PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Breno Ferreira de Sousa COMPÓSITOS DE MATRIZ CERÂMICA OBTIDOS A PARTIR DA PIRÓLISE DE POLISSILOXANOS E CARGA REATIVA DE TiSi2 São João del-Rei, Agosto de 2012 i Breno Ferreira de Sousa Compósitos de matriz cerâmica obtidos a partir da pirólise de polissiloxanos e carga reativa de TiSi2 Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica Área de Concentração: Materiais e processos de Fabricação Orientador: Prof. Dr. Tulio Hallak Panzera Co-orientador: Prof. Dr. Marco Antônio Schiavon São João del-Rei, Agosto de 2012 ii Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Divisão de Biblioteca da UFSJ Sousa, Breno Ferreira de S729c Compósitos de matriz cerâmica obtidos a partir da pirólise de polissiloxanos e carga reativa de TiSi2 [manuscrito] / Breno Ferreira de Sousa . – 2012. 69f. ; il. Orientador: Tulio Hallak Panzera e Co‐orientador : Marco Antônio Schiavon. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de São João del‐Rei. Departamento de Engenharia Mecânica. Referências: f. 50‐56. 1. Engenharia de materiais – Teses 2. Cerâmica – Teses 3. Engenharia mecânica – Teses I. Sousa, Breno Ferreira de II. Panzera, Tulio Hallak (orientador) III. Schiavon, Marco Antônio (orientador) IV. Universidade Federal de São João del‐Rei. Departamento de Engenharia â í l iii iv CURRÍCULO LATTES Breno Ferreira de Sousa Local e data de nascimento: Divinópolis - MG em 26/08/1986 FORMAÇÃO ACADÊMICA 2006 - 2009 Graduação em Licenciatura em Física. Universidade Federal de São João Del Rei. 2003 - 2004 Ensino Médio (2º grau). Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. ATIVIDADES DIDÁTICAS DESENVOLVIDAS 03/2008 - 02/2009 Atividades de Participação em Projeto, FAPEMIG, Projetos de pesquisa Dinâmica na rede de elementos fracamente correlacionados 02/2008 - 09/2008 Estágio, Instituto Auxiliadora, Monitoria e observação em aulas de física. 02/2007 - 06/2007 Ensino, Licenciatura em Física, Nível: Graduação Disciplinas ministradas Monitoria de Física Experimental I – Física PUBLICAÇÕES Artigos completos publicados em periódicos SOUSA, BRENO F.; YOSHIDA, I. VALÉRIA P.; FERRARI, JEFFERSON L.; SCHIAVON, MARCO A. Silicon oxycarbide glasses derived from polymeric networks v with different molecular architecture prepared by hydrosilylation reaction. Journal of Materials Science (Dordrecht. Online), v. 48, p. 1911-1919, 2013. Trabalhos completos publicados em anais de congressos 1. SOUSA, B. F. ; RUBINGER, C. P. L. ; PANZERA, T. H. ; SCHIAVON, M. A. . Ceramic Matrix Composites Derived from TiSi2-filled Polysiloxane. In: 1st Brazilian Conference on Composite Materials - BCCM1, 2012, Natal. Anais do BCCM1, 2012. 2. Oliveira, C.F. ; STRECKER, K. ; SOUSA, B. F. ; CARVALHO, F. S. G. ; Oliveira, L.S. . INFLUENCE OF FELDSPAR CONTAINING LITHIUM IN THE SINTERING OF TRIAXIAL CERAMICS. In: Congresso Internacional de Engenharia Mecânica, 2011, Natal. ANAIS do COBEM 2011, 2011. 3. Oliveira, C.F. ; STRECKER, K. ; CARVALHO, F. S. G. ; SOUSA, B. F. . MICROSTRUCTURAL DEVELOPMENT OF TRIAXIAL CERAMIC MASSES USING ALBITE OR SPODUMENE. In: Congresso Internacional de Engenharia Mecânica, 2011, Natal. Anais do COBEM 2011, 2011. Resumos publicados em anais de congressos 1. SOUSA, B. F.; ARAUJO, A.G. ; PANZERA, T. H. ; RUBINGER, C. P. L. ; SCHIAVON, M. A. . Ceramic matrix composites derived from TiSi2-filled polysiloxane. In: X Encontro da SBPMat, 2011, Gramado. Anais do X Encontro da SPBMat 2011, 2011. 2. ARAUJO, A.G. ; SOUSA, B. F. ; EXNER, A.L.G. ; PANZERA, T. H. ; SCHIAVON, M. A. . Silicon oxycarbide (SiOC) and titanium oxycarbide (SiTiOC) derived-glasses from polysiloxanes prepared by the Sol-gel process. In: X Encontro da SBPMat, 2011, Gramado. Anais do X Encontro da SPBMat 2011, 2011. Apresentações de Trabalho 1. SOUSA, B. F. ; RUBINGER, C. P. L. ; PANZERA, T. H. ; SCHIAVON, M. A. . Ceramic Matrix Composites Derived from TiSi2-filled Polysiloxane. 2012. (Apresentação de Trabalho/Congresso). 2. SOUSA, B. F. ; SCHIAVON, M. A. ; PANZERA, T. H. . Thermal stability and mechanical properties of ceramic matrix composites derived from TiSi2-filled polysiloxane. 2012. (Apresentação de Trabalho/Congresso). 3. SOUSA, B. F. ; ARAUJO, A.G. ; PANZERA, T. H. ; RUBINGER, C. P. L. ; SCHIAVON, M. A. . Ceramic matrix composites derived from TiSi2-filled polysiloxane. 2011. (Apresentação de Trabalho/Congresso). vi Dedico este trabalho aos meus amados pais, Cida e Torquato, e também à minha irmã Flaviane. vii Agradecimentos Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto minha homenagem: Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e permitir que eu chegasse até aqui com saúde. Aos meus pais, Cida e Torquato, e também a minha maninha Flaviane pelo apoio e amor incondicional. Por sempre estarem ao meu lado em cada louca decisão que eu tomei até aqui. E também a todos os meus familiares e amigos de Divinópolis, que apesar da distância estiveram sempre comigo. Aos meus amigos de São João del-Rei, amigos verdadeiros conquistados aqui, que me apoiaram e estavam comigo não só nos momentos bons, nas baladas, mas também nos momentos difíceis e complicados, momentos de sufoco, momentos estes que se não fossem vocês não suportaria ficar longe de casa. Em especial, Mari, Joyce, Rapha, Camilinha, Tassy, Poly, Lucas, Júlio, Kaio, Vanessa e amigos de República, vocês sim, me aguentaram e fizeram a minha vida até aqui inesquecível. Obrigado por tudo, amo vocês. Aos amigos do Grupo de pesquisa em química de materiais (GPQM) que me deram muita força ajudando no meu crescimento e aprendizado dentro e fora do laboratório. Em especial Kayo, Lívia, Sabrina, Fernanda e Aloísio, que lá no início foram essenciais para o meu aprendizado no laboratório. E aos novos GPQMianos, Herisson, Brener, Daniela, Carol, Ellen, Isaac e demais por fazerem do nosso local de trabalho sempre mais interessante. Aos professores pelos quais tive a honra de conviver, tanto nas disciplinas cursadas, quanto nos corredores da UFSJ. Vocês contribuíram muito para o meu aprendizado nessa linha de pesquisa. Aos técnicos Alexsandro e Emílio, que me ajudaram na caracterização das amostras e me ensinaram a manusear os equipamentos. Por fim faço meu agradecimento especial a duas pessoas. Meus orientadores (quase desorientadores, risos). Primeiro a você Prof. Tulio Panzera que sem mesmo me conhecer “emprestou” o seu nome para que esse projeto fosse enviado ao CNPq. Obrigado pela confiança. E a você Prof. Marco Schiavon, você também sem mesmo me conhecer aceitou esse desafio de me orientar. Obrigado não só pelos viii ensinamentos e confiança depositados em mim, mas obrigado em especial por ser quem você é, um professor que não mede esforços para ajudar seus alunos, que briga, chinga e luta pelos direitos deles. Lá no início, quando ainda estava sem o auxílio financeiro, você se disponibilizou a me ajudar primeiro com a bolsa de apoio técnico e depois a escrever um projeto em tempo recorde para ser enviado ao CNPq. Obrigado por todas as vezes que me chamou a atenção, hoje sei que você não queria me deixar pra baixo ou me ridicularizar, mas sim, porque você acreditava no meu potencial, acreditava que eu poderia sempre ir mais além. Hoje não me considero apenas um aluno, mas um amigo que você pode contar sempre. Espero, de verdade, que algum dia eu possa retribuir tudo o que você fez pelo meu aprendizado e crescimento profissional. Obrigado por confiar em mim. A você dedico todo esse trabalho. ix “Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei”. Caio Fernando de Abreu x SUMÁRIO 1 – Introdução ............................................................................................. 1 1.1 – Polissiloxanos como Precursores Poliméricos ................................ 3 1.2 – Compósitos de matriz cerâmica (CMCs) a partir de precursores poliméricos .................................................................................................... 4 1.3 – Compósitos de Matriz Cerâmica à base de Titânio ......................... 8 2 – Objetivos ................................................................................................ 10 3 – Metodologia ........................................................................................... 11 3.1 – Preparação dos precursores poliméricos ........................................ 11 3.2 – Preparação dos compósitos de matriz cerâmica ............................. 11 3.3 – Pirólise dos precursores poliméricos ............................................... 12 3.4 – Caracterização dos Materiais .......................................................... 12 3.4.1 – Difração de Raios X (DRX) ....................................................... 12 3.4.2 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ............................ 12 3.4.3 – Análise Térmica Gravimétrica (ATG) e Termodiferencial (ATD) ............................................................................................................ 13 3.4.4 – Espectroscopia infravermelho com transformada de Fourier (IVTF) ............................................................................................................ 13 3.4.5 – Medidas de constante dielétrica ............................................... 13 3.4.6 – Testes de Microdureza Vickers (Hv) ........................................ 13 3.4.7 – Ensaios de flexão em três pontos ............................................ 14 4 – Resultados e Discussão ....................................................................... 16 4.1 – Obtenção de Vidros de Oxicarbeto de Silício via pirólise da rede de polissiloxanos ........................................................................................... 16 4.1.1 – Infravermelho com Transformada de Fourier (IVTF) ........... 18 4.1.2 – Análise termogravimétrica (ATG) e termodiferencial (ATD).. 20 xi 4.1.3 – Difratometria de Raios X (DRX) ........................................... 22 4.2 – Obtenção de compósitos de matriz cerâmica a partir de polissiloxano e carga reativa de TiSi2. .......................................................... 23 4.2.1 – Infravermelho com transformada de Fourier (IVTF) ............. 23 4.2.2 – Análise Termogravimétrica (ATG) e Análise Térmica Diferencial (ATD) .......................................................................................... 