107 & Março SERVIÇOS BENS cenários Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul o que movimenta a economia gaúcha? As mulheres mudaram e seus hábitos de consumo, também consumo Entrevista Conheça o mercado de lojas de locação Nicho A importância de um código de conduta corportaivo gestão Guilherme Afif Domingos, da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, defende a desburocratização Divulgação/ Fecomércio-RS Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac Uma loja de roupas, uma pet shop, um salão de beleza. À primeira vista, tais estabelecimentos parecem desconectados. Aos olhos do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/ Senac, no entanto, eles são os responsáveis por fazer a economia gaúcha girar. Unidos, eles integram o comércio de bens e serviços, representando o empreendedorismo que é tão característico do Rio Grande do Sul. Sabemos que o agronegócio é crucial para o desenvolvimento do nosso Estado, mas o consumo também constitui importante fatia do bolo. São as roupas dos nossos filhos, as flores enviadas com carinho no Dia das Mães, um novo corte de cabelo. Do ponto de vista do consumidor, bens de consumo e serviços necessários, além de pequenos agrados. Para o empreendedor, a oportunidade de realizar um sonho e de tocar vidas com sua iniciativa, suas criações, sua paixão. Estamos cada vez mais próximos dos jogos da Copa do Mundo, evento que movimentará diferentes setores da economia, e com o comércio de bens e serviços não será diferente. Para garantir resultados ainda melhores, vale lembrar: estamos todos conectados. Empresários, fornecedores, consumidores: somente unidos poderemos manter a economia do Rio Grande do Sul girando. Temos muitas questões a serem resolvidas, como investimentos em infraestrutura e educação. O Sistema Fecomércio-RS/ Sesc/Senac faz a sua parte fomentando o empreendedorismo e, ao mesmo tempo, mantendo o foco na promoção da qualidade de vida e no estímulo à qualificação profissional. A economia é uma onda muitas vezes imprevisível. Juntos, somos capazes de enfrentar as maiores adversidades. É desta conectividade que depende o desenvolvimento econômico saudável do Estado. É nisso que a Fecomércio-RS acredita e é isso que defende junto a seus associados. Março 2014 palavra do presidente Gira, Rio Grande 107 3 sumário revista bens & serviços / 107 / MARÇO 2014 em 2013, a economia gaúcha cresceu a um ritmo quase chinês, mas os resultados não satisfazem e nem convencem. o motivo? falta infraestrutura, estímulo e políticas para sustentar o potencial de desenvolvimento do estado especial / Cenários 24 18 12 26 já ouviu falar em “internet das Guilherme Afif Domingos, frente à lei anticorrupção, coisas”? a ficção científica da Secretaria da Micro e veja a importância da virou realidade. conheça esta Pequena Empresa, defende a utilização de um código de nova tendência tecnológica desburocratização conduta nas empresas Tendências Entrevista Gestão Palavra do Presidente Sobre / Simplicidade Notícias & Negócios Tendências 10 Passos / Para a inovação Opinião Entrevista Regiões / Sul Gestão Especial / Cenários Saiba Mais Sesc Economia Senac Nicho / Aluguel Visão Tributária Consumo Monitor de Juros Visão Trabalhista Pelo mundo Dica do mês Presidente: Zildo De Marchi 03 06 08 12 14 17 18 22 24 26 32 34 36 38 40 43 44 47 48 49 50 Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, Jaime Gründler Sobrinho, João Francisco Micelli Vieira Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt Conselho Fiscal Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis e Nelson Keiber Faleiro Suplentes: Luiz Roque Schwertner e Gilda Lúcia Zandoná Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster / Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Romagnoli, Liziane de Castro, Luana Trevisol e Simone Barañano Coordenação Editorial: Simone Barañano PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) CHEFE DE Reportagem: Marina Schmidt Reportagem: Diego Paiva de Castro, Luísa Kalil, Marina Schmidt e Rafael Tourinho Raymundo Colaboração: Ana Laura Visentini, Edgar Vasques, Leodir Senger e Paola Oliveira edição de Arte: Silvio Ribeiro diagramação: Vanessa Bratz e Michelle Marquetti Revisão: Flávio Dotti Cesa imagem DE CAPA: Lúcia Simon Tiragem: 22,7 mil exemplares Março 2014 seção página Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Avenida Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro – Porto Alegre/RS – Brasil CEP 90030-142 / Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected] www.revista.fecomercio-rs.org.br 107 É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. Selo FSC Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC (Forest Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente responsável da matéria-prima florestal. 5 Billy Alexander/Stock.Xchng sobre Simplicidade Encurtar processos, facilitar a comunicação e apostar na ideia certeira, sem recorrer à complexidade, requer um olhar atento que busca não o banal, mas o essencial. Nele reside a simplicidade, conceito que vem atrelado Quem quer que tenha algo verdadeiro a dizer se expressa de modo simples. A simplicidade é o selo da verdade. Arthur Schopenhauer Filósofo “Temos de surpreender sempre, andar na contramão da expectativa, fazer melhor, mais esperto, mais rápido e mais barato. Isso tudo sem fazer economias tolas, opção por segundos times ou extorsão de fornecedores, mas, sim, gerando ideias mais simples – que, além de menos custosas, normalmente são mais eficientes.” Washington Olivetto, Março 2014 sobre princípios e reformulação da W/Brasil, em artigo publicado na edição 787 da revista Exame 107 ” “O que está levando as empresas a buscar simplicidade? A simplicidade hoje é mais um valor do que uma competência. As companhias, especialmente as brasileiras, ainda estão vivendo em um antro de complexidade. Temos o costume de burocratizar, temos processos que são feitos há muito tempo sem que ninguém saiba o por quê. O perfeccionismo é outro entrave à simplicidade. Na busca por um plano perfeito, muitos projetos se arrastam por anos. A simplicidade é justamente o contraponto à complexidade e ao perfeccionismo, ela vem contra tudo o que trava a empresa. A busca pela “A simplicidade é a sofisticação definitiva.” Este foi um dos princípios estampados no primeiro manual da Apple, uma ideia muito defendida por Steve Jobs simplicidade é a busca pela praticidade, mas isso não quer dizer que se quer fazer de qualquer forma. Temos que buscar a excelência, mas pelo caminho mais prático.” Wellington Moreira, consultor da Caput Consultoria 6 Divulgação Caput Consultoria Duca Mendes/Creative Commons “ à ideia de praticidade e eficiência & negócios Edgar Vasques notícias Fusões e aquisições no varejo batem recorde O número de fusões e aquisições entre lojas do varejo bateu recorde em 2013, no Brasil. Os dados constam na Pesquisa de Fusões e Aquisições realizada trimestralmente pela KPMG. De acordo com o levantamento, o ano fechou com 24 operações, o que representa um crescimento de 50% em relação a 2012, ano em que foram contabilizadas Março 2014 16 operações do tipo. A rede credita esse 107 aumento ao consumo aquecido registrado no ano passado. Um destaque da pesquisa é o número de transações domésticas: 70% das operações foram realizadas entre empresas de capital brasileiro. Congresso Nacional de Sindicatos Patronais EM BH Acontece entre 9 e 11 de abril, no Minascentro, em Belo Horizonte (MG), o 30º Congresso Nacional de Sindicatos Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. O evento reúne líderes políticos e empresariais para discutir assuntos ligados ao comércio, ao sistema confederativo e à economia do país. O tema geral é a Inconfidência no Comércio, uma referência ao movimento da Inconfidência Mineira, com foco no debate sobre a realidade tributária brasileira. O objetivo é apontar alternativas para que os empresários sustentem melhor seu negócio, usando o conhecimento ao seu favor. São esperados cerca de 2 mil participantes. O congresso é organizado pelo Sindilojas-BH, com apoio do Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais, Confederação Nacional do Comércio e Banco do Brasil. Errata Diferentemente do que foi publicado na edição 106, Luiza Helena Trajano começou a trabalhar na empresa da família aos 12 anos. Hoje, o Magazine Luiza é uma rede varejista com 744 lojas e mais de 23 mil colaboradores. 8 espaço sindical Giraldo Sandri é o novo presidente do Sindilojas Vale do Taquari O Sindilojas Vale Consumo de livros foi maior no final do ano Dados do BookScan, estudo da Nielsen sobre o consumo de livros, Sanja Gjenero/Stock.Xchng apontam que novembro e dezembro de 2013 concentraram o maior volume de vendas desde que a mensuração começou a ser feita. As três primeiras semanas de dezembro atingiram o dobro da média anual em comercialização de livros, com 1,27 bilhão de unidades em uma única semana. Apesar da demanda, houve uma diminuição de investimento de aproximadamente 10% no período, devido às promoções de fim de ano. A semana 48, da Black Friday, apresentou o menor preço médio histórico de 2013: R$ 33,78. Já a semana 51, do Natal, atingiu a maior variedade de títulos diferentes vendidos: 62 mil. do Taquari elegeu em dezembro a chapa única registrada para a nova presidência do sindicato. O empresário Giraldo Sandri sucede Marcos Mallmann na gestão 2014-2018. Sandri trabalha há 32 anos no comércio, onde atua nos setores de agropecuária e floricultura. Sindilojas Vale do Rio Pardo elege nova diretoria O empresário Mauro Spode assumiu oficialmente a presidência do Sindilojas Vale do Rio Pardo em janeiro. Spode entra no lugar de Henrique Gerhardt, de quem era vice-presidente. “Vamos dar continuidade ao trabalho que vinha sendo realizado, com os olhos voltados para o futuro, para iniciativas inovadoras e para a busca de novas lideranças”, afirmou. Sincopeças-RS promove primeiro curso EAD de Gestão de Pessoas O Sindicato do Comér- Zyzx/Stock.Xchng do mundo. Se fosse um país, o grupo faria parte do G-20 (que reúne as nações mais ricas) e seria a 12ª nação mais populosa do planeta, com 108 milhões de pessoas. As informações são da pesquisa As faces da Classe Média, realizada pelo Instituto Data Popular e pela Serasa Experian. Com renda entre entre R$ 320 e R$ 1,12 mil, a classe C representa 54% da população brasileira. Responsável por um gasto de R$ 1,17 trilhão e 58% do crédito concedido no país em 2013, o grupo deve consumir, em 2014, 8,5 milhões de viagens nacionais, 6,7 milhões de aparelhos de TV, 4,8 milhões de geladeiras e 4,5 milhões de tablets. As projeções são de que a classe C continue a crescer e chegue a 125 milhões de pessoas em 2023. para Veículos no Estado do Rio Grande do Sul (Sincopeças-RS), em parceria com o Senac-RS, está promovendo o curso Gestão de Pessoas. A formação será a primeira ministrada a distância pelo sindicato. As atividades serão disponibilizadas em ambiente virtual. Mais informações pelo telefone (51) 3222-5577. Remi Scheffler é eleito presidente do Sindilojas Novo Hamburgo O empresário Remi Scheffler foi eleito presidente do Sindilojas Novo Hamburgo para a gestão 2014/2017. Scheffler liderava a chapa única integrada por Nelci Horst Silva, Edison dos Santos, Darci Klagenberg, Ricardo Model, Sérgio Moutinho e Gerson Müller na diretoria executiva. O novo presidente substituiu Gerson Müller. Março 2014 Classe C está entre os maiores consumidores DO MUNDO A classe C brasileira representa o 18º maior mercado consumidor cio Varejista de Veículos e de Peças e Acessórios 107 Secovi Santa Maria também elege novo presidente O Secovi Santa Maria elegeu o seu novo presidente, Antonio Odil Gomes de Castro. Ele substituirá Everton Barth e terá um mandato de quatro anos (2014/2018). 9 notícias & negócios Arquivo Temática Larry Silva três perguntas Sebastian Soares, sócio da KPMG Brasil, fala sobre o desafio de conquistar diferentes públicos em tempos de tecnologias móveis e mídias digitais. Como as mídias digitais transformam o perfil do consumidor? Há pessoas já inseridas no contexto tecnológico, mas que mantêm um legado com a mídia tradicional, e uma nova geração completamente inserida na mídia digital. O desafio é definir as estratégias da forma correta, para atingir o público que ainda é fiel às mídias tradicionais, principalmente a televisão, e ao mesmo tempo aproveitar a mídia digital. Vamos ter 4,5 bilhões de pessoas conectadas por aparelhos móveis em 2016. É um número bastante relevante. Neste cenário, como as marcas podem trabalhar a relação com os clientes? As empresas terão que definir estratégias para atingir ambos os públicos. Acampamento Farroupilha durante a copa na capital Porto Alegre sediará uma edição extraordinária do Acam- pamento Farroupilha durante a Copa do Mundo. Serão 150 piquetes montados no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, que também contará com feira de artesanato de índios, demonstrações campeiras e área de convivência com praça de alimentação e palco para espetáculos. O horário de funcionamento será das 10h às 22h durante a semana e das 9h às 2h aos sábados e domingos. Nos dias de jogos do Brasil ou de partidas disputadas em Porto Alegre, o acampamento abrirá as portas das 9h à 0h. O Acampamento Farroupilha Extraordinário funcionará durante todo o período do mundial, entre 12 de junho e 13 de julho. A essência do consumidor não muda. É a mesma de 15, 30 anos atrás. Porém, há um volume de acesso às informações muito mais rápido que no passado. O desafio é encontrar uma forma de manter a atenção de toda esta juventude tecnológica, vista a velocidade e a quantidade de informações que se tem. Quais são as características que diferem o público brasileiro dos demais? Um fator bastante Março 2014 relevante em países emergentes, como o Brasil, é de 107 que havia muitas pessoas sem acesso à tecnologia, a smartphones e tablets, mas isso vem mudando. As pessoas com menos de 30 anos estão pulando uma etapa e nunca vão tocar num PC, pois já estão inseridas na tecnologia móvel. Não há conexão com a mídia tradicional da mesma maneira que as pessoas com mais de 30 anos têm. Ainda assim, a televisão é o meio tradicional mais utilizado pelos consumidores do Brasil: 85% deles assistem à TV diariamente. 