LUANA PEDRINI CICLOTURISMO NO CIRCUITO DO VALE EUROPEU CATARINENSE: Um estudo do comportamento do cliente BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2013 2 UNIVALI UNIVERSIDADE VALE DO ITAJAÍ BALNEÁRIO DO CAMBORIÚ (SC) Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, 2013 Extensão e Cultura - ProPPEC Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria LUANA PEDRINI CICLOTURISMO NO CIRCUITO DO VALE EUROPEU CATARINENSE: Um estudo do comportamento do cliente Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – (Linha de Pesquisa: Gestão das empresas de turismo) Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2013 3 4 Dedico este trabalho aos meus mestres, da educação infantil a pósgraduação, pela educação de qualidade que me proporcionaram, pela paixão pela docência que em mim despertaram, pelo constante incentivo aos estudos e porque sempre acreditaram nos meus sonhos. 5 AGRADECIMENTOS A minha família, em especial a minha mãe, Tânia Haut Pedrini, ao meu pai, Valmor Pedrini, e meu irmão, Vicente Pedrini, que estão sempre comigo não importando o tamanho do sonho ou do sacrifício. Não há palavras para agradecer o carinho, o apoio e a dedicação de vocês. A prima, Bruna Haut, por “me abrigar” no período das disciplinas em sua casa. Aos meus amigos, por todo o carinho, pela paciência e compreensão nos momentos de estresse e pelo apoio incondicional, mesmo quando precisei recusar muitos convites para conseguir concluir esse trabalho. Um muito obrigada especial a Caroline von der Hayde Glatz por me acompanhar na coleta de dados e na observação in loco do CVEC. Ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Carlos da Silva Flores, pelos conhecimentos repassados, pela ajuda, paciência, compreensão e amizade demonstradas durante todo o processo de elaboração dessa dissertação. Aos professores e colegas do Mestrado, pela amizade e valiosa troca de conhecimentos e de experiências. Em especial Fran, Katarzyna, Jéssica, Fran Boaria, Roberta, Leila e Alessandra. Aos colegas de trabalho que nesses vinte e nove meses me ajudaram e me incentivaram para concluir essa etapa. Em especial a Clarete Erbs, que sempre acreditou no meu potencial. Ao Rodrigo e a Eliana do Clube de Cicloturismo do Brasil por permitir e auxiliar a aplicação da pesquisa. A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esse sonho se tornasse realidade. 6 “Há caminhos com mil léguas de distância, mas todos começam com um passo.” Lao-Tsé 7 RESUMO O turismo a partir da segunda metade do século XX foi marcado pela massificação da atividade, gerando prosperidade econômica que por sua vez gerou destruição de recursos naturais e históricos. Posteriormente começa-se a pensar em novas formas de turismo, onde não se incentiva as massas. Uma modalidade de turismo que surgiu então foi o cicloturismo, que pode ser definido como viajar de bicicleta. No Brasil, foi Santa Catarina o estado que desenvolveu a primeira experiência em cicloturismo. Este ainda é um segmento em expansão, portanto, a construção de conhecimento na área ainda é pequena. São necessárias contribuições neste tema para fortalecer teoricamente o campo e também para orientar empreendedores da área de turismo em seus negócios. O objetivo deste estudo foi analisar a experiência dos cicloturistas participantes do Velotour no Circuito do Vale Europeu Catarinense. A amostra contou com 80 indivíduos participantes do Velotour 2012 e 2013. Os resultados foram apresentados utilizando a estatística descritiva e a análise de correspondência múltipla. Os resultados mostram que a maioria dos participantes é do sexo masculino, possui entre 30 e 49 anos e reside em São Paulo. Grande parte dos participantes do Velotour são cicloturistas de 1 a 3 anos e para muitos respondentes essa foi a primeira viagem de bicicleta. A maioria dos respondentes começou a praticar por lazer e atividade física. A maior motivação para participar do Velotour é fazer novos amigos, seguida de lazer. O serviço pior avaliado pelos viajantes foi entretenimento. Na avaliação da percepção ambiental quanto a infraestrutura: as informações turísticas foi a melhor infraestrutura avaliada, seguida pela sinalização. Concluindo, foi constatado que a experiência dos cicloturistas participantes do Velotour no CVEC foi positiva, o perfil dos cicloturistas está de acordo com o propósito do evento, as motivações préexistentes foram satisfeitas, o nível de planejamento e a forma de viagem foram adequados. PALAVRAS-CHAVE Turismo. Cicloturismo. Lazer. Comportamento do Cliente. 8 ABSTRACT Tourism became widespread from the second half of the 20th century, generating economic prosperity, which in turn, led to the destruction of the natural and historical resources. Subsequently, new forms of tourism began to emerge, such as cycling tourism, which can be defined as a journey by bicycle. In Brazil, Santa Catarina was the state that developed the first experience in cycling tourism. This is still a growing segment, therefore the construction of knowledge in the area is small. Contributions are needed in this area, to lend theoretical support to this area of tourism and its business. The objective of this study was to analyze the experience of cycling tourists who took part in the Velotour of the Circuito do Vale Europeu Catarinense (Santa Catarina European Valley Circuit) – CVEC. The sample consisted of eighty individuals who took part in the Velotours of 2012 and 2013. The results were presented using descriptive statistics and analysis of multiple correspondence. The results show that the majority of subjects are male, aged between 30 and 49 years, and live in São Paulo. A large proportion of the participants in the Velotour have been cycling tourists from 1 to 3 years, and for many of the respondents, this was their first cycling trip. The majority of the respondents began practicing cycling for leisure and physical activity. The main motivation for taking part in the Velotour was to make new friends, followed by leisure. The service that scored lowest in the evaluation of the travelers was entertainment. In the evaluation of environmental awareness in relation to infrastructure, tourist information was deemed the best infrastructure, followed by signposting. In conclusion, it was observed that the experiences of the cycling tourists who took part in the CVEC Velotour was positive, the profile of the cycling tourists was in accordance with the event, the preexisting motivations were satisfied, and the level of planning and form of the trip were appropriate. KEYWORDS Tourism. Cycling tourism. Leisure. Client Behavior. 9 LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Escala Likert usada na questão 3.1..................................................45 Quadro 02 - Perfil sócio-econômico.......................................................................65 Quadro 03 – Faixa de Renda.................................................................................66 Quadro 04 – Pratica cicloturismo há quanto tempo...............................................67 Quadro 05 – Motivação para começar a praticar cicloturismo...............................68 Quadro 06 – Destino turístico da última viagem de bicicleta.................................69 Quadro 07 - Motivações para a viagem.................................................................70 Quadro 08 - Motivações específicas do Circuito do Vale Europeu Catarinense ..70 Quadro 09 – Planejamento para a viagem............................................................72 Quadro 10 – Perfil da Viagem................................................................................73 Quadro 11 – A viagem ..........................................................................................74 Quadro12 - Avaliação do Velotour.........................................................................83 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fatores que determinam no âmbito individual o comportamento do turista.....................................................................................................................34 Figura 2: Tipologia das motivações em turismo.....................................................35 Figura 3: Localização do Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense 49 Figura 4: Certificado de Conclusão do Circuito do Vale Europeu Catarinense....50 Figura 5: Identificação dos itens apresentados nos mapas do CVEC...................51 Figura 6: a) Primeiro trajeto b) Plano Altimétrico...................................................52 Figura 7: a) Segundo trajeto b) Plano Altimétrico..................................................53 Figura 8: a) Terceiro trajeto b) Plano Altimétrico...................................................54 Figura 9: a) Quarto trajeto b) Plano Altimétrico......................................................55 Figura 10: a) Quinto trajeto b) Plano Altimétrico....................................................56 Figura 11: a) Sexto trajeto b) Plano altimétricos....................................................57 Figura 12: a) Sétimo trajeto b) Plano Altimétrico...................................................58 Figura 13: Sinalização do CVEC.......................................................................... 59 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABETA Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura CIMVI Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí CVEC Circuito do Vale Europeu Catarinense MTur Ministério do Turismo OMT Organização Mundial do Turismo 12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 14 1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 17 1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 17 1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 17 1.3 Justificativa ...................................................................................................................... 18 1.4 Estrutura do Trabalho ..................................................................................................... 20 2. BASE TEÓRICA .......................................................................................................................... 21 2.1 Marketing Turístico .................................................................................................... 21 2.2 Segmentação Turística.............................................................................................. 23 2.3 Turismo de aventura e lazer .......................................................................................... 27 2.4 Cicloturismo ..................................................................................................................... 31 2.5 O comportamento do consumidor e o cicloturista ........................................................ 33 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 38 3.1 Caracterização da Pesquisa .......................................................................................... 38 3.2 População e Amostra ..................................................................................................... 40 3.3 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................................. 41 3.4 Tratamento e Análise dos Dados .................................................................................. 46 4. CIRCUITO DO VALE EUROPEU CATARINENSE............................................................ 48 4.1 Gestão do Circuito do Vale Europeu Catarinense ....................................................... 59 4.2 Velotour no Circuito do Vale Europeu Catarinense ..................................................... 62 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................................ 64 5.1 Resultados: perfil sociodemográfico, histórico das viagens de bicicleta, motivações, informações da viagem e percepção ambiental ................................................................. 64 5.1.1 Perfil Sociodemográfico .......................................................................................... 64 5.1.2 Histórico das viagens de bicicleta .......................................................................... 67 5.1.3 Motivações................................................................................................................ 70 5.1.4 Viagem ...................................................................................................................... 71 5.1.5 Percepção Ambiental............................................................................................... 78 5.1.6 Velotour..................................................................................................................... 82 5.2 Resultados obtidos com a Análise de Correspondência Múltipla ............................... 83 13 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 91 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 94 Apêndice I .............................................................................................................................. 99 Apêndice II Questionário aplicado com os cicloturistas ................................................... 100 14 INTRODUÇÃO O turismo a partir da segunda metade do século XX foi marcado pela massificação da atividade, a prosperidade econômica nos países desenvolvidos e a oferta de pacotes turísticos alavancaram o mercado das viagens em todo o planeta, gerando empregos e desenvolvimento para as comunidades receptoras. Com isso, houve a intensificação da atividade turística em varias localidades e por não ter sido devidamente planejada, começou a notar-se a destruição dos recursos naturais e históricos somados a perda da cultura local em alguns casos. (RUSCHMANN, 1997). Tal processo resultou na busca por um turismo sustentável, que de acordo com Bramwell e Lane (1993, p.2) consiste em uma a abordagem positiva que visa diminuir os impactos resultantes das interações entre as empresas turísticas, os visitantes, o meio-ambiente e as comunidades receptoras. Tal abordagem envolveria a viabilidade e a qualidade em longo prazo para turistas e autóctones. Ainda evidenciam que não seria um processo de não-crescimento e sim de se impor alguns limites ao crescimento. O Turismo de Aventura é um turismo de atividades de aventura e esporte recreacional, quem pratica turismo de aventura na natureza está a procura de paisagens naturais, ar puro, desafio e tudo mais que a natureza pode oferecer e geralmente tem consciência que precisa preservar para continuar usufruindo. No turismo de aventura estão incluídas atividades como arvorismo, caminhada, calvagada, canionismo, escalada, espeleoturismo, rapel, tirolesa, canoagem, mergulho, rafting, surfe, balonismo, voo de asa-delta ou parapente, cicloturismo entre outros. Essas atividades estão ligadas a prática de atividade física, hábito que segundo Nahas (2001) é um dos fatores responsáveis pela qualidade de vida e saúde, objeto de desejo da população em geral. Unindo o turismo de aventura com a atividade física, tem-se o cicloturismo, que é viajar de bicicleta, não é uma modalidade competitiva, pois quando a viagem é em grupo geralmente é cooperativa, é uma superação de limites, uma forma de lazer e de conhecer novas paisagens e lugares. O cicloturista não necessariamente 15 está preocupado com o destino e sim com o trajeto, a principal atração é o caminho, a trilha, o percurso e não o local que irá repousar para continuar no dia seguinte sua viagem. O cicloturismo é incentivado pelo Ministério de Turismo em 53 municípios brasileiros, que receberam R$ 20,2 milhões para a construção de ciclovias, entre 2001 e 2011. Segundo o Ministério das Cidades, há 2.500 km de ciclovias e ciclofaixas no País, mas um tapete curto para as 75 milhões de bicicletas que existem hoje no Brasil (MTur, 2012). O faturamento das empresas brasileiras de turismo de aventura e ecoturismo aumentou 21%, assim passou de R$ 491,5 milhões, em 2008, para R$ 515,9 milhões, em 2009. O dado faz parte do relatório de impacto do Programa Aventura Segura do Ministério do Turismo (MTur), em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta). Anualmente, o segmento atende 5,4 milhões de turistas em busca de aventura, adrenalina e atividades ao ar livre. Segundo o relatório, o ecoturista e o turista de aventura têm gastado mais no país. Em 2009, o gasto médio diário dos aventureiros foi de R$ 293,00, crescimento de 165% em relação a 2008, quando registraram R$ 112,00 (MTur, 2011). Exercitar os próprios limites na natureza é a atividade mais primitiva que o homem conhece. Antes do surgimento da escrita, na Pré-História, o homem já corria, saltava, mergulhava, subia em árvores, nadava para conseguir seu alimento e garantir sua sobrevivência. Hoje as corridas de aventura, o cicloturismo, o montainbike, entre outros, são formas encontradas pelo homem moderno de superar seus limites individuais, desenvolver a capacidade de encarar imprevistos e uma maneira de formar grupos, independente de sexo, idade, nível técnico ou local de residência. Com o crescimento do turismo de aventura o cicloturismo também cresce. No Brasil, foi Santa Catarina o estado que desenvolveu o primeiro Circuito de Cicloturismo, inaugurado em 2006, batizado de Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense. Atualmente são quatro trajetos de cicloturismo no estado, além do Vale Europeu, o segundo é o Cicloturismo Costa Verde & Mar, projetado 16 para ser percorrido em seis dias passando as cidades de Balneário Camboriú, Itajaí, Navegantes, Penha, Balneário Piçarras, Luís Alves, Ilhota, Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas. O terceiro circuito é o Acolhida na Colônia, inaugurado em 2009, por enquanto apresenta apenas roteiros circulares nos municípios e rota de conexão entre Santa Rosa de Lima e Anitápolis. O Circuito ampliado ainda está em construção, tendo como próximas etapas a abrangência de Rancho Queimado e Urubici, as conexões entre todos os municípios e a expansão para outros territórios da Acolhida na Colônia. O quarto inaugurado em junho de 2012 é o Circuito das Araucárias que inicia em São Bento do Sul e percorre Corupá, Rio Negrinho e Campo Alegre, este Circuito está dividido em trechos, que são uma referência dos locais onde há possibilidade de pernoite. Assim, os trechos não correspondem a cada dia de pedalada, há trechos com 13 km e outros com 60 km. Portanto não há neste circuito etapas fixas, ou um número fixo de dias para percorrê-lo. O Circuito Vale Europeu Catarinense foi criado para mochileiros e cicloturistas, tratando-se de um percurso de estradas de terra sinalizadas para este tipo de viajantes. Para tanto, além da sinalização, a disponibilização de informações como mapas, atrativos, cidades e serviços foram pensadas para os cicloturistas. O Vale Europeu Catarinense é uma das dez regiões turísticas que fomentam a atividade no estado. Em um tempo que se fala em organizações sustentáveis, eventos sustentáveis, habitações sustentáveis o turismo não poderia ficar para trás e o cicloturismo é um exemplo de turismo sustentável, pois seu meio de locomoção é a força do próprio homem que pedala sua bicicleta. Percebe-se que o cicloturismo é um segmento novo e os produtos e acessórios existentes no mercado ainda estão se desenvolvendo. Por esses e por outros motivos, a construção de conhecimento na área ainda é pequena. São necessárias contribuições neste tema para fortalecer teoricamente o campo de conhecimento e também para orientar empreendedores da área de turismo em seus negócios além de gerar subsídios para politicas públicas e ações oficiais na área. 17 Diante de tal carência de dados aprofundados sobre os cicloturistas e suas experiências, definiu-se como principal questão de pesquisa para este trabalho: Como se caracteriza o cicloturista quanto aos aspectos sociodemográficos, motivações, planejamento e a percepção ambiental no Velotour do Circuito do Vale Europeu Catarinense? 