25 4.2.3 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ........................ 28 4.2.4 – Difratometria de Raios X (DRX) ........................................... 35 4.2.5 – Medidas de Constante dielétrica .......................................... 41 4.2.6 – Medidas de Ultra Microdureza Vickers ................................ 42 4.2.7 – Ensaios de Flexão em 3 pontos ........................................... 44 5 – Conclusões ............................................................................................ 48 6 – Referências Bibliográficas ................................................................... 50 xii Resumo Cerâmicas derivadas de polímeros é um campo da ciência dos materiais que tem despertado grande interesse, uma vez que tem um grande potencial para a produção de cerâmicas com composição, forma e porosidade controladas. Durante as duas últimas décadas muitas pesquisas tem sido relatadas sobre a preparação e propriedades de vidros a base de oxicarbeto de silício (SiOC) a fim de obter materiais cerâmicos avançados. Este trabalho tem por objetivo a preparação de compósitos de matriz cerâmica à base de vidros de oxicarbeto de silício utilizando TiSi2 como carga reativa. O polissiloxano foi preparado por reação de hidrossililação entre o homopolímero poli (metilsiloxano), (CH3HSiO)n (PMHS) e o oligômero cíclico 1,3,5,7-tetrametil-1,3,5,7-tetravinylciclotetrassiloxano (D4Vi) em razões de massa PMHS:D4Vi de 50:50 e 30:70, utilizando um catalisador de Pt. Após o processo de cura o polissiloxano foi triturado (200 mesh) e pó de TiSi2 (325 mesh) foi adicionado ao pó de polissiloxano em proporções de 5, 10, 20 e 30% em massa. A mistura foi pressionada uniaxialmente (~ 10 MPa) em um molde de aço, e a estabilização dos corpos verdes foi obtida por adição de uma quantidade do precursor ainda líquido. A conversão de polímero-cerâmica ocorreu através da pirólise sob atmosfera inerte (Ar) a temperaturas de 1000, 1250 e 1450ºC. As amostras foram analisadas por IVTF, DRX, MEV e TG/ATD. As propriedades mecânicas foram obtidas por meio de ensaios de flexão em três pontos e ultra microdureza. Medidas da constante dielétrica dos materiais foram realizadas. Os resultados de TG indicaram um rendimento cerâmico do polissiloxano a 1450ºC de 83% e 87% para as composições contendo 50:50 e 30:70 dos precursores, respectivamente. Esses rendimentos aumentaram com o aumento da carga reativa, sendo observado ainda um aumento de massa em temperaturas da ordem de 1200 – 1300ºC, indicando reação entre a carga e o material cerâmico obtido. Os compósitos apresentaram morfologia porosa e a porosidade diminuiu com quantidades crescentes de carga e aumento de temperatura de pirólise. Para ambas as composições do precursor, novas fases cristalinas foram observadas por DRX na temperatura de 1450ºC. Para a composição com menor teor de carbono no precursor (50:50) observou a formação de sílica no vidro, a qual foi consumida com o aumento da carga reativa. Para a xiii composição com maior teor de carbono no precursor (30:70) observou-se que o aumento da carga reativa, induziu a formação de sílica no compósito. As principais fases cristalinas observadas nesta temperatura foram de TiC, SiC e TiO2.A caracterização elétrica para o vidro e os compósitos obtidos a 1000 e 1250ºC sugerem que os materiais podem ser usados como isolantes elétricos. A dureza da fase vítrea dos compósitos aumentou com o aumento da temperatura de pirólise e o teor de carbono do precursor, sendo independentes do teor de carga reativa. Palavras chave: polissiloxanos, cerâmica derivada de polímero, compósitos de matriz cerâmica, SiTiOC. xiv Abstract Polymer-derived ceramics is a material science field that has attracted much interest since it has a great potential to produce ceramics with controlled composition, shape and porosity. During the last two decades much research efforts has been reported on preparation and properties of silicon oxycarbide glasses (SiOC) in order to obtain advanced ceramic materials. This work focuses on the preparation of ceramic matrix composites based on silicon and titanium oxycarbide glasses (SiTiOC) by pyrolysis of a siloxane network using TiSi2 as reactive filler. The polysiloxane was prepared by hydrosilylation reaction between the homopolymer poly(methylsiloxane), (CH3HsiO)n (PMHS) and the cyclic oligomer 1,3,5,7-tetramethyl-1,3,5,7- tetravinylciclotetrasiloxane (D4Vi) in a mass ratio PMHS:D4Vi of 50:50 and 30:70, using a Pt catalyst. After cure the polysiloxane was grinded (200 mesh) and TiSi2 powder (325 mesh) was added to the polysiloxane powder in proportions of 5, 10, 20 and 30wt%. The mixture was uniaxially pressed (~10 MPa) in a steel mould, and the stabilization of the green bodies were achieved by adding an amount of the liquid precursor. The polymer-to-ceramic conversion occurred through the pyrolysis under inert atmosphere (Ar) at temperatures of 1000, 1250 and 1500ºC. Samples were analyzed by FTIR, XRD, SEM, TG/DTA. The electrical and mechanical properties, such as the dielectric constant and three bending test, were evaluated in order to verify its use as electrical insulator. The TG results indicated a ceramic yield of polysiloxane at 1450ºC of 83% and 87% for compositions containing 50:50 and 30:70 of precursors, respectively. These yields increased with increasing reactive filler, and still observed an increase in mass at temperatures of the order of 1200 – 1300ºC, indicating reaction between the filler and the ceramic material obtained. The composites exhibited porous morphology and porosity decreases with increasing amounts of filler and increasing pyrolysis temperature. For both the precursor compositions, new crystal phases were observed by XRD at a temperature of 1450ºC. For the composition with lower carbon content in the precursor (50:50) showed the formation of silica glass, which was consumed with increasing reactive filler. For the composition with higher carbon content in the precursor (30:70) observed that increasing reactive filler, induced the formation of silica in the composite. The main crystalline phases observed in this temperature were TiC, SiC xv and TiO2. The electrical characterization for glass and the composites obtained at 1000 and 1250ºC suggest that materials can be used as electrical insulators. The hardness of the glassy phase of the composite increased with increasing pyrolysis temperature and carbon content of the precursor, being independent of the amount of reactive filler. Keywords: polysiloxanes, polymer-derived ceramics, ceramic matrix composites, SiTiOC. xvi Lista de figuras Figura 1 – Ilustração da pirólise de um polímero precursor, gerando um material com alta porosidade e retração (COLOMBO, et al., 2010). Figura 2 – Esquema da incorporação de carga reativa em polímeros precursores, gerando compósitos de matriz cerâmica (COLOMBO, et al., 2010). Figura 3 – Imagem dos corpos verdes de polissiloxano e polissiloxano contendo TiSi2 em diferentes proporções. Figura 4 – Ilustração dos moldes de aço inox utilizados. A: vista frontal da parte intermediária; B: vista frontal das partes superior e inferior; C: vista lateral. Figura 5 – Estrutura molecular idealizada da rede polimérica de polissiloxano estudada. Figura 6 – Espectros infravermelhos da rede de polissiloxano C1 e dos precursores usados nesse trabalho. Figura 7 – Curvas de TG/ATD das redes de polissiloxano: a) C1 e b) C2 (Nitrogênio; 20°C/min). Figura 8 – Difratogramas de raios X das redes de polissiloxano a) C1 e b) C2. Figura 9 – Espectros infravermelho dos compósitos derivados da rede de polissiloxano C1 com diferentes concentrações de titânio obtidos em diferentes temperaturas: a) 1000 ºC, b) 1250 ºC e c) 1500 ºC. Figura 10 – Espectros infravermelho dos compósitos derivados da rede de polissiloxano C2 com diferentes concentrações de titânio obtidos em diferentes temperaturas: a) 1000 ºC, b) 1250 ºC e c) 1500 ºC. Figura 11 – Curvas de TG/ATD do polissiloxano contendo diferentes quantidades de titânio obtidos a partir de C1 (Nitrogênio; 20°C/min). Figura 12 – Curvas de TG/ATD do polissiloxano contendo diferentes quantidades de titânio obtidos a partir de C2 (Nitrogênio; 20°C/min). Figura 13 – Curvas de TG/ATD da carga reativa de TiSi2 (Nitrogênio; 20°C/min). Figura 14 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C1 a 1000 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. xvii Figura 15 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C1 a 1250 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. Figura 16 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C2 a 1000 ºC preparados com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. Figura 17 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C2 a 1250 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. Figura 18 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C1 a 1500 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. Figura 19 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C2 a 1500 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. Figura 20 – Difratogramas de Raios X dos compósitos derivados da rede C1 pirolisados a: a) 1000 ºC e b) 1250ºC. Figura 21 – Difratogramas de Raios X dos compósitos derivados da rede C2 pirolisados a: a) 1000 ºC e b) 1250ºC. Figura 22 – Difratogramas de Raios X dos compósitos pirolisados a 1500 ºC derivados das redes: a) C1 e b) C2. xviii Lista de Tabelas Tabela I – Principais bandas observadas nos espectros de infravermelho da rede de polissiloxano. Tabela II – Constante dielétrica dos compósitos obtidos a partir da rede C1. Tabela III – Micro Dureza Vickers e Módulo de Elasticidade dos compósitos obtidos por pirólise à 1000 e 1250 ºC, em função da quantidade de TiSi2. (Carga 500mN). Tabela IV – Módulo de Elasticidade dos compósitos obtidos por pirólise à 1000 e 1250 ºC, em função da quantidade de TiSi2. xix Lista de Abreviaturas e Siglas SiOC Oxicarbeto de Silício SiTiOC Oxicarbeto de silício e titânio TiSi2 Siliceto de Titânio CMC Compósito de matriz cerâmica PMHS poli (metilsiloxano) D4Vi 1,3,5,7-tetrametil-1,3,5,7-tetravinylciclotetrassiloxano PDCs Cerâmicas derivadas de polímeros Si3N4/SiC Nitreto de silício/Carbeto de silício SiCxO4-x Oxicarbeto de silício (0 ≤ x ≤ 4) SiC Carbeto de silício SiO2 Sílica TiO2 Óxido de titânio AFCOP Active-Filler-Controlled