10 Distribuição de TI se concentra no Sul E SUDESTE O setor de distribuição de TI cresceu 2% em relação a 2012, alcançando um faturamento de R$ 13,3 bilhões no fim do ano passado. Os dados são de uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira dos Distribuidores de Tecnologia da Informação (Abradisti). O estudo considerou informações de 70 companhias brasileiras, que juntas representam mais de 95% do mercado. São 9,2 mil empregos gerados no país pela distribuição de TI, sendo que a Região Sul concentra 20% das 31 mil revendas do Brasil. O Sudeste vem na frente, com 58%. Suprimentos e acessórios ganharam parcela de mercado (de 7% para 14%), enquanto a categoria hardware caiu de 81% para 74%. Softwares (11%) e serviços (1%) mantiveram-se na mesma situação em relação ao ano anterior. Desemprego na capital gaúcha é o menor já registrado O desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre chegou a 5,7% da População Economicamente Ativa (PEA) no último mês de janeiro. Trata-se do índice mais baixo desde junho de 1992, quando a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada mensalmente pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), começou a ser aplicada. O total de pessoas sem ocupação foi estimado em 108 mil pessoas, 8 mil a menos que no mês anterior. Já no cenário nacional, o índice de jovens no mercado informal caiu para 41,6% dos trabalhadores entre 14 e 25 anos. Os dados são da Organização Mundial do Trabalho (OIT), que comparou números entre 2007 e 2011. Crescimento da economia brasileira continua moderado A economia brasileira cresceu 2,3% em 2013, conforme dados do PIB Mateusz Atroszko/Stock.xchng divulgados pelo IBGE. É o terceiro ano seguido de crescimento moderado – média de 2% ao ano. Um dos motivos seria o resfriamento no consumo, devido aos juros mais altos, ao crédito restrito e à inflação de 5,91% concentrada em alimentos e serviços. De fato, o consumo das famílias desacelerou: 2,3% no ano passado, após alta de 3,2% em 2012. Por outro lado, embalada pela safra recorde, a agropecuária registrou expansão de 7%, seu melhor desempenho na série histórica do IBGE, iniciada em 1996. Nos serviços, a alta foi de 2%, seguida de 1,3% da indústria. Arrecadação de ICMS deve crescer no mundial de futebol Segundo o coordenador executivo do Comitê Gestor da Copa do Mundo em Porto Alegre, Maurício Nunes Santos, o mundial de futebol deve resultar em R$ 131 milhões a mais recolhidos em ICMS na cidade. Seriam R$ 36 milhões entre os setores de comércio e serviços e R$ 96 milhões no trade turístico. A previsão foi revelada durante reunião com deputados gaúchos ocorrida na capital. Ainda segundo o coordenador do comitê, serão 200 mil turistas circulando pelo Março 2014 Estado, sendo 70 mil estrangeiros. .com Reprodução/YouTube No site do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, os especialistas da entidade analisam temas de interesse do empreendedor. Acesse a videoteca e confira o consultor econômico da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, comentando os números da arrecadação de impostos no Brasil. 107 11 Silvio Ribeiro Tendências texto Rafael Tourinho Raymundo Março 2014 Cada vez mais conectados 107 12 A O avanço da tecnologia ainda não nos levou ao mundo da família Jetson, mas o futuro que se projetava no desenho animado é quase uma realidade. Automóveis não voam e robôs humanoides não utomóveis e eletrodomésticos realizam atividades domésticas, pelo menos por enquanto. que acessam a rede: é a Internet Porém, muitos objetos do dia a dia estão cada vez mais automatizados. das Coisas, que vem ganhando A comunicação máquina a máquina (M2M), também chaforça no mercado e promete mada de Internet das Coisas, vem ganhando força no mercado. São equipamentos cotidianos, mas aparelhados com sensores trazer benefícios, mas também e conectados entre si ou à web. Eles são capazes de acumular problemas. Conheça mais sobre informações sobre o ambiente – ou usuário – e trabalhar automaticamente, também podendo ser controlados por smartphoessa tecnologia ne, por tablet ou mesmo via comando de voz. A Cisco Systems, O lado bom A Internet das Coisas promete soluções mais rápidas e seguras para problemas comuns. Exemplos clássicos são a geladeira que avisa quando é hora de comprar leite, ou o termostato que regula a temperatura conforme o número de pessoas no recinto. A tecnologia, no entanto, pode melhorar sistemas complexos, como o de transporte público. Conectada, a sinalização das ruas indicaria pontos de congestionamento e sugeriria rotas alternativas. Veículos coletivos automatizados dialogariam entre si, regulando a velocidade e evitando acidentes. Outro caso é o da saúde. Aplicativos de celular podem medir a pressão arterial e taxas de glicose do paciente, que são enviadas a um banco de dados e analisadas em tempo real pelo médico. Histórico e prognóstico armazenados em detalhes e sem barreiras geográficas. Uma empresa que transforma este futuro em presente é a Domotic Center. Encubada numa universidade por dois anos, ela entrou recentemente no mercado e está fechando parcerias para lançar seu primeiro produto até julho. Trata-se de um interruptor que pode ser programado por celular. Entre as funções, hora marcada para apagar luzes e controle a distância de toda a iluminação da casa. “Os novos televisores já vêm com internet. Acho que vamos viver uma mudança radical no próximo ano”, acredita Giorgio Pretto, um dos sócios. Não é à toa que a Domotic Center também investe num kit de desenvolvimento para que outros programadores criem seus próprios projetos na área. O lado ruim A questão é que, na medida em que surgem novas soluções tecnológicas, criam-se novos problemas. Vírus e malwares, por exemplo: antigamente demoravam meses para se espalhar, por meio de disquetes infectados; hoje, têm inúmeras portas de entrada. Qualquer dispositivo ligado à internet está sujeito a invasores e roubos de informações. “Não existe um número de usuários suficiente que compense aos hackers desenvolver ferramentas para esses aparelhos. Quanto mais a tecnologia cresce, mais fica suscetível ao interesse deles”, pondera Vander de Castro, country manager da Avast no Brasil. Ainda assim, ele alerta para outras indagações: “Que sistema operacional a geladeira vai usar? Que tipo de sistema de proteção ela terá? Quem acessá-la poderá enviar spam”. Temendo ataque terrorista, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney chegou a desativar a função wireless de seu desfibrilador. O aparelho cardíaco instalado em seu peito poderia ser reprogramado por controle remoto, pensou. Os especialistas acham improvável, mas alguns não descartam a possibilidade. Para além das ameaças conspiratórias, um problema real é a falta de padronização das linguagens. Cada empresa utiliza um sistema próprio para seus objetos automatizados, que costuma não funcionar em conjunto com produtos de outras marcas. Há organizações como a All Seen Alliance que procuram estabelecer um framework universal. Mas enquanto não houver consenso entre os fabricantes, os dispositivos inteligentes permanecerão um tanto obtusos: só conseguirão se comunicar com organismos da mesma espécie. Integrar todas as funções e conseguir uma casa ao estilo Jetsons ainda é uma tarefa complicada. Realidade brasileira O Brasil deve lançar até junho uma política estruturante para estimular a Internet das Coisas. O projeto é uma parceria do BNDES e de diversos ministérios com o Fórum da Competitividade, formado por indústria, universidades e centros de pesquisa. Os objetivos são padronizar tecnologias e capacitar mão de obra. A desoneração de equipamentos, visando ao barateamento de custos, Março 2014 gigante do ramo de redes, prevê cerca de 25 bilhões de dispositivos conectados em 2015, número que pode dobrar até o início da próxima década. Em 2010, os chamados objetos inteligentes eram 12,5 bilhões. A Internet Data Corporation (IDC) projeta números ainda mais altos: 200 bilhões de aparelhos do gênero até 2021. Um mercado que movimentará trilhões de dólares anualmente. 107 também está prevista. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os terminais de dados M2M chegaram a 8,2 milhões no país no final de 2013 – 3,06% do total de acessos móveis. Até 2018, a projeção dos fabricantes é ultrapassar 1 bilhão de terminais. 13 10 passos Para a inovação pROCESSO CONTÍNUO C riar uma cultura específica, estimular processos, ter conhecimento de mercado: essas são apenas algumas sugestões para se chegar a resultados inovadores dentro das empresas. Aprenda mais sobre o assunto Março 2014 1 107 Inovar é gerar valor tanto para os clientes quanto para a própria organização. Por isso, é necessário saber se os processos dão resultado. O importante é manter objetivos claros e estabelecer maneiras Crie uma cultura para mensurar e avaliar o andamento do “O grande desafio das empresas é fomentar trabalho. Se a meta for aumentar vendas, a cultura da inovação”, afirma Cezar Taurion, por exemplo, a inovação deve levar a gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil. números positivos. É preciso um ambiente propício, que favoreça novas ideias e deixe os colaboradores confortáveis para desenvolvê-las. Deve-se ter em mente que inovação é um processo contínuo, que faz parte do dia a dia da companhia. 14 Tenha métricas 2 Políticas de RH podem estimular os funcionários a se engajarem em processos de inovação. O reconhecimento vai desde uma bonificação a promoções de cargo, depende do caso. Claro, as equipes precisam estar a par do que Ouça opiniões a empresa busca, justamente para saberem A cultura de inovação é um esforço como se comportar. O comprometimento coletivo e transdisciplinar. Pessoas de com o trabalho costuma estar ligado a diferentes setores podem contribuir com desafios constantes. olhares distintos sobre um mesmo assunto. Esteja aberto a sugestões, observações e críticas. E lembre-se: hierarquias rígidas podem estagnar o processo. No fomento da inovação, todos os colaboradores são importantes e merecem voz ativa. Arrisque 5 Combine 4 Cezar Taurion cita o exemplo do Iphone. O smartphone da Apple não surgiu de uma tecnologia totalmente nova. Celulares já existiam, bem como câmeras fotográficas e equipamentos de GPS. A novidade foi combinar esses elementos no mesmo Quem busca inovar corre o risco de falhar. aparelho, com um design atrativo. Inovar não Não adianta temer o erro, muito menos é propor um produto ou serviço inédito, mas encontrar culpados. A empresa só é trazer melhorias para o que já existe. inovadora quando está disposta a se arriscar, e o sucesso nem sempre vem na primeira tentativa. Avalie se seu negócio possui os meios para tanto – seja o aporte financeiro ou o prestígio no mercado – e esteja preparado para os tropeços. 6 Março 2014 3 Reconheça méritos 107 15 10 passos Espere 7 mercado. Concorrentes também estão preocupados em inovar. Há situações, inclusive, em que a ameaça vem de outros setores. Taurion lembra das empresas de telecomunicações: além da disputa entre elas, precisam de um nível mínimo de maturação como o Skype e o Whatsapp substituem ligações para funcionarem adequadamente. Embora e SMS, tirando clientes da telefonia móvel. estrutural que a empresa vive. Tenha paciência: discuta, teste e refine os procedimentos até chegar ao resultado adequado. Inovação não é revolução. Informe-se Março 2014 Por outro lado, observe as mudanças do que naturalmente divide o público, serviços não se encaixar no momento financeiro ou 9 8 Desconfie das fórmulas Quando existe uma receita, é porque ela já foi elaborada, testada e aprovada por alguém. Ou seja, já não é mais inovadora. Inovação não tem fórmula. Métodos que funcionam para uma organização podem não se adequar a outro cenário. Cada empresa deve testar seus Participar de eventos sobre o tema e ler sobre próprios processos, conforme os objetivos que cultura de inovação é sempre uma maneira pretende alcançar. “Inovação é algo contínuo”, de se inspirar. O conhecimento é bem-vindo reforça Cezar Taurion, gerente da IBM. – seja com a prática cotidiana, seja com formação acadêmica. Essa dica também pode ser levada a todos os colaboradores: promover cursos, palestras, brainstormings e até confraternizações renova ideias e abre portas para a inovação. 16 Fique atento Algumas tecnologias, ou mesmo processos, certas ideias sejam boas, às vezes elas podem 107 Inovação 10 Seu objetivo é a preservação de uma livre concorrência honesta no âmbito do direito de todas as pessoas jurídicas, em especial as empresas, relacionarem-se, por meio de atos ou contratos, com a administração pública. Para tanto, ela prevê a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas, ou seja, independentemente de dolo ou culpa dos agentes que praticaram os atos ilícitos. As condenações são distintas e variadas, conforme se trate de processo administrativo ou de processo judicial, e sempre pressupondo o dever de reparar os danos causados. As sanções administrativas são a multa, em princípio baseada em percentual do faturamento bruto da entidade, e a publicação extraordinária na imprensa de nota condenatória, como ato público de descrédito. As sanções judiciais são o perdimento dos bens e direitos obtidos com os atos lesivos; o impedimento, de um até cinco anos, de a pessoa jurídica gozar de quaisquer benefícios públicos (empréstimos, subvenções, isenções fiscais, etc.); a suspensão temporária das atividades da pessoa jurídica e, no limite, sua dissolução. Algumas dessas sanções podem inclusive alcançar as sociedades controladoras, as controladas, as coligadas e as consorciadas (no caso de consórcio para participar de licitações públicas) da pessoa jurídica condenada. A lei reserva importante papel às próprias pessoas jurídicas, dando a possibilidade de instituírem mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta (compliance), e cuja efetiva instituição será depois levada em consideração no caso da fixação de sanções. A lei também possibilita às pessoas jurídicas investigadas que tomem a iniciativa para firmar acordo de leniência, visando ao pleno esclarecimento dos fatos investigados, bem como à identificação dos responsáveis, proporcionando com isso a não aplicação ou a minoração de certas sanções. Com a nova lei anticorrupção ganham as pessoas jurídicas honestas, a administração enquanto res publica e, não por último, nós todos, cidadãos. Março 2014 Em vigor desde o final de janeiro, a Lei