Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente UESC Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ESTUDO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CACHOEIRA –REGIÃO SUL DA BAHIA ACÁCIA GOMES PINHO ILHÉUS – BAHIA 2001 ACÁCIA GOMES PINHO ESTUDO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CACHOEIRA-REGIÃO SUL DA BAHIA Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pósgraduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Subprograma Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e meio Ambiente, Subárea de concentração : Planejamento e Gestão Ambiental no Trópico Úmido Professor Dr. Neylor Calazans Rêgo Orientador ILHÉUS – BAHIA 2001 À Maria Luzia de Melo Torres, simbolizando todos os promotores de soluções harmônicas homem-ambiente na Bacia do Rio Cachoeira. AGRADECIMENTOS Ao término do Curso de Mestrado, foram muitas as pessoas que contribuíram para esse fim. A todos que colaboraram de forma decisiva para a realização de trabalho, instituições, professores, amigos, colegas, alunos e familiares, externo meus agradecimentos, e em especial: À Universidade Estadual de Santa Cruz pela oportunidade oferecida e apoio durante todo o programa de pós-graduação, nas pessoas da Reitora Professora Renée Albagli Nogueira, dos seus professores e funcionários; Ao coordenador do curso professor Dr. Max de Menezes, em função da extrema dedicação; Aos professores e colegas de curso que contribuíram para a formação de novos conhecimentos; Ao professor Dr. Neylor Calazans Rêgo, pela gentileza em aceitar ser orientador e pela forma educada e competente como a conduziu; Aos professores Dr. Arno Heren de Oliveira e Ms. Irene Maurício Carzorla cujas contribuições tornaram este trabalho muito melhor; Aos professores Dr. Hélio Barroco e Jorge Octávio Alves Moreno pela revisão e auxílio no emprego correto das normas técnicas de redação científica. Aos estagiários Giovani Batista de Souza e Jorsanete Passos Cardoso pela colaboração responsável nas coletas e boa parceria construída; À EMASA, nas pessoas do Engo. Cláudio Fontes por disponibilizar seus conhecimentos e dados fundamentais, a Cláudia Maria de Almeida Souza e João Baptista dos Santos Bittencourt pela preparação das coletas biológicas; À EMBASA, pelas análises laboratoriais; À Maria Conceição Oliveira pela semente plantada; Ao Carlos Fernando da Costa Mattedi, pelo companheirismo, incentivo e pouca cobrança pelas horas ausentes do convívio familiar. O reconhecimento sincero da autora. RESUMO ESTUDO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CACHOEIRA -REGIÃO SUL DA BAHIA Este trabalho avalia a qualidade das águas do Rio Cachoeira Sul da Bahia e suas variações temporal e espacial, no período de Janeiro-99 a Dezembro-99, usando variáveis fisicoquímicas e biológicas tais como: potencial hidrogeniônico, temperatura, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, resíduo total, coliformes fecal e total. Fez-se também o estudo de autodepuração utilizando-se o modelo matemático de Streeter & Phelps. Foram escolhidos 8 pontos de coleta, estudos de autodepuração em quatro trechos. Os valores de pH efetuado os variam de neutro a levemente básica, mantendo-se numa temperatura média de 26,4oC, seguindo a classificação da resolução CONAMA n°. 20, o rio é classe 2 em 50% do seu percurso, passando a classes 3, quando da recepção dos esgotos do Matadouro municipal de Itabuna, da cidade de Itabuna e de Indústrias, trechos P4-P5 e P5-P6. A análise da autodepuração indica tratamento secundário para os efluentes destes trechos, o que permitirá também reduzir a quantidade de coliformes total e fecal já que a situação atual é classe 4, para este critério. A concentração de fósforo é no mínimo o dobro do estabelecido pelo resolução CONAMA n°. 20. Verificou-se que as ações antrópicas estão degradando as águas do Rio Cachoeira, não há preservação qualitativa das suas águas e vê-se como fundamental o investimento no tratamento das águas residuárias. No capítulo 3 é mostrado os estudos já realizados concernentes a qualidade da água em corpos d´água. O capítulo 4 é dedicado descrição da área de estudo e modelos matemáticos empregados e finalmente o capítulo 5 apresenta os resultados e discussões. i ABSTRACT A WATER QUALITY STUDY OF THE RIO CACHOEIRA - SOUTH REGION OF BAHIA This work evaluates the water quality of the Cachoeira’s river located on the south of Bahia and its variations in time and space during the period of January through December99, using physical-chemistries variables such as pH, temperature, electric conductivity, dissolved oxygen, biochemistry oxygen demand, total phosphorus, total residue, fecal and total coliform. It was also developed the self-purification study using the mathematical model of Streeter & Phelps. It was chosen 8 collection points, making the self-purification studies in four segments. The pH values varies between neutral the slightly basic, a mean temperature of 26,4C, following the CONAMA’s resolution number 20, the river is class 2 in 50% of its course, passing to class 3, when it receives the sewers of the municipal slaughter-house of Itabuna, of the Itabuna’s city and of industries, segments P4-P5 and P5P6. The self-purification analysis indicates secondary treatment for the residual water of these places, what will also allow for the reduction of the total and fecal coliform since the current situation is class 4 for this criterion. The phosphorus concentration is at least the double of the established by the CONAMA’s resolution number 20. It was verified that the anthropic actions are degrading the Cachoeira’s river, there is not qualitative preservation of its water and it is considered to be fundamental the investment in the treatment of the residual waters. In chapter 3 it is shown the studies already accomplished concerning the water quality of rivers. Chapter 4 is dedicated to the description of the study area and mathematical models, and finally chapter 5 presents the results and conclusions. ii SUMÁRIO Página Lista de Figuras.......................................................................................................... Lista de Quadros........................................................................................................ Lista de Quadros.......................................................................................................... iv vii viii 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1 2. OBJETIVOS............................................................................................................ 3 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 3.1. Qualidade de Água............................................................................................... 3.2.. Parâmetros de Qualidade..................................................................................... 3.3. Impacto de Cargas Biodegradáveis...................................................................... 4 4 7 16 4. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 4.1. Área de Estudo..................................................................................................... 4.2. Amostragem......................................................................................................... 4.3. Estratégia de Análise dos Dados.......................................................................... 4.4. Modelo de Autodepuração OD-DBO................................................................... 31 31 35 37 38 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 5.1. Análise da qualidade da água............................................................................... 5.2. Análise da Autodepuração.................................................................................... 50 50 74 6. CONCLUSÕES....................................................................................................... 85 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 87 8.ANEXO 01............................................................................................................... 91 9.ANEXO 02............................................................................................................... 102 iii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Tendência no consumo global de água, 1900-2000. ...................................... Página 6 Figura 2 - Variação da condutividade de solução de NaCl com a concentração............... 8 Figura 3 - Classificação das diferentes formas de fosfato presentes................................. 13 Figura 4 - Determinação dos sólidos da amostra.............................................................. 15 Figura 5 - Representação esquemática dos efeitos de efluente orgânico sobre um rio..... 16 Figura 6 - Ciclo do carbono, nitrogênio e enxofre na decomposição aeróbica ............... 18 Figura 7 - Fatores que afetam a interação OD-DBO ...................................................... 20 Figura 8 - Progressão do consumo de oxigênio para um mesmo valor de Lo e diferentes valores de K1.................................................................................................... 22 Figura 9 - Variação da DBO em 9, 20 e 300C ................................................................... 23 Figura 10 - Decomposição Bentônica no Rio Cachoeira................................................... 27 Figura 11 – Localização da área de estudo......................................................................... 31 Figura 12 – Unidade Hidrográfica do Rio Cachoeira......................................................... 32 Figura 13 - Localização dos pontos de coleta e Fontes de Poluição................................ 36 Figura 14 - Altura de coleta das amostras.......................................................................... 37 Figura 15 - Pontos característicos da curva de depleção de OD........................................ 41 Figura 16 - Variação sazonal do potencial hidrogeniônico (pH)...................................... 50 Figura 17 - Variação do Potencial Hidrogeniônico (pH) médio....................................... 51 Figura 18 - Variação sazonal da condutividade nos oito pontos de coleta........................ 52 Figura 19 - Variação sazonal da condutividade nos sete pontos de coleta....................... 53 Figura 20 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água.......................................... 54 Figura 21 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água....................................... 55 iv Figura 22 - Variação sazonal do oxigênio dissolvido....................................................... 56 Figura 23 - Variação do OD médio nos pontos de coleta................................................ 57 Figura 24 - Variação sazonal da demanda bioquímica de oxigênio................................... 58 Figura 25 - Diagrama da caixa dos postos (rank) dos valores da DBO no pontos de coleta........ 59 Figura 26 - Intervalo de confiança de 95% para a estimativa da DBO média................... 60 Figura 27 - Variação sazonal do fosfato........................................................................... 62 Figura 28 - Variação do fósforo total num intervalo de confiança 95%......................... 62 Figura 29 - Variação sazonal do resíduo total..................................................................... 64 Figura 30 - Variação do resíduo total............................................................................. 64 Figura 31 - Variação sazonal do coliforme total................................................................ 66 Figura 32 - Variação sazonal do coliforme total............................................................... 66 Figura 33 - Variação coliformes fecal e total ................................................................ 67 Figura 34 - Relação entre o DBO e a temperatura do rio Cachoeira................................. 71 Figura 35 - Relação entre o OD e a temperatura do rio Cachoeira.................................... 72 Figura 36 – Perfil de OD Trecho P3-P4............................................................................. 76 Figura 37 – Perfil OD Trecho P4-P5................................................................................... 78 Figura 38 – Perfil OD Trecho P4-P5 com tratamento......................................................... 79 Figura 39 – Pefil OD Trecho P5-P6.................................................................................... 81 Figura 40 – Perfil OD Trecho P5-P6 com tratamento......................................................... 82 Figura 41 - Perfil de OD Trecho P6-P7......................................................................... 84 Figura 47 – Visão dos múltiplos usos do rio Cachoeira..................................................... 91 v LISTA DE TABELAS Tabela 01 - OD médio e Classe 57 Tabela 02 - DBO médio e Classe 60 Tabela 03 - Índice de Coliforme e Classe 66 Tabela 04 - Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis 68 Tabela 05 - Matriz de correlação (Spearman) entre as variáveis 69 Tabela 06 - Quantificação das Cargas Poluidoras 74 Tabela 07 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático Trecho P3-P4 75 Tabela 08 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância -Trecho P3-P4 76 Tabela 09 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P4-P5 77 Tabela 10 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P4-P5 78 Tabela 11 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P5-P6 80 Tabela 12 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P5-P6 81 Tabela 13 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P6-P7 83 Tabela 14 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P6-P7 84 vi LISTA DE QUADROS Página Quadro 1 – Variação de pH................................................................................................... 10 Quadro 2 - Concentração de Saturação de OD e sobrevivência dos peixes......................... 12 Quadro 3 – Classificação de ambientes aquáticos em relação á produtividade..................... 14 Quadro 4 - Valores típicos de K2 (base e, 200C).............................................................. 25 Quadro 5 - Valores de K2 segundo modelos dados hidraulicos............................................ 25 Quadro 6 - Valores médios da demanda de oxigênio de leitos de rios ................................ 28 Quadro 7 - Valores médios da produção fotossintética bruta de OD.................................. 30 Quadro 8 – Valores característicos médios e históricos de vazão...................................... 33 Quadro 9 - Valores característicos mínimos de 7 dias ....................................................... 34 Quadro 10 35 Data das coletas de amostras....................................................................... Quadro 11 - Localização geográfica dos pontos.................................................................. 35 Quadro 12 - Distância dos Trechos....................................................................................... 36 Quadro 13 - Interpretação das relações Lo/Do e K2/K1......................................................... 43 Quadro 14 - Consumo per capita de água............................................................................. 45 Quadro 15 - Vazões específicas médias de algumas indústrias........................................... 45 Quadro 16 - Valores de DBO5 em função das características do curso d’água.................... 46 Quadro 17 - Características químicas dos esgotos domésticos brutos.................................. 47 Quadro 18 - Características das águas residuárias indústrias............................................. 47 vii Quadro 19 - Valores típicos de K1........................................................................................ 47 Quadro 20 - Valores típicos de K2 (base e, 200C)................................................................. 48 Quadro 21 - Valores do coeficiente K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos (base e) 200C.............................................................................. Quadro 22 - Concentração de Saturação de oxigênio (mg/l)................................................. 48 Quadro 23 - Teores mínimos permissíveis de OD - Resolução Conama n0 20, 18/06/86................ 49 viii 49 1 1. INTRODUÇÃO Rio Cachoeira Região Sul da Bahia Rio Morto ou Rio Vivo? É uma indagação pertinente aos tempos atuais pois, o Rio Cachoeira, foi um rio de históricas enchentes, como as dos anos de 1967, 1972, 1976 e 1980 que estão na memória de muitos moradores pois parte das cidades ribeirinhas ficaram submersas e inúmeros foram os danos sociais, econômicos e ambientais, o que levou, em 1974 a um estudo por parte do governo do estado, intitulado: Controle de Enchentes na área da Cidade de Itabuna. Na década de noventa foi uma pergunta que periodicamente, a depender da ocorrência ou não de chuvas, retornava às manchetes dos jornais regionais, à conversa de moradores e visitantes. Em períodos de estiagem o rio apresenta-se com o seu leito rochoso à mostra, filetes de água barrenta escorrendo em redemoinhos suaves, trechos recoberto por macrófitas, com odores desagradáveis no ar, proliferação de insetos, limitações no abastecimento doméstico e industrial, chegando a ser classificado por membros da comunidade como um esgoto a céu aberto. Quando chove, o cenário modifica-se, as macrófitas são empurradas rio abaixo, transferindo o problema para as praias de Ilhéus. Há uma alternância freqüente destes dois últimos quadros ao longo de cada ano, a intensificação do uso, principalmente do consuntivo (irrigação, abastecimento urbano e industrial) e da diluição de efluentes domésticos e industriais não tratados, o que torna cada vez mais escassa a existência de água de boa qualidade para consumo humano e demais fins. O Rio Cachoeira, banha três municípios, sendo dois deles, Itabuna e Ilhéus, pólos de desenvolvimento do estado da Bahia e, juntamente com o Salgado e o Colônia, forma a Bacia do Cachoeira. A escolha deste rio para estudo extrapola a importância econômica, demográfica e social dos municípios que banha, porque ele representa a síntese do que ocorre ao longo da bacia, pois todas as águas desta bacia convergem para o Rio Cachoeira, que reflete as condições ambientais da região. Como exemplo, pode-se citar dejetos orgânicos e inorgânicos espalhados ao longo do Rio Cachoeira, provenientes do lixão, a céu aberto, localizado às margens do Rio Colônia, que são arrastados na época das grandes chuvas. 