Polymer Pyrolysis TiN Nitreto de titânio TiC Carbeto de titânio C1 Rede de polissiloxano (PMHS:D4Vi de 50:50 em massa) C2 Rede de polissiloxano (PMHS:D4Vi de 30:70 em massa) DRX Difração de Raios X MEV Microscopia Eletrônica de Varredura ATG Análise Térmica Gravimétrica ATD Análise Termodiferencial IVTF Espectroscopia infravermelho com transformada de Fourier xx 1 – Introdução A ciência e engenharia dos materiais ainda enfrentam muitos problemas na obtenção de novos materiais. Muitas das nossas tecnologias modernas requerem materiais com propriedades que não podem ser atendidas pelos materiais convencionais. Desta forma, cientistas e engenheiros têm combinado vários metais, cerâmicas e polímeros para produzir gerações de materiais com propriedades extraordinárias, dependentes das propriedades de suas fases constituintes (CALLISTER, 2002). A química tem dois grandes papéis quando aplicada às cerâmicas. Primeiro, a síntese de novos materiais cerâmicos, pois as cerâmicas de maior aplicabilidade técnica são os carbetos, nitretos e óxidos dos principais elementos dos grupos III e IV (B, Al e Si) ou de metais de transição como Ti, Zr, Mo e W. Segundo, o aproveitamento destas cerâmicas requer, além de métodos para sua síntese, técnicas para sua produção não somente como pó, mas também como filmes, fibras, monolitos ou mesmo pós com tamanho de partículas controladas (CALLISTER, 2002). Desta forma, a síntese e manufatura de cerâmicas ocupam a interface entre estudos convencionais em química e ciências dos materiais. A produção de cerâmicas, a partir da pirólise de precursores poliméricos, apresenta muitas vantagens sobre o método convencional de preparação de cerâmicas que utiliza prensagem e sinterização. A pirólise de precursores possibilita a utilização de materiais de partida de alta pureza, temperaturas de processamento mais baixas (entre 800 e 1500ºC) em comparação às cerâmicas convencionais, recursos de controle microestruturais, controle na composição da cerâmica, maior precisão geométrica, além de permitir, como no Processo Sol-Gel, aplicabilidade de tecnologias versáteis de moldagem em formas complexas como filmes para recobrimento de superfícies, fibras contínuas (LAINE and BABONNEAU, 1993), além de poder atuar como agregante de pós (SCHIAVON, et al., 2002). Devido à sua elevada estabilidade térmica e química, resistência ao choque térmico, baixa densidade e dureza elevada, estes materiais cerâmicos têm sido recentemente empregados como materiais estruturais resistentes à alta temperatura, fibras, revestimentos, suportes de catalisadores, e ânodos em baterias de íon de lítio 1 recarregáveis, além de elementos de aquecimento em velas para motores a diesel e discos de freio para veículos (AKKAŞ, et al., 2006; NYCZYK, et al., 2011). A pirólise de precursores poliméricos na síntese de cerâmicas desperta grande interesse, pois têm maior potencial de produzir cerâmicas com propriedades desejadas (RIEDEL and DRESSLER, 1996), uma vez que combinações de polímeros, cargas, e da atmosfera podem resultar em uma variedade de novos materiais cerâmicos compósitos (SCHIAVON, et al., 2002). Dependendo da composição do polímero de partida, o processo de cura e a atmosfera de pirólise têm sido apontados como variáveis que podem alterar a composição da fase vítrea e controlar a natureza e as propriedades do produto cerâmico. A quantidade de C, Si e N nos polímeros de partida e da atmosfera podem refletir na composição e propriedades do material cerâmico final (HALUSCHKA, et al., 2000). A microestrutura dos materiais derivados, está fortemente relacionada a composição do precursor (SCHIAVON, et al., 2002). No entanto, uma questão ainda em discussão neste domínio é o papel desempenhado pela arquitetura do polímero, isto é, os diferentes arranjos moleculares de mesmas unidades estruturais, no controle da nanoestrutura e, consequentemente, das propriedades da cerâmica final. Na verdade, há poucos trabalhos relatados em que a organização molecular do polímero precerâmico é importante para o desenvolvimento da nanoestrutura cerâmica. No entanto, na maior parte destes estudos, os polímeros de partida não são completamente isoméricos, pela razão de junto com a mudança da arquitetura do polímero uma modificação importante na composição química também geralmente ocorre (DIBANDJO et al., 2010). No início de 1960, Ainger e Herbert (1960), Chantrell e Popper (1965) relataram a produção de monóxidos cerâmicos a partir de precursores moleculares. Dez anos mais tarde, Verbeek et al. (1973) apresentaram pela primeira vez um polímero adequado, a base de polissilazanos, polissiloxanos e policarbossilanos a fim de produzir fibras cerâmicas de Si3N4/SiC de pequeno diâmetro para aplicações de alta temperatura. Um progresso significativo na ciência dos PDCs foi conseguido por Fritz e Raabe (1956) e também por Yajima et al. (1975) sobre a síntese de materiais cerâmicos de SiC pela termólise de policarbossilanos. A partir destes trabalhos uma grande variedade de precursores de materiais cerâmicos tem sido preparada, 2 principalmente nos sistemas Si-N, Si-C-N, Si-O-C e Si-C-O-N (GREIL, 2000; KROKE, et al., 2000). 1.1 - Polissiloxanos como Precursores Poliméricos Dentre os polímeros precursores, os polissiloxanos são materiais relativamente baratos, apresentam considerável estabilidade térmica e possuem excelentes propriedades elétricas e acentuado caráter hidrofóbico, baixa tensão superficial e baixa temperatura de transição vítrea. Comparados aos polímeros livres de oxigênio, polissiloxanos são mais fáceis de manusear e de serem processadas sob condições ambientais e apresentam numerosas aplicações industriais como isolantes elétricos, agentes anti-espumantes, membranas, adesivos (MORETO, et al., 1989). Além da vantagem de sua estabilidade ao ar, os métodos químicos para os processos de reticulação são bem estabelecidos (THOMAS, 1993), sendo capazes de gerar estruturas bastante reticuladas, minimizando a eliminação de moléculas de baixa massa molar, que são freqüentemente responsáveis pela perda de massa a temperaturas relativamente baixas (GREIL, 2000). Podem ser facilmente sintetizados por polimerização de abertura de anel de oligômeros de siloxano cíclicos ou por policondensação dos compostos apropriados. Devido às propriedades de formação de filmes, polissiloxanos são aplicadas para produzir uma variedade de revestimentos funcionais. Além disso, polissiloxanos reticulados podem ser preparados via policondensação dos monômeros devidamente projetados ou através de reticulação dos polímeros que contêm grupos reativos mais adequados. Esta característica é particularmente importante, uma vez que se sabe que, a fim de obter altos rendimentos de materiais cerâmicos, é necessário usar polímeros reticulados, como precursores (NYCZYK, et al., 2011). Devido a todas estas vantagens, polissiloxanos têm recebido atenção como precursores de vidros de oxicarbeto (RADOVANOVIC, et al., 1999; SCHIAVON, et al., 2002). É bem fundamentado na literatura que os vidros de oxicarbeto de silício obtidos por meio da pirólise de polímeros de silício, como os polissiloxanos são materiais amorfos cuja composição corresponde à de sílica em que alguns dos átomos de oxigênio são substituídos por outros de carbono e, portanto, eles podem ser representados pela fórmula geral SiCxO4-x (0 ≤ x ≤ 4), ou simplesmente SiOC, 3 contendo ainda uma fase dispersa de C amorfo (PANTANO, et al., 1999; NYCZYK, et al., 2011)]. Átomos de silício estão ligados tanto a átomos de oxigênio, quanto a átomos de carbono. Entretanto, não há ligações entre oxigênio e carbono (PANTANO, et al., 1999). Estes vidros são geralmente conhecidos como “black glasses” devido à cor preta característica do produto pirolisado, atribuída à presença de carbono residual. Usualmente, esta fase de carbono é difícil de ser caracterizada, e, apresenta-se numa concentração total que excede à quantidade que está diretamente ligada à rede (RADOVANOVIC, et al., 1999; RENLUND, et al., 1991). A quantidade de carbono no resíduo pirolítico depende da estrutura do precursor, da natureza dos substituintes orgânicos e das condições de pirólise como: temperatura, tempo e atmosfera (BOIS, et al., 1995). Por exemplo, o conteúdo de carbono na matriz amorfa de SiCxO4-x, obtido pela pirólise de uma resina de poli(metilsiloxano) é de cerca de 10% em massa (GREIL, 1995). Deste modo, estes precursores têm atraído um interesse particular na síntese de vidros de oxicarbeto de silício, como um caminho para se melhorar as propriedades térmicas e mecânicas de vidros à base de sílica (ROUXEL, et al., 1999). Quando comparados aos vidros de quartzo convencionais, os vidros de oxicarbeto de silício apresentam propriedades vantajosas como temperatura de transição vítrea mais elevada, propriedades mecânicas adequadas e maior resistência à cristalização. Em temperaturas superiores a 1300ºC, os vidros de oxicarbeto de silício sofrem reações de redistribuição dos sítios de silício segregando-se nas fases mais termodinamicamente estáveis como SiC e SiO2, para em seguida sofrerem reações de redução carbotérmica gerando SiC e carbono residual. Portanto, "Black glasses" não podem ser produzidos durante a fabricação do vidro convencional, o qual requer temperaturas elevadas. Assim, a rota de polímero precerâmico é, até o momento, a mais adequada para a preparação destes materiais (NYCZYK, et al., 2011). 