nº 12.846/13, ou “Lei Anticorrupção”, estabelece a responsabilidade das pessoas jurídicas, nas esferas civil e administrativa, pela prática de atos lesivos à administração pública. Ela resulta da ratificação pelo Brasil, no ano 2000, da Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, de 1997, do Conselho da Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OCDE). Emmanuel Denaui opinião A “Lei Anticorrupção” e o futuro 107 Itiberê Rodrigues Doutor em Direito pela Universidade de Münster (Alemanha) e advogado da Souto Correa Advogados 17 Março 2014 entrevista 107 18 | Guilherme Afif Domingos À frente da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República (SMPE), Guilherme Afif Domingos defende medidas para desburocratizar processos que inibem a abertura de empresas e que emperram o desenvolvimento de negócios já existentes. A previsão é beneficiar mais de 400 mil companhias, detalha o ministro, reforçando a importância de desfazer o nó da tributação brasileira Existe a previsão de que, ainda no primeiro semestre, o Congresso aprove nova revisão da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Qual a importância dessa revisão e quais são os aspectos de maior impacto que ela traz? O Congresso Nacional está analisando um projeto que permite o acesso de novos setores ao Simples. É a chamada universalização do Simples. Apoiamos o princípio de que são o porte e a receita que determinam se um empreendimento é microempresa ou empresa de pequeno porte, e não a atividade. Os aperfeiçoamentos no Simples vão produzir mais formalização, mais emprego, mais cidadania e mais proteção previdenciária para empresários e suas famílias. É mais renda fluindo na sociedade e trazendo desenvolvimento econômico e social. Essa medida, segundo as primeiras pro- jeções, deve beneficiar mais de 400 mil empresas. Também está sendo analisada a proposta de impedir que a substituição tributária continue anulando efeitos do Simples. O Simples, hoje, é opção da grande maioria das empresas brasileiras e foi ampliado no governo da presidenta Dilma Rousseff. Outra medida importante para o setor é o Microempreendedor Individual (MEI), que entrou em vigor em 2012 e mais de 3,8 milhões de pessoas já aderiram aos MEIs. Março 2014 Arquivo pessoal Mais fôlego para as MPEs 107 Quais foram os efeitos sentidos desde a publicação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas? Desde a edição da Lei Geral das MPEs, o número de empresas cresceu de forma representativa, pois diminuíram os ônus tributários e burocráticos dos pequenos negócios. Segundo estudo do 19 | Guilherme Afif Domingos Divulgação/SMPE entrevista tempo e o custo da abertura de empresas. A SMPE é a responsável pelo Comitê para a Gestão da Redesim (CGSIM) e pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), que subordina tecnicamente as Juntas Comerciais, com a missão de reduzir o tempo e o custo para a abertura de empresas. Já fizemos a implantação parcial em vários estados e vamos acelerar o cronograma para avançarmos rapidamente com novos sistemas e uma nova estrutura para o CGSIM. O que emperra esse processo? Os problemas centrais que im- Março 2014 “Os aperfeiçoamentos no Simples vão produzir mais formalização, mais emprego, mais cidadania e mais proteção previdenciária para empresários e suas famílias.” 107 Sebrae, houve um aumento de 44% no número de empreendedores entre 2002 e 2012. Por outro lado, o aumento do poder de compra das famílias, nos últimos anos, formou uma importante base consumidora, formada hoje por mais de 100 milhões de pessoas, resultando na geração de novos negócios, em especial os pequenos. A perspectiva é de que 15 milhões de pessoas migrem para a classe C em 2014, o que reforça essa visão. Qual é o impacto das micro e pequenas empresas para a economia brasileira? As MPEs representam 20% do PIB bra- sileiro. Mas em países como Itália e a Alemanha, esse número é cerca de metade da riqueza gerada, o que reforça a importância de fortalecer, expandir e formalizar esses negócios. O segmento, de acordo com estudos recentes, contribui para uma melhor distribuição de renda, com impactos importantes para as pequenas cidades. Segundo o Sebrae, entre 2000 e 2011 os salários tiveram aumento real de 18% nas MPEs, enquanto nas demais empresas a evolução foi metade disso. Apesar dos excelentes resultados do Simples Nacional e do MEI – em incentivo à formalização pela desoneração tributária e burocrática – ainda há 8 milhões de empreendimentos que precisam ser incluídos no mundo da formalidade e da proteção social, gerando mais desenvolvimento e riqueza para toda a sociedade. O que representa para a economia o fechamento de uma empresa, considerando o número elevado do índice de O senhor tem defendido uma política de simplificação nacional, pode nos detalhar o que pensa a esse respeito? Defendemos a implantação da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), do processo único que integra todos os órgãos e entidades da União, Estados e Municípios envolvidos com a legalização de empresas e negócios. Essa é a solução para diminuirmos o 20 pedem o crescimento das MPEs são o custo incompatível para abertura e baixa de empresas e o peso excessivo das exigências estatais. As causas do fraco desempenho são o desconhecimento de procedimentos e exigências, o processo complexo para regularização de tributos e imóveis, os procedimentos pouco diferenciados e as exigências e documentos redundantes. mortalidade das micro e pequenas empresas? Em relação à mortalidade que vitima o universo das MPEs, constatou-se que elas vivem, em média, apenas cinco anos. As causas determinantes desse fenômeno são o nível insuficiente de vendas, o custo incompatível de operação e o gerenciamento pouco profissional. Os reflexos desse ambiente resultam na incapacidade das MPEs para contratar empregados, gerando estag- nação do crescimento do nível do emprego; incapacidade de ampliar vendas e produção e reduzir custos, e na dificuldade para pagar impostos, implicando estagnação dos níveis do PIB. Além disso, a dificuldade enfrentada pelo segmento para cumprir contratos leva ao aumento das falências e, consequentemente, à elevação da taxa de mortalidade. quotas do regime geral nas transações com outros estados, as MPEs pagam como as grandes empresas, sem qualquer outra saída. Demitem ou fecham suas portas. A Constituição Federal de 1988, no artigo 150, §7, inseriu o tratamento diferenciado no campo administrativo, e nós temos o Simples, que precisa ser aperfeiçoado e ampliado. Quais são os mecanismos para evitar esse processo de Quais são os principais projetos e propostas da Secretaria A reforma tributária, nesse cenário, ganha centralidade? A questão da tributação é um nó a ser desfeito com urgência. Um exemplo perfeito desse problema é o caso do pequeno mercadinho versus o grande supermercado. O pequeno está no Simples e, por isso, tem uma taxa favorecida, principalmente no ICMS na ponta. Mas as burocracias estaduais deram um golpe no pequeno empresário. Criaram o contribuinte substituto, que coloca a carga cheia no produto na saída da indústria. Com isso, o pequeno empresário teve anulado o poder de competição, que lhe fora garantido por legislação. Ao perderem as vantagens da substituição tributária, a partir da aplicação de alí- “A questão da tributação é um nó a ser desfeito com urgência.” biente de negócios favorável e fomento às MPEs, por meio das ações já mencionadas: desburocratizar e desenvolver. O Ministério tem dois eixos para enfrentar esses problemas. No âmbito da desburocratização, temos a Secretaria de Racionalização e Simplificação, voltada para aumentar o grau de legalização das MPEs em função da integração de processos e da desregulamentação. Todas as Juntas Comerciais do país estão vinculadas a essa secretaria. Ela vai implantar e desenvolver a Redesim. Uma das iniciativas importantes é implantar o que chamamos de Simples Trabalhista, que é a simplificação das obrigações administrativas para as MPEs. Em relação ao desenvolvimento, temos a Secretaria de Competitividade e Gestão, para aumentar a taxa de sobrevivência das MPEs por meio de iniciativas que ampliem sua capacidade de produção e gestão e reduzam custos. Nela estão abrigadas ações para acesso à inovação, redução de juros e de burocracia para crédito, acesso ao mercado exterior e às compras públicas e aumento do grau de maturidade gerencial dos negócios. O Fórum Permanente das MPEs está vinculado à Secretaria de Competitividade e terá uma nova modelagem para ajudar a alcançarmos esses objetivos. Março 2014 brevivência, serão adotadas medidas para: reduzir os juros e a burocracia para acesso ao crédito; garantir acesso à inovação e certificação de produtos e de processos; dar transparência sobre a realidade econômico-financeira; assegurar a capacidade de entrega das encomendas; e facilitar a prospecção do mercado comprador e fornecedor. Além dessas ações destinadas a expandir a produção e reduzir custos, a SMPE vai adotar medidas para aumentar a capacidade de vendas e gestão, como na formação de jovens na área de empreendedorismo e para garantir acesso a conhecimentos e instrumentos para a gestão profissional do negócio, facilitando o acesso ao mercado exterior e aumentando o acesso das MPEs às compras públicas. da Micro e Pequena Empresa para este ano? Garantir am- Divulgação/SMPE fechamento? No que diz respeito ao aumento da taxa de so- 107 21 Rafa Marin/Prefeitura de Pelotas regiões Sul Março 2014 doces, navios e negócios 107 22 n O pampa é marcado por cidades de peso na construção da identidade gaúcha. Pelotas, onde nasceu o escritor Simões Lopes Neto, desde cedo o sul do estado, pelotas apresentou forte vocação para o comércio e o agronegócio, graças à miscelânea de etnias que contribuiu para sua fore Rio Grande são duas cidades mação. Hoje é conhecida no país inteiro pela Fenadoce. Rio com muita história e tradição. Grande, por sua vez, é o município mais antigo do Estado, fundado em 1737. Berço da colonização açoriana, é referênsão conhecidas pela Fenadoce cia pelo segundo mais importante porto do Brasil para o dee pelo segundo porto mais senvolvimento do comércio. Outros destaques da região são Canguçu, Jaguarão e São José do Norte, que receberá o maior importante do país estaleiro da América Latina. Em Pelotas, a Hercílio Calçados é administrada pela mesma família desde 1907, abrangendo cinco gerações. Hoje, está sob o comando de Oswaldo Gaspar da Fonseca Neto. O negócio, que Na cidade portuária de Rio Grande, o comércio é pujante e inspira espíritos empreendendores como o de Alberto Amaral Alfaro. Advogado por formação, administra a Simcard, distribuidora de chips e aparelhos de recarga de celulares, e a imobiliária Alfaro Negócios Imobiliários. Enquanto que o primeiro negócio vai de vento em popa, o segundo vive período de incertezas. O desenvolvimento decorrente da instalação do polo naval também trouxe transtornos. “De uma hora para outra, as ruas receberam mais 10 mil pessoas e ninguém estava realmente preparado para isso. Há longas filas nos supermercados, tumulto e prejuízos para a motricidade urbana e a saúde. As empresas enfrentam enorme rotatividade, o mercado imobiliário elevou seus preços às Inadimplência perigosa Na pequena São José do Norte, Luís Escobar, proprietário das Lojas Damárcia Variedades e Damárcia Presentes e Pirralhos, reclama da inadimplência. “Tenho R$ 50 mil perdidos na rua, e o Código de Defesa do Consumidor protege os maus pagadores. É difícil cobrá-los, ou pegar a mercadoria de volta, e em cinco anos suas fichas ficam limpas no Serviço de Proteção ao Crédito”, protesta. “É preciso repensar a lei. Gero cinco empregos diretos, mas poderiam ser oito, e não dá para botar a diferença na mercadoria, pois perco clientes para a concorrência.” A cidade vai receber o maior estaleiro da América Latina, o que deve quadriplicar o PIB municipal e gerar 30 mil empregos diretos e indiretos. “O comércio certamente sentirá a diferença, principalmente na área de serviços. Como em Rio Grande, a especulação imobiliária já começou”, finaliza. Março 2014 Sortes e reveses alturas e uma bolha está criada”, afirma. “Como resultado, verificamos agora retração, e não aumento de demanda.” No ramo de telefonia, contudo, os negócios vão bem. Atualmente, ele distribui chips de celular e aparelhos de recarga física e eletrônica para armazéns, supermercados, padarias e salões de beleza. Sua equipe de vendedores percorre Rio Grande, Pelotas e Bagé em duas visitas por semana. “O tíquete médio de recarga aumentou de R$ 12,80 em 2011 para R$ 14,60 em 2014. O pessoal está falando mais”, vibra. Divulgação/Hercílio Calçados cresceu junto com a cidade (cuja população quintuplicou no período), se mantém firme, apesar dos percalços. São oito lojas, com presença também nas vizinhas Rio Grande e Canguçu. Vítor Hugo Colvara, sócio-diretor, revela a árdua tarefa de permanecer como referência no segmento por tanto tempo. “Com a globalização e a internet, o padrão de exigência do consumidor aumentou muito e as lojas precisam obrigatoriamente ter layout moderno”, reflete. Há exigências por marcas, preços e tipos de produtos. Além disso, com a chegada dos sapatos chineses e o advento dos shopping centers, a concorrência se multiplicou. “Antigamente, as grandes redes tinham 10 lojas, e agora elas têm 100 lojas.” Uma das características antigas conservadas pela Hercílio Calçados é o crediário próprio, com o conhecido carnê de pagamentos. Fora isso, os novos tempos imperam. O e-commerce se impôs como alternativa de compra, e é preciso investir forte em mídia e redes sociais para manter as vendas estáveis. “As pessoas migraram seus investimentos para bens duráveis, imóveis e aparelhos eletrônicos, comprometendo grande parte da renda. Quem antes comprava três pares, hoje compra um”, lamenta. A inadimplência preocupa, mas ainda está sob controle. 