2 Ao longo dos seus 50 km, do ponto de vista antropológico, seu uso principal é como receptor de esgotos urbanos e industriais. A população ribeirinha usa sua água como fonte de alimentação, renda através da pesca e também para o laser, a água ainda alimenta indústrias e irriga plantações e é do seu leito que resulta o comércio da areia lavada. O estudo de variação da composição química, como conseqüência de poluentes via líquida, por ação antrópica, não são raros em outras bacias, porém na bacia do Cachoeira, esses ainda não são significativos, poucos trabalhos podem ser citados: a) Plano Diretor de Recursos Hídricos – Bacias do Leste, Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Habitação da Bahia (1976); b) Enquadramento da Bacia Hidrográfica da Região Administrativa Leste, Centro de Recursos Ambientais do Estado da Bahia (1998); c) Relatório de visita técnica à Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira – CENA (1997); d) Estudo preliminar de avaliação do regime hídrico - Subprojeto de esgotamento sanitário de Itabuna . Empresa Municipal de Água e Saneamento-EMASA (1996). O objetivo deste trabalho é a avaliação da qualidade das águas do Rio Cachoeira-Sul da Bahia que permitirá desenvolver estudo de monitoramento da qualidade destas águas e poderá proporcionar uma resposta adequada para as dúvidas atuais e auxiliar no planejamento de ações futuras. A pesquisa busca também contribuir com dados para a recuperação da qualidade das águas do rio, ao fazer um estudo de avaliação da qualidade das águas do Rio Cachoeira ao longo de 12 meses do ano de 1999 e um estudo de autodepuração utilizando-se do modelo de StreeterPhelps, determinando a qualidade permitida para o efluente a ser lançado, incluindo o nível de tratamento necessário e a eficiência a ser atingida na remoção da demanda bioquímica do oxigênio (DBO). 3 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Avaliação da qualidade das águas do Rio Cachoeira Sul da Bahia e suas variações temporal e espacial. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.2.1. Estudo do comportamento das variáveis físico-químicas tais como: potencial hidrogeniônico(pH), condutividade elétrica, oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica do oxigênio (DBO), temperatura (T), resíduo total (RT) e fósforo total (P). 2.2.2. Estudo do comportamento das variáveis biológicas Coliformes Total e Fecal. 2.2.3. Estudo de autodepuração do Rio Cachoeira, utilizando-se do modelo matemático de Streeter e Phelps, para a simulação do oxigênio dissolvido no rio. 2.2.4. Determinar a qualidade dos efluentes a serem lançados, incluindo o nível de tratamento necessário e a eficiência a ser atingida na remoção da demanda bioquímica de oxigênio. 4 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. QUALIDADE DE ÁGUA Águas fluviais são misturas aquosas, cujas características que identificam sua qualidade, são função do ecossistema do qual ela é parte integrante e de ações intervenientes neste sistema. Assim, a análise destas misturas, possibilita obter-se informações que contribuam para o seu gerenciamento, desde que se tenha a percepção generalizada das conexões entre desenvolvimento, manejo, uso e tratamento dos recursos hídricos e dos ecossistemas aquáticos. De acordo com Chorley e Kennedy (1971) os três mais importantes sistemas periféricos externos, que respondem pelo fornecimento de matéria e energia ao sistema hídrico superficial, são: a) abiótico representado principalmente pelo substrato geológico e pelo clima; b) biótico representado pelas comunidades vegetais e animais; c) antrópico representado pela ação humana que responde, decisivamente, pelo equilíbrio entre os sistemas, geralmente gerando modificações nos processos e nas formas. São sistemas distintos, mas estritamente inter-relacionados. De acordo com Chistofoletti (1995), a abordagem sistêmica, como concepção holística, surge como adequada para o estudo dos sistemas ambientais físicos, ficando evidente que as águas fluviais não podem ser estudadas de maneira isolada ou estanque, uma vez que o equilíbrio do sistema hídrico depende do completo ajustamento das suas variáveis internas às condições externas. Os sistemas periféricos controlam a qualidade e quantidade de matéria e energia liberada a fluir pelo sistema fluvial. Assim é que, todas as variações nas condições hidrometeorológicas do rio, produzem flutuações nas características das águas. Quando a precipitação torna-se maior, a vazão do rio tende a crescer, promovendo uma maior diluição dos efluentes domésticos e industriais, levando ao decréscimo da intensidade da poluição (Branco,1991). 5 Segundo Christofoletti (1979), a poluição hídrica não é apenas antiecológica e antiestética, mas é também antieconômica, pois se o sistema é aberto, quando a poluição das águas é excessiva, pode por efeito “feedback”, agir sobre os sistemas de produção, a ponto de paralisá-los, ou mesmo, prejudicar o próprio desenvolvimento econômico da área da bacia. A Lei n°. 9.433, de 08 de janeiro de 1997 no Capítulo I Art. 1° estabelece que a política nacional de recursos hídricos baseia-se nos fundamentos de que a água é um bem de domínio público, um recurso natural limitado, dotado de valor econômico e em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é para o consumo humano e a dessedentação de animais e ainda que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. Os principais usos das águas são para abastecimento doméstico e industrial, irrigação, dessedentação de animais, aquicultura, preservação da flora e da fauna, recreação e lazer, harmonia paisagística, geração de energia elétrica, navegação. Isto implica, em padrões de qualidades de água diferentes. (Branco, 1991) A qualidade da água pode limitar o seu uso. Em regiões de águas salobra, o desenvolvimento agrícola não deverá ser baseado em cultivos irrigados, por outro lado a forma de implementação do uso pode comprometer a curto, médio ou longo prazo usos futuros. Por exemplo o despejo de unidades industriais, a jusante de uma vila altera as características da água não permitindo a sua retirada para abastecimento doméstico. As ações antrópicas resultantes de um modelo que não é socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente prudente, que mais afetam a qualidade das água dos rios e lagos, são em ordem variável de importância, segundo as diferentes situações, os esgotos domésticos tratados de forma inadequados, controles inadequados de efluentes industriais, perda e destruição dos sistemas de captação, localização errônea de unidades industriais, desmatamento, agricultura migratória sem controle e práticas agrícolas deficientes. Os efeitos danosos ao meio ambiente e a saúde humana constituem as conseqüências mensuráveis. (Peixinho, 1996). O capítulo 18 da Agenda 21 mostra que uma oferta de água confiável e o saneamento ambiental são vitais para proteger o meio ambiente e o homem, pois estima-se que 80% de 6 todas as moléstias e mais de um terço dos óbitos dos países em desenvolvimento são causados pelo consumo de água contaminada e, em média, até um décimo do tempo produtivo de cada pessoa se perde no tratamento de a doenças relacionadas com a contaminação da água. O desenvolvimento econômico e social dos povos está baseado na disponibilidade de água de boa qualidade e na capacidade de conservação e proteção dos recursos hídricos. A Figura 1 mostra a dinâmica do consumo de água em km3/ano e sua evolução nos últimos 100 anos. Uma das causas fundamentais do aumento no consumo de água, e da rápida deterioração da qualidade, é o aumento da população mundial e a taxa de urbanização. No Brasil, 70% da população, hoje vive em áreas urbanas com necessidades crescentes de água e com aumento permanentes nos custos de tratamento (Tundisi, 1999). Fonte: Biswas (1991) apud Tundisi (1999) Figura 1 - Tendência no consumo global de água, 1900-2000. 7 3.2. PARÂMETROS DA QUALIDADE DA ÁGUA A qualidade dos corpos d’água segue uma classificação, segundo as legislações: 1. Federal - Portaria MINTER no. GM 0013, de 15/01/76, que regulamenta a classificação dos corpos d’água superficiais, com respectivos padrões de qualidade, e os padrões de emissão para efluentes, e a Resolução no. 20, de 18/06/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que estabelece nova classificação para as águas doces, bem como inclui as águas salobras e salinas do Território Nacional. 2. Estadual - Decreto no. 28.687, de 11/02/1992, que estabelece o enquadramento dos corpos d’água, no estado da Bahia. A partir de um monitoramento dos parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos de qualidade de água, os corpos d’água são enquadrados nas classes correlatas. A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros, que traduzem suas principais características físicas, químicas e biológicas. A seguir tem-se uma descrição dos parâmetros utilizados nesta pesquisa. 3.2.1. TEMPERATURA Este parâmetro é de fundamental importância para os sistemas aquáticos terrestres, já que os organismos possuem diferentes reações às mudanças deste fator. A maior parte dos organismos aquáticos têm sua temperatura regulada pelo meio externo. Por tanto nestes organismos a velocidade de suas reações metabólicas dependem da temperatura da água (Porto & Branco & Luca, 1991). A Temperatura influencia na cinética das reações químicas e biológicas que ocorrem, a lei de Van’t Hoff postula que as reações químicas têm sua velocidade dobrada sempre que a temperatura é elevada de 100C. Assim, todos os processos vitais que se realizam em um organismo são, dentro de certos limites, ativados. A maior parte dos organismos possui faixas de temperatura ótimas para sua reprodução. De acordo com Branco (1986), a principal conseqüência da elevação da temperatura da água de um manancial relaciona-se com a perda de oxigênio. Realmente, a variação da 8 solubilidade dos gases e da maioria dos sais é inversamente proporcional à variação da temperatura (Russell, 1992). As principais aplicações ecológicas deste parâmetro são a determinação do valor da saturação de gases dissolvidos – principalmente oxigênio – o cálculo das formas de alcalinidade, a especiação de elementos e, ainda, as operações gerais em laboratório (Paranhos, 1996). A altas temperaturas a velocidade do metabolismo aumenta, criando uma maior demanda de oxigênio. Menos oxigênio é disponível, porque sua solubilidade diminui com a elevação da temperatura, assim é no mímino duplamente impactante. 3.2.2. CONDUTIVIDADE Este parâmetro está relacionado com a quantidade de íons encontrados na água, os quais conduzem corrente elétrica. A medida de condutividade não mostra qual o íon presente e sim a quantidade de íons na água. Quanto maior a quantidade de íons na água, maior a capacidade da mistura de transmitir corrente elétrica, como ilustra a Figura 2, na qual a linha tracejada representa a proporcionalidade direta que é esperada se os íons se comportassem como partículas completamente independentes, como o fazem à diluição infinita (Masterton & Slowinski, 1978). Fonte: Masterton & Slowinski (1978) Figura 2 - Variação da condutividade de solução de NaCl com a concentração. 9 Os íons são levados para o corpo d'água devido às chuvas, ou através do despejo de esgotos. Substâncias como os alvejantes (água sanitária) possuem íons de cloro, que ao serem lançados no sistema elevam a condutividade. Através das chuvas, por exemplo no cerrado, os íons livres de alumínio são levados para o sistema, aumentando a condutividade. Mantendo-se constante a concentração iônica, uma alteração na tempertura do sistema, implica no aumento da condutividade. Estas variações diferem para cada íon, mas segundo Hem (1985), o aumento de 10C na temperatura do sistema, corresponderá a um acréscimo de 2% na condutividade ( Porto et al, 1991). A água pura no estado líquido possui condutividade elétrica bem baixa, apenas centésimos de micromhos/cm a 250C. As condutividades de eletrólitos forte, em concentrações baixas como 0,1 mol/litro, são pelos menos 100.000 vezes maiores que a da água pura. Compostos que são iônicos em fase sólida agem como eletrólitos fortes; exemplos incluem NaCl (Na+, Cl-) e Ba(OH)2 (Ba+2, 2OH-). Umas poucas espécies se ionizam quase completamente quando adicionadas à água como o ácido clorídrico (HCl). 3.2.3. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO Por definição, Potencial Hidrogeniônico (pH) de uma solução é igual ao logaritmo negativo da atividade dos prótons livres nessa solução. (Carmouze, 1994). pH = - log{ H+} pH = - log fH x [H+] onde: {H+} = atividade de H+ [H+] = concentração de H+ em mol/l fH = atividade de H+ Nas solução diluídas, fH aproxima-se de 1. Portanto, nas águas doces, pode-se escrever : pH = - log[H+] 10 O Quadro 1 apresenta a variação do pH em função da concentração hidrogeniônica. Observase que quanto maior a concentração hidrogeniônica, menor o pH. O valor pH 7 representa uma solução neutra onde a concentração hidrogeniônica e hidroxiniônica são iguais. Quadro 1 - Variação do pH pH Concentração H+ em mol/l 0,0 1,0 1,0 0,1 2,0 0,01 3,0 0,001 4,0 0,0001 5,0 0,00001 6,0 0,000001 7,0 0,0000001 8,0 0,00000001 9,0 0,000000001 10,0 0,0000000001 11,0 0,00000000001 12,0 0,000000000001 13,0 0,0000000000001 14,0 0,00000000000001 Aumenta Acidez [H+] > [OH-] Solução Neutra [H+] = [OH-] Aumenta Basicidade [H+] < [OH-] Fonte: adaptado de Richter (1991) Segundo Esteves (1998), o pH pode ser considerado como uma das variáveis ambientais mais importantes, ao mesmo tempo que uma das mais difíceis de se interpretar em função do grande número de fatores que podem influenciá-lo. Na maioria das águas naturais o pH da água é influenciado pela concentração de íons H+ originados da ionização do ácido carbônico H2CO3 + H2O H3O+ + HCO31- 11 que gera valores baixos de pH, pois aumenta a concentração hidrogeniônica, e das reações de íons carbonato e bicarbonatos com a água, que elevam os valores de pH para a faixa alcalina, pois aumentam a concentração hidroxiniônica. CO32- + H2O HCO3- + OH-1 HCO3-1 + H2O H2CO3 + OH-1 O pH é muito influenciado pela quantidade de matéria morta a ser decomposta, sendo que quanto maior a quantidade de matéria orgânica disponível, menor o pH, pois para haver decomposição desse material muitos ácidos são produzidos (como o ácido húmico). As águas conhecidas como Pretas (por exemplo o Rio Negro, no Amazonas) possuem pH muito baixo, devido ao excesso de ácidos em solução (Esteves, 1998). O pH de um corpo d'água também pode variar, dependendo da área (no espaço) que este corpo recebe as águas da chuva, os esgotos e a água do lençol freático . Quanto mais ácido for o solo da Bacia, mais ácidas serão as águas deste corpo d'água. Por exemplo um Cerrado, que tem excesso de alumínio, quando drenado, leva uma grande quantidade de ácidos para os corpos d'água, reduzindo o pH (Esteves, 1998). Nos sistemas de abastecimento público de água, segundo Richter (1991), o pH está geralmente compreendido entre 6,5 e 9,5. De modo geral, águas de pH baixo tendem a ser corrosivas ou agressivas a certos metais, paredes de concreto e superfícies de cimentoamianto, enquanto que águas de alto pH tendem a formar incrustações. 3.2.4. OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) Segundo Von Sperling (1998), o oxigênio dissovido é o principal parâmetro de caracterização dos efeitos da poluição das águas por despejos orgânicos. Dados da concentração de oxigênio dissolvido nas águas representam uma informação básica pois a presença ou ausência de oxigênio, que fixa as vias de mineralização aeróbica e anaeróbica da matéria orgânica e o tipo de fotossíntese. Em condições anóxica, a biota se limita a comunidades de microorganismos, que substituem o oxigênio por outros oxidantes, 12 como NO3-1, Fe+3, Mn+4, SO4-2 e CO2-2. As atividades fotossintéticas decorrem também de processos bem distintos: em situação óxica, a energia luminosa provoca fotólise das moléculas d’água produzindo prótons, os quais são utilizados como agentes redutores do CO2 e moléculas de oxigênio; em situação anóxica há fotólise de moléculas de ácido sulfídrico, que fornecem prótons e liberam sulfatos (Carmouse, 1994). O oxigênio dissolvido é vital para os seres aquáticos aeróbicos, todos os organismos vivos dependem de uma forma ou outra do oxigênio para manter os processos metabólicos de produção de energia e de reprodução. A água, isenta de poluição orgânica, apresenta uma concentração de oxigênio dissolvido limite que depende da sua temperatura e da pressão atmosférica local e que denomina-se concentração de saturação de oxigênio dissolvido. O teor de oxigênio dissolvido é um fator importante à preservação da fauna e flora aquática (Porto et al, 1991). Quadro 2 - Concentração de Saturação de OD e sobrevivência dos peixes Concentração de OD (mg/l) Conseqüências 4–5 Morrem os peixes mais exigentes 2 Todos os peixes morrem 0 Condição de anaerobiose Fonte: Porto & Branco & Luca (1991) Sua origem natural na água é a dissolução do gás oxigênio atmosférico e a produção pelos organismos fotossintéticos. As perdas são o consumo pela decomposição de matéria orgânica, perdas para a atmosfera, respiração de organismos aquáticos e oxidação de íons. O oxigênio é um gás pouco solúvel em água, à pressão de 1 atm , seu coeficiente de solubilidade varia entre 14,6 mg/l a 00C até 7,6 mg/l a 300C. Em águas poluídas, a quantidade de oxigênio dissolvido é ainda menor que em condições naturais. Segundo Porto, 1991, a razão de saturação de oxigênio em água poluída e água limpa é de 0,80. Valores de OD superiores à saturação são indicativos da presença de algas, enquanto que valores inferiores são indicativos da presença de matéria orgânica. 