ADJUNTOS ADVERBIAIS, CONJUNÇÕES e SEMÂNTICA O assunto da aula de hoje é, sem dúvida, um dos mais cobrados em Concurso Público: valor semântico! Acredito que essa seja a matéria causadora de muitas dúvidas aos candidatos. Os concursos, em geral, não cobram gramática pela gramática e sim, a gramática aplicada ao texto. Por isso, a dificuldade em perceber o tal do valor semântico... Você já deve ter ouvido, um monte de vezes, que o adjunto adverbial expressa uma circunstância. Contudo, se fizéssemos a pergunta: o que é circunstância? Talvez, faltariam as exatas palavras à definição. Assim, começaremos (efetivamente) nossa aula definindo tal palavra. Circunstâncias: são elementos secundários, que se agregam às ideias básicas. Observe o texto: Na Europa, vários países, hoje, demonstram evidente preocupação com as suas reservas de água doce, porque desenvolveram a consciência de que ela faltará. A ideia principal do texto é: "vários países demonstram evidente preocupação com as suas reservas de água doce". Contudo, a essa ideia se juntam alguns termos acessórios com objetivo de expandir o conteúdo frasal. Acompanhe a análise do texto supracitado: Em "Na Europa", percebemos que a locução adverbial indica, claramente, circunstância de lugar. Aqui, a intenção do autor é especificar, restringir a quantidade de países. Quando diz "vários países", podemos perfeitamente pensar em Brasil, Paraguai ou México, por exemplo. Todavia, quando especifica que são países da Europa, não se pode pensar em território brasileiro, nem em paraguaio, tampouco mexicano. Outra circunstância que se une à ideia principal é a indicativa de tempo. Seu representante oficial é o adjunto adverbial "hoje" (nele há também valor restritivo). A terceira circunstância indica causa. Essa é feita, não mais por adjuntos adverbiais e sim, por uma oração iniciada pela conjunção "porque". (Na verdade, neste período, existem duas orações: "porque desenvolveram a consciência" e "de que ela faltará", esta última funciona como complemento nominal do nome "consciência). Além dos adjuntos adverbiais, as conjunções imprimem à oração valores semânticos de causa, consequência, concessão, tempo, condição, comparação, conformidade, finalidade e proporção. Todavia, é importante ressaltar que não adianta “decorar” os conectivos, mas analisar a sua aplicação de acordo com o contexto. Veja como esse assunto pode cair em concurso: Os elementos sublinhados abaixo denotam ideia de: I. Sou esperta como você. II. Trouxe os documentos, como solicitou. III. Como estava doente, não foi trabalhar. a) Comparação, comparação e comparação b) Causa, comparação e causa Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202 c) Comparação, conformidade e causa d) Conformidade, conformidade e causa e) Comparação, conformidade e conformidade Na frase I, o elemento “como” estabelece ideia comparativa entre dois seres: o sujeito “eu” e o termo “você”; o verbo da segunda oração está subentendido, ou seja, sou esperta como você (é). A segunda oração é, portanto, subordinada adverbial comparativa. O termo “como” introduz ideia de comparação ao período. Na II, percebe-se claramente a ideia conformativa em relação a um fato expresso na oração principal (Trouxe os documentos). É possível a troca da conjunção “como” por “conforme”: Trouxe os documentos, conforme solicitou. A oração “conforme solicitou” é subordinada adverbial conformativa e o conectivo “como” denota ideia de conformidade. Na III, a conjunção “como” introduz um fato que ocorreu primeiro, ou seja: “Ele estava doente”. A consequência desse fato é não ter ido trabalhar. Observe que podemos trocar a conjunção “como” pela locução conjuntiva causal “já que”, por exemplo. Assim, a oração “Como estava doente” é subordinada adverbial causal. O conector “como” introduz ideia causal ao período. Temos, então, a sequência: comparação, conformidade e causa. Nossa resposta é a letra C. 5 DICAS PARA INTERPRETAR TEXTOS 1. 2. 3. 4. 5. Não espere terminar o texto para marcar as ideias principais e palavras-chave; Interaja com o texto: faça anotações, sublinhe palavras, seja um leitor ativo; Perceba as inferências textuais. Não confunda suas ideias com as do autor; Leia com cuidado o comando de cada questão; COMANDOS TÍPICOS DAS QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Intelecção: o candidato deve analisar o que está, de fato, escrito no texto. Exemplos de comandos: Segundo o texto, é correto afirmar que... A ideia central do texto é... O autor sugere que... Interpretação: conclusão do candidato acerca do que está escrito. Exemplos de comandos: Da leitura do texto, pode-se inferir que... Conclui-se, com base no texto, que o autor... A intenção do autor, no primeiro parágrafo, é... Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202 EXERCÍCIOS 1. Mal saiu, o telefone tocou. O termo em destaque pode ser substituído, sem alteração de sentido por: a) Logo que b) À medida que c) Como d) Já que e) Desde que 2. O segmento grifado na frase “Não consegue enriquecer, sem embargo de trabalhar muito“ tem sentido: a) concessivo b) de consequência c) de finalidade d) proporcional e) temporal 3. Pensando em proporcionar um futuro mais confortável à filha, a mãe foi trabalhar na Europa. Entre as informações contidas no texto, existe relação, respectivamente, de a) finalidade e lugar b) tempo e conclusão. c) explicação e finalidade. d) tempo e consequência. e) causa e consequência. 4. Ao tentar estacionar o carro, ficou extremamente nervoso. A oração grifada acima denota ideia de a) finalidade b) consequência c) condição d) tempo e) concessão GABARITO 1. A 2. A 3. E 4. D Abraço a todos! Por Eliane Vieira, autora do livro “Análise Sintática – Português é simples”, à venda em nossa loja virtual. Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202