107 Alinhamento aos novos tempos é a chave do sucesso da Hercílio Calçados 23 gestão Guia para o caminho certo éticas e transparentes, o código de conduta é o ponto de partida para mitigar danos decorrentes de Você já parou para pensar no quanto a sua empresa pode perder com fraudes ou corrupção interna? Se não fez essa reflexão ainda, é bom começar a avaliar esse cenário o quanto antes. Basta pensar, primeiro, em pequenos delitos, que podem corromper colaboradores e causar prejuízos, para concluir que evitar esse processo é importante para a manutenção dos negócios. Outro bom motivo para estudar a implantação de práticas transparentes e éticas dentro da sua empresa é a chamada Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/13), em vigor desde janeiro deste ano e que pode colocar em risco até mesmo a operação de companhias que comprovadamente agiram em práticas de corrupção contra a administração pública. Sim, os efeitos da lei podem culminar com o fechamento de uma empresa, na pior das hipóteses. Na melhor delas, a companhia será condenada a pagar uma multa, que pode variar de 0,1% a 20% do faturamento anual bruto apurado no ano anterior, podendo chegar a até R$ 60 milhões quando não for possível determinar o faturamento. As sanções podem ser minimizadas para empresas que colaborarem com as investigações, quando for o caso. As penalidades assustam, mas especialistas garantem que a lei abriu espaço para uma discussão que pode consolidar novas práticas de gestão, fazendo com que as companhias brasileiras tornem-se mais transparentes e responsáveis com sua atuação. Lúcia Simon Março 2014 24 consolidar práticas fraude e corrupção texto Marina Schmidt 107 F undamental para Sem desculpas Mais simples do que parece “Ser honesto não demanda esforço nem disciplina.” Essa é a frase que sintetiza a atuação do escritório de advocacia Schmidt Curvelo, de Porto Alegre, segundo o próprio sócio-diretor do estabelecimento, Alexandre Schubert Curvelo. “A honestidade, o agir de acordo com as normas éticas dentro do escritório, nas relações interpessoais, promove naturalmente resultado externo”, sacramenta. Em 2006, o escritório se tornou uma das empresas signatárias do Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, do Instituto Ethos. O que motivou Curvelo a seguir os preceitos do pacto e consolidar mudanças simples, mas práticas, Stock.Xchng foi a proximidade de atuação do escritório com empresas que detêm relações contratuais com a administração pública. Curvelo destaca que o escritório já tinha afinidade com as diretrizes do pacto, e que fortaleceu esses preceitos consolidando uma política de conduta corporativa, que foi estendida aos clientes, inclusive. “As mudanças práticas foram, de início, a orientação e transmissão dos preceitos norteadores da Convenção das Nações Unidas, que trata das ações contra Corrupção. A partir disso, fixei algumas metas para a orientação aos clientes, criando regras internas de compliance, especialmente no que se refere ao modo de conduzir procedimentos e à necessidade de evitar situações e risco.” Especialistas defendem o modelo de Curvelo para adoção de medidas de combate à corrupção em empresas de menores portes. “É simples, direto e objetivo. O código de conduta tem que dizer o que as pessoas devem fazer e como devem fazer, além de elencar restrições”, sintetiza Magri, do Instituto Ethos. A comunicação é um processo fundamental para que as práticas adotadas pelas empresas sejam eficientes, defende Eduardo Sampaio, presidente da FTI Consulting no Brasil. “O RH de uma empresa pode produzir um conteúdo simples e de baixo custo explicando sobre a nova lei, como a empresa pode adequar-se a ela e como os colaboradores devem se comportar”, explica, lembrando que as práticas contidas no código de conduta devem ser retomadas pelos gestores das empresas junto aos funcionários com regularidade. Começar não é fácil, mas é inevitável. Magri aconselha as empresas a consultarem modelos de códigos de condutas já produzidos. “A Controladoria Geral da União em parceria com o Instituto Ethos criou um curso a distância, sem custo algum, e que ao final apresenta um modelo a ser adotado pela empresa, que terá apenas que adaptar para realidades bem específicas de sua atuação”, sugere. O curso e o pacto contra a corrupção estão disponíveis na página www.empresalimpa.org.br. Março 2014 Tradicionalmente, empresas de maior porte investem em compliance – área de controle de riscos e de estímulo ao cumprimento de exigências legais e corporativas – para mitigar erros, fraudes e desvios de conduta que possam prejudicar os negócios. As vantagens da gestão ética e transparente, portanto, vão além do que preconiza a recente lei. Apesar do potencial de investimento das grandes empresas, as micro e médias não podem ter o custo como desculpa, adverte o diretor-executivo de operações, práticas empresariais e políticas públicas do Instituto Ethos, Caio Magri: “Entendemos que os recursos são escassos e reduzidos, mas o problema é menor”. Outro aspecto que determina se o aporte dedicado à inibição de corrupção corporativa deve ser elevado é o risco de envolvimento da empresa em práticas lesivas à administração pública. “Microempresa que fornece serviço de logística para prefeitura precisa de uma estrutura própria que a mantenha em permanente integridade”, exemplifica. Para Eduardo Sampaio, presidente da FTI Consulting no Brasil, o investimento resultará em mais poder competitivo para a empresa, independentemente do porte. “Num primeiro momento será um desafio às empresas que precisam investir em programas de compliance, em treinamentos e em verificação de seus parceiros. Por outro lado, uma vez que essas instâncias estejam em funcionamento, a empresa terá melhor visibilidade, menor probabilidade de ocorrência de fraude e melhor posicionamento empresarial, o que em si é uma oportunidade de diferenciação e de melhoria em seus processos.” 107 25 Cenários especial desafios que rondam o giro da economia Março 2014 c 107 26 om um crescimento superior ao do brasil em 2013, o rio grande do sul se desenvolve tendo como motores atuais o agronegócio e o consumo. mas os resultados poderiam ser melhores, avaliam economistas. vencer barreiras já conhecidas dos empresários é o desafio para sustentar o giro econômico do estado neste ano A economia brasileira avançou apenas 2,3% em 2013, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a performance dos estados da região Sul do país (Rio Grantexto Diego Castro de do Sul, Santa Catarina e Paraná) foi a responsável por imagem de abertura Lúcia Simon puxar os índices para cima, tendo um crescimento quase chinês. O Estado viu seu Produto Interno Bruto (PIB) subir 5,8%, na prévia divulgada pelo IBGE, em desempenho duas vezes e meio superior ao nacional. Mas o empresário local conhece os percalços que enfrenta para produzir, vender e distribuir a produção. Fica a reflexão: quanto mais po- deríamos crescer em condições ideais? No ano passado, o sucesso gaúcho veio, principalmente, da agropecuária, cuja atividade evoluiu 39,7%. Os serviços expandiram-se 3,2%, com destaque para as taxas de crescimento do comércio (4,2%) e dos transportes (6,8%). Apesar dos números positivos, economistas pedem cautela. O professor de Economia da Ufrgs e consultor da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, salienta: o que gira a economia no Rio Grande do Sul é São Pedro. “No ano passado, recuperamos as perdas de 2012 no campo, daí nosso de- sempenho fantástico. A base de comparação era horrível, e não fosse assim, teríamos verificado índices mornos”, explica. “A agropecuária é muito volátil, mas se conecta a todo um conjunto de outras atividades que chamamos de agronegócio, auxiliando também a indústria e o comércio, principalmente nas cidades do interior. Se você for olhar a produção de grãos no Estado, ela repetiu 2011, mas havia despencado em 2012.” A economista da Fundação Estadual de Economia e Estatística Cecília Hoff, professora da PUCRS, concorda em Março 2014 Cenários 107 27 especial Marcelo Portugal Março 2014 Consultor da Fecomércio-RS 107 28 João Alves/Divulgação Fecomércio-RS parte com Portugal. No Estado, a recuperação da agricultura após a seca de 2012 ajudou demais o crescimento regional, influenciando o resultado do setor secundário. A produção industrial cresceu 2,9% no ano passado. “Houve boas performances do setor automotivo, da indústria naval e petrolífera. Evidentemente, há municípios do interior dependentes da safra agrícola, especialmente onde a plantação de soja é forte, mas essa realidade não se verifica na região metropolitana nem na região do polo naval.” Cecília acredita que o comércio vai bem, de modo geral. Em 2012, exemplifica, o setor evitou queda maior do PIB gaúcho (-1,8%). “No ano passado, houve crescimento nos dois âmbitos, e a minha ideia é de que o comércio em 2014 acompanhe o desempenho nacional”, declara. Para Portugal, os resultados foram medianos. “No Brasil, o volume de vendas cresceu cerca de 4,5%, no Estado 3,8%, segundo o IBGE. Nossa estimativa é 4,5% pra 2014”, afirma, alertando para a desaceleração do ritmo verificado recentemente. “Entre 2006 e 2011, o crescimento foi maior, mas a situação é pior na indústria, que demonstra no médio prazo desempenho mais fraco.” “ Quem faz a economia do Estado girar é São Pedro. No ano passado, apenas recuperamos as perdas de 2012 no campo. ” O papel do consumo O professor da Ufrgs e economista Fernando Ferrari Filho ressalta o papel do consumo no giro da economia gaúcha. “O Brasil tem crescido sobre esse alicerce. Para tanto, crédito e reforço da massa salarial têm contribuído para tal dinâmica”, declara. “A questão central é fazer o investimento crescer, pois a expansão do consumo sustenta a boa performance econômica somente no curto e médio prazos.” Conforme Cecília, já há sinais de esgotamento dessa política. “No passado, houve reforço da política de distribuição de renda, e o acesso ao crédito foi facilitado, pois era baixo demais, representando apenas 20% do PIB. Houve, então, dois grandes impulsos em uma demanda reprimida por bens duráveis”, diz. O ciclo agora arrefece porque, depois da crise de 2008, o crescimento da renda familiar reduziu, e grande parte dela está comprometida com parcelamentos efetuados. “Ninguém compra geladeira e carro todo ano”, pondera. No entender de Ferrari Filho, se a relação investimento/PIB não for elevada para algo ao redor de 25% — hoje ela se encontra em torno de 19% —, é pouco provável que o país e o Estado apresentem taxas de crescimento mais sustentáveis (o PIB subiu em média 3,2% ao ano no governo Tarso). Segundo o economista, a melhora efetiva do desempenho exige, além de políticas fiscais contra cíclicas (expansão de gastos governamentais na época de depressão e ajuste fiscal consistente na prosperidade), ganhos de produtividade e reformas estruturais, como a tributária. “Da parte do Estado, é necessário ter-se consciência das suas restrições orçamentárias, racionalizar gastos e promover reformas estruturais. Parcerias público-privadas também são importantes”, explica. Portugal pensa de forma semelhante. “Consumir é fácil. O difícil é trabalhar para produzir, construir a fábrica, colocar funcionários no batente e desenvolver tecnologia, quando se tem uma força de trabalho de baixa educação e as empresas já estão produzindo no máximo de sua capacidade”, adverte. Faltam hospitais, fábricas, portos, aeroportos e estradas, imprescindíveis ao desenvolvimento. O aumento da oferta de bens e serviços, sendo assim, não ocorrerá do dia para a noite. Ou seja, a infraestrutura é o grande entrave. “Crescemos muito agregando capital e trabalho, mas agora não é mais possível, porque a massa de trabalhadores se estabilizou”, lembra. Crescimento de 12% é esperado pelas Lojas Colombo em 2014, conforme Rodrigo Piazer menos paga proporcionalmente mais. Um terceiro problema do sistema tributário, define, é a complexidade, fonte de muitas perdas de custos de transação. Março 2014 Diante da nova realidade, o consultor da Fecomércio-RS propõe ao país tomar como exemplo a Alemanha, e não a China. “Os chineses pegam o sujeito que estava capinando no campo e trazem-no para a economia de mercado. A Alemanha possui o mesmo número de trabalhadores nos últimos anos, mas eles se tornam cada vez mais produtivos graças à tecnologia e à inovação”, argumenta. A pesada carga tributária brasileira também recebe críticas dos economistas, embora haja poucas possibilidades de alteração nesse panorama. “Não há espaço para a sua redução, principalmente pelo fato de que a Constituição assegurou vários direitos fundamentais à população. O que é importante é torná-la mais eficiente”, defende Ferrari Filho. Ele sugere uma reforma que estabeleça maior incidência da tributação sobre a renda e a riqueza, maior progressividade dos impostos e uma redução dos impostos indiretos. Cecília reforça os apontamentos: o sistema tributário onera o consumo e a produção, e não o valor agregado, prejudicando toda a cadeia. Além disso, gera distorções: quem ganha Divulgação/Candida Photo Art Divulgação/Priscila Barreto Cenários 107 Copa do Mundo Estimativas da FEE, com base em estudos da FecomércioRS, apontam que os gastos dos turistas nos dias do evento 29 especial devem acrescentar cerca de R$ 500 milhões ao PIB estadual, gerando 12 mil empregos. Embora nem todos os setores e economistas nutram grandes expectativas, Cecília Hoff acredita no potencial do evento, por seu efeito multiplicador. Ela salienta que quem contrapõe os gastos do governo (R$ 570 milhões) ao ingresso de divisas se esquece de que os investimentos públicos também impactam o PIB, geram resultados indiretos e o efeito renda. Com tudo considerado, afirma ela, torna-se difícil concluir que o legado da Copa seja negativo e não surpreende que haja disputa pela oportunidade de sediá-la. Indústria descontente 107 Luciano Schewe: investimentos em infraestrutura e revisão do ICMS são fundamentais para competitividade 30 Divulgação/AMICRS Março 2014 O setor secundário gaúcho, apesar da alta de 2,9% verificada em 2013, não está muito feliz com o cenário econômico atual. A produção industrial gaúcha caiu em janeiro pelo terceiro mês consecutivo, de acordo com a sondagem divulgada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em março. Segundo o presidente Heitor Müller, a elevação mostra apenas uma recuperação cíclica, pois a base de comparação é deprimida e foi antecedida por dois anos de desaceleração. O saldo médio da expansão do setor em três anos não chega a 1%. Um documento com reivindicações foi entregue à presidente Dilma Rousseff, em fevereiro. A entidade defende que o BNDES amplie e facilite o acesso das indústrias às suas linhas de financiamento, reduzindo a burocracia no cadastro de bens financiáveis, principalmente nas linhas da Finame (crédito para produção e aquisição de máquinas e equipamentos). A Fiergs também quer a atualização das faixas de enquadramento das empresas, cuja tabela está defasada em 50%, conforme estudos. Outra exigência dos industriais é a negociação e remoção das barreiras impostas pela Argentina aos produtos brasileiros. “Essas travas criadas pelo país vizinho contrariam os princípios do Mercosul e provocam déficit na balança”, acentuou Müller. Colombo quer crescer 12% Nas Lojas Colombo, o bom momento da agropecuária é comemorado. “O campo volta a ter um papel determinante nos índices, além de fatores benéficos como o pleno emprego e a recuperação da indústria”, sustenta. “Esse cenário anima o consumo e repercute favoravelmente no varejo. O ânimo do setor no Estado sofre a influência dos resultados das safras agrícolas e, nas Lojas Colombo, as filiais situadas em cidades com economia baseada no agronegócio têm apresentado um desempenho acima da média”, revela Rodrigo Miceli Piazer, diretor-superintendente. O executivo conta que a rede espera crescer 12% em 2014 e que um total de 20 novas lojas deve ser aberto. “Apostamos também na revitalização de filiais, com treinamento da força de vendas, investimentos em logística e outras estratégias que já se mostraram vencedoras. O atendimento de excelência será o grande diferencial competitivo nos próximos anos”, relata. Focar especificamente na região Sul é outro passo importante que consolida o crescimento projetado para o futuro. Piazer confia na manutenção de performances satisfatórias do consumo, com base em fatores como o acesso ao crédiário, além da baixa taxa Cenários O presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Amicrs), Luciano Schewe, destaca o desempenho agrícola, em especial a safra da soja, como determinante na economia gaúcha. “O PIB da indústria também foi surpreendente, se considerarmos alguns fatores que dificultam nosso crescimento. Investimentos em infraestrutura e revisão da alíquota de ICMS teriam sido fundamentais para a verificação de números mais positivos, pois aumentariam nossa competitividade.” Quanto ao comércio, ele credita o aquecimento do mercado ao baixo desemprego. “O poder aquisitivo do brasileiro melhorou. A inserção econômica das classes C e D fez uma revolução.” Preço não é mais o único fator determinante na decisão de compra do consumidor, avalia. “Atendimento e pós-venda têm peso na análise de compra, e as lojas virtuais ganham cada vez mais espaço e disputam atenção com os estabelecimentos formais”, declara. Conforme o dirigente, é hora de o empresário gaúcho pensar que seu mercado pode estar também além das fronteiras do RS. A luta pelo aumento da competitividade é uma das principais bandeiras da entidade. Existe forte articulação política nacional em defesa das micro e pequenas empresas, cujo objetivo é sensibilizar segmentos do governo federal para algumas propostas. As principais dizem respeito ao fim da substituição tributária para as empresas do Simples, ao enquadramento no Simples exclusivamente determinado pelo Fernando Ferrari Filho Professor de Economia “ Para sermos mais competitivos, é necessário racionalizar os gastos e promover reformas estruturais. ” Março 2014 A voz dos pequenos Arquivo Pessoal de desemprego e da expansão da renda. “O principal ativo de nossa companhia sempre foi o cliente. É pensando na melhor forma de atendê-lo que firmamos parcerias, desenvolvemos pessoas, projetamos lojas, investimos em tecnologia, sistemas de gestão, mix de produtos e tantas outras formas de facilitar sua vida”, conta. Atualmente, a interface web da Colombo é a maior loja da rede. O canal de vendas online representa mais de 20% do faturamento e o crescimento acontece em ritmo acelerado a cada ano. porte do negócio (não mais em função da atividade exercida pelo empresário) e à simplificação das exigências legais para fornecimento de produtos e serviços por intermédio de licitações para entes públicos. “A discussão sobre o fim da substituição tributária é o capítulo mais polêmico, pois interfere na arrecadação pública. Para o empresário, esta medida representará aporte significativo no capital de giro”, explica. Ao analisar os entraves para o desenvolvimento do seu ramo de atuação, Schewe também cita a falta de profissionais qualificados no mercado, as dificuldades de acesso ao crédito empresarial e o alto envolvimento com rotinas burocráticas. A maioria dos micro e pequenos negócios não resiste aos primeiros anos de vida, segundo ele, pois o empreendedor tende a mensurar apenas os pontos fortes do negócio, e deixar em segundo plano o planejamento organizacional. “Muitos têm dificuldades até mesmo em montar um simples fluxo de caixa”, constata. “Mesmo assim, estamos amadurecendo, e no segmento industrial, por exemplo, a taxa de sucesso das empresas brasileiras nos dois primeiros anos já é superior à de países como Canadá e Holanda. A cooperação entre as empresas tem se destacado como um meio capaz de torná-las mais competitivas.” 107 31 mais mais & menos PIB O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,3% em 2013. No total, o país gerou R$ 4,84 trilhões em riquezas no ano passado. Empreendedoras As mulheres estão comandando a abertura de novos negócios no país. Dados revelados pelo Sebrae a partir da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostram que 52% dos novos empreendimentos são de mulheres. Oportunidade A pesquisa GEM aponta, ainda, que 66% das mulheres iniciam uma empresa após identificar uma oportunidade de mercado. Liderança A força empreendedora feminina é maioria em quatro das cinco regiões brasileiras. Apenas no Nordeste Tecnologia / Eletrônicos defasados Mais da metade dos equipamentos eletrôni- Jakub Krechowicz/Stock.Xchng saiba cos é substituída devido à obsolescência programada, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em parceria com a Market Analysis. O estudo revelou que um em cada três celulares e eletroeletrônicos são substituídos por falta de funcionamento e três em cada dez eletrodomésticos são substituídos por apresentarem defeitos, mesmo estando em funcionamento. O celular é o aparelho que tem menor duração e possui um ciclo de vida de, em média, menos de 3 anos e dificilmente ultrapassa cinco anos. A pesquisa aponta que 81% dos brasileiros TEMPO DE USO DE trocam de celular sem antes recorrer CADA EQUIPAMENTO à assistência técnica. As mulheres Menos de 3 anos tendem a trocar mais os equipamen- Celulares e smartphones 54% tos por motivo de funcionamento Câmara 32% (60% versus 53% na população geral), Impressora 27% enquanto os homens tendem a trocáComputador 29% -los com o objetivo de ter um equiMicro-ondas 20% pamento mais atual (55% versus 47% na população geral). A população de DVD ou Blu-Ray 30% classe baixa substitui mais facilmen- Mais de 10 anos te o equipamento por problemas de Lavadora de roupa 33% funcionamento (66% versus 53%), Fogão 41% enquanto a população de classe alta o Geladeira 49% substitui por questões de atualização Televisão 34% tecnológica (59% versus 46%). elas ainda não ultrapassaram os aproximadamente 49% de participação entre os Março 2014 novos empresários. 107 Copa Boa parte dos turistas internacionais (31%) que viajam para acompanhar os jogos da Copa do Mundo tem renda familiar acima de R$ 20 mil, podendo passar dos R$ 50 mil por mês, revelou um estudo feito pelo Ministério do Turismo durante a Copa da África do Sul. 32 Trabalho / Pausa Fazer uma pausa no decorrer da jornada de trabalho pode até estimu- lar a produtividade, defendem especialistas, mas os efeitos benéficos se perdem quando as pausas são excessivas. De acordo com estudo feito pelo Centro de Pesquisas em Economia e Negócios, do Reino Unido, os fumantes britânicos fazem, em média, quatro pausas diárias para fumar durante o dia, cada uma delas com duração de 10 minutos, podendo gerar um custo de US$ 14,5 bilhões por ano para as empresas. O custo por fumante é de US$ 2,5 mil, sem considerar as despesas com saúde, que podem chegar a US$ 2 mil por ano a mais em relação a funcionários não fumantes. Stock.Xchng homens, mas estão quase lá, com de Negócios Gestão / Modelo de Excelência Um estudo realizado pela Serasa Experian, encomendado pela Fundação Na- cional da Qualidade (FNQ), comprova que entre as organizações avaliadas, as que utilizam o Modelo de Excelência da Gestão (MEG) obtiveram alta no faturamento, com aumento do lucro e realização de mais investimentos. Para elaboração da pesquisa, foram consultados os demonstrativos financeiros de 245 organizações que utilizam o MEG e comparados com a média dos resultados de empresas dos mesmos setores. O estudo apurou os demonstrativos entre os anos de 2000 e 2012. Em relação à evolução no faturamento, as empresas usuárias do Modelo tiveram um avanço de 114,3%, enquanto as outras companhias do mesmo setor cresceram 96,8%. Os investimentos realizados pelas empresas que adotam o MEG também são maiores do que o das demais organizações do mesmo segmento. As companhias do ramo de serviços investem 14,1%, contra 11,9% da média geral, no mesmo setor. elogios exagerados: os funcionários desejam mesmo é saber o que estão fazendo bem e onde podem ser melhores. Um levantamento feito pela consultoria americana Zenger Folkman, com mais de 2,5 mil funcionários de diversos países, concluiu que a maioria dos profissionais prefere receber críticas construtivas de seus chefes. Acompanhe dados da pesquisa: 57% preferem receber feedback que apresente sugestões sobre como melhorar o trabalho ou comentários sobre processos que poderiam ser mais eficientes 43% são favoráveis ao feedback positivo, com elogios e comentários que reforcem a qualidade do trabalho feito 72% acham que teriam melhor desempenho se recebessem mais críticas construtivas dos superiores Março 2014 rativas cresceram 13,83% em 2013, alcançando a cifra de R$ 36,79 bilhões, ante os R$ 32,31 bilhões de 2012, de acordo com dados do IEVC (Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas). Considerando o efeito multiplicador na economia, o volume de negócios gerados pelo setor de viagens corporativas chega a R$ 69,54 bilhões, levando em conta as receitas com transporte aéreo, hospedagem, locação de automóveis, alimentação, agenciamento e tecnologia. Segundo o estudo, o setor de viagens corporativas registrou 351.034 empregos diretos em 2013, um aumento de 5,42% em relação a 2012, quando o número de empregos diretos no setor foi de 332.987. O IEVC analisa os gastos com aéreo, hospedagem, locação de automóveis, alimentação, agenciamento e tecnologia. O setor aéreo lidera o ranking das receitas geradas em 2013, com 46,75% do total, seguido por hospedagem (34,37%), locação de carros (6,09%), alimentação (5,24%), agenciamento (4,98%) e tecnologia (2,57%). Para 2014, a projeção do estudo é de que as receitas com viagens corporativas cresçam 12,37%. Nem críticas infundadas, nem Stock.Xchng As receitas com viagens corpo- Carreira / Crítica construtiva Stock.Xchng MERCADO / Turismo 107 33 João Alves/Divulgação Sesc-RS sesc Março 2014 Estímulo à socialização e à autodeterminação 107 34 P O Projeto de Habilidades de Estudo do Sistema Fecomércio-RS/Sesc está sendo ampliado. Em 2013, o PHE abrangeu 40 crianças de 6 a rojeto de Habilidades de 12 anos, na UO Chuí, no turno inverso da escola regular, e agora foi implantado em Erechim. A proposta promove a Estudos, implantado no Chuí participação dos pequenos em atividades lúdicas e criativas, em 2013, será expandido para desenvolvendo a capacidade de refletir sobre o mundo por meio de leituras, pesquisas e visitas a museus, universidades Erechim. Iniciativa desenvolve e espaços culturais. Além disso, incentivam-se a pesquisa e a prática de esportes, com valorização das diferenças. atividades lúdicas e criativas “É um projeto que pudemos perceber, desde o início do de incentivo à pesquisa e à trabalho com as crianças, muito enriquecedor, pois permite que elas construam novos conhecimentos, não só complereflexão crítica mentando os já adquiridos na escola, mas também amplian-do seus repertórios de vida. O projeto possui uma grande Exposição de Carlos Vergara A partir de 24 de março, os conterrâneos do artista santa-mariense Carlos contribuição social”, comenta a supervisora pedagógica da UO Chuí, Cinthia Fernandes. O Sesc procura, assim, criar condições para que a criança desenvolva sua cidadania e te-nha a capacidade de interpretar os fatos de maneira crítica. Há muita interação entre os envolvidos. Vergara poderão conferir gratuitamente um de seus reconhecidos trabalhos. A exposição “Experiências de São Miguel das Missões”, que vem de recente circulação nacional, tem o objetivo de estabelecer um diálogo entre a arte contemporânea de Vergara e as ruínas jesuítas de São Miguel das Missões. O público de Santa Maria poderá Atuação de vanguarda conferir as peças no Museu de Arte de Santa Maria – MASM (Av. Presidente Vargas, 1400) até 20 de abril, das 8h As 17 Escolas de Educação Infantil do Sesc-RS utilizam proposta pedagógica diferenciada das escolas tradicionais. Elas atendem as crianças em tempo integral, oportunizando espaços e ações de qualidade, atrelados ao trabalho de abrangência também complementar. O objetivo do projeto de habilidades é oportunizar um crescimento saudável das gerações futuras. A nova forma de encarar a educação na infância já serviu como referência no Fórum Internacional de Educação, no ano passado. Neste ano, cerca de 1,5 mil crianças de 2,6 a 5 anos e 11 meses serão atendidas. Em 2014, uma das novidades do sistema será a implantação da Escola de Educação Infantil Sesc Camaquã, que atenderá cerca de 80 crianças. Outra boa notícia é a implantação das diretrizes curriculares para operacionalização do ensino de música na Educação Básica, no Brasil. A obrigatoriedade já existia, desde 2008, mas agora haverá um alinhamento curricular, similar ao implantado de modo pioneiro no Sesc, em 2012. Segundo Andrea de Souza, da Gerência de Educação e Ação Social (GEA), a atuação diferenciada dos profissionais da área educacional do Sesc-RS deve-se, em grande parte, à capacitação que recebem: “A continuidade dos Encontros Técnicos tem sido muito importante para aprimorar o trabalho dos profissionais da área no Estado”, diz. Todos os projetos pedagógicos do Sesc-RS estão dentro do Programa de Comprometimento com a Gratuidade (PCG). às 18h, de segunda a sexta-feira, e aos sábados, das 14h às 18h, com entrada gratuita. Em circulação pelo País, no RS a mostra já esteve presente em Lajeado. Encontro Estadual do Sorrindo para o Futuro O Encontro Estadual do Programa Sesc Sorrindo para o Futuro reuniu, no dia 18 de março, em Porto Alegre, centenas de profissionais da saúde e professores de escolas públicas de todo o RS. O momento foi de troca de experiências sobre as ações nas diferentes cidades e apresentação das diretrizes a serem seguidas este ano. Na oportunidade, ainda foram apresentados dados sobre a saúde das crianças participantes do programa. Xangri-Lá, Três Palmeiras, Rio Pardo e Viamão foram as cidades que receberam o Prêmio Destaque em Melhoria na Saúde Bucal. agenda de eventos 23/Mar Sesc Mulher A programação cultural do Arte Sesc, ao longo do mês de março, conta com uma série de atrações dedicadas ao Dia Internacional da Mulher. Um dos destaques é o evento do dia 23 de março, no Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre, com Marietti Fialho e Monica Tomasi. intelecto em turno inverso ao da escola regular Carlos Zardo 25/Mar Abril Cultural Março 2014 as apresentações musicais de Andréa Cavalheiro, Atividades lúdicas e criativas desenvolvem 107 Entre os dias 1º e 27, a cidade será palco de uma série de atrações como espetáculos teatrais, musicais, além de ações de literatura, sessões de cinema e oficinas. A segunda edição do “Abril Cultural Sesc” está confirmada e será lançada no dia 25 de março. 