13 3.2.5. FÓSFORO O fósforo e suas diversas formas (Figura 3 ) estão presentes em águas naturais e em efluentes domésticos e industriais. Em sistemas de abastecimento, os polifosfatos podem ser empregados como controladores da corrosão ou da incrustação em caldeiras industriais. Os esgotos domésticos são ricos em fósforo, e a sua concentração vem aumentando devido ao uso de detergentes sintéticos contendo polifosfatos. Os fosfatos são empregados como fertilizantes, e por lixiviação chegam aos corpo d´água (Paranhos, 1996). Fonte: Esteves (1998) Figura 3 - Classificação das diferentes formas de fosfato presentes Segundo Esteves (1998), o fósforo é o principal fator limitante da produtividade das águas continentais e tem sido apontado como principal responsável pela eutrofização artificial destes ecossistemas. 14 O fósforo não apresenta problemas de ordem sanitária nas águas de abastecimento. É um elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando em elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos (eutrofização) (Quadro 3). O fósforo é um nutriente essencial para o crescimento dos microorganismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica. É utilizado na caracterização de águas residuárias brutas e tratadas e de corpos d´água. Em corpos d´água os seguintes valores de fósforo total podem ser utilizados como indicativos aproximados do estado de eutrofização de lagos (lagos tropicais provalmente aceitam concentrações superiores) : a) P < 0,01-0,02 mg/l: não eutrófico; b) P entre 0,01-0,02 e 0,05 mg/l: estágio intermediário; c) P > 0,05 mg/l: eutrófico (Von Sperling, 1996). Quadro 3 - Classificação de ambientes aquáticos em relação a produtividade Produtividade Muito baixa Fosfato (mg/l) 0,005 Moderadamente baixa 0,005 – 0,010 Moderadamente alta 0,010 – 0,030 Alta 0,030 – 0,100 Muito Alta 0,100 Fonte: Porto & Branco & Luca (1991) 3.2.6. RESÍDUO TOTAL Altas concentrações de sólidos em suspensão são danosas aos peixes, afetam organismos bentônicos, reduzem a passagem de luz solar e desequilibram as cadeias tróficas. Em águas naturais, a concentração de sólidos dissolvidos totais em amostras de águas superficiais fornecem uma idéia das taxas de desgaste das rochas por imtemperismo. Em regiões com altos índices pluviométricos mas com rochas insolúveis como o granito, o escoamento superficial apresentará baixos valores de sólidos dissolvidos totais. Pode-se caracterizar a litologia da região através dos íons mais freqüentemente presentes na água. A Figura 4 mostra um esquema para a determinação de resíduos totais de uma amostra. 15 Excesso de sólidos dissolvidos na água pode causar alterações de sabor e problemas de corrosão. Para água de abastecimento, permite-se um valor máximo de 500 mg/l de sólidos dissolvidos totais (Resolução CONAMA n0 20, de 18/06/86). Amostra de água Filtrar Membrana com poro 1,2 μm Amostra Filtrada Sólido Retido Evaporar 1600C Evaporar 1600C Pesar Resíduo Pesar Resíduo Calcinar 5500C Calcinar 5500C Pesar as cinzas Pesar as cinzas Peso Perdido Peso Perdido Sólido Dissolvidos Voláteis Sólidos Dissolvidos Fixos Sólidos Suspensão Fixos Sólidos Suspensão Voláteis Sólidos Suspensão Totais Sólidos Dissolvidos Totais SÓLIDOS TOTAIS Fonte: Porto et al (1991) Figura 4 – Determinação dos sólidos totais em uma amostra. 16 3.3. IMPACTO DE CARGAS BIODEGRADÁVEIS A Figura 5 mostra a representação esquemática dos efeitos de um efluente orgânico sôbre um rio e as mudanças que ocorrem quando se segue, rio abaixo, a partir do ponto de descarga do esgoto (Mellanby, 1982) Rio antes Lançamento Mudanças Físicas e Químicas Mudanças Físicas e Químicas Mudanças Microorganismo Mudanças Animais Maiores Fonte: Mellanby (1982) Figura 5 - Representação esquemática dos efeitos de um efluente orgânico sobre um rio. 17 A situação antes do lançamento é descrita por Carmouze (1994) como um ecossistema onde ocorrem continuamente produção de matéria orgânica através de processos de fotossíntese e de biosíntese e mineralização de matéria orgânica através dos processos de respiração e fermentação. A evolução deste conjunto de processos define o metabolismo do ecossistema, que pode ser considerado como o metabolismo emergente da soma dos diversos metabolismos das comunidades que constituem a biota. Quando uma carga poluidora de origem orgânica é lançada neste ecossitema, ela sofre um processo natural de estabilização, realizado através de fenômenos físicos, físico-químicos e biológicos, denominado segundo Branco (1986), de autodepuração, que é fundamental para a assimilação da poluição por parte do rio. Dependendo da sua capacidade de autodepuração, um rio pode assimilar satisfatoriamente determinada carga poluidora, sem se degradar a níveis críticos, incompatíveis com os seus usos múltiplos. Portanto, os estudos de autodepuração são de grande importância para o planejamento dos recursos hídricos, orientando as medidas necessárias à sua utilização e proteção da qualidade de suas águas (Salvador, 1990). Os despejos orgânicos, tanto de origem sanitária como industrial, possuem cadeias complexas que são metabolizadas por microorganismos que existem naturalmente nos esgotos. Inicialmente, quando existe oxigênio, o processo de decomposição é realizado por bactérias aeróbicas, que oxidam a matéria orgânica biodegradável, produzindo compostos estáveis como gás carbônico e água. Quando todo o oxigênio do meio é esgotado, o processo passa a ser realizado por bactérias anaeróbicas, que transformam a matéria em compostos menos complexos, como metano, ácidos voláteis e outros. A Figura 6 a seguir mostra o ciclo do carbono, nitrogênio e enxofre na decomposição aeróbica. 18 MATÉRIA ORGÂNICA MORTA - Nitrogenada - Sulfurosa NO AR E NA ÁGUA G as es e CO2 Gases de nitrogênio de n e C itrog ên O 2 Fo to ss ín Ox te igê se Fix nio açã od oN itro gê nio Co - Proteínas - Carboidratos - Gorduras 2 Oxigênio para a oxidação biológica a ra pa ica nio iológ b igê Ox ção ida ox MATÉRIA VEGETAL VIVO: - Nitrogenio amoniacal - Gás Carbônico - Ácido Sulfídrico PRODUTOS FINAIS DE DECOMPOSIÇÃO d Re 2 uç ão io Oxidação - Oxigênio - Gás Carbônico - Nitrogênio nio igê x O ão aç pir s Re 2 CO CO DEPÓSITO DE PRODUTOS INICIAIS DE DECOMPOSIÇÃO Decomposição mo rte e De ca im en to 2 Pl a n t as Viv a Vida Animal Ox igê nio Re sp ira çã o CO os içã o Redução MATÉRIA ANIMAL VIVA - Proteínas - Gorduras De co mp - Carbonácea Ox igê nio or ga pa nis ra mo res sd pir ed aç ão ec om de po siç ão e sd e uto rt d o mo Pr e to go es PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS DE DECOMPOSIÇÃO - Nitritos - Gás Carbônico - Enxôfre o iç ã os p m co ão De aç d i Ox s - Nitratos - Gás Carbônico - Sulfatos Fonte: Fair et al (1973) Figura 6 - Ciclo do carbono, nitrogênio e enxofre na decomposição aeróbica (Fair et al , 1973) 19 3.3.1. DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO) Avalia a quantidade de oxigênio dissolvido(OD), que será consumida na oxidação biológica da matéria orgânica. Segundo Porto et al (1991), através da DBO se estima a carga orgânica de corpos d’água, de efluentes, e a necessidade de aeração para degradá-la em estações de tratamento de esgoto. A matéria orgânica contida nas águas residuais sofre uma reação natural de oxidação. Esta reação ocorre em duas fases distintas, na primeira fase (síntese) a matéria orgânica é utilizada no crescimento e formação de novos microorganismos, com consumo de oxigênio, na segunda fase (metabolismo endógeno) ocorre um processo competitivo entre os microorganismos pela falta de alimento. O oxigênio é usado pelos microorganismos na autooxidação de sua massa celular. Nos primeiros dias a oxidação é devida principalmente a matéria carbonácea e denominada DBO do primeiro estágio ou carbonácea. Matéria orgânica + O2 + bactérias → CO2 + H2O + bactérias + energia No segundo estágio a oxidação é devida à transformação do nitrogênio amoniacal a nitrogênio nitroso e nítrico e denomina-se nitrificação. Sob condições propícias do meio ambiente, indicadas por Branco (1978), e em meio aeróbico, as nitrobactérias transformam o nitrogênio amoniacal, resultante da decomposição de compostos orgânicos nitrogenados na oxidação carbonácea, em nitritos e estes a nitratos. Amônia + O2 → nitritos + H+ + H2O + energia Nitritos + O2 → nitratos + energia Na ausência de oxigênio livre certas bactérias produzem o fenômeno quimicamente inverso – a denitrificação, que consiste na transformação de nitratos em nitritos, amônia e nitrogênio gasoso. A interação entre oxigênio dissolvido(OD) e demanda bioquímica de oxigênio(DBO) é muito complexa e depende de vários fatores, alguns dos quais são mais ou menos importantes, 20 dependendo do sistema fluvial em estudo. A Figura 7 apresenta um esquema destes fatores, mostrando suas inter-relações. LUZ SOLAR CRESCIMENTO TRECHO DE MORTE RIO CICLO ESCOAMENTO SUPERFICIAL RESPIRAÇÃO FOTOSSÍNTESE CRESCIMENTO DEPÓSITOS DO NITROGÊNIO DE LODO DO FUNDO NITRIFICAÇÃO DECOMPOSIÇÃO O D RESPIRAÇÃO DECAIMENTO SEDIMENTAÇÃO CRESCIMENTO MORTE FOTOSSÍNTESE RESSUSPENSÃO DENITRIFICAÇÃO AERAÇÃO ALGAS MORTE E DECAIMENTO MORTE E DECOMPOSIÇÃO CARGA DE ESGOTO Fonte: James (1978) apud Gastaldini (1982) Figura 7 - Fatores que afetam a interação OD-DBO D B O 21 O teste é realizado à temperatura de 200C durante 5 dias, no escuro, sem fonte externa de OD, com diluição e semeadura apropriadas. Por durar 5 dias, os resultados são expressos em termos de DBO5, a 200C. Após este tempo 67% a 75% da DBO última é satisfeita, para a maioria dos esgotos domésticos. A DBO remanescente é a diferença entre a DBO última e a DBO exercida ao final de um certo tempo (Porto, 1991). Em termos matemáticos o consumo de DBO segundo Branco (1978), pode ser descrito através da seguinte equação: dL ------ = - K1 L dt (Equação 1) onde: L = concentração de DBO remanescente (mg/l) t = tempo (dia) K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1) A integração entre os limites de L=L0 e L=Lt , e t=0 e t=t L = L0 e – K1 t (Equação 2) onde: L = concentração de DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/l) L0 = concentração de DBO remanescente em um tempo t = 0 (mg/l) K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1) t = tempo (dia) Para o consumo de oxigênio, quantifica-se a DBO exercida (Y) Y = L0 – L = L0 (1 - e – K1 t ) onde: Y = DBO exercida em um tempo t (mg/l) L0 = concentração de DBO remanescente em um tempo t = 0 (mg/l), ou DBO exercida em t = ∞ ou demanda última L = concentração de DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/l) K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1) t = tempo (dia) (Equação 3) 22 O valor do coeficiente de taxa de reação ou coeficiente de desoxigenação (K1) aumenta com a temperatura e depende da composição do resíduo considerado. A Figura 8 ilustra esta dependência, quando mostra a trajetória do consumo de oxigênio para diferentes valores de K1, e o mesmo valor da demanda última (L0= 100 mg/l). A amostra com maior K1 num mesmo intervalo de tempo apresenta maiores valores de DBO, ou seja, tem uma taxa de consumo de oxigênio mais rápida, comparada com a amostra de menor K1. Valores de DBO próximos à demanda última são mais rapidamente atingidos com a amostra de maior valor de K1. Fonte: Von Sperling (1996) Figura 8 - Progressão do consumo de oxigênio para um mesmo valor de Lo e diferentes valores de K1 A Figura 9 , apresentada por Fair et al (1973), mostra a influência da temperatura na velocidade das reações. A elevação da temperatura aumenta o K1, mas não altera o valor da demanda última L0, que passa a ser apenas mais rapidamente satisfeita. 23 Fonte: Fair (1973) Figura 9 - Variação da DBO em 9, 20 e 300C A relação empírica entre a temperatura e a taxa de desoxigenação pode ser expressa, segundo Fair et al (1973), através da seguinte forma: K1T = K120 θ (T – 20) onde: K1T= coeficiente de desoxigenação na temperatura T (dias-1) K120 = coeficiente de desoxigenação a 20º C (dias-1) T = temperatura do líquido (0C) θ = constante, coeficiente de temperatura O valor da constante θ é sugerida por vários autores entre os quais tem-se: - θ = 1,056 (Schoroepfer) (20 - 30º C ) - θ = 1,135 (Schoroepfer) (4 - 20º C ) - θ = 1,047 (Phelps) (Equação 4) 24 3.2.2. REAERAÇÃO ATMOSFÉRICA Para cada condição de temperatura e pressão atmosférica existe um valor de solubilidade do oxigênio na água, que denomina-se concentração de saturação de oxigênio dissolvido. A introdução de matéria orgânica no escoamento consumirá parte deste oxigênio, causando um déficit na concentração da oxigênio na água. Esse déficit tenderá a diminuir tanto mais rapidamente quanto maior ele for, e quanto maior for a capacidade de reoxigenação do rio. Esta capacidade de reoxigenação dependerá das características do escoamento como a turbulência, dimensões da seção, temperatura, etc. (Fair et al, 1973). De acordo com a equação, a taxa de reaeração de um corpo d’água, quando não há utilização do oxigênio dissolvido, pode ser expressa segundo Sperling, 1996, por: dD -------- = - K2 D (Equação 5) dt Onde: D = déficit de oxigênio dissolvido (mg/l) Diferença entre a Concentração de Saturação e a Concentração em um tempo t (Cs – C t) t = tempo (dia) K2 = coeficiente de reaeração (dia-1) D = D0 e –K2 t (Equação 6) onde: D0 = déficit de oxigênio no tempo inicial (mg/l) Existe, na literatura, grande quantidade de fórmulas para prever o coeficiente de reaeração, baseadas nas características hidráulicas dos escoamentos. Estas fórmulas, embora sejam normalmente utilizadas nos modelos de qualidade da água, não passam de formulações semiempíricas válidas para as condições particulares dos escoamentos onde foram obtidas, além de seus resultados divergirem significativamente e devem ser usadas na ausência de dados específicos acerca do corpo d’água. 25 O Quadro 4 apresenta valores típicos de K2, encontrados por alguns pesquisadores, após estudo de corpos d’água de diversas características. Quadro 4 - Valores típicos de K2 (base e, 200C) K2 (dia-1) Corpo d’água Profundo 0,12 Raso 0,23 Rios vagaroso, grandes lagos 0,23 0,37 Grandes rios com baixa velocidade 0,37 0,46 Grandes rios com velocidade normal 0,46 0,69 Rios rápidos 0,69 1,15 > 1,15 >1,61 Pequenas lagoas Corredeiras e quedas d’água Fonte: Fair et al (1973), Arceivala(1981) , von Sperling (1996) Em função do aumento da turbulência e de melhores condições de mistura, observa-se que corpos d’água rasos apresentam um valor superior do coeficiente de reaeração para as mesmas condições que os profundos, e ainda analisando o quadro é possível perceber que na mesma condição de profundidade, os mais velozes também apresentam valores superiores do coeficiente de reaeração (von Sperling, 1996). O Quadro 5, apresenta algumas das principais fórmulas, para a determinação do coeficiente K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos do escoamento. Quadro 5 - Valores de K2 para modelos baseados em dados hidráulicos do escoamento. Pesquisador O’Connor e Dobbins (1958) Fórmula 3,73.v0,5H-1,5 Churchill et al (1962) 5,0. v0,97H-1,67 Owens et al (apud Branco, 1976) 5,0. v0,67H-1,85 Faixa de aplicação 0,6m ≤ H < 4,0 m 0,05 m/s ≤ v < 0,8 m/s 0,6m ≤ H < 4,0 m 0,8 m/s ≤ v < 1,5 m/s 0,1m ≤ H < 0,6 m 0,05 m/s ≤ v < 1,5 m/s Fonte: Von Sperling (1996) Notas: v: velocidade do curso d’água (m/s) H: altura da lâmina d’água (m) Faixas de aplicabilidade adaptadas e ligeiramente modificadas (Von Sperling (1996) 26 A solubilidade dos gases é inversamente proporcional à temperatura, com isto, a concentração de saturação do oxigênio é menor em temperaturas mais altas, implicando na redução no déficit de oxigênio. Por outro lado o aumento de temperatura, aumenta a energia cinética das moléculas, levando a um aumento das reações de absorção de oxigênio, aumentando o K2, sendo este aumento mais representativo que o decréscimo. A relação empírica entre a temperatura e a taxa de reaeração pode ser expressa da seguinte forma segundo Von Sperling (1996): K2T = K220 θ (T – 20) (Equação 7) onde: K2T = coeficiente de reaeração na temperatura T (dias-1) K220 = coeficiente de reaeração em 20º C (dias-1) T = temperatura do líquido (0C) θ = constante, coeficiente de temperatura Entre os valores para a constante θ, o mais usado é 1,024 segundo Von Sperling (1998). 3.2.3. SEDIMENTAÇÃO E RESUSPENSÃO A matéria orgânica sólida suspensa nas águas pode, sob condições de baixa velocidade, ser sedimentada no leito dos rios. A diminuição da DBO, por sedimentação da matéria orgânica, pode ser expressa por uma equação de primeira ordem, segundo Branco (1978). dL (Equação 8) -------- = - K3 L dt onde: L = concentração de DBO remanescente (mg/l) t = tempo (dia) K3 = taxa de sedimentação (dia-1) Integrando entre os limites de L=L0 e L=Lt , e t = 0 e t = t L = L0 e – K3 t tem-se: (Equação 9) 27 L = concentração de DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/l) L0 = concentração de DBO remanescente em um tempo t = 0 (mg/l) Através de considerações teóricas Velz (1970), deduziu que em locais em que ocorrem velocidades do escoamento menores do que 0,2 m/s são formados os depósitos de lodo orgânico; os depósitos de lodo fresco em digestão podem ser removidos por resuspensão em velocidades entre 0,2 e 0,3 m/s e os depósitos de lodo digerido são removidos por resuspensão em velocidades superiores a 0,4 m/s. Branco (1978) diz que taxa de sedimentação pode ser avaliado através de determinações de DBO em amostras tomadas em dois pontos e uma ou mais amostras intermediárias colhidas a intervalos de tempo aproximadamente iguais aos tempos de percurso. 