107
&
Março
SERVIÇOS
BENS
cenários
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
o que movimenta
a economia gaúcha?
As mulheres
mudaram e seus hábitos
de consumo, também
consumo
Entrevista
Conheça
o mercado de lojas
de locação
Nicho
A importância
de um código de
conduta corportaivo
gestão
Guilherme Afif Domingos, da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, defende a desburocratização
Divulgação/ Fecomércio-RS
Zildo De Marchi
Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac
Uma loja de roupas, uma pet shop,
um salão de beleza. À primeira vista, tais
estabelecimentos parecem desconectados.
Aos olhos do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/
Senac, no entanto, eles são os responsáveis
por fazer a economia gaúcha girar.
Unidos, eles integram o comércio
de bens e serviços, representando
o empreendedorismo que é tão
característico do Rio Grande do Sul.
Sabemos que o agronegócio é crucial para
o desenvolvimento do nosso Estado, mas
o consumo também constitui importante
fatia do bolo.
São as roupas dos nossos filhos, as flores
enviadas com carinho no Dia das Mães, um
novo corte de cabelo. Do ponto de vista do
consumidor, bens de consumo e serviços
necessários, além de pequenos agrados.
Para o empreendedor, a oportunidade de
realizar um sonho e de tocar vidas com sua
iniciativa, suas criações, sua paixão.
Estamos cada vez mais próximos dos
jogos da Copa do Mundo, evento que
movimentará diferentes setores da
economia, e com o comércio de bens e
serviços não será diferente. Para garantir
resultados ainda melhores, vale lembrar:
estamos todos conectados. Empresários,
fornecedores, consumidores: somente
unidos poderemos manter a economia do
Rio Grande do Sul girando.
Temos muitas questões a serem resolvidas,
como investimentos em infraestrutura
e educação. O Sistema Fecomércio-RS/
Sesc/Senac faz a sua parte fomentando
o empreendedorismo e, ao mesmo
tempo, mantendo o foco na promoção
da qualidade de vida e no estímulo à
qualificação profissional.
A economia é uma onda muitas vezes
imprevisível. Juntos, somos capazes
de enfrentar as maiores adversidades.
É desta conectividade que depende o
desenvolvimento econômico saudável do
Estado. É nisso que a Fecomércio-RS acredita
e é isso que defende junto a seus associados.
Março 2014
palavra do presidente
Gira,
Rio Grande
107
3
sumário
revista bens & serviços / 107 / MARÇO 2014
em 2013, a economia
gaúcha cresceu a um
ritmo quase chinês, mas os
resultados não satisfazem
e nem convencem. o
motivo? falta infraestrutura,
estímulo e políticas para
sustentar o potencial de
desenvolvimento do estado
especial / Cenários
24
18
12
26
já ouviu falar em “internet das
Guilherme Afif Domingos,
frente à lei anticorrupção,
coisas”? a ficção científica
da Secretaria da Micro e
veja a importância da
virou realidade. conheça esta
Pequena Empresa, defende a
utilização de um código de
nova tendência tecnológica
desburocratização
conduta nas empresas
Tendências
Entrevista
Gestão
Palavra do Presidente
Sobre / Simplicidade
Notícias & Negócios
Tendências
10 Passos / Para a inovação
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Especial / Cenários
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Sesc
Economia
Senac
Nicho / Aluguel
Visão Tributária
Consumo
Monitor de Juros
Visão Trabalhista
Pelo mundo
Dica do mês
Presidente:
Zildo De Marchi
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Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz
Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan,
André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes,
Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio
Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz
Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch,
Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad
Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel
Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, Jaime Gründler
Sobrinho, João Francisco Micelli Vieira
Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar
Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira,
Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco
Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson
Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal
Ineu, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa,
Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz
Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice
Fronchetti, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck,
Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes
Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald,
Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho
Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos
Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito
de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto
Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José
Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das
Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge
Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo,
José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva,
Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias,
Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis
Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique
Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt
Conselho Fiscal
Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis e Nelson Keiber Faleiro
Suplentes: Luiz Roque Schwertner e Gilda Lúcia Zandoná
Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr
Schukster / Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari
Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn
e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos,
Catiúcia Ruas, Fernanda Romagnoli, Liziane de Castro, Luana Trevisol e
Simone Barañano
Coordenação Editorial: Simone Barañano
PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474)
CHEFE DE Reportagem: Marina Schmidt
Reportagem: Diego Paiva de Castro, Luísa Kalil, Marina Schmidt
e Rafael Tourinho Raymundo
Colaboração: Ana Laura Visentini, Edgar Vasques, Leodir Senger e
Paola Oliveira
edição de Arte: Silvio Ribeiro
diagramação: Vanessa Bratz e Michelle Marquetti
Revisão: Flávio Dotti Cesa
imagem DE CAPA: Lúcia Simon
Tiragem: 22,7 mil exemplares
Março 2014
seção
página
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do
Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
Avenida Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro – Porto Alegre/RS – Brasil
CEP 90030-142 / Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677
www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
www.revista.fecomercio-rs.org.br
107
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Selo FSC
Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC (Forest Stewardship
Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente
responsável da matéria-prima florestal.
5
Billy Alexander/Stock.Xchng
sobre
Simplicidade
Encurtar processos, facilitar a
comunicação e apostar na ideia
certeira, sem recorrer à complexidade,
requer um olhar atento que busca não
o banal, mas o essencial. Nele reside a
simplicidade, conceito que vem atrelado
Quem quer que tenha algo verdadeiro a dizer se expressa de modo
simples. A simplicidade é o selo da verdade.
Arthur Schopenhauer Filósofo
“Temos de surpreender
sempre, andar na contramão da expectativa, fazer
melhor, mais esperto, mais
rápido e mais barato. Isso
tudo sem fazer economias
tolas, opção por segundos
times ou extorsão de fornecedores, mas, sim, gerando ideias mais
simples – que, além de menos custosas,
normalmente são mais eficientes.”
Washington Olivetto,
Março 2014
sobre princípios e reformulação da W/Brasil,
em artigo publicado na edição 787
da revista Exame
107
”
“O que está levando as empresas a buscar
simplicidade? A simplicidade hoje é mais um valor do
que uma competência. As companhias, especialmente
as brasileiras, ainda estão vivendo em um antro de
complexidade. Temos o costume de burocratizar, temos
processos que são feitos há muito tempo sem que
ninguém saiba o por quê. O perfeccionismo é outro
entrave à simplicidade. Na busca por um plano perfeito,
muitos projetos se arrastam por anos.
A simplicidade é justamente o contraponto à complexidade e ao perfeccionismo, ela vem contra
tudo o que trava a empresa. A busca pela
“A simplicidade é a sofisticação
definitiva.”
Este foi um dos princípios estampados no
primeiro manual da Apple, uma ideia muito
defendida por Steve Jobs
simplicidade é a busca pela praticidade,
mas isso não quer dizer que se quer fazer de
qualquer forma. Temos que buscar a excelência, mas pelo caminho mais prático.”
Wellington Moreira,
consultor da Caput Consultoria
6
Divulgação Caput Consultoria
Duca Mendes/Creative Commons
“
à ideia de praticidade e eficiência
& negócios
Edgar Vasques
notícias
Fusões e aquisições no varejo batem
recorde O número de fusões e aquisições
entre lojas do varejo bateu recorde em
2013, no Brasil. Os dados constam na
Pesquisa de Fusões e Aquisições realizada
trimestralmente pela KPMG. De acordo
com o levantamento, o ano fechou
com 24 operações, o que representa
um crescimento de 50% em relação a
2012, ano em que foram contabilizadas
Março 2014
16 operações do tipo. A rede credita esse
107
aumento ao consumo aquecido registrado
no ano passado. Um destaque da pesquisa
é o número de transações domésticas:
70% das operações foram realizadas entre
empresas de capital brasileiro.
Congresso Nacional de
Sindicatos Patronais EM BH
Acontece entre 9 e 11 de abril, no Minascentro, em Belo
Horizonte (MG), o 30º Congresso Nacional de Sindicatos
Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. O
evento reúne líderes políticos e empresariais para discutir
assuntos ligados ao comércio, ao sistema confederativo e à
economia do país. O tema geral é a Inconfidência no Comércio,
uma referência ao movimento da Inconfidência Mineira,
com foco no debate sobre a realidade tributária brasileira.
O objetivo é apontar alternativas para que os empresários
sustentem melhor seu negócio, usando o conhecimento
ao seu favor. São esperados cerca de 2 mil participantes. O
congresso é organizado pelo Sindilojas-BH, com apoio do
Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais, Confederação
Nacional do Comércio e Banco do Brasil.
Errata Diferentemente do que foi publicado na edição 106, Luiza Helena Trajano começou a trabalhar na empresa da
família aos 12 anos. Hoje, o Magazine Luiza é uma rede varejista com 744 lojas e mais de 23 mil colaboradores.
8
espaço sindical
Giraldo Sandri é o novo presidente do
Sindilojas Vale do Taquari O Sindilojas Vale
Consumo de livros
foi maior no final do ano
Dados do BookScan, estudo da Nielsen sobre o consumo de livros,
Sanja Gjenero/Stock.Xchng
apontam que novembro e dezembro de 2013 concentraram o maior
volume de vendas desde que a mensuração começou a ser feita.