1.2 - Compósitos de matriz cerâmica (CMCs) a partir de precursores poliméricos A maior limitação encontrada na preparação de monolitos a partir de precursores poliméricos, entretanto, é a grande retração decorrente do aumento acentuado de massa específica durante a conversão do polímero à cerâmica. A 4 massa específica aumenta tipicamente por um fator de 2 a 3 a partir do precursor polimérico (ρ ~ 1-1,5 g/cm3) para o produto cerâmico (SiO2 ρ ~ 2,2-2,6 g/cm3; Si3N4 e SiC ρ ~ 3,2 g/cm3) (GREIL, 1995). Quando as mudanças estruturais na fase polimérica não podem ser relaxadas por fluxo viscoso ou por processo de difusão, a retração do produto pirolisado pode ser superior a 50 % em volume, dando origem a trincas ou à formação de poros, destruindo assim a integridade do monolito. Assim, torna-se um grande desafio o preparo de uma peça cerâmica compacta e densa a partir da pirólise de polímeros. A Figura 1 ilustra o processo de pirólise de um precursor polimérico cujo material cerâmico final apresenta porosidade residual e alta retração. Precursor Cerâmica apresentando retração Cerâmica apresentando porosidade / trincas Figura 1 – Ilustração da pirólise de um polímero precursor, gerando um material com alta porosidade e retração (COLOMBO, et al., 2010). A redução da retração e a geração de poros durante a conversão do polímero à cerâmica são consideradas aspectos chave para o uso deste processo na fabricação de componentes monolíticos facilmente moldáveis. Na prática, entretanto, o que se observa é uma combinação de porosidade e retração. Por outro lado, a utilização de cerâmicas como materiais estruturais, requer o desenvolvimento de técnicas de processamento de pós cerâmicos, capazes de resistir a diferentes condições de operação (COLOMBO, et al., 1998). A limitação de técnicas de agregação, leva em muitos casos, a uma limitação na utilização de todo o potencial dos materiais cerâmicos. Polímeros orgânicos como poli(álcool vinílico) e 5 poli(butiral vinílico), têm sido utilizados como agregantes de pós cerâmicos como SiC e Si3N4 (SEYFERTH and CZUBAROW, 1994) facilitando a moldagem da mistura com viscosidade apropriada. Isto, no entanto, traz algumas desvantagens como a evolução de substâncias voláteis, devido à queima do agregante durante o processo de pirólise do corpo cerâmico, o que na ausência de porosidade aberta produz um material com microestrutura irregular. Além disso, a pirólise do material orgânico pode resultar em uma quantidade excessiva de carbono residual e o corpo cerâmico sinterizado apresenta, geralmente, uma retração linear da ordem de 20% (GREIL, 1998). Sistemas envolvendo polímeros pré-cerâmicos e pós cerâmicos evitam estes problemas, pois dão origem a produtos com altos rendimentos cerâmicos, minimizando a evolução de compostos voláteis e a retenção de carbono residual (LEWIS, et al., 1994). Desta forma, polímeros precursores podem atuar, com excelência, como agregantes para pós cerâmicos na produção de peças cerâmicas de formas complexas. Sistemas que levam em consideração esta estratégia têm sido desenvolvidos com uma variedade de precursores poliméricos, adicionados a pós de SiC (SCHIAVON, et al., 2001), Si3N4, tentando minimizar assim os problemas inerentes à conversão do polímero à cerâmica. Greil (1995) propôs a utilização de cargas capazes de reagir com os subprodutos da degradação térmica dos polímeros ou mesmo com as próprias moléculas dos gases utilizados no processo, gerando assim, em altas temperaturas, carbetos ou nitretos, como possíveis novas fases cerâmicas, minimizando a retração e a porosidade residual. Desta forma, esta carga foi denominada reativa, ao contrário, das descritas anteriormente, classificadas como inertes. O processo envolvendo a pirólise de precursores poliméricos em presença de carga reativa ficou conhecido como AFCOP (Active-Filler-Controlled Polymer Pyrolysis). Neste método, o polímero é preenchido parcialmente com as partículas reativas, que após a pirólise, sob condições apropriadas, geram componentes monolíticos sem rachaduras e com taxas de retração e porosidade controladas, além de uma nova fase cerâmica (AKKAŞ, et al., 2006). A Figura 2 ilustra esquematicamente a utilização de carga reativa, na obtenção de monólitos cerâmicos a partir de precursores poliméricos. 6 Entretanto, devido à diferença de valores de massas específicas entre o precursor polimérico e as cargas reativas, é ainda um desafio variar a composição de cargas reativas na matriz polimérica. Desta forma, é possível notar que algumas porosidades residuais tipicamente permanecem no produto cerâmico final. No entanto, os componentes de grandes dimensões com formas complexas podem ser produzidos a temperaturas de processamento mais baixas (<1500ºC), com propriedades que dependem em grande parte da quantidade e tipo das cargas adicionadas e do grau de reação de carga alcançado (COLOMBO, et al., 2010). Figura 2 – Esquema da incorporação de carga reativa em polímeros precursores, gerando compósitos de matriz cerâmica (COLOMBO, et al., 2010). Com a incorporação de cargas reativas, ocorrem reações entre as partículas reativas e o precursor, o que tipicamente resulta em uma expansão de volume do produto da reação, em comparação com os compostos de partida. Esta expansão pode neutralizar a retração durante a densificação e pode levar a uma rede entrelaçada formando componentes livres de trincas. Uma variedade de compósitos de matriz cerâmica tem sido descritos, usando combinações de polímero precerâmico adequado e cargas reativas tais como Alumínio (Al), Boro (B), Silício (Si), Titânio (Ti), Siliceto de Cromo (CrSi2), Molibdênio (Mo), Siliceto de Molibdênio (MoSi2), Zircônio (Zr) e Siliceto de Titânio (TiSi2) para obter carbetos, nitretos, ou óxidos como produtos da reação (AKKAŞ, et al., 2006; Schiavon and Yoshida, 2004; 7 Greil, 1998). Assim, misturas de pós e precursores poliméricos constituem sistemas com enormes vantagens e potencial para a preparação de compósitos e para a formação de cerâmicas estruturais em formas complexas. 1.3 - Compósitos de Matriz Cerâmica à base de Titânio CMCs à base de titânio tem atraído bastante atenção dos pesquisadores por causa das propriedades mecânicas, químicas e térmicas superiores de materiais à base deste elemento. Até agora, uma variedade de materiais baseados em Ti como nitreto de titânio, siliceto e carbeto têm sido estudados como materiais potenciais para aplicações estruturais de alta temperatura e para aplicações na indústria eletrônica. Especialmente, TiN tem recebido mais atenção devido à sua dureza elevada e alta temperatura de fusão, tornando-se um material útil para o revestimento de ferramentas de corte para a obtenção de dureza e melhor resistência ao desgaste. Além disso, a sua boa condutividade elétrica torna um importante condutor elétrico de cerâmica para uso em cadinhos de autoaquecimento ou como um condutor para a aplicação eletrônica (KIM and KUMTA, 2003). Sabe-se que alcóxidos de titânio podem atuar como agentes de reticulação entre as unidades de organosilicio e como catalisadores para reações de condensação de siloxanos (BABONNEAU, 1994). A utilização de alcóxidos de titânio para produzir materiais híbridos pelo processo sol-gel pode também conduzir a estruturas de fase separadas com partículas de TiO2 incorporados em uma matriz de polímero orgânico. Por outro lado, a supressão a alta temperatura de crescimento de cristais de β-SiC durante o tratamento térmico de um polímero contendo titânio como precursor para fibras de SiC-TiC podem ser observadas. Vidros que incorporam óxidos de metais de transição levam a um larga variedade de possíveis materiais vítreos com singulares propriedades físicas e aplicações em telecomunicações, fotônica e dispositivos ópticos não-lineares (BAKI and DIASTY, 2006; TÉLLEZ, et al., 2009). Existem vários métodos relatados para a fabricação de compósitos cerâmicos à base de Ti. Por exemplo, moldagem e sinterização de cerâmicas TiN foram realizados por vias convencionais de processamento cerâmico, tais como a 8 sinterização sem pressão, sinterização convencional, prensagem a quente e síntese de auto-propagação de temperatura elevada para a densificação (THOMSON, 1995). Além disso, Ti5Si3 tem sido preparado por vários métodos, incluindo a fusão por arco de Si e Ti, prensagem à quente isostática ou prensagem a quente de pós Ti5Si3 para aplicação estrutural a alta temperatura (LI, et al., 2002). 9 2 – Objetivos O presente trabalho teve como objetivo obter compósitos de matriz cerâmica à base de oxicarbeto de silício (SiOC) e compósitos de carbeto de silício e carbeto de titânio (SiC/TiC), a partir da pirólise de polissiloxanos, obtidos via reações de hidrossililação, e carga reativa de TiSi2. O efeito da adição de diferentes teores de carga reativa de TiSi2, a composição e a morfologia dos materiais finais obtidos em diferentes temperaturas foram estudados. A microdureza, bem como a medida da constante dielétrica também foram investigadas. 10 3 – Metodologia 3.1 – Preparação dos precursores poliméricos A rede de polissiloxano foi preparada por reação de hidrossililação entre grupos Si-H e Si-CH=CH2 do homopolímero poli(metilssiloxano), ((CH3)HSiO)n (PMHS) com o oligômero cíclico 1,3,5,7-tetrametil-1,3,5,7-tetravinilciclotetrasiloxano (D4Vi) utilizando um catalisador de Platina terminado em vinil. As razões das composições em massa dos precursores poliméricos (PMHS: D4Vi) foram 50:50 e 30:70, codificados como C1 e C2, respectivamente. Os precursores juntamente com o catalisador foram agitados por quinze minutos. Após esse tempo o polímero foi transferido para uma placa de Teflon® para o processo de cura, na qual permaneceu por três dias. Após esse período o polímero foi transferido para uma placa de Petri e colocado numa estufa a 100ºC, na qual permaneceu por vinte e quatro horas para uma cura adicional. 3.2 – Preparação dos compósitos de matriz cerâmica CMCs foram preparados pela pirólise de uma mistura do polímero precursor na presença de carga reativa de siliceto de titânio (TiSi2). Diferentes proporções entre o polímero precursor e cargas reativas foram utilizadas para gerar, após pirólise, sob atmosfera inerte, CMCs consolidados. Após o procedimento de cura, a rede de polissiloxano foi triturada (200 mesh) e pó de TiSi2 (325 mesh) foi adicionado em proporções de 5, 10, 20 e 30% em massa. A mistura foi prensada uniaxialmente (~ 10 MPa) em um molde de aço por aproximadamente trinta segundos. O molde de aço utilizado foi o mesmo para fazer as pastilhas da caracterização por IVTF. A estabilização dos corpos verdes foi conseguida por adição de uma pequena quantidade do precursor líquido ao prensar o corpo de prova. Outra etapa de cura adicional foi realizada em temperatura ambiente por três dias e posteriormente em estufa a 100ºC por 24 horas. Em seguida o material foi pirolisado sob atmosfera inerte de Argônio. A Figura 3 ilustra as amostras obtidas após a prensagem da mistura. 11 Figura 3 – Imagem dos corpos verdes de polissiloxano e polissiloxano contendo TiSi2 em diferentes proporções. 3.3 – Pirólise dos precursores poliméricos A conversão de polímero a cerâmica ocorreu por meio da pirólise sob atmosfera inerte de Argônio a temperaturas de 1000, 1250 e 1450ºC realizadas em um forno tubular equipado com um tubo de alumina interno e um controlador de temperatura, sob atmosfera de fluxo de argônio (100 mL/min). Um típico ciclo de aquecimento foi estabelecido a partir da temperatura ambiente até à temperatura final, a 5ºC/min, mantendo as amostras em cada temperatura (1000, 1250 e 1450ºC) durante 60 minutos. Após esse tempo o forno foi resfriado naturalmente até à temperatura ambiente, mantendo o fluxo de Argônio até o seu resfriamento. 3.4 – Caracterização dos materiais A caracterização dos materiais de partida, bem como dos precursores preparados e tratados termicamente foi realizada pelas seguintes técnicas: 3.4.1 - Difração de Raios X (DRX); Esta técnica foi utilizada para avaliar o grau de cristalinidade, pureza e presença de fases cristalinas no material. As análises por difratometria de raios X, foram efetuadas em um difratômetro de Raios X Shimadzu XRD 6000 utilizando-se radiação CuKα (1,5418 Å), com uma tensão de 30 kV e corrente de 20 mA, em um intervalo de 10 a 80º, em amostras pulverizadas. 3.4.2 - Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV); A análise morfológica dos materiais foi realizada através da observação das superfícies de fratura das amostras em um microscópio eletrônico de varredura Hitachi MEV– TM 3000, com 12 voltagem de aceleração de 15 kV. As amostras foram acondicionadas em um portaamostra metálico, e fixadas com o auxilio de uma fita adesiva de carbono. 3.4.3 - Análise Térmica Gravimétrica (ATG) e Termodiferencial (ATD); Estas técnicas foram utilizadas para avaliar a estabilidade térmica do material durante a pirólise determinando possíveis transições de fase. As análises termogravimétricas e termodiferenciais das amostras foram efetuadas em uma termobalança Shimadzu DTG-60H. Amostras de ~20 mg foram aquecidas a partir da temperatura ambiente até 1300ºC, com taxa de aquecimento de 20ºC/min, sob fluxo constante de nitrogênio (50 mL/min). Para os polímeros PMHS e D4Vi foram realizadas análises sob atmosfera oxidante (ar sintético). 3.4.4 – Espectroscopia infravermelho com transformada de Fourier (IVTF); Esta técnica foi utilizada para informações da estrutura molecular destes materiais. Os espectros de infravermelho foram obtidos em um espectrômetro Perkin-Elmer, Spectrum-GX, operando no modo de transmissão entre 4000 e 400 cm-1 e com resolução de 2 cm-1 acumulando 32 espectros. Para as amostras líquidas utilizou-se a técnica de transmissão, com a amostra na forma de filme entre janelas de KBr. Para amostras sólidas utilizou-se a técnica convencional de pastilhas de KBr obtidas por um molde de aço sob uma pressão de ~10 MPa. 3.4.5 – Medidas de constante dielétrica: medições dielétricas foram realizadas à temperatura ambiente utilizando um Good Will Instrument Co. Ltda. LCR-8101G na faixa de frequência de 20 Hz a 1 MHz, e de amplitude de tensão sinusoidal de 1,0 Vrms no bias field. Para as medições, os lados opostos das amostras foram pintados com pasta de prata. As medidas das amostras foram realizadas no laboratório de materiais para engenharia da UNIFEI (MG) em colaboração com a Profa. Dra. Carla Patricia Lacerda Rubinger. 3.4.6 – Testes de Micro dureza Vickers (Hv) foram realizados em um ultramicrodurômetro DUH-211S. As amostras foram embutidas em uma resina acrílica (RenLam M) previamente preparada com endurecedor (Ren HY 956). Após o período de cura da resina de 7 dias, as amostras foram lixadas e polidas utilizando 13 uma série de lixas d’água de granulação 800 a 1500. Para o polimento foi utilizada uma pasta de alumina - 1μ (CAS Nº1344-28-1). Utilizou-se um indentador Galileo, com carga de indentação de 500.00 mN. Três indentações de 5 s cada foram realizadas em partes diferentes de cada amostra a fim de se obter o valor da dureza de cada uma delas. Através do teste de dureza foi possível obter também o Módulo de Elasticidade das amostras, que é dado pelo próprio ultramicrodurômetro. A equação de Vickers usada para calcular a dureza é (VOORT, 1989): 2 Lsen 2 1,8544 L H 2 d d2 (Eq. 1) em que: d é a diagonal média da indentação (mm), L é a carga aplicada (N) e α é o angulo da face do cristal (136º). Assim, o valor de dureza obtido desta fórmula resulta na unidade MPa que é corrigida para GPa. 3.4.7 – Ensaios de flexão em três pontos foram realizados sobre corpos pirolisados (100 x 8 x 2 mm3) em uma máquina EMIC DL500, de acordo com a norma ASTM C1161-94 – Standard Test Method for Flexural Strength of Advanced Ceramics at Ambient Temperature. Utilizou-se velocidade de ensaio de 0,5 mm/min e a razão entre a distância entre apoios:espessura de 30:1. Todos os valores experimentais foram obtidos de uma média de, pelo menos, 5 amostras. As equações padrões utilizadas para se calcular a resistência à flexão ( ) e o módulo de flexão (E), em um teste de flexão de três pontos são, respectivamente (MENCÍK, 1992): 3.P.L 2.b.t 2 E .L2 6.d .t (Eq. 2) em que: P é a carga, L é a distância entre apoios, b é a largura do corpo de prova, t é a espessura do corpo de prova, d é a deflexão no ponto médio do mesmo. A Figura 4 ilustra o molde utilizado para a obtenção das amostras. 14 Figura 4 – Ilustração dos moldes de aço inox utilizados. A: vista frontal da parte intermediária; B: vista frontal das partes superior e inferior; C: vista lateral. 15 4 – Resultados e Discussão 4.1 – Obtenção de Vidros de Oxicarbeto de Silício via pirólise da rede de polissiloxanos A rede de polissiloxano foi obtida através da reação de hidrossililação entre o homopolímero poli(metilssiloxano), ((CH3)HSiO)n (PMHS) com o oligômero cíclico 1,3,5,7-tetrametil-1,3,5,7-tetravinilciclotetrassiloxano (D4Vi) que promove a adição de grupos hidrogenossilanos (Si-H) e vinilssilanos (Si-CH=CH2) utilizando um catalisador de Platina. Estes precursores foram selecionados por terem sido extensivamente estudados e seus mecanismos de pirólise serem bem conhecidos, podendo ser facilmente pirolisados a vidro SiOC e obtidos sob a forma de discos finos de 5-10mm de diâmetro e cerca de 1-1,5 mm de espessura e como filmes finos (SORARÙ, et al., 2012), são materiais relativamente baratos, fáceis de manusear e processar sob condições ambientais. Além disso, aparecem como um líquido de baixa viscosidade o qual se solidifica via hidrossililação sem grandes alterações de volume e peso, o que é particularmente favorável para a moldagem do líquido e microfabricação de microestruturas cerâmicas (XIANG LIU, et al., 2009). Além da vantagem de sua estabilidade ao ar, os métodos químicos para os processos de reticulação são bem estabelecidos (THOMAS, 1993), sendo capazes de gerar estruturas bastante reticuladas, como pode ser observado no esquema da Figura 5. 16 CH 3 CH 3 Si H O CH 3 Si O CH 3 Si Si CH 3 Si O O Si Si O Si O Si Si O O O Si H O Si Si O O O Si O Si Si Si Si Si O Si O Si Si Si O Si Si Si Si Si O O O O Si Si Si O Si O O O Si Si O Si Si O Si D 4V i O Si O O PMHS O Si Si 21 Si O O CH 3 O O Si Si Si Si O O O O O Si Si O O Si O Si O Si O Si Si Figura 5 – Estrutura molecular idealizada da rede polimérica de polissiloxano estudada. A reticulação de siliconas em geral, pode ser conduzida à temperatura ambiente, dando origem às borrachas de silicona vulcanizadas RTV (Room Temperature Vulcanizing) (MORETO, et al., 1989; THOMAS, 1993). Dentre os métodos disponíveis utilizados para promover esta vulcanização, a reação de hidrossililação vem sendo cada dia mais utilizada, devido à sua versatilidade. Em contraste às demais reações de cura de siliconas, como aquelas envolvendo a reação de condensação, a hidrossililação não leva à formação de subprodutos, nem à liberação de compostos voláteis. Além disso, em muitos casos a reação pode ser realizada na ausência de solvente, facilitando a obtenção de materiais sem trincas ou rachaduras. A reação é bastante simples, envolve a adição de uma ligação silício-hidrogênio (Si-H) a uma ligação insaturada carbono-carbono (C=C), catalisada por um metal, geralmente Pt” (THOMAS, 1993; OJIMA, 1989). Neste caso, há dois modos possíveis de adição à dupla ligação, adição na posição α ou na posição β, como esquematizado abaixo: 17 Geralmente, o polímero base contém grupos Si-vinil nas cadeias laterais. Compostos metilhidrogenossiloxano (cíclico ou polimérico), podem ser usados como agentes de reticulação e a reação de adição é seletiva, dando origem principalmente a pontes Si CH 2 CH 2 Si (RADOVANOVIC, et al., 1999). 4.1.1 – Infravermelho com Transformada de Fourier (IVTF) A rede polimérica de polisiloxano foi caracterizada por espectroscopia na região do infravermelho (IVTF). O espectro infravermelho da rede polimérica bem como dos precursores é apresentado na Figura 6. As principais bandas de vibração observadas nos espectros IVTF estão apresentadas na Tabela I. PMHS D4Vi Transmitância / u.a. Rede C1 b f a g e a c b j h i d f e g h a c 4000 3500 3000 d b f e 2500 j g 2000 1500 Numero de onda / cm h 1000 j 500 -1 Figura 6 – Espectros infravermelho da rede de polissiloxano C1 e dos precursores usados nesse trabalho. 18 Tabela I – Principais bandas observadas nos espectros de infravermelho da rede de polissiloxano (LIU, et al., 2009). Vibração Posição das bandas Posição das bandas Símbolo característica na literatura (cm-1) observadas (cm-1) νas C-H CH3 ~ 2962 ~ 2966 a νas C-H CH2 ~ 2926 ~ 2902 b νs C-H CH3 ~ 2872 ~ 2919 c νs C-H CH2 ~ 2853 ~ 2886 d ν Si-H ~ 2170 ~ 2167 e δas CH3 ~ 1410 ~ 1409 f ν Si-CH3 ~ 1260 ~ 1260 g ν Si-O-Si ~ 1090 ~ 1090 h ν C-H ~ 870 ~ 841 i δ Si-CH3 ~ 770 ~ 787 j De acordo com a Figura 6, tanto nos espectros dos precursores como no espectro da rede, é possível notar uma banda em ~ 2170 cm-1, que é atribuída ao estiramento da ligação Si-H. É importante mencionar, para as reações de hidrossililação as bandas correspondentes a grupos vinil e SiH são de particular interesse uma vez que indicam a formação dos pontos de reticulação em todo processo. (NYCZYK, et al., 2011). Nestes espectros, as bandas localizadas na região de ~ 2970 cm-1 e ~ 870 cm-1 estão associadas a estiramentos assimétricos e simétricos das ligações C-H, e as bandas presentes na faixa de 1410 cm-1, 1260 cm1 e ~ 770 cm-1 estão relacionadas a deformações assimétricas e simétricas das ligações C-H de grupos Si(CH3). Uma banda dupla localizada por volta de 1090 cm-1 foi observada nos espectros tanto dos precursores quanto da rede de polissiloxano, e está associada a estiramentos das ligações Si-O-Si. O alargamento dessa banda observado na rede de polissiloxano está associado à reação de reticulação entre os precursores (NYCZYK, et al., 2011). 19 4.1.2 – Análise termogravimétrica (ATG) e termodiferencial (ATD) O início do processo de degradação térmica de polissiloxanos é atribuído, principalmente, a reações de degradação que ocorrem através de rearranjos inter e intracadeias, gerando estruturas cíclicas voláteis, esta degradação também está relacionada com a possível liberação de água retida na estrutura do polímero (SCHIAVON, 2002). Por exemplo, o poli(dimetilsiloxano) linear (PDMS), com finais de cadeia contendo Si(CH3)2OH, apresenta degradação térmica acentuada acima de 340 ºC. No caso das redes de polissiloxano C1 e C2, a ausência de longos segmentos de cadeias lineares e de grupos reativos no final destas impede que os rearranjos mencionados ocorram. As curvas de ATG/ATD para as redes de polissiloxano C1 e C2 estão apresentadas na Figura 7. 0 98 Massa (%) 96 94 92 -20 90 88 86 84 -40 Diferença de Temperatura / °C 100 a) 82 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Temperatura (°C) 98 0 Massa (%) 96 94 92 -20 90 88 86 Diferença de temperatura / °C 100 b) -40 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Temperatura (°C) Figura 7 – Curvas de TG/ATD das redes de polissiloxano: a) C1 e b) C2 (Nitrogênio; 20°C/min). 20 Deste modo nessas redes o processo de degradação tem início com a volatilização de uma pequena quantidade de ciclos que fica retido na rede, até ~500 ºC. Durante esta etapa, apenas um sinal continuamente endotérmico é observado nas curvas de ATD, provavelmente devido à volatilização destes segmentos. De 500 a 800 ºC ocorre a mineralização do polímero, estando envolvida a cisão de ligações C-H; C-C e Si-C, dos grupos Si-CH3 e Si-CH2-CH2. Devido a degradação da rede, possivelmente nesta etapa, ocorre a liberação de siloxanos cíclicos obtidos por rearranjos intra e intercadeias (SCHIAVON, et al., 2002). Nesta etapa ocorre também uma reorganização da estrutura da rede, gerando oxicarbeto de silício. Ainda nesta faixa de temperatura, um sinal exotérmico e contínuo registrado nas curvas de ATD, pode ser explicado pela reorganização de sítios de silício durante a conversão orgânico-inorgânica do material, com eliminação de gases como hidrocarbonetos e hidrogênio (SCHIAVON, 2002). Acima de 900 ºC o material praticamente não apresentou perda de massa. A 1000 °C observou-se rendimentos cerâmicos de 84 e 87 % em massa para as redes de polissiloxano C1 e C2, respectivamente. As curvas de ATD para as redes de polissiloxano C1 e C2 exibiram perfis semelhantes como pode ser visto na Figura 7, com um perfil de comportamento endotérmico até ~400 ºC devido a reticulação térmica do material. Acima desta temperatura uma tendência exotérmica foi observada até ~800 ºC, devido a degradação do material. Após essa temperatura um novo perfil endotérmico é apresentado entre ~800 e 1200 ºC. Nesta faixa de temperatura não foram observadas perdas de massa, indicando uma reorganização dos sítios de Si do material. Este comportamento da amostra está em conformidade com a maioria dos dados ATD disponíveis na literatura para materiais semelhantes, nos quais a perda de peso devido a transição orgânico-inorgânica e passos de conversão de cerâmica são processos endotérmicos, e a temperaturas mais elevadas, as reações de redistribuição em relação a cristalização são processos exotérmicos (SCHIAVON, et al., 2007). 21 4.1.3 – Difratometria de Raios X (DRX) A técnica de difração de raios X foi empregada para caracterização da organização de materiais a nível molecular, bem como do ordenamento das cadeias poliméricas a curta distância. De acordo com a Figura 8, os difratogramas das amostras C1 e C2 obtidas a temperatura ambiente mostraram que as redes de polissiloxano possui uma estrutura predominantemente não cristalina e o halo centrado em 22º(2θ) pode ser atribuído a silicatos não ordenados (SORARÙ, et al., 2003). Intensidade (u.a.) a) 10 20 30 40 50 60 70 80 60 70 80 2 (graus) Intensidade (u.a.) b) 10 20 30 40 50 2 (graus) Figura 8 – Difratogramas de raios X das redes de polissiloxano a) C1 e b) C2. 22 4.2 – Obtenção de compósitos de matriz cerâmica a partir de polissiloxano e carga reativa de TiSi2. Os materiais contendo TiSi2 foram preparados pela mistura de pós, prensados a ~10 MPa seguido de adição do polímero precursor ainda não reticulado. O objetivo desse método foi a homogeneização dos pós e a possibilidade de diminuição de porosidade pela adição do precursor ainda líquido. Neste caso, espera-se que grupos reativos remanescentes na superfície do pó, possam reticular-se ao precursor ainda líquido, melhorando a adesão do material particulado. Com este procedimento foi possível a obtenção de corpos verdes estáveis e sem defeitos. A seguir é apresentada uma série de técnicas de caracterização dos materiais obtidos, envolvendo a conversão a material cerâmico. 4.2.1 – Infravermelho com transformada de Fourier (IVTF) Polissiloxanos têm sido usados como precursores de materiais vítreos a base de oxicabeto de silício (SiOC) por meio de pirólise em atmosfera controlada, e podem ser preparados via hidrossililação (SORARÙ, 1995). Os corpos verdes das amostras derivadas de C1 e C2 apresentaram espectros semelhantes aos das redes sem o TiSi2 (Figura 6), visto que, se houve reticulação, ainda resta grupos remanescentes. As redes poliméricas C1 e C2 contendo diferentes quantidades de TiSi2 foram tratadas termicamente sob atmosfera de argônio a 1000, 1250 e 1500ºC e a conversão orgânico-inorgânica foi monitorada por espectroscopia de infravermelho. Os espectros das amostras derivadas de C1 e C2 contendo TiSi2 pirolisados nestas temperaturas são apresentados nas Figuras 9 e 10. Nas temperaturas de 1000 e 1250ºC os espectros infravermelho apresentam bandas localizadas em ~1080 cm-1 (νSi-O-Si), 800 cm-1 (νSi–C) e 460 cm-1 (νSi-O) (TÉLLEZ, et al., 2009) alargadas devido ao estado rígido oferecido pelo sólido. A 1500 °C também é possível notar o surgimento de duas bandas localizadas em ~1200 cm-1 (Si-O) e 950 cm-1 (Ti-O-Si). Na temperatura de 1500ºC uma banda localizada em ~ 620 cm-1 (SiO2) também foi observada. Babonneau et al., mostraram 23 que na pirólise de alguns policarbosilanos em altas temperaturas, as ligações (Si-O) são consumidas através da redução carbotérmica levando à cristalização de SiC. Para precursores poliméricos contendo ligações Si-H e Si-CH3, como é o caso do PHMS, durante o tratamento térmico, com a quebra das ligações Si-H, Si-C e CH, tem-se a evolução de gás metano e hidrogênio e a transformação do material orgânico a inorgânico com a formação da rede inorgânica de oxicarbeto de silício (SiOC) (BAKI and DIASTY, 2006). 30% 30% a) b) 10% 5% 0% 2000 20% Transmitância (u.a.) Transmitância (u.a.) 20% 1500 1000 500 10% 5% 0% 2000 1500 1000 500 -1 -1 Numero de onda (cm ) Numero de onda (cm ) 30% Transmitância (u.a.) c) 20% 10% 5% 0% 2000 1500 1000 500 -1 Numero de onda / cm Figura 9 – Espectros infravermelho dos compósitos derivados da rede de polissiloxano C1 com diferentes concentrações de titânio obtidos em diferentes temperaturas: a) 1000 ºC, b) 1250 ºC e c) 1500 ºC. 24 30% 30% a) b) Transmitância (u.a.) Transmitância (u.a.) 20% 10% 5% 0% 2000 1500 1000 500 20% 10% 5% 0% 2000 1500 1000 500 -1 -1 Numero de onda (cm ) Numero de onda (cm ) 30% Transmitância (u.a.) c) 20% 10% 5% 0% 2000 1500 1000 500 -1 Numero de onda (cm ) Figura 10 – Espectros infravermelho dos compósitos derivados da rede de polissiloxano C2 com diferentes concentrações de titânio obtidos em diferentes temperaturas: a) 1000 ºC, b) 1250 ºC e c) 1500 ºC. 4.2.2 – Análise Termogravimétrica (ATG) e Análise Térmica Diferencial (ATD) A conversão das redes de polissiloxano C1 e C2 contendo TiSi2 a oxicarbeto de silício e titânio (SiTiOC) foi estuda por análise termogravimétrica em atmosfera de nitrogênio. De acordo com as Figuras 11 e 12, as análises termogravimétricas e termodiferenciais das redes de polissiloxano C1 e C2 contendo TiSi2, forneceram curvas com perfis semelhantes de perda de massa em função da temperatura. O material apresenta boa estabilidade térmica, com o início de perda de massa em aproximadamente 350 ºC. É possível observar, entretanto, duas etapas não muito 25 distintas de perda de massa, em faixas de temperatura relativamente largas, entre 350-500 ºC e 500-800 ºC. Para as amostras com 5 e 10% de TiSi2, observou-se que acima de 1300 ºC ocorre um ganho de massa de aproximadamente 1%. Para as amostras contendo 20 e 30% de TiSi2 o ganho de massa é de aproximadamente 2% a partir de 1200 ºC. Este ganho de massa nessas temperaturas pode estar relacionado com reações envolvendo a carga reativa e os produtos de decomposição do polissiloxano, ou de carga reativa com o gás da atmosfera. Esse tipo de perfil de curva é típico de sistemas onde a carga é conhecida como carga reativa (SCHIAVON, et al., 2004). A Figura 13 apresenta as curvas de ATG/ATD da carga reativa na qual é possível observar o ganho de massa acima de 1200 ºC, confirmando que a carga é reativa, mesmo sob atmosfera de N2, em altas 0 98 94 -20 92 90 -40 88 86 84 0 200 400 600 800 1000 1200 10% de TiSi2 98 96 94 -20 92 90 -40 88 86 84 -60 1400 0 200 600 96 94 -20 92 90 88 -40 86 100 800 1000 1200 30% de TiSi2 0 98 Massa (%) 0 Diferença de temperatura (°C) 20% de TiSi2 98 Massa (%) 400 Temperatura (°C) Temperatura (°C) 100 0 96 94 -20 92 90 88 -40 Diferença de temperatura (°C) Massa (%) 96 100 Massa (%) 5% de TiSi2 Diferença de temperatura (°C) 100 Diferença de temperatura (°C) temperaturas. 86 0 200 400 600 800 1000 1200 0 200 Temperatura (°C) 400 600 800 1000 1200 Temperatura (°C) Figura 11 – Curvas de TG/ATD do polissiloxano contendo diferentes quantidades de titânio obtidos a partir de C1 (Nitrogênio; 20°C/min). 26 Massa (%) 96 94 -10 92 90 -20 88 86 94 92 -20 90 88 86 82 -40 84 0 200 400 600 800 1000 0 96 -30 84 10%de TiSi2 98 Massa (%) 98 0 1200 Diferença de temperatura (°C) 100 5%de TiSi2 Diferença de temperatura (°C) 100 0 200 Temperatura (°C) 400 600 800 1000 1200 Temperatura (°C) 20 96 0 94 92 90 -20 88 0 200 400 600 800 1000 1200 30%de TiSi2 98 0 96 Massa (%) Massa (%) 98 94 -15 92 90 88 -30 86 0 200 Temperatura (°C) 400 600 800 1000 Diferença de temperatura (°C) 100 20%de TiSi2 Diferença de temperatura (°C) 100 1200 Temperatura (°C) Figura 12 – Curvas de TG/ATD do polissiloxano contendo diferentes quantidades de titânio obtidos a partir de C2 (Nitrogênio; 20°C/min). 