3.2.4. DEMANDA BENTÔNICA A matéria orgânica sedimentada no leito dos rios tende a decompor-se. A decomposição da camada superficial de lodo pode ser aeróbia ou anaeróbia dependendo da quantidade de oxigênio dissolvido na água nas suas proximidades. A Figura 10, mostra esquematicamente este fenômeno. SUPERFÍCIE DA ÁGUA PRODUTOS ANAERÓBICOS CO2, CH4, H2S, ÁCIDOS ORGÂNICOS DIFUSÃO DE O2 CAMADA AERÓBICA DEPÓSITO DE LODO CAMADA ANAERÓBICA Fonte: Eckenfelder (1980) Figura 10 - Decomposição Bentônica no Rio 28 A camada superior do lodo, em contato com a água com concentrações razoáveis de OD, decompõe-se aerobicamente com consumo de OD do meio. As camadas inferiores sofrem decomposição anaeróbia liberando gases que se deslocam em direção à superfície do rio. Estes gases carregam consigo, quando a decomposição anaeróbia é intensa, placas de lodo que produzem demandas de OD e mau aspecto ao corpo d’água. Segundo Branco et al (1977), a demanda bentônica pode também ser originada por filamentos fixos de bactérias tais como Sphaerotilus, que em rios poluídos por resíduos solúveis, podem consumir mais de 7,0 g de O2 / m2 dia. Medidas da demanda bentônica “in situ” envolvem a submersão cuidadosa de um jarro em forma de sino, até o fundo do rio e a medida do consumo de O2 no interior do recipiente durante um intervalo de tempo. Em laboratório, a demanda bentônica pode ser avaliada através de amostras de lodo indeformadas colocadas em contato com água saturada de oxigênio, determinando-se a redução do OD no tempo. Alguns resultados da demanda bentônica avaliada por alguns pesquisadores são apresentados no Quadro 6. Quadro 6 - Valores médios da demanda de oxigênio de leitos de rios LOCAL E TIPO DE LEITO DEMANDA DE O2 A 20ºC ( g de O2 / m2 dia) VARIAÇÃO MÉDIA - 7,0 Lodo de esgoto municipal (perto do lançamento ) 2,0 _ 10,0 4,0 Lodo de esgoto municipal (velho) 1,0 _ 2,0 1,5 Lodo de fibra celulósica 4,0 _ 10 0,7 Lama de estuário 1,0 _ 2,0 1,5 Fundo arenoso 0,2 _ 1,0 0,5 Solos minerais 0,05 – 0,1 0,07 2 Sphaerotilus (10 g/m ) Fonte: Thomann (1974) 29 Fillos e Molof (1972) fizeram várias determinações em laboratório, concluindo que a demanda bentônica é praticamente constante para concentrações de OD na água superiores a 2,0 mg/l, a partir daí reduzindo com o OD; para concentrações de OD inferiores a 1,5 mg/l aumenta a liberação de compostos orgânicos proporcionalmente ao decréscimo de OD; para espessuras de lodo superiores a 7,6 cm a demanda de oxigênio parece não depender da espessura da camada de lodo. O coeficiente de demanda bentônica depende dos mesmos fatores da taxa de oxigenação e desoxigenação, podendo ser também desprezado para rios de maior velocidade, acima de 0,20 m/s, sem praticamente sedimentação de matéria orgânica. 3.2.5. FOTOSSÍNTESE E RESPIRAÇÃO As plantas, quando iluminadas, liberam oxigênio como resultado da fotossíntese e consomem, continuamente, oxigênio através da respiração. Nos corpos ďágua eutróficos, ou seja com crescimento excessivo de plantas aquáticas, elas podem causar grandes variações na concentração de oxigênio dissolvido, aumentando durante o dia, mas agravando o déficit durante a noite. Segundo Rutherford et al (1974), quando as populações de plantas aquáticas estão estáveis, a quantidade de oxigênio produzida e consumida, num período de 24 horas, é aproximadamente igual; durante períodos de rápido crescimento existe uma contribuição líquida de oxigênio e quando são destruídas, podem causar grande queda no oxigênio do corpo ď água. A taxa líquida de produção de oxigênio por fotossíntese, diferença entre a produção por fotossíntese e o consumo por respiração, num corpo ď água, depende da energia luminosa recebida na profundidade específica no rio, da quantidade de nutrientes, do oxigênio dissolvido e da temperatura da água. Avaliar, através destes dados, a população de algas e o oxigênio gerado por processos fotossintéticos é muito difícil. Branco et al (1977) e outros pesquisadores apresentam vários métodos para a estimativa de produção e de utilização do 30 OD por plantas aquáticas entre eles o método dos frascos claros e escuros, o das câmaras fotossintetizantes, o das medidas diurnas de OD, o da técnica do radiocarbono e através de medidas de clorofila A. Infelizmente, a taxa de respiração somente das algas é difícil de ser avaliada, uma vez que as técnicas produzem resultados que incluem a respiração das bactérias. As taxas de fotossíntese são muitas vezes desprezadas nos modelos, embora possam exercer alterações significantes. Thomann (1974), apresenta no Quadro 7, alguns resultados de determinações da taxa de produção de oxigênio por fotossíntese. Quadro 7 - Valores Médios da Produção Fotossintética Bruta de OD LOCAL PRODUÇÃO BRUTA – MÉDIA (g de O2 / m2 dia) Rio Truckee 9,0 Córrego com maré 6,0 Estuário Delaware 3,0 _ 7,0 Estuário do rio Duwamish 0,5 _ 2,0 Sistema do rio Neuse 0,3 _ 2,4 Fonte: Thomann (1974) A análise destas determinações apresenta dificuldades, devido ao desconhecimento das condições exatas sob as quais foram feitas as determinações, como intensidade luminosa e profundidade. Os valores da respiração variam em torno de 0,5 g de O2 / m2 dia a mais de 10 g de O2 / m2 dia. Thomann (1974) sugere a seguinte relação entre a respiração e a clorofila A : Respiração (mg/l hora) = 0,001 Clorofila A (µg/l) Em rios com cor escura e turbidez elevada, que ocorrem geralmente com velocidades da corrente acima de 0,20 m/s, o coeficiente de produção fotossintética pode ser desprezado. 31 4.0. MATERIAL E MÉTODO 4.1. ÁREA DE ESTUDO A área estudada mostrada na Figura 11, está inserida nas Bacias da Região Administrativa Leste da divisão hidrográfica do Estado da Bahia, proposta pelo Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bahia (1996), para fins de planejamento e gerenciamento integrado dos recursos hídricos. BAHIA Bacia do Leste Bacia Hidrográfica do Cachoeira Fonte: adaptado Bahia (2000) Figura 11 – Localização da área de estudo 32 Esta divisão compreende as Bacias Hidrográficas dos Rios Cachoeira, Almada e Una. O presente estudo é centrado no Rio Cachoeira – Figura 12 – Unidade Hidrográfica do Rio Cachoeira. Floresta Azul ado Salg Rio do Rio Salga Ibicaraí o Ri ir oe ch Ca Rio Salgado a Rio Cachoeira Ilhéus Firmino Alves lô n Rio Col ônia Co Rio Colônia ia Meio Itororó o Rio d o Ri ban P ia Itapé R io Ri oC olô nia Jussari Itapetinga Itabuna R ib á g u a P re ta Ri o Co lô n ia ha Sta. Cruz da Vitória Itajú do Colônia Município Firmino Alves Floresta Azul Ibicaraí Ilhéus Itabuna Itajú do Colônia Itapé Itororó Jussari Sta. Cruz da Vitória Fonte banco de dados do PRBC, 1999 Fonte: Bahia (2000) Figura 12 – Unidade Hidrográfica do Rio Cachoeira A Bacia hidrográfica do Rio Cachoeira apresenta uma área de drenagem de aproximadamente 4.222 km2, perímetro de 370 km, extensão do rio principal 181 km, desnível 720 m, declividade do rio principal 3,98 m/km, fator de forma 0,129, coeficiente de compacidade 1,594 e densidade de drenagem 0,457 (Bahia,1996). Os principais rios formadores da bacia são: Rio Salgado, que nasce na Serra do Salgado, a 2 km do povoado de Ipiranda, município de Firmino Alves e no seu curso de 64 km banha os municípios de Firmino Alves, Santa Cruz da Vitória, Floresta Azul, Ibicaraí e Itapé; o Rio 33 Colônia com nascente na serra da ouricana, estendendo-se por 131 km e banha os municípios de Itororó, Itajú do Colônia e Itapé; o Rio Piabanha que banha o município de Jussari e o Rio Cachoeira que nasce da confluência dos Rios Colônia e Salgado, próximo a montante da cidade de Itapé no seu percurso de 50 km, banha os municípios de Itapé, Itabuna e Ilhéus (Bahia, 1996). A média anual de precipitação registrada na bacia do Rio Cachoeira está em torno de 800 mm nas cabeceiras dos rios Colônia e Salgado, municípios de Itapetinga e Itororó, variando até acima de 2000 mm anuais na região costeira. Próximo ao município de Ilhéus apresenta-se o clima quente e úmido, sem estações seca, com maiores chuvas no período de março a julho e menos intensas nos demais meses. Em Itabuna, Itapé e proximidades, o período chuvoso acontece nos meses de novembro a abril, na porção centro-oeste da bacia, Itaju do Colônia, Itororó e Itapetinga, predomina um clima chuvoso, quente e úmido, com estação seca compensada pelos totais pluviométricos elevados, ocorrendo as chuvas de novembro a abril tornando-se menos intensas nos demais meses. O estudo concentrou-se no Rio Cachoeira, desde a sua formação no município de Itapé até o Banco da Vitória no Município de Ilhéus. Suas águas cortam terras de desenvolvimento agropecuário e são utilizadas para abastecimento urbano e industrial, pesca e como corpo receptor de esgotos. As vazões características são apresentadas no Quadro 8 e 9 . Quadro 8 – Valores Característicos Médios e Históricos de Vazão Vazões Diária (m3/s) Vazão Vazão Vazão Mínima Média Máxima Média Anual Média Anual Média Anual Estações Fluviométricas Período Observação Rio Colônia Estiva de Baixo Rio Salgado Cajueiro do Ibicaraí Ferradas 02-1969 a 12-1997 0,299 11,5 432 11-1965 a 12-1997 0,89 5,19 263 12-1965 a 12-1997 0,934 24,06 618 Fonte: Bahia (2000) 34 Quadro 9 - Valores Característicos Mínimos de 7 dias Vazões Mínima 7 dias (m3/s) Estações Fluviométricas Período Observação Rio Colônia 02-1969/12-1996 0,58 Tempo de Recorrência 10 anos Q7,10 0,016 11-1965/12-1996 0,69 0,090 12-1965/12-1996 1,34 0,047 Vazão Mínima 7 dias Estiva de Baixo Rio Salgado Cajueiro do Ibicaraí Ferradas Fonte: Bahia, (1996) A velocidade da água confere ao leito situações diversas. Havendo velocidade maior que 1,0 m/s, em geral há cascalhos de grandes dimensões no leito; entre 0,6 e 1,0 m/s, há pedriscos não cobertos por silte; entre 0,3 e 0,6 m/s, há pedriscos parcialmente recobertos por silte; 0,2 m/s, há mistura de areia e silte, e se a velocidade é menor ou igual a 0,1 m/s, aparecem fundos lodosos, onde é freqüente a presença de matéria orgânica em decomposição anaeróbica. (Rocha, 1995). Segundo a classificação acima, a velocidade do Rio Cachoeira encontra-se entre 0,3 e 0,6 m/s, informações da velocidade do Rio Cachoeira publicadas são escassas, o estudo preliminar de avaliação do regime hídrico da EMASA (1996), indica a velocidade média de 0,35 m/s. O Conselho Estadual do Meio Ambiente – CEPRAM, em Resolução de Nº 1780/98 de 21 de agosto de 1998 (Figura 13), enquadrou na classe 2 o rio Cachoeira e seus afluentes, da nascente até a ponte que liga os distritos de Maria Jape e Banco da Vitória, no município de Ilhéus, nas seguintes coordenadas geográficas: S 140 47’07” e W 390 06’27” e deste ponte até a foz na classe 7. 35 4.2. AMOSTRAGEM As coletas foram realizadas de janeiro de 1999 a dezembro de 1999, em datas destacadas no Quadro 10, entre os horários 7:00 e 16:00h. Quadro 10 - Data das Coletas de Amostras Ordem Coleta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Data da Coleta 26/01/99 23/02/99 30/03/99 24/04/99 25/05/99 29/06/99 27/07/99 30/08/99 27/09/99 25/10/99 30/11/99 28/12/99 O rio Cachoeira foi dividido em trechos de acordo com a localização de possíveis ações impactantes, ou seja, antes e depois de cidades e indústrias e da disponibilidade dos dados hidrológicos. Quadro 11 - Localização Geográfica dos Pontos Pontos Grau Min S Grau Grau Min W Grau P1 Colônia -Estiva de Baixo 14 56,107 14,935 39 28,128 39,469 P2 Salgado - Faz. Demostenes 14 53,595 14,893 39 26,898 39,448 P3 Montante Itapé 14 54,149 14,902 39 26,496 39,442 P4 Jusante Itapé 14 51,591 14,860 39 21,045 39,351 P5 Ferradas 14 49,397 14,823 39 18,515 39,309 P6 Itabuna 14 47,788 14,796 39 12,098 39,202 P7 Salobrinho 14 47,977 14,800 39 9,946 39,166 P8 Banco Vitória 14 47,206 14,787 39 5,535 39,092 Fonte: Dados da Pesquisa 36 Coograp Salobrinho Itabuna Banco da Vitória Ferradas Matadouro Itapé 5 6 7 8 2 4 3 1 Fonte banco de dados do PRBC, 1999 Fonte: adaptado Bahia (2000) Figura 13 - Localização dos pontos de coleta e Fontes de Poluição Na Figura 13 e no Quadro 11, pode-se observar a área de estudo e a localização dos pontos de amostragem e no Quadro 12 a distância entre os pontos. Quadro 12 - Distância dos Trechos Trecho Distância (m) P1-P3 5.500 P2-P3 1.250 P3-P4 13.000 P4-P5 7.000 P5-P6 14.500 P6-P7 5.000 P7-P8 10.000 Fonte: adaptado Bahia (2000) 37 Em cada ponto, foram coletadas amostras sub-superficiais, entre 30 e 40 cm abaixo da superfície, aproximadamente no meio do canal como mostra a Figura 14. 30 a 40 cm Ponto de Coleta Altura Lâmina d´água Figura 14 - Altura de coleta das amostras Os parâmetros fisico-químicos avaliados foram: pH, condutividade, oxigênio dissolvido, e temperatura do rio, com o equipamento de campo o waterquality checker, marca HORIBA, modelo U.10. Para análise da demanda bioquímica de oxigênio, foram coletadas amostras em frasco de 1,5 litros de polietileno, para o fosfato total frascos de 1 litro de vidro escuro e para coliforme frasco preparados e selados de 300 ml, todos os frasco eram acomodados em isopor com gelo e transportados dentro de 48 horas após coleta, para as devidas análises nos laboratórios da Embasa em Salvador, Bahia. A Universidade Estadual de Santa Cruz disponibilizou um transporte adequado, material para coleta e a comunidade local o barco para a coleta. 4.3. ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DOS DADOS Para analisar a existência de diferenças significativas entre as médias das variáveis entre pontos de coleta ou entre os meses foi utilizado teste F (ANOVA), bem como o teste de comparações múltiplas de Tukey, quando o teste F detectou diferenças entre as médias. No caso de análise mais detalhada visando corrigir a influência dos valores extremos foi utilizada a transformação dos valores da variável em seu posto (rank) e neste caso foi utilizado o teste de comparações de Duncan, por ser mais flexível que o teste de Tukey. 38 Para analisar a relação entre os parâmetros foi utilizada a análise de correlação, sendo calculados tanto o coeficiente de correlação de Pearson que trabalha diretamente com os valores das variáveis, quanto o coeficiente de correlação de Spearman que trabalha com os postos (rank) dos valores das variáveis, tendo em vista a presença de valores extremos em algumas variáveis. Foi utilizada a análise regressão linear múltipla na tentativa de modelar relações entre variáveis. Devido à natureza da presente pesquisa, onde as medidas estão sujeitas a diversos tipos de erros, bem como a sofrerem interferência de outros fatores não levados em consideração na presente pesquisa, o nível de significância foi estabelecido em 5%, todavia sempre foi apresentado o valor p da amostra de cada teste. Para a análise geral dos dados será utilizado o pacote estatístico SPSS - Statistical Package for Social Science, versão 6.0 Norusis (1993), onde pode ser encontrado, também, uma síntese das técnicas aqui utilizadas. Utilizou-se a resolução CONAMA n0 20 (1986), para a classificação do curso d’água. Para o estudo de sua autodepuração, utilizou-se o modelo matemático OD-DBO de Streeter e Phelps abordado por Von Sperling (1996) e Branco (1978). 4.4. MODELO DE AUTODEPURAÇÃO OD-DBO Um dos mais importantes instrumentos de planejamento e de avaliação de impactos no tocante à qualidade das águas, é a modelagem matemática, que permite por exemplo, a simulação dos fenômenos que ocorrem num curso d’água submetido a um determinado grau de poluição, possibilitando fazer avaliações das condições atuais e prever futuras condições da qualidade de suas águas. Estes modelos depois de testados e validados, permitem a simulação de inúmeras situações, determinando-se parâmetros de qualidade em função de diversos fatores, como por exemplo, a variação de vazão dos rios, o crescimento populacional e industrial nas bacias, a implantação de sistemas de tratamento, etc. 39 Utilizou-se, para o estudo da autodepuração do Rio Cachoeira, o clássico modelo matemático da qualidade da água de Streeter-Phelps segundo Eiger (1991), o qual incorpora no balanço do oxigênio os fatores de consumo de oxigênio (respiração) e de produção de oxigênio (reaeração atmosférica) restrito a condições aeróbicas no corpo d’água. Para dar suporte ao planejamento da bacia hidrográfica é o modelo mais adotado, diz Von Sperling (1996), pois a adoção de modelos matemáticos mais sofisticados exige a disponibilidade de dados que não podem ser levantados no transcurso temporal e financeiro de um trabalho como este. Deve-se estar ciente da observação de Eiger (1991) quando alerta que a aplicação deste modelo deve ser encarada ao nível de uma primeira aproximação para a simulação da variação do oxigênio dissolvido em rios. 4.4.1. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO MODELO STREETER-PHELPS Este modelo apresenta-se na forma de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem, resolvidas para um escoamento em regime permanente e uniforme, onde os efeitos decorrentes da dispersão longitudinal são desprezíveis, existe uma descarga contínua e constante de poluentes biodegradáveis, de forma que não exista qualquer variação temporal no fenômeno além de ser restrito às condições aeróbias no corpo d’água. Segundo o modelo: A taxa de variação do déficit de OD = Consumo de OD – Produção de OD dD = dt K1L - K2D (Equação 10) onde: D = déficit de oxigênio dissolvido (mg/l) Diferença entre a Concentração de Saturação e a Concentração em um tempo t (Cs – C t) L = Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/l) 40 t = tempo K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1) K2 = coeficiente de reaeração (dia-1) Integrando tem-se: K1 L0 Dt = ------------K2 – K1 K t -K t K t ( e- 1 - e 2 ) + D0 e- 2 (Equação 11) Onde: Dt = Déficit de oxigênio num tempo t (mg/l) Lo = Demanda Bioquímica de Oxigênio, logo após a mistura (mg/l) Do = déficit inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l) A concentração de oxigênio dissolvido num tempo t (Ct) corresponde à diferença entre a concentração de saturação nas condições do experimento (Cs) e o déficit de oxigênio dissolvido num tempo t (Dt) . Ct = Cs - Dt (Equação 12) Substituindo Equação 2 em 3, a expressão toma a forma: K1 L0 Ct = Cs - (Equação 13) K t -K t K t ( e- 1 - e 2 ) + D0 e- 2 K2 – K1 Na plotagem de pontos desta equação obtém-se o gráfico do perfil do Oxigênio Dissolvido em função do tempo. Na Figura 15, pode-se observar o tempo crítico (tc), onde ocorre a concentração de oxigênio mínima (Cc). Este valor mínimo, à luz da legislação existente determina formas de ação, que podem ou não incluir tratamento de efluentes. 41 Fonte: Von Sperling, (1995) Figura 15 - Pontos característicos da curva de depleção de OD 4.4.1.1. Concentração e déficit de oxigênio no rio após a mistura com o despejo Qr . ODr + Qe . ODe (Equação 14) Co = --------------------------------Qr + Qe D0 = Cs – C0 (Equação 15) Onde: C0 = concentração inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l) D0 = déficit inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l) Cs = concentração de saturação de oxigênio (mg/l) Qr = vazão do rio a montante do lançamento dos despejos (m3/s) Qe = vazão de esgotos (m3/s) ODr = concentração de oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento (mg/l) ODe = concentração de oxigênio dissolvido no esgoto (mg/l) 42 4.4.1.2. Demanda última de oxigênio logo após a mistura (Lo) A DBO5 corresponde à determinação da oxidação executada no período de cinco dias, o que necessariamente não corresponde a oxidação total do efluente, que poderá levar um tempo maior, assim o consumo de oxigênio para a total oxidação da amostra denomina-se demanda última . (Qr . DBOr + Qe . DBOe) L0 = DBO50 . KT = ------------------------------------ . Qr + Qe 1 -------------5K 1-e 1 (Equação 16) Onde: DBO50 = concentração de DBO5, após a mistura (mg/l) L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/l) DBOr = concentração de DBO5 do rio (mg/l) DBOe = concentração de DBO5 do esgoto (mg/l) Qr = vazão do rio Qe = vazão do esgoto DBOu = consumo de oxigênio para oxidação total. KT = constante para transformação da DBO5 a DBO última (DBOu) 4.4.1.3. Tempo Crítico ( tc ) e Distância Crítica ( dc) É tempo onde ocorre a concentração mínima de oxigênio durante o processo de autodepuração, dentro do trecho avaliado. 1 tc = . ln K2 – K1 K2 K1 . 1- Do . ( K2 – K1) Lo . K1 dc = tc . v onde: tc = tempo crítico (dia) L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/l) D0 = déficit inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l) K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1) K2 = coeficiente de reaeração (dia-1) (Equação 17) (Equação 18) 43 dc = distância crítica v = velocidade (m/s) Quadro 13 - Interpretação das relações Lo/Do e K2/K1 tc L0/D0 > K2/K1 Interpretação (+) A partir do lançamento haverá uma queda no OD, assim déficit crítico superior ao inicial. L0/D0 = K2/K1 Zero O déficit inicial é igual ao déficit crítico. Não haverá diminuição de OD L0/D0 > K2/K1 (-) O déficit inicial é maior que o déficit observado. Fonte: Von Sperling (1996) 4.4.1.4. Déficit crítico (Dc) e Concentração crítica (Cc) O déficit máximo ou crítico tem por valor: Lo . e Dc = –K1 tc (Equação 19) f E ocorre num ponto situado a jusante do lançamento, a uma distância cujo percurso corresponde ao tempo crítico (tc) . onde: Dc = Déficit crítico (mg/l) f = coeficiente de autodepuração (K2/K1) tc = tempo crítico (dia) L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/l) K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1) K2 = coeficiente de reaeração (dia-1) A diferença entre a concentração de saturação (Cs) e o déficit crítico fornece a concentração crítica (Cc). Trata-se do ponto com a menor quantidade de oxigênio dissolvido. Cc = Cs - Dc (Equação 20) 44 onde: Cc = concentração crítica (mg/l) Cs = concentração de saturação de oxigênio (mg/l) Dc = Déficit crítico (mg/l) 4.4.2. DADOS DE ENTRADA PARA O MODELO 4.4.2.1. Vazão do corpo d’água (Qr) A vazão é uma variável de extrema importância no modelo pois tem uma grande influência nos resultados da simulação. Pode-se usar a vazão observada em um determinado período, quando se deseja calibrar o modelo, isto é, ajustar os coeficientes do modelo, para que os dados simulados sejam os mais próximos possíveis dos dados observados (medidos) no curso d’água no período em análise. A vazão média quando o objetivo é simular condições médias prevalecentes, quer durante o ano, meses chuvosos ou secos e a vazão mínima para o planejamento da bacia, para a avaliação do cumprimento aos padrões ambientais do corpo receptor (Von Sperling, 1996). Tendo em vista que os padrões de qualidade das águas são fixados através de limites da concentração de poluentes ou de indicadores de qualidade, e estes são função da vazão de diluição disponível, torna-se necessário o estabelecimento da vazão crítica ou seja a vazão mínima de referência, para a qual os referidos padrões devem ser verificados. É óbvio que esta vazão não deve ser a mínima (minimorum) registrada historicamente, pois implica numa condição extremamente restritiva, onerando desnecessariamente as medidas de controle da poluição. Por isso, optou-se por um valor médio, relativo a um intervalo de tempo adequado, que abrangesse a vazão mínima de estiagem. O CONAMA em sua Resolução no 20/86, Art. 13, recomenda a utilização do Q7,10 , a vazão média mínima de sete dias consecutivos e período de retorno de dez anos, para o estudo da capacidade de autodepuração de rios Classes 2 e 3 do território nacional. 45 O intervalo de tempo de sete dias é considerado o mais adequado para estudos de qualidade de rios, pois além de não se situar em extremos, permite atenuar, pelo menos parcialmente, as flutuações ocasionais com relação às vazões mínimas diárias devidas a erros de leitura nas escalas limnimétricas, as variações nas vazões dos cursos d’água em razão da operação de pequenas obras hidráulicas, etc. Por outro lado, o período de retorno de dez anos também é adequado para esta finalidade, correspondendo a uma probabilidade de ocorrência de 10% de uma vazão menor ou igual à mínima de estiagem. 4.4.2.2. Vazão de esgoto (Qe) Em estudos de autodepuração de rios Von Sperling (1996), sugere o uso da vazão média de esgoto, através do seguinte cálculo: Pop. QPC. R Qdmédio = (Equação 21) 1000 Qdmédio = vazão doméstica média de esgoto (m3/d) QPC = quota per capita de água 1/hab.d R = coeficiente de retorno, a fração da água fornecida que adentra a rede de coleta na forma de esgoto, varia de 60% a 100%, sendo que um valor usualmente adotado tem sido o de 80% (Von Sperling (1996)). Quadro 14 - Consumo per capita de água Porte da Comunidade Faixa da população (hab) Consumo per capita (QPC) (L/hab.d) Povoado Rural < 5000 90-140 Vila 5.000 – 10.000 100 – 160 Pequena Localidade 10.000 – 50.000 110 – 180 Cidade média 50.000 – 250.000 120 – 220 Cidade grande > 250.000 150 - 300 Fonte: Adaptado CETESB(1977;1978) por Von Sperling(1976) Quadro 15 - Vazões Específicas médias de algumas indústrias Tipo Unidade Consumo de água por unidade (m3/unid) Matadouro 1 boi 0,3 a 0,4 Laticínio 1000L 2 - 10 leite Fonte: Adaptado CETESB(1976) por Von Sperling (1976) Ramo Alimentícia 46 4.4.2.3. Oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento (ODe) O teor de oxigênio dissolvido em um curso d’água, a montante do lançamento representa a atividade da bacia até este ponto de estudo. Caso não se tenha possibilidade de executar análise de campo, pode-se estimar a concentração de oxigênio dissolvido em função do grau de poluição aproximado do curso d’água. Rios com baixo índices de poluição adota-se, por segurança, 70% a 90% do valor de saturação de oxigênio, nas condições de temperatura e pressão locais. Caso o rio apresente índices de poluição maiores, deve-se buscar dados amostrais, pois neste caso os valores podem ser bem mais baixos que os citados anteriormente. 4.4.2.4. Oxigênio dissolvido no esgoto (ODe) Os esgotos orgânicos de origem doméstica ou industrial contêm grandes quantidades de matéria biodegradável, o que provoca um consumo alto de oxigênio pelos microorganismos decompositores, podendo assim considerar-se que os esgotos brutos, esgotos com tratamento primário ou anaeróbico, apresentam oxigênio dissolvido nulo, de forma geral. 4.4.2.5. DBO5 no rio, a montante do lançamento (DBOr) É função dos lançamentos ao longo do percursos até o ponto escolhido. Klein citado por Von Sperling (1996) propõe, na ausência de dados específicos, as concentrações típicas constantes do Quadro 16. Quadro 16 - Valores de DBO5 em função das características do curso d’água Condições do Rio Bastante Limpo Limpo Razoavelmente Limpo Duvidoso Ruim Fonte: Klein citado por Von Sperling (1996) DBO5 do rio (mg/l) 1 2 3 5 > 10 47 4.4.2.6. DBO5 do esgoto (DBOe) O Quadro 17 apresenta características dos esgotos domésticos quanto a demanda bioquímica de oxigênio. Quadro 17 - Características químicas dos esgotos domésticos brutos Parâmetro Matéria Orgânica Determinação indireta DBO5 DBOÚLTIMA Contribuição per capita (g/hab.d) Faixa Típico 40-60 60-90 Concentração Unidade Faixa Típico mg/l mg/l 200-500 350-600 350 500 50 75 Fonte: (Arceivala,1981) (Von Sperling, 1996) O Quadro 18 apresenta características dos esgotos industrias quanto a demanda bioquímica de oxigênio. Quadro 18 - Características das águas residuárias indústrias Ramo Tipo Alimentíc Matadouro ia Laticínio Unidade 1 boi 1000L leite Carga Específica de DBO (Kg/unid) 4 – 10 5 - 40 Concentração de DBO (mg/l) 500 – 4000 15.000 – 20.000 Fonte:Adaptado CETESB (1976) por Von Sperling (1976) 4.4.2.7. Coeficiente de desoxigenação (K1) O coeficiente K1 mede a velocidade da reação de oxidação da matéria orgânica ou a atividade dos microorganismos aeróbicos presentes na água, abaixo no Quadro 19, apresenta valores típicos de K1. Quadro 19 - Valores típicos de K1 Origem Água residuária concentrada Água residuária baixa concentração Efluente primário Efluente Secundário Rios com águas limpas Águas para abastecimento público K1(dia-1) 200C 0,35 – 0,45 0,30 – 0,40 0,30 – 0,40 0,12 – 0,24 0,09 – 0,21 < 0,12 Fonte: Adaptado de fair et all, 1973; Arceivala, 1981 K1(dia-1) 260C 0,46 – 0,59 0,40 – 0,53 0,40 – 0,53 0,16 – 0,32 0,12 – 0,28 < 0,16 48 4.4.2.8. Coeficiente de reaeração (K2) O coeficiente K2 está relacionado com a velocidade de oxigenação da água através da dissolução do oxigênio atmosférico, o Quadro 20 apresenta valores típicos de K2, baseados em profundidade. Quadro 20 - Valores típicos de K2 (base e, 200C) Corpo d’água Pequenas Lagoas Rios vagarosos, grandes lagos Grandes rios com baixa velocidade Grandes rios com velocidade normal Rios rápidos Corredeiras e quedas d’água K2 (dia-1) Profundo Raso 0,12 0,23 0,23 0,37 0,37 0,46 0,46 0,69 0,69 1,15 > 1,15 > 1,61 Fonte: Fair et al (1973), Arceivala, (1981) citado por Von Sperling, (1996) O coeficiente K2 está relacionado com a velocidade de oxigenação da água através da dissolução do oxigênio atmosférico, o Quadro 21 apresenta valores típicos de K2 baseados em dados hidráulicos. Quadro 21 - Valores do coeficiente K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos (base e) 200C Pesquisador Fórmula Faixa de aplicação O’Connor e Dobbins 3,73 . v0,5 H-1,5 0,6m ≤ H < 4,0m 0,05m/s ≤ v < 0,8 m/s 0,97 -1,67 Churchill et al 5,0 v H 0,6m ≤ H < 4,0m 0,8m/s ≤ v < 1,5 m/s Owens et al 5,3 v0,67 H-1,85 0,1m ≤ H < 0,6m 0,05m/s ≤ v < 1,5 m/s Fonte: Citados por Von Sperling (1996) 4.4.2.9. Velocidade do curso d’água (v) A velocidade do curso d’água pode ser estimada através de diversos métodos como medição direta, obtenção de dados em estações fluviométricas, utilização de fórmulas hidráulicas para canais ou correlação com a vazão. A velocidade é uma característica física que influencia no coeficiente de reaeração. Uma velocidade elevada, eleva o valor de K2 por outro lado uma baixa velocidade levará a um baixo K2. 49 4.4.2.10. Tempo de percurso (t) O modelo adota o regime hidráulico de pistão, onde o tempo de percuso teórico que uma partícula gasta para percorrer determinado trecho é função unicamente da velocidade e da distância a ser vencida assim: d (Equação 22) t= v . 86400 Onde: t = tempo de percurso (dia) d= distância percorrida (m) v = velocidade do curso d’água (m/s) 86400 = número de segundos por dia ( s/d) 4.4.2.11. Concentração de saturação de OD (Cs) O Quadro 22 apresenta a concentração de saturação de oxigênio na água limpa para diferentes temperaturas em altitudes menores que 500 m. Conforme pode ser observado Cs diminui com o aumento da temperatura. Quadro 22 - Concentração de Saturação de oxigênio (mg/l) Temperatura 25 26 27 28 29 30 Cs para Altitudes < 500m 8,4 8,2 8,1 7,9 7,8 7,6 Fonte: von Sperling, (1996) 4.4.2.12. Oxigênio dissolvido mínimo permissível (ODmin) A legislação estabelece os valores constantes do Quadro 23 para as diversas classes. Quadro 23 - Teores mínimos permissíveis de OD Resolução Conama n0 20, 18/06/86 Classe Especial 1 2 3 4 OD mínimo (mg/l) 6,0 5,0 4,0 2,0 50 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA 5.1.1. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO O pH varia de 6 a 9,4 nos diversos pontos de coleta, ao longo dos diversos meses do ano. A análise de variância mostra que não existe diferença significativa entre as medições do pH entre os diversos pontos de coleta (F(7,80) = 1,2894; p = 0,2662), mas sim nos diversos meses do ano (F(10,77) = 14,4341; p ∼ 0,0000). A Figura 16 ilustra a variação sazonal do pH. Nele pode ser observado que o mês com maior pH é o mês de junho, quando o pH atinge a média de 8,8, distinguindo-se claramente dos outros meses. Os meses com menor pH foram outubro, setembro, abril e julho. 9,5 pH 9 pH - 1 8,5 Ph - 2 8 pH - 4 pH - 3 pH - 5 7,5 pH - 6 pH - 7 7 pH - 8 6,5 Média 6 SE TE M BR O O U TU BR O N O VE M BR O O Ô ST O AG JU LH H O N JU AI O M IL AB R O AR Ç M JA N EI R O FE VE R EI R O 5,5 Figura 16 - Variação sazonal do potencial hidrogeniônico (pH) Com um intervalo de confiança para a média de 95%, o pH se manteve em todos os pontos amostrados ao longo do período de observação entre 6,97 e 8,50, Figura 17. Não pode-se dizer pois que este curso d’água apresente caracter ácido, pelo contrario apresenta-se de neutro a básico. 51 Mantendo-se dentro dos padrões de qualidade para os corpos d’água das diversas classes, segundo resolução CONAMA n0 20, 18/06/86. 9 Limite Superior Média Limite Inferior 8,5 pH 8 7,5 7 6,5 6 1 2 3 4 5 6 7 8 Pontos de Coleta Fonte: Dados da pesquisa Figura 17 - Variação do Potencial Hidrogeniônico (pH) médio Segundo Maier (1987), os pHs dos rios brasileiros têm tendência de neutro a ácido. Alguns rios da Amazônia brasileira possuem pHs próximos de 3, valor muito baixo para suportar diversas formas de vida. Rios que cortam áreas pantanosas também têm águas com pH muito baixo, devido à presença de matéria orgânica em decomposição. Rios de mangue estão incluídos nesta categoria. Os dados obtidos para o Rio Cachoeira não encontra-se pois nestas categorias, mas segundo Esteves (1998), a grande maioria dos corpos d’água continentais tem pH variando entre 6 e 8; no entanto pode-se encontrar ambientes mais ácidos ou mais alcalinos. No Brasil os de pH mais alto, são encontrados, geralmente, em região com balanço hídrico negativo (onde a precipitação é menor do que a evaporação); em regiões em que os ecossistemas aquáticos são, em diferentes graus de intensidade, influenciados pelo mar (recebem grandes contribuições de carbonatos e bicarbonatos), e em regiões cársticas (regiões ricas em cálcio). 52 No Rio Cachoeira pode estar ocorrendo as três condições citadas, influência marinha próximo à desembocadura, no ponto 8, os valores altos do mês de junho podem ser explicados pela baixa precipitação segundo relatório HIGESA em Bahia (1997) e segundo Richter (1991), para a faixa de pH 9,4-8,3 podem estar presentes na água os seguintes tipos de alcalinidade Carbonatos e bicarbonatos, o que pode ser confirmado nas análise da EMASA que indicam dureza moderada . 5.1.2. CONDUTIVIDADE A análise dos dados mostram que o ponto 8, tem um comportamento diferenciado dos outros pontos (F(7,78) = 4,4856; p = 0,0003), ver Figura 18. Observa-se, ainda que os altos valores encontrados na condutividade no ponto de coleta 8 ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e março. 20,00 18,00 COND-1 Condutividade (micronS/cm) 16,00 COND-2 14,00 COND-3 12,00 COND-4 COND-5 10,00 COND-6 COND-7 8,00 COND-8 6,00 Média 4,00 2,00 O ST O SE TE M BR O O U TU BR O N O VE M BR O AG Ô JU LH O H N JU AI O M O AB R IL M AR Ç JA N EI R O FE VE R EI R O 0,00 Fonte: Dados da pesquisa Figura 18 - Variação sazonal da condutividade nos oito pontos de coleta 53 Utilizando esses dados, não se verifica diferença significativa entre os meses do ano (F(10,75) = 1,0579; p = 0,4052). Contudo, se o ponto de coleta 8 for eliminado da análise, observa-se que os meses de janeiro e fevereiro diferem claramente dos outros (F(10,66) = 15,5065; p ~ 0,0000), conforme ilustração da Figura 19. 1,400 Condutividade (micronS/cm) 1,200 COND-1 1,000 COND-2 COND-3 COND-4 0,800 COND-5 COND-6 0,600 COND-7 Média 0,400 0,200 O Ô ST O SE TE M BR O O U TU BR O N O VE M BR O AG JU LH H O JU N M AI O IL AB R Ç O M AR JA N EI R O FE VE R EI R O 0,000 Figura 19 - Variação sazonal da condutividade nos sete pontos de coleta De acordo com Porto et al (1991) a condutividade das águas superficiais é bastante variada, podendo ser baixa, em valores como 50 μS/cm, em locais onde a precipitação é pobre em solutos iônicos e a litologia local é formada por rochas resistentes ao intemperismo, até valores de 50.000 μS/cm, que é a condutividade da água do mar. Os valores encontrados então na faixa de 200 μS/cm a 1.400 μS/cm nos pontos de 1 a 7, caracterizando a presença de quantidade significativa de íons, afastando-se das condições extremas indicadas anteriormente. Por outro lado confirma-se a influência marinha no ponto 8, mais próximo da desembocadura quando encontrou-se valores de até 19.000 μS/cm, valor mais próximo da condição extrema da água do mar. A diferença apresentada, no comportamento da condutividade nos meses de janeiro e fevereiro, pode ser explicada através da temperatura, pois segundo Hem, citado por Porto et al (1991), mantendo-se constante a concentração iônica, uma alteração na temperatura do sistema, implica no aumento da condutividade, e estes meses apresentam as maiores temperaturas. 