquilizador e podem, por exemplo, favorecer o adormecimento do bebØ (LØcuyer, 1997). O mesmo autor conclui que o olfacto desempenha um papel especial no funcionamento afectivo e Ø, para o bebØ, o primeiro instrumento que lhe permite fazer a diferena entre a mªe e uma outra mulher. 8 De acordo com Cyrulnik (1995), quando um bebØ Ø dei tado ao pØ de um algodªo com o cheiro dos seios da mªe, tranquiliza-se, gesticul a menos, baixa as pÆlpebras e mastiga lentamente. Se o deitarmos ao lado de um algodªo se m cheiro ou com outro cheiro, podemos observar movimentos das mªos, dos pØs, os olhos muito abertos e a boca fechada. 4. O paladar Os recØm-nascidos sªo capazes de distinguir diferenas subtis de paladar. Brazelton e Cramer (2007) referem um estudo de Johnson e Salisbury, em 1975, onde encontraram diferentes tipos de sucªo em crianas alimentadas a biberªo consoante os lquidos que lhes deram a beber: o bebØ tem uma resistŒncia tªo grand e Ægua salgada que quase sufoca; o leite de vaca faz com que o bebØ mame de uma forma contnua e pare em intervalos regulares; se for dado leite materno em biberªo, o bebØ reconhece a diferena de gosto ao fim de pouco tempo e recomea a mamar por impulsos, com interval os regulares frequentes. O bebØ discrimina entªo os quatro sabores bÆsicos:salgado, doce, azedo e amargo e apresenta uma reacªo agradÆvel ao aœcar, o que o ajuda a adaptar-se vida fora do œtero, pois o leite materno Ø adocicado (Lopes, Nascimento, Souza, Mallet & Argimon, 2010). 5. O tacto De acordo com Alvarez e Golse (2009), a pele Ø o rgªo principal da percepªo sensorial na experiŒncia vivida do bebØ e as relaıes tÆcteis sªo os principais canais de comunicaªo. TambØm Brazelton e Cramer (2007) dªo m uita importncia ao tacto, atribuindo-o como a zona mais importante de comunicaªo entre a mªe e o bebØ. Os autores afirmam que o tacto Ø um sistema mediÆtico entre obebØ e quem cuida dele e pode servir para acalmar, alertar e despertar. Estes autores descobriram que um pequeno toque acalma o bebØ enquanto um toque mais forte e rÆpido constitui umestmulo de alerta. As zonas do corpo onde se toca o bebØ proporcionam respostas diferentes, por exemplo, se se tocar o bebØ volta da boca, ele agarra-se e quer mamar, se se fizer pressªo na palma da mªo, o bebØ volta a cabea e abre a boca para o mesmo lado, se se der u ma palmadinha num dos lados da boca, o bebØ fecha a mªo do mesmo lado e leva-a boca. 9 TambØm Lopes, Nascimento, Souza, Mallet & Argimon (2010) afirmam que o bebØ Ø muito sensvel ao toque, principalmente volta da boca e nas mªos. O bebØ reage a temperaturas mais quentes ou mais frias do que a do seu prprio corpo e parece ter mais reacªo ao frio. Esta sensibilidade estÆ presente a inda no œtero, sendo que aumenta nos primeiros cinco dias de vida. As CompetŒncias Relacionais Os recØm-nascidos tŒm um repertrio de comportamentos que os tornam competentes para as trocas sociais, como sejam, sinais comunicativos e capacidade de regular o seu prprio comportamento pelo do parceiro. Uma capacidade muito curiosa Ø a imitaªo de expressıes faciais que ocorre com poucas horas de vida. Os bebØs discriminam expressıes faciais de emoıes bÆsicas como a alegria, a surpresa e a tris teza (Dunker & Lordelo, 1993). Um sorriso social aparecerÆ por volta das 6 ou 8 semanas e a vocalizaªo inicia-se no final do segundo mŒs, inicio do terceiro (Prechtl, 1995). SÆ, Matela , Morais e Veiga (2004) defendem que logo na 3“ semana jÆ hÆ sorrisos verdadeiros e que entre a 4“ e a 6“ semana, o bebØ sorri para o rosto humano. Aps o aparecimento do primeiro sorri so social e significativo, os pais apercebem-se de que o bebØ Ø um ser humano capaz dese exprimir e comunicar (Lebovici, 1987). Cunha (2001) sugere mesmo que o bebØ estÆ inatament e habilitado desde que nasce a trocar emoıes empÆticas e intersubjectivas. Vai ma is longe e afirma que o bebØ precisa de comunicar com outro ser humano para regular o dese nvolvimento cortical do qual vªo depender o aprendizado e a aquisiªo da cultura (C unha, 2001, p.120). TambØm Moura, Ribas, Seabra, Pessa, Ribas Jr. e No gueira (2004) afirmam que o recØm-nascido apresenta um conjunto de caractersticas que o torna competente para os primeiros contactos sociais. Neste estudo, os bebØs foram avaliados como activos e participantes das trocas sociais. Os autores, de acordo com Trevarthen e Hubley (1978), asseguram que os recØm-nascidos possuem uma motiva ªo bÆsica para se relacionarem com outras pessoas. Alvarez e Golse (2009) reforam as ideias anteriores ao afirmarem que as competŒncias sociais do recØm-nascido sªo represent adas pela sua capacidade de imitar as expressıes do rosto do adulto e pela sincronia inte ractiva que demonstra desde as primeiras horas fora do œtero. De acordo com os mesmos autores, o recØm-nascido pode emitir 10 diferentes gritos aos quais a mªe darÆ diferentes respostas: o bebØ envolve-se nas relaıes atravØs desta comunicaªo infraverbal. Meltzoff e M oore (1977, 1983, 1994, 2000, citados por Moura & Ribas, 2004) vŒm realizando estudos, hÆquase vinte anos que demonstram imitaªo neonatal de movimentos faciais, como sejam , a protrusªo da lngua, a extensªo do lÆbio e a abertura da boca. Os autores, jÆ em 1983, constataram estas capacidades quando os bebØs tinham somente entre 1 hora e 71 horas de vida. O bebØ deve ser reconhecido como um sujeito activo nas suas interacıes com os outros, pois possui uma sØrie de mecanismos de ajustamentos que se denominam de capacidades precoces (Reis, 2003). O papel activo do bebØ no estabelecimento da relaªo desde o nascimento tambØm foi mencionado por Bowlby (citado por Gonalves, 2006) que referiu que os comportamentos inatos no recØm-nascido, nos quais se apoia a vinculaªo teve um enorme impacto no campo da psicologia do desenvolvimento. TambØm Eduardo SÆ (2004) afirma que os bebØs sªo, priori, competent es para a vinculaªo e para a ternura. No estudo de Santos (2001), o recØm-nascido foi tambØm descrito como um ser complexamente organizado, capaz de interagir com outras pessoas e de influenciar a relaªo com os outros, ou seja, Ø um ser essencialmente social. Contudo, a autora frisa tambØm que apesar de os bebØs possurem um repertrio comporta mental amplo e complexo, tambØm sªo seres individuais e cada um deles interage com os adultos com o seu prprio estilo