1.2 Objetivos Para encontrar as respostas da questão de pesquisa anteriormente exposta definiu-se um objetivo geral e cinco objetivos específicos: 1.2.1 Objetivo Geral Analisar a experiência dos cicloturistas participantes do Velotour no Circuito do Vale Europeu Catarinense. 1.2.2 Objetivos Específicos Para atingir o objetivo geral, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: a) Caracterizar o Circuito do Vale Europeu Catarinense e suas ações específicas para o cicloturismo; b) Conhecer o perfil sociodemográfico do cicloturista e seu histórico de viagens; c) Identificar os fatores motivacionais para a prática do cicloturismo no Circuito do Vale Europeu Catarinense; d) Descrever o nível de planejamento e a forma de viagem dos cicloturistas no CVEC. e) Analisar a percepção ambiental dos cicloturistas no CVEC. 18 1.3 Justificativa O cicloturismo é um segmento de mercado que possui características que atendem às mudanças na demanda por viagens e, por isso, tem crescido muito em diversos países. Em 1996, na Europa já existia uma valorização desta modalidade turística. O governo da Dinamarca, por exemplo, considera a bicicleta uma das principais formas de transporte do país e realiza diversas Políticas Públicas que fomentam seu uso no cotidiano e também durante o lazer (SIMONSEN; JORGENSON, 1996). No Brasil a atividade de cicloturismo é regida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A Norma técnica que regulamenta a atividade é a CE 54:003.10 – Turismo com Atividades de Caminhada, Cicloturismo e Cavalgada. Segundo essa norma, todo cicloturista deve utilizar de bicicleta adequada ao percurso, calçado fechado e adequado, recipiente para água, vestimenta adequada, capacete de ciclismo, luvas de ciclismo e óculos. Além da ABNT e do Ministério de Turismo, a ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura) atua para que o Turismo de Aventura e o Ecoturismo se consolidem no país com a oferta de atividades seguras para turistas brasileiros e estrangeiros. Por intermédio da disseminação de conhecimento técnico relacionado à gestão empresarial e operação responsável nos segmentos (AVENTURA SEGURA, 2012). A atividade do cicloturismo ganha impulso no Brasil, existem algumas estradas que são utilizadas para o cicloturismo, essas estradas geralmente são trilhas, estradas de terra no interior como os 1600 km da Estrada Real nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, os 400 km do Caminho da Fé, de Águas da Prata- MG até Aparecida- SP, vários trajetos na Chapada Diamantina e os 300 km do Circuito do Vale Europeu Catarinense, são os melhores roteiros citados pela Revista Go Outside de março de 2012. Desses, somente o Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense foi projetado para o cicloturismo, o primeiro circuito de cicloturismo do Brasil, com mapas, planos altimétrico, sinalização, site e material impresso específico para a prática de cicloturismo. 19 Depois da criação do Circuito do Vale Europeu Catarinense em 2006, outros três circuitos foram criados em Santa Catarina: Costa Verde e Mar, Acolhida na Colônia e Rota das Araucárias. O Circuito do Vale Europeu Catarinense atraiu quase 900 turistas em 2011 e esperava receber 1,2 mil em 2012 (JORNAL DE SANTA CATARINA, 2012). Nunca foi desenvolvido um estudo junto aos cicloturistas que percorreram o trajeto. As únicas informações disponíveis são as respostas preenchidas no Termo de Responsabilidade assinado por todos cicloturistas ou mochileiros que se inscrevem para fazer o circuito. Essas informações (RG, endereço, profissão, e-mail, como soube do circuito, em caso de acidente avisar a) não são digitadas para uso posterior, recuperação e consultas. Em pesquisa realizada pelo autor em 04 de julho de 2013, na base de dados EBSCO com as palavras Cycling – Leisure - Sports Tourism escolhendo o período de janeiro de 2005 a julho de 2013 foi encontrado cinco estudos: o “Cicloturistas na Estrada Real: perfil, forma de viagem e implicações para o segmento” (RESENDE; VIEIRA, 2011), o “Reinventing the Wheel: A Definitional Discussion of Bicycle Tourism” (LAMONT, 2009), o “Visitor Expenditure: The Case of Cycle Recreation and Tourism” (DOWNWARD; LUMSDON; WESTON, 2009), o “Medical problems in cycling tourism” (NIKOLIC; MISSONI; MEDVEDEM, 2005), o “Understanding the motivation and travel behavior of cycletourists using involvement profiles” (RITCHIE; TKACZYNSKI; FAULKS, 2010) e o “Sports tourism categories” (KURTZMAN, 2005). Justifica-se o estudo sobre o Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu em Santa Catarina, pois no campo teórico há carência de trabalhos nesta área, visto que o circuito existe há seis anos e nunca foi realizado nenhum estudo sobre perfil, motivação, percepção ambiental, potencialidades e dificuldades do trajeto. O estudo se torna viável, pois não apresenta altos custos e existe acessibilidade aos dados e aos cicloturistas. Para os municípios do Vale Europeu, e para gestores do cicloturismo, o estudo representará reflexões e propostas que poderão nortear ações em benefício da melhor gestão dos negócios turísticos da região e do Brasil. 20 1.4 Estrutura do Trabalho Além desta introdução, este estudo está estruturado da seguinte forma: primeiramente apresenta-se a fundamentação teórica sobre o tema, na qual é contextualizado o marketing turístico e a segmentação. Após, é feita uma abordagem de turismo de aventura e lazer, cicloturismo e comportamento do consumidor e do cicloturista esse primeiro levantamento de dados é realizado com estudos internacionais e nacionais. Adiante, o capítulo três refere-se aos procedimentos metodológicos que foram empregados para atingir os objetivos propostos desta pesquisa. Nele, são especificados o design da pesquisa, técnicas de coleta de dados, com um subitem descrevendo as variáveis de análise, seguido do universo e amostra de estudo e as técnicas de análise dos dados. Após, no capítulo quatro, tem-se a apresentação do Circuito do Vale Europeu Catarinense e do Velotour, local e evento que o público pesquisado frequentou. No capítulo cinco tem-se a apresentação dos resultados obtidos por meio das análises das questões quantitativas levantadas. Após, são comentadas as considerações finais, pontuando os principais resultados, pontos limitantes e sugestões de pesquisas futuras sobre o tema pesquisado, bem como as contribuições teórico-empíricas alcançadas através deste estudo. Por fim, estão relacionadas às referências utilizadas, apêndices e anexos. 21 2. BASE TEÓRICA Neste capítulo serão apresentadas bases teóricas sobre marketing turístico, produto turístico, turismo de aventura e de lazer, cicloturismo, comportamento do consumidor e o cicloturismo. Além disso, apresenta-se a evolução dos estudos sobre o tema cicloturismo no Brasil e no exterior. 2.1 Marketing Turístico O marketing, segundo Kotler (1998), é responsável por entender as necessidades do mercado e preparar os produtos para satisfazê-las. Toda empresa ou destino turístico que trabalha com a filosofia do marketing tem os clientes como foco de seus negócios, porque é a partir do que eles necessitam e desejam que os produtos são formatados. No caso do turismo, o turista é esse agente fundamental e o estudo de seu comportamento e de suas necessidades é essencial para o sucesso dos produtos turísticos (MIDDLETON, 1994). Todos os conceitos sobre o turismo implicam na existência de um mercado turístico, “um conjunto de atividades econômicas em torno de produtos turísticos, através das quais diversos agentes buscam satisfazer suas necessidades e obter benefícios, transacionando tais produtos” (VAZ, 2001, p.17). Marketing envolve um processo de decisão de gerenciamento para produtores, voltado para um processo de decisão do cliente, sendo que os dois conjuntos de decisões se unem em uma transação de troca. (MIDDLETON; CLARKE, 2002). Ambiente de marketing é subdividido em ambiente interno, microambiente e o macroambiente. O ambiente interno segundo VAZ (2001) é representado pela própria organização turística, ou seja, o ambiente gerador do produto, dividido em organismos oficiais, as empresas que desenvolvem o turismo receptivo, as que desenvolvem o turismo emissivo e o grupo misto. Já o microambiente de marketing refere-se a elementos próximos ao dia-a-dia do destino, que afetam sua capacidade de prestar os serviços, é composto pelos 22 turistas e pelas empresas que formam o trade direta e indiretamente, tais como os consumidores, empresa, fornecedores, intermediários, parceiros, concorrentes, operadoras. Enquanto que o macroambiente consiste nas forças sociais maiores que afetam todo o microambiente, que incluem os ambientes demográfico, econômico, natural, tecnológico, político-legal, sociocultural e ecológico (MT, 2011; VAZ, 2001). No caso do macroambiente, as tendências são identificadas por meio de estudos e observação dos hábitos de consumo dos turistas visando prever o que ocorrerá no futuro, gerando expectativas relativas às oportunidades que podem ser aproveitadas pelo mercado. Verifica-se que uma das tendências é a crescente expectativa de associar as férias, experiências e vivências completas. Neste último se encaixa aquelas pessoas que programam suas férias para acontecerem junto com finais de campeonatos, torneios de jogos esportivos. Na criação e o ganho de valor do destino, são necessárias adequações nas atividades (mix marketing) ou composto mercadológico que possibilita as organizações turísticas enfrentarem com eficiência, todas as ameaças do ambiente de marketing e aproveitarem as oportunidades. A seguir serão descritos os oito elementos do composto (mix marketing) definido por Vaz (2001) que inclui outros 4P´s (projeto, preparo, poder e política) aos 4 P´s da versão original de McCarthy (produto, praça, promoção e preço). O Projeto deve contemplar a idéia inicial da ação de marketing turístico, definindo os objetivos, os prazos e uma estratégia preliminar dos programas para a concretização das metas estabelecidas. Esta fase inclui ainda as etapas de pesquisa e planejamento. Na fase do Preparo as organizações turísticas devem investir em uma estrutura que ofereça condições para o desenvolvimento do trabalho, contando com recursos financeiros, materiais e humanos adequados ao projeto que se pretende empreender. Já o Poder está relacionado àquelas ações que as organizações turísticas devem exercer fazendo algum tipo de pressão sobre determinadas esferas decisórias. A Política de relacionamento está relacionada ao desenvolvimento de parcerias 23 comerciais e alianças institucionais na busca de apoios para a concretização do projeto. O Produto está relacionado ao conjunto de possibilidades que reúne a atratividade de um destino turístico, preponderante na decisão do local a ser visitado. Definido o produto/serviço, deve-se partir para a escolha dos canais de distribuição (Praça), amparado no resultado que se quer atingir com a oferta, ou seja, a venda dos produtos. Promoção ou mix de comunicação tem como objetivo comunicar o que o destino tem para oferecer ao seu público-alvo (turistas), envolvendo a seleção de diferentes tipos de mídia, dos veículos de comunicação e da elaboração das mensagens. O Preço deve ser adequado a estratégia de posicionamento. (VAZ, 2001; MT, 2011) 2.2 Segmentação Turística O Turismo é uma atividade que tem crescido substancialmente durante os últimos anos como um fenômeno econômico e social, e observa-se uma crescente consciência sobre papel que o turismo desempenha ou pode desempenhar, tanto de forma direta ou, indireta ou induzida, sobre uma economia, em termos de geração de valor. (IBGE, 2008). Segundo a OMT - Organização Mundial do Turismo, do ponto de vista formal, turismo é a soma de relações e de serviços resultantes de uma mudança de residência, temporária e voluntária, motivada por razões alheias a negócios ou profissionais. Para Beni (1998, p. 38) turismo “é o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físicos, econômicos e socioculturais da área receptora”. Para Krippendorf (2000, p. 14) “A necessidade de viajar é, sobretudo criada pela sociedade e marcada pelo cotidiano. As pessoas viajam porque não se sentem mais à vontade onde se encontram, seja nos locais de trabalho, seja onde moram. Sentem necessidade urgente de se desfazer temporariamente da rotina 24 massificante do dia-a-dia do trabalho, da moradia, do lazer, a fim de estar em condições de retomá-la ao regressarem”. Os elementos mais importantes encontrados nas definições de turismo são o tempo de permanência, o caráter não lucrativo da visita e a procura do prazer por parte dos turistas, como se pode constatar na definição de De La Torre (1992 apud BARRETTO, 1995, p.13): Turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduo ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltipla inter-relações de importância social, econômica e cultural. Mais recentemente a OMT levou o conceito de turismo para além da imagem estereotipada do “sair de férias”. A definição oficialmente aceita é: “o turismo inclui atividade de deslocamento e permanência em locais fora de seu ambiente de residência, por período inferior a um ano consecutivo, por razões de lazer, negócios ou outros propósitos” (GOELDNER, 2002, p. 23). Verifica-se nesta definição que são excluídas as viagens dentro da área de residência, viagens frequentes e regulares entre o domicilio e local de trabalho e outras viagens dentro da comunidade, de caráter rotineiro. Refletir sobre a atividade turística pode ser um importante exercício a ser feito em conjunto pelos fornecedores de produtos e serviços de um destino, pois esta implica em uma extensa cadeia de elementos que envolvem desejos, sentimentos, intenções e expectativas do cliente que compra um produto sem antes ter experimentado. Neste aspecto, há também os fornecedores de produtos e serviços, que possuem uma diversidade de elos (transporte, hospedagem, alimentação, atrações, etc.) necessários para a composição do produto e que, conjuntamente, precisam atender com qualidade ao esperado pelo cliente, antes, durante e ao final da viagem, preferencialmente superando suas expectativas. (MTur, 2011, p.22). De acordo com Ruschmann (1990, p.09) o produto turístico “é composto de um conjunto de bens e serviços unidos por relações de interação e interdependência que o tornam extremamente complexo”, destacando como características mais 25 marcantes a intangibilidade e a heterogeneidade. O turismo é um produto imaterial – intangível – cujo resíduo, após o uso, é uma experiência vivencial. Já, a heterogeneidade da demanda “faz com que as expectativas, com relação aos serviços a prestar, sejam altamente diversificadas, tornando a sua apreciação sujeita às mais diversas interpretações”. Para Middleton e Clarke (2002, p. 95) produto engloba o formato ou forma daquilo que é oferecido para os clientes, às características do produto desenvolvido pelos gestores do destino turístico. Outras características são relacionadas ao produto turístico como indivisibilidade, o produto é consumido e produzido simultaneamente, ou seja, são inseparáveis da fonte que os prestam e os produzem; variabilidade, a qualidade depende de quem os proporciona e de quando, onde e como são proporcionados; interdependênciaou complementaridade,alguns serviços são necessários para compor o produto turístico, transporte, hospedagem, alimentação, atrativos entre outros; perecibilidade, não podem ser estocados para venda ou uso futuro (MTur, 2011, p.22). Para melhor atender o turista é necessário conhece-lo, segmenta-lo. Dividindo por segmentos fica mais fácil de atender a expectativa do cliente. Para Middleton e Clarke (2002, p. 117) segmentar se justifica por atingir maior eficiência na oferta de produtos que atendem à demanda identificada e maior eficácia em termos de custo no processo de marketing. Tendo como referência Beni (1998, p. 149), pode-se dizer que: Segmentar o mercado é identificar clientes com comportamentos homogêneos quanto a seus gostos e preferências. A segmentação possibilita o conhecimento dos principais destinos geográficos, dos tipos de transportes, da composição demográfica dos turistas e da sua situação social e estilo de vida, entre outros elementos. Há diversas informações sobre a demanda que são fundamentais para o planejamento e a gestão do turismo. Dados como quantidade de turistas, suas origens, seus gastos de viagem, meios de transporte, de hospedagem e de alimentação utilizadas, entre outros, são importantes informações para que o produto turístico seja adequado às suas necessidades. Conhecer a demanda é 26 conhecer seu cliente e, portanto, ter mais chance de surpreendê-lo positivamente (GOELDNER; RITCHIE; MCINTOSH, 2002). Os serviços podem ser definidos como processos que agrupam uma série de atividades que permitem a segmentação, com o objetivo de otimização dos recursos de um destino