As três primeiras semanas de dezembro atingiram o dobro da média anual em comercialização de livros, com 1,27 bilhão de unidades
em uma única semana. Apesar da demanda, houve uma
diminuição de investimento
de aproximadamente 10% no
período, devido às promoções de fim de ano. A semana
48, da Black Friday, apresentou o menor preço médio histórico de 2013: R$ 33,78. Já a
semana 51, do Natal, atingiu
a maior variedade de títulos
diferentes vendidos: 62 mil.
do Taquari elegeu em dezembro a chapa única
registrada para a nova presidência do sindicato.
O empresário Giraldo Sandri sucede Marcos
Mallmann na gestão
2014-2018. Sandri
trabalha há 32 anos no
comércio, onde atua
nos setores de agropecuária e floricultura.
Sindilojas Vale do Rio Pardo elege nova
diretoria O empresário Mauro Spode assumiu
oficialmente a presidência do Sindilojas Vale do
Rio Pardo em janeiro. Spode entra no lugar de
Henrique Gerhardt, de quem era vice-presidente.
“Vamos dar continuidade ao trabalho que vinha
sendo realizado, com os olhos voltados para o
futuro, para iniciativas inovadoras e para a busca
de novas lideranças”, afirmou.
Sincopeças-RS promove primeiro curso EAD
de Gestão de Pessoas O Sindicato do Comér-
Zyzx/Stock.Xchng
do mundo. Se fosse um país, o grupo faria parte do G-20 (que reúne as nações mais ricas) e seria a 12ª nação mais populosa do planeta, com 108 milhões de pessoas. As informações são da pesquisa
As faces da Classe Média, realizada pelo Instituto Data Popular e
pela Serasa Experian. Com renda
entre entre R$ 320 e R$ 1,12 mil, a
classe C representa 54% da população brasileira. Responsável por
um gasto de R$ 1,17 trilhão e 58%
do crédito concedido no país em
2013, o grupo deve consumir, em
2014, 8,5 milhões de viagens nacionais, 6,7 milhões de aparelhos
de TV, 4,8 milhões de geladeiras
e 4,5 milhões de tablets. As projeções são de que a classe C continue
a crescer e chegue a 125 milhões
de pessoas em 2023.
para Veículos no Estado do Rio Grande do Sul
(Sincopeças-RS), em parceria com o Senac-RS,
está promovendo o curso Gestão de Pessoas.
A formação será a primeira ministrada a distância
pelo sindicato. As atividades serão disponibilizadas em ambiente virtual. Mais informações pelo
telefone (51) 3222-5577.
Remi Scheffler é eleito presidente do
Sindilojas Novo Hamburgo O empresário
Remi Scheffler foi eleito presidente do Sindilojas
Novo Hamburgo para a gestão 2014/2017.
Scheffler liderava a chapa única integrada
por Nelci Horst Silva, Edison dos Santos, Darci
Klagenberg, Ricardo Model, Sérgio Moutinho
e Gerson Müller na diretoria executiva. O novo
presidente substituiu Gerson Müller.
Março 2014
Classe C está entre os maiores
consumidores DO MUNDO
A classe C brasileira representa o 18º maior mercado consumidor
cio Varejista de Veículos e de Peças e Acessórios
107
Secovi Santa Maria também elege novo
presidente O Secovi Santa Maria elegeu o
seu novo presidente, Antonio Odil Gomes de
Castro. Ele substituirá Everton Barth e terá um
mandato de quatro anos (2014/2018).
9
notícias
& negócios
Arquivo Temática
Larry Silva
três perguntas
Sebastian Soares, sócio
da KPMG Brasil, fala sobre
o desafio de conquistar
diferentes públicos em
tempos de tecnologias
móveis e mídias digitais.
Como as mídias digitais
transformam o perfil
do consumidor? Há pessoas já inseridas no
contexto tecnológico, mas que mantêm um legado
com a mídia tradicional, e uma nova geração
completamente inserida na mídia digital. O desafio
é definir as estratégias da forma correta, para atingir
o público que ainda é fiel às mídias tradicionais,
principalmente a televisão, e ao mesmo tempo
aproveitar a mídia digital. Vamos ter 4,5 bilhões de
pessoas conectadas por aparelhos móveis em 2016.
É um número bastante relevante.
Neste cenário, como as marcas podem trabalhar
a relação com os clientes? As empresas terão que
definir estratégias para atingir ambos os públicos.
Acampamento Farroupilha
durante a copa na capital
Porto Alegre sediará uma edição extraordinária do Acam-
pamento Farroupilha durante a Copa do Mundo. Serão 150
piquetes montados no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho,
que também contará com feira de artesanato de índios, demonstrações campeiras e área de convivência com praça
de alimentação e palco para espetáculos. O horário de funcionamento será das 10h às 22h durante a semana e das 9h
às 2h aos sábados e domingos. Nos dias de jogos do Brasil
ou de partidas disputadas em Porto Alegre, o acampamento abrirá as portas das 9h à 0h. O Acampamento Farroupilha Extraordinário funcionará durante todo o período do
mundial, entre 12 de junho e 13 de julho.
A essência do consumidor não muda. É a mesma de
15, 30 anos atrás. Porém, há um volume de acesso às
informações muito mais rápido que no passado.
O desafio é encontrar uma forma de manter a atenção
de toda esta juventude tecnológica, vista a velocidade
e a quantidade de informações que se tem.
Quais são as características que diferem o
público brasileiro dos demais? Um fator bastante
Março 2014
relevante em países emergentes, como o Brasil, é de
107
que havia muitas pessoas sem acesso à tecnologia,
a smartphones e tablets, mas isso vem mudando.
As pessoas com menos de 30 anos estão pulando
uma etapa e nunca vão tocar num PC, pois já estão
inseridas na tecnologia móvel. Não há conexão com a
mídia tradicional da mesma maneira que as pessoas
com mais de 30 anos têm. Ainda assim, a televisão é
o meio tradicional mais utilizado pelos consumidores
do Brasil: 85% deles assistem à TV diariamente.
10
Distribuição de TI se
concentra no Sul E SUDESTE
O setor de distribuição de TI cresceu 2% em relação a
2012, alcançando um faturamento de R$ 13,3 bilhões no
fim do ano passado. Os dados são de uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira dos Distribuidores de
Tecnologia da Informação (Abradisti). O estudo considerou informações de 70 companhias brasileiras, que juntas
representam mais de 95% do mercado. São 9,2 mil empregos gerados no país pela distribuição de TI, sendo que a
Região Sul concentra 20% das 31 mil revendas do Brasil.
O Sudeste vem na frente, com 58%. Suprimentos e acessórios ganharam parcela de mercado (de 7% para 14%),
enquanto a categoria hardware caiu de 81% para 74%. Softwares (11%) e serviços (1%) mantiveram-se na mesma situação em relação ao ano anterior.
Desemprego na capital gaúcha é o menor já registrado
O desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre chegou a 5,7% da População Economicamente Ativa
(PEA) no último mês de janeiro. Trata-se do índice mais baixo desde junho de 1992, quando a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada mensalmente pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), começou a ser
aplicada. O total de pessoas sem ocupação foi estimado em 108 mil pessoas, 8 mil a menos que no mês anterior.
Já no cenário nacional, o índice de jovens no mercado informal caiu para 41,6% dos trabalhadores entre 14 e 25
anos. Os dados são da Organização Mundial do Trabalho (OIT), que comparou números entre 2007 e 2011.
Crescimento da economia
brasileira continua moderado
A economia brasileira cresceu 2,3% em 2013, conforme dados do PIB
Mateusz Atroszko/Stock.xchng
divulgados pelo IBGE. É o terceiro ano seguido de crescimento moderado
– média de 2% ao ano. Um dos motivos seria o resfriamento no consumo, devido aos juros mais altos, ao crédito restrito e à inflação de 5,91%
concentrada em alimentos e serviços. De fato, o consumo das famílias
desacelerou: 2,3% no ano passado, após alta de 3,2% em 2012. Por outro
lado, embalada pela safra recorde, a agropecuária registrou expansão de
7%, seu melhor desempenho na série histórica do IBGE, iniciada em 1996.
Nos serviços, a alta foi de 2%, seguida de 1,3% da indústria.
Arrecadação de ICMS deve
crescer no mundial de futebol
Segundo o coordenador executivo
do Comitê Gestor da Copa do
Mundo em Porto Alegre, Maurício
Nunes Santos, o mundial de futebol
deve resultar em R$ 131 milhões
a mais recolhidos em ICMS na
cidade. Seriam R$ 36 milhões entre
os setores de comércio e serviços
e R$ 96 milhões no trade turístico.
A previsão foi revelada durante
reunião com deputados gaúchos
ocorrida na capital. Ainda segundo
o coordenador do comitê, serão
200 mil turistas circulando pelo
Março 2014
Estado, sendo 70 mil estrangeiros.
.com
Reprodução/YouTube
No site do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, os especialistas
da entidade analisam temas de interesse do empreendedor.
Acesse a videoteca e confira o consultor econômico da
Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, comentando os números da
arrecadação de impostos no Brasil.
107
11
Silvio Ribeiro
Tendências
texto Rafael Tourinho Raymundo
Março 2014
Cada vez mais
conectados
107
12
A
O avanço da tecnologia ainda não nos levou ao mundo da família Jetson, mas
o futuro que se projetava no desenho animado é quase uma
realidade. Automóveis não voam e robôs humanoides não
utomóveis e eletrodomésticos
realizam atividades domésticas, pelo menos por enquanto.
que acessam a rede: é a Internet
Porém, muitos objetos do dia a dia estão cada vez mais automatizados.
das Coisas, que vem ganhando
A comunicação máquina a máquina (M2M), também chaforça no mercado e promete
mada de Internet das Coisas, vem ganhando força no mercado.