27 TiSi2 Perda de massa / % 100 0 80 60 -30 40 20 Diferença de temperatura / °C 120 -60 0 200 400 600 800 1000 1200 Temperatura / °C Figura 13 – Curvas de TG/ATD da carga reativa de TiSi2 (Nitrogênio; 20°C/min). Para as redes C1 e C2 contendo TiSi2 os vidros apresentam perfil de perda de massa semelhante as das redes puras. Os rendimentos cerâmicos variam de 84% a 87% em massa para C1 e de 83% a 86% em massa para C2. O alto rendimento cerâmico obtido na conversão do polímero ao SiTiOC foi atribuído ao efeito do grau de reticulação do polímero além da carga de TiSi2 que neste caso, até a temperatura estudada atua como inerte (Figura 13). Nas curvas de ATD, um novo e intenso processo exotérmico foi observado, sugerindo ainda a ocorrência de reações de reorganização dos sítios de Si, sem envolver perda significativa de massa. Foi possível observar também um pequeno aumento no rendimento cerâmico com a concentração de TiSi2. Para o vidro de SiOC sem TiSi2 foi obtido um rendimento cerâmico de ~87%, enquanto que para o vidro de SiTiOC com 30% de TiSi2 um rendimento cerâmico de ~91% foi obtido. 4.2.3 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) A microestrutura dos vidros de SiTiOC obtidos a partir da pirólise das redes de polissiloxano C1 e C2 com diferentes concentrações de TiSi2, foi estuda por meio de 28 microscopia eletrônica de varredura (MEV). As Figuras 14 a 19 apresentam as micrografias de fratura dos vidros de oxicarbeto de silício e titânio obtidos a partir da pirólise a 1000, 1250 e 1500 ºC das redes C1 e C2 preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30 % em massa de TiSi2. Com a análise morfológica realizada por meio das micrografias apresentadas pode-se dizer que as amostras apresentaram texturas semelhantes. Figura 14 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C1 a 1000 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. 29 Figura 15 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C1 a 1250 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. 30 Figura 16 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C2 a 1000 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. 31 Figura 17 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C2 a 1250 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. 32 Figura 18 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C1 a 1500 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2. 33 Figura 19 – Micrografias de fratura dos compósitos obtidos a partir da pirólise da rede de polissiloxano C2 a 1500 ºC preparadas com 0, 5, 10, 20 e 30% em massa de TiSi2.´ 34 É possível observar que a morfologia dos materiais obtidos é porosa e a fase de Ti é uniformemente distribuída nos compósitos cerâmicos. Nota-se também que a porosidade diminuiu com o aumento da temperatura de pirólise e também com a concentração de TiSi2. Com estudo das micrografias obtidas a 1500 ºC, também é possível notar a presença de poros e formação de fases nas amostras analisadas, o que está de acordo com a literatura, visto que o tamanho dos poros, a morfologia dos poros e as áreas superficiais específicas dos corpos cerâmicos derivados de polímero dependem fortemente da composição do material precerâmico e da temperatura máxima de pirólise. A pirólise rápida pode levar a formação de trincas que é comum neste tipo de material devido também à eliminação de produtos voláteis durante a conversão do polímero a vidro (KUMAR and KIM, 2010). 4.2.4 – Difratometria de Raios X (DRX) A conversão orgânico-inorgânica dos precursores cerâmicos foi monitorada por meio de difratometria de raios X. Os difratogramas de raios X para as amostras derivadas das redes de polissiloxano C1 e C2 contendo diferentes concentrações de TiSi2 são apresentados nas Figuras 20 a 22 respectivamente. 35 Intensidade / u.a. a) TiSi2 30% 20% 10% 5% 0% 10 20 30 40 50 60 70 80 2 (graus) Intensidade / u.a. b) TiSi2 30% 20% 10% 5% 0% 10 20 30 40 50 60 70 80 2 (graus) Figura 20 – Difratogramas de Raios X dos compósitos derivados da rede C1 pirolisados a: a) 1000 ºC e b) 1250ºC. 36 intensidade / u.a. a) TiSi2 30% 20% 10% 5% 0% 10 20 30 40 50 60 70 80 2 (graus) Intensidade / u.a. b) TiSi2 30% 20% 10% 5% 0% 10 20 30 40 50 60 70 80 2 (graus) Figura 21 – Difratogramas de Raios X dos compósitos derivados da rede C2 pirolisados a: a) 1000 ºC e b) 1250ºC. 37 Os difratogramas mostraram que os vidros de SiTiOC derivados das redes de polissiloxano C1 e C2 pirolisados a 1000 ºC e 1250 ºC apresentam halo centrado em 22º (2θ), este pode ser atribuído à estrutura não cristalina dos vidros de oxicarbeto de silício (SORARÙ, et al., 2003). Os difratogramas mostraram também que não houve reação entre a carga de TiSi2 e a cerâmica derivada. Comparando com a análise de DRX para a carga reativa, observou-se que as reflexões presentes nos difratogramas caracterizam a presença de siliceto de titânio. Entretanto os difratogramas de raios X para os vidros de SiTiOC derivados das redes de polissiloxano C1 e C2 contendo diferentes concentrações de TiSi2 pirolisados a 1500 ºC mostraram o surgimento de novas fases cristalinas. Estas fases são apresentadas na Figura 22. 38 s = Si02 a) *+ 30% + o Intensidade / u.a. s u 20% o + o o o 10% s * 5% s * o +o u 0% 10 + *+ *+ o o oo o oo o + + 20 o = TiSi2 u = TiO2 + = TiC * o * s * = SiC 30 40 o 50 60 70 80 2 (graus) b) s Intensidade / u.a. u 30% * s + u = TiO2 o = TiSi2 + TiC o * 20% * s o o o o o u u * oou * oo * o * oo o oo o o o o oo o 40 50 s 5% * = SiC o o 10% s = SiO2 oo o oo 0% 10 20 30 60 70 80 2 (graus) Figura 22 – Difratogramas de Raios X dos compósitos pirolisados a 1500 ºC derivados das redes: a) C1 e b) C2. 39 Nos difratogramas obtidos dos vidros de SiTiOC pirolisados à 1500 ºC, há picos bem finos e intensos em 35,6; 41,3; 60,0 e 72,0 (2θ) característicos de SiC na forma cúbica, denominada β-SiC (TÉLLEZ, et al., 2009). A formação de SiC cristalino quando o vidro é aquecido acima de 1400 ºC, é devido à reação de redução carbotérmica que envolve a redução de sílica por carbono, segundo a reação global (SEIBOLD and GREIL, 1993): SiO2(s) + C(s) = SiC(s) + 2 CO(g) (1) Estudos desta reação descritos na literatura (SCHIAVON, 2002 e BIERNACKI and WOTZAK, 1989) indicaram que esta reação é ativa em temperaturas superiores à 1400 ºC, e que SiO é uma importante espécie intermediária no processo de redução da sílica. A formação de SiC segue os seguintes passos: SiO2(s) + C(s) = SiO(g) + CO(g) (2) SiO(g) + 2 C(s) = SiC(s) + CO(g) (3) A pressão de vapor efetiva de SiO no sistema é determinada pela reação (KIM and KIM, 2007): 2 SiO(g) = Si(s) + SiO2(s) (4) A reação de redução carbotérmica, além de alterar a natureza e a composição do produto final, é ainda responsável por grandes alterações na morfologia do material obtido à 1500 ºC, como pode ser observado nas micrografias das Figuras 11 a 16. Enquanto a 1000 ºC o vidro é bem poroso, a 1500 ºC, o material apresenta-se um pouco mais denso, com diminuição de porosidade e trincas. Ainda de acordo com os difratogramas de Raios X, fases de TiC e TiO2 podem ser observadas. Babonneau propôs estruturas de SiO2-TiO2-PDMS em que as moléculas de PDMS são co-polimerizados por grupos SiO4- (unidades Q) provenientes de moléculas TEOS, nas quais nanopartículas de TiO2 permanecem no interior. Ligações Si-O-Ti ou Ti-O-PDMS não foram observadas por ressonância 40 magnética nuclear (RMN), no entanto, tais ligações podem ser formadas (BABONNEAU, 1994). Em conformidade com tais estruturas híbridas supomos que para as amostras com concentrações de siliceto de titânio a maior parte do siliceto é bem disperso no material híbrido e a formação de nanopartículas de óxido de titânio é mínima. Materiais híbridos homogêneos são formados. Quando estes materiais híbridos são pirolisados a 1500 ºC, a baixa porosidade dos vidros de SiTiOC é obtida. A pirólise destes materiais resulta tanto em vidros de SiTiOC quanto em partículas de TiC cristalinos (TÉLLEZ, et al., 2009). Por fim, observamos ainda que houve partículas da carga de TiSi2, que não reagiram com a cerâmica derivada. Foi possível observar a presença de picos relativos à carga de TiSi2 nos difratogramas. 4.2.5 – Medidas de constante dielétrica A constante dielétrica dos vidros de SiTiOC obtidos a partir da rede C1 foi medida em uma faixa de frequência de 20 Hz a 1 MHz. Os resultados obtidos estão na tabela II. Tabela II – Constante dielétrica dos compósitos obtidos a partir da rede C1. TiSi (%) 2 Temperatura de pirólise (ºC) 0 1000 1,50 5 1000 1,34 10 1000 1,32 20 1000 1,15 30 1000 2,20 0 1250 5,49 10 1250 1,25 20 1250 2,59 30 1250 2,97 A caracterização elétrica mostrou que os vidros de SiTiOC podem ser usados como isolantes elétricos. Além disso, foi possível observar que a condutividade 41 elétrica aumenta com o aumento da temperatura. É sabido da literatura que vidros SiOC têm uma constante dielétrica ε de 3-3,5. Em comparação a sílica tem ε = 3.9. Os valores baixos de (ε) dos vidros de SiOC, acredita-se que é devido ao fato de surgirem a partir da substituição de algumas das ligações Si-O polares na rede de sílica por mais bandas covalentes Si-C. Sólidos porosos são outra classe de materiais com um potencial de redução da constante dielétrica (VALENTINOTTI, et al., 2007). 4.2.6 – Medidas de Ultra Micro Dureza Vickers Materiais cerâmicos têm sido muito caracterizados por medidas de dureza (COLOMBO et all, 2010). De maneira geral, ela pode ser definida como sendo a medida da resposta do material a uma força aplicada. Assim, a dureza é função do tipo de teste empregado, da carga empregada e da própria metodologia utilizada. Dentre a grande variedade de testes disponíveis para a medida da dureza de um material, os mais comuns são os testes de indentação estáticos, dos quais o Teste de Vickers tem sido o mais utilizado devido à simplicidade da técnica e de equipamento (SELLAPPAN et al., 2012; McCOLM, 1990). Assim, a dureza dos vidros de oxicarbeto de silício e titânio derivados das redes C1 e C2, foi avaliada utilizando o método Micro Vickers dinâmico. Os resultados de dureza para os vidros de SiTiOC pirolisados em temperaturas de 1000 e 1250 ºC estão agrupados na Tabela III. Todas as indentações realizadas nos vidros foram feitas com carga de 500 mN, produzindo indentações simétricas, reprodutíveis e sem rachaduras. Observou-se que a dureza aumentou com o aumento da temperatura de pirólise. Este comportamento está relacionado ao processo de densificação do material, que é relevante nesta faixa de temperatura. A dureza Vickers (HV), para vidros de SiOC está na faixa de ~ 8 a 15 GPa (COLOMBO, et al., 2010). A dureza aumenta, quando se aumenta a temperatura de pirólise, e a quantidade de C inserido na rede de sílica amorfa é alterada. Para estas cerâmicas a rede covalente tem um maior grau de reticulação. Além disso, ao aumentar a temperatura de pirólise, a desidrogenação dos condutores amorfos de cerâmica leva a uma rede mais interligada, que por sua vez, resulta em uma menor contribuição do volume de 42 densificação e uma maior contribuição da deformação de cisalhamento (COLOMBO, et al., 2010). Tabela III – Micro Dureza Vickers e Módulo de Elasticidade dos compósitos obtidos por pirólise à 1000 e 1250 ºC, em função da quantidade de TiSi2. (Carga 500mN) Rede de Temperatura Composição polissiloxano (ºC) (% de TiSi2) 1000 C1 1250 1000 C2 1250 Hv (GPa) E (GPa) 0 9,78 61,95 5 9,05 62,27 10 8,76 50,99 20 9,36 31,66 30 7,42 49,43 0 11,50 54,95 5 10,69 71,39 10 11,94 69,84 20 11,45 68,59 30 11,83 58,84 0 9,67 55,47 5 10,23 44,64 10 8,01 38,02 20 7,57 50,26 30 8,74 55,10 0 11,59 48,10 5 13,49 67,99 10 11,14 57,54 20 12,59 60,71 30 10,9 49,07 Foi possível observar que o valor de dureza diminuiu devido ao aumento da concentração de TiSi2. Isto pode estar relacionado ao fato de que a carga reativa não reagiu com o material cerâmico final nas temperaturas de 1000 e 1250 ºC, como pôde ser observado pelos difratogramas de raios X. 43 Observou-se também que a dureza dos vidros de SiTiOC está diretamente relacionada com a microestrutura do material final. Para os materiais mais porosos, a dureza foi menor, pois os poros agem como pontos menos resistentes durante a indentação levando à impressão de diagonais maiores. Por outro lado, diminuindose o tamanho das partículas do pó, a dureza aumentou pelo mesmo motivo (WALTER, et al., 2002). 4.2.7 – Ensaios de Flexão em três pontos A constante elástica mais importante, e mais freqüentemente empregada na caracterização de materiais, é o Módulo de Young, que é definido como a razão entre a tensão (σ) e a deformação (ε), conhecida como lei de Hooke (MORRELL, 1985): E O módulo E pode ser determinado através do método estático (RAO, 1990) que consiste em se medir a força, sob efeito de uma deformação em uma amostra. Os ensaios de flexão são simples de realizar e consomem menor quantidade de material para avaliação de propriedades (MATHEWS and RAWLINGS, 1994). Além disso, existem dois tipos de testes comumente usados para a medida do módulo de Young e da resistência à flexão: o teste de flexão em três e quatro pontos (MENCÍK, 1992). O módulo elástico, de vidros e cerâmicas, é geralmente determinado pela ação de uma carga conhecida em corpos de prova com seção transversal retangular, assumindo-se que sejam isotrópicos e homogêneos. O teste de flexão em três pontos é o mais simples, porém tende a superestimar a resistência do material em relação ao ensaio de quatro pontos, que oferece uma melhor distribuição de tensões e expõe um volume maior do material a estas tensões, fazendo com que ocorra uma maior probabilidade de que um defeito crítico venha a provocar a falha do material (MENCÍK, 1992). Apesar disso, é o teste mais usado na caracterização prévia de materiais em desenvolvimento, é de fácil execução e consome pouco material (corpos de prova menores que os utilizados no teste de quatro pontos). De maneira geral, a resistência à flexão de um material pode ser influenciada por fatores como a velocidade da carga aplicada, o ambiente onde se realiza o teste, 44 o tamanho e a própria preparação dos corpos de prova. No caso de um material cerâmico, a resistência à flexão é principalmente governada pela resistência inerente do material à fratura, e pela presença de defeitos (MORRELL, 1985). O comportamento mecânico das cerâmicas depende diretamente da sua estrutura, a qual, por sua vez, está relacionada ao processo de manufatura do material. Por exemplo, o módulo de Young (E) dos materiais cerâmicos, varia de aproximadamente 10 a 480 GPa (MENCÍK, 1992). Esta grande variação no módulo está associada à grande variedade estrutural e de composição das cerâmicas. Assim, não somente a composição química, mas principalmente a microestrutura do material tem efeito nas suas propriedades mecânicas. Os principais aspectos da microestrutura de materiais cerâmicos, que influenciam nas propriedades mecânicas são: a natureza das fases envolvidas (cristalina ou vítrea), o tamanho dos grãos e sua distribuição, o tamanho, a forma e a distribuição de poros (MENCÍK, 1992 and MARSHALL and RITTER 1987). A série de CMC´s preparada neste trabalho com concentração de TiSi2 variável foi caracterizada pelo método da flexão em três pontos. Os valores encontrados para o módulo de flexão estão agrupados na Tabela IV. Todos os compósitos amostrados apresentaram fratura frágil, com a ruptura do corpo de prova ocorrendo em duas partes. Observou-se ainda que os CMC´s apresentaram valores semelhantes de resistência à flexão. Entretanto, o grande erro relativo, geralmente envolvido neste tipo de análise, limita a descrição de um comportamento de resistência à flexão, em função da composição e da microestrutura dos compósitos. 45 Tabela IV – Módulo de Elasticidade dos compósitos obtidos por pirólise à 1000 e 1250 ºC, em função da quantidade de TiSi2. Rede de Temperatura Composição polissiloxano (ºC) (% de TiSi2) 1000 C1 1250 E (GPa) 0 10,85 5 12,49 10 12,84 20 4,96 30 4,97 0 11,67 5 11,51 10 11,02 20 12,38 30 9,95 Os mecanismos de fratura de materiais cerâmicos são fortemente influenciados pela presença de poros (MORRELL, 1985). Poros presentes na microestrutura de materiais cerâmicos particulados podem ainda agir como concentradores de tensões, favorecendo o aparecimento de trincas no material, sob uma tensão externa, diminuindo assim sensivelmente a sua resistência à fratura (SELLAPPAN, et al., 2012). A forma do poro também tem sido considerada como um fator importante em muitos modelos que fornecem uma estimativa das propriedades mecânicas de cerâmicas em função da porosidade. Enquanto alguns autores (ROSSI, 1968) citam a forma do poro como a variável mais importante na definição das propriedades elásticas dos materiais, através de efeitos de concentração de tensão, outros autores (MENCÍK, 1992), não encontram nenhuma relação física das propriedades elásticas com a concentração de tensão em poros. Todavia, a forma do poro pode afetar diretamente a resistência dos materiais, somente quando, no mínimo um poro ou um grupo de poros, é grande o suficiente para agir como início de falha. Mesmo assim, este efeito é considerado apenas um fator secundário (RICE, 1993). Rice estudou a resistência à flexão de vários materiais porosos e observou que 46 porosidade baixa e relativamente homogênea não tem efeito significativo na resistência anisotrópica de materiais. No entanto, para materiais mais porosos, com poros de tamanhos maiores, ou mesmo “clusters” de poros (poros heterogêneos), a resistência anisotrópica diminui, aproximando-se de zero (RICE, 1994). 47 5 – Conclusões Compósitos de matriz cerâmica à base de oxicarbeto de silício (SiOC) e compósitos com as fases cristalinas de SiC, TiC, SiO2, TiO2 e TiSi2 foram obtidos a partir da pirólise de polissiloxanos via reações de hidrossililação. Neste estudo foi possível concluir que as redes poliméricas C1 e C2 são excelentes precursores de materiais cerâmicos como SiOC e compósitos contendo fases cristalinas de Ti, as quais mostraram resultados bem semelhantes. As redes poliméricas C1 e C2 contendo diferentes quantidades de TiSi2 foram tratadas termicamente sob atmosfera de argônio a 1000, 1250 e 1500ºC. De acordo com as análises termogravimétricas e termodiferenciais das redes de polissiloxano C1 e C2 contendo TiSi2, os rendimentos cerâmicos variam de 84% a 87% em massa para C1 e de 83% a 86% em massa para C2. Para o vidro de SiOC sem TiSi2 foi obtido um rendimento cerâmico de ~87%, enquanto que para os compósitos contendo 30% de TiSi2 um rendimento cerâmico de ~91% foi obtido. Com a análise morfológica realizada por meio da MEV apresentadas pode-se dizer que as amostras apresentaram texturas semelhantes. É possível observar que a morfologia dos materiais obtidos é porosa e a fase de Ti é uniformemente distribuída nos compósitos cerâmicos. Nota-se também que a porosidade diminuiu com o aumento da temperatura de pirólise e também com a concentração de TiSi2. Os difratogramas mostraram que os compósitos derivados das redes de polissiloxano C1 e C2 contendo TiSi2 pirolisados a 1000 ºC e 1250 ºC apresentaram uma estrutura não cristalina dos vidros de oxicarbeto de silício com halo centrado em 22º (2θ). Esses difratogramas mostraram também que a carga de TiSi2 não reagiu totalmente com a cerâmica derivada. Enquanto que para os compósitos obtidos a partir de C1 e C2 contendo TiSi2 pirolisados a 1500 ºC apresentaram formação de fase cristalina de cristobalita SiO2, carbeto de silício de curto alcance βSiC e também de TiC, além de TiO2 e TiSi2 que ainda não reagiu totalmente com a cerâmica derivada. A constante dielétrica foi obtida a partir de C1 pirolisada a 1000 ºC e 1250 ºC e sugere que os compósitos podem ser utilizados como isolantes elétricos e que a condutividade aumenta com o aumento da temperatura de pirólise. 48 A dureza dos compósitos derivados das redes C1 e C2 pirolisados a 1000º C e 1250 ºC, foi avaliada utilizando o ensaio de dureza Micro Vickers e os valores obtidos estão de acordo com a literatura, entre ~ 8 a 15 GPa. Observou-se que a dureza aumentou com o aumento da temperatura de pirólise, porém diminuiu com o aumento da concentração de TiSi2. Pode-se afirmar também que a dureza dos compósitos está diretamente relacionada com a microestrutura do material final, quanto mais poroso menor a dureza. O módulo de elasticidade dos compósitos obtidos a partir de C1 pirolisados a 1000 ºC e 1250 ºC contendo TiSi2 apresentou valores bem próximos à literatura para este tipo de material, entre 10 e 12 GPa. 49 6 – Referências Bibliográficas AINGER, F.W. and HERBERT, J. M. 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