35 Lúcia Simon Economia Março 2014 Quem tem medo da inadimplência? 107 36 P O bate-boca protagonizado por Luiza Trajano e Diogo Mainardi no programa Manhattan Connection, da emissora de televisão Globo News, em janeiro deste ano, colocou a inadimplência em evidência. or mais que esteja em queda, Afinal de contas, o cenário é otimista, como defendeu a a inadimplência é sempre superintendente do grupo Magazine Luiza, ou pessimista, como apregoou o comentarista do programa? uma preocupação do varejo, Para além das percepções pessoais, economistas e dados mas, segundo especialistas, apontam que, de fato, há uma tendência de queda na inadimplência, mas não se pode fechar os olhos para o risco que ela não reserva muitas surpresas representa, mesmo quando o índice está em regressão. para este ano Os números relativos ao ano de 2013 exemplificam bem os contornos amplos do endividamento, que é sempre uma dor de cabeça para o comércio. A redução da inadimplência mostrou que o último ano foi um período em que consumidores priorizaram ajustar as contas. A quitação das dívidas veio na rabeira da geração de empregos e do aumento na renda dos brasileiros. A opção por sanar débitos revelou, ainda, que os Xô, pessimismo! Um dos fatores que contiveram a inadimplência foi o controle das instituições financeiras, e essa mesma rigorosidade deve pautar o ano de 2014, especialmente pela perspectiva de alta da taxa de juros. “Eu não vejo indícios de que vá aumentar a inadimplência”, afirma o economista da FEE-RS, Jefferson Colombo. Ainda assim, Colombo não espera uma queda tão significativa da inadimplência, que deve se estabilizar a partir deste ano, com oscilações menos expressivas. “No cenário atual, as pessoas estão empregadas, as taxas de inadimplência estão em um nível baixo. Se essa conjuntura se mantiver, não vejo razão para preocupação.” E não são apenas os especialistas que estão otimistas com os resultados, as famílias com dívidas em atraso também estão com melhores perspectivas para quitação dos débitos, ressalta a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Marianne Hanson. O percentual de inadimplentes que afirmaram não ter previsão de pagar os débitos está no menor índice registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). “As famílias estão conseguindo pagar suas contas e as que não estão têm perspectivas de quitar seus débitos em pouco tempo”, destaca Marianne. Garantia financeira De acordo com a Serasa Experian, em 2013, a inadimplência atingiu 23,5 milhões de pessoas. Mas, em geral, o comprometimento dessa parcela da população é com bancos e instituições financeiras, que, segundo Luiz Rabi, economista da entidade, são uma garantia para o varejista. “Ao se asso- ciar a um banco, o comerciante deixa o risco por conta da instituição bancária. A preocupação do varejo é atender.” Ao analisar os dados mais recentes da Peic, é fácil observar que o principal comprometimento dos consumidores é com os bancos. Na comparação entre fevereiro do ano passado e fevereiro de 2014, há elevação nas dívidas com cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado e financiamentos. Já as dívidas em carnês, no mesmo período, registram queda. O economista da Serasa Experian prevê aumento da inadimplência para o segundo semestre deste ano e restrições à concessão de crédito, por conta da alta da taxa de juros. Mas o aumento da inadimplência será modesto e está longe de repetir altas expressivas como as que ocorreram em 2011 e 2012, anos em que a Serasa apurou aumentos de 21,5% e 15%, respectivamente. Já 2013 foi considerado positivo, com queda de 2% no número de inadimplentes. Comércio otimista com 2014 Para o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Ronaldo Sielichow, a gestão das empresas do varejo está mais eficiente na liberação do crédito e as condições de emprego e renda do país favorecem a queda da inadimplência. “O consumidor torna-se inadimplente não porque quer, mas por situações específicas. Com a empregabilidade, as pessoas procuram pagar dívidas.” Esse cenário positivo dificilmente sofrerá alteração, projeta. O dirigente destaca que o consumidor está criterioso com as finanças, mas que o varejo está otimista com 2014. “Estamos ansiosos com a Copa do Mundo, que vai trazer muita gente para cá, o clima é favorável para o comércio e os serviços.” PRINCIPAIS TIPOS DE DÍVIDAS Dívida FEV 2013 FEV 2014 Cartão de crédito 75,1% 75,5% Carnês 21,5% 17,2% Crédito pessoal 11,3% 9,0% Cheque especial 5,3% 5,5% Cheque pré-datado 2,5% 1,6% Crédito consignado 4,3% 5,1% Financiamento/Carro 10,7% 13,6% Financiamento/Casa 4,4% 8,1% Outras dívidas 2,4% 2,5% Não sabe 0,2% 0,1% Não respondeu 0,4% 0,3% Março 2014 consumidores passam por um processo de amadurecimento, buscando honrar dívidas em primeiro lugar e fazer escolhas melhores, sem comprometer tanto a renda. Mas o que tudo isso representa para o varejo? Não se pode falar em perdas, mas os resultados nas vendas em períodos consagrados como os mais promissores, como o fim de ano, ficaram abaixo do esperado. Essa reflexão culmina com a certeza de que o cenário não é nem otimista e nem pessimista. O controle dos gastos e, consequentemente, da inadimplência pode representar resultados modestos no varejo por um tempo, mas indica que o crescimento futuro tem tudo para ser estável. 107 Fonte: CNC 37 senac Qualificação além das fronteiras P arcerias internacionais proporcionam capacitação para profissionais de outros países. Conheça mais sobre esses projetos Março 2014 Divulgação/Senac-RS 107 Educar para o trabalho em atividades do comércio de bens, serviços e turismo é a missão do Senac. A entidade é reconhecida por seus cursos de capacitação nos mais diversos segmentos e, a cada ano, milhares de alunos se formam preparados para atuar no mercado. Essa preocupação não fica restrita ao território nacional: ela ultrapassa fronteiras. O Senac atua há vários anos como parceiro da Agência Brasileira de Cooperação, um braço do Ministério das Relações Exteriores responsável por projetos internacionais de cooperação técnica. Nos acordos firmados entre o Brasil e organismos Profissionais da Libéria participaram de capacitação no Senac Centro Histórico 38 Parceria com o Senai-RS oferece curso na área Missões pelo mundo Recentemente, o Senac trabalhou em missões envolvendo Guiana, Moçambique, México e Haiti. Outro caso foi o de três profissionais liberianas que estiveram em Porto Alegre, no mês passado, para uma capacitação na área de beleza. As aulas ocorreram entre os dias 3 e 14, no Senac Centro Histórico. O segmento de beleza, segundo Aline, é bastante promissor na Libéria e uma importante via para empreendedores individuais. A assessora do Senac garante que as diferenças culturais não são uma barreira. Pelo contrário: são um motivador para os envolvidos. “Alguns docentes disseram que a missão mudou suas vidas. Eles passaram a entender a importância da educação profissional e da figura do docente na vida desse tipo de aluno de uma nova forma”, comenta. Uma nova missão Brasil-Haiti com realização do Senac deve acontecer ainda este ano. Para o futuro, a meta é continuar esta parceria com o Itamaraty, levando capacitação profissional a quem precisa, seja onde for. de refrigeração O Senac-RS, em parceria com Senai-RS e a agência alemã GIZ, oferece capacitação de boas práticas em Refrigeração Comercial e Refrigeração Doméstica. Os cursos são gratuitos e voltados a técnicos, mecânicos e demais profissionais da área. As aulas começam em abril e serão ministradas três vezes por semana, nas escolas do Senai-RS em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Lajeado, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Rosa e Pelotas. Curso de sommelier na Faculdade Senac Porto Alegre O sommelier é o profissional que sugere bebidas de acordo com o cardápio e o perfil do cliente. Nessa capacitação de 160 horas, serão ensinadas normas de etiqueta, técnicas de atendimento e noções de vitivinicultura e enologia. As aulas se iniciam em junho. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas na Faculdade Senac Porto Alegre (rua Coronel Genuíno, 130). Mais informações pelo telefone (51) 3022-1044 ou pelo site www.senacrs.com.br/ faculdadesenacpoa. agenda de eventos 22/Mar Workshop Senac Comércio Exterior 2014 O Senac Rio Grande promove uma manhã de palestras sobre a profissão e sobre as atividades portuárias da cidade. O evento começa às 8h30, no auditório da unidade (rua República do Líbano, 88, Centro). Informações: (53) 3231-2355. 24/Mar Alegrete: inauguração da nova sede O Senac Alegrete realiza cerimônia de inauguração da nova sede a partir das 19h. Endereço: rua General Vitorino, 399, no Centro. 25/Mar Março 2014 estrangeiros, são definidos programas com o objetivo de solucionar demandas e suprir carências específicas de cada nação. Funciona assim: os governos, especialmente de países em desenvolvimento, apresentam suas necessidades e solicitam apoio. O Itamaraty entra em contato com os parceiros e, após definida a entidade que efetuará o projeto, partese para a elaboração e execução das atividades. “Quando se apresenta uma necessidade na área de educação profissional, o Senac vai até o país para entender a realidade local. Depois, o projeto é executado, seja naquele país ou no Brasil”, explica Aline Tolosa, assessora técnica em Relações Internacionais do Senac Nacional. Aline explica que são ouvidos representantes de diferentes setores. Se for um projeto na área de turismo, por exemplo, é importante considerar não só as demandas políticas, mas também a opinião de comerciantes, de empresários do setor hoteleiro e do trade local. A partir daí, é possível determinar a área de atuação e traçar o perfil dos participantes. As atividades são desenvolvidas especificamente para cada situação. Não se trata de capacitações regulares, mas sim de cursos especiais. 107 Senac Uruguaiana inaugura novas instalações Às 10h, serão inauguradas as novas instalações do Senac Uruguaiana (Travessa César Cunha, s/n). A unidade ganhou mais espaço e passou por reforma em todos os ambientes. Informações: (55) 3412-3838. 39 nicho Aluguel Uma festa de casamento ou baile de debutante podem ser planejados durante meses. O grande dia, porém, dura apenas algumas horas. Aslocação é uma alternativa sim, alguns convidados preferem não investir tanto numa roupa social, já que são poucas as oportunidades de usá-la. prática e barata à compra de O aluguel de trajes costuma ser a saída. Na Renov a Rigor, produtos. Geralmente associado estabelecimento pelotense com mais de 20 anos no ramo, a locação de um terno sai por uma média de R$ 70. Até o maior a vestimentas, o aluguel é comum xodó das noivas, o vestido, pode ser alugado. Nesse caso, os nos mais diversos segmentos valores chegam até à casa dos milhares – ainda assim, bem mais módicos que a confecção de uma vestimenta exclusiva. Uma costura sem corte aqui, um amarrado nas costas ali e, com alguns truques, a mesma roupa veste corpos de diferentes medidas. Março 2014 Robert Linder/Stock.Xchng A Por tempo limitado 107 40 Divulgação/Fantasy World Lúcia afirma que um dia na Fantasy nunca é igual ao outro. Os pedidos de quem chega ao lugar são os mais variados, mas sempre com algo em comum: a diversão. O segredo é entrar na brincadeira. “Dez entre dez clientes vêm aqui procurando uma fantasia, só falta direcionar. Tentamos entender o que a pessoa quer”, garante. Para os tradicionalistas A proprietária da loja, Ana Cláudia Veiga, conta que as épocas de formaturas costumam ser as mais movimentadas. No entanto, a procura não acontece apenas para ocasiões de gala e festas tradicionais. Isso é o mais comum, mas já houve episódios de clientes querendo utilizar alguns itens em peças de teatro e festas a fantasia – ainda que, para situações como essa, haja lugares especializados. Mundo de fantasias A Fantasy World, de Esteio, aluga fantasias para todos os gostos. Tem desde as figuras tradicionais aos personagens de videogames. Branca de Neve, Mulher Maravilha e o pirata Jack Sparrow são os mais procurados, segundo Lúcia Gerber, a proprietária. A melhor época é o segundo semestre, que abrange Dia das Crianças e Halloween. Fora isso, recorrem à casa grupos teatrais, escolas e até empresas que realizam ações de divulgação com colaboradores fantasiados. O locação de uma peça custa cerca de R$ 60. É o preço da praticidade, já que a clientela não precisa se preocupar com lavagem ou ajustes nas roupas. Os tecidos são maleáveis e se adequam ao corpo. Março 2014 para pessoas de todas as idades Tiago da Rosa/Divulgação Glinpet Fantasy World, de Esteio, oferece fantasias Ainda na área das vestimentas, a especialidade do Canto do Guasca é a indumentária gaudéria. O empreendimento de Gravataí começou há 25 anos, com o aluguel de pilchas durante feiras pelo interior do Estado. Os trajes tradicionais do gaúcho são volumosos, difíceis de se armazenar em casa. É por isso que se opta pelo aluguel. A proprietária, Odete Carvalho, também cita outras vantagens. A primeira é o custo mais baixo: um vestido de prenda, que pode chegar a R$ 500 para venda, sai por R$ 70 na locação. A segunda é a possibilidade de variar o guarda-roupa – desta forma, gaúchos e suas damas podem sempre vestir uma novidade nos fandangos e rodeios Rio Grande afora. Três anos atrás, o Canto do Guasca abriu uma filial em Porto Alegre. Foi uma oportunidade de continuar atendendo à demanda de maneira mais sossegada. Odete e o marido, Aldemar, que também toca os negócios, decidiram parar de montar estandes em feiras e concentrar os negócios. O objetivo, porém, continua sendo oferecer o melhor a prendas e peões. 107 Higienização das toalhas da Glinpet é feita com produtos especialmente desenvolvidos 41 Aluguel de toalhas Mas o aluguel vai muito além das roupas. A empresária Regina de Souza Marcelino, por exemplo, notou carência num setor bem específico: toalhas higienizadoras para pet shops. Ela percebeu que as clínicas de São Leopoldo, onde vive, tinham de deslocar funcionários do banho e tosa para realizarem a lavagem das toalhas, o que era contraproducente. Decidiu ela mesma oferecer o serviço. Com dois anos e meio de mercado, a Glinpet atende clientes em toda a Região Metropolitana e Vale do Sinos. Uma ou duas vezes na semana, a empresa vai até a pet para entregar toalhas limpas e recolher as já usadas. A higienização é feita com água quente e produtos especialmente desenvolvidos. A locação de cada peça custa R$ 1. O que começou com a compra de 100 toalhas é, hoje, uma companhia que emprega seis colaboradores – a maioria, mulheres de meia idade que nunca haviam trabalhado com carteira assinada. Regina se diz feliz pelas oportunidades que a Glinpet gera, embora triste por ainda não conseguir contratar mais gente. “A responsabilidade vai aumentando, mas não se pode ter medo de crescer. O risco tem que ser visto como oportunidade”, reflete. Bengalas, andadores e afins Um segmento inusitado é o de aluguel de objetos hospitalares. Itens do gênero são disponibilizados na Benga- Divulgação/Protecães nicho Aluguel Protecães loca equipamentos de segurança para uso em eventos las Canadense, loja situada no tradicional bairro do Bom Fim, em Porto Alegre. É possível encontrar não só bengalas, mas também andadores, suportes para soro, cadeiras de rodas e camas especiais. Os objetos geralmente atendem a acidentados, idosos ou pessoas que passaram por procedimentos cirúrgicos. Como a mobilidade reduzida costuma ser por um período limitado, na maior parte desses casos, faz mais sentido locar os equipamentos que comprá-los. Assim como com os trajes de festa, às vezes os objetos servem para fins menos óbvios. A proprietária, Marlete Centofante, lembra que equipes de cinema já procuraram a Bengalas Canadense à procura de materiais para suas gravações. Soluções em segurança Março 2014 O aluguel funciona, ainda, quando se quer terceirizar um serviço e deixá-lo a cargo de especialistas. É o que acontece com 107 sistemas de segurança. A gaúcha Protecães começou as atividades há 22 anos. O fundador, Flávio Faccini Porto, já atuava com a locação de cães adestrados – a empresa se responsabilizava tanto pela saúde dos animais quanto pela higiene dos ambientes, isentando os clientes de qualquer tarefa. Quando partiu para o próprio empreendimento, Porto associou esse expertise à oferta de equipamentos de segurança, hoje o carro-chefe da companhia. O público-alvo são grandes corporações. “Elas demandam soluções completas e buscam cada vez mais por tecnologia de segurança não letal”, explica o consultor comercial Ronnie Perez. A Protecães também monitora eventos temporários, como feiras e shows, além de sítios de construções e zonas agrícolas de área extensa. O valor varia conforme o serviço. Com um ambicioso plano de expansão iniciado em 2005, hoje é possível encontrar a Protecães em todas as regiões do Brasil. “Estamos atentos às constantes evoluções tecnológicas e desenvolvemos constantemente novos produtos para oferecer aos clientes e prospects”, frisa Perez. 42 Lúcia Simon visão Tributária Março 2014 107 Mais Renato Russo Ninguém respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação. Que país é este? A letra de Renato Russo antevia uma perplexidade crescente da sociedade, que eclodiu nas recentes manifestações, em todo o país. Nossa Constituição é um texto bíblico: descreve um estado ideal de condutas que pressupõe a própria violação. O problema não é de hoje. A consciência crescente da sociedade a respeito da surrada afirmação de Lenin, “O Estado somos nós”, é a grande novidade. Optou-se pelo protagonismo, em vez da espera, e a panela de pressão foi ao fogo. Não dá mais para empurrar com a barriga a correção das diversas inconsistências presentes em nosso sistema. Como tenho apenas 2.200 caracteres neste espaço, vou abordar apenas uma: a tributação da saúde. Além da alta carga tributária a que estão sujeitos os planos de saúde, os medicamentos “não oferecidos” à população são vendidos em farmácias e duplamente tributados. Sim, duplamente. A primeira oneração diz respeito aos tributos incidentes sobre o consumo; a segunda, ao Imposto sobre a Renda. O raciocínio é simples: os Rafael Pandolfo Consultor tributário da Fecomércio-RS 43 medicamentos não são dedutíveis do IRPF, logo o imposto incide sobre as despesas que se têm com eles. Ou seja, os gastos com medicamentos podem significar um custo econômico até 27,5% maior que o valor pago na nota fiscal. Incrível é que o custo dos medicamentos, quando utilizados nos tratamentos realizados por hospitais, integra o relatório encaminhado aos pacientes e é dedutível, pois, nesse caso, o contribuinte está suportando “despesas hospitalares”. A Constituição tem como fundamental o direito à saúde, indissociável ao direito à vida. A “incidência” do IRPF sobre essas despesas com medicamentos (consequência da sua indedutibilidade) afronta aquela determinação e despreza o comando constitucional. Mas há esperança, recentemente o TRF da 3ª Região reconheceu a nconstitucionalidade da limitação da dedutibilidade relativa às despesas de educação. O entendimento deve ser estendido à equivocada indedutibilidade das despesas com medicamentos (desde que regularmente prescritos, claro), que não resiste a uma interpretação conforme à Constituição. Enfim, mais Renato Russo e menos retórica. Lúcia Simon consumo Poderosas consumidoras Se o seu produto é feito para crianças, você tem que pensar nas mulheres. Se o seu negócio tem a ver com pets, também. Mesmo quando a venda dos seus produtos e serviços é feita para homens, você ainda precisa considerar ersáteis, exigentes e assumindo o universo feminino. E se o foco do seu empreendimento são liderança cada vez maior no elas, de fato, nem se fala. É inquestionável a influência das mulheres sobre a decimundo dos negócios, as mulheres são de compras, sejam suas próprias compras ou as de enestão sempre no foco das tes da família. Ou seja, inevitavelmente, você trabalha para empresas, mas nunca deixam de ser atendê-las. Conhecer esse universo é mais do que necessário. É um diferencial competitivo importante para melhorar reuma incógnita para o mercado. sultados. Até porque, muitas vezes, na decisão de compra, a última palavra é delas. Afinal, como agradar a elas? Para compreender a importância que as mulheres ganharam na economia, como um todo, é fundamental observar o percurso que elas fizeram para alcançar visibilidade social. “A participação da mulher no mercado de trabalho e o acesso à educação contribuíram para mudanças nos seus hábitos de consumo. Hoje, sabe-se que a parcela da popula- Março 2014 V 107 44 Onde eles estão errando? Do que as mulheres gostam? As cenas protagonizadas por Mel Gibson no filme Do que as mulheres gostam, onde o ator interpreta um publicitário A pesquisa global realizada pelo The Boston Consulting Group identificou os seguintes equívocos dos executivos do sexo masculino no atendimento e desenvolvimento de produtos e serviços para as mulheres: Eles não fazem bastante pesquisa com sua base de consumidores do sexo feminino e, portanto, não sabem como as mulheres tomam conhecimento sobre novos produtos, fato que culmina com a análise, compra, uso, recomendação ou rejeição desse bem. Os homens não têm experiência pessoal das pressões de tempo que as mulheres sofrem, sobretudo, mães que trabalham e que têm um emprego em tempo integral e um trabalho em tempo integral em casa. Executivos do sexo masculino geralmente consultam outros homens, e não mulheres, para desenvolver e projetar novos produtos, determinar preços e criar programas de marketing. Executivos de serviços financeiros, em particular, muitas vezes dão mais de sua atenção ao cônjuge do sexo masculino, mesmo que a parceira tenha uma renda superior ou mais poder financeiro. Executivos de cuidados de saúde não sabem como é frustrante para as mulheres tirar uma folga no trabalho para levar o filho ao médico e, em seguida, ser forçada a esperar. Líderes de empresas de bens de consumo duráveis não percebem que seus produtos nem sempre funcionam como prometido. que consegue decifrar o universo feminino, satirizam uma situação que é recorrente no mercado que tenta atender às exigências e aos anseios das mulheres. Por trás da ficção, há certa veracidade: nem sempre empresas e estratégias de marketing acertam, mas basta conseguir saber o que elas pensam para obter sucesso. Como para além das telonas não é possível ler pensamentos, a saída, então, é pensar como elas. Essa é a principal conclusão a que chegou uma pesquisa do The Boston Consulting Group, que ouviu cerca de 15 mil mulheres e 5 mil homens em 22 países. O estudo explica as razões de os hábitos de compras das mulheres serem diferentes dos identificados nos homens. Elas são compradoras mais experientes, que buscam experiência apaixonante sobre o que compram e são responsáveis na hora de fazer compras domésticas. Para os pesquisadores, as mulheres configuram um grupo promissor, responsável Março 2014 ção feminina brasileira adulta com diploma universitário é de 12%, ante 10% da masculina, de acordo com pesquisa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, ressalta a doutora em Comunicação Social e coordenadora de Mestrado da ESPM-Sul, Iara Silva da Silva. Esse cenário contribuiu para o crescimento da participação feminina no consumo de diversos bens, alguns até pouco tempo considerados tipicamente masculinos, como é o caso dos automóveis, detalha Iara. A conquista da renda própria – que tem feito com que muitas vezes as mulheres tenham rendimento superior ao de seus cônjuges, embora na média geral ainda seja inferior à dos homens – garantiu a elas o poder de tomar decisões que no passado dependiam da autorização do marido. Agora, engana-se quem vê as mulheres como meras consumidoras, que compram por impulso. Elas são, e estão cada vez mais exigentes. Uma das razões para isso é decorrente da ascensão social e ampliação do nível educacional, que leva a consumidora a se tornar mais crítica. E a tendência é a de que, com o passar do tempo, tornem-se cada vez mais exigentes. “Quanto mais acesso um indivíduo tem a determinados bens e serviços, mais exigente se torna, à medida que aumentam as suas expectativas. A experiência com determinado produto ou serviço e a comunicação (das marcas, das amigas, nas redes sociais) contribuem para a mulher contemporânea formar uma opinião acerca de um produto. No caso dos serviços, como cada experiência é única, quanto mais contato tem com um determinado tipo de serviço, mais seletiva se torna a consumidora, até porque ela sabe que aquela oferta pode ser melhor”, justifica Iara. Parte do mercado já identificou essa característica. “A mulher da classe C, contemporânea, tem um discurso muito similar ao das demais classes no que tange à moda – aprecia qualidade, bom atendimento, julga que um acessório pode transformar uma roupa, na medida em que permite usar a mesma peça em diversas ocasiões”, exemplifica Iara, lembrando das redes de fast-fashion, que investem em estratégias que vão ao encontro dessas demandas, apostando em minicoleções e seguindo as tendências internacionais. 107 45 consumo por mais de 70% das compras de bens de consumo de luxo a cada ano e que responde por um crescimento do mercado global maior e mais rápido do que o crescimento das economias chinesa e indiana juntas. Mas, apesar da relevância, elas estão insatisfeitas com produtos e serviços de diversas categorias, sobretudo na aquisição de bens duráveis e de serviços de saúde e financeiros. Uma das razões para a insatisfação está no fato de a maior parte das empresas serem geridas por homens, grupo que, em sua maioria, não entende as clientes do sexo feminino e que não percebeu, ainda, o papel fundamental que elas desempenham na economia. Aposta que deu certo Há 28 anos no mercado, a rede Rabusch, no seu primeiro ano de atuação, em 1986, vendia roupas para homens. Mas, hoje, quem passa pela vitrine de uma das lojas nem faz ideia de que um dia a rede foi voltada para eles e não para elas, tamanha é a afinidade da empresa com suas clientes. A guinada nos negócios foi impulsionada pela identificação de que os produtos para as mulheres giravam a velocidade superior. Veio a mudança e ela foi assertiva, mas ainda carrega seus desafios. “As mulheres de hoje são muito conectadas, então, é preciso estar à frente do tempo delas para que no dia certo e no local certo você possa ofertar o produto de que elas irão precisar, na qualidade e preço que elas consideram justos”, detalha o fundador da rede, Alcides Debus. O sucesso da marca é decorrente da análise do públicoalvo e da fabricação de um produto diferenciado, onde o cuidado é tido em cada detalhe. E o segredo para acertar é simples: entender o que público feminino deseja quando entra na loja. “A roupa precisa deixar a mulher jovem, elegante e feminina”, revela Debus, que não se acomoda com os resultados e pretende melhorar o atendimento prestado às consumidoras. “Em breve todas as lojas receberão uma nova decoração desenvolvida pela gerência de marketing com o intuito de transformá-las em ambientes bem mais agradáveis para as clientes.” Marketing certeiro A doutora em Comunicação Social e coordenadora de Mestrado da ESPM-Sul, Iara Silva da Silva, especialista em gestão de Marketing e Comunicação, destaca que é preciso consolidar uma estratégia de divulgação para mulheres que considere o universo feminino sobre vários aspectos. Com exclusividade, ela organizou um roteiro que pode facilitar o marketing de empresas que têm as mulheres como foco. Conhecimento – Em primeiro lugar, é necessário conhecer as mulheres, porque há várias tribos/grupos que compõem o universo feminino. É preciso, então, investigar seus valores e crenças, além de conhecer o estilo de vida para adequar a oferta da organização a esses interesses (nem sempre explícitos). Aprofundamento – É importante aprender não ‘sobre’ as mulheres, mas ‘com’ as mulheres. Ou seja, mergulhar no seu mundo. “Essa ideia me traz à mente uma frase atribuída à estilista Chanel, ao afirmar que, ‘ela conseguia produzir moda feminina que fornecia liberdade à mulher moderna, porque era uma mulher do seu tempo’. Ao se pensar nas grandes inovações do mundo contemporâneo Março 2014 chega-se à conclusão de que foi alguém que concebeu algo a partir das suas dificuldades ou de pessoas das suas relações.” 107 Planejamento – É preciso planejar – pensar, refletir sobre essas descobertas e definir estratégias (caminhos) para tocar essa consumidora. Direcionamento – Dentro do universo feminino, é preciso definir o público que a marca deseja e está apta a atender. Mensagem – O tipo de mensagem usada precisa estar adequado à cultura e ao estilo das consumidoras avaliadas. “Não há como esquecer que a lógica das marcas é sempre identificação ou projeção, talvez muito mais identificação (eu sou assim, estão falando comigo). É isso que a consumidora espera da mensagem publicitária.” Posicionamento – Por fim, essa reflexão tem que fazer parte da organização e ser transmitida. “Afinal, a mensagem publicitária precisa traduzir o pacote de benefícios da marca dirigido a um determinado público, em outras palavras, o seu posicionamento.” 46 monitor de juros mensal / fevereiro 2014 O Monitor de Juros Mensal é uma publicação que objetiva auxiliar as empresas no processo de tomada de crédito, disseminando informações coletadas pelo Banco Central junto às instituições financeiras. O Monitor compila as taxas de juros médias (prefixadas e ponderadas pelos volumes de concessões na primeira semana do mês) praticadas pelos bancos com maior abrangência territorial no Rio Grande do Sul, para seis modalidades de crédito à pessoa jurídica. Capital de Giro com prazo até 365 dias (% a.m.) Apesar de figurar como a menor taxa de juros média na modalidade na data de JAN FEV HSBC 1,21 1,20 Caixa 1,67 1,54 Citibank 1,44 1,59 tar um pico ainda no início de janeiro. Banco do Brasil 1,54 1,77 Movimento semelhante foi apresentado Banco Safra 1,72 1,78 Banrisul 1,59 1,89 pelo Citibank, que ficou em terceiro lugar Santander 1,77 2,00 Itaú 2,22 2,05 modalidade. As demais séries apresenta- Bradesco 2,12 2,18 ram certa estabilidade no período. referência, o HSBC foi o que apresentou a maior variação no período ao apresen- como menor taxa de juros média da Taxa de juros Instituição (% a.m.) Taxa de juros (% a.m.) FEV 1,19 1,29 - 1,45 HSBC 1,33 1,48 em 2º lugar na semana de referência. Banco Safra 1,67 1,51 O Itaú que passou o mês com a taxa Banrisul 1,74 1,67 Santander 1,71 1,91 média de juros mais alta foi ultrapassado Itaú 2,14 2,08 Banco do Brasil 1,87 2,12 do Brasil. O Banco Safra apresentou a Bradesco 2,03 2,19 maior volatilidade no período. Caixa Citibank JAN FEV Banrisul 3,98 3,67 Caixa 5,27 5,59 Bradesco 6,60 7,12 ocupadas pelos bancos no período Banco Safra 8,24 7,67 analisado. O Banrisul continua Itaú 8,27 8,40 com as taxas de juros médias mais Banco do Brasil 9,05 9,06 HSBC 10,08 10,11 Santander 10,50 10,52 Taxa de juros Instituição competitivas, enquanto o Santander apresenta as mais caras. (% a.m.) Taxa de juros (% a.m.) JAN FEV Banco Safra 1,02 1,02 Santander 2,12 2,24 Banco do Brasil 2,17 2,26 mento das instituições em fevereiro, HSBC 2,66 2,57 Bradesco 2,65 Itaú 3,14 fevereiro, o Banrisul ultrapassou 2,01 1,89 Banco do Brasil 1,93 2,01 Santander 2,09 2,18 longo do mês esses dois bancos HSBC 2,26 2,27 se alternaram nessa posição na Itaú 2,90 2,62 modalidade. O Banco Safra ainda Citibank 3,81 3,66 Bradesco 3,96 3,97 Banco Safra 6,20 5,78 o Banco do Brasil com a taxa de juros média mais competitiva. Ao permanece com a taxa de juros média mais alta. Desconto de Cheques Taxa de juros Instituição (% a.m.) Na modalidade de desconto de cheques, observou-se a JAN FEV Banco Safra 1,75 1,60 Banrisul 1,81 1,82 Caixa 1,90 1,95 de juros média mais baixa e o porém com moderada elevação em HSBC 2,40 2,35 Bradesco com a mais alta. A única 2,78 algumas taxas médias. O Banco Safra Santander 2,39 2,36 inversão de posição no período em 3,35 permanece com a taxa mais baixa e o Itaú 2,66 2,64 Banco do Brasil 2,84 2,96 análise foi do HSBC e o Santander. Bradesco 2,87 3,02 faturas de cartão de crédito houve, de modo geral, manutenção no ordena- Itaú com a mais elevada. notas Na semana de referência em Banrisul Da mesma forma que no mês anterior, na modalidade de antecipação de na semana de referência pelo Banco FEV Antecipação de Faturas de Cartão de Crédito Instituição momentos, para o Citibank que ficou JAN com taxas de juros médias estáveis sem alterações entre as posições a modalidade, perdendo em alguns Conta Garantida Como de costume, a modalidade cheque especial permaneceu com a menor taxa de juros média para JAN Cheque Especial Instituição A Caixa ficou a maior parte de janeiro estabilidade habitual. O Banco Safra permanece com a taxa Março 2014 Taxa de juros Instituição Capital de Giro com prazo acima de 365 dias 107 1) A fonte das informações utilizadas no Monitor de Juros Mensal é o Banco Central do Brasil, que as coleta das instituições financeiras. Como cooperativas de crédito e financeiras não prestam essa classe de informações ao Banco Central, as mesmas não são contempladas no Monitor de Juros Mensal. 2) As taxas apresentadas referem-se ao custo efetivo médio das operações, incluindo encargos fiscais e operacionais incidentes sobre as mesmas. 3) Período de coleta das taxas de juros: 03/02/2014 a 07/02/2014. É permitida a reprodução total ou parcial deste conteúdo, elaborado pela Fecomércio-RS, desde que citada a fonte. A Fecomércio-RS não se responsabiliza por atos/interpretações/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações. 47 A Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve, estabelece expressamente em seu art. 11 que nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. São atividades essenciais, entre outras, a assistência médica e hospitalar; o transporte coletivo, o abastecimento de água, a distribuição de energia e o recolhimento de lixo. Caso os serviços indispensáveis não sejam prestados, a greve é abusiva. Durante a paralisação, em nenhuma hipótese os meios adotados poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem, sendo certo que as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. No mundo real, contudo, têm sido cada vez mais frequentes as greves em serviços essenciais com o não atendimento da garantia legal de serviço mínimo, o que obriga a intervenção da Justiça do Trabalho. Ocorre, entretanto, que encobertos pelo manto da impunidade, cada vez mais os grevistas têm rasgado as determinações judiciais e mantido paralisações abusivas em serviços Flávio Obino Filho Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS 48 essenciais, trazendo prejuízos a toda a comunidade. A tônica tem sido os piquetes que impedem o trabalho daqueles que não aderiram ao movimento, as ameaças aos não grevistas e usuários do serviço, e a destruição dos bens dos empregadores (depredações, etc.). Recentemente enfrentamos em Porto Alegre a paralisação dos serviços de transporte coletivo por 15 dias, com total desrespeito às ordens judiciais e aos direitos de terceiros. A greve abusiva somente se manteve pela omissão covarde dos órgãos de segurança pública comandados pelo Sr. Governador. Os prejuízos dos comerciantes de Porto Alegre passam de R$ 100 milhões, conforme estimativas do Sindilojas/Porto Alegre. O desrespeito à lei e às decisões judiciais também foi a tônica da greve dos garis do Rio de Janeiro. O movimento, de forma diversa da dos rodoviários de Porto Alegre, foi rapidamente debelado, pelo cumprimento, à força e por quem detém a força, da lei e das ordens judiciais. Os agentes de segurança pública carioca não ficaram entocados, como os gaúchos. Foram às ruas e garantiram a prestação do serviço por aqueles que estavam dispostos a trabalhar. O Governo gaúcho parece saborear a desordem, que neste episódio condenou toda a população da capital a ser refém de uma minoria de grevistas fora da lei. Lúcia Simon visão Trabalhista Março 2014 107 Greves no serviço público Ônibus grátis e não poluente Em Adelaide, na Austrália, os usuários de transporte coletivo contam com um ônibus totalmente abastecido por energia solar, com ar-condicionado e wifi, capaz de acolher 40 pessoas sentadas. O veículo, chamado Tindo (Sol, no idioma aborígine), não cobra tarifa, já que não consome energia elétrica ou combustíveis e tem autonomia de 200 km em condições climáticas normais. O mecanismo de freio aproveita a energia do veículo, por um sistema de frenagem regenerativa, e transforma o impacto dos freios em força, economizando até 30% do consumo. O ônibus (até o momento só existe um em circulação) faz parte da frota da Adelai Connector Bus, companhia de transporte público, que pretendia reduzir as emissões de carbono na atmosfera. Março 2014 Kevin Yeh/CreativeCommons Contra o desperdício Um designer holandês criou um projeto de telefone celular em módulos, cujas peças podem ser substituídas ou trocadas, desobrigando o dono a comprar um novo aparelho toda vez que ocorrer estrago numa peça ou tiver necessidade de upgrade. A ideia é evitar o desperdício e o descarte sistemático de equipamentos inteiros, que muitas vezes contêm elementos poluentes. O celular em blocos, ainda em estudos, permitirá a troca separada de tela, bateria, teclado, câmera, processador e alto-falantes, entre outros componentes. O aparelho pode ser customizado conforme o perfil do proprietário, e sua plataforma é aberta, disponível para qualquer fabricante. A Motorola, por exemplo, demonstrou interesse. O inventor Dave Hakkens fez um vídeo para divulgar sua ideia e acabou angariando o apoio de mais de 970 mil pessoas no mundo inteiro. Saiba mais visitando o website www.phonebloks.com. Colher ameniza tremores Enquanto a Medicina trabalha para descobrir a cura do mal de Parkinson, no ramo tecnológico pesquisadores decidiram fabricar uma colher que pudesse amenizar os tremores causados pela doença. Uma das principais dificuldades do portador de Parkinson é alimentar-se, pois os neurônios que controlam a coordenação e os movimentos voluntários do corpo são afetados. A colher, fabricada pela LiftLabs, possui um motor elétrico estabilizador, responsável por tentar anular os movimentos involuntários das mãos do portador. Dessa forma, sempre que o usuário estiver com tremores, a colher fará correções automáticas da movimentação, garantindo mais facilidade para que ele consiga colocar a comida na boca. Segundo os desenvolvedores do projeto, é possível anular até 70% dos tremores, dependendo do grau de dificuldade que o portador apresentar. No Brasil, mais de 200 mil pessoas sofrem com a doença. Divulgação/Liftlabs Divu .com locks oneb h /P ão lgaç pelo mundo 107 49 Filme livro DICAS DO MÊS O preço da visita A passagem do papa João Paulo II por um pobre vilarejo uruguaio pode ser a chance para os moradores da região mudarem de vida. Enquanto esperam a chegada dos milhares de fiéis que seguirão o pontífice, os comerciantes do lugar se preparam para lucrar: alguns venderão cachorro-quente; outros, medalhinhas de santos. Em meio a isso, Beto (César Troncoso) resolve construir um banheiro público e ganhar Divulgação/Laroux-Ciné dinheiro com o serviço. Mas será que Março 2014 as expectativas dos moradores de 107 Ficha técnica Título: Vença com a Mídia: transforme os meios de comunicação em aliados Autor: Heitor Kramer e Tulio Milman Editora: Artes e Ofícios Número de páginas: 135 páginas 50 Melo serão atendidas? O Banheiro do Papa (El Baño del Papa), uma coprodução entre Brasil e Uruguai, trata à sua maneira de planejamento e oportunidades de negócios. Às vésperas da Copa do Mundo, vale assistir e pensar até que ponto um grande evento traz, de fato, benefícios. online Informação para o bem A imagem de um empreendedor está diretamente associada à ideia que o público faz de sua empresa. O que o empresário disser pode ser interpretado como opinião da organização, o jeito como ele se comporta tem reflexos na companhia e assim por diante. É por isso que, num mundo em que a informação está por todos os lados, é preciso saber lidar com a mídia. Publicado antes mesmo do boom das redes sociais, o livro Vença com a Mídia é um manual que aborda desde o trato que se deve dispensar à imprensa até a roupa mais adequada para vestir num programa de TV. Com dicas práticas e instrutivas, os autores desmitificam rotinas dos jornalistas e ensinam, entre outros temas, o que realmente rende notícia e como agir durante situações de crise. Ficha técnica Título: O Banheiro do Papa direÇÃO: César Charlone, Enrique Fernández roteiro: César Charlone, Enrique Fernández duração: 90 minutos Versão brasileira (e francesa, e alemã...) Traduzir o conteúdo de sites e tornar a informação acessível para mais leitores é um desafio. O serviço colaborativo Duolingo se propõe a isso, ao mesmo tempo em que ensina uma língua estrangeira a quem realizar a tarefa. Funciona assim: a página a ser traduzida é cadastrada no site. Frases do documento são apresentadas aos estudantes, que podem, então, traduzi-las e praticar o idioma que estão aprendendo. O nível de dificuldade varia conforme a fluência do usuário. Depois, o material é comparado com o de outras pessoas. O usuário aprende ao ver como os demais estudantes traduziram o mesmo conteúdo. Também é possível votar nas melhores traduções, o que garante a qualidade do trabalho. O Duolingo é gratuito e oferece curso de inglês para brasileiros. Quem já domina esse idioma também pode aprender francês, alemão, italiano e espanhol.