São equipamentos cotidianos, mas aparelhados com sensores
trazer benefícios, mas também
e conectados entre si ou à web. Eles são capazes de acumular
problemas. Conheça mais sobre
informações sobre o ambiente – ou usuário – e trabalhar automaticamente, também podendo ser controlados por smartphoessa tecnologia
ne, por tablet ou mesmo via comando de voz. A Cisco Systems,
O lado bom
A Internet das Coisas promete soluções mais rápidas e
seguras para problemas comuns. Exemplos clássicos são a
geladeira que avisa quando é hora de comprar leite, ou o
termostato que regula a temperatura conforme o número de pessoas no recinto. A tecnologia, no entanto, pode
melhorar sistemas complexos, como o de transporte público. Conectada, a sinalização das ruas indicaria pontos
de congestionamento e sugeriria rotas alternativas. Veículos coletivos automatizados dialogariam entre si, regulando a velocidade e evitando acidentes.
Outro caso é o da saúde. Aplicativos de celular podem
medir a pressão arterial e taxas de glicose do paciente,
que são enviadas a um banco de dados e analisadas em
tempo real pelo médico. Histórico e prognóstico armazenados em detalhes e sem barreiras geográficas.
Uma empresa que transforma este futuro em presente é a Domotic Center. Encubada numa universidade por
dois anos, ela entrou recentemente no mercado e está fechando parcerias para lançar seu primeiro produto até
julho. Trata-se de um interruptor que pode ser programado por celular. Entre as funções, hora marcada para
apagar luzes e controle a distância de toda a iluminação
da casa. “Os novos televisores já vêm com internet. Acho
que vamos viver uma mudança radical no próximo ano”,
acredita Giorgio Pretto, um dos sócios. Não é à toa que a
Domotic Center também investe num kit de desenvolvimento para que outros programadores criem seus próprios projetos na área.
O lado ruim
A questão é que, na medida em que surgem novas soluções tecnológicas, criam-se novos problemas. Vírus e
malwares, por exemplo: antigamente demoravam meses
para se espalhar, por meio de disquetes infectados; hoje,
têm inúmeras portas de entrada.
Qualquer dispositivo ligado à internet está sujeito a invasores e roubos de informações. “Não existe um número de
usuários suficiente que compense aos hackers desenvolver
ferramentas para esses aparelhos. Quanto mais a tecnologia cresce, mais fica suscetível ao interesse deles”, pondera
Vander de Castro, country manager da Avast no Brasil. Ainda
assim, ele alerta para outras indagações: “Que sistema operacional a geladeira vai usar? Que tipo de sistema de proteção ela terá? Quem acessá-la poderá enviar spam”.
Temendo ataque terrorista, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney chegou a desativar a função wireless de seu desfibrilador. O aparelho cardíaco instalado em
seu peito poderia ser reprogramado por controle remoto,
pensou. Os especialistas acham improvável, mas alguns não
descartam a possibilidade.
Para além das ameaças conspiratórias, um problema real
é a falta de padronização das linguagens. Cada empresa utiliza um sistema próprio para seus objetos automatizados,
que costuma não funcionar em conjunto com produtos de
outras marcas. Há organizações como a All Seen Alliance
que procuram estabelecer um framework universal. Mas
enquanto não houver consenso entre os fabricantes, os dispositivos inteligentes permanecerão um tanto obtusos: só
conseguirão se comunicar com organismos da mesma espécie. Integrar todas as funções e conseguir uma casa ao estilo
Jetsons ainda é uma tarefa complicada.
Realidade brasileira
O Brasil deve lançar até junho uma política estruturante
para estimular a Internet das Coisas. O projeto é uma
parceria do BNDES e de diversos ministérios com o Fórum
da Competitividade, formado por indústria, universidades
e centros de pesquisa. Os objetivos são padronizar
tecnologias e capacitar mão de obra. A desoneração
de equipamentos, visando ao barateamento de custos,
Março 2014
gigante do ramo de redes, prevê cerca de 25 bilhões de
dispositivos conectados em 2015, número que pode dobrar até o início da próxima década. Em 2010, os chamados objetos inteligentes eram 12,5 bilhões. A Internet
Data Corporation (IDC) projeta números ainda mais altos:
200 bilhões de aparelhos do gênero até 2021. Um mercado
que movimentará trilhões de dólares anualmente.
107
também está prevista. De acordo com a Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), os terminais de dados M2M
chegaram a 8,2 milhões no país no final de 2013 – 3,06%
do total de acessos móveis. Até 2018, a projeção dos
fabricantes é ultrapassar 1 bilhão de terminais.
13
10 passos
Para a inovação
pROCESSO
CONTÍNUO
C
riar uma cultura específica, estimular processos, ter conhecimento de
mercado: essas são apenas algumas sugestões para se chegar a resultados
inovadores dentro das empresas. Aprenda mais sobre o assunto
Março 2014
1
107
Inovar é gerar valor tanto para os clientes
quanto para a própria organização. Por
isso, é necessário saber se os processos
dão resultado. O importante é manter
objetivos claros e estabelecer maneiras
Crie uma cultura
para mensurar e avaliar o andamento do
“O grande desafio das empresas é fomentar
trabalho. Se a meta for aumentar vendas,
a cultura da inovação”, afirma Cezar Taurion,
por exemplo, a inovação deve levar a
gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil.
números positivos.
É preciso um ambiente propício, que
favoreça novas ideias e deixe os
colaboradores confortáveis para desenvolvê-las. Deve-se ter em mente que inovação é
um processo contínuo, que faz parte do dia a
dia da companhia.
14
Tenha métricas
2
Políticas de RH podem estimular os funcionários
a se engajarem em processos de inovação.
O reconhecimento vai desde uma bonificação
a promoções de cargo, depende do caso.
Claro, as equipes precisam estar a par do que
Ouça opiniões
a empresa busca, justamente para saberem
A cultura de inovação é um esforço
como se comportar. O comprometimento
coletivo e transdisciplinar. Pessoas de
com o trabalho costuma estar ligado a
diferentes setores podem contribuir com
desafios constantes.
olhares distintos sobre um mesmo assunto.
Esteja aberto a sugestões, observações
e críticas. E lembre-se: hierarquias rígidas
podem estagnar o processo. No fomento
da inovação, todos os colaboradores são
importantes e merecem voz ativa.
Arrisque
5
Combine
4
Cezar Taurion cita o exemplo do Iphone.
O smartphone da Apple não surgiu de uma
tecnologia totalmente nova. Celulares já
existiam, bem como câmeras fotográficas
e equipamentos de GPS. A novidade foi
combinar esses elementos no mesmo
Quem busca inovar corre o risco de falhar.
aparelho, com um design atrativo. Inovar não
Não adianta temer o erro, muito menos
é propor um produto ou serviço inédito, mas
encontrar culpados. A empresa só é
trazer melhorias para o que já existe.
inovadora quando está disposta a se arriscar,
e o sucesso nem sempre vem na primeira
tentativa. Avalie se seu negócio possui os
meios para tanto – seja o aporte financeiro
ou o prestígio no mercado – e esteja
preparado para os tropeços.
6
Março 2014
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Reconheça méritos
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15
10 passos
Espere
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mercado. Concorrentes também estão
preocupados em inovar. Há situações,
inclusive, em que a ameaça vem de outros
setores. Taurion lembra das empresas de
telecomunicações: além da disputa entre elas,
precisam de um nível mínimo de maturação
como o Skype e o Whatsapp substituem ligações
para funcionarem adequadamente. Embora
e SMS, tirando clientes da telefonia móvel.
estrutural que a empresa vive. Tenha paciência:
discuta, teste e refine os procedimentos até
chegar ao resultado adequado. Inovação
não é revolução.
Informe-se
Março 2014
Por outro lado, observe as mudanças do
que naturalmente divide o público, serviços
não se encaixar no momento financeiro ou
9
8
Desconfie das fórmulas
Quando existe uma receita, é porque ela já foi
elaborada, testada e aprovada por alguém.
Ou seja, já não é mais inovadora. Inovação
não tem fórmula. Métodos que funcionam para
uma organização podem não se adequar a
outro cenário. Cada empresa deve testar seus
Participar de eventos sobre o tema e ler sobre
próprios processos, conforme os objetivos que
cultura de inovação é sempre uma maneira
pretende alcançar. “Inovação é algo contínuo”,
de se inspirar. O conhecimento é bem-vindo
reforça Cezar Taurion, gerente da IBM.
– seja com a prática cotidiana, seja com
formação acadêmica. Essa dica também
pode ser levada a todos os colaboradores:
promover cursos, palestras, brainstormings e até
confraternizações renova ideias e abre portas
para a inovação.
16
Fique atento
Algumas tecnologias, ou mesmo processos,
certas ideias sejam boas, às vezes elas podem
107
Inovação
10
Seu objetivo é a preservação de uma livre
concorrência honesta no âmbito do direito
de todas as pessoas jurídicas, em especial as
empresas, relacionarem-se, por meio de atos
ou contratos, com a administração pública.
Para tanto, ela prevê a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas, ou seja, independentemente de dolo ou culpa dos agentes que
praticaram os atos ilícitos.