individual. Gonalves (2003) tambØm comenta que o bebØ nªo recebe passivamente os cuidados da mªe, mas age sobre eles, influenciando-os, esti mulando-os e permitindo-lhes obter respostas da mªe que vªo ser decisivas para o seu d esenvolvimento psico-afectivo (Gonalves, 2003, p.6). Quando a mªe e o bebØ inter agem, num diÆlogo imaginÆrio, o bebØ nªo demonstra ser um ser passivo, mas alguØm que acompanha e modela o comportamento maternal. Se a mªe possui uma competŒncia comunicativa, nªo Ø menos verdade que o recØmnascido possui tambØm uma competŒncia precoce paraentrar activamente em relaªo com o meio (Alarcªo, Relvas & SÆ, 2004). Uma maneira de o bebØ influenciar a interacªo com a mªe Ø, atravØs de indicadores encorajadores e desencorajadores. Encorajadores significaria que o bebØ estÆ a mostrar mªe que quer continuar a interagir e que poderiam ser o modo como o bebØ sorri, o modo como olha para um objecto ou para uma pessoa, o bebØ tocar na mªe ou levantar os olhos e olhar para a mªe (um olhar carinhoso mœtuo). Os indicadores desencorajadores ocorrem quando o bebØ precisa de descansar. Alguns exemplos podem ser o evitar o olhar, pr a mªo no ouvido, 11 virar a cara, quando a cor da sua pele muda, quando arqueiam as costas ou abanam os braos ou mexem as pernas (Barnard, 1995). Reis (2006) tambØm Ø muito claro quando afirma queos bebØs nascem com um conjunto de possibilidades relacionais que os tornam activos e interactivos desde muito cedo, na gravidez. Na sua opiniªo, foi o processo de ence falizaªo que permitiu que os bebØs nascessem com estas possibilidades e que as mªes ap rendessem sobre eles e se adequassem s suas competŒncias e aos seus ritmos. O autor apresenta um conceito muito interessante ao dizer que o bebØ conhece, com a vista na ponta dos dedos, sempre que, levado pela curiosidade, se disponibiliza para a relaªo (Reis , 2006, p.60). Como tambØm refere Eduardo SÆ (2003a), a reacªo dos bebØs vida emocional da mªe permite-nos compreendŒ-los como sujeitos activos, organizando a relaªo, os seus ritmos, os seus sinais e a memria fetal. Quando a mªe e o pai deixam o bebØ liderar a emissªo de sinais, o encorajam a reagir aos estmulos sociais e do meio permitem que a cria na sinta que Ø competente e que controla o meio, fortalecendo-se. Com isto, estªo a permitir que se desenvolva a autonomia (Brazelton & Cramer, 2007). Pode-se resumir as competŒncias relacionais extraordinÆria capacidade que o bebØ tem de, desde sempre, participar, incentivar e influenciar as relaıes com a mªe e com todos os outros. As CompetŒncias Motoras O comportamento motor do bebØ pode ser entendido como uma parte do reportrio de possibilidades de interacªo social que ocorrem no comeo da vida. Os nveis de estabilidade do comportamento dependem do controle motor, que Ø definido como o conjunto de processos que permitem aos seres estabilizar ou mover o corpo, ou extensıes do corpo, do modo que desejarem (Vicente & Moura, 2006). O comeo da vida relacional do bebØ comea com o co ntacto e a proximidade corporal providenciados pelos cuidados primÆrios da mªe. Este contacto corporal desencadeia emoıes e sentimentos no bebØ que gradualmente vai desenvolvendo as suas capacidades motoras para responder aos requisitos de sobrevivŒncia e bem-estar. As disponibilidades motoras e o facto 12 de controlar o corpo aumentam a possibilidade de melhor ser entendido e correspondido. Assim, todos os comportamentos motores tŒm como objectivo a interacªo e constroem-se dentro da mesma. O bebØ expressa-se e relaciona-secom os outros atravØs do comportamento motor. A motricidade nªo acontece ao acaso, nªo Ø gratuita nem uma manifestaªo orgnica supØrflua (Feijo, 1992, citado por Vicente & Moura,2006). TambØm segundo Alvarez e Golse (2009), as capacidades motoras do recØm-nascido sªo igualmente surpreendentes, constituindo a base das interacıes entre pais e bebØ. O desenvolvimento motor evolui bastante em poucos meses, passando relativamente rÆpido de descoordenado a estÆvel, sendo este o res ultado da maturaªo neurolgica, com influŒncias endgenas, que se conjuga com influŒncias exgenas, que decorrem das experiŒncias motoras que o bebØ viveu com o seu mei o ambiente (SÆ, Matela, Morais & Veiga, 2004, p. 136). A imaturidade neurolgica con fere aos movimentos do recØm-nascido, uma certa aleatoridade, parecendo estar descoordenado (Alvarez & Golse, 2009). O comportamento motor implica acªo-movimento e Ø d ireccionado para a satisfaªo de necessidades, carŒncias, ou outras intenıes mai s alargadas. O conceito do comportamento motor, como a possibilidade de suplantar necessidades complexas (sejam elas do tipo fsico, emocional ou sociocultural), refora a ideia que a motricidade tem significados e valores especficos. O comportamento motor activa diversos processos psicossomÆticos para alcanar determinados objectivos: seja o de tocar na cara da mªe, seja o de ir buscar a bola, o de gatinhar, etc. Por isso se diz que os objectivos do corpo sªo objectivos mentais e definimo-los como psicomotores (Vicente & Moura, 2006). O comportamento motor do bebØ tambØm necessita de m u alvo visual externo como estmulo, ou seja, para desencadear a actividade de preensªo, o bebØ precisa de ser suscitado pela visªo do objecto (Vauclair, 2008). Desde que n asce, o bebØ possui a capacidade motora que lhe permite alcanar e tocar objectos que estej am no seu campo de visªo, ou seja, s pode perceber objectos situados a cerca de 20 cm dos seus olhos (Alarcªo, Relvas & SÆ, 2004). Esta fase de prØ-alcance desaparece por volta das 3-4 semanas e voltarÆ por volta dos 5 meses. Aqui, jÆ na fase de alcance, a criana precisa jÆ de estar desperta, sentada e agarrada de maneira a libertar as mªos (Vauclair, 2008). Contro lar e coordenar a actividade manual Ø uma habilidade importantssima na vida do bebØ porque possibilita diversos movimentos e a manipulaªo e construªo de objectos. A elaboraªo 13 dos movimentos manuais Ø muito complexa e interessante de observar. A junªo do ap arelho visual com a actividade das mªos origina uma performance œnica. Liga-se a percepªo com a acªo e a tendŒncia Ø para melhorar com a maturaªo e a experiŒncia (Vicente & Moura, 2006). Os primeiros movimentos espontneos do bebØ sªo os reflexos. Estes sªo respostas involuntÆrias a estmulos externos especficos, e v ªo desaparecer em algumas semanas ou integrar-se em movimentos mais complexos. Para alØmdo reflexo de orientaªo da cabea (ao tocar-se na boca ou na cara do bebØ, ele orienta acabea em direcªo do estmulo), o reflexo de sucªo e o reflexo de preensªo (quando a palma d a mªo do bebØ Ø estimulada, hÆ uma flexªo dos dedos e um movimento de agarrar), existe o reflexo de Moro, o de Babinski (o estimulo da planta do pØ, do calcanhar para os dedos implica a flexªo do dedo grande), o da marcha automÆtica (quando se segura a criana na posiªo vertical, o contacto dos seus pØs com uma superfcie desencadeia movimentos de marcha ) e outros. Para alguns autores, certos reflexos podem ter um papel facilitador para o desenvolvimento motor futuro enquanto para outros estes inibem o aparecimento dos movimentos voluntÆrios (Vauclair, 2008). Para o bebØ alcanar o controlo postural, primeiro controla a cabea, depois alcana a posiªo de sentado e, por œltimo, a de pØ. O desenv olvimento motor faz-se segundo a Lei de Progressªo CØfalo-caudal de Coghill, ou seja, a maturaªo comea ao nvel da extremidade cefÆlica e desce para a extremidade inferior do tronco. Mas tambØm segundo a Lei Prximodistal, ou seja, o controlo dos mœsculos dos membros progride desde a raiz dos membros atØ sua extremidade. Assim sendo, ao 3” mŒs segura a ca bea, ao 5” mŒs mantØm-se sentada, mas s endireita as costas por volta dos 8 meses. A seg uir, o controlo motor estende-se aos membros inferiores. Aos 9 meses, pode-se manter de pØ, com um apoio, e aos 11-12 meses sozinho. A seguir, anda. Com movimentos desengonad os e a cabea inclinada para a frente para ver onde estÆ a pisar ou o que estÆ a fazer (V auclair, 2008). Aos 2 anos sobe e desce as escadas sozinha pondo os dois pØs em cada degrau e aos 4 anos jÆ s pıe um pØ em cada degrau. Aos 5 anos praticamente jÆ anda como um adulto (Mazet & Stoleru, 2003). 14 Figura 1: CalendÆrio das grandes etapas do Desenvolvimento Motor (Vauclair, 2008) Socialmente falando, o comportamento motor, alarga as possibilidades da criana contactar com os outros, e responder particularmente s inœmeras ofertas de interacªo com a mªe (Vicente & Moura, 2006). Figura 2: Quadro de Desenvolvimento Psicomotor (Mazet & Stoleru, 2003) 15 As CompetŒncias Mentais Quando comea a vida mental? Se durante muito tempo , a PsicanÆlise defendia que o funcionamento mental do bebØ se iniciava com o nascimento, ou seja, no momento em que estabelecesse a sua primeira relaªo com o meio ext erno, hoje em dia, sabe-se que nªo hÆ um momento certo para o incio do seu funcionamento (S Æ & Dias, 2004), e que se nasce psiquicamente antes de se nascer efectivamente (SÆ,2004). Para Rosa (2006), a partir de meados da 14“ semana de gestaªo, o feto pensa. E a dianta, pensa como pode, pensa com o que tem, mesmo que nªo possa brincar ainda com o se u pensamento (Rosa, 2006, p. 102). Segundo Imbasciati (2003), na perspectiva das ciŒncias psicolgicas, o termo mental engloba nªo s o pensamento e a memria, mas tambØm o conjunto de sentimentos e emoıes que incidem de forma significativa sobre os processos cognitivos. Para o mesmo autor, o termo mental abrange ainda uma sØrie de fenmenos que geralmente, para o senso comum, nªo sªo considerados mentais, isto Ø, todos os comportamentos e as acıes do homem. Quer os comportamentos mais complexos, quer os mais simples, todos tŒm um significado mental. Os bebØs nascem programados para falarem, preferemo rosto e a voz materna (pensase que aqui se evidenciam as competŒncias visuais eauditivas), sentem-se confortados pelo ritmo e pelo som dos batimentos cardacos maternos (novamente competŒncias auditivas), bem como pelo cheiro familiar do corpo da mªe (evid Œncia de competŒncias olfactivas), recebem o seio materno como forma de satisfaªo da necessidade de alimento e de conforto fsico (aqui o conforto fsico serÆ uma primeira ma nifestaªo das competŒncias sociais), e sentem o corpo materno assim como qualquer toque (competŒncias do tacto) (Reis, 2003). Todas as competŒncias relacionais promovem a organizaªo da vida psquica ao longo da existŒncia (Sousa, 2006). Aqui, a autora jÆ demonst ra que sªo as competŒncias relacionais que, (junto com todas as outras), vªo organizar a m ente do bebØ. Observar Ø uma experiŒncia de totalidade: o bebØ serva ob quando olha (visªo), quando ouve (audiªo), quando cheira (olfacto) ou quando t oca (tacto). Ao observar, agarra objectos e entende-os, quer na sua dimensªo fsica, quer na su a vertente relacional. Esta capacidade revela a sua autonomia e contribui para ela. Ao observar, estabelece vnculos a partir do que observa, ou seja, pensa. Assim, o bebØ conhece, ao ser levado pela curiosidade, e disponibiliza-se para a relaªo (Reis, 2006). 16 Pela evidŒncia da existŒncia de todas as competŒnci as enumeradas, depreende-se que o bebØ nªo Ø nem nunca foi uma tÆbua rasa, ou seja, um ser incompetente, fechado, nªosociÆvel, oco, mas sim, segundo SÆ (2004), pelo con trÆrio, inquietantemente precoce nas suas competŒncias relacionais, nunca um aparelho digestivo acoplado a um encØfalo, um reservatrio de instintos como enfatiza o mesmo aut or (SÆ, 2009). Pensa-se que, quer isto dizer, o bebØ nªo Ø apenas um ser que s come, mas um ser extremamente complexo, competente, activo, receptivo, interactivo e atento ao mundo que o rodeia. Tal como disse Alvarez e Golse (2009), a vida psq uica do bebØ Ø contnua experiŒncia da vida fetal, pois alimenta-se das suas competŒncias e enraza-se na realidade corporal das experiencias sensoriais e motoras e t nico-emocionais de cada instante que ele tenta organizar, num singular ambiente interactivo, por meio da emergŒncia progressiva das primeiras estruturas de significaªo (Alvarez & Go lse, 2009, p. 35). O esforo psquico do bebØ Ø exercido voluntariamente atravØs da sua acti vidade motora, reflexo das suas competŒncias. Resumindo, o bebØ ao utilizar as suas competŒnciassensoriais, motoras e relacionais, entende, sente o mundo que o rodeia e organiza a sua mente com o que lhe Ø transmitido atravØs das suas competŒncias. Talvez as competŒnci as mentais sejam, essencialmente, a capacidade do bebØ organizar o seu cØrebro de manei ra a conseguir entender esse mesmo mundo. O bebØ vŒ a figura da mªe, uma vez, duas vez es, trŒs vezes, um dia, dois dias, um mŒs e vai tomar consciŒncia, perceber que aquela figuraØ quem lhe tira a fome, muda a fralda, dÆ mimos, ou seja, dÆ-lhe prazer. Uniu o que foi adquirindo atravØs das suas competŒncias sensoriais, motoras e relacionais, para levar sua consciŒncia esta ligaªo da figura, com a satisfaªo obtida. Esta ligaªo Ø adquirida sem o u so de palavras, Ø uma elaboraªo da mente dele. A mente vai sendo criada medida que ele vai usando as competŒncias jÆ mencionadas. A mente Ø o resultado de tudo o que ele adquiriu. As consequŒncias, para o bebØ, do desenvolvimento das competŒncias mentais consistemna elaboraªo da sua prpria mente, da sua percepªo geral do mundo que o rodeia, o que tu do junto vai levÆ-lo a criar a sua vivŒncia, o seu percurso, a sua histria. No fundo, falamos das competŒncias mentais para chegarmos s elaboraıes mais complexas do pensamen to. As mentais Ø que nos levam a perceber o mundo, sªo a tomada de consciŒncia do que nos rodeia. Segundo Bion, do bebØ, espera-se o gradual desenvolvimento das suas capacidades psquicas, apoiado no seu desenvolvimento neurofisi olgico, psicomotor, cognitivo e 17 emocional. Ele nasce com uma predisposiªo para se vincular, liga-se desde muito cedo a outros seres humanos, pesquisa o mundo, procura a sua autonomia, tendo para isso, em seu poder, um aparelho mental rudimentar dado atravØs dos rgªos dos sentidos. Portanto, entende-se que jÆ Bion, em 1963, havia percebido que o aparelho mental do bebØ se vai construir devido ao que lhe chega atravØs dos rgªo s dos sentidos, ou seja, das competŒncias sensoriais que ele depois organiza. Compete mªe t raduzir e dar um significado emocional s experiŒncias do bebØ expressas atravØs dos seus rg ªos sensoriais, compete mªe, com a sua capacidade de pensar e com a sua intuiªo (capacida de contentora da mªe), promover as necessÆrias mudanas relacionais com o bebØ para que ele continue a crescer fisiolgica e psiquicamente. Para o mesmo autor, Ø a capacidade de tolerncia frustraªo do bebØ face s ausŒncias de respostas da mªe que lhe irÆ permitiraprender com a experiŒncia emocional, inaugurando-se dessa forma o pensar humano (Bion, 1963, citado por Loureno, 2005, p.45). Se a primeira experiŒncia que um recØm-nascido podevivenciar resulta de uma necessidade insatisfeita, vai ser a possibilidade de tolerar tal estado que lhe vai promover a capacidade de estruturar o pensamento, de desenvolver operaıes m entais vÆlidas para prover s suas necessidades. Se nªo conseguir suportar esse despra zer, o pensamento nªo nasce. Para que nasa o pensamento, Ø necessÆrio que a frustraªo s eja, pelo menos em parte, suportada (Imbasciati, 2003, p. 150). Bion (1962, citado por Imbasciati, 2003) refora que quando a fuga dor contØm a tendŒncia para a auto-destruiª o, vista como a œnica soluªo possvel, funciona no sentido da destruiªo da organizaªo me ntal do sujeito, isto Ø, do sistema de pensar e sentir. O bebØ possui, nascena, um aparelho neurolgico , fisiolgico e psicolgico surpreendente e œnico que faz dele um ser de comunicaªo, orientado para o adulto. No entanto, estas competŒncias nªo lhe permitem viversozinho, razªo pela qual precisa do adulto para lhe organizar as suas percepıes, dar forma ao seu pensamento, metabolizar as suas emoıes, assumir o seu corpo e superar as suas carŒ ncias (Alvarez & Golse, 2009). E nunca serÆ de mais, a qualidade de cuidados prestados pelos pais para os ajudar a tornar mais saudÆveis, sensveis, intuitivos e curiosos. AliÆs,a funªo organizadora dos outros ganha Œnfase ao verificarmos o modo como a neurobiologianos permite perceber a vida mental como a auto-organizaªo nervosa, o mental vai organ izar o cerebral (SÆ, 2003c). Se o bebØ se desenvolver normalmente, percebe a pouco e pouco que existe como um sujeito œnico, rodeado de outros sujeitos œnicos e vai organizando as diferentes etapas do funcionamento mental progressivamente (Alvarez & Golse, 2009). Segundo SÆ (2009), as mªes nªo sªo 18 necessÆrias para o desenvolvimento dos bebØs. Sªo,isso sim, uma mais-valia, assim elas se consigam adequar s competŒncias dos bebØs. Nªo Ø que o autor esteja a sobrevalorizar as competŒncias dos bebØs, mas estÆ simplesmente a dem onstrar que os bebØs sªo tanto corpo como pensamento, s sªo bebØs diante da nossa arrog ncia: os bebØs tŒm autonomia, sªo atentos e intuitivos, imaginam e aprendem e pensam (SÆ, 2003a). A mªe tambØm pode ser considerada uma mais-valia na medida em que funciona como um esquema mental, um prØ-requisito filogenØtico, que torna o bebØ competente para a relaªo (SÆ, 2004, p. 132). O mesmo autor acrescen ta que as experiŒncias de comunhªo fetomªe sªo o garante da vida mental, sªo elas que nos dªo vida e quem promove a transformaªo. A vida mental Ø um percurso que vai da comunhªo comunhªo (SÆ, 2009) e quando as experiŒncias de comunhªo sªo mediadas pela decepªo, vai existir a doena psquica. TambØm Spitz percebeu a funªo vital da p resena materna, desde muito cedo na maturaªo mental, sem a qual poderia vir a existir um quadro depressivo invasivo e brutal. TambØm os estudos de Harlow deram Œnfase forma como o contacto fsico e a proximidade vinculativa, mesmo sem uma resposta activa, teriam uma funªo essencial na integraªo das experiŒncias, o que Zazzo reforou com a afirmaªo a necessidade de amor nªo se alimenta s de leite (SÆ, 2004, p. 124). TambØm para Matos (2006), a mente desenvolve-se na relaªo com o outro e o bebØ representa a relaªo com a mªe. AtravØs dela vai-se conhecendo, no afecto e pelo afecto. A mªe apresenta o mundo criana, atravØs da relaªo diÆdica, e a curiosidade do bebØ ajuda a descobri-lo. A mensagem do autor Ø essencialmente: o bem-estar interior do bebØ, a sua sensaªo geral de vitalidade e o seu sentimento de plenitude e felicidade (), assim como o futuro da sua saœde mental e o desejo de viver e produzir, Ø determinado pela qualidade, congruŒncia e fora dos afectos e projectos que tecem e enriquecem a dimensªo relacional da vida. com amor e sonho, partilha e esperana que se cresce e cria. E resume: sem relaªo nªo hÆ vida mental que se veja, sinta e dignifique (Matos, 2006, pp. 48-49). Conclui-se que Ø mais um autor que concorda que, Ø na existŒncia darelaªo precoce, que se elaboram as bases da vida mental. A possibilidade do bebØ ser capaz de organizar operaıes mentais exactas, que lhe permitem utilizar cada vez mais elementos perceptivos e sensoriais, que se vªo transformar em recordaıes, depois em imaginaıes, a seguir em 19 fantasias e depois em pensamentos, vai depender da relaªo mªe-bebØ e do estabelecimento d e um meio de comunicaªo entre eles, atravØs do qual o bebØ aprende (Imbasciati, 2003). Gonalves (2003) afirma que a comunicaªo mªe-bebØ Ø importante para o desenvolvimento da vida psquica da criana e que d evemos perceber o bebØ como agente da sua prpria mudana. Para a autora, damos cada vez mais importncia ao funcionamento mental do bebØ e ao impacto que tem na qualidade das interacıes precoces. Os bebØs falam connosco mais subtilmente: sentem os nossos abraos, aceitam ou esquivam-se ao nosso olhar e manifestam uma grande preferŒncia pelo diÆlogo pele-a-pele (Reis, 2003). As sensaıes, afectos e percepıes fa vorecem o desenvolvimento de uma pele- psquica e com ela desenvolve-se o pensamento (Boub li, 2001). A pele-psquica de Bick consiste numa mªe prestadora de cuidados que tem um papel importante na organizaªo psquica do bebØ procurando organizar os conteœdos internos deste e cuja capacidade passa pela forma como segura, fala e toca no seu bebØ (Loureno, 2005). Por tudo isto, percebe-se que o bebØ nasce com todo um aparelho mental que, claro que ainda nªo estÆ completamente desenvolvido, mas que lhe vai permitir contactar com o mundo externo e criar o seu prprio mundo interno, num processo contnuo de transforma ªo e aprendizagem sempre em meios relacionais (Reis, 2003). Eduardo SÆ (2004) refere que os recursos psquicos dos fetos e dos bebØs se traduzem num plano mental por um pensamento prØ-verbal (sustentado atravØs dos ritmos, como o embalamento, do tom de voz que as pessoas baixam para se adequarem aos bebØs, do diÆlogo pelo olhar, pela expressªo gestual, pela mmica) e num plano da neurobiologia por esquemas mentais. Sªo estes esquemas mentais, na sua opiniªo , que tornam os bebØs prØ-competentes para performances mentais e relacionais. Entenda-se com isto que o sistema nervoso dos bebØs lhes permite receber, associar e integrar informaªo que organiza criando uma memria e uma experiŒncia, um pensamento, ou seja, os bebØspensam antes mesmo de serem capazes de pensar os prprios pensamentos. O mesmo autor af irma nªo se tratar de competŒncias, mas sim, da sabedoria do bebØ (SÆ, 2003b). Exemplifican do, os bebØs pensam, na medida em que conseguem aperceber-se que o objecto precoce Ø aquela figura que os satisfaz, mas efectivamente ainda nªo conseguem pr isso por pala vras (como ns o fazemos). Supıe-se que Ø nesta medida, que o autor refere que se pensa antes de se pensar os prprios pensamentos. 20 Em que consiste, entªo, a vida mental para este aut or? Caracteriza-se pelo chamado funcionamento reflexivo em que o bebØ opera automaticamente atravØs das memrias implcitas, a tal forma de pensar margem da inten cionalidade de pensar, e caracteriza-se pela capacidade de mentalizar, em que a vida pulsional e afectiva do bebØ se transforma em formas simblicas, formando representaıes psquicas que l igam experiŒncias bÆsicas a imagens e palavras. Quando verbaliza, acede a estes smbolos e expressa-se. O autor resume: o bebØ tem uma actividade pulsional, um funcionamento reflexivo, mentaliza e constri espaos potenciais, antes de simbolizar (SÆ, 2009, p. 79). No momento do nascimento, os sistemas receptores das competŒncias sensoriais olfacto e paladar - sªo activados e passam a ser en viados para o cØrebro, tendo o bebØ necessidade de organizar estas aferŒncias em algo de interno, de maneira que possa ser utilizado mentalmente. muito provÆvel que as mens agens olfactivas e do paladar, no recØmnascido, sejam uma grande parte da sua experiŒncia.Todo este conjunto de dados brutos necessita de ser organizado em algo significativo para o bebØ e sªo eles que vªo realizar as primeiras operaıes mentais que constituem a estrut ura de base do bebØ. Ele vai ler as suas competŒncias e quando adquire a capacidade de obterum resultado completo a partir dessa leitura, obtØm uma correspondŒncia entre o objectoexterno e a sua representaªo, o que lhe vai permitir a percepªo, o reconhecimento. Ou seja , para que tudo isto adquira um carÆcter psquico, Ø necessÆrio que seja transformado em percepªo com o reconhecimento da parte tocada, o que implica que as vÆrias aferŒncias seja m organizadas e comparadas nos seus traos (Imbasciati, 2003, p. 105). Supıe-se que se pode concluir que as primeiras actividades mentais se servem das informaıes recebidas das dif erentes percepıes sensoriais. Importa compreender que a expressªo das competŒncias do recØm-nascido nªo Ø automÆtica, mas depende de variÆveis como as condiıes de apresentaªo do estmulo, o estado de vigilncia (Golse, 2007). Para o autor, a s competŒncias interactivas, as competŒncias sensoriais, as competŒncias motoras,Œm t como pano de fundo a capacidade da criana para regular os seus estados de vigilncia. Esta consiste no grau de disponibilidade da criana relativamente aos estmulos que lhe chegam do meio que a rodeia. A criana tem de ter domnio sobre estes estmulos, filtrÆ-los e pen eirÆ-los porque Ø confrontada, no incio da sua vida com um verdadeiro bombardeamento sensitiv o-sensorial e porque o aparelho psquico s pode trabalhar correctamente com pequen as quantidades de energia (Golse, 2007, p. 40). Cabe ao adulto filtrar uma parte destes estmulos para que a criana nªo os tenha nem a mais nem a menos, ou seja, evitar que ela corra o risco de carŒncia ou de 21 sobreestimulaªo. Outra parte fica a cargo da prpr ia criana quando ela reduz, por exemplo, a sua capacidade de atenªo face a estmulos repeti tivos. O adormecimento pode em algumas situaıes ser um mecanismo de defesa que permite criana fugir de uma atmosfera relacional que, para ela, estÆ a ser demasiado excitante ou destabilizadora. A criana mostrase, desde muito cedo, competente nesta regulaªo, c ompetŒncia essa que Ø fundamental e que vai condicionar a eficÆcia das outras competŒncias de que dispıe. Em condiıes normais, o bebØ e o seu cuidador parec em estabelecer um sistema transicional governado por regras e baseado em lao s recprocos e numa retroacªo interpessoal contnua. O desenvolvimento precoce ad apta-se e organiza-se. Dentro de condiıes favorÆveis, o educador facilita uma adapt aªo mœtua unindo o seu comportamento ao do bebØ, o que mostra bem o papel dos processosreguladores intra e inter-pessoais dentro dos sistemas bebØ-cuidador. Assim, pode-se pensar que, para alØm da variabilidade individual dos bebØs e do seu meio-ambiente nascena, a sua histria transaccional serÆ decisiva para a evoluªo do seu desenvolvimento. Estamos perante um a rede complexa e organizada de relaıes dinmicas: a da famlia, a das dades no i nterior da famlia e a da dinmica dentro do prprio indivduo. A todo o momento, os acontecimen tos que ocorrem dentro de um dos desses campos repercutem-se no conjunto e facilitam, modificam ou retØm os acontecimentos que ocorrem nos outros campos. um princpio funda mental do funcionamento dos sistemas que o comportamento de um sistema depende do acordo ou das relaıes das suas partes, o que vai determinar a organizaªo do todo. O princpio e nunciado por Piaget de um equilbrio adaptativo (assimilaªo e acomodaªo) Ø um exemplo da regra geral que regula as relaıes do bebØ. Stierlin (citado por Wertheim, 1982) rebaptizou esta regra, estendendo este princpio como tendo o seu prprio sistema de regras que dete rmina como o equilbrio Ø estabelecido. Em cada estÆdio do desenvolvimento, a estabilidadedo bebØ depende da maneira como se dÆ este equilbrio. O bebØ nªo pode ser mais estÆvel do que o sªo os elementos sua volta. Querendo simplificar, o bebØ serÆ sempre atingido elo p meio que o rodeia: se viver num ambiente em que todos gritam e ninguØm se entende, nªo serÆ com certeza, o bebØ a œnica pessoa confortÆvel com este quadro. O desenvolvimento exige estabilidade mas tambØm mudana. Em condiıes normais, estas mudanas sªo precipitadas pelo aumento das ca pacidades e aptidıes fsicas, cognitivas e afectivas do bebØ, criando-se novas regras a que os cuidadores sensveis se adaptam gradualmente. As mudanas que ocorrem na famlia po dem exercer pressªo em qualquer um dos sistemas ou em todos, provocando um desvio temporÆrio das regras estabelecidas atØ se 22 alcanar um novo equilbrio. Esta reorganizaªo est arÆ na base das transformaıes progressivas dentro dos sistemas a que o bebØ pertence. Estes processos do reequilbrio cognitivo postulado por Piaget transformarªo progre ssivamente as estruturas mentais do bebØ. necessÆrio procurar, para melhor compreender, os processos atravØs dos quais a vulnerabilidade e a invulnerabilidade individuais estªo ligadas famlia e aos sistemas sociais dentro dos quais os indivduos crescem e fazem part e integrante. Parece que estes processos sªo regidos por leis e sªo organizados. Se se quer prevenir a vulnerabilidade, convØm descobrir as leis bio-sociais que a governam (Wertheim, 1982). Se o modelo enunciado por Piaget, e rebaptizado por Stierlin (citado por Wertheim, 1982), for vÆlido, os seis primeiros meses de vida tŒm uma importncia crucial para a prevenªo, dado que estes primeiros meses assentam na base da transformaªo do bebØ no ser h umano. Para Nagera (1982), todas as crianas sªo vulnerÆve is e existem uma sØrie de situaıes desfavorÆveis que propiciam a vulnerabilidade: a negligŒncia; os maus-tratos; a adopªo; o desmembramento da famlia; a morte de um dos pais. Os perigos que os bebØs correm atØ ao um ano e meio de idade desempenham um papel fundamental no desenvolvimento dos mesmos. SaudÆvel implica nªo s saœde fsica, mas t ambØm um bom desenvolvimento intelectual, afectivo e psicolgico. O bebØ nasce c om um cØrebro extremamente imaturo e inacabado, ao ponto que lhe Ø preciso um ano e meio a dois anos para atingir o nvel de maturidade tpico do momento de nascimento dos outr os mamferos. O cØrebro nªo consegue atingir o seu potencial ideal sem a contribuiªo es sencial dos factores ambientais. Esta contribuiªo dÆ-se sobre a forma de diversos estmu los que devem atingir o cØrebro. O autor refere que existem alguns estudos que confirmam que um estmulo ambiental (ou a sua ausŒncia) pode modificar uma estrutura em desenvolvimento dentro do sistema nervoso central, reforando que os dois primeiros anos de v ida sªo o perodo crtico em que todos os desenvolvimentos devem ter lugar, e que existem outros estudos que provaram claramente os terrveis danos causados personalidade e ao desen volvimento intelectual pelo facto de se crescer em condiıes de carŒncia e de ausŒncia de estmulos, ou seja, com uma insuficiŒncia de contacto humano e de interacıes. O autor observ ou suficientemente o desenvolvimento humano para saber que o melhor programador do cØrebro humano Ø uma boa interacªo mªebebØ durante os primeiros anos de vida. Desde que esta programaªo seja bem efectuada, muitas outras pessoas podem participar, com sucesso, na sequŒncia deste processo. Um objecto constante, cuidados constantes e estmulos nem excessivos nem insuficientes, mas na dose certa, levam a criana a organizar as suas exp eriŒncias e a organizar o seu universo. 23 Para DamÆsio (citado por Carecho, 2011), a mente e o corpo comunicam, comunicaªo esta, feita por sinais qumicos e neura is. As informaıes transmitidas pelo corpo dªo origem aos mapas mentais. O cØrebro cria mapas para se informar a si prprio e Ø a consciŒncia que permite transformar esses mapas em imagens. Quando se modificam as informaıes que acontecem no corpo e no cØrebro, os mapas tambØm se alteram. Uma consequŒncia do mapeamento contnuo do cØrebro Ø amente. Para o autor, os constituintes primordiais da mente sªo os sentimentos (incluindo a dor e o prazer) e baseiam-se em sinais directos do corpo. Estes sinais sªo essenciais para a construªo do Eu. O mapeamento das modificaıes sentidas pelo corpo permite ao cØrebro reagir correctivamente em situaıes que comprometam a vida, criando as emoıes. Estas perte ncem aos processos mentais que nos acompanham durante toda a vida. A mesma consciŒnciamencionada pelo autor, Ø um estado mental em que o sujeito tem conhecimento da sua pr pria existŒncia e daquela que o rodeia. Nesta consciŒncia, o Eu assume uma grande importncia. Ao estudar-se a primeira infncia, estuda-se o conc eito de self como estrutura organizadora do psiquismo. Os dados de vÆrios estudos deram consistŒncia ideia que a formaªo e coesªo do self dependem da qualidade emp Ætica das relaıes precoces no interior da dade mªe-criana (Gonalves, 2006, p.115). Acr edita-se que os recØm-nascidos nªo se vŒem a si prprios como separados do meio que os envolve ou das suas relaıes precoces. O sentido de separaªo desenvolve-se atravØs do acto de ser segurado por outro corpo, o do cuidador, e atravØs da partida e do regresso do mesmo. A preensªo, o tocar os outros e os objectos ajuda neste processo de diferenciaªo. O c omportamento do cuidador tambØm Ø importante na medida em que, se for um consistente fornecedor de segurana na forma de comida, conforto corporal, o bebØ provavelmente desenvolverÆ gradualmente um sentido de consciŒncia corporal confortÆvel. Este Ø o comeo edum conceito de self corporal. TambØm na interacªo com o cuidador e um cuidado atencioso , o bebØ comea a ver-se a si prprio como uma pessoa recproca em proporcionar prazer e sorrisos nos outros. Como jÆ foi dito, isto ocorre ao nvel motor e sensorial porque no pr incpio, o bebØ pensa atravØs dos seus sentidos. muito importante que o cuidador respond a ao bebØ como sendo um ser individual e espontneo (Phillips, 1982). Compreende-se que o self Ø o fruto de tudo o que o bebØ sentiu, viu, ouviu e percebeu e que lhe permitiu elaborar a sua mente. Para Stern (citado por Gonalves, 2006), a formaªo do self passa por quatro estÆdios: aos 2 meses de idade, o self emergente, em que o latente estabelece ligaıes entre as vÆrias modalidades perceptivas; a seguir a fase do self nuclear, aos 6 meses em que toma 24 consciŒncia da coesªo fsica e subjectiva do self; depois o self subjectivo, aos 15 meses em que comea a ter consciŒncia das experiŒncias intersubjectivas; tudo isto abre caminho ao self verbal. 2. Os pais Concepªo dos pais acerca das competŒncias dos bebØs JÆ Winnicott, em 1975(a), afirmava que apesar de lagumas pessoas pensarem nos bebØs, atØ aos seis meses de idade, como nada maisdo que corpos e reflexos, as mªes vŒem, desde sempre, a pessoa que hÆ nos seus prprios bebØs, pois como o autor diz, ninguØm pode conhecer melhor um bebØ do que a sua mªe. importante dar a conhecer aos pais as reais compe tŒncias dos seus bebØs, pois uma mªe que acha que o seu filho nªo Ø capaz de interagir com ela, nªo o estimularÆ nesse sentido, por exemplo, nªo procurarÆ o contacto visual nem falarÆ com ele numa posiªo de face a face. Deste modo, o bebØ que nªo Ø estimulado tambØm nªo demonstrarÆ tªo bem as suas capacidades, o que contribui para reforar as cren as de incompetŒncia que a mªe tem em relaªo a ele. Assim, uma intervenªo simples com a mªe faria todo o sentido para a sensibilizar para as extraordinÆrias competŒncias od seu bebØ, mudando desta maneira a forma como a mªe interage com o bebØ. Com esta intervenªo, a mªe pode tornar-se mais sensvel s capacidades œnicas do seu bebØ, adequar as suas expectativas de acordo com elas e exercer nveis de estimulaªo mais ajustados, os qu ais desencadearªo no recØm-nascido comportamentos sociais mais reforadores (Santos, 1993, p. 52). De acordo com a autora, sensibilizar os pais para as capacidades desenvolvimentais e interactivas dos seus filhos tornÆlos-Æ mais atentos e estimulantes, melhorando assim, as interacıes entre pais e filhos. A autora afirma ainda que, seria importante haver um aconselhamento nas maternidades para sensibilizar as mªes para as competŒncias dos filhos e esclarecer as dœvidas e receios das mesmas, o que poderÆ contribuir para que a mªe se sinta mais confiante no modo de lidar com o bebØ, bem como mais atenta aos seus comportamentos e s oportunidades de diÆlogo que lhe proporciona. Brazelton (citado por Loureno, 2005) tambØm afirm a que, se os pais estiverem informados desde o nascimento, das reais competŒncias dos seus bebØs, melhor se conseguem adaptar a estas e melhor as conseguem compreender, permitindo assim, uma melhor evoluªo 25 dos estados mentais do seu bebØ. Os pais, que valorizam e apreciam a extraordinÆria gama de comportamentos que existe no repertrio de uma cria na, estªo preparados para enriquecer o diÆlogo com o seu bebØ (Brazelton & Cramer, 2007).Para isso, os pais tŒm que ser ajudados na identificaªo dos factores e atitudes que favore cem o desenvolvimento das competŒncias do bebØ (Loureno, 2005). De acordo com Brazelton & Cramer (1989/2001), Gomes-Pedro (1985) e Stern (1985/1992) citados por Diniz (2009) faz todo o sentido pensar o bebØ em conjunto com os seus pais, pois Ø a partir desta relaªo que se des envolverªo as competŒncias do bebØ, nªo s fsicas e cognitivas, como tambØm emocionais e psq uicas. Os mesmos autores afirmam que o bebØ, quando nasce, tem imensas competŒncias compor tamentais e relacionais, tendo deste modo, um papel activo na relaªo com os seus pais. Afirmam ainda, que Ø atravØs das suas capacidades para influenciar os comportamentos dos seus pais e da disponibilidade parental para o compreender, que se estabelece uma forte relaªo entre eles. Diniz (2009) afirma que Ø importante que os pais percebam as reais competŒncias do seu bebØ para se afastarem daquelas que tinham construdo sobre ele, pois s a ssim, surgirÆ a verdadeira ligaªo. atravØs desta ligaªo que a criana desenvolverÆ as suas caractersticas psquicas, como sentimento de si, temores, medos e afeiıes; senti mentos em relaªo aos outros e ao relacionamento que se pode estabelecer entre estes; juzos acerca do bom e do mau, do feio e do belo; ideias acerca da vida e da morte, do humor e da tristeza (Lebovici, 1994, citado por Diniz, 2009, p. 146). O conhecimento dos pais Ø fundamental para a sua avaliaªo e interpretaªo sobre os comportamentos e desenvolvimento dos seus filhos e para guiar as decisıes que tŒm de tomar todos os dias acerca do cuidado a dar s suas crian as. Os conhecimentos dos pais sªo tambØm particularmente relevantes para a prÆtica pe diÆtrica, pois os pais sªo a principal fonte de informaªo sobre a criana para o clnico. As mª es e os pais sªo muitas vezes questionados sobre as expectativas, opiniıes e preocupaıes sobr e a saœde dos seus filhos e o desenvolvimento durante as visitas ao pediatra (Ribas Jr. & Bornstein, 2005). A importncia dos pais em conhecerem as competŒncias dos bebØs Ø reforada por Pedro (2004), que afirma que a incapacidade dos pais em se adaptarem s competŒncias e caractersticas individuais do seu bebØ inviabiliza uma criaªo slida dos primeiros vnculos, o que afectarÆ os afectos, as emoıes e uma fiel ad aptaªo social. 26 Anexo 1: Questionário sobre a Concepção de Competências do Bebé Recém-Nascido (QCBR) MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA Estamos interessados em estudar o desenvolvimento de crianças desde o nascimento e a forma como elas são vistas pelos adultos. Gostaríamos de ter a sua colaboração nesse sentido. Apresentamos a seguir uma série de itens sobre o que fazem ou não os bebés recémnascidos, ou seja, bebés até 2 meses de idade. Após ler cada um dos itens marque na folha de resposta, com um X, se concorda plenamente, concorda, não concorda nem discorda, discorda ou discorda plenamente com o que é dito. Lembre-se sempre que os itens se referem a bebés que não apresentam nenhuma deficiência, com idade dos 0 a 2 meses. DADOS PESSOAIS: SEXO: Nº: ________ MASCULINO FEMININO IDADE: _________ ESTADO CIVIL: SOLTEIRO (A) CASADO (A) SEPARADO (A) VIÚVO (A) IDADE DO BEBÉ: ___________ É O SEU PRIMEIRO FILHO? SIM NÃO SE JÁ TINHA FILHOS, QUANTOS? ______________________ E DE QUE IDADE? _____________________ SE JÁ TINHA FILHO(S), QUEM CUIDOU DELE(S) NOS PRIMEIROS MESES DE VIDA? A AMA O PAI A MÃE A AVÓ O PAI E A MÃE A EMPREGADA CRECHE NO CASO DE NENHUMA DAS ALTERNATIVAS SERVIR COMO RESPOSTA, ESCREVA NO ESPAÇO RESERVADO ABAIXO QUEM CUIDOU DOS SEUS FILHOS __________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ QUAL O SEU GRAU DE ESCOLARIDADE? TRABALHA? SIM 9º. ANO 12º. ANO LICENCIATURA MESTRADO DOUTORAMENTO NÃO PROFISSÃO: ______________________________________ 1. Os olhos do bebé procuram o rosto dos pais quando eles pegam no bebé acordado, ao colo. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé é afectado pelo ambiente que o cerca, podendo mostrar-se agitado ou tranquilo dependendo desse ambiente. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente 3. Como o bebé não se sabe expressar, ele e os adultos que estão à sua volta não comunicam. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé não distingue o rosto da sua mãe do rosto das outras pessoas. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . Os bebés, quando nascem, não são muito diferentes uns dos outros. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente Os bebés não são todos iguais, alguns são mais calmos e outros mais agitados. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé não é capaz de ver os brinquedos à sua volta. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé e a mãe comunicam através dos sons (ou seja, as falas da mãe e os galreios do bebé), das expressões do rosto e dos gestos que fazem um para o outro. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé prefere olhar para rostos a olhar para objectos. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . Quando o bebé olha para o adulto e quando o adulto mexe a sua cabeça, virando-a para o outro lado, o bebé acompanha com os olhos o movimento do adulto. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente .Um bebé não se mostra mais atento ao rosto da sua mãe do que ao rosto de outras pessoas. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé precisa de silêncio, pouca claridade e poucos estímulos à sua volta. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé está alheio ao que acontece à sua volta e, por isso, não percebe as situações ou as pessoas que o cercam. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé não está sempre com a mesma atenção. Às vezes, pode estar atento e em outros momentos sonolento. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé demonstra de alguma forma as suas preferências e a mãe, aos poucos, passa a conhecê-las. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . Ao ouvir um som, o bebé é capaz de virar a cabeça correctamente para o lugar de onde veio aquele som. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . Alguns bebés são mais sensíveis que outros. Por exemplo, alguns assustam-se com facilidade ao ouvir barulhos e outros sentem mais calor ou frio. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé não mostrará reacções diferentes se a sua mãe estiver nervosa, alegre ou triste. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé não consegue interagir com as pessoas que o cercam porque não pode falar e porque está alheio ao que acontece à sua volta. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé consegue distinguir o som da voz da pessoa que cuida dele do som da voz das outras pessoas. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé é capaz de imitar a mãe quando esta lhe mostra a sua língua. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé tem “quereres” e demonstra-o de algumas formas. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé distingue entre objetos ásperos e macios através do contacto com as suas mãos. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé prefere ouvir o som da voz humana a ouvir o som emitido por um brinquedo, por exemplo, o som de uma roca. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . A mãe e o bebé, aos poucos, começam a criar as suas próprias brincadeiras. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . Se o bebé bebe no biberão um tipo de leite, e em outra ocasião bebe outro tipo de leite, pode ter preferência pelo gosto de um deles. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé demonstra sentimentos de alegria, tristeza ou raiva. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé não consegue sentir cheiro, não apresentando uma reacção diferente ao cheirar, por exemplo, perfume ou leite. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé imita alguns sons que a mãe faz para ele. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé diferencia o cheiro da sua mãe do cheiro das outras pessoas. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé costuma olhar fixamente para o rosto da mãe durante a amamentação. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente . O bebé sente necessidade de estar com pessoas à sua volta e interagir com elas. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé não é capaz de imitar o gesto feito pelo adulto com a mão, mesmo que este seja repetido várias vezes. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente O bebé não consegue olhar directamente nos olhos do adulto que cuida dele. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente Se o bebé provar chá de erva doce e água não sentirá diferença no sabor de cada um. Concordo Plenamente Concordo Não concordo nem discordo Discordo Discordo Plenamente Anexo 2: Tabelas sobre as análises de dados efectuadas em SPSS.