turístico. “Segmentar é separar os turistas em grupos, de tal forma que a necessidade genérica a ser atendida contemple aspectos específicos” (MTur, 2011, p.34). Não se pode pensar em segmentação do turismo sem pensar em estratégia de marketing, pois grande parte da teoria de segmentos do turismo advém das teorias de marketing. Para Netto e Ansarah (2009, p. 19) Os segmentos de mercado turístico surgem devido ao fato de as empresas e os governos desejarem atingir, de forma mais eficaz e confiável, o turista ou o consumidor em potencial. É praticamente impossível um destino turístico abarcar todo o público que em algum momento estaria interessado em consumir seus bens e produtos, assim, a segmentação torna-se o meio mais preciso de se atingir o público desejado. Ao segmentar, deve-se levar em consideração que os turistas devem ser distintos entre diferentes grupos e os turistas devem ter semelhanças dentro do mesmo grupo. O Ministério do Turismo aponta como principais segmentos: ecoturismo; turismo de aventura; turismo cultural; turismo cinematográfico; turismo de estudos e intercambio; turismo náutico; turismo de negócios e eventos; turismo de pesca; turismo rural; turismo social e turismo de sol e praia. (MTur, 2011). Middleton e Clarke (2002, p. 119) afirmam que os cinco principais métodos de segmentação são por objetivo de viagem, necessidades, motivações e benefícios buscados pelo consumidor, comportamento do consumidor/características do uso do produto, perfil demográfico, econômico e geográfico, perfil psicográfico, perfil geodemográfico e preço. Para Morrison (2012) a necessidade de segmentar nunca foi tão grande quanto é hoje. A segmentação acontece para se entender qual a demanda do destino turístico, as pessoas que frequentam um determinado destino representam sua demanda. Entende-se como demanda turística “as pessoas que se deslocam temporariamente de suas residências habituais, com propósito recreativo ou por 27 outras necessidades e razões e que demandam a prestação de alguns serviços básicos” (BENI, 2002, p.211). Dentre eles, podem ser destacados, os meios de hospedagem, os meios de alimentação e os meios de transporte até o destino turístico. O mesmo autor (2006, p.163) ainda afirma que “o motivo da viagem é o principal meio disponível para segmentar o mercado”, podendo-se concluir sobre as expectativas do turista. Na atualidade, diante de tantas opções disponíveis no mercado, nenhum produto irá satisfazer todos os consumidores, portanto é necessário segmentar para saber quem será o público-alvo e quais as necessidades, desejos e expectativas desse público-alvo. O cicloturista é um consumidor que procura um tipo de viagem bem específico, mas isso por si só não o define como consumidor. O próprio cicloturismo possui ainda grande variedade de segmentos de mercado. Dentre eles, Ritchie (1998) cita os cicloturistas de férias longas, os de finais de semana, os que viajam por rotas e aqueles que se hospedam em um único destino para conhecer o entorno por meio de bicicletas, ainda segundo o autor, esses cicloturistas não são iguais e, portanto, precisam de produtos turísticos diferenciados (RITCHIE, 1998). 2.3 Turismo de aventura e lazer Muito embora a atividade corporal (ações motrizes: caminhar, correr, deslizar, escalar, nadar) na natureza (florestas tropicais, savanas, desertos, montanhas, rios, mares e outros ambientes naturais) seja uma rotina às populações humanas tradicionais (coletores, caçadores, agricultores, pastores, grupos nômades), sua aparição como opção de lazer na sociedade urbano-industrial não constitui coisa banal (PIMENTEL, 2006). As motivações da demanda turística são muitas e têm se orientado em direção à valorização dos aspectos ambientais e paisagísticos do núcleo receptor, da sua autenticidade cultural e da qualidade dos serviços e produtos oferecidos (OMT, 1999). 28 Para Ramos (2005) turismo de aventura envolve alto nível de planejamento, exótico, áreas remotas, selvagem, envolve trade, atividades esportivas, clientes atuantes, exige plano de emergência, alto nível de imersão na atividade, pernoite em barracas ou rústicos, logística ou operações complexas. Para OMT (2003, p. 89) o Turismo de Aventura Baseia-se em características naturais e ambientais, como montanhas, rios, florestas, etc. diferente dos passeios tradicionais, onde os recursos naturais são apreciados por sua beleza visual, o turismo de aventura leva a pessoa a um contato íntimo com o ambiente e toma algo a ser desafiado o enfrentado. O turismo de aventura é vivenciar aventura na natureza, a aventura é sentir emoção, correr risco calculado, superar medos e limites. O grau de aventura que muda nesse tipo de turismo, para os mais aventureiros pode se sugerir: voo-livre, rapel, escaladas, e para os menos aventureiros trekking. Mas em todas as modalidades o grau de dificuldade aumenta ou diminui a aventura. Ao considerar a natureza como “espaço de celebração”, Heloísa Bruhns (1997) analisa a importância das experiências vivenciadas entre ser humano, através de seu corpo e meio ambiente. As experiências íntimas do corpo com a natureza, numa perspectiva subjetiva, expressam em alguns casos uma busca de reconhecimento do espaço ocupado por esse corpo na sua relação com o mundo, uma revisão de valores bem como um encontro muito particular do homem com ele mesmo [...] Essas experiências conduzem a uma aproximação, a um reconhecimento da natureza pelo qual nos conhecemos. (BRUHNS, 1997, p. 136). Marinho (2006) as contemporâneas viagens de aventura podem se diferenciar de outros tipos de viagem no número de turistas, objetivos da viagem, características da experiência, padrões de acomodação para o turista e nível de envolvimento com o ambiente natural, entre outros. O aumento de interessados no turismo de aventura já foi previsto como tendência por Ruschmann (1997, p. 9), O turismo contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua evolução, nas últimas décadas, ocorreu como consequência da “busca do verde” e da “fuga” dos tumultos dos grandes conglomerados urbanos 29 pelas pessoas que tentam recuperar o equilíbrio psicofísico em contato com os ambientes naturais durante seu tempo de lazer. Para Swarbrooke et all (2003) as características ou qualidades fundamentais da aventura são: resultados incertos, perigo e risco, desafio, expectativa de recompensas, novidade, estímulo e entusiasmo, escapismo e separação, exploração e descoberta, atenção e concentração e emoções contrastantes. Sobre a relação do turista com a paisagem, Boullón (2002) escreveu que aquele turista que viaja em excursões interage menos com o ambiente porque geralmente observa a paisagem pela janela do ônibus, automóvel ou avião. Por outro lado, o turista com outros propósitos como praticar algum tipo de esporte interage mais com o ambiente porque, ao desenvolver a atividade, está em contato direto com a natureza. O cicloturista, devido às características de sua viagem, assemelhasse com esse turista que tem mais oportunidade de interagir com seu entorno. A prática regular de exercícios físicos é uma maneira encontrada por algumas pessoas para se desenvolver, alcançar objetivos, quebrar recordes e desfrutar de momentos de lazer. Lazer para Dumazedier (1976, p. 34) é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreterse ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. Cotidianamente, convivemos com informações veiculadas na mídia televisiva, expostas em revistas e folders de divulgação mercadológica de agências de turismo sobre novas formas de vivências na natureza como prática de lazer, muitas vezes com nomenclaturas atrativas e vinculadas à temática ecológica. Não obstante, o processo de industrialização e a crescente urbanização têm causado nas pessoas um sentimento de busca por experiências próximas à natureza, sejam elas de contemplação, de práticas esportivas de aventura, entre outros motivos. 30 Assim, a crescente expansão de práticas de lazer realizadas na natureza vem ganhando adeptos a cada dia, causando uma preocupação em relação aos procedimentos adotados neste tipo de prática, tanto em relação à utilização do lazer enquanto “mercadoria”, quanto pelo “uso” indiscriminado e mal planejado do meio ambiente natural. Para Camargo (1989) buscamos com o lazer a Aventura; a Competição; a Vertigem e a Fantasia. A aventura é a descoberta do novo, do inesperado, é saber procurar a cada curva uma nova sensação, é desvendar mistérios, conhecer novos ambientes, paisagens, cheiros, sotaques, sabores. A competição é a disputa, a superação, pode ser caracterizada como disputa em grupos, um contra outro, ou um contra outros grupos, pode ser uma disputa individual, um contra outra, ou então uma disputa pessoal, quando alguém procura superar uma marca anterior. A vertigem é perder o controle de si mesmo, correr um ou vários riscos, os esportes de aventura, os parques de diversão trabalham muito essa dimensão nos seres humanos e talvez por isso cada vez mais ganham adeptos. São riscos controlados. A fantasia é o desejo de ser outro, de estar no lugar de outro, estar em outro ou outros lugares, é vivenciar em um momento de lazer a vida de outra pessoa, seus hábitos, seus costumes, seus horários, sua rotina. O risco nos esportes de aventura é calculado conforme define Costa Trata-se, hoje, de uma aventura eivada de sentidos lúdicos, uma vez que a atitude dos sujeitos que vivem a aventura no esporte é tomada por um risco calculado, no qual ousam jogar a si mesmos com a confiança do domínio cada vez maior da técnica e da segurança propiciada pela tecnologia. Manifestam uma audácia para poder desencadear, em risco, uma transgressão de limites possíveis, autorizada pela confiança de ser capaz de fazer (lançar-se no espaço, na profundidade, na imersão, na luta contra os obstáculos da natureza), associada a um excitante e reconfortante prazer de realização (vertigem) e de tê-lo feito com alta competência (COSTA, 1999, p. 19). Dumazedier (1980) classifica as atividades de lazer em físico-desportivas (cicloturismo), sociais (festas temáticas), manuais (tricô), artísticas (teatro), intelectuais (leitura) e interesses turísticos (viagens). 31 As pessoas viajam para vivenciar momentos de lazer, para Krippendorf (2003, p.37): “As cidades não se preocupam muito com o lazer nem com as necessidades de relaxamento dos seus habitantes. A maioria são cidades de trabalho, incompatíveis com uma vida plena”. Portanto seus habitantes procuram o lazer em viagens longe de suas casas e de sua rotina, então procuram atividades que proporcionem novos hábitos, novos desafios, novos perigos, novo stress, novas companhias, entre outros. 2.4 Cicloturismo Cicloturismo é viajar com uma bicicleta, carregando nos alforges tudo que é necessário para os dias de viagem, enfrentar obstáculos naturais ou obstáculos urbanos, é também viajar e observar o mundo na velocidade da bicicleta, é estar mais próximo dos habitantes locais, simplesmente por não estar protegido dentro de um carro ou ônibus. Cicloturismo é um nicho de mercado de turismo que tem potencial para fornecer uma gama de benefícios econômicos, sociais e ambientais para a comunidade em geral (FAULKS, RITCHIE & FLUKER, 2007; LUMSDON, 1996, 2000; RITCHIE, 1998). Cicloturismo pode ser definido em seis critérios: (1) experiência de ciclismo em lugar afastado da região de moradia fixa; (2) pode estender-se em um único dia ou vários dias de viagem; (3) a natureza da atividade de cicloturismo não é competitiva; (4) andar de bicicleta deve ser o objetivo principal da viagem; (5) a participação no cicloturismo ocorre apenas em um contexto ativo, e (6) cicloturismo é uma forma de recreação ou lazer (LAMONT, 2009). Estudos anteriores realizados na Dinamarca (SIMONSEN; JORGENSON, 1996), na Nova Zelândia (RITCHIE, 1998), Reino Unido (COPE et all,1998) e no Brasil (RESENDE; VIEIRA; PAUPITZ, 2008), apresentam o perfil dos cicloturistas. Rezende e Vieira (2008) estudaram o perfil do cicloturista da Estrada Real em Minas Gerais e Paupitz (2008) fez um estudo a partir do site do Clube de Cicloturismo, participando assim viajantes do país inteiro. Falker, Ritchie e Fluker 32 (2007) na Nova Zelândia, Lumsdom (1996, 2000) no Reino Unido, Ritchie (1998) na nova Zelândia estudaram os benefícios sociais e ambientais do cicloturismo. As necessidades e motivações dos cicloturistas foram objeto de estudo de Chang e Chang (2003), Descendente e Lumsdom (2001), Lumsdom (2000) no Reino Unido, Sustran (1999) no Reino Unido e Ritchie (1998) na Nova Zelândia. O cicloturismo une duas opções de lazer: viajar e andar de bicicleta. A bicicleta tem sido valorizada por ser um meio de transporte silencioso e não poluente que proporciona saúde aos seus usuários, além de ser uma forma diferente de contemplar a paisagem. Com relação à atividade turística, ela tem sido pensada por diversos países como forma de desenvolvimento do meio rural. As viagens dos cicloturistas normalmente implicam em baixos níveis de impacto ambiental e podem gerar diversos benefícios aos destinos, incluindo uma melhor distribuição de renda e melhor relacionamento entre viajantes e residentes (REZENDE; VIEIRA, 2011, p. 170). Os cicloturistas, quando viajantes, encontram aventura (percorrem caminhos que não conhecem), competição (estão em busca de superação, de quebrar marcas pessoais), vertigem (estão correndo riscos ao atingir altas velocidades nas descidas, muitas vezes em lugares que o celular não pega e sem socorro por perto) e fantasia (ao conviver com habitantes locais, ao incorporar o simples, pois tudo que carregam é peso extra). Percebe-se que o cicloturismo é um nicho novo e os produtos existentes no mercado ainda estão se desenvolvendo. Por esses e por outros motivos, a construção de conhecimento na área ainda é pequena. Sendo necessárias contribuições neste tema para fortalecer teoricamente o campo e também para orientar empreendedores da área de turismo em seus negócios. O cicloturismo adquire destaque por constituir uma modalidade capaz de unir o contato com a natureza, a atividade física e a experiência do turista em um só elemento. O cicloturismo é uma atividade de turismo que tem como elemento principal a realização de roteiros de bicicleta (ABNT - 2008). 33 2.5 O comportamento do consumidor e o cicloturista Depois de segmentar, ou seja, criar um grupo de consumidores do seu produto é necessário conhecer esse grupo, descobrir seus comportamentos para melhor atender. Dentro do segmento de turistas que procuram turismo de aventura ou lazer encontramos o nicho de cicloturistas. O comportamento do consumidor nada mais é do que sua atitude de compra de algum produto ou serviço. Para esse estudo interessa saber como é o processo de compra ou escolha do destino turístico para pratica de cicloturismo. No final da década de 1960 diversos profissionais, como por exemplo, James F. Engel, Morris Holbrook, Elizabeth Hirchman, Russel Belk, Sidney Levy, Jadish Seth, entre outros, concentraram seus esforços para moldar aquele que seria um campo empresarial e uma das disciplinas acadêmicas mais investigadas de todo o mundo, o comportamento do consumidor (VIEIRA, 2003). O comportamento do consumidor é uma ciência aplicada que se utiliza de conhecimentos da economia, psicologia, sociologia, antropologia, estatística, entre outras. Para compreender o comportamento do consumidor é necessário saber o que se passa na mente dele tão completamente quanto um cirurgião sabe o que acontece dentro de seu joelho (BLACKWELL, 2005). Para Middleton e Clarke (2002) todos os gerentes de marketing precisam compreender o motivo pelo qual alguns produtos são preferidos ou rejeitados, e um entendimento das motivações que afetam as escolhas será, em geral, mais importante do que medir os determinantes. Compreender como os consumidores individuais e organizacionais se comportam é um pré-requisito para um marketing eficaz. Os fatores pessoais e interpessoais influenciam a escolha dos consumidores por serviços de turismo. Os fatores pessoais incluem necessidades, desejos e motivações, percepção, aprendizagem, personalidade, estilo de vida e autoconceito. As influências interpessoais são provenientes de culturas, grupos de referência, classes sociais, formadores de opinião e família (MORRISON, 2012). 34 Partir do consumidor significa recolher informações sobre o seu comportamento e criar explicações sobre suas expectativas, bem como previsões sobre seu comportamento futuro. São essas criações que permitem o planejamento e a execução de ações de marketing (GIGLIO, 2002). Optar em seguir uma orientação para o cliente traz para a empresa vantagens competitivas que levam a um desempenho empresarial mais alto, na forma de um aumento da lucratividade e de um crescimento na receita. As três vantagens que aumentam a lucratividade são: eficiências de custo de clientes estabelecidos e lealdade do cliente em épocas de crise. As três vantagens que geram crescimento são: aumento da propaganda boca a boca, compra em um único lugar e inovações em produtos (SHETH, 2001). Na Figura 1, Swarbrooke e Horner (2002) apresentam os fatores que determinam no âmbito individual o comportamento do turista. Figura 1: Fatores que determinam no âmbito individual o comportamento do turista Circunstâncias: Saúde, Renda disponível para gastos, Tempo para o lazer, Compromissos profissionais, Compromissos familiares, Carro próprio. Atitude e percepções: Percepções de destinações e de organizações de turismo, Opiniões políticas, Preferências por determinados países e culturas, Medo de certos modos de viagem, Com quanta antecedência gostam de planejar e reservar uma viagem, Ideias sobre o que constitui o valor do dinheiro, Sua atitude perante os padrões de comportamento de um turista. Conhecimento: Das destinações, Da disponibilidade dos diferentes produtos do turismo, Diferenças de preço entre as agências concorrentes. Experiência de: Tipos de férias, Diferentes destinações, Produtos oferecidos por diferentes agências turísticas, Viajar com determinados indivíduos ou grupos, Buscar preços com desconto. Fonte: Adaptado de Swarbrooke e Horner, 2002. Analisando a figura 1 de fatores que interferem no comportamento individual do turista pode se pensar em um perfil para o cicloturista, o de turista aventureiro, 35 mas que está sempre planejando uma próxima viagem, pois o cicloturismo não é só uma maneira escolhida para fazer turismo e sim, opção de vida, um hábito, um estilo. O fator circunstância é muito relevante para o cicloturista, sem saúde e sem uma preparação física adequada não é possível realizar uma viagem de bicicleta. O fator conhecimento é importante em qualquer viagem, em uma viagem de bicicleta é ainda mais importante, pois qualquer informação errada pode fazer o cicloturista passar por situações desagradáveis, como locais sem sinal de celular ou que não tem alimentação ou banheiro, ou até mesmo local para hospedagem. O fator atitude e percepções e o fator experiências de viagens anteriores já descrevem um comportamento em relação ao histórico e planejamento de viagens. O turista pode ter a motivação de fugir da sua realidade e por isso ele resolve tirar férias ou ele pode ter uma motivação específica ao escolher como serão suas férias. Diante disso Swarbrooke e Horner (2002) separaram as motivações em físicos, emocionais, pessoais, desenvolvimento pessoal, status e culturais como pode ser observado na Figura 2 abaixo. Figura 2: Tipologia das Motivações em turismo Culturais: Vista a lugares de interesse; Vivência de outras culturas. Status: Exclusividade; Fator moda; Fazer um bom negócio; Oportunidades de gastar de maneira ostensiva Físicos: Relaxamento; Banho de sol; Exercício e saúde; Sexo. Emocionais: Nostalgia; Romance; Aventura; Escapismo; Fantasia; Busca de alimento espiritual. Turista Desenvolvimento pessoal: Aumentar conhecimentos; Aprender algo novo. Fonte: Adaptado de Swarbrooke e Horner, 2002. Pessoais: Visitar parentes e amigos; Fazer novos amigos; Necessidade de satisfazer outras pessoas; Fazer economia, em caso de rendimentos reduzidos. 36 Analisando a figura 2 podemos concluir que para praticar cicloturismo o turista pode ter motivações físicas (exercício e saúde), motivações emocionais (aventura, escapismo, fantasia), motivações pessoais (fazer novos amigos, necessidade de satisfazer outras pessoas), motivações desenvolvimento pessoal (aumentar conhecimentos, aprender algo novo), motivações de status (exclusividade) e finalizando motivações culturais (visita a lugares de interesse e vivência de outras culturas). Downward, Lumsdon & Weston (2009) estudaram o comportamento dos cicloturistas na Inglaterra de 2001 a 2006 e descobriram que os gastos estão intimamente ligados ao tempo de viagem, ao grupo de viagem e ao tipo de viagem. A inovação teórica da pesquisa, no entanto, é que os gastos têm sido mostrados, baseando-se na teoria econômica. Os turistas e os excursionistas se comportam da mesma maneira, gastam da mesma maneira. Ritchie, Tkaczynski e Faulks (2010) estudaram os cicloturistas na Austrália em 2006 e descobriram que 68% da amostra indicou que eles estavam planejando uma ciclo de férias nos próximos 12 meses, com a maioria sugerindo uma viagem dentro dos próximos 3 meses. Rotularam 5 fatores de envolvimento com o cicloturismo, (fator 1), de experiências de aventura, domínio de competência (fator 2), desafio pessoal (fator 3), relaxamento/escape (fator 4), e encontro social (fator 5). Fator 1 foi responsável por explicar a 14,6 % da variância total e incluídos itens relativos como aventuras físicas e sociais. Isso foi seguido pelo fator 2 (12,1% da variância total) qual composto por itens relacionados a competência, enquanto o fator 3 (11,6%) representada itens que compõem o desafio pessoal. Fator 4 (10,7%) representado itens sobre relaxamento e escape, enquanto fator 5 (8,0%) incluiu encontros sociais. Rezende e Vieira estudaram o comportamento do cicloturista na Estrada Real em 2008 e apresentam que 71,43% planejaram a sua viagem, 53,57% viajam em grupo e 10,71% viajam sozinhos, ninguém fez viagem paga por que isso tiraria a liberdade da viagem, fator que consideram primordial em uma viagem de bicicleta, 60,71% dos cicloturistas utilizaram ônibus para chegar ao início do trajeto 37 percorrido de bicicleta. Todos entrevistados utilizaram bicicleta própria, pois consideram fundamental para conforto e segurança. Os cicloturistas na Dinamarca têm comportamento mais respeitoso com relação ao ambiente do que outros turistas. Segundo Simonsen e Jorgenson (1996), eles poluem menos porque não utilizam carro para ir aos atrativos e, por meio do seu comportamento de viagem, sabe-se que consomem menos energia e água, e produzem menos lixo. Eles também causam menos impacto à fauna e à flora do que outras formas de turismo no meio rural porque tendem a pedalar sempre em estradas ou trilhas, concentrando o impacto nelas. A maioria deles considera a conservação do ambiente como fator de extrema importância para a escolha do destino. Embora os autores indiquem a necessidade da realização de pesquisas mais aprofundadas sobre impactos ambientais, eles acreditam na relevante contribuição do segmento para a sustentabilidade de meios rurais. Com relação ao desenvolvimento rural, o cicloturismo também tem muito a contribuir. As viagens de bicicleta acontecem predominantemente em áreas rurais e o ritmo lento da viagem faz com que os benefícios sociais e econômicos sejam distribuídos ao longo dessas áreas. Ritchie e Hall (1999) argumentam que ao invés dos turistas gastarem o que estão dispostos a gastar em um único destino, eles distribuem esse dinheiro ao longo dos locais por onde passam. É possível perceber que os estudos existentes na atualidade sobre cicloturismo e o comportamento do cicloturista ainda são muito escassos, deixando assim uma lacuna teórica a ser preenchida que vem ao encontro dos propósitos da pesquisa em questão. 38 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo serão definidos os procedimentos metodológicos do estudo, abordando a tipologia e estratégia da pesquisa, o delineamento do método, a população e a amostra da pesquisa, a forma de coleta de dados e os procedimentos de análise e interpretação dos dados. Desta forma, permitirá a compreensão das opções metodológicas que viabilizaram a operacionalização e o cumprimento dos objetivos propostos, bem como a assegura a réplica científica. 3.1 Caracterização da Pesquisa Do ponto de vista de sua natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada. Para Ander-Egg apud Marconi e Lakatos (1990) a pesquisa aplicada, "caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”. Mais pontualmente, busca-se relacionar características do perfil e do comportamento dos cicloturistas que frequentam o Circuito do Vale Europeu. Do ponto de vista dos objetivos do estudo, classifica-se, como pesquisa exploratória-descritiva. A investigação exploratória pode ser aplicada em área na qual há pouco ou nenhum conhecimento acumulado e sistematizado, enquanto que a descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno, permitindo a investigação com levantamentos bibliográficos e com pessoas com experiências acerca do objeto alvo (ALVES, 2003; VERGARA, 2003). Para Dencker (2002, p. 124) a pesquisa exploratória procura aprimorar ideias ou descobrir intuições. Caracteriza-se por possuir um planejamento flexível envolvendo em geral levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes e análise de exemplos similares. A pesquisa descritiva em geral procura descrever fenômenos ou estabelecer relações entre variáveis. Utiliza técnicas padronizadas de coleta de dados como o questionário e a observação sistemática. A forma mais comum de apresentação é o levantamento, em geral realizado mediante questionário e que oferece uma descrição da situação no momento da pesquisa. 39 O objetivo de uma pesquisa exploratória é descobrir ideias ou percepções e o objetivo de uma pesquisa descritiva é descrever características ou funções do mercado (MALHOTRA, 2006, p. 100). Os estudos exploratórios-descritivos combinados têm por objetivo descrever completamente determinado fenômeno. Podem ser encontradas tanto descrições quantitativas e/ou qualitativas quanto acumulação de informações detalhadas como as obtidas por intermédio da observação participante. Dá-se precedência ao caráter representativo sistemático e, em consequência, os procedimentos de amostragem são flexíveis. (LAKATOS; MARCONI, 1991). Os aspectos de pesquisa exploratória são identificados através do levantamento bibliográfico e da pesquisa de campo, com questionário aplicado às pessoaschave para a caracterização do problema, buscando tornar mais explícito e melhorar o conhecimento acerca do perfil e do comportamento dos cicloturistas do Circuito do Vale Europeu Catarinense. Enquanto que os aspectos de pesquisa descritiva estão relacionados à intenção de descrever características deste perfil e do Circuito. Então, a pesquisa empreendida se caracterizou como empírica, do tipo exploratória e com método descritivo, procurando-se interpretar a realidade, sem manipular as variáveis. Para tanto, optou-se por utilizar a estratégia de levantamento, com corte transversal no momento presente, isto é, nos anos de 2012 e 2013, e o delineamento predominantemente quantitativo, com aporte qualitativo. A estratégia de levantamento consiste na coleta de dados referentes a uma dada população a partir de uma amostra selecionada dentro de critérios específicos. É empregado para a obtenção de dados sobre preferências dos turistas e comportamento do consumidor. (DENCKER, 2002). A pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e, normalmente, aplica alguma forma da análise estatística, enquanto que o delineamento qualitativo proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema. É um princípio fundamental da pesquisa de marketing considerar as pesquisas 40 quantitativas e qualitativas como complementares, e não excludentes. (MALHOTRA, 2006). Optar pela pesquisa quantitativa significa a escolha de procedimentos sistemáticos para descrição e explicação de fenômenos. O método quantitativo representa, em princípio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando consequentemente, uma margem de segurança quanto às inferências (Richardson, 1999). Os dados qualitativos são coletados para se conhecer melhor aspectos que não podem ser observados e medidos diretamente (AAKER, 2001). 3.2 População e Amostra A população é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum. A delimitação de população consiste em explicitar que pessoas serão pesquisadas, enumerando suas características comuns. (MARCONI; LAKATOS, 2007). Para Barbetta (2006) a população é o conjunto de elementos para os quais desejamos que as nossas conclusões sejam válidas – o universo de nosso estudo. Uma parte desses elementos é dita uma amostra. Amostra é uma parcela convenientemente selecionada da população; é um subconjunto do universo. A amostra selecionada precisa ser representativa da população (AARKER, 2001; LAKATOS; MARCONI, 2007). Para confirmar que a amostra é representativa da população faz-se necessário apresentar o cálculo de erro amostral. O erro amostral é a diferença entre o valor que a estatística pode acusar e o verdadeiro valor do parâmetro que se deseja estimar (BARBETTA, 2006). Os erros amostrais podem ser minimizados por meio do aumento do tamanho da amostra. (AARKER, 2001). Para calcular a amostra necessária com um erro amostral aceitável utiliza-se o cálculo de erro amostral. Considera-se N = Tamanho da população, E0 = erro 41 amostral tolerável, n0= primeira aproximação do tamanho da amostra e n = tamanho da amostra. A primeira fórmula necessária n 0 = 1/E0², ao descobrir n0, calcula-se o tamanho da amostra n= N.n0/N+n0 (BARBETTA, 2006). Projetou-se um erro amostral de 5%, portando seria necessário 94 questionários preenchidos, pois n0 =1/0,052, n0 = 400. Ao conhecer o n0 calcula-se o número aproximado da amostra, neste estudo n = 123.400/123 + 400, chegando assim a n = 94. Portanto, a população da pesquisa se caracterizou por todos os 123 cicloturistas que percorreram o trajeto de estudo nas últimas duas edições do Velotour, apurou-se uma amostra de 80 cicloturistas, sendo que, na edição de 2012, 38 cicloturistas responderam o questionário enquanto que na edição de 2013, 42 cicloturistas responderam. Os 123 cicloturistas começaram o circuito juntos, mas nem todos terminaram, devido a quedas, doenças, indisponibilidade de viajar por sete dias. Cinco cicloturistas participaram das duas edições do evento, porém somente responderam o questionário ao término do Velotour 2012. Todos os outros cicloturistas que terminaram o percurso no tempo programado responderam ao questionário, com as 80 pesquisas respondidas obteve-se um erro amostral de aproximadamente 6,5%, o que não compromete a aplicabilidade e confiabilidade dos resultados da pesquisa. A amostragem é a escolha da amostra, existem dois critérios para escolha da amostragem: a Amostragem probabilística (aleatória) - a probabilidade de um elemento da população ser escolhido é conhecida, usa-se alguma forma de sorteio – aleatoriedade e a Amostragem não-probabilística (não-aleatória) - não se conhece, a priori, a probabilidade de um elemento da população vir a pertencer à amostra (BARBETTA, 2006). 3.3 Instrumentos de Coleta de Dados A coleta de dados é a fase do estudo que tem por objetivo obter informações sobre a realidade, esse estudo utilizou fontes primárias e secundárias. As fontes 42 primárias são constituídas pelo material mais recente e original que não possua distribuição por esquemas predeterminados e que possa ser encontrado em revistas, informes de investigação, produção acadêmica e livros. As fontes secundárias referem-se a material conhecido e organizado segundo um esquema determinado. Informam sobre o que se publica e podem ser revistas de resumos, índices, bases de dados e bancos de dados. (DENCKER, 2002). O exame dos dados secundários disponíveis é um pré-requisito para a coleta de dados primários. Ele ajuda a definir o problema e formular hipóteses para a sua solução (AAKER, 2001). Os dados secundários utilizados nesse estudo foram revistas científicas, documentos impressos fornecidos pelos gestores do CVEC, site do CVEC e de outros circuitos de cicloturismo e livros, nos documentos oficiais, foi possível levantar informações sobre o histórico do Vale Europeu Catarinense e a descrição do Circuito do Vale Europeu Catarinense. A entrevista e a aplicação de questionário também são consideradas fontes primárias (AAKER, 2001). A entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa (DENCKER, 2002). Realizou-se uma entrevista semiestruturada com o objetivo de verificar a gestão do CVEC com o gestor do CIMVI - Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí. Na entrevista o gestor foi questionado sobre dificuldades e facilidades para a gestão e pratica do cicloturismo na implantação do CVEC e nos dias atuais, informações sobre o perfil e formas de viagem dos cicloturistas e novos projetos para o CVEC para os próximos anos. O roteiro da entrevista está no Apêndice I desse trabalho. Para realizar o levantamento de dados, foi adotado como instrumento de coleta o questionário. Para Richardson (1985, p. 142) os questionários cumprem duas funções: “descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social. A informação obtida por meio de questionário permite observar as características de um indivíduo ou grupo. Por exemplo: sexo, idade, estado civil, nível de escolaridade, preferência política etc”. 43 A finalidade do questionário é obter, de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as variáveis que intervêm em uma investigação, em relação a uma população ou amostra determinada. (DENCKER, 2002). Nessa pesquisa foi utilizado o questionário do tipo estruturado, com perguntas fechadas e perguntas abertas. Esse instrumento foi baseado no questionário utilizado por REZENDE (2011), aplicado na Estrada Real – MG. Realizou-se préteste com três cicloturistas que já tinham percorrido o CVEC para verificar a funcionalidade do instrumento de coleta, o que permitiu realizar pequenos ajustes na versão final apresentado no apêndice II. O instrumento de coleta de dados foi estruturado em seis categorias principais, levantando informações sobre o perfil socioeconômico, o histórico das viagens de bicicleta, as motivações, a viagem, a percepção ambiental e avaliação do Velotour. Para caracterização do perfil dos cicloturistas foram utilizadas questões sobre o gênero, a faixa etária, o local de residência, o grau de escolaridade e a renda familiar mensal dos entrevistados. Esses questionamentos julgou-se necessários para traçar o perfil sócio-econômico dos cicloturistas e, assim, alcançar o objetivo específico do estudo: conhecer o perfil sócio-econômico do cicloturista que percorre CVEC. No segundo bloco do questionário buscou-se caracterizar o histórico de viagens do cicloturista, criando-se duas perguntas fechadas e duas perguntas abertas. A primeira questão (2.1) pergunta há quanto tempo o viajante pratica o cicloturismo e apresenta quatro opções de resposta, menos de um ano, de 1 a 3 anos, de 3 a 5 anos e mais de 5 anos. E a pergunta (2.4) pergunta como o cicloturista costuma viajar e apresenta quatro opções de resposta individual, dupla, família e grupo. A primeira pergunta aberta questiona porque o entrevistado começou a praticar cicloturismo e a segunda pergunta questiona qual a última viagem de bicicleta do viajante. Esses questionamentos julgou-se necessários alcançar o objetivo específico dessa pesquisa: conhecer o histórico de viagens de bicicleta. 44 Para levantar os fatores motivacionais criou-se o terceiro bloco de questões com a primeira pergunta questionando as motivações para a viagem e a segunda questiona a motivação específica para percorrer o CVEC. Com as respostas dessas duas perguntas o terceiro objetivo desse estudo foi atingido: identificar os fatores motivacionais para a prática do cicloturismo no Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense na visão do cicloturista; O quarto bloco investigou a viagem dos cicloturistas pesquisados, questionando o planejamento para a viagem, a primeira investiga o nível de planejamento utilizando para isso uma escala de alto, médio, baixo e nenhum tipo de planejamento. A segunda pergunta quer saber quais treinamentos físicos o cicloturista utilizou para se preparar para a viagem no CVEC e as alternativas de resposta são não utilizou nenhum método, musculação, corrida, treinamento funcional, ciclismo e outro. A terceira pergunta visa apurar se os cicloturistas obtiveram ajuda de um profissional de educação física e como alternativas de resposta sim e não. As outras perguntas desse bloco visam trazer conhecimento aprofundado sobre como os cicloturistas viajam, assim eles foram questionados sobre quantas vezes já percorreram o CVEC, com qual companhia costumam viajar (individual, dupla, família ou grupo) e o meio de transporte utilizado para chegar até o destino turístico (ônibus, carro próprio, carro alugado, avião, bicicleta). A próxima pergunta questiona se a bicicleta utilizada era própria, emprestada ou alugada, se o meio de hospedagem utilizado foi hotel, pousada ou outro, se o meio de alimentação utilizado foi restaurante, padaria, lanchonete, supermercado ou fez a própria comida, se utilizaram outra infraestrutura como lojas de bicicleta, posto de gasolina, hospital/posto de saúde, centro de informações turísticas, bancos e outros. E qual o gasto aproximado na viagem. Com esses questionamentos o quarto objetivo específico desse estudo foi atingido: descrever o nível planejamento e a forma de viagem dos cicloturistas no CVEC. 45 O quinto bloco investiga a percepção ambiental do cicloturista, utilizando-se para isso uma escala tipo Likert, Quadro 01 baixo, para avaliar o grau de satisfação em relação aos serviços e à infraestrutura oferecida. Quadro 01 – Escala Likert usada na questão 3.1 Notas 1 2 3 4 5 Grau de concordância Muito Bom Bom Regular Ruim Sem comentários Fonte: Pesquisa de campo A pergunta dois deste bloco, solicita sugestões para melhorar as condições do CVEC para o cicloturismo. E, a pergunta três investiga o contato que os cicloturistas tiveram com os habitantes locais com as opções de resposta muito, pouco e nenhum. Com essas questões o quinto e último objetivo específico desse trabalho foi alcançado: analisar a percepção ambiental dos cicloturistas no CVEC. Além dessa coleta de dados a observação in loco da rota pelo autor também ajudou a responder o problema de pesquisa desse estudo. Para Dencker (2002, p. 103) Fazer pesquisa é observar a realidade. Todos nós constantemente observamos para obter informações sobre o mundo. Muitos dados de que o pesquisador necessita podem ser obtidos pela observação direta das situações adequadas. A grande vantagem das técnicas de observação é o fato de permitirem o registro do comportamento no momento em que este ocorre. O autor percorreu a rota de automóvel em maio de 2012 e também observou os fatores que influenciam o comportamento dos cicloturistas durante a largada, alguns pontos de controle, jantares e chegada do Velotour, nas duas edições pesquisadas do evento. 46 3.4 Tratamento e Análise dos Dados Primeiramente realizou-se uma análise descritiva dos dados coletados, utilizando a porcentagem. Para Aaker (2001, p. 449) as estatísticas descritivas estão geralmente associadas à distribuição de frequências, ajudando a sumarizar as informações apresentadas na tabela de frequências. A distribuição de frequência para Malhotra (2006, p. 431) trata-se de uma distribuição matemática cujo objetivo é obter uma contagem do número de respostas associadas a diferentes valores de uma variável e expressar essas contagens em termos de percentagens. As estatísticas descritivas podem oferecer números precisos, simples e significativos para sumarizar as informações de um grande conjunto de dados. (AAKER, 2001). Posteriormente a análise descritiva realizou-se a Análise de Correspondência Múltipla (ACM) nessa análise utilizou-se o Statistica 10 por ser de melhor acesso e por apresentar melhor operacionalidade. A Análise de Correspondência Múltipla (ACM), também denominada de multidimensional, permite a descrição simultânea de mais de duas variáveis, bem como as confrontações entre elas mesmas, tornando o estudo mais rico do que o exame em separado. Sua representação gráfica destaca as tendências mais sobressalentes, as hierarquizam e eliminam os efeitos marginais ou pontuais que perturbam a percepção global (MACEDO, 2001). A técnica a Análise de Correspondência Múltipla (ACM), é o principal recurso de análise multivariada de um conjunto de dados estritamente categóricos, pela sua flexibilidade e facilidade de interpretação. A ACM possui a propriedade de representar graficamente não apenas categorias das variáveis, mas, também, os indivíduos que compõem a amostra, pois a aplicação da ACM permite que sejam criadas medidas de similaridades (proximidades a partir da distância euclidiana entre os indivíduos) (CUNHA, 1997). 47 Portanto, a ACM resume em gráficos, de fácil interpretação visual, as correspondências existentes entre as variáveis, as suas categorias e os indivíduos observados, com caráter multidimensional. Dessa forma este método será adotado para verificar a correspondência entre a percepção ambiental do cicloturistas com o número de vezes que estiveram no CVEC, motivações para começar a praticar cicloturismo e motivação específica para a viagem no CVEC. 48 4. CIRCUITO DO VALE EUROPEU CATARINENSE A SANTUR (Santa Catarina Turismo) promove 10 regiões turísticas em Santa Catarina: Caminho dos Príncipes, Costa Verde e Mar, Serra Catarinense, Caminho dos Cânions, Grande Oeste, Grande Florianópolis, Caminhos da Fronteira, Encantos do Sul, Vale do Contestado e Vale Europeu (SANTUR, 2012). O Vale Europeu tem roteiro de Arte & Charme, de Mochileiros, de Aventura e Emoção, das Flores e Sabor Italiano. (VALE EUROPEU, 2012). O Vale Europeu Catarinense é um pedaço da Europa no Brasil. Percebe-se essas características na arquitetura, na culinária e no artesanato, nos jardins bem cuidados, nas ruas limpas, no povo educado, nas festas de outubro. A região ainda tem rios, montanhas, estradas de terra e cavernas, próprios para o ecoturismo e os esportes ligados à natureza. (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2012). O Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu percorre sete cidades de Santa Catarina: Timbó, Pomerode, Indaial, Ascurra, Rodeio, Doutor Pedrinho, Rio dos Cedros e retorna a Timbó. São 300 quilômetros de trajeto, projetado para ser concluído em uma semana, pedalando aproximadamente 40 km por dia. A figura 3 situa o Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu no Brasil e em Santa Catarina. 49 Figura 3: Localização do Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense Fonte: Site do Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense O percurso pode ser dividido em parte alta e parte baixa. A parte baixa acompanha o vale dos rios, indo de Timbó até Rodeio. Pode ser feito por pessoas que possuam um condicionamento físico razoável e pouca experiência com bicicleta. Já na parte alta, de Rodeio a Rio dos Cedros, apresenta uma dificuldade bem maior, é uma região um pouco mais isolada, onde a natureza está muito presente. São frequentes os trechos em que a estrada estreita se embrenha na mata e permite que o cicloturista fique muito próximo dos pássaros e outros pequenos animais. O relevo é mais acentuado e exige um bom preparo físico para enfrentar alguns desafios como os longos trechos de subida, e muita experiência em cicloturismo, uma vez que o roteiro cruza locais menos habitados. (VALE EUROPEU, 2012). 50 Para ajudar na preparação dos cicloturistas foi desenvolvido um guia disponível no site do circuito ou impresso entregue na Choperia e Restaurante Thapyoka, ponto zero do percurso, onde é entregue o passaporte do circuito. Ao retornar depois de percorrer todo o trajeto, os viajantes que carimbaram o seu passaporte em todas as cidades do circuito recebem um certificado de conclusão do circuito. Figura 4: Certificado de Conclusão do Circuito do Vale Europeu Catarinense Fonte: Circuito do Vale Europeu Catarinense 51 No guia o viajante tem acesso a distância total percorrida, distância percorrida diariamente, ascensão total, dificuldade física e dificuldade técnica de cada dia da viagem. Além de sugestões de bagagem (itens pessoais e itens para a bicicleta e kit de primeiros socorros) e alimentação. Os trajetos diários estão apresentados em mapas, a figura 5 apresenta o que cada item do mapa representa. Figura 5: Identificação dos itens apresentados nos mapas do CVEC Fonte: Site do Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense As dificuldades física e técnica estão classificadas em uma escala de 1, mais fácil, e 5 a mais difícil. Essa classificação foi baseada em um indivíduo não sedentário e não atleta. Cada trajeto do percurso foi classificado pela sua dificuldade física e pela sua dificuldade técnica. O primeiro dia de viagem é da cidade de Timbó a cidade de Pomerode. A distância total é de 45 km, a ascensão total é de 510m, a dificuldade física é três e a dificuldade técnica é dois. Esse trajeto passa pela cidade de Rio dos Cedros, no bairro do Rio Ada. Em Pomerode, o circuito passa pela Rota Enxaimel, onde há uma grande concentração de casas construídas neste estilo. As casas estão identificadas com placas explicativas, que trazem um pouco da história da edificação. A figura 6 apresenta o trajeto e o plano altimétrico do primeiro dia de viagem no Circuito do Vale Europeu. 52 Figura 6: a) Primeiro trajeto b) Plano Altimétrico Fonte: Site do Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense No segundo dia a saída é em Pomerode e a chegada em Indaial. A distância total é de 40,1 km, a ascensão total é 520m, a dificuldade física é três e a dificuldade técnica é dois. A Figura 7 apresenta o trajeto e o plano altimétrico do segundo dia de viagem no Circuito do Vale Europeu. 53 Figura 7: a) Segundo trajeto b) Plano Altimétrico Fonte: Site do Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense O terceiro dia a saída é na cidade de Indaial e a chegada à cidade de Rodeio. Esse percurso passa por diversas pontes, entre elas se destacam a Ponte dos Arcos e a Ponte Pênsil na cidade de Indaial. Antes de chegar a Rodeio os cicloturistas passam pela cidade de Ascurra, essas cidades foram colonizadas por imigrantes italianos. A distância total é 26,9 km, a ascensão total é 170m, a dificuldade física é um e a dificuldade técnica é dois. A figura 8 apresenta o terceiro trajeto e o plano altimétrico do terceiro trajeto do Circuito do Vale Europeu Catarinense. 54 Figura 8: a) Terceiro trajeto b) Plano Altimétrico Fonte: Site do Circuito do Vale Europeu Catarinense No quarto dia de viagem começa a subida a parte alta do Circuito. A saída é em Rodeio e a chegada em Doutor Pedrinho. Destaque da paisagem construída desse dia é a igreja construída no estilo Enxaimel, a única no Brasil. A distância total é 41,1km, a ascensão total é 1.120m, a dificuldade física é cinco e a dificuldade técnica é dois. A figura 9 apresenta o quarto trajeto e o plano altimétrico do quarto trajeto do Circuito do Vale Europeu Catarinense. 55 Figura 9: a) Quarto trajeto b) Plano Altimétrico Fonte: Site do Circuito do Vale Europeu Catarinense O trajeto do quinto dia percorre o trecho mais isolado do percurso, as araucárias dominam a paisagem. Começa na cidade de Doutor Pedrinho e termina na cidade de Rio dos Cedros (Alto Cedros). A distância total é 35 km, a ascensão total é 860m, a dificuldade física é quatro e a dificuldade técnica é dois. A figura 10 apresenta o quinto trajeto e a o plano altimétrico do quinto trajeto do Circuito do Vale Europeu Catarinense. 56 Figura 10: a) Quinto trajeto b) Plano Altimétrico Fonte: Site do Circuito do Vale Europeu Catarinense O trajeto do sexto dia também é um percurso isolado. Todo trajeto é na cidade de Rio dos Cedros, saindo de Alto Cedros e chegando em Palmeiras. A distância total é 46km, a ascensão total é 840m, a dificuldade física é quatro e a dificuldade técnica é dois. A figura 11 apresenta o sexto trajeto e o plano altimétrico do sexto trajeto do Circuito do Vale Europeu Catarinense. 57 Figura 11: a) Sexto trajeto b) Plano altimétrico Fonte: Site do Circuito do Vale Europeu Catarinense O sétimo e último trajeto de viagem à saída é em Rio dos Cedros, passando por Benedito Novo e retornando a Timbó, na Choperia e Restaurante Thapyoka. A distância total é 53km, a ascensão total 670m, a dificuldade física é três e a dificuldade técnica é dois. A figura 12 apresenta o quinto trajeto e o plano altimétrico do quinto trajeto do Circuito do Vale Europeu Catarinense. 58 Figura 12: a) Sétimo trajeto b) Plano Altimétrico Fonte: Site do Circuito do Vale Europeu Catarinense Todo o Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense é sinalizado com setas amarelas, as setas estão em placas próprias ou desenhadas em postes ou muros, demostrados na Figura 13. O cicloturista também encontra placas avisando a divisa de municípios, o local onde inicia e termina cada dia de viagem e a altitude nos lugares mais altos. 59 Figura 13: Sinalização do Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense Fonte: o autor 4.1 Gestão do Circuito do Vale Europeu Catarinense Para um melhor entendimento do CVEC investigou-se a gestão do circuito com o Gestor de Turismo. O Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense é gerenciado por três entidades, o Consórcio Intermunicipal de Municípios do Médio Vale do Itajaí, o Clube de Cicloturismo do Brasil e a Associação Vale das Águas. O Consórcio Intermunicipal de Municípios do Médio Vale do Itajaí é composto pelos 60 representantes do governo municipal de todas as cidades que o circuito percorre, sua principal função é conseguir verba para viabilizar o projeto e mantém o circuito. O Clube de Cicloturismo do Brasil que organizou o trajeto para cicloturistas, organizando a sinalização, o material gráfico, o site e apresentando para quem tiver interesse em percorrer o circuito as informações necessárias, como distância e grau de dificuldade dos trajetos, além de dicas importantes do que levar na viagem. A Associação Vale das Águas é responsável pela divulgação do circuito, participando de feiras de ecoturismo, vendendo pacotes turísticos, negociando com os hotéis. No dia 28 de novembro de 2012, às 14h, na Sede do Consórcio de Municípios do Vale Europeu foi realizada uma entrevista semi-estruturada com o Gestor de Turismo do CIMVI – Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí – Gestão Associada de Serviços Públicos com sede em Timbó-SC. O gestor explicou sobre a história do Circuito do Vale Europeu Catarinense, as dificuldades iniciais, o gerenciamento atualmente, número de visitantes por ano, maior legado deixado pelo circuito de cicloturismo, a visão dos empresários do turismo sobre o cicloturismo na região, as novidades do CVEC para os próximos anos e as dificuldades e potencialidades para a prática do cicloturismo no Vale Europeu. Em 2006, na Feira de Turismo de Aventura (Adventure Sports Fair), o gestor do CIMVI conheceu o Rodrigo Telles e a Eliana Garcia, do Clube de Cicloturismo do Brasil, juntos organizaram um Encontro Nacional de Cicloturismo no Jardim Botânico em Timbó. Durante este Encontro surgiu à ideia de criar um circuito de cicloturismo, o Rodrigo Telles e a Eliana Garcia que percorreram as estradas para escolher os caminhos do circuito. Em novembro de 2006 o Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu Catarinense foi inaugurado. No começo foram encontradas várias dificuldades para tornar o CVEC realidade. Nos dois primeiro anos foi difícil fazer com que a população local entendesse qual o perfil do cicloturista e orientar a comunidade local a ajudar os viajantes, pois na maior parte do circuito não há circulação de pessoas e nos preocupávamos muito com a segurança dos visitantes. Foi feito um trabalho com os autóctones onde se 61 orientou a deixar utilizar o banheiro das casas, mas deixar entrar apenas um cicloturista por vez e somente se apresentarem o passaporte, também explicamos a população como se veste um cicloturista, quais acessórios têm na bicicleta. A outra dificuldade foi chegar a um acordo com os prefeitos de todas as cidades que formam o CIMVI (Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio, Timbó). E os hotéis que não tinham preços adequados e nem local para guardar as bicicletas. O Gestor afirmou que atualmente a população colabora muito e citou um caso recente de ajuda espontânea de uma moradora do CVEC com boa intenção mas sem conhecimento de causa. Em Rodeio tínhamos uma estátua na igreja que precisava ser restaurada, uma senhora que mora do lado da igreja, garantiu que sabia fazer a restauração. Quando fomos conferir o trabalho dela, ela tinha feito a restauração com canivete e esmalte de unha. A estátua de madeira teve que voltar para Itália para ver se conseguem concertar o estrago. E hoje são nove municípios que fazem parte do CIMVI (Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó). O Consórcio administra os Circuitos de Cicloturismo e Mochileiros e os Roteiros das Flores, Arte e Charme, Aventura & Emoção e Sabores Italianos. Qualquer decisão só pode ser tomada se cinco dos nove municípios forem a favor. O Circuito de Cicloturismo não percorre a cidade de Apiúna. O Vale das Águas é uma associação de empresários e empreendedores da área do Turismo, organizados, constituídos legalmente que fazem a parceria em diversas atividades que o consórcio realiza. E o Clube de Cicloturismo continua presente, organiza todos os anos o Velotour no Carnaval e divulga o circuito. Hoje temos anualmente de 800 a 1.000 pessoas que frequentam o CVEC. Quando o ano tem mais feriados prorrogados o número de visitantes fica perto de mil, quando são poucos feriados prolongados os visitantes ficam perto de 800. Para o gestor o maior legado do CVEC para a comunidade local é que “surgiram cicloturistas aqui na região, ao conversar e observar os cicloturistas a população local também virou cicloturista”. 62 O gestor comentou da visão dos prefeitos das cidades participantes do consórcio e dos empresários do turismo da região. Os prefeitos se consideram hoje donos do circuito. É comum escutar – “O meu circuito”. Eu acho isso ótimo, quando os prefeitos começaram a se orgulhar e se envolver mais, o circuito cresceu. Os empresários perceberam o crescimento, no começo atendiam 4 ou 5 pessoas, agora não é difícil atenderem 60 pessoas. Para os próximos anos pode-se esperar do CVEC um Turismo Pedagógico. Para conseguir ocupar as mulheres e crianças enquanto o marido pedala. A ideia é criar uma cartilha que será trabalhada nas escolas dos nove municípios, assim ensinando as crianças que consequentemente vão ensinar seus pais sobre a preservação ambiental e cultural do CVEC, sobre o que os cicloturistas esperam da sua viagem no CVEC. E essa cartilha também será distribuída para os cicloturistas, para que consigam ter mais informações sobre os atrativos construídos, pontes, igrejas, empresas familiares e também sobre os atrativos naturais, rios, cachoeiras, estradas, árvores, plantas, animais. Também seria oferecido guias, consultores de turismo pedagógico para passeios orientados de escolas e turistas que tenham interesse. Para finalizar o gestor falou sobre dificuldades e potencialidades para a prática do cicloturismo no CVEC. Potencialidade: Natureza – explorar a Natureza com o Lazer e a Aventura, o turista que busca aventura é fiel. Dificuldade – Mega estrelismo de cada cidade. Por exemplo, ninguém vem de São Paulo para ir no Zoológico em Pomerode, mas os gestores da cidade consideram mais importante preservar e divulgar o Zoológico do que o circuito. 4.2 Velotour no Circuito do Vale Europeu Catarinense O Velotour é um evento organizado pelo Clube de Cicloturismo do Brasil e pelos gestores do CVEC, realizado no Circuito do Vale Europeu Catarinense, no período do Carnaval, com o objetivo de divulgar e promover o ciclismo e o CVEC. O primeiro Velotour realizado no CVEC foi em 2008. Em 2013 aconteceu a 6ª edição. Para a Eliana Garcia (2012), do Clube de Cicloturismo, o Velotour é “a maior viagem com ciclistas independentes que acontece no país, é o espaço ideal 63 para quem já tem experiência com a bicicleta e quer começar suas viagens. Além disso, é um ótimo espaço para quem já é experiente e está acostumado a viajar sozinho, pois o grupo sempre forma um ambiente ótimo de amizade, cooperação e diversão”. Os cicloturistas são independentes, pois suas reservas de hospedagem, seu transporte até o destino e sua alimentação é responsabilidade de cada um. A organização do evento tem apenas um roteiro a ser seguido com horários de saída todos os dias, ponto de controle durante o trajeto e jantar programado em restaurantes das cidades visitadas. Não há taxa de inscrição. Todos os cicloturistas precisam usar capacete durante a viagem. Durante o ano outras edições do Velotour são realizados em outros trajetos de cicloturismo pelo país, em julho, acontece no Caminho da Luz em Minas Gerais e em outubro o Circuito Serra Verde e Mar, no litoral catarinense, recebe os cicloturistas para o evento. 64 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise dos dados desta pesquisa está dividida em duas partes. Primeiro são descritos os resultados de acordo com os objetivos específicos estabelecidos para este trabalho, a partir das respostas dos cicloturistas que participaram das edições do Velotour 2012 e 2013, destacando o perfil sociodemográfico, o histórico das viagens de bicicleta, as motivações, informações da viagem e a percepção ambiental. Por fim apresentam-se os resultados encontrados com a Análise de Correspondência Múltipla (ACM). 5.1 Resultados: perfil sociodemográfico, histórico das viagens de bicicleta, motivações, informações da viagem e percepção ambiental Neste item são apresentados os fatores do comportamento dos participantes das edições do Velotour 12 e 13, num total de 80 cicloturistas que responderam os questionários, considerando-se o perfil sociodemográfico, o histórico de viagens de bicicleta já realizadas, a motivação para o cicloturismo, a forma, planejamento e gastos com a viagem, a análise dos dados mais relevantes acompanhados da opinião do gestor do CIMVI e comparados com outros estudos sobre cicloturismo. 5.1.1 Perfil Sociodemográfico Conhecer o perfil sociodemográfico dos cicloturistas é fundamental para entender como eles percebem o ambiente, tendo a bicicleta como meio de transporte de suas viagens, demonstrando características que influenciam a percepção dos entrevistados. No Perfil sociodemográfico foi levantado o gênero, a faixa etária, o estado de residência, o grau de escolaridade e a renda familiar, representados no Quadro 02 a seguir. 65 Quadro 02 - Perfil sóciodemográfico Gênero Faixa Etária Residência Escolaridade Masculino 73% 15 a 19 anos 1% SP Feminino 27% 20 a 29 anos 9% SC 30 a 39 anos 41% RS 19% Ensino Superior Incompleto 40 a 49 anos 26% PR 11% Ensino Superior Completo 40% 50 a 59 anos 18% RJ 14% Pós Graduação Incompleto 19% 4% Pós Graduação Completo 21% acima de 60 anos 5% DF 44% Ensino Fundamental Completo 6% Ensino Médio Completo BA 1% DF 1% 1% 10% 9% Fonte: Dados da pesquisa Verifica-se no Quadro 02 que a maioria (73%) dos respondentes é do gênero masculino, enquanto que a representatividade de respondentes do gênero feminino foi de 27%. Na pesquisa sobre o perfil dos cicloturistas na Estrada Real, de Rezende; Vieira Filho (2011), essa diferença era mais evidente, sendo 93% dos entrevistados do gênero masculino, evidenciando hoje uma maior participação das mulheres nesta modalidade de turismo. A faixa etária com o maior número de respondentes foi de 30 a 39 anos com 41% dos entrevistados, a segunda maior faixa etária com maior número de respondentes foi de 40 a 49 anos com 26% dos entrevistados. Somando as duas faixas citadas percebe-se que 67% dos entrevistados tinham entre 30 e 49 anos. A pesquisa confirmou esses dados passados pelo gestor, que pela sua percepção definiu o perfil dos cicloturistas que percorrem o CVEC como “70% homens, tem entre 35 e 60 anos”. Em relação à faixa etária, esses resultados são bem diferentes dos encontrados por Rezende; Vieira Filho (2011), onde “54% têm entre 20 e 29 anos e 25 % têm entre 30 e 39 anos, não foram encontrados participantes com menos de 19 anos ou mais de 60 anos”. Ensino superior completo é o nível de escolaridade de 40% dos entrevistados, somando os percentuais dos entrevistados que tem ensino superior completo com 66 os que têm especialização completo ou incompleto, percebe-se que 80%, a maioria, dos viajantes entrevistados tem ensino superior completo. O maior número de cicloturistas participantes destas edições do Velotour, 44%, reside no estado de São Paulo, 19% dos entrevistados residem no Rio Grande do Sul, enquanto que apenas 6% dos respondentes reside no estado de Santa Catarina, onde está localizado o Circuito do Vale Europeu. O Quadro 03 apresenta a renda familiar mensal dos cicloturistas participantes, a renda mensal familiar foi levantada a partir do salário mínimo, o valor do salário mínimo em 2013 é de R$ 678. Quadro 03 – Faixa de Renda de 1 SM a 3 SM 14% de 4 SM a 7 SM 25% de 8 SM a 10 SM 12% acima de 10 SM 49% Fonte: Dados da pesquisa Verifica-se no Quadro 03 que a faixa de renda acima de 10 salários mínimos, ou mais de R$ 6.780, é a renda familiar mensal predominante, assinalada por 49% dos viajantes, seguidos de, 25% se classificados na faixa de renda familiar mensal de R$ 2.712 a R$ 4.746, 14% na faixa de renda familiar mensal de R$ 678 a R$ 2.034 e 12% tem a renda familiar mensal de R$ 5.424 a R$ 6.780. Ao conversar e observar os cicloturistas e seus equipamentos verifica-se que esta modalidade de turismo representa um alto custo para os participantes, pelo custo elevado da bicicleta e deslocamentos, ficando restrito à poucas pessoas com renda mais elevada. Rezende (2011) afirma que “29% estão na faixa acima de 5 mil reais; 7% estão entre 4 e 5 mil; e 11%entre 3 e 4 mil. Apesar de 31% terem a renda abaixo de 2 mil reais, 21% consideraram apenas seus rendimentos pessoais, pois são jovens que residem sozinhos. As ajudas financeiras dadas pelos familiares não foram consideradas, mesmo que contribuam para o estilo de vida de cada um”. 67 O Gestor do CIMVI afirmou em entrevista que o público que frequenta o CVEC está “com a sua vida social e financeira estável e pertencem as classes A ou B”. Assim, pode-se definir resumidamente o perfil do cicloturista no CVEC como 73% homens, 41% têm entre 30 e 39 anos, 44% residem no estado de São Paulo, 80% tem ensino superior completo ou pós-graduação completa ou incompleta e 49% tem renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos. 5.1.2 Histórico das viagens de bicicleta Com o intuito de conhecer melhor o cicloturista e entender de forma mais aprofundada suas experiências, investigou-se quais viagens eles já tinham realizado, antes da viagem pelo Circuito do Vale Europeu Catarinense. O item histórico das viagens de bicicleta apresenta a quanto tempo cada cicloturista pratica viagens de bicicleta, o motivo principal para começar a praticar e quais as últimas três viagens que realizou. O Quadro 04 traz quantos anos os viajantes praticam cicloturismo. Quadro 04 – Pratica cicloturismo há quanto tempo menos de 1 ano 30% de 1 a 3 anos 36% de 3 a 5 anos 14% mais de 5 anos 20% Fonte: Dados da pesquisa Observa-se no Quadro 04 que 36% dos cicloturistas praticam de 1 a 3 anos e 30% praticam a menos de um ano. Esse dado vem de acordo com o objetivo do Velotour que é de inserir pessoas no cicloturismo, pessoas que já pedalam, mas que ainda não se sentem preparadas para uma viagem totalmente solitária. Rezende (2011) descobriu que “a maioria dos cicloturistas, 19 (67,85%) dos 28, começou a viajar, há menos de cinco anos, enquanto os outros viajam, há mais tempo”. 68 A prática de cicloturismo é recente no país. O Clube de Cicloturismo do Brasil foi criado em 2001 e o primeiro circuito foi montado em 2006. Isso justifica a prática recente de cicloturismo por esses viajantes. A seguir foi solicitado aos respondentes que apresentassem de forma espontânea os motivos que os levaram a praticar o cicloturismo. As respostas foram agrupadas por similaridade e aproximação e os resultados estão apresentados no Quadro 05. Quadro 05 – Motivação para começar a praticar cicloturismo Lazer/atividade física 48% Superar limites 15% Influência de amigos/marido 12% Natureza 10% Gosta de Pedalar 7% Aventura 8% Fonte: Dados da Pesquisa Pode-se verificar no Quadro 05 que a principal motivação citada de forma espontânea por 48% dos participantes do CVEC foi o Lazer e atividade física, seguidos por superar limites (15%), influencia de amigos (12%), convívio com a natureza (10%), aventura (8%) e o gosto por pedalar (7%). Conforme já apresentado nesse estudo para Camargo (1989) busca-se com o lazer a competição (que ele define como superar limites), aventura, vertigem e fantasia. Utilizando essa definição e assim somando 49% de lazer e atividade física com 15% de superar limites mais 8% de aventura, pode-se afirmar que 72% dos cicloturistas pesquisados começaram a praticar essa modalidade por lazer. Essa busca por lazer vem ao encontro do perfil do público pesquisado, pessoas que já tem a vida social e financeira estável e estão buscando desafios, realização pessoal, novos amigos e conhecimentos. O Quadro 06 apresenta o destino turístico da última viagem de bicicleta dos viajantes entrevistados. 69 Quadro 06 – Destino turístico da última viagem de bicicleta Costa Verde e Mar 35% Primeira Viagem 23% Santiago de Compostela 14% Caminho da Luz Outros 8% 20% Fonte: Dados da Pesquisa Como se pode observar no Quadro 06 o destino mais citado, 35%, foi o Circuito Costa Verde e Mar, que é o segundo circuito organizado para cicloturismo em Santa Catarina, foi projetado para ser percorrido em seis dias. Nele é realizado um Velotour todos os anos no mês de outubro, em julho o Clube de Cicloturismo organiza um Velotour no Caminho da Luz no estado de Minas Gerais. Como já foi escrito nesse estudo, o público do Velotour são cicloturistas iniciantes, isso justifica que tenham participado do evento nos três destinos onde ele é realizado. O segundo destino mais citado, 14%, é Santiago de Compostela, na Espanha, com certeza um dos destinos mais visitados por cicloturistas e mochileiros de todo o mundo, atrai “pagadores” de promessa e pessoas que vão pela estrutura do local para essa peregrinação. Rezende (2011) encontrou respostas diferentes na sua pesquisa “[...] entre os destinos citados estão: França; Holanda; interior da São Paulo; litoral do Ceará; Espírito Santo; Vale Europeu, em Santa Catarina e Chapada Diamantina, na Bahia. Trechos da Estrada Real também já tinham sido percorridos por muitos deles”. Entre os cicloturistas pesquisados nesse estudo nenhum citou a Estrada Real como seu último destino, mas entre os pesquisados da Estrada Real o CVEC foi citado. Portanto, sobre histórico de viagens dos cicloturistas estudados nesse trabalho pode-se afirmar que são praticantes recentes da modalidade de cicloturismo, 66% pratica no máximo há três anos e a principal motivação para começar a praticar esse tipo de turismo foi lazer/atividade física citada de forma espontânea por 48%, os destinos mais visitados recentemente pelos cicloturistas são os destinos onde acontece o Velotour e Santiago de Compostela. 70 5.1.3 Motivações As pessoas direcionam sua percepção de acordo com o que as motiva, no momento. Nesse sentido, a motivação é importante fator para entender como os cicloturistas percebem o ambiente. Os entrevistados responderam de forma espontânea duas perguntas abertas: primeiro, eles foram questionados sobre suas motivações para a viagem que tinham realizado; depois, foram perguntados se o Circuito do Vale Europeu Catarinense tinha sido uma motivação específica. O Quadro 07 apresenta as motivações para a viagem no Carnaval de 2012 ou 2013. Quadro 07 - Motivações para a viagem Amigos 38% Lazer 25% Superação/Desafio 13% Férias 9% Aventura 6% Fugir do carnaval tradicional 5% Comemorar aniversário de casamento 2% Custo/Localização 2% Fonte: Dados da Pesquisa Conforme pode ser observado no Quadro 07 os amigos, com 38%, é a motivação que mais atraiu cicloturistas, como o Velotour é uma viagem em grupo isso se justifica. A segunda motivação mais citada foi o lazer com 25% dos entrevistados. Para Rezende (2011) o lazer foi a motivação mais citada Ter lazer também é motivação de todos os entrevistados. O prazer em utilizar a bicicleta nas viagens pôde ser percebido pela forma com que relataram suas experiências de viagem. Muitos entrevistados pareciam não se conter de alegria ao perceberem que havia uma pessoa, o entrevistador (o autor), disposto a ouvir cada detalhe de suas experiências. 71 O Quadro 08 apresenta as motivações específicas para percorrer o CVEC na opinião dos cicloturistas. Quadro 08 - Motivações específicas do Circuito do Vale Europeu Catarinense Natureza 30% Colonização Europeia/Gastronomia/Chope 24% Organização/Conhecer/1º do Brasil 24% Experiência para viagens mais longas 10% Não teve motivação específica 9% Segurança 3% Fonte: Dados da Pesquisa Conforme pode-se observar no Quadro 08, a Natureza, com 30%, foi a motivação escolhida pela maioria dos cicloturistas. Em segundo lugar empatado com 24% aparece motivação ligada a Colonização Europeia, Gastronomia e Chope, características marcantes das cidades que participam do CVEC e Organização, conhecer e 1º Circuito do Brasil organizado para o cicloturismo. Para melhor entender a relação entre esses dados realizou-se a análise fatorial de correspondência múltipla que será apresentada no final desse capítulo. 5.1.4 Viagem Nesta sub-seção, pretende-se entender a forma de viagem dos cicloturistas. Foram levantadas informações específicas da viagem no Circuito do Vale Europeu Catarinense, como planejamento, treinamento, meios de transporte, hospedagem e alimentação utilizados. No Quadro 09 apresenta dados de planejamento com o objetivo de descobrir como o cicloturista se prepara ou para a viagem no CVEC. 72 Quadro 09 – Planejamento para a viagem Nível de planejamento Qual treinamento utilizou para se preparar Ajuda de profissional de EF Alto 31% Nenhum 25% Sim 13% Médio 44% Musculação 13% Não 87% Baixo 20% Corrida Nenhum 5% Treinamento Funcional Ciclismo 1% 5% 46% Yoga/Pilates 5% Natação/Hidroginástica 5% Fonte: Dados da pesquisa No Quadro 09 pode-se observar que quanto ao nível de planejamento, o mais utilizado foi o médio, citado por 44% dos entrevistados e apenas 5% não fizeram nenhum tipo de planejamento. Os itens apresentados nessa pergunta foram roteiro, percurso, dias, km/dia, hospedagem, equipamento, deslocamentos, preparação física, orçamentos e alimentação. O gestor do CIMVI afirma que os cicloturistas vêm com um alto nível de planejamento, com certeza quem percorre o circuito sozinho ou em grupo pequeno fora do Velotour precisa de um planejamento mais detalhado, ele ainda complementa “[...] sentimos falta de um texto, que deveria ser elaborado por um profissional de educação física sobre o corpo do cicloturista. Muitos turistas não percebem quando estão desidratando ou quando estão quase em estafa física”. Por mais que o cicloturista se planeje ele não percebe os sinais que o seu corpo apresenta, por isso essa preocupação do gestor. Em outro estudo foi identificado que o cicloturista viaja planejando sua viagem com antecedência de um ano. Na Austrália 68% da amostra indicou que eles estavam planejando uma viagem de cicloturismo nas férias nos próximos 12 meses, com a maioria sugerindo um viagem dentro dos próximos 3 meses (RITCHIE; TKACZYNSKI; FAULKS, 2010). O método mais utilizado no treinamento preparatório para percorrer o CVEC foi o ciclismo, utilizado por 46% dos cicloturistas. O segundo método mais utilizado foi 73 a musculação, utilizado por 13%. Apenas 5% dos viajantes não utilizaram nenhum método de treinamento para essa viagem. Mesmo assim, com 95% dos entrevistados que assinalaram algum método de treinamento, apenas 13% afirmaram que contaram com um profissional de educação física para se preparar para realizar a viagem de bicicleta por sete dias no Circuito do Vale Europeu Catarinense. O Quadro 10 apresenta o perfil de viagem dos cicloturistas pesquisados, trazendo quantas vezes já realizou o CVEC, como costuma viajar de bicicleta e o meio de transporte utilizado até o destino turístico. Quadro 10 – Perfil da Viagem Quantas vezes realizou a viagem Como costuma viajar de bicicleta Meio de transporte até o destino turístico Primeira vez 75% Individual 25% Ônibus 24% Duas vezes 11% Dupla 36% Carro próprio 51% Três vezes 5% Família 8% Carro alugado 2% Mais de três vezes 9% Grupo 31% Avião 14% Bicicleta 9% Fonte: Dados da pesquisa Observa-se no quadro acima que para 75% dos entrevistados essa foi a primeira vez no Circuito do Vale Europeu Catarinense. A maneira de viajar mais citada pelos respondentes foi em dupla, assinalada por 36% dos entrevistados, 31% costuma viajar em grupo e 25% costuma viajar sozinho. O gestor do CIMVI afirmou que os cicloturistas geralmente percorrem o trajeto em grupos de quatro ou cinco pessoas. Como o Velotour é um evento que se pedala em grupo, é seguro suficiente que venham sozinhos ou em dupla, pois durante os dias de viagem formam-se os grupos. O meio de transporte mais utilizado para chegar ao destino turístico foi o carro próprio, utilizado por 51% dos entrevistados. Um dos motivos pelo carro próprio ser o meio de transporte mais utilizado pode ser a dificuldade de transportar a bicicleta em outros meios de transporte. 74 O gestor do CIMVI comentou sobre o transporte das bicicletas até o destino turístico [...] Nacionalmente a GOL e a TAM transportam a bicicleta na malabike, uma bolsa específica para o transporte da bicicleta. Com a GOL chegamos a ter oito reuniões para que hoje o transporte seja feito sem problema. Para vir do exterior com a bicicleta no avião é viável, para voltar com a bicicleta o preço cobrado pelo transporte não vale a pena, os turistas vendem a bicicleta aqui antes de retornar. De ônibus a Catarinense e a Itapemirim transportam. Mas é lei que todas as empresas de ônibus e de avião transportem a bicicleta na malabike. O Quadro 11 apresenta os dados relacionados a viagem dos cicloturistas, demonstrando a precedência da bicicleta, qual o tipo de hospedagem utilizada, em qual estabelecimentos foram feitas as refeições durante a viagem e a infraestrutura utilizada. Quadro 11 – A viagem Bicicleta Própria 98% Outros 2% Hospedagem Alimentação Infraestrutura Hotel 29% Restaurante 37% Lojas de Bicicleta 9% Pousada 15% Padaria 5% Posto de Gasolina 13% 6% Hospital/Posto de Saúde 6% Supermercado 24% Centro de informações turísticas 13% Faz a própria comida 10% Bancos 25% Acampamento Casa de amigo 6% 1% Hotel/Pousada 49% Lanchonete Posto de Rest/Padaria/Lanchonete 18% Gasolina/Banco 16% Sem resposta 19% Fonte: Dados da Pesquisa O Quadro 11 demostra que maioria dos cicloturistas, 98% utilizaram uma bicicleta própria para realizar o percurso do CVEC. Rezende (2011) também diagnosticou isso “[...] todos os entrevistados utilizaram bicicletas próprias porque, segundo eles, são fundamentais para o conforto e segurança da viagem”. 75 Conforme apresentado no Quadro 11 os viajantes que se hospedaram em hotel e pousada representam 49% da amostra pesquisada. Isso se deve a falta de opção disponível em algumas cidades. Como esses cicloturistas participaram de uma viagem em grupo, em localidades isoladas na parte alta do circuito não há opção de hotéis, apenas de pousada. Em outras cidades como Timbó, por exemplo, não há opção de pousadas, apenas dois hotéis disponíveis. Percebe-se que os cicloturistas utilizam variados meios de hospedagem, durante a viagem. De uma forma geral, eles preferiram a forma de hospedagem mais barata. Trata-se, portanto, de uma tendência semelhante à relatada pela literatura nacional (REZENDE, 2011). Quanto à alimentação, 37% utilizaram somente restaurantes para realizar as suas refeições, 24% utilizaram supermercado para comprar produtos necessários para fazer a própria comida, principalmente sanduiches para serem consumidos durante o dia de viagem, quando os cicloturistas precisam se alimentar com comidas leves e não querem perder tempo. Além de sanduiches, os cicloturistas se alimentam de frutas durante o dia de viagem, principalmente para manter a hidratação. Os cicloturistas que pernoitam em hotéis frequentemente solicitam ao hotel sanduiches e frutas para a viagem, em eventos de cicloturismo é comum os hotéis já estarem preparados para essa solicitação e assim os sanduiches já são preparados com ingredientes que não estragam facilmente, pois mesmo embalados em papel alumínio estão geralmente submetidos as altas temperaturas. No Velotour 2012 o calor era intenso e houve muitos problemas de intoxicação alimentar. Na pesquisa de Rezende (2011), 92% dos cicloturistas utilizaram restaurantes. Quanto aos outros serviços utilizados 25% dos cicloturistas utilizaram banco durante a viagem no CVEC, nas cidades na parte alta do circuito não há banco e nem caixa eletrônicos por isso foram aconselhados pela organização do evento para não haver problema. Outra informação importante para entender a forma de viagem são os gastos dos cicloturistas, aqui os gastos foram divididos em quem fez somente a parte baixa, quem fez a parte alta e a parte baixa e depois os gastos desses dois grupos. 76 Os gastos aqui apresentados são somente da viagem no Circuito do Vale Europeu Catarinense, não estão contabilizados os gastos para aquisição e manutenção da bicicleta e outros equipamentos utilizados. O Gráfico 01 apresenta os gastos dos cicloturistas que percorram apenas a Parte Baixa, que corresponde aos três primeiros dias de viagem pelo CVEC, as cidades visitadas na Parte Baixa são Timbó, Pomerode, Indaial, Ascurra, Rodeio e retorno a Timbó, totalizando aproximadamente 120km percorridos. Gráfico 01 - Gastos de quem fez a Parte Baixa Fonte: Dados da Pesquisa Pode-se observar no Gráfico 01 que os valores diferem muito pelo local de residência dos viajantes, por isso esse empate em 40% dos cicloturistas que gastaram até R$ 500 e 40% dos cicloturistas que gastaram entre R$ 501 a R$ 1.000. Nos gastos está incluso hospedagem, transporte até o destino turístico e alimentação. O Gráfico 02 demonstra os gastos dos cicloturistas que percorreram todo o CVEC, ou seja, percorreram a Parte Baixa e ao invés de voltar a cidade de Timbó continuaram mais quatro dias de viagem percorrendo as cidades de Doutor Pedrinho, Rio dos Cedros, Benedito Novo e encerrando a viagem em Timbó, 77 essas cidades fazem parte da Parte Alta do CVEC, o tempo projetado pelos organizadores do circuito para percorrer ele inteiro é de sete dias. Gráfico 02 – Gastos de quem fez o Circuito Completo Fonte: Dados da Pesquisa Pode-se observar no Gráfico 02 que o aumento de quatro dias de viagem também aumentou dos gastos dos viajantes. Gastaram (38%) de R$ 501 a R$ 1.000 e 22% gastou entre R$ 1.001 a R$ 1.500. Esse aumento deve-se aos gastos em alimentação e hospedagem na Parte Alta do CVEC. Os cicloturistas que gastaram até R$ 500 acamparam e por isso não tiveram gastos com hospedagem ou moram próximo ao CVEC e por isso não tiveram gastos com transporte até o destino turístico. O Gráfico 03 é a junção do Gráfico 01 e do Gráfico 02, analisa-se os gastos de todos os respondentes da pesquisa sem levar em consideração os dias de viagem e os trajetos percorridos. 78 Gráfico 03 – Gastos dos entrevistados Fonte: Dados da Pesquisa Conforme demonstrado no Gráfico 03, 39% dos cicloturistas gastaram entre R$ 501 a R$ 1.000 e 26% gastaram até R$ 500. O gestor do CIMVI afirmou que ”os gastos para quem percorre os sete dias de circuito, entre comer e dormir são de R$ 800,00 a R$ 850,00. E que os cicloturistas gastam em média R$ 1.500,00 para chegar até o destino turístico e voltar para suas residências”. Em estudo no Reino Unido já se verificou que os gastos estão intimamente ligados ao tempo de viagem, ao grupo de viagem e ao tipo de viagem. (DOWNWARD; LUMSDON; WESTON, 2009). 5.1.5 Percepção Ambiental Para analisar a Percepção Ambiental dos cicloturistas no CVEC, construiu-se dois gráficos, o Gráfico 04 apresenta a satisfação dos viajantes em relação aos serviços oferecidos, considerando serviços a alimentação, a hospedagem, a receptividade da população local, os entretenimentos e os serviços públicos e o Gráfico 05 apresentando a satisfação dos viajantes em relação a infraestrutura oferecida, considerando a sinalização, as estradas, o transporte, as lojas de bicicleta e as informações turísticas. 79 Ainda com o intuito de analisar a percepção ambiental foram coletadas sugestões para melhorar o cicloturismo no CVEC, os entrevistados responderam se fizeram muito, pouco ou nenhum contato com os habitantes locais, citaram um ponto de destaque na percepção da cultura local e assinalaram o que o viagem no CVEC lhes proporcionou. O Gráfico 04 apresenta como os serviços e a receptividade da população foram avaliados para descobrir como os cicloturistas percebem o CVEC e também avaliar o grau de satisfação dos cicloturistas em relação aos serviços oferecidos no CVEC. Eles foram conceituados numa escala de muito ruim a muito bom. Alguns viajantes não utilizaram os serviços pesquisados, nessa situação não avaliaram. Gráfico 04 - Satisfação em relação aos serviços oferecidos no Circuito do Vale Europeu Catarinense Fonte: Dados da Pesquisa Conforme é demonstrado no Gráfico 04, o serviço melhor avaliado foi a receptividade da população sendo considerada muito bom por 54% dos 80 entrevistados, seguida pela alimentação com 33% entrevistados avaliando como muito bom, 26% avaliaram a hospedagem como muito bom, entretenimento e serviços públicos foram avaliados por 12% dos cicloturistas como muito bom. Entretenimento foi o serviço pior avaliado pelos viajantes, foi o único serviço que recebeu avaliação de muito ruim por 2% e 41% avaliaram como regular. Durante o Velotour todas as noites o jantar é sugerido pelos organizadores do evento, para que justamente todos possam se reunir e compartilhar as experiências do dia. Mas além do jantar nada é oferecido. Os restaurantes das cidades percorridas não oferecem música ao vivo ou qualquer outra atração. Não há muita opção de bares, nas cidades da parte alta nem choperia ou bares existem para atender a população local e os cicloturistas. O Gráfico 05 permite analisar a satisfação em relação a infraestrutura oferecida no CVEC. Dentre a infraestrutura oferecida foram avaliadas as lojas de bicicleta, o transporte até o destino turístico, as estradas do CVEC, a sinalização do CVEC e informações turísticas. Gráfico 05 - Satisfação em relação a infraestrutura oferecida no Circuito do Vale Europeu Fonte: Dados da Pesquisa 81 No Gráfico 05 verifica-se a seguinte avaliação quanto a infraestrutura: as informações turísticas foi a melhor infraestrutura avaliada recebendo 30% de muito bom e 30% de bom. Seguida sinalização que recebeu 29% de muito bom e 44% de bom. As estradas foram avaliadas por 19% como muito bom e 56% como bom. O transporte foi avaliado por 13% como muito bom e 32% como bom. As lojas de bicicleta foram avaliadas como muito bom por 21% e bom por 28%. O transporte até o local de destino e as lojas de bicicleta foram os serviços que não foram utilizados por todos os cicloturistas. Após a avaliação sobre os serviços e a infraestrutura oferecida, os cicloturistas responderam a pergunta se houve contato com os habitantes locais. Para todos os cicloturistas houve contato com os habitantes locais. Para 70% dos viajantes houve pouco contato com os habitantes locais e 30% responderam que tiveram muito contato com os habitantes locais. Alguns cicloturistas entrevistados deixaram sugestões para o CVEC, essas sugestões foram agrupadas em alimentação, hospedagem, comunicação, população e sinalização e serão apresentadas abaixo: Alimentação – Os estabelecimentos devem oferecer comidas mais saudáveis e adequados, durante o trajeto poderia ter pontos para piquenique. Hospedagem – Os valores de hospedagem deveriam ser mais acessíveis, apresentando opção de camping. Os hotéis e pousadas poderiam incluir na diária um lanche e mais uma fruta para o cicloturista levar durante o seu dia de pedalada, nos hotéis e pousadas seria bom ter um local para lavar roupa e uma centrífuga. Comunicação – Na parte Alta do CVEC deveria ter acesso a telefone, pois durante alguns dias do percurso não existe sinal de celular. População – A sugestão mais citada foi de orientar os motoristas a ter mais respeito com o cicloturista. Divulgar mais o circuito de cicloturismo para a população local. Apresentar ou se for preciso criar opções de lazer nas cidades. 82 Sinalização – Cortar arbustos na frente das placas de sinalização, placas avisando a preferência do ciclista, mais setas amarelas, outras opções de rota para ciclistas iniciantes. Os cicloturistas percorrem trechos isolados, estradas sem sinalização de trânsito, encontram motoristas que pensam serem os donos da estrada, pois geralmente são os únicos a percorrerem diariamente. Isso dificulta um pouco. 5.1.6 Velotour Para finalizar os entrevistados avaliaram o Velotour que é um evento organizado pelo Clube de Cicloturismo do Brasil, realizado no Circuito do Vale Europeu Catarinense, no período do Carnaval. Em 2012 aconteceu a 5ª edição e em 2013 a 6ª edição. Para a Eliana Garcia (2011), do Clube de Cicloturismo, o Velotour é “A maior viagem com ciclistas independentes que acontece no país, é o espaço ideal para quem já tem experiência com a bicicleta e quer começar suas viagens. Além disso, é um ótimo espaço para quem já é experiente e está acostumado a viajar sozinho, pois o grupo sempre forma um ambiente ótimo de amizade, cooperação e diversão”. A avaliação do Velotour pode ser observada no Quadro 12. Quadro 12- Avaliação do Velotour Site do CVE Participação no Velotour Site do evento Organização do evento Muito Bom 50% Primeira vez 61% Muito Bom 64% Muito Bom 69% Bom 38% Duas vezes 20% Bom 31% Bom 30% Regular 12% Três vezes 11% Regular mais de 3 vezes 5% Regular 1% 8% Fonte: Dados da Pesquisa Conforme o Quadro 12 o site do CVEC foi avaliado como muito bom por 50% e bom por 38% dos cicloturistas. O site foi projetado para ser um guia virtual, contém todas as informações sobre os trajetos percorridos diariamente, com 83 planilhas de altitude e graus de dificuldade, além de contato dos locais de hospedagem. O site do Velotour foi avaliado por 64% dos viajantes como muito bom e por 31% como bom. O site do evento apresenta a programação do evento e orientações para a viagem. Esse site é um link no site do Clube de Cicloturismo do Brasil. Para 61% esse foi o primeiro Velotour e 20% participaram a segunda vez do evento. Já foi apresentado anteriormente nesse capítulo que 75% dos cicloturistas estavam realizando a primeira vez nesse destino e que 30% dos cicloturistas praticam essa modalidade turística a menos de um ano. A organização do evento foi avaliada como muito boa por 69% dos respondentes e como boa para 30% dos cicloturistas. O Velotour é o principal evento do CVEC, pois além de ter data e periodicidade definida é durante o evento que o maior grupo de cicloturistas percorre o circuito. Portanto, com uma boa avaliação do evento espera-se que outras versões do evento sejam realizadas atraindo mais cicloturistas ao CVEC. 5.2 Resultados obtidos com a Análise de Correspondência Múltipla Para uma melhor interpretação dos dados coletados nesse estudo além da apresentação e análise dos resultados em porcentagem, será apresentada a Análise de Correspondência Múltipla (ACM). A ACM resume em gráficos, de fácil interpretação visual, as correspondências existentes entre as variáveis, as suas categorias e os indivíduos observados, com caráter multidimensional. Dessa forma este método será adotado para verificar a correspondência entre a percepção ambiental do cicloturistas com o número de vezes que estiveram no CVEC, motivações para começar a praticar cicloturismo e motivação específica para a viagem no CVEC. Os gráficos 06, 07 e 08 a seguir foram resultados das análise AFCM, utilizando as legendas após os gráficos sendo que os números que acompanham as siglas representam respectivamente: o número 1 significa que o critério de percepção 84 ambiental foi avaliado como muito bom ou bom, o número 2 significa que a percepção ambiental foi avaliado como regular, ruim ou muito ruim e o número 3 significa que o cicloturista não utilizou o serviço ou infraestrutura e ou não avaliou aquele requisito. O Gráfico 06 apresenta a avaliação da percepção ambiental dos cicloturistas comparada com o número de vezes que percorreram o CVEC. Gráfico 06: Análise da Percepção Ambiental x Quantas vezes percorreu o CVEC A C B D Fonte: Dados da Pesquisa Legenda: Percepção Ambiental Tur Informações Turísticas Rec Receptividade Sin Sinalização Est Estradas Ent Entretenimento Pub Serviços Públicos Ali Alimentação Hpd Hospedagem Tsp Transporte Bic Lojas de bicicleta Quantidade de vezes que percorreu o CVEC QT:PV QT:2a3X QT: 4X Primeira vez Segunda ou terceira vez Quarta ou mais vezes 85 O Gráfico 06 apresenta quatro grupos A, B, C e D, esses grupos são os cicloturistas que avaliaram a percepção ambiental do CVEC. Todos os itens com a bolinha azul representam avaliação da percepção ambiental e os itens com quadradinho vermelho representam a quantidade de vezes que o cicloturista percorreu o CVEC. O grupo A, composto por cicloturistas que avaliaram negativamente (ou seja atribuíram conceitos regular, ruim ou muito ruim) para percepção ambiental, incluindo os itens lojas de bicicleta, serviços públicos, transporte até o destino turístico, alimentação, estradas, entretenimento, sinalização, informações turísticas, hospedagem e receptividade da população local, demonstram no gráfico uma relação moderada com o grupo de cicloturista que participaram 2 ou 3 vezes o CVCE, assumindo um posicionamento mais crítico. Já destacado no gráfico um grupo D que possuem uma relação fraca com todos os demais grupos de participantes. O grupo B, composto por cicloturistas que percorreram pela primeira vez o CVEC demonstram no gráfico uma relação mais forte com a percepção ambiental relacionados a alimentação, sinalização, estradas e hospedagem. Já o grupo C é composto por cicloturistas que percorreram pela quarta ou mais vezes o CVEC e também avaliaram a percepção ambiental como muito bom ou bom, e, conforme demonstrado no gráfico, tem uma relação mais forte da percepção ambiental relacionados ao transporte até o local o destino turístico, as lojas de bicicleta, informações turísticas, entretenimento e serviços públicos. O grupo D é comporto por cicloturistas que não avaliaram a percepção ambiental. Os itens da percepção ambiental não avaliados foram lojas de bicicleta, transporte até o destino turístico, serviços públicos, informações turísticas, entretenimento e alimentação. Entende-se que esses cicloturistas não utilizaram esses serviços e portanto não poderiam avaliar. Relacionando a avaliação da percepção ambiental com a quantidade de vezes que o cicloturista percorreu o CVEC, conclui-se que quem percorreu quatro ou mais vezes teve uma percepção ambiental mais positiva, avaliando os serviços e a infraestrutura oferecida como muito bom ou bom, pois está localizada nesse 86 plano bem distante do grupo que avaliou como regular, ruim ou muito ruim e também do grupo que não avaliou. O Gráfico 07 apresenta a percepção ambiental e o motivo dos cicloturistas pesquisados para começar a praticar cicloturismo . Gráfico 07: Percepção Ambiental x Motivo que começou praticar cicloturismo Dimension 2; Eigenvalue: ,24228 (15,14% of Inertia) 1,5 Bic:2 A 1,0 Pub:2 Tsp:2 Ali:2 C 0,5 Est:2 Tsp:1 Bic:1 Pub:1 Ent:1 0,0 Tur:1 Ent:2 Sin:2 Prat:L.AF Hpd:1 B Rec:1Prat:SL Sin:1 Est:1 Prat:Nat Tur:2 Rec:2 Hpd:2 Ali:1 Prat:IAM -0,5 Prat:GPA Bic:3 Tsp:3 D -1,0 Tur:3 Pub:3 Ent:3 Ali:3 -1,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Dimension 1; Eigenv alue: ,31509 (19,69% of Inertia) Col.Coords Suppl.Cols Fonte: Dados da Pesquisa Legenda Percepção Ambiental Tur Informações Turísticas Tsp Transporte Rec Receptividade Bic Lojas de bicicleta Sin Sinalização Est Estradas L.AF Lazer/Atividade Física Ent Entretenimento SL Superar limites Pub Serviços Públicos IAM Influência de amigos/marido Ali Alimentação Nat Natureza Hpd Hospedagem GPA Gosta de Pedalar/Aventura Motivos para começar praticar cicloturismo 87 O Gráfico 07 apresenta quatro grupos A, B, C e D, esses grupos são os cicloturistas que avaliaram a percepção ambiental do CVEC. Todos os itens com a bolinha azul representam avaliação da percepção ambiental e os itens com quadradinho vermelho representam os motivos para começar a praticar cicloturismo. Os motivos citados pelos cicloturistas são lazer/atividade física, superar limites, influência de amigos/marido, natureza e gosta de pedalar/aventura. O grupo B é composto por cicloturistas que avaliaram positivamente (atribuindo conceitos Muito bom e Bom) para percepção ambiental; encontram-se os viajantes que começaram a praticar cicloturismo por lazer ou atividade física (LAF), superar limites (SL) e admirar/vivenciar a natureza (Nat). Assim, conforme observado no gráfico existe uma relação forte entre a percepção ambiental e a motivação para atividade do CTVE. Verifica-se ainda que, aqueles cicloturistas que foram motivados a praticarem cicloturismo por influência de amigos/marido (IAM) e aqueles que praticam por gostarem de pedalar ou procuravam aventura (GPA), conforme demonstrado no gráfico possuem uma relação moderada com a percepção ambiental. E, demonstrado no gráfico aqueles grupos C e D são cicloturistas com uma relação muito fraca com entre a motivação e a avaliação ambiental. Pode-se entender que esses cicloturistas não utilizaram esses serviços e/ou não avaliaram estes itens. O Gráfico 08 apresenta a percepção ambiental e as motivações dos cicloturistas pesquisados para percorrer o Circuito do Vale Europeu de Catarinense. 88 Gráfico 08: Percepção Ambiental x Motivação específica para CVEC 1,5 Dimension 2; Eigenvalue: ,24228 (15,14% of Inertia) Bic:2 A 1,0 Pub:2 C 0,5 Tsp:1 Motiv:CE Bic:1 Ent:1 0,0 Tsp:2 Ali:2 Est:2 B Ent:2 Sin:2 Tur:1 Hpd:1 Rec:1 Motiv:Nat Pub:1 Tur:2 Rec:2 Hpd:2 Motiv:Não Sin:1 Motiv:O1S Ali:1 Est:1 -0,5 Bic:3 Tsp:3 Motiv:Exp -1,0 D Tur:3 Pub:3 Ent:3 Ali:3 -1,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 Dimension 1; Eigenv alue: ,31509 (19,69% of Inertia) Col.Coords Suppl.Cols Fonte: Dados da Pesquisa Legenda Percepção Ambiental Motivações para percorrer o CVEC Tur Informações Turísticas Nat Natureza Rec Receptividade CE Colonização Europeia/Gastronomia/Chope Sin Sinalização O1S Organização/conhecer/1º do Brasil/Segurança Est Estradas Exp Experiência para viagens mais longas Ent Entretenimento Pub Serviços Públicos Ali Alimentação Hpd Hospedagem Tsp Transporte Bic Lojas de bicicleta Não Não teve motivação específica 89 O Gráfico 08 apresenta quatro grupos A, B, C e D, esses grupos são os cicloturistas que avaliaram a percepção ambiental do CVEC. Todos os itens com a bolinha azul representam avaliação da percepção ambiental e os itens com quadradinho vermelho representam os motivos específicos para a viagem no Circuito do Vale Europeu Catarinense. Entre o grupo A composto pelo cicloturistas que não apresentaram nenhuma motivação específica (Não) para percorrer o CVEC e estes apresentam um relação forte com a avaliação negativa da percepção ambiental. O grupo D formado por cicloturistas que se identificaram com motivação para viagens mais longa apresentam uma forte relação com a avaliação negativa dos itens da percepção ambiental relacionadas a lojas de bicicleta, transporte até o destino turístico, serviços públicos, informações turísticas, entretenimento e alimentação. O grupo B composto pelos cicloturistas cujas motivações para percorrer o CVEC a contemplação da natureza (Nat) e a organização do evento e participar do primeiro circuito do Brasil, apresentam uma forte relação com a percepção ambiental positiva dos elementos alimentação, sinalização, estradas, receptividade da população, informações turísticas e hospedagem. E, conforme demonstra o gráfico, o grupo C é composto por cicloturistas cuja motivação especifica de conhecer a colonização europeia, a gastronomia e o chope (CE), apresentam uma forte relação com a avaliação positiva da percepção ambiental, dos elementos transporte até o local o destino turístico, lojas de bicicleta, entretenimento e serviços públicos. Realizando uma análise geral acerca dos resultados apresentados neste capítulo, é possível constatar o perfil sócio-econômico dos cicloturistas que percorrerem o CVEC a maioria são homens, tem entre 30 e 49 anos, residem no estado de São Paulo, possuem ensino superior completo e a faixa de renda familiar mensal é acima de dez salários mínimos. A maioria dos cicloturistas praticam a modalidade de um a três anos, começaram a praticar por lazer e atividade física e a última viagem foi o Circuito da Costa Verde e Mar no litoral Catarinense. A principal motivação para a viagem é o 90 encontro com amigos e a possibilidade de fazer novas amizades, a principal motivação específica para percorrer o CVEC foi a natureza. Quanto a viagem pode-se afirmar que a maior parte dos cicloturistas teve um nível de planejamento médio, não utilizou nenhum método de treinamento físico, viajam em dupla, utilizam carro próprio até o destino turístico, viajam com bicicleta própria, utilizam hotel ou pousada e restaurante. Gastam aproximadamente de R$ 500,00 a 1.000,00 durante a viagem. 91 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve como principal tema o cicloturismo, ou viajar de bicicleta, mais precisamente os cicloturistas que percorreram um circuito de 300 km localizado no Vale Europeu Catarinense, fazem parte desse trajeto estradas de terra, morros e uma natureza exuberante. O Vale Europeu Catarinense é uma das regiões turísticas promovidas pela SANTUR (Santa Catarina Turismo), além do circuito de cicloturismo o Vale Europeu promove o turismo a partir de outros roteiros, Arte & Charme, Mochileiros, Aventura e Emoção, Flores e Sabor Italiano. A ideia de pesquisar o cicloturista surgiu do marketing, onde compreender como os consumidores individuais e organizacionais se comportam é um pré-requisito para um marketing eficaz. Somente conhecendo o consumidor, que pode-se construir um produto que atenda as suas exigências. O fato de acontecer um evento reunindo vários turistas uma vez por ano no destino estudado tornou possível a realização dessa pesquisa, cujo objetivo geral proposto foi analisar os fatores do comportamento dos cicloturistas participantes do Velotour no CVEC. Com os dados coletados com os 80 participantes dos Velotour 2012 e 12013 pode-se concluir que o perfil do cicloturista no CVEC é a maioria homens, têm entre 30 e 49 anos, residem no estado de São Paulo, tem ensino superior completo ou pós-graduação completa ou incompleta e tem renda familiar mensal acima de 10 salários mínimos. Sobre histórico de viagens dos cicloturistas estudados pode-se afirmar que são praticantes recentes da modalidade de cicloturismo, a maioria pratica no máximo há três anos e a principal motivação para começar a praticar esse tipo de turismo foi lazer/atividade física citada de forma espontânea por 48%, os destinos mais visitados recentemente pelos cicloturistas são os destinos onde acontece o Velotour e Santiago de Compostela. 92 A Natureza, com 30%, foi a motivação mais escolhida pelos cicloturistas para percorrer o CVEC. Os amigos, com 38%, é a motivação que mais atraiu cicloturistas para participar do Velotour. Ao analisar a viagem dos cicloturistas pode-se concluir que 44% se prepararam com um nível de planejamento médio, 75% estava percorrendo o CVEC pela primeira vez, 36% costuma viajar em dupla, 98% utilizaram bicicleta própria na viagem pelo CVEC e 39% gastaram entre R$ 501 a R$ 1000 para realizar a viagem. No item percepção ambiental avaliou-se a infraestrutura e os serviços oferecidos aos cicloturistas, o serviço melhor avaliado foi a receptividade da população sendo considerada muito bom por 54% dos entrevistados, seguida pela alimentação com 33% entrevistados avaliando como muito bom, 26% avaliaram a hospedagem como muito bom. Entretenimento foi o serviço pior avaliado pelos viajantes, foi o único serviço que recebeu avaliação de muito ruim por 2% e 41% avaliaram como regular. Durante o Velotour todas as noites o jantar é sugerido pelos organizadores do evento, para que justamente todos possam se reunir e compartilhar as experiências do dia. Mas além do jantar nada é oferecido. Na avaliação da percepção ambiental quanto a infraestrutura: as informações turísticas foi a melhor infraestrutura avaliada recebendo 30% de muito bom e 30% de bom. Seguida sinalização que recebeu 29% de muito bom e 44% de bom. As estradas foram avaliadas por 19% como muito bom e 56% como bom. Utilizando a ACM conclui-se que os cicloturistas que percorreram pela primeira vez o CVEC avaliaram a alimentação, sinalização, estradas e hospedagem como muito bom ou bom. Quem percorreu quatro ou mais vezes o CVEC avaliou de forma mais positiva transporte até o destino turístico, lojas de bicicleta, informações turísticas, serviços públicos e entretenimento. Relacionando a avaliação da percepção ambiental com a quantidade de vezes que o cicloturista percorreu o CVEC, conclui-se que quem percorreu quatro ou mais vezes teve uma percepção ambiental mais positiva, avaliando os serviços e a infraestrutura oferecida como muito bom ou bom, pois está localizada nesse 93 plano bem distante do grupo que avaliou como regular, ruim ou muito ruim e também do grupo que não avaliou. Ainda analisando a ACM conclui-se que os viajantes que começaram a praticar cicloturismo por lazer ou atividade física, superar limites e contemplar a natureza, bem como aqueles com motivação específica para percorrer o CVEC pela organização e conhecer o primeiro circuito do Brasil tiveram uma melhor percepção ambiental e avaliação positiva dos elementos alimentação, sinalização, estradas, receptividade da população, informações turísticas e hospedagem. Inicialmente esse estudo começou com a seguinte principal questão de pesquisa: Como se caracteriza o cicloturista quanto aos aspectos socioeconômico, motivações, planejamento e a percepção ambiental no Velotour do Circuito do Vale Europeu Catarinense? Essa questão foi totalmente respondida, detalhando cada aspecto pesquisado, nos parágrafos acima. No que concerne as limitações do presente estudo, foram poucos estudos encontrados sobre cicloturismo, nenhum cadastro dos cicloturistas que já percorreram o CVEC, que possibilitasse o acesso para uma entrevista ou questionário. Caso existisse esse cadastro, os resultados poderiam ser diferentes teríamos a percepção de outras pessoas, que viajam pelo CVEC durante o ano, fora do Velotour, formando grupos independentes. Como sugestões de pesquisas futuras, os organizadores do CVEC poderiam elaborar uma ficha para ser preenchida pelos cicloturistas no início do percurso e/ou um questionário de avaliação do circuito para ser preenchido no término, assim poderia ser feito um estudo longitudinal, investigando assim, os cicloturistas que percorrem o CVEC fora do Velotour. Para uma melhor compreensão do cicloturista sugere-se estudar os cicloturistas que visitam os outros três circuitos de cicloturismo de Santa Catarina. Outra sugestão seria uma pesquisa de imagem do CVEC na visão da comunidade local, dos proprietários de hotéis e restaurantes e até mesmo dos prefeitos das cidades envolvidas. 94 REFERÊNCIAS AAKER, David A. Pesquisa de marketing/David A. Aarker, V. Kumar, George S. Day; tradutor Reynaldo Cavalheiro Marcondes. – São Paulo: Atlas, 2001. ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias. Rio de Janeiro: Campus, 2003. AVENTURA SEGURA. Disponível ecoturismo/. Acesso junho 2012. em: http://aventurasegura.org.br/aventura-e- BARBETTA, P.A. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianópolis: UFSC, 2006. BARBETTA, Pedro Alberto. Técnicas de amostragem. In: _____. Estatística: aplicada às. Ciências Sociais. 6. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006. BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas, SP: Papirus, 1995. BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. – 11ª ed. Atual. – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006. BENI, Mario Carlos. 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Porto Alegre: Bookman, 2001. 99 Apêndice I Roteiro da Entrevista com Gestor do Circuito do Vale Europeu Catarinense Como surgiu a ideia de criar um Circuito de Cicloturismo no Vale Europeu Catarinense? Quais principais dificuldades no início? E hoje, a população colobora? Como funciona o gerenciamento do Circuito hoje? Qual perfil dos cicloturistas que percorrem o CVE? Como está o transporte das bicicletas? Quantas pessoas percorrem o CVE por ano? Qual o maior legado do Circuito de Cicloturismo? Como os prefeitos e os empresários (donos de hotéis e restaurantes) veem o cicloturismo na região hoje? Quais dificuldades e potencialidades para a prática do cicloturismo no Circuito do Vale Europeu? Quais novidades podemos esperar do CVE? 100 Apêndice II Questionário aplicado com os cicloturistas Cicloturismo: Circuito do Vale Europeu - SC Pesquisa acadêmica para dissertação de conclusão de curso do mestrado em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. A identidade dos participantes e os dados coletados são sigilosos. Responda as questões com a maior sinceridade Obrigada pela sua colaboração, qualquer dúvida ou sugestão estou à disposição no email [email protected] Nº questionário: Data: / /2012/13 1. PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO 1.1 Gênero: (1) Masculino (2) Feminino 1.2 Faixa Etária: (1) menos de 15 anos (5) 40 a 49 anos 1.3 Local de Residência: 1.3.1 ( ) Santa Catarina – Cidade: 1.3.2 ( ) Outro Estado: 1.3.3 ( ) Internacional – Qual país: 1.4 Grau de escolaridade (1) Sem instrução escolar (2) 15 a 19 anos (3) 20 a 29 anos (6) 50 a 59 anos (7) acima de 60 anos (4) 30 a 39 anos Cidade: (4) Ensino médio incompleto (2) Ensino fundamental incompleto (5) Ensino médio completo (3) Ensino fundamental completo (6) Ensino superior incompleto (7) Ensino superior completo (7) Especialização incompleto (8)Especialização completo 1.5 Renda mensal familiar (1) até 1 SM (2) de 1 SM a 3 SM (3) de 4 SM a 7 SM (4) de 8 SM a 10SM (5) acima de 10 SM 2. HISTÓRICO DAS VIAGENS DE BICICLETA 2.1 Você pratica o cicloturismo há quanto tempo? (1) menos de 1 ano (2) de 1 a 3 anos (3) de 3 a 5 anos (4) mais de 5 anos 2.2 Por que você começou a praticar o cicloturismo? 2.3 Quais viagens você já realizou? Cite as 3 últimas: 2.4 Como costuma viajar? (1) Individual (2) Dupla (3) Família (4) Grupo 3. MOTIVAÇÕES 3.1 Quais foram suas motivações para esta viagem? 1. ____________________________________________________________________ 2. ____________________________________________________________________ 3. ____________________________________________________________________ 101 3.2 O Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu foi uma motivação específica? Qual? _______________________________________________________________________ 4. Quanto a VIAGEM 4.1 Realizou planejamento para a viagem: de roteiro, percurso; dias; km/dia; hospedagem; equipamento; deslocamentos; preparação física; orçamento; alimentação: Nível de planejamento: (1) alto (pensei em todos os itens) (2) médio (alguns destes itens) (3) baixo (poucos itens foram pensados) (4) nenhum tipo de planejamento. 4.1.2 Qual(is) treinamento(s) você utilizou para realizar o Circuito do Vale Europeu? (1) Não utilizou nenhum método (2) Musculação (3) Corrida (4) Treinamento Funcional (5) Ciclismo (6) Outro ____________________ 4.1.3 Você obteve ajuda de um profissional de Educação Física para se preparar para realizar essa viagem? (1) Sim (2) Não 4.2 Quantas vezes você já realizou este trecho, incluindo esta viagem? (1) Primeira visita (2) Duas vezes (3) Três vezes (4) mais de 3 vezes 4.3 Meio(s) de transporte utilizado(s) até o destino turístico: (1) Ônibus (2) Carro próprio (3) carro alugado (4) Avião (5) Bicicleta (6) Outro – Qual? 4.4 Utilização de Bicicleta: (1) Própria (2) Alugada (3) Emprestada 4.5 Meio(s) de hospedagem utilizado(s): (1) Hotel (2) Pousada (3) Outro: _____________ 4.6 Meio(s) de alimentação utilizado(s): (1) Restaurante (2) Padaria (3) Lanchonete (4) Supermercado (5) Faz a própria comida (6) Outro. Qual? 4.7 Outra(s) infra-estrutura(s) utilizada(s): (1) Lojas de bicicleta (2) Posto de Gasolina (5) Bancos (3) Hospital/Posto de Saúde (4) Centros de informações turísticas (6) Outro. Qual? 4.8 Gastos aproximados Total: R$ Incluindo transporte, alimentação, manutenção da bicicleta, hospedagem. 5. PERCEPÇÃO AMBIENTAL 5.1 Qual o seu grau de satisfação em relação aos serviços e à receptividade da população no Circuito do Vale Europeu? (MB) Muito bom(Bo) Bom (Re) Regular (Ru) Ruim (MR) Muito ruim (SC) Sem Comentários 102 Item 5.1.1 Informações turísticas 5.1.2 Receptividade da população local 5.1.3 Sinalização 5.1.4 Estradas 5.1.5 Entretenimentos 5.1.6 Serviços Públicos 5.1.7 Alimentação 5.1.8 Hospedagens 5.1.9 Transporte 5.1.10 Lojas de bicicleta MB Bo Re Ru MR SC 5.2 Quais são suas sugestões para melhorar as condições do Circuito do Vale Europeu? 5.3 Fez contatos com os habitantes locais? (1) Muito (2) pouco (3) nenhum 6. VELOTOUR 6.1 Quantas vezes você já participou de um Velotour, incluindo esta viagem? (1) Primeira vez (2) Duas vezes (3) Três vezes (4) mais de 3 vezes 6.2 Qual sua opinião sobre a organização do evento? (1) Muito Bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim (5) Muito ruim 6.3 Qual sua opinião sobre o site do evento? (1) Muito Bom (2) Bom (3) Regular (5) Muito ruim (4) Ruim 6.4 Qual sua opinião sobre o site do Circuito do Vale Europeu? (1) Muito Bom (2) Bom (3) Regular (4) Ruim (5) Muito ruim 6.5 Como você ficou sabendo do Velotour no Circuito do Vale Europeu Catarinense? (1) Site Clube de Cicloturismo (2) Site Circuito do Vale Europeu Catarinense (3) E-mail (4) Amigos (5) Outro Qual?_______________