As condenações são distintas e variadas,
conforme se trate de processo administrativo
ou de processo judicial, e sempre pressupondo
o dever de reparar os danos causados. As sanções administrativas são a multa, em princípio
baseada em percentual do faturamento bruto
da entidade, e a publicação extraordinária
na imprensa de nota condenatória, como ato
público de descrédito. As sanções judiciais
são o perdimento dos bens e direitos obtidos
com os atos lesivos; o impedimento, de um
até cinco anos, de a pessoa jurídica gozar de
quaisquer benefícios públicos (empréstimos,
subvenções, isenções fiscais, etc.); a suspensão
temporária das atividades da pessoa jurídica
e, no limite, sua dissolução. Algumas dessas
sanções podem inclusive alcançar as sociedades controladoras, as controladas, as coligadas
e as consorciadas (no caso de consórcio para
participar de licitações públicas) da pessoa
jurídica condenada.
A lei reserva importante papel às próprias
pessoas jurídicas, dando a possibilidade de
instituírem mecanismos e procedimentos
internos de integridade, auditoria e
incentivo à denúncia de irregularidades
e a aplicação efetiva de códigos de
ética e de conduta (compliance), e cuja
efetiva instituição será depois levada em
consideração no caso da fixação de sanções.
A lei também possibilita às pessoas jurídicas
investigadas que tomem a iniciativa para
firmar acordo de leniência, visando ao pleno
esclarecimento dos fatos investigados, bem
como à identificação dos responsáveis,
proporcionando com isso a não aplicação ou
a minoração de certas sanções.
Com a nova lei anticorrupção ganham as
pessoas jurídicas honestas, a administração
enquanto res publica e, não por último, nós
todos, cidadãos.
Março 2014
Em vigor desde o final de janeiro, a
Lei nº 12.846/13, ou “Lei Anticorrupção”,
estabelece a responsabilidade das pessoas
jurídicas, nas esferas civil e administrativa,
pela prática de atos lesivos à administração
pública. Ela resulta da ratificação pelo Brasil,
no ano 2000, da Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos
Estrangeiros em Transações Comerciais
Internacionais, de 1997, do Conselho da Organização para a Cooperação Econômica e o
Desenvolvimento (OCDE).
Emmanuel Denaui
opinião
A “Lei
Anticorrupção”
e o futuro
107
Itiberê Rodrigues
Doutor em Direito pela Universidade de Münster (Alemanha) e advogado da Souto Correa Advogados
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Março 2014
entrevista
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18
| Guilherme Afif Domingos
À
frente da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da
República (SMPE), Guilherme Afif Domingos defende medidas para
desburocratizar processos que inibem a abertura de empresas e que
emperram o desenvolvimento de negócios já existentes. A previsão é
beneficiar mais de 400 mil companhias, detalha o ministro, reforçando a
importância de desfazer o nó da tributação brasileira
Existe a previsão de que, ainda no primeiro semestre, o
Congresso aprove nova revisão da Lei Geral da Micro
e Pequena Empresa. Qual a importância dessa revisão e
quais são os aspectos de maior impacto que ela traz?
O Congresso Nacional está analisando um projeto que permite o acesso de novos setores ao Simples. É a chamada universalização do Simples. Apoiamos o princípio de que são o
porte e a receita que determinam se um empreendimento
é microempresa ou empresa de pequeno porte, e não a atividade. Os aperfeiçoamentos no Simples vão produzir mais
formalização, mais emprego, mais cidadania e mais proteção previdenciária para empresários e suas famílias. É mais
renda fluindo na sociedade e trazendo desenvolvimento
econômico e social. Essa medida, segundo as primeiras pro-
jeções, deve beneficiar mais de 400 mil empresas. Também
está sendo analisada a proposta de impedir que a substituição tributária continue anulando efeitos do Simples. O Simples, hoje, é opção da grande maioria das empresas brasileiras e foi ampliado no governo da presidenta Dilma Rousseff.
Outra medida importante para o setor é o Microempreendedor Individual (MEI), que entrou em vigor em 2012 e mais
de 3,8 milhões de pessoas já aderiram aos MEIs.
Março 2014
Arquivo pessoal
Mais fôlego para
as MPEs
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Quais foram os efeitos sentidos desde a publicação da
Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas? Desde a edição
da Lei Geral das MPEs, o número de empresas cresceu de
forma representativa, pois diminuíram os ônus tributários
e burocráticos dos pequenos negócios. Segundo estudo do
19
| Guilherme Afif Domingos
Divulgação/SMPE
entrevista
tempo e o custo da abertura de empresas. A SMPE é a responsável pelo Comitê para a Gestão da Redesim (CGSIM) e pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), que
subordina tecnicamente as Juntas Comerciais, com a missão de
reduzir o tempo e o custo para a abertura de empresas. Já fizemos a implantação parcial em vários estados e vamos acelerar
o cronograma para avançarmos rapidamente com novos sistemas e uma nova estrutura para o CGSIM.
O que emperra esse processo? Os problemas centrais que im-
Março 2014
“Os aperfeiçoamentos no Simples
vão produzir mais formalização,
mais emprego, mais cidadania e
mais proteção previdenciária para
empresários e suas famílias.”
107
Sebrae, houve um aumento de 44% no número de empreendedores entre 2002 e 2012. Por outro lado, o aumento do poder de
compra das famílias, nos últimos anos, formou uma importante base consumidora, formada hoje por mais de 100 milhões de
pessoas, resultando na geração de novos negócios, em especial
os pequenos. A perspectiva é de que 15 milhões de pessoas migrem para a classe C em 2014, o que reforça essa visão.
Qual é o impacto das micro e pequenas empresas para a
economia brasileira? As MPEs representam 20% do PIB bra-
sileiro. Mas em países como Itália e a Alemanha, esse número é
cerca de metade da riqueza gerada, o que reforça a importância de fortalecer, expandir e formalizar esses negócios. O segmento, de acordo com estudos recentes, contribui para uma
melhor distribuição de renda, com impactos importantes para
as pequenas cidades. Segundo o Sebrae, entre 2000 e 2011 os
salários tiveram aumento real de 18% nas MPEs, enquanto nas
demais empresas a evolução foi metade disso. Apesar dos excelentes resultados do Simples Nacional e do MEI – em incentivo
à formalização pela desoneração tributária e burocrática – ainda há 8 milhões de empreendimentos que precisam ser incluídos no mundo da formalidade e da proteção social, gerando
mais desenvolvimento e riqueza para toda a sociedade.
O que representa para a economia o fechamento de uma
empresa, considerando o número elevado do índice de
O senhor tem defendido uma política de simplificação
nacional, pode nos detalhar o que pensa a esse respeito?
Defendemos a implantação da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), do processo único que integra todos os órgãos e entidades
da União, Estados e Municípios envolvidos com a legalização
de empresas e negócios. Essa é a solução para diminuirmos o
20
pedem o crescimento das MPEs são o custo incompatível para
abertura e baixa de empresas e o peso excessivo das exigências
estatais. As causas do fraco desempenho são o desconhecimento de procedimentos e exigências, o processo complexo para
regularização de tributos e imóveis, os procedimentos pouco
diferenciados e as exigências e documentos redundantes.
mortalidade das micro e pequenas empresas? Em relação
à mortalidade que vitima o universo das MPEs, constatou-se
que elas vivem, em média, apenas cinco anos. As causas determinantes desse fenômeno são o nível insuficiente de vendas,
o custo incompatível de operação e o gerenciamento pouco
profissional. Os reflexos desse ambiente resultam na incapacidade das MPEs para contratar empregados, gerando estag-
nação do crescimento do nível do emprego; incapacidade de
ampliar vendas e produção e reduzir custos, e na dificuldade
para pagar impostos, implicando estagnação dos níveis do
PIB. Além disso, a dificuldade enfrentada pelo segmento para
cumprir contratos leva ao aumento das falências e, consequentemente, à elevação da taxa de mortalidade.
quotas do regime geral nas transações com outros estados, as
MPEs pagam como as grandes empresas, sem qualquer outra
saída. Demitem ou fecham suas portas. A Constituição Federal
de 1988, no artigo 150, §7, inseriu o tratamento diferenciado no
campo administrativo, e nós temos o Simples, que precisa ser
aperfeiçoado e ampliado.
Quais são os mecanismos para evitar esse processo de
Quais são os principais projetos e propostas da Secretaria
A reforma tributária, nesse cenário, ganha centralidade?
A questão da tributação é um nó a ser desfeito com urgência.
Um exemplo perfeito desse problema é o caso do pequeno
mercadinho versus o grande supermercado. O pequeno está no
Simples e, por isso, tem uma taxa favorecida, principalmente
no ICMS na ponta. Mas as burocracias estaduais deram um golpe no pequeno empresário. Criaram o contribuinte substituto,
que coloca a carga cheia no produto na saída da indústria. Com
isso, o pequeno empresário teve anulado o poder de competição, que lhe fora garantido por legislação. Ao perderem as vantagens da substituição tributária, a partir da aplicação de alí-
“A questão da tributação
é um nó a ser desfeito
com urgência.”
biente de negócios favorável e fomento às MPEs, por meio das
ações já mencionadas: desburocratizar e desenvolver. O Ministério tem dois eixos para enfrentar esses problemas. No âmbito
da desburocratização, temos a Secretaria de Racionalização e
Simplificação, voltada para aumentar o grau de legalização das
MPEs em função da integração de processos e da desregulamentação. Todas as Juntas Comerciais do país estão vinculadas
a essa secretaria. Ela vai implantar e desenvolver a Redesim.
