Nos últimos trinta anos,iniciou um padrão de beleza por trás do padrão de magreza quase esquelética imposto pela mídia que exprime mensagens do tipo "ser magra é ser bela, portanto, feliz". Esse reducionismo começou com a modelo Twiggy nos anos 60 e ganhou força nos anos 90 com seu clone Kate Moss. Isso ajudou no surgimento dos distúrbios alimentares, entre eles os mais conhecidos são a bulimia e anorexia. Mulheres,ávidas por um corpo esbelto e sem curvas travam uma verdadeira "luta" contra seu próprio corpo na ânsia de emagrecer,mesmo sem necessidade . Apesar de datar da idade média o primeiro caso da doença surgiu em 1694, com uma jovem que teve suas menstruações paradas, sua pele mais flácida e seu rosto empalidecido. Ela não tinha febre, conversava normalmente, porém assemelhava-se a um esqueleto, era muito ativa, não tinha apetite e sua digestão era mínima, apresentando assim características semelhantes a quem sofre da doença atualmente. O termo anorexia vem do grego, significando falta de apetite. Mas isto não quer dizer que a pessoa não tenha fome, ela muitas vezes apenas consegue comer uma quantidade mínima que não é suficiente para manter o peso e assim acaba por ir perdendo peso ao longo do tempo. A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar resultado da preocupação exagerada com o peso corporal, onde o individuo segue uma rígida e não eficaz dieta. Chamamos de anorexia uma percepção distorcida quanto ao próprio corpo, que leva a pessoa a ver-se e sentir-se como "gorda" mesmo após perder muito peso. Essa percepção errônea faz com que o anoréxico mantenha seu peso abaixo dos níveis ideais para sua estatura, prejudicando seriamente a própria saúde. Mesmo quando parentes e amigos comentam sobre sua magreza excessiva, o indivíduo não consegue perceber e insiste em continuar emagrecendo. A anorexia não é "frescura", vaidade excessiva ou loucura. É uma doença que como qualquer outra não surge por culpa ou desejo do portador, sendo assim o doente precisa de tratamento especializado, carinho e compreensão daqueles que lhe são próximos. Não existe uma causa única para explicar o desenvolvimento da anorexia nervosa. Essa síndrome é considerada multideterminada por uma mescla de fatores biológicos, psicológicos, familiares e culturais. Alguns estudos chamam atenção que a extrema valorização da magreza e o preconceito com a gordura nas sociedades ocidentais estaria fortemente associada à ocorrência desses quadros. A anorexia atinge com maior freqüência mulheres (90% dos casos) na faixa etária compreendida 14 e os 18 anos, raramente ocorrendo após os 40 anos. Peso corporal em 85% ou menos do peso normal; Prática excessiva de atividades físicas, mesmo tendo um peso abaixo do normal. Comumente, anoréxicos vêem peso onde não existe, ou seja, o anorético pensa que tem um peso acima do normal; Em pessoas do sexo feminino, ausência de ao menos três ou mais menstruações. A anorexia nervosa pode causar sérios danos ao sistema reprodutor feminino; Nos rapazes poderá ocorrer disfunção erétil e dificuldade em atingir a maturação sexual completa. Tanto a nível físico como emocional; Crescimento retardado ou até paragem do mesmo, com a resultante má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco); Descalcificação dos dentes; cárie dentária; Depressão profunda; Tendências suicidas; Bulimia, que pode desenvolver-se posteriormente em pessoas anoréxicas; Obstipação grave. O tratamento da anorexia continua sendo difícil. Não há medicamentos específicos que restabeleçam a correta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. Por enquanto as medicações têm sido paliativos. As mais recomendadas são os antidepressivos tricíclicos (possuem como efeito colateral o ganho de peso). Os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina têm sido estudados, mas devem ser usados com cuidado uma vez que podem contribuir com a redução do apetite. É bom ressaltar que os pacientes com anorexia têm o apetite normal, ou seja, sentem a mesma fome que qualquer pessoa. O problema é que apesar da fome se recusam a comer. As psicoterapias podem e devem ser usadas, tanto individuais como em grupo ou em família. A indicação dependerá do profissional responsável. Por enquanto não há uma técnica especialmente eficaz. Forçar a alimentação não deve ser feita de forma rotineira. Só quando o nível de desnutrição é ameaçador. Forçar alimentação significa internar o paciente e fornecer alimentos líquidos através de sonda nasogástrica. Geralmente quando se chega a isso se torna necessário também conter (amarrar) o paciente no leito para que ele não retire a sonda A história da britânica Lauren Bailey está acessível na Internet e é um exemplo de que há casos com final feliz. Ela começou a perder peso na adolescência. Aos 26 anos chegou a pesar 30 kg e caminhava mais de 12 horas por dia para perder peso. Quando não caminhava, ficava em pé, sempre tentando gastar energia para evitar ganhar peso. Passou por duas internações hospitalares em mais de dez anos de luta contra a doença. Aos 14 anos, quando alguém disse que ela deveria começar uma dieta, começou a fazer regime e não parou mais. Conta que teve diagnóstico de depressão, ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo durante o período da doença. Acordava muito cedo e começava a andar sem parar até tarde da noite para gastar energia. Porém, ao ler um artigo sobre anorexia em uma revista, percebeu que tinha a doença. Lauren teve alta da segunda internação hospitalar em agosto de 2007 quando percebeu que era muito importante tentar superar a doença, único jeito de salvar sua vida. Atualmente ela continua lutando contra a doença. Já está com o peso normal, e agora resolveu contar sua experiência para jovens com a doença, tentando mostrar que há luz no fim do túnel. Pesando 52 kg, a ex-miss São Paulo Juliana Volpini, 25, 1,80 m, luta contra a anorexia em Potirendaba (443 km de São Paulo). Diz esperar que seu caso sirva de alerta para outras jovens que buscam o sucesso nas passarelas. Juliana afirma que venceu os dois concursos --pesando 57 kg-- e se mudou para a capital paulista em 2003. Após as vitórias nos concursos, ela afirma que começou a ser "fortemente pressionada" a emagrecer por agências de modelos. A pressão era tão grande que me dava falta de ar.”Após engordar, a pressão das agências aumentou, diz a modelo. "Aí parei de comer. Passava só com gelatina diet e tomava água." Em 2004, Juliana chegou a pesar 46 kg, peso que manteve até o final do ano passado. Em setembro de 2004, ela começou a perder cabelos intensamente. Por causa da queda e do uso de uma prótese capilar (espécie de peruca feita sob medida), foi recusada em diversas seleções. A anorexia foi diagnosticada no início de 2005, quando chegou a ser internada. "Os médicos diziam que eu deveria voltar para o interior, para a casa de meus pais. Aconselhavam-me a ter uma vida mais tranqüila, para ganhar peso. Mas isso não entrava na minha cabeça. Cheguei à beira da morte, fiquei uma caveira e mesmo assim achava que estava gorda.“ Com a escassez de propostas de trabalho, ela voltou para o interior em 2006. Agora ela trata a anorexia em uma clínica particular de 15 em 15 dias e faz terapia. No quarto ano de direito, ela conta que tenta não rejeitar mais comida, ganhar peso e viver uma vida saudável.