54 5.1.3. TEMPERATURA DO CORPO D’ÁGUA A temperatura do rio a uma profundidade entre 30 cm e 40 cm da superfície da lâmina d’água, em todo o percurso variou de 21,9 até 33,8, sendo que essas variações extremas ocorreram no ponto 8. A análise de variância acusa que não existe diferença significativa entre as médias dos diversos pontos de coleta (F(7,80) = 0,0671; p = 0,9995), porém acusa diferença significativa entre as médias dos diversos meses (F(10,77) = 66,2142; p ∼ 0,0000), conforme ilustração da Figura 20. 34 32 TRIO-1 Temperatura (ºC) 30 TRIO-2 TRIO-3 28 TRIO-4 TRIO-5 26 TRIO-6 TRIO-7 24 TRIO-8 Média 22 BR VE M O N O U TU BR O O O TE M BR ST O SE AG Ô JU LH O O N H JU M AI O AB R IL O M AR Ç JA N EI R O FE VE R EI R O 20 Figura 20 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água Uma análise mais detalhada das diferenças de média mostra vários grupos de meses com temperaturas médias similares, dentre os quais se destacam os meses com temperaturas mais altas que são janeiro, fevereiro e março e, os meses com temperaturas mais baixas junho e outubro. 55 5.1.4 . TEMPERATURA DO AR A temperatura do ar, ao longo do percurso do rio variou de 21,9 até 39, seguindo o mesmo padrão da temperatura do corpo d’água, não existe diferença significativa entre as médias dos diversos pontos de coletas (F(7,74) = 0,1186; p = 0,9969), e sim entre as médias dos diferentes meses (F(10,71) = 35,6714; p = 0,0000), ver Figura 21. 40 Temperatura (ºC) 38 36 TAR-1 34 TAR-2 TAR-3 32 TAR-4 30 TAR-5 TAR-6 28 TAR-7 26 TAR-8 24 Média 22 TU BR O O U TE SE O M BR O ST Ô AG JU LH O JU N H O O M AI IL R Ç AR M AB O O R R EI VE FE JA N EI R O 20 Fonte: Dados da pesquisa Figura 21 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água A análise da diferença de médias mostra que janeiro é o mês mais quente, seguido de agosto, março e fevereiro. Já os meses com temperaturas mais baixas são julho, junho, outubro, setembro e abril. 56 5.1.4. OXIGÊNIO DISSOLVIDO O oxigênio dissolvido, ao longo do percurso do rio, variou de 0,40 até 12,20 mg/l. A análise de variância entre os diversos pontos de coleta mostra que não existe diferença entre as médias desses pontos (F(7,80) = 0,8747; p = 0,5303). Quanto ao perfil sazonal do oxigênio dissolvido, observa-se na Figura 22 que existe uma tendência decrescente de janeiro até setembro, recuperando-se levemente no mês de outubro, caindo novamente no mês de novembro. Essa variação é significativa (F(10,77) = 21,1627; p ∼ 0,0000), sendo os meses de janeiro a maio mostram níveis mais altos, do que os meses de julho a novembro. 14,00 12,00 OD-1 10,00 OD-2 OD (mg/l) OD-3 8,00 OD-4 OD-5 OD-6 6,00 OD-7 OD-8 4,00 Média 2,00 O Ô ST O SE TE M BR O O U TU BR O N O VE M BR O AG LH JU H O AI O M AB R IL JU N M AR Ç O R O VE R EI FE JA N EI R O 0,00 Fonte: Dados da pesquisa Figura 22 - Variação sazonal do oxigênio dissolvido Pode ser observado na Figura 23, a variação média do oxigênio dissolvido (OD), ao longo dos pontos , e valores superiores e inferiores dentro de um intervalo de confiança de 95%. 57 9 Limite Superior Média Limite Inferior 8 7 OD(mg/l) 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Pontos de Coleta Fonte: Dados da pesquisa Figura 23 - Variação do OD médio nos pontos de coleta Considerando apenas os valores médios de oxigênio dissolvido e a resolução CONAMA n0 20 de 18/06/86 tem-se a classificação constante da Tabela 01. Tabela 01 - OD médio e Classe Pontos 1 Valor OD médio (mg/l( 6.17 2 5,53 3 4,99 4 5,60 7 5,14 5 3,56 6 4,33 8 4,29 Classe 1 2 3 A mudança da Classe 2 para a Classe 3, explica-se pela presença de esgotos domésticos da cidade de Itabuna, despejo industrial da Coograp e do matadouro de Ferradas. 58 5.1.5. DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO A demanda bioquímica de oxigênio, ao longo do percurso do rio, variou de 1 até 18,50. A análise de variância mostrou que não existe diferença significativa entre as médias dos pontos de coleta (F(7,82) = 1,6256; p = 0,1397) e sim diferença significativa entre os meses do anos (F(11,78) = 3,4749; p = 0,0006), embora apenas o mês de janeiro mostrou maior nível de DBO. DBO-1 20,00 DBO-2 DBO-3 18,00 DBO-4 16,00 DBO-5 DBO-6 14,00 DBO (mg/l) DBO-7 12,00 DBO-8 Média 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 O AG Ô ST SE O TE M BR O O U TU BR N O O VE M BR D O EZ EM BR O O JU LH N H JU M AI O IL AB R AR Ç O O M EI R VE R FE JA N EI R O 0,00 Fonte: Dados da Pesquisa Figura 24 - Variação sazonal da demanda bioquímica de oxigênio Entretanto, observa-se que a presença de valores extremos não permitiu encontrar diferença significativa entre as médias dos pontos de coleta, para corrigir essas distorções foi utilizado o 59 posto (rank) dos valores do DBO 1 . A análise variância dos postos (rank) do DBO mostrou a existência de diferença significativa entre os pontos de coleta ao nível de 5% de significância (F(7,82) = 2,1696; p = 0,0453), onde se observa que os postos 5 e 6 mostram maiores níveis quando comparados aos outros pontos de coleta. A Figura 25 ilustra a distribuição dos postos (rank) dos valores do DBO, nele pode se observar que a influência dos valores extremos fica contornada.. R A N K 100 80 o f 60 D B O 40 20 0 -20 N= 10 11 11 12 11 12 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 ESTACAO Figura 25 - Diagrama da caixa 2 dos postos (rank) dos valores da DBO no pontos de coleta A Figura 26 ilustra a média e o intervalo de confiança para a estimativa do nível médio da DBO em cada ponto de coleta 1 Neste caso podia ter se utilizado o teste de Kruskall Wallis que é uma ANOVA que trabalha com os postos dos valores da variável, todavia esse teste não fornece opção dos testes de comparações múltiplas, por essa razão optou-se por aplicar ANOVA diretamente aos postos dos valores da variável. 2 diagrama da caixa (boxplot) é formado por uma “caixa” limitada pelos percentis 25 (borda inferior), 75 (borda superior) e um traço interno que simboliza a mediana. A caixa contém 50% dos dados, ficando O 25% abaixo e 25% acima das bordas da caixa. As duas linhas externas da caixa limitam o mais baixo e o mais alto valor a partir dos quais se encontram os “outliers”, que são todos aqueles valores maiores que 1,5 vezes o comprimento da caixa, simbolizado por um asterisco e os valores “extremos” que são todos aqueles valores maiores que 3 vezes o comprimento da caixa, simbolizado por uma circunferência. 60 D e m a n d a B io q u ím ica d e O x ig ê n io 10 9 8 L im ite S u p e rio r M é d ia L im ite In f e rio r 7 DBO (mg/L) 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 P o n to s d e C o le ta Figura 26 - Intervalo de confiança de 95% para a estimativa da DBO média . Considerando apenas os valores médios da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a resolução CONAMA n0 20 de 18/06/86 tem-se a classificação constante da Tabela 02. Tabela 02 - DBO médio e Classe Pontos Valor OD médio 1 4,81 2 3,22 3 3,23 4 4,34 5 5,13 6 6,03 7 2,97 8 2,96 Fonte: Dados da Pesquisa Classe 2 3 1 61 O Ponto 1, na análise de OD foi classificado como classe 1 e agora como classe 2, este ponto de coleta apresenta bastante aeração, em virtude da pequena ponte da estiva, por outro lado, há uma pequena vila, que faz uso intensivo deste trecho inclusive com criação de animais, ao longo das margens, aumentando pontualmente a carga orgânica. Quanto ao ponto 8 sabe-se da maior concentração de cloretos, em função da influência da maré, que termina baixando a concentração do oxigênio dissolvido, por outro lado é um dos pontos de maior profundidade do rio Cachoeira, o que permite uma maior diluição da carga orgânica. O ponto 7, apresenta baixa demanda de oxigênio, assim há uma reduzida quantidade de matéria orgânica biodegradável, o que nos levar a concluir que o processo de autodepuração foi eficiente no trecho 6-7. 5.1.6. FÓSFATO TOTAL O fósforo total, ao longo do percurso do rio, variou de 0 a 0,64 mgP/l, havendo diferença significativa entre as médias dos postos de coleta (F(7,88) = 5,6642; p ∼ 0,0000), onde o posto 6 e, em menor grau o posto 7, mostram maiores níveis de fósforo total. Observa-se, também, diferença significativa entre os diferentes meses dos anos (F(11,84) = 2,9163; p = 0,0026), embora apenas o mês de maio se destaca com maior nível de fosfato, conforme Figura 27. A resolução CONAMA n0 20 estabelece 0,025 mgP/l para o Fosfato Total como padrão para corpos d’água nas classe 1, 2 e 3. A análise da Figura 28, mostra que mesmo considerando o limite inferior do intervalo de confiança para a média de 95%, os valores estão acima do permitido. Esta variação está coerente com dados anteriores, pois se sua presença associa-se a despejos orgânicos, há de se esperar que no pontos 5, e 6 haja uma maior concentração desta espécie, pois nestes trechos há o impacto de efluentes industriais e domésticos, estes contendo detergentes. 62 0,70 0,60 P-1 Fósforo total (mg/l) 0,50 P-2 P-3 P-4 0,40 P-5 0,30 P-6 P-7 0,20 P-8 Média 0,10 O M BR BR O M EZ E D O O VE TU BR N BR O O U TE M ST O SE O AG Ô LH JU H O N JU AI O M O R IL AB AR Ç M ER FE V JA N EI R O EI R O 0,00 Fonte: Dados da pesquisa Figura 27 - Variação sazonal do fosfato 0,40 0,35 0,30 P total (mg/l) 0,25 Limite Superior Média Limite Inferior 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7 P-8 Pontos de Coleta Fonte: Dados da pesquisa Figura 28 - Variação do fósforo total num intervalo de confiança 95% 63 Segundo Porto et al (1991), o Rio Cachoeira é um ecossistema de alta produtividade pois a concentração de fosfato é superior a 0,030 mg/l. Segundo Sperling (1996), concentração de fósforo total acima de 0,05 mg/l pode ser utilizado como indicativo aproximado de estado eutrófico de um lago. Embora o estudo atual seja de um rio, faz-se um paralelo face às observações ocorridas em m 1996, quando a Bacia do Rio Cachoeira, apresentava todos os problemas da eutrofização; crescimento excessivo da vegetação, lâmina d’água coberta por macrófitas, em trechos como na cidade de Itabuna, condições anaeróbicas no fundo do corpo d’água, presença de mosquitos, murissocas, mortandade de peixes, odores féticos da produção da ácido sulfídrico, inclusive teve ameaçada a estrutura de uma das pontes, o que exigiu a retirada mecânica das plantas. 5.1.7. RESÍDUO TOTAL O resíduo total varia de 109 a 4661 mg/l. A análise variância mostra que existe diferença significativa entre as médias dos pontos de coletas ( F(7,80) = 2,8500; p = 0,0105), onde o posto 8 se distingue claramente dos outros postos, devido aos altos valores encontrados nos meses de janeiro e fevereiro e, em menor grau, no mês de outubro. Já a análise de variância das médias entre os meses mostra que não existe diferença significativa entre eles (F(10,77) = 1,2966; p = 0,2475) conforme Figura 29. Ao se retirar o posto 8 da análise de variância, não se observa diferença entre os sete pontos restantes, mas observa-se diferença significativa entre meses, onde o mês de outubro mostra maior nível de resíduo. A portaria n0 36, 10/01/90, Ministério da Saúde, que determina o Padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano, determina uma concentração de até 1000 mg/l de sólidos totais dissolvidos, em componentes que afetam a qualidade organoléptica. 64 5000 4500 4000 RT-1 3500 RT-2 RT-3 3000 RT-4 2500 RT-5 RT-6 2000 RT-7 1500 RT-8 1000 Média 500 O AG Ô ST O SE TE M BR O O U TU BR O N O VE M BR O D EZ EM BR O JU LH O H N JU AB R M AI O IL O M AR Ç VE R EI FE JA N EI R O R O 0 Fonte: Dados da pesquisa Figura 29 - Variação sazonal do resíduo total Analisando Figura 30, nota-se que mesmo considerando o limite máximo com índice de confiança de 95% , as águas deste corpo d’água apresentam valores inferiores ao estipulado pelo ministério da saúde, sendo pois, quanto a este requisito potável. 1200 1000 Resíduo Total (mg/l) 800 Lim ite S uperior M édia Lim ite Inferior 600 400 200 0 R T-1 R T -2 R T -3 R T-4 R T -5 P ontos de C oleta Fonte: Dados da pesquisa Figura 30 - Variação do Resíduo Total R T-6 R T -7 R T -8 65 A resolução CONAMA n0 20 de 18/06,86, estabelece 500 mg/l para sólidos dissolvidos totais como padrão para corpos d’água nas classe 1, 2 e 3. Apenas o ponto 8 apresenta como média 560,12 mg/l colocando-o fora do padrão, mas justifica-se pela influência das águas não continentais. 5.1.8. COLIFORMES TOTAL E FECAL Os coliformes totais variam de 230 a 240.000 Coli/100ml. A análise de variância entre os postos de coletas mostra que não existe diferença significativa entre as médias de coliformes totais (F(7,63) = 1,8565; p = 0,0920) e diferença significativa entre meses (F(8,62) = 4,0415; p = 0,0006), sendo o mês de junho o que apresenta maior nível deste, como pode ser apreciado no Figura 31. 300000 250000 CT-1 CT-2 CT (coli/100ml) 200000 CT-3 CT-4 CT-5 150000 CT-6 CT-7 100000 CT-8 Média 50000 Fonte: Dados da pesquisa Figura 31 - Variação sazonal do coliforme total SE TE M BR O O U TU BR O ST O AG Ô JU LH O JU N H O M AI O AB R IL JA N EI R O FE VE R EI R O 0 66 Os coliformes fecais variam de 40 a 160.000 Coli/ml. Não se observa diferença significativa entre as médias dos coliformes fecais (F(7,63) = 1,6100; p = 0,1490) e diferença significativa entre meses (F(8,62) = 4,3962; p = 0,0003), sendo o mês de agosto difere significativamente dos outros meses, mostrando níveis altos, conforme Figura 32. 180000 160000 CF-1 CF (Coli/100ml) 140000 CF-2 120000 CF-3 CF-4 100000 CF-5 80000 CF-6 CF-7 60000 CF-8 40000 Média 20000 TU BR O O O U M BR SE TE Ô ST AG LH JU JU O O O N H O AI M R IL AB R EI VE FE JA N EI R R O O 0 Fonte: Dados da pesquisa Figura 32 - Variação sazonal do coliforme total Considerando apenas os valores médios e a resolução CONAMA n0 20, de 18/06/86, a classificação do corpo d’água, pede ser vista na Tabela 03, Tabela 03 - Índice de Coliforme e Classe Pontos Coleta Coliforme Fecal Classe 1 2 3 4 5 6 7 8 4 3 3 3 4 4 4 3 4 3 4 3 4 4 3 4 Coliforme Total Classe 67 O ponto 5, depois de Ferradas, trecho receptor de vários esgotos, inclusive o de Itabuna, destaca-se com valores altíssimos, caracterizando um forte impacto. Nos pontos subsequentes, há um decréscimo, mas todo o trecho permanece na classe 4. A partir do ponto 5 até o ponto 8, é o trecho que compreende o perímetro urbano de Itabuna, Salobrinho e Banco da Vitória, sendo comum a presença de banhista, lavadeiras e pescadores, é pois, uma exposição perigosa, pois trata-se de um espaço com altos índices de contaminação por organismos intestinais patogênicos, como pode ser melhor visualizado no Figura 33. 90000 80000 70000 Coli/100ml 60000 50000 Média CF Média CT 40000 30000 20000 10000 0 1 2 3 4 5 Pontos de Coleta Fonte: Dados da pesquisa Figura 33 - Variação Coliformes Fecal e Total 6 7 8 68 5.2. A RELAÇÃO ENTRE OS PARÂMETROS 5.2.1. ANÁLISE DE CORRELAÇÃO A tabela 04 mostra a relação entre as variáveis aqui estudadas, medidas através do coeficiente de correlação de Pearson 3 , onde as células sombreadas são significativas ao nível de 5%. Tabela 04 - Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis 4 Parâmetros PH PH 1 Cond 0,0089 Cond DO Trio Tar DBO P RT CT CF 1 (0,935) DO Trio Tar DBO P RT CT CF 0,4419 0,0299 (0,000) (0,785) 1 0,3408 0,3441 0,6063 (0,001) (0,001) (0,000) 1 0,3005 0,2596 0,5221 0,8255 (0,006) (0,020) (0,000) (0,000) 0,2252 -0,0124 0,2813 0,4683 0,4012 (0,039) (0,912) (0,010) (0,000) (0,000) -0,0291 -0,0310 0,2148 0,0297 0,0477 0,2539 (0,788) (0,777) (0,044) (0,784) (0,670) (0,016) 1 1 1 0,1522 0,9051 0,2240 0,3683 0,3006 0,1226 -0,0581 (0,178) (0,000) (0,046) (0,001) (0,009) (0,272) (0,591) 1 0,2694 -0,0380 -0,2116 -0,3210 -0,1415 -0,1397 -0,0609 -0,0570 (0,023) (0,756) (0,077) (0,006) (0,239) (0,259) (0,614) (0,637) -0,1410 -0,0417 -0,2035 -0,0632 0,1900 -0,0077 -0,0129 -0,0438 0,4944 (0,241) (0,734) (0,089) (0,601) (0,113) (0,951) (0,915) (0,717) (0,000) 1 1 Fonte: Dados da pesquisa 3 O coeficiente de correlação de Pearson (r) toma valores entre menos um e um, sendo que valores próximos a unidade denotam uma correlação alta, ou seja, quando uma variável muda a outra é influenciada diretamente (+1) ou inversamente (1). Valores próximos de zero denotam a não existência de relação entre essas variáveis ou uma relação não linear. 4 Os valores entre parêntesis denotam o nível de significância da amostra) 69 Analisando a Tabela 04 pode-se concluir que as diversas variáveis se relacionam entre si, por exemplo a Demanda de Oxigênio Dissolvido -DBO se correlaciona com o pH, Oxigênio dissolvido, temperatura do rio, temperatura do ar e fósforo total. Contudo, pode-se questionar a utilização do coeficiente de correlação de Pearson, uma vez que a maioria das variáveis não seguem uma distribuição normal e que em vários casos existe a presença de valores extremos, embora o número de medições das variáveis é superior a 80, número bastante razoável para garantir uma boa estimativa do coeficiente de correlação de Pearson. Por essas razões, foi calculado, também, o coeficiente de correlação de Spearman, que ao invés de trabalhar com os valores originais das variáveis, trabalha com seus postos (número de ordem daquele valor), eliminando a influência dos valores extremos. A Tabela 05 mostra esses resultados. Tabela 05 - Matriz de correlação (Spearman) entre as variáveis Variáv eis PH pH 1 Cond 0,3838 Cond DO Trio Tar DBO P RT CT CF 1 (0,000) DO Trio Tar DBO P RT CT CF 0,4534 0,4655 (0,000) (0,000) 1 0,3206 0,5876 0,5231 (0,000) (0,000) (0,000) 1 0,3360 0,5396 0,4493 0,8145 (0,002) (0,000) (0,000) (0,000) 0,1772 0,2934 0,1641 0,5393 0,4369 (0,107) (0,007) (0,136) (0,000) (0,000) -0,0751 0,0837 0,1831 -0,0515 -0,0268 -0,1351 (0,487) (0,443) (0,088) (0,634) (0,811) (0,204) 0,3582 0,5246 0,2736 0,5172 0,3616 0,3362 -0,0320 (0,001) (0,000) (0,014) (0,000) (0,002) (0,002) (0,767) 0,0821 -0,0578 -0,1464 -0,3284 -0,2037 -0,2637 0,2568 0,0458 (0,496) (0,637) (0,223) (0,005) (0,088) (0,031) (0,031) (0,705) -0,0449 0,0198 -0,0732 -0,0344 0,1540 -0,1054 0,2756 0,0911 0,7533 (0,710) (0,872) (0,544) (0,776) (0,200) (0,396) (0,020) (0,450) (0,000) 1 1 1 1 1 1 70 Comparando os resultados de ambos coeficientes, Pearson e Spearman, observa-se que muitas variáveis continuam a se correlacionar, outras que não tinham um coeficiente de correlação de Pearson significativo, o tem com Spearman, como as correlações entre o Ph e a condutividade e os resíduos totais; a condutividade e o oxigênio dissolvido e a demanda bioquímica de oxigênio; a demanda de oxigênio dissolvido com o resíduo total e coliforme total e, fósforo total com coliforme total e coliforme fecal. Enquanto que, algumas correlações detectadas pelo coeficiente de Pearson, não são detectadas com o de Spearman, como o caso das correlações entre o oxigênio dissolvido e o pH, o oxigênio dissolvido e fósforo total, a correlação entre coliforme total e pH e o fósforo e Oxigênio dissolvido. Essas divergências, como foi assinalado, devem-se a interferência dos valores extremos. O impacto disso será sentido na análise regressão a ser utilizada na busca de modelos que descrevam as relações entre as variáveis, uma vez que essa está baseado na correlação de Pearson. Uma forma de corrigir essa provável distorção é a transformação das variáveis a seus postos e aplicar novamente a análise de regressão, o que será feito mais adiante. 5.2.2 A DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO) EM FUNÇÃO DAS OUTRAS VARIÁVEIS Como pode ser observado a DBO tem correlação mais alta com a temperatura do rio, do ar e, em menor grau, com o fósforo. Observa-se que a temperatura do rio e do ar estão fortemente correlacionadas (r = 0,8255). A Figura 34 ilustra a relação entre o DBO e a temperatura do rio, diferenciados pelos meses e postos de coleta. Na Figura 34 observa-se a presença de dois pontos extremos e influentes, ocorridos nos meses de fevereiro e março, nos postos 1 e 6, que demandam as maiores quantidades bioquímicas de oxigênio, com temperaturas altas. 71 Uma análise visual da DBO indica que o mês de janeiro mostra as temperaturas do rio mais altas e a DBO acima de 3 até quase 11, enquanto que o mês de março apesar de ter também as temperaturas mais altas, a DBO varia de 2 até 6, ocorrendo um valor extremo, no posto 1, que atinge um valor próximo a 19. 20 1 6 Mês N O D B O m g / l S 10 2 5 4 6 3 8 0 20 8 6 6 2 8 6 5 6 167 1 65 8 1 4 63 2 51 4 4 1 4 3 7 8 7 3 235 2 4 87 2 7 8 1 7 2 A 5 6 J 4 J 5 5 4 47 8 53 1 3 2 6 7 4 1 2 3 15 7 2 28 3 3 8 M A 7 4 8 M F J 22 24 26 28 30 32 34 Temperatura do Rio (ºC) Fonte: Dados da pesquisa Figura 34 - Relação entre o DBO e a temperatura do rio O mês de menor demanda de DBO é o de julho, cuja demanda varia de 2 a 3, sendo que a temperatura é uma das mais baixas do ano. O mês de agosto, também mostra menores DBO, embora a temperatura do rio não seja tão baixa, quanto a do mês de julho. Uma outra característica que pode ser apreciada neste gráfico, é que o ponto de coleta 8 apresenta menor DBO Na busca de modelos que descrevam o comportamento da Demanda Bioquímica de Oxigênio dissolvido em função das outras aqui levantadas, foi utilizado o modelo de regressão linear, stepwise 5 . Segundo essa técnica o modelo de regressão ajustado é: DBO = -11,30 + 0,52* TRIO + 10,11*P 72 Onde: DBO = Demanda Bioquímica de oxigênio (mg/l) TRIO = Temperatura do Rio (0C) P = Fósforo (mg/l) Modelo altamente significativo (F(2,62) = 28,05135; p ∼ 0,0000), sendo que todos os coeficientes estimados também são altamente significativos (ao nível de significância de 1%), com um coeficiente de determinação ( R2) de 47,5%. Isso significa que, aproximadamente, 47,5% da variação da DBO fica explicada pela variação da temperatura do rio (que contribui sozinho com 34,2%) e o fósforo (que contribui com 13,3%). O modelo indica que por cada grau (ºC) que a temperatura do rio aumenta, a DBO aumenta em 0,52 (mg/l) e por cada unidade a mais de fósforo a DBO aumenta em 10,11 (mg/l). A análise de regressão aplicado aos postos das variáveis, mostra a permanência do modelo, porém sem nenhum ganho adicional para o poder explicativo do modelo, logo foi descartado. 5.2.3. OXIGÊNIO DISSOLVIDO EM FUNÇÃO DAS OUTRAS VARIÁVEIS O OD tem correlação mais alta com a temperatura do rio, do ar, do DBO, P e RT. O OD se correlaciona com os coliforme totais e fecais, apenas ao nível de significância de 10%. A Figura 35 ilustra a relação entre o OD e a temperatura do rio, diferenciados pelos meses e postos de coleta. O OD dos meses de verão - janeiro, fevereiro e março -, quando a temperatura do rio são as mais altas mostram maiores níveis de OD, acima de seis unidades, com exceção dos das leituras do mês de março, nos pontos de coleta 8 e 5. O mês de setembro é o que mostra os menores níveis de OD, sendo que a temperatura do rio varia de 23 a 27 ºC. A aplicação do modelo de regressão stepwise fornece o seguinte modelo: 5 Esse modelo de regressão leva em consideração a correlação entre as variáveis, sendo que a primeira a entrar é aquela de maior correlação, as outras entram ou saem segundo a correlação da variável, retirando a influência da variável já considerada no modelo. 73 OD = -17,76 + 0,66* TRIO + 0,76*pH Onde: OD = Oxigênio Dissolvido (mg/l) TRIO = Temperatura do Rio (0C) PH = Potencial Hidrogeniônico Modelo altamente significativo (F(2,62) = 48,53832; p = 0,0000), sendo que todos os coeficientes estimados também são altamente significativos (ao nível de significância de 5%), com um coeficiente de determinação ( R2) de 61,0%. Isso significa que, aproximadamente, 61% da variação do OD fica explicado pela variação da temperatura do rio (que contribui sozinho com 58,5%) e o pH (que contribui com apenas 2,5%). O modelo indica que por cada grau (ºC) que a temperatura do rio aumenta, o OD aumenta em 0,66 unidades, já o impacto de pH é por cada unidade de pH a mais, o OD aumenta em 0,76 unidades. Observa-se que o pH contribui muito pouco neste modelo. 14 8 4 12 Mês N 4 7 10 O D 2 8 4 8 3 8 64 7 7 6 3 4 8 2 0 20 4 1 6 22 1 1 2 1 7 88 3 3 4 1 2 6 4 5 6 23 1 32 1 5 57 4 5 7 6 2 2 8 31 3 5 6 8 5 2 4 7 8 6 5 5 6 7 24 26 41 6 7 12 2 8 23 3 5 3 5 7 6 7 O 6 S A J J M 5 1 A M 4 F 8 28 30 32 J 34 Temperatura do rio (ºC) Fonte: Dados da pesquisa Figura 35 - Relação entre o OD e a temperatura do rio Estes resultados não são coerentes com a lei das solubilidade dos gases em líquido, pois com o aumento da temperatura o líquido “expulsa” o gás; consequentemente, a solubilidade do gás diminui. Portanto uma outra variável não medida está interferindo no processo de concentração do OD, possivelmente o volume da água, variável com os períodos de chuva. 74 5.3. ANÁLISE DA AUTODEPURAÇÃO 5.3.1. CARGAS POLUIDORAS Tabela 06 - Quantificação das Cargas Poluidoras Trechos P3-P4 P4-P5 P5-P6 Matadouro Cargas Itapé Matadouro Ferradas Coograp Ferradas Itabuna Coograp P6-P7 Salobrinho Uesc Dados Comunidade 1999 População (hab) Pop Produção Industrial Pind 14387 8.542 100 Bois/d 183.403 10000 30.000 L leite Caracterização dos Esgotos Quota Per Capita de água Coeficiente Retorno esgoto/água QPC (L/hab.d) R Vazão Doméstica Média Qdmed (Pop . QCP . R) / 1000 (m3/d) Taxa de Infiltração Extensão Rede Coletora Er (Km) Vazão Total Esgoto (Qd + Qinf + Qind) Produção Capita de DBO5 Qe (L/s) PCDBO (g/hab.d) Carga DBO5 Domestica DBOd (Kg/d) (POP * PCDBO /1000) Carga Específica DBO Carga DBOind ( Pind * CEDBO) 180 115 0,80 0,8 0,8 0,8 1.841,54 1.093,38 Tinf Consumo de água por unidade Vazão Industrial Média (Pind * CAU) (Tinf * Er/1000 )*86400 160 (L/s.Km) Qinf (m3/d) CAU (m3/ud) Qind (m3/d) Vazão Infiltração 160,00 13,00 0,5 0,5 7 187 7 8078,4 302,4 0,399 0,014 50 50 9170,15 500 9170,15 500 265,89 409,03 302,4 0,021 0,005 35 150 185 0,002 0,018 0,016 50 50 719,35 427,1 CEDBO (Kg/ud) DBOind (m3/d) 302,4 0,35 0,0004 920,00 0,5 427,1 7 0,025 700 750 1450 750 1877,1 (DBOd + DBOinf + DBOind) DBOe (kg/d) 719,35 700 427,1 Concentração DBO5 Total (DBOe/Qe * 1000) CDBOe (mg/L) 390,63 20.000,00 305,99 Carga DBO5 Total 1.093,38 26.410,03 5.000,00 1.187,45 75 5.3.2. Trecho P3 – P4 Tabela 07 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P3-P4 DADOS DE ENTRADA Descrição da Variável Referência Símbolo Valor Rio a Montante Vazão Rio Quadro 11 Qr 0,299 m3/s DBO Anexo 01 DBOr 3,23 mg/l Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 4,99 mg/l Vazão Tabela 06 Qe 0,021 m3/s Concentração DBO Tabela 06 DBOe Oxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 06 ODe Distância do Trecho Quadro 12 d 13000 m Temperatura Anexo 01 T 26,40 0C Profundidade Concentração de Saturação de Oxigênio Coeficiente de desoxigenação Anexo 01 h Cs K1 0,75 m 8,20 mg\l 0,40 /d Coeficiente de reaeração Quadro 21 K2 3,95 /d Velocidade Quadro 22 v 0,35 m3/s tempo de percurso Equação 22 t 0,43 d Oxigênio Dissolvido mínimo permissível Quadro 23 Odmin Esgoto Itapé 341,00 mg/l 0,00 mg/l Características do Trecho Quadro 22 Quadro 19 5,00 mg\l DADOS DE SAÍDA Descrição da Variável Referência Símbolo Valor Concentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 29,66 mg/l Concentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 4,66 mg/l Déficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 3,54 mg/l Tempo Crítico Equação 17 tc d Distância Crítica Equação 18 dc Km Déficit Crítico Equação 19 Dc mg/l Concentração crítica de OD dissolvido Equação 20 ODc mg/l 76 Tabela 08 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância -Trecho P3-P4 Distância Tempo Concentração OD (km) (d) (mg/l) 0 0,00 4,66 1 0,03 4,73 3 0,10 4,85 5 0,17 4,96 7 0,23 5,07 9 0,30 5,17 11 0,37 5,26 13 0,47 5,35 6,00 OD (mg/l) 5,50 5,00 4,50 4,00 0 1 3 5 7 9 11 13 Distância (Km) Figura 36 – Perfil de OD Trecho P3-P4 O esgoto bruto de Itapé não impacta o trecho, pois a curva de oxigênio dissolvido (OD) é crescente desde o lançamento. À distância 5,0 km do lançamento, atinge o limite de OD permissível (5,0 mg/l) para rios de Classe 2, segundo resolução 20 do CONAMA (1986). Ao final do trecho, o OD simulado (5,35 mg/l), está proximo do OD observado (5,6 mg/l) 77 6.3.3 - Trecho P4 – P5 Tabela 09 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P4-P5 DADOS DE ENTRADA Descrição da Variável Referência Símbolo Valor Valor Valor Rio a Montante Vazão Rio Quadro 11 Qr 0,93 0,93 0,93 m3/s DBO Anexo 01 DBOr 4,33 4,33 4,33 mg/l Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 5,60 5,60 5,60 mg/l Bruto Primário Secundário 0,018 0,018 0,018 m3/s 1187,45 771,84 415,61 mg/l 0,00 mg/l Matadouro, Ferradas e Coograp Vazão Tabela 6 Qe Concentração DBO Tabela 6 DBOe Oxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 6 ODe 0,00 0,00 Características do Trecho Distância do Trecho Quadro 12 d 7000 7000 7000 m Temperatura Anexo 01 T 26,40 26,40 26,40 0C Profundidade Anexo 01 h 1,20 1,20 1,20 m Concentração de Saturação de Oxigênio Coeficiente de desoxigenação Quadro 22 Cs Quadro 19 K1 8,20 0,54 8,20 0,40 8,20 mg\l 0,24 /d Coeficiente de reaeração Quadro 21 K2 1,95 1,95 1,95 /d Velocidade Quadro 22 v 0,35 0,35 0,35 m3/s tempo de percurso Equação 22 t 0,23 0,23 0,23 d Oxigênio Dissolvido mínimo permissível Quadro 23 Odmin 5,00 5,00 5,00 mg\l Valor Valor Valor DADOS DE SAÍDA Descrição da Variável Referência Símbolo Concentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 28,66 21,75 17,27 mg/l Concentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 5,49 5,49 5,49 mg/l Déficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 2,71 2,71 2,71 mg/l Tempo Crítico Equação 17 tc 0,71 0,60 Distância Crítica Equação 19 dc 21,45 18,07 Km Déficit Crítico Equação 20 Dc 5,38 3,52 mg/l Concentração crítica de OD dissolvido Equação 21 ODc 2,82 4,68 mg/l d 78 Tabela 10 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P4-P5 Distância Tempo Concentração OD Concentração OD Concentração OD (km) (d) (mg/l) Esgoto Bruto (mg/l) Tratamento Primário (mg/l) Tratamento Secundário 0 1 2 3 4 5 6 7 0,00 0,03 0,07 0,10 0,13 0,17 0,20 0,23 5,49 5,17 4,88 4,61 4,37 4,15 3,96 3,78 5,49 5038 5,28 5,19 5,11 5,04 4,98 4,92 5,49 5,53 5,57 5,60 5,63 5,67 5,70 5,73 6,00 OD (mg/L) 5,50 5,00 4,50 Bruto 4,00 3,50 3,00 0 1 2 3 4 5 6 7 Distância (km) Figura 37 – Perfil OD Trecho P4-P5 Diferentemente do trecho anterior, os esgotos brutos, lançados pelo matadouro, cidade de Nova Ferradas e indústria de laticínio Coograp, impactam de sobre maneira seu trecho, a curva de OD é decrescente em todo o percurso. Ao final do percurso sem tratamento, o OD simulado (3,78 mg/l), está próximo do OD observado para o ponto P5 (3,56 mg/l). 79 Extrapolando o trecho, e a permanecer as condições simuladas, começaria a recuperação do OD a uma distância 21,51 km, não atingindo níveis aceitáveis pelo CONAMA para classe 2 e 3, até a desembocadura. Configurada a necessidade de tratamento, simulou-se conforme pode ser observado nos dados de entrada as alternativas de tratamento primário e secundários com eficiencia de 35% e 65% na remoção da DBO respectivamente. 5,80 OD (mg/L) 5,60 5,40 Primário Secundário 5,20 5,00 4,80 0 1 2 3 4 5 6 7 Distância (Km) Figura 38 – Perfil OD Trecho P4-P5 com tratamento Observa-se que apenas no tratamento secundário, todo o trecho P4-P5, possui valores de OD acima do permissível. Desta forma, do ponto de vista do corpo receptor, esta alternativa de tratamento é satisfatória. 80 6.3.4. Trecho P5 – P6 Tabela 11 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P5-P6 DADOS DE ENTRADA Descrição da Variável Referência Símbolo Valor Valor Valor Rio a Montante 3 Vazão Rio Quadro 11 Qr 1,00 1,00 1,00 DBO Anexo 01 DBOr 5,13 5,13 5,13 mg/l Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 3,56 3,56 3,56 mg/l Esgoto Itabuna Bruto Primário m /s Secundário Vazão Tabela 6 Qe 0,399 0,399 0,399 m3/s Concentração DBO Tabela 6 DBOe 265,89 172,83 93,06 mg/l Oxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 6 ODe 0,00 0,00 0,00 mg/l Características do Trecho Distância do Trecho Quadro 12 d 14500 14500 14500 m Temperatura Anexo 01 T 26,40 26,40 26,40 C Profundidade Anexo 01 h 0,60 0,60 0,60 m Concentração de saturação de oxigênio Coeficiente de desoxigenação Quadro 22 Cs K1 8,20 0,60 8,20 0,40 8,20 mg\l 0,40 /d Coeficiente de reaeração Quadro 21 K2 7,85 7,85 7,85 /d Velocidade (Owens et al ) Quadro 22 v 0,35 0,35 0,35 m /s Tempo de percurso Equação 22 t 0,48 0,48 0,48 d Oxigênio Dissolvidomínimo permissível Quadro 23 Odmin 5,00 5,00 5,00 mg\l Símbolo Valor Valor Valor Quadro 19 0 3 DADOS DE SAÍDA Descrição da Variável Referência Concentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 83,61 61,14 34,88 mg/l Concentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 2,54 2,54 2,54 mg/l Déficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 5,66 5,66 5,66 mg/l Tempo Crítico Equação 17 tc 0,12 d Distância Crítica Equação 19 dc 3,72 km Déficit Crítico Equação 20 Dc 5,97 mg/l Concentração crítica de OD dissolvido Equação 21 ODc 2,23 mg/l 81 Tabela 12 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P5-P6 Distância Tempo Concentração OD Concentração OD Concentração OD (km) (d) (mg/l) Esgoto Bruto (mg/l) Tratamento Primário (mg/l) Tratamento Secundário 0 2 4 6 8 10 12 14,5 20 25 30 0,00 0,07 0,13 0,20 0,27 0,33 0,40 0,49 0,67 0,84 1,00 2,54 2,29 2,24 2,30 2,44 2,61 2,79 3,03 3,56 4,00 4,40 2,54 3,59 4,25 4,67 4,95 5,14 5,29 5,43 5,66 5,84 5,99 2,54 4,14 5,10 5,68 6,05 6,28 6,44 6,57 6,74 6,85 6,94 6,00 OD (mg/l) 5,00 4,00 Bruto 3,00 30 25 20 14,5 12 10 8 6 4 2 0 2,00 Distância (Km) Figura 39 – Pefil OD Trecho P5-P6 O esgoto bruto de Itabuna, apresenta OD crítico (2,23 mg/l) a 3,72 km do lançamento, começando então o processo de recuperação do oxigênio dissolvido, alcançando no final do trecho em estudo (14,5 km) 3,03 mg/l, mantendo-se abaixo do nível permissível (5 mg/l) até a desembocadura. 82 Configurada a necessidade de tratamento, simulou-se as alternativas de tratamento primário e OD (mg/L) secundário com eficiencia de 35% e 65% na remoção da DBO respectivamente. 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Primário Secundário 0 2 4 6 8 10 12 14 20 25 30 Distância (Km) Figura 40 – Perfil OD Trecho P5-P6 com tratamento Observa-se que com o tratamento primário o rio atinge o limite permissível de OD a 8 km do lançamento e com o tratamento secundário na metade do percurso. Desta forma, do ponto de vista do corpo receptor, a alternativa de tratamento secundário, é a mais recomendada. 83 6.3.5. Trecho P6 – P7 Tabela 13 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P6-P7 DADOS DE ENTRADA Descrição da Variável Referência Símbolo Valor Rio a Montante Vazão Rio Quadro 11 Qr 1,40 m3/s DBO Anexo 01 DBOr 6,02 mg/l Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 4,33 mg/l Vazão Tabela 6 Qe 0,016 m3/s Concentração DBO Tabela 6 DBOe 355,27 mg/l Oxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 6 ODe Esgoto Salobrinho/UESC 0,00 mg/l Características do Trecho Distância do Trecho Quadro 12 d 5000 m Temperatura Profundidade Concentração de saturação de oxigênio Coeficiente de desoxigenação Anexo 01 T h Cs K1 26,40 0,70 8,20 0,60 Anexo 01 Quadro 22 Quadro 19 0 C m mg\l /d Coeficiente de reaeração Quadro 21 K2 5,91 /d Velocidade (Owens et al ) Tempo de percurso Quadro 22 v t 0,35 m /s 0,17 d Oxigênio Dissolvido mínimo permissível Quadro 23 Odmin 5,00 mg\l Equação 22 3 DADOS DE SAÍDA Descrição da Variável Referência Símbolo Valor Concentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 10,55 mg/l Concentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 4,28 mg/l Déficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 3,92 mg/l Tempo Crítico Equação 17 tc d Distância Crítica Equação 19 dc km Déficit Crítico Equação 20 Dc mg/l Concentração crítica de OD dissolvido Equação 21 ODc mg/l 84 Tabela 14 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P6-P7 Distância Tempo Concentração OD (km) (d) (mg/l) 0 0,00 4,28 1 0,03 4,79 2 0,07 5,21 3 0,10 5,57 4 0,13 5,86 5 0,17 6,10 6,50 OD (mg/l) 6,00 5,50 5,00 4,50 4,00 0 1 2 3 4 5 Distância (Km) Fonte: Dados das pesquisa Figura 41 - Perfil de OD Trecho P6-P7 O esgoto bruto do Salobrinho/UESC não impacta o trecho, pois a curva de OD é crescente desde o lançamento. O OD simulado no final do trecho (6,10 mg/l) não está próximo do OD observado (5,15 mg/l) indicando a influência de outros fatores, como a interferência de sedimentos. A partir da distância 1,5 km do lançamento, atinge o limite de OD permissível (5,0 mg/l) para rios de Classe 2, segundo resolução 20 do CONAMA. 85 6. CONCLUSÃO Com o presente estudo sobre a qualidade das águas do Rio Cachoeira Sul da Bahia, para o período de observação, ano de 1999, pode-se concluir: 6.1 O Rio Cachoeira, apresenta suas águas com temperatura entre 21,9 e 33,80C, variando de neutra a levemente básica, com decréscimo da condutividade desde a sua formação até próximo da desembocadura (km=45 P-8) quando a situação se inverte devido a influência da maré. 6.2. Na análise de Oxigênio Dissolvido e Demanda Bioquímica de Oxigênio, segundo resolução CONAMA n0 20 o rio é Classe 2 de Itapé até o Matadouro (trecho P3-P4), muda para Classe 3 ao receptar os esgotos do Matadouro, Itabuna e Indústria Alimentícia Coograp (trecho P4-P5), que promove um significativo processo de degradação da qualidade hídrica. Persistindo as condições atuais, a tendência é um progressivo agravamento da poluição das águas do rio, em virtude do dinamismo da urbanização e industrialização na área. 6.3. A análise de autodepuração mostra que o esgoto de Itapé e Salobrinho/UESC não impactam os seus trechos e indica tratamento secundário para os efluentes do trecho P4 a P6, o que permitirá também reduzir a quantidade de coliformes total e fecal já que a situação atual é Classe 4, para este critério. 6.4. A concentração de fósforo é alta em todo o curso d’água, o valor mínimo encontrado 0,05mgP/l, representa o dobro do estabelecido pela resolução CONAMA n0 20 (0,025mgP/l), justificando a presença freqüente de macrófitas ao longo do leito. Em virtude da importância da vazão e da velocidade na análise da qualidade das águas é necessário o desenvolvimento de estudos complementares, visando superar esta deficiência de informação. Reconhece-se como válida e de grande importância a necessidade de implementar rede de informações atualizadas de fontes poluidoras, com quantificação e qualificação dos efluentes. 86 As ações antrópicas estão degradando o Rio Cachoeira, não há preservação qualitativa do nosso curso d’água, vê-se como fundamental o investimento no tratamento das águas residuárias sem o que, alternativa alguma de gerenciamento poderá ser eficaz, principalmente em horizonte de médio e longo prazo. Fotos: Geraldo Borges Figura 42 – Visão dos múltiplos usos do Rio Cahoeira 87 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AGENDA 21 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2. ed. Brasília: Senado Federal; Secretaria de Edições Técnicas, 1997. 598 p. BAHIA. Plano Diretor de Recursos Hídricos das Bacias do Leste. Superintendência de Recursos Hídricos. Governo do Estado da Bahia, 1996. BAHIA. Enquadramento da Bacia Hidrográfica da Região Administrativa Leste. Centro de Recursos Ambientais. Governo do Estado da Bahia, 1998. BAHIA. Programa de Recuperação das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada. Superintendência de Recursos Hídricos. Universidade Estadual de Santa Cruz. Governo do Estado da Bahia. Relatório, 2000. BRANCO, S. M. Hidrologia Aplicada à Engenharia Sanitária. 3. ed. São Paulo, CETESB, 1986. 620p. BUSSAB, W. & MORETTIN, P.A. Estatística Básica. 4. ed. São Paulo: Atual, 1897. 321p BRANCO, S.M. & ROCHA, A.A. Poluição, Proteção e Usos Múltiplos de Represas. São Paulo, CETESB, 1977. 185p. BRANCO, S.M. A água e o Homem. In: PORTO, R.L.L. (Org) Hidrologia Ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo:Associação Brasileira de Recursos Hídricos – (Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v.3), 1991. CAMPOS, J.R. Alternativas para tratamento de esgotos - pré-tratamento para águas de abastecimento, Americana: Consórcio Intermunicipal das Bacias dos rios Piracicaba e Capivari, 1994. CARMOUZE, J.P. O Metabolismo dos Ecossistemas Aquáticos: fundamentos teóricos, métodos de estudo e análise química, São Paulo: Edgard Blücher: Fapesp, 1994. 253p. CENA, Centro de Energia Nuclear na Agricultura. Relatório de visita técnica à Bacia do Rio Cachoeira. São Paulo, 1997. CHORLEY, R.J. & KENNEDY B. Physical Geography: systems approach. Londres: Prentice Hall Inc.Co, 1971. CHRISTOFOLETTI, A. Análise de Sistemas em Geografia. São Paulo, Hucitec: Ed. Universidade de São Paulo, 1979. CHRISTOFOLETTI, A. Ggeomorfologia Fluvial. São Paulo: Edgard Blücher, 1981. 313p. CHRISTOFOLETTI, A.. Condicionantes Geomorfológicos e Hidrológicos aos problemas de Desenvolvimento. In: TAUK, S.M. (Org) Análise Ambiental: uma visão multidisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995. 88 COSTA NETO P. L. de O. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1977. ECKENFELDER Jr., W.W. Principles of water quality management. Boston, CBI, 1980. 717 p. EIGER, S., Qualidade da água em rios e estuários. In: PORTO, R.L.L. (org) Hidrologia Ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo:Associação Brasileira de Recursos Hídricos – (Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v.3), 1991. EMASA, Empresa Municipal de Água e Saneamento S.A. Estudo Preliminar de Avaliação do Regime Hídrico. Subprojeto de esgotamento sanitário de Itabuna, 1996. EMBASA, Empresa Baiana de Água e Saneamento S.A., 1998. ESTEVES, F.A. Fundamentos de Limnologia. 2. ed. Rio de janeiro: Interciência, 1998. FAIR, G,M.;GEYER,J.C.;OKUND,D.A. Purification de aguas y tratamiento y remoción de aguas residuales [ Water and waterwater engineering]. Trad. Salvador Ayanegui j. México , Editorial Limusa, 1973. v.2, 764 p. FELTRE, R. Química. 5 ed. São Paulo: Editora Moderna, 2000. 530p. FILOS, J. & MOLOF, A.H. Effect of Benthal Deposits on Oxygen and Nutrient Economy of Flowing Waters. Journal Water Pollution Control Federation, Washington, 44(4):644662, apr., 1972. GARCEZ, L. & ALVAREZ, G.A. Hidrologia. 2 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1988. 291p. GASPARETO, A. Região de Atuação da UESC Sudeste da Bahia. Bahia, Relatório Técnico Impresso, 2000. GASTALDINI, M. C.C. Análise do mecanismo de autodepuração do Rio Jacaré-Guaçu através de modelo de qualidade da água. 1982. 160 f. Dissertação (Mestrado Hidráulica e Saneamento) – Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo, São Carlos. JAMES, A. Mathematical Models in Water Pollution Control. New York, John Wiley & Sons, 1978. 420 p. MAIER, M.H. Ecologia da bacia do Rio Jacaré-Pepira (47º 55' - 48º 55' W; 22º 30' - 21º 55' S - Brasil). Qualidade da água do Rio Principal. Ciência & Cultura, 39 (2): 164-185, 1987. MASTERTON W.L. & SLOWINSKI E. Química Geral Superior. Trad. Domingos C.D. Neto e Antônio F.Rodrigues. Rio de Janeiro: Interamericana, 1978. 583 p. MELLANBY, K. Biologia da Poluição. Trad. Lúcia Baungartner Lamberti São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1982. 89p.. NORUSIS, M. J. SPSS for windows Base System User’s Guide Release 6.0. Chicago, IL : SPSS Inc., 1993. 89 OLIVEIRA, M.C.R. As relações ambientais da bacia do Rio Cachoeira. 1994. 180 p. Dissertação (Especialista em Geografia Física). – Curso de Pós-Graduação em geografia física. Universidade Estadual do Centro-Oeste, PARANHOS, R. Alguns métodos para análise de água. Rio de Janeiro: UFRJ, Sub-Reitoria de Ensino de Graduação e Corpo Discente/ SR-1. 200p. il. – (Cadernos Didáticos UFRJ; 19), 1996. PEIXINHO, F.C. & LEAL, M.S. A Atuação da CPRM no Campo dos Recursos Hídricos perante a Agenda 21. A Água em Revista, Minas Gerais, Suplemento das águas, Agenda 21 - Capítulo 18, p 3-13, maio. 1996. PINTO, N. et. al. Hidrologia Básica. São Paulo: Edgard Blücher, 1976. 278 p. PORTO, F.A.; BRANCO, S.M. & LUCA, S.L Caracterização da qualidade da água.. In: PORTO, R.L.L. (Org) Hidrologia Ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo:Associação Brasileira de Recursos Hídricos. – (Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v.3) , 1991. PROCHNOW, M.C.R. A qualidade das águas na bacia do Rio Piracicaba. 1981, 168f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Curso de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas UNESP, Rio Claro. RICHTER, C.A & NETTO, J.M.A . Tratamento de água. Tecnologia atualizada. São Paulo: Edgard Blücher, 1991. 332p ROCHA, A. A.. A problemática da água. In: LEITE, J.L. (Org) Problemas Chaves do Meio Ambiente. Salvador: Instituto de Geociências da UFBA, 1995. 223p. RUSSEL, J.B.. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1992. 897p. RUTHERFORD, J. C. & O’SULLIVAN, M. J. Simulation of Water Quality in Tarawera River. Journal of the Environmental Engineering Division, New York, 100(2):369-91, apr., 1974. SALVADOR, N.N.B. Avaliação de impactos sobre a qualidade dos recursos hídricos. 1990. 370f. Tese ( Doutorado em Engenharia Civil Modalidade Hidráulica e Saneamento),– Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo, São Carlos THOMAN, R. V. Systems Analysis and Water Quality Management. New York: McGrawHill Book Company, 1974. 286 p. TOLETO, G.L. & OVALLE, I.I. Estatística Básica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. 459 p. TUNDISI, J.G. Liminologia no Século XXI: perspectivas e dasafios. São Carlos, Institulo Internacional de Ecologia, 1999. 24 p. VELZ, C.J. Applied Stream Sanitation. New York: John Wiley & Sons, 1970. 619 p. VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 238 p. 90 VON SPERLING, E. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgoto. 2 ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais, 1996. 238 p. VON SPERLING, M. Critérios e dados para uma seleção preliminar de sistemas de tratamento de esgotos.Bio Engenharia Sanitária e Ambiental. Encarte Técnico, Ano III, N0 1, pp. 7-21. Jan/Abr. 1994. 91 8. ANEXO 01 VARIÁVEIS NOS PONTOS AMOSTRADOS 92 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO - pH pH - 1 JANEIRO Ph - 2 pH - 3 pH - 4 pH - 5 pH - 6 pH - 7 pH - 8 8,05 7,49 7,58 8,63 7,89 8,3 8,19 8,46 FEVEREIRO 8,5 7,74 7,81 8,53 7,5 7,89 8,12 7,75 MARÇO 8,4 8,2 7,3 8,5 7,2 7,6 7,9 7,1 ABRIL 7,5 6,9 7,2 7,2 7,1 7 7,1 7,8 MAIO 7,54 8,02 7,61 7,46 7,16 7,29 8,55 7,57 JUNHO 9,39 8,89 8,6 9,11 8,48 8,29 8,72 8,83 JULHO 7,95 6,7 7,45 7,54 7,45 7,3 7,46 7,1 AGÔSTO 8,13 7,56 7,6 7,43 7,36 7,31 7,32 7,4 SETEMBRO 6,82 7,4 7,2 7,02 7,09 7,01 7,33 7,46 OUTUBRO 8,2 6,9 7 6,8 6,3 6 6,1 6,6 NOVEMBRO 8,2 8,22 7,72 7,97 7,81 7,54 7,6 7,7 pH -1 pH -2 pH - 3 pH - 4 pH - 5 pH - 6 pH - 7 pH - 8 Limite Superior Média 8,50 8,09 7,84 8,34 7,77 7,85 8,17 8,03 8,06 7,64 7,55 7,84 7,39 7,41 7,67 7,61 Limite Inferior 7,62 7,19 7,26 7,33 7,02 6,98 7,17 7,18 93 CONDUTIVIDADE (μ/cm) COND-1 COND-2 COND-3 COND-4 COND-5 COND-6 COND-7 COND-8 JANEIRO 1,29 0,99 1,09 0,755 0,624 0,624 0,644 7,8 FEVEREIRO 1,31 0,77 0,99 0,95 0,93 0,93 0,5 10,5 MARÇO 0,66 0,37 0,53 0,5 0,47 0,47 0,4 19 ABRIL 0,55 0,34 0,62 0,46 0,41 0,41 0,25 0,26 MAIO 0,39 0,362 0,431 0,431 0,464 0,464 0,546 JUNHO 0,525 0,28 0,372 0,376 0,404 0,404 0,345 1,08 JULHO 0,574 0,42 0,482 0,367 0,332 0,332 0,246 0,24 AGÔSTO 0,405 0,342 0,373 0,366 0,37 0,37 0,34 0,34 SETEMBRO 0,254 0,422 0,265 0,34 0,512 0,512 0,48 OUTUBRO 0,51 0,25 0,32 0,35 0,35 0,35 0,28 0,26 NOVEMBRO 0,47 0,321 0,382 0,359 0,365 0,365 0,25 2,4 COND-1 COND-2 COND-3 COND-4 COND-5 COND-6 COND-7 COND-8 Limite Superior Média 0,86 0,60 0,71 0,61 0,59 0,55 0,48 6,54 0,63 0,44 0,53 0,48 0,48 0,44 0,39 3,40 Limite Inferior 0,40 0,29 0,35 0,35 0,36 0,33 0,30 0,26 94 TEMPERATURA DO CORPO D’ÁGUA ( 0C ) TRIO-1 TRIO-2 TRIO-3 TRIO-4 TRIO-5 TRIO-6 TRIO-7 TRIO-8 JANEIRO 29,9 30,5 31 31,9 31,4 32,7 32,4 33,8 FEVEREIRO 30,2 29,7 30,6 30,1 30 30,1 29,8 30,1 MARÇO 29 30 31 32 30 32 32 32 ABRIL 25 24,5 26 25 25,5 25 26 26 MAIO 25,1 27 27 27 27,2 25,2 26,3 26,2 JUNHO 21,9 24,6 23,3 26,7 25,4 24,4 24,5 21,9 JULHO 24,5 23,7 23,8 23 24,4 22,8 23 20,9 AGÔSTO 25,5 23,8 23,8 25,4 25,1 25,4 26 25 SETEMBRO 24 24 23 23 23,9 26 25,3 26,5 OUTUBRO 26 24 24 24,5 24 23 23 23 29,1 27,4 27,4 28,5 27,7 27,1 27,1 27 NOVEMBRO TRIO-1 TRIO-2 TRIO-3 TRIO-4 TRIO-5 TRIO-6 TRIO-7 TRIO-8 Limite Superior 28,22 28,12 28,59 29,19 28,57 29,00 29,04 28,87 Média 26,38 26,29 26,45 27,01 26,78 26,70 26,85 26,28 Limite Inferior 24,54 24,46 24,30 24,82 24,99 24,40 24,67 23,70 95 TEMPERATURA DO AR ( 0C ) TAR-1 TAR-2 TAR-3 TAR-4 TAR-5 TAR-6 TAR-7 TAR-8 JANEIRO 30 32 32 36 36 34 34 39 FEVEREIRO 31 32 31 30 34 33 30,5 31 MARÇO 29 30 31 31 30,5 33,5 34 31 ABRIL 25 26 26 27 31 27 27 27 25,5 29 29 30 27 27,6 29 26 JUNHO 24 22,9 25,3 27 29 25,8 21,9 25 JULHO 26 23,9 24 23,8 25,7 23,8 23,9 23,8 AGÔSTO 32 31 31 33 29 32 29 32 24,3 26,5 24,4 24,4 26 26,9 26,4 26,8 29 26 25 25 26,3 24 23 23 MAIO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO 24 TAR-1 TAR-2 TAR-3 TAR-4 TAR-5 TAR-6 TAR-7 TAR-8 Limite Superior Média 29,77 30,30 30,17 31,57 30,84 31,60 30,59 31,85 27,82 27,93 27,87 28,72 28,45 28,76 27,88 28,41 Limite Inferior 25,87 25,56 25,57 25,87 26,06 25,92 25,17 24,97 96 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (mg/l) OD-1 OD-2 OD-3 OD-4 OD-5 OD-6 OD-7 OD-8 JANEIRO 7,90 7,19 7,19 10,60 7,58 9,32 8,86 12,51 FEVEREIRO 9,85 7,48 7,48 9,57 5,85 9,10 8,38 7,69 MARÇO 8,80 8,00 8,00 12,20 4,10 7,60 8,40 0,40 ABRIL 8,20 7,70 7,70 6,60 3,70 5,10 6,90 6,70 MAIO 7,55 9,65 9,65 7,31 4,84 4,80 9,60 6,49 JUNHO 6,20 5,27 5,27 5,15 1,86 2,94 3,43 3,46 JULHO 4,73 4,63 4,63 3,10 3,60 3,34 3,23 3,64 AGÔSTO 3,80 2,67 2,67 1,62 2,87 2,10 3,10 2,50 SETEMBRO 2,13 1,70 1,70 1,20 1,00 0,60 0,40 1,90 OUTUBRO 5,50 3,90 3,90 3,10 2,30 1,60 2,90 0,70 NOVEMBRO 3,27 2,66 2,66 1,23 1,51 1,20 1,43 1,23 OD-1 OD-2 OD-3 OD-4 OD-5 OD-6 OD-7 OD-8 Limite Superior Média 7,85 7,30 6,55 8,25 4,89 6,44 7,38 6,78 6,18 5,53 4,99 5,61 3,56 4,34 5,15 4,29 Limite Inferior 4,50 3,77 3,44 2,96 2,24 2,23 2,92 1,80 97 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (mg/l) DBO-1 DBO-2 DBO-3 DBO-4 DBO-5 DBO-6 DBO-7 DBO-8 JANEIRO 3,80 4,20 4,40 8,70 10,10 9,90 6,10 6,60 FEVEREIRO 4,70 3,30 3,50 5,80 7,50 18,50 3,60 3,40 18,30 3,40 3,70 3,20 3,70 5,90 3,50 2,20 ABRIL 2,30 2,10 2,20 2,90 3,00 4,00 2,30 2,70 MAIO 3,50 1,90 2,60 5,20 4,00 3,40 1,70 1,80 1,70 1,90 6,60 4,00 3,50 1,30 1,50 2,00 2,00 2,80 2,60 2,00 2,40 MARÇO JUNHO JULHO 2,30 2,00 AGÔSTO 1,00 1,00 SETEMBRO 2,70 2,60 2,70 2,70 2,30 4,70 3,30 2,50 OUTUBRO 3,50 4,10 5,40 2,60 7,20 4,20 1,10 4,00 NOVEMBRO 6,00 9,20 3,90 5,50 6,70 6,60 4,80 4,50 3,20 1,50 3,20 2,30 2,00 2,10 DEZEMBRO DBO-1 DBO-2 2,50 DBO-3 DBO-4 3,00 DBO-5 DBO-6 1,00 DBO-7 DBO-8 Limite Superior Média 8,34 4,72 4,05 5,78 6,97 9,14 4,12 4,03 4,81 3,23 3,23 4,34 5,13 6,03 2,97 2,96 Limite Inferior 1,28 1,73 2,41 2,89 3,29 2,92 1,82 1,89 98 FÓSFORO TOTAL (mg/l) P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7 P-8 JANEIRO 0,13 0,05 0,06 0,07 0,16 0,29 0,23 0,14 FEVEREIRO 0,05 0,00 0,05 0,07 0,08 0,64 0,20 0,14 MARÇO 0,16 0,03 0,12 0,17 0,26 0,29 0,14 0,13 ABRIL 0,31 0,09 0,20 0,18 0,22 0,21 0,24 0,23 MAIO 0,25 0,08 0,20 0,23 0,26 0,38 0,28 0,26 JUNHO 0,09 0,07 0,08 0,08 0,14 0,31 0,22 0,20 JULHO 0,20 0,16 0,18 0,17 0,18 0,18 0,16 0,16 AGÔSTO 0,12 0,10 0,12 0,12 0,14 0,16 0,16 0,17 SETEMBRO 0,08 0,08 0,07 0,09 0,11 0,16 0,15 0,16 OUTUBRO 0,06 0,05 0,06 0,05 0,09 0,22 0,13 0,09 NOVEMBRO 0,12 0,07 0,11 0,06 0,05 0,07 0,09 0,08 DEZEMBRO 0,09 0,04 0,06 0,07 0,08 0,10 0,09 0,10 P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7 P-8 Limite Superior Média 0,20 0,10 0,15 0,16 0,20 0,34 0,22 0,20 0,14 0,07 0,11 0,12 0,15 0,26 0,18 0,16 Limite Inferior 0,09 0,04 0,08 0,08 0,11 0,16 0,14 0,12 99 RESÍDUO TOTAL (mg/l) RT-1 RT-2 RT-3 RT-4 RT-5 RT-6 RT-7 RT-8 JANEIRO 612 496 540 409 327 356 340 3.727 FEVEREIRO 595 354 464 448 431 303 230 4.661 MARÇO * * * * * * * * ABRIL 495 284 525 399 376 322 274 252 MAIO 439 276 370 387 389 387 335 741 JUNHO 351 259 277 975 312 290 268 433 JULHO 445 346 388 323 302 266 270 268 AGÔSTO 338 285 308 325 313 318 298 270 SETEMBRO 373 211 258 257 260 226 228 213 OUTUBRO 298 122 142 277 171 170 109 1752 NOVEMBRO 879 295 1058 1222 1178 692 497 552 DEZEMBRO 383 256 325 316 341 296 283 278 RT-1 RT-2 RT-3 RT-4 RT-5 RT-6 RT-7 RT-8 Limite Superior 607 362 613 735 607 434 356 990 Média 483 293 433 502 406 333 285 560 Limite Inferior 358 223 253 270 205 232 214 130 100 COLIFORMES TOTAL (mg/l) CT-1 CT-2 CT-3 CT-4 CT-5 CT-6 CT-7 CT-8 JANEIRO 11000 300 300 130 15.000 500 3.000 17.000 FEVEREIRO 30000 800 300 1.600 16.000 3.000 5.000 24.000 ABRIL 17000 16.000 3.000 9.000 16.000 50.000 16.000 16.000 MAIO 24000 800 2.400 2.400 3.000 30.000 16.000 JUNHO 240000 JULHO 28000 20.000 32.000 18.000 60.000 8.000 50.000 AGÔSTO 16000 14.000 22.000 17.000 160.000 160.000 90.000 3.000 SETEMBRO 2300 1.300 1.000 2.200 94.000 12.000 2.500 1.500 OUTUBRO 25000 2.100 1.600 1.400 80.000 2.100 6.500 4.400 CT-1 Média CT 43700 8.000 180.000 CT-2 7033 CT-3 26956 5.800 180.000 CT-4 6392 70.000 CT-5 78875 10.000 CT-6 33400 12.000 180.000 CT-7 19222 CT-8 34656 101 COLIFORMES FECAL (Coli/100 mL) CF-1 JANEIRO CF-2 CF-3 CF-4 CF-5 CF-6 CF-7 CF-8 5000 230 170 80 2.300 80 1.100 5.000 FEVEREIRO 11000 220 80 900 16.000 2.400 3.000 8.000 ABRIL 13000 4.000 500 1.300 16.000 30.000 9.000 2.400 MAIO 3000 230 2.400 40 2.400 1.400 3.000 JUNHO 6000 300 400 350 5.000 1.900 800 2.000 JULHO 2000 2.600 1.800 860 8.000 2.200 1.900 2.600 16000 14.000 7.000 13.000 160.000 160.000 90.000 3.000 SETEMBRO 520 250 220 260 23.000 2.300 400 320 OUTUBRO 3500 200 50 54 50.000 600 500 500 AGÔSTO CF-1 Média CF CF-2 CF-3 CF-4 CF-5 CF-6 CF-7 6668,89 2447,78 1402,22 1871,56 35037,5 22431,1 12011,1 CF-8 2980