Uma das iniciativas importantes é implantar o que chamamos
de Simples Trabalhista, que é a simplificação das obrigações
administrativas para as MPEs. Em relação ao desenvolvimento,
temos a Secretaria de Competitividade e Gestão, para aumentar a taxa de sobrevivência das MPEs por meio de iniciativas
que ampliem sua capacidade de produção e gestão e reduzam
custos. Nela estão abrigadas ações para acesso à inovação, redução de juros e de burocracia para crédito, acesso ao mercado
exterior e às compras públicas e aumento do grau de maturidade gerencial dos negócios. O Fórum Permanente das MPEs está
vinculado à Secretaria de Competitividade e terá uma nova
modelagem para ajudar a alcançarmos esses objetivos.
Março 2014
brevivência, serão adotadas medidas para: reduzir os juros e a
burocracia para acesso ao crédito; garantir acesso à inovação
e certificação de produtos e de processos; dar transparência
sobre a realidade econômico-financeira; assegurar a capacidade de entrega das encomendas; e facilitar a prospecção do
mercado comprador e fornecedor. Além dessas ações destinadas a expandir a produção e reduzir custos, a SMPE vai adotar
medidas para aumentar a capacidade de vendas e gestão, como
na formação de jovens na área de empreendedorismo e para
garantir acesso a conhecimentos e instrumentos para a gestão
profissional do negócio, facilitando o acesso ao mercado exterior e aumentando o acesso das MPEs às compras públicas.
da Micro e Pequena Empresa para este ano? Garantir am-
Divulgação/SMPE
fechamento? No que diz respeito ao aumento da taxa de so-
107
21
Rafa Marin/Prefeitura de Pelotas
regiões
Sul
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doces, navios
e negócios
107
22
n
O pampa é marcado por cidades de peso na construção da identidade gaúcha. Pelotas, onde nasceu o escritor Simões Lopes Neto, desde cedo
o sul do estado, pelotas
apresentou forte vocação para o comércio e o agronegócio,
graças à miscelânea de etnias que contribuiu para sua fore Rio Grande são duas cidades
mação. Hoje é conhecida no país inteiro pela Fenadoce. Rio
com muita história e tradição.
Grande, por sua vez, é o município mais antigo do Estado,
fundado em 1737. Berço da colonização açoriana, é referênsão conhecidas pela Fenadoce
cia pelo segundo mais importante porto do Brasil para o dee pelo segundo porto mais
senvolvimento do comércio. Outros destaques da região são
Canguçu, Jaguarão e São José do Norte, que receberá o maior
importante do país
estaleiro da América Latina.
Em Pelotas, a Hercílio Calçados é administrada pela mesma
família desde 1907, abrangendo cinco gerações. Hoje, está sob
o comando de Oswaldo Gaspar da Fonseca Neto. O negócio, que
Na cidade portuária de Rio Grande, o comércio é pujante e inspira espíritos empreendendores como o de Alberto
Amaral Alfaro. Advogado por formação, administra a Simcard, distribuidora de chips e aparelhos de recarga de celulares, e a imobiliária Alfaro Negócios Imobiliários. Enquanto
que o primeiro negócio vai de vento em popa, o segundo
vive período de incertezas. O desenvolvimento decorrente
da instalação do polo naval também trouxe transtornos. “De
uma hora para outra, as ruas receberam mais 10 mil pessoas
e ninguém estava realmente preparado para isso. Há longas
filas nos supermercados, tumulto e prejuízos para a motricidade urbana e a saúde. As empresas enfrentam enorme
rotatividade, o mercado imobiliário elevou seus preços às
Inadimplência perigosa
Na pequena São José do Norte, Luís Escobar, proprietário
das Lojas Damárcia Variedades e Damárcia Presentes e
Pirralhos, reclama da inadimplência. “Tenho R$ 50 mil
perdidos na rua, e o Código de Defesa do Consumidor protege
os maus pagadores. É difícil cobrá-los, ou pegar a mercadoria
de volta, e em cinco anos suas fichas ficam limpas no Serviço
de Proteção ao Crédito”, protesta. “É preciso repensar a lei.
Gero cinco empregos diretos, mas poderiam ser oito, e não
dá para botar a diferença na mercadoria, pois perco clientes
para a concorrência.” A cidade vai receber o maior estaleiro
da América Latina, o que deve quadriplicar o PIB municipal
e gerar 30 mil empregos diretos e indiretos. “O comércio
certamente sentirá a diferença, principalmente na área de
serviços. Como em Rio Grande, a especulação imobiliária já
começou”, finaliza.
Março 2014
Sortes e reveses
alturas e uma bolha está criada”, afirma. “Como resultado,
verificamos agora retração, e não aumento de demanda.”
No ramo de telefonia, contudo, os negócios vão bem. Atualmente, ele distribui chips de celular e aparelhos de recarga
física e eletrônica para armazéns, supermercados, padarias e
salões de beleza. Sua equipe de vendedores percorre Rio Grande, Pelotas e Bagé em duas visitas por semana. “O tíquete médio de recarga aumentou de R$ 12,80 em 2011 para R$ 14,60 em
2014. O pessoal está falando mais”, vibra.
Divulgação/Hercílio Calçados
cresceu junto com a cidade (cuja população quintuplicou no
período), se mantém firme, apesar dos percalços. São oito
lojas, com presença também nas vizinhas Rio Grande e Canguçu. Vítor Hugo Colvara, sócio-diretor, revela a árdua tarefa de permanecer como referência no segmento por tanto
tempo. “Com a globalização e a internet, o padrão de exigência do consumidor aumentou muito e as lojas precisam
obrigatoriamente ter layout moderno”, reflete. Há exigências por marcas, preços e tipos de produtos. Além disso, com
a chegada dos sapatos chineses e o advento dos shopping centers, a concorrência se multiplicou. “Antigamente, as grandes redes tinham 10 lojas, e agora elas têm 100 lojas.”
Uma das características antigas conservadas pela Hercílio Calçados é o crediário próprio, com o conhecido carnê de pagamentos. Fora isso, os novos tempos imperam. O
e-commerce se impôs como alternativa de compra, e é preciso investir forte em mídia e redes sociais para manter as
vendas estáveis. “As pessoas migraram seus investimentos
para bens duráveis, imóveis e aparelhos eletrônicos, comprometendo grande parte da renda. Quem antes comprava
três pares, hoje compra um”, lamenta. A inadimplência preocupa, mas ainda está sob controle.
107
Alinhamento aos novos tempos é a chave
do sucesso da Hercílio Calçados
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gestão
Guia para
o caminho
certo
éticas e transparentes, o código
de conduta é o ponto de partida
para mitigar danos decorrentes de
Você já parou para pensar no quanto a sua empresa pode perder com fraudes ou corrupção interna? Se não fez essa reflexão ainda, é
bom começar a avaliar esse cenário o quanto antes. Basta
pensar, primeiro, em pequenos delitos, que podem corromper colaboradores e causar prejuízos, para concluir que evitar
esse processo é importante para a manutenção dos negócios.
Outro bom motivo para estudar a implantação de práticas
transparentes e éticas dentro da sua empresa é a chamada
Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/13), em vigor desde janeiro
deste ano e que pode colocar em risco até mesmo a operação
de companhias que comprovadamente agiram em práticas de
corrupção contra a administração pública.
Sim, os efeitos da lei podem culminar com o fechamento
de uma empresa, na pior das hipóteses. Na melhor delas,
a companhia será condenada a pagar uma multa, que pode
variar de 0,1% a 20% do faturamento anual bruto apurado
no ano anterior, podendo chegar a até R$ 60 milhões quando não for possível determinar o faturamento. As sanções
podem ser minimizadas para empresas que colaborarem
com as investigações, quando for o caso.
As penalidades assustam, mas especialistas garantem
que a lei abriu espaço para uma discussão que pode consolidar novas práticas de gestão, fazendo com que as companhias brasileiras tornem-se mais transparentes e responsáveis com sua atuação.
Lúcia Simon
Março 2014
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consolidar práticas
fraude e corrupção
texto Marina Schmidt
107
F
undamental para
Sem desculpas
Mais simples do que parece
“Ser honesto não demanda esforço nem disciplina.” Essa
é a frase que sintetiza a atuação do escritório de advoca­cia Schmidt Curvelo, de Porto Alegre, segundo o próprio
sócio-diretor do estabelecimento, Alexandre Schubert Curvelo. “A honestidade, o agir de acordo com as normas éticas
dentro do escritório, nas relações interpessoais, promove
naturalmente resultado externo”, sacramenta.
Em 2006, o escritório se tornou uma das empresas signatárias do Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, do Instituto Ethos. O que motivou Curvelo a seguir os preceitos do pacto e consolidar mudanças simples, mas práticas,
Stock.Xchng
foi a proximidade de atuação do escritório com empresas que
detêm relações contratuais com a administração pública.
Curvelo destaca que o escritório já tinha afinidade com as
diretrizes do pacto, e que fortaleceu esses preceitos consolidando uma política de conduta corporativa, que foi estendida
aos clientes, inclusive. “As mudanças práticas foram, de início,
a orientação e transmissão dos preceitos norteadores da Convenção das Nações Unidas, que trata das ações contra Corrupção. A partir disso, fixei algumas metas para a orientação aos
clientes, criando regras internas de compliance, especialmente
no que se refere ao modo de conduzir procedimentos e à necessidade de evitar situações e risco.” Especialistas defendem o
modelo de Curvelo para adoção de medidas de combate à corrupção em empresas de menores portes. “É simples, direto e
objetivo. O código de conduta tem que dizer o que as pessoas
devem fazer e como devem fazer, além de elencar restrições”,
sintetiza Magri, do Instituto Ethos.
A comunicação é um processo fundamental para que as
práticas adotadas pelas empresas sejam eficientes, defende
Eduardo Sampaio, presidente da FTI Consulting no Brasil. “O
RH de uma empresa pode produzir um conteúdo simples e
de baixo custo explicando sobre a nova lei, como a empresa pode adequar-se a ela e como os colaboradores devem se
comportar”, explica, lembrando que as práticas contidas no
código de conduta devem ser retomadas pelos gestores das
empresas junto aos funcionários com regularidade.
Começar não é fácil, mas é inevitável. Magri aconselha as
empresas a consultarem modelos de códigos de condutas já
produzidos. “A Controladoria Geral da União em parceria com
o Instituto Ethos criou um curso a distância, sem custo algum, e
que ao final apresenta um modelo a ser adotado pela empresa,
que terá apenas que adaptar para realidades bem específicas
de sua atuação”, sugere. O curso e o pacto contra a corrupção
estão disponíveis na página www.empresalimpa.org.br.
Março 2014
Tradicionalmente, empresas de maior porte investem em
compliance – área de controle de riscos e de estímulo ao cumprimento de exigências legais e corporativas – para mitigar
erros, fraudes e desvios de conduta que possam prejudicar
os negócios. As vantagens da gestão ética e transparente,
portanto, vão além do que preconiza a recente lei. Apesar do
potencial de investimento das grandes empresas, as micro e
médias não podem ter o custo como desculpa, adverte o diretor-executivo de operações, práticas empresariais e políticas
públicas do Instituto Ethos, Caio Magri: “Entendemos que os
recursos são escassos e reduzidos, mas o problema é menor”.
Outro aspecto que determina se o aporte dedicado à inibição
de corrupção corporativa deve ser elevado é o risco de envolvimento da empresa em práticas lesivas à administração
pública. “Microempresa que fornece serviço de logística para
prefeitura precisa de uma estrutura própria que a mantenha
em permanente integridade”, exemplifica.
Para Eduardo Sampaio, presidente da FTI Consulting no
Brasil, o investimento resultará em mais poder competitivo
para a empresa, independentemente do porte. “Num primeiro
momento será um desafio às empresas que precisam investir
em programas de compliance, em treinamentos e em verificação
de seus parceiros. Por outro lado, uma vez que essas instâncias
estejam em funcionamento, a empresa terá melhor visibilidade, menor probabilidade de ocorrência de fraude e melhor posicionamento empresarial, o que em si é uma oportunidade de
diferenciação e de melhoria em seus processos.”
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Cenários
especial
desafios que
rondam o giro
da economia
Março 2014
c
107
26
om um crescimento superior ao do brasil em 2013, o rio grande
do sul se desenvolve tendo como motores atuais o agronegócio
e o consumo. mas os resultados poderiam ser melhores, avaliam
economistas. vencer barreiras já conhecidas dos empresários é o
desafio para sustentar o giro econômico do estado neste ano
A economia brasileira avançou apenas 2,3% em 2013, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a
performance dos estados da região Sul do país (Rio Grantexto Diego Castro
de do Sul, Santa Catarina e Paraná) foi a responsável por
imagem de abertura Lúcia Simon
puxar os índices para cima, tendo um crescimento quase
chinês. O Estado viu seu Produto Interno Bruto (PIB) subir
5,8%, na prévia divulgada pelo IBGE, em desempenho duas
vezes e meio superior ao nacional. Mas o empresário local
conhece os percalços que enfrenta para produzir, vender
e distribuir a produção. Fica a reflexão: quanto mais po-
deríamos crescer em condições ideais? No ano passado,
o sucesso gaúcho veio, principalmente, da agropecuária,
cuja atividade evoluiu 39,7%. Os serviços expandiram-se
3,2%, com destaque para as taxas de crescimento do comércio (4,2%) e dos transportes (6,8%). Apesar dos números positivos, economistas pedem cautela.
O professor de Economia da Ufrgs e consultor da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, salienta: o que gira a economia no Rio Grande do Sul é São Pedro. “No ano passado,
recuperamos as perdas de 2012 no campo, daí nosso de-
sempenho fantástico. A base de comparação era horrível,
e não fosse assim, teríamos verificado índices mornos”,
explica. “A agropecuária é muito volátil, mas se conecta a
todo um conjunto de outras atividades que chamamos de
agronegócio, auxiliando também a indústria e o comércio,
principalmente nas cidades do interior. Se você for olhar a
produção de grãos no Estado, ela repetiu 2011, mas havia
despencado em 2012.”
A economista da Fundação Estadual de Economia e Estatística Cecília Hoff, professora da PUCRS, concorda em
Março 2014
Cenários
107
27
especial
Marcelo Portugal
Março 2014
Consultor da
Fecomércio-RS
107
28
João Alves/Divulgação Fecomércio-RS
parte com Portugal. No Estado, a recuperação da agricultura após a seca de 2012 ajudou demais o crescimento
regional, influenciando o resultado do setor secundário.
A produção industrial cresceu 2,9% no ano passado. “Houve boas performances do setor automotivo, da indústria
naval e petrolífera. Evidentemente, há municípios do interior dependentes da safra agrícola, especialmente onde a
plantação de soja é forte, mas essa realidade não se verifica
na região metropolitana nem na região do polo naval.”
Cecília acredita que o comércio vai bem, de modo geral.
Em 2012, exemplifica, o setor evitou queda maior do PIB gaúcho (-1,8%). “No ano passado, houve crescimento nos dois
âmbitos, e a minha ideia é de que o comércio em 2014 acompanhe o desempenho nacional”, declara.
Para Portugal, os resultados foram medianos. “No Brasil,
o volume de vendas cresceu cerca de 4,5%, no Estado 3,8%,
segundo o IBGE. Nossa estimativa é 4,5% pra 2014”, afirma,
alertando para a desaceleração do ritmo verificado recentemente. “Entre 2006 e 2011, o crescimento foi maior, mas a
situação é pior na indústria, que demonstra no médio prazo
desempenho mais fraco.”
“
Quem faz a economia
do Estado girar é São Pedro.
No ano passado, apenas
recuperamos as perdas
de 2012 no campo.
”
O papel do consumo
O professor da Ufrgs e economista Fernando Ferrari Filho ressalta o papel do consumo no giro da economia gaúcha. “O Brasil tem crescido sobre esse alicerce. Para tanto,
crédito e reforço da massa salarial têm contribuído para tal
dinâmica”, declara. “A questão central é fazer o investimento
crescer, pois a expansão do consumo sustenta a boa performance econômica somente no curto e médio prazos.”
Conforme Cecília, já há sinais de esgotamento dessa política. “No passado, houve reforço da política de distribuição
de renda, e o acesso ao crédito foi facilitado, pois era baixo
demais, representando apenas 20% do PIB. Houve, então, dois
grandes impulsos em uma demanda reprimida por bens duráveis”, diz. O ciclo agora arrefece porque, depois da crise de
2008, o crescimento da renda familiar reduziu, e grande parte
dela está comprometida com parcelamentos efetuados. “Ninguém compra geladeira e carro todo ano”, pondera.
No entender de Ferrari Filho, se a relação investimento/PIB não for elevada para algo ao redor de 25% — hoje
ela se encontra em torno de 19% —, é pouco provável que
o país e o Estado apresentem taxas de crescimento mais
sustentáveis (o PIB subiu em média 3,2% ao ano no governo Tarso). Segundo o economista, a melhora efetiva do desempenho exige, além de políticas fiscais contra cíclicas
(expansão de gastos governamentais na época de depressão e ajuste fiscal consistente na prosperidade), ganhos de
produtividade e reformas estruturais, como a tributária.
“Da parte do Estado, é necessário ter-se consciência das
suas restrições orçamentárias, racionalizar gastos e promover reformas estruturais. Parcerias público-privadas
também são importantes”, explica.
Portugal pensa de forma semelhante. “Consumir é fácil.
O difícil é trabalhar para produzir, construir a fábrica, colocar funcionários no batente e desenvolver tecnologia,
quando se tem uma força de trabalho de baixa educação
e as empresas já estão produzindo no máximo de sua capacidade”, adverte. Faltam hospitais, fábricas, portos,
aeroportos e estradas, imprescindíveis ao desenvolvimento. O aumento da oferta de bens e serviços, sendo assim,
não ocorrerá do dia para a noite. Ou seja, a infraestrutura
é o grande entrave. “Crescemos muito agregando capital e
trabalho, mas agora não é mais possível, porque a massa de
trabalhadores se estabilizou”, lembra.
Crescimento de
12% é esperado
pelas Lojas
Colombo em
2014, conforme
Rodrigo Piazer
menos paga proporcionalmente mais. Um terceiro problema
do sistema tributário, define, é a complexidade, fonte de muitas perdas de custos de transação.
Março 2014
Diante da nova realidade, o consultor da Fecomércio-RS
propõe ao país tomar como exemplo a Alemanha, e não a China.
“Os chineses pegam o sujeito que estava capinando no campo
e trazem-no para a economia de mercado. A Alemanha possui o mesmo número de trabalhadores nos últimos anos, mas
eles se tornam cada vez mais produtivos graças à tecnologia e
à inovação”, argumenta. A pesada carga tributária brasileira
também recebe críticas dos economistas, embora haja poucas
possibilidades de alteração nesse panorama. “Não há espaço
para a sua redução, principalmente pelo fato de que a Constituição assegurou vários direitos fundamentais à população.
O que é importante é torná-la mais eficiente”, defende Ferrari
Filho. Ele sugere uma reforma que estabeleça maior incidência da tributação sobre a renda e a riqueza, maior progressividade dos impostos e uma redução dos impostos indiretos.
Cecília reforça os apontamentos: o sistema tributário onera o consumo e a produção, e não o valor agregado, prejudicando toda a cadeia. Além disso, gera distorções: quem ganha
Divulgação/Candida Photo Art
Divulgação/Priscila Barreto
Cenários
107
Copa do Mundo
Estimativas da FEE, com base em estudos da FecomércioRS, apontam que os gastos dos turistas nos dias do evento
29
especial
devem acrescentar cerca de R$ 500 milhões ao PIB estadual, gerando 12 mil empregos. Embora nem todos os setores
e economistas nutram grandes expectativas, Cecília Hoff
acredita no potencial do evento, por seu efeito multiplicador. Ela salienta que quem contrapõe os gastos do governo
(R$ 570 milhões) ao ingresso de divisas se esquece de que
os investimentos públicos também impactam o PIB, geram
resultados indiretos e o efeito renda. Com tudo considerado, afirma ela, torna-se difícil concluir que o legado da Copa
seja negativo e não surpreende que haja disputa pela oportunidade de sediá-la.
Indústria descontente
107
Luciano Schewe:
investimentos
em infraestrutura
e revisão do
ICMS são
fundamentais para
competitividade
30
Divulgação/AMICRS
Março 2014
O setor secundário gaúcho, apesar da alta de 2,9% verificada
em 2013, não está muito feliz com o cenário econômico atual.
A produção industrial gaúcha caiu em janeiro pelo terceiro mês
consecutivo, de acordo com a sondagem divulgada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em março.
Segundo o presidente Heitor Müller, a elevação mostra apenas
uma recuperação cíclica, pois a base de comparação é deprimida e foi antecedida por dois anos de desaceleração. O saldo
médio da expansão do setor em três anos não chega a 1%.
Um documento com reivindicações foi entregue à presidente Dilma Rousseff, em fevereiro. A entidade defende que
o BNDES amplie e facilite o acesso das indústrias às suas linhas de financiamento, reduzindo a burocracia no cadastro
de bens financiáveis, principalmente nas linhas da Finame
(crédito para produção e aquisição de máquinas e equipamentos). A Fiergs também quer a atualização das faixas de
enquadramento das empresas, cuja tabela está defasada em
50%, conforme estudos. Outra exigência dos industriais é a
negociação e remoção das barreiras impostas pela Argentina
aos produtos brasileiros. “Essas travas criadas pelo país vizinho contrariam os princípios do Mercosul e provocam déficit
na balança”, acentuou Müller.
Colombo quer crescer 12%
Nas Lojas Colombo, o bom momento da agropecuária é
comemorado. “O campo volta a ter um papel determinante
nos índices, além de fatores benéficos como o pleno emprego e a recuperação da indústria”, sustenta. “Esse cenário
anima o consumo e repercute favoravelmente no varejo.
O ânimo do setor no Estado sofre a influência dos resultados das safras agrícolas e, nas Lojas Colombo, as filiais situadas em cidades com economia baseada no agronegócio
têm apresentado um desempenho acima da média”, revela
Rodrigo Miceli Piazer, diretor-superintendente. O executivo conta que a rede espera crescer 12% em 2014 e que
um total de 20 novas lojas deve ser aberto. “Apostamos
também na revitalização de filiais, com treinamento da
força de vendas, investimentos em logística e outras estratégias que já se mostraram vencedoras. O atendimento
de excelência será o grande diferencial competitivo nos
próximos anos”, relata. Focar especificamente na região
Sul é outro passo importante que consolida o crescimento projetado para o futuro. Piazer confia na manutenção
de performances satisfatórias do consumo, com base em
fatores como o acesso ao crédiário, além da baixa taxa
Cenários
O presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Amicrs), Luciano Schewe, destaca o
desempenho agrícola, em especial a safra da soja, como determinante na economia gaúcha. “O PIB da indústria também foi
surpreendente, se considerarmos alguns fatores que dificultam
nosso crescimento. Investimentos em infraestrutura e revisão
da alíquota de ICMS teriam sido fundamentais para a verificação de números mais positivos, pois aumentariam nossa competitividade.” Quanto ao comércio, ele credita o aquecimento
do mercado ao baixo desemprego. “O poder aquisitivo do brasileiro melhorou. A inserção econômica das classes C e D fez
uma revolução.” Preço não é mais o único fator determinante
na decisão de compra do consumidor, avalia. “Atendimento
e pós-venda têm peso na análise de compra, e as lojas virtuais ganham cada vez mais espaço e disputam atenção com os
estabelecimentos formais”, declara. Conforme o dirigente, é
hora de o empresário gaúcho pensar que seu mercado pode
estar também além das fronteiras do RS.
A luta pelo aumento da competitividade é uma das principais bandeiras da entidade. Existe forte articulação política nacional em defesa das micro e pequenas empresas, cujo
objetivo é sensibilizar segmentos do governo federal para
algumas propostas. As principais dizem respeito ao fim da
substituição tributária para as empresas do Simples, ao enquadramento no Simples exclusivamente determinado pelo
Fernando Ferrari Filho
Professor de
Economia
“
Para sermos mais
competitivos, é necessário
racionalizar os gastos
e promover reformas
estruturais.
”
Março 2014
A voz dos pequenos
Arquivo Pessoal
de desemprego e da expansão da renda. “O principal ativo de nossa companhia sempre foi o cliente. É pensando
na melhor forma de atendê-lo que firmamos parcerias,
desenvolvemos pessoas, projetamos lojas, investimos em
tecnologia, sistemas de gestão, mix de produtos e tantas
outras formas de facilitar sua vida”, conta. Atualmente, a
interface web da Colombo é a maior loja da rede. O canal
de vendas online representa mais de 20% do faturamento
e o crescimento acontece em ritmo acelerado a cada ano.
porte do negócio (não mais em função da atividade exercida
pelo empresário) e à simplificação das exigências legais para
fornecimento de produtos e serviços por intermédio de licitações para entes públicos. “A discussão sobre o fim da substituição tributária é o capítulo mais polêmico, pois interfere na
arrecadação pública. Para o empresário, esta medida representará aporte significativo no capital de giro”, explica.
Ao analisar os entraves para o desenvolvimento do seu
ramo de atuação, Schewe também cita a falta de profissionais qualificados no mercado, as dificuldades de acesso ao
crédito empresarial e o alto envolvimento com rotinas burocráticas. A maioria dos micro e pequenos negócios não
resiste aos primeiros anos de vida, segundo ele, pois o empreendedor tende a mensurar apenas os pontos fortes do
negócio, e deixar em segundo plano o planejamento organizacional. “Muitos têm dificuldades até mesmo em montar
um simples fluxo de caixa”, constata. “Mesmo assim, estamos amadurecendo, e no segmento industrial, por exemplo,
a taxa de sucesso das empresas brasileiras nos dois primeiros anos já é superior à de países como Canadá e Holanda.
A cooperação entre as empresas tem se destacado como um
meio capaz de torná-las mais competitivas.”
107
31
mais
mais & menos
PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro
cresceu 2,3% em 2013. No total, o
país gerou R$
4,84 trilhões em
riquezas no ano passado.
Empreendedoras
As mulheres estão comandando a
abertura de novos negócios no país.
Dados revelados pelo Sebrae a partir da
pesquisa Global Entrepreneurship Monitor
(GEM) mostram que
52% dos novos
empreendimentos são de mulheres.
Oportunidade
A pesquisa GEM aponta, ainda,
que
66% das mulheres iniciam
uma empresa após identificar uma
oportunidade de mercado.
Liderança
A força empreendedora feminina é
maioria em quatro das cinco regiões
brasileiras. Apenas no Nordeste
Tecnologia / Eletrônicos
defasados
Mais da metade dos equipamentos eletrôni-
Jakub Krechowicz/Stock.Xchng
saiba
cos é substituída devido à obsolescência programada, segundo pesquisa realizada pelo
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(Idec) em parceria com a Market Analysis.
O estudo revelou que um em cada três celulares e eletroeletrônicos são substituídos por falta de funcionamento e três
em cada dez eletrodomésticos são substituídos por apresentarem defeitos,
mesmo estando em funcionamento. O celular é o aparelho que tem menor
duração e possui um ciclo de vida de, em média, menos de 3 anos e dificilmente ultrapassa cinco anos. A pesquisa aponta que 81% dos brasileiros TEMPO DE USO DE
trocam de celular sem antes recorrer CADA EQUIPAMENTO
à assistência técnica. As mulheres Menos de 3 anos
tendem a trocar mais os equipamen- Celulares e smartphones 54%
tos por motivo de funcionamento Câmara 32%
(60% versus 53% na população geral),
Impressora 27%
enquanto os homens tendem a trocáComputador 29%
-los com o objetivo de ter um equiMicro-ondas 20%
pamento mais atual (55% versus 47%
na população geral). A população de DVD ou Blu-Ray 30%
classe baixa substitui mais facilmen- Mais de 10 anos
te o equipamento por problemas de
Lavadora de roupa 33%
funcionamento (66% versus 53%),
Fogão 41%
enquanto a população de classe alta o
Geladeira 49%
substitui por questões de atualização
Televisão 34%
tecnológica (59% versus 46%).
elas ainda não ultrapassaram os
aproximadamente
49% de
participação entre os
Março 2014
novos empresários.
107
Copa
Boa parte dos turistas internacionais (31%)
que viajam para acompanhar os jogos
da Copa do Mundo tem renda familiar
acima de
R$ 20 mil, podendo
passar dos R$ 50 mil por mês, revelou
um estudo feito pelo Ministério do Turismo
durante a Copa da África do Sul.
32
Trabalho / Pausa
Fazer uma pausa no decorrer da jornada de trabalho pode até estimu-
lar a produtividade, defendem especialistas, mas os efeitos benéficos se
perdem quando as pausas são excessivas. De acordo com estudo feito
pelo Centro de Pesquisas em Economia e Negócios, do Reino Unido, os
fumantes britânicos fazem, em média, quatro pausas diárias para fumar
durante o dia, cada uma delas com duração
de 10 minutos, podendo gerar um custo de
US$ 14,5 bilhões por ano para as empresas.
O custo por fumante é de US$ 2,5 mil, sem
considerar as despesas com saúde, que podem chegar a US$ 2 mil por ano a mais em
relação a funcionários não fumantes.
Stock.Xchng
homens, mas estão quase lá, com
de Negócios
Gestão / Modelo de Excelência
Um estudo realizado pela Serasa Experian, encomendado pela Fundação Na-
cional da Qualidade (FNQ), comprova que entre as organizações avaliadas, as
que utilizam o Modelo de Excelência da Gestão (MEG) obtiveram alta no faturamento, com aumento do lucro e realização de mais investimentos.
Para elaboração da pesquisa, foram consultados os demonstrativos financeiros
de 245 organizações que utilizam o MEG e comparados com a média dos resultados de empresas dos mesmos setores. O estudo apurou os demonstrativos
entre os anos de 2000 e 2012.
Em relação à evolução no faturamento, as empresas usuárias do Modelo tiveram um avanço de 114,3%, enquanto as outras companhias do mesmo setor
cresceram 96,8%. Os investimentos realizados pelas empresas que adotam o
MEG também são maiores do que o das demais organizações do mesmo segmento. As companhias do ramo de serviços investem 14,1%, contra 11,9% da
média geral, no mesmo setor.
elogios exagerados: os funcionários
desejam mesmo é saber o que
estão fazendo bem e onde podem
ser melhores. Um levantamento
feito pela consultoria americana
Zenger Folkman, com mais de
2,5 mil funcionários de diversos
países, concluiu que a maioria
dos profissionais prefere receber
críticas construtivas de seus chefes.
Acompanhe dados da pesquisa:
57% preferem receber feedback que
apresente sugestões sobre como
melhorar o trabalho ou comentários
sobre processos que poderiam ser
mais eficientes
43% são favoráveis ao feedback
positivo, com elogios e comentários que
reforcem a qualidade do trabalho feito
72% acham que teriam melhor
desempenho se recebessem mais
críticas construtivas dos superiores
Março 2014
rativas cresceram 13,83% em
2013, alcançando a cifra de
R$ 36,79 bilhões, ante os R$
32,31 bilhões de 2012, de
acordo com dados do IEVC
(Indicadores Econômicos das
Viagens Corporativas). Considerando o efeito multiplicador na
economia, o volume de negócios gerados pelo setor de viagens corporativas chega a R$ 69,54 bilhões, levando em
conta as receitas com transporte aéreo, hospedagem, locação de automóveis, alimentação, agenciamento e tecnologia.
Segundo o estudo, o setor de viagens corporativas registrou 351.034
empregos diretos em 2013, um aumento de 5,42% em relação a 2012,
quando o número de empregos diretos no setor foi de 332.987. O IEVC
analisa os gastos com aéreo, hospedagem, locação de automóveis, alimentação, agenciamento e tecnologia.
O setor aéreo lidera o ranking das receitas geradas em 2013, com
46,75% do total, seguido por hospedagem (34,37%), locação de carros (6,09%), alimentação (5,24%), agenciamento (4,98%) e tecnologia
(2,57%). Para 2014, a projeção do estudo é de que as receitas com
viagens corporativas cresçam 12,37%.
Nem críticas infundadas, nem
Stock.Xchng
As receitas com viagens corpo-
Carreira / Crítica construtiva
Stock.Xchng
MERCADO / Turismo
107
33
João Alves/Divulgação Sesc-RS
sesc
Março 2014
Estímulo à
socialização e à
autodeterminação
107
34
P
O Projeto de Habilidades de Estudo do Sistema Fecomércio-RS/Sesc está sendo ampliado. Em 2013, o PHE abrangeu 40 crianças de 6 a
rojeto de Habilidades de
12 anos, na UO Chuí, no turno inverso da escola regular, e
agora foi implantado em Erechim. A proposta promove a
Estudos, implantado no Chuí
participação dos pequenos em atividades lúdicas e criativas,
em 2013, será expandido para
desenvolvendo a capacidade de refletir sobre o mundo por
meio de leituras, pesquisas e visitas a museus, universidades
Erechim. Iniciativa desenvolve
e espaços culturais. Além disso, incentivam-se a pesquisa e a
prática de esportes, com valorização das diferenças.
atividades lúdicas e criativas
“É um projeto que pudemos perceber, desde o início do
de incentivo à pesquisa e à
trabalho com as crianças, muito enriquecedor, pois permite
que elas construam novos conhecimentos, não só complereflexão crítica
mentando os já adquiridos na escola, mas também amplian-do seus repertórios de vida. O projeto possui uma grande
Exposição de Carlos Vergara A partir de 24 de
março, os conterrâneos do artista santa-mariense Carlos
contribuição social”, comenta a supervisora pedagógica da
UO Chuí, Cinthia Fernandes. O Sesc procura, assim, criar
condições para que a criança desenvolva sua cidadania e te-nha a capacidade de interpretar os fatos de maneira crítica.
Há muita interação entre os envolvidos.
Vergara poderão conferir gratuitamente um de seus
reconhecidos trabalhos. A exposição “Experiências de
São Miguel das Missões”, que vem de recente circulação
nacional, tem o objetivo de estabelecer um diálogo entre
a arte contemporânea de Vergara e as ruínas jesuítas de
São Miguel das Missões. O público de Santa Maria poderá
Atuação de vanguarda
conferir as peças no Museu de Arte de Santa Maria –
MASM (Av. Presidente Vargas, 1400) até 20 de abril, das 8h
As 17 Escolas de Educação Infantil do Sesc-RS utilizam
proposta pedagógica diferenciada das escolas tradicionais.
Elas atendem as crianças em tempo integral, oportunizando espaços e ações de qualidade, atrelados ao trabalho de
abrangência também complementar. O objetivo do projeto
de habilidades é oportunizar um crescimento saudável das
gerações futuras. A nova forma de encarar a educação na
infância já serviu como referência no Fórum Internacional
de Educação, no ano passado. Neste ano, cerca de 1,5 mil
crianças de 2,6 a 5 anos e 11 meses serão atendidas.
Em 2014, uma das novidades do sistema será a implantação da Escola de Educação Infantil Sesc Camaquã, que atenderá
cerca de 80 crianças. Outra boa notícia é a implantação das diretrizes curriculares para operacionalização do ensino de música na Educação Básica, no Brasil. A obrigatoriedade já existia,
desde 2008, mas agora haverá um alinhamento curricular, similar ao implantado de modo pioneiro no Sesc, em 2012.
Segundo Andrea de Souza, da Gerência de Educação e
Ação Social (GEA), a atuação diferenciada dos profissionais
da área educacional do Sesc-RS deve-se, em grande parte,
à capacitação que recebem: “A continuidade dos Encontros
Técnicos tem sido muito importante para aprimorar o trabalho dos profissionais da área no Estado”, diz. Todos os
projetos pedagógicos do Sesc-RS estão dentro do Programa
de Comprometimento com a Gratuidade (PCG).
às 18h, de segunda a sexta-feira, e aos sábados, das 14h
às 18h, com entrada gratuita. Em circulação pelo País, no
RS a mostra já esteve presente em Lajeado.
Encontro Estadual do Sorrindo para o Futuro
O Encontro Estadual do Programa Sesc Sorrindo para
o Futuro reuniu, no dia 18 de março, em Porto Alegre,
centenas de profissionais da saúde e professores de
escolas públicas de todo o RS. O momento foi de troca
de experiências sobre as ações nas diferentes cidades
e apresentação das diretrizes a serem seguidas este
ano. Na oportunidade, ainda foram apresentados
dados sobre a saúde das crianças participantes do
programa. Xangri-Lá, Três Palmeiras, Rio Pardo e Viamão
foram as cidades que receberam o Prêmio Destaque
em Melhoria na Saúde Bucal.
agenda de eventos
23/Mar
Sesc Mulher
A programação cultural do Arte Sesc, ao longo do
mês de março, conta com uma série de atrações
dedicadas ao Dia Internacional da Mulher. Um
dos destaques é o evento do dia 23 de março, no
Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre, com
Marietti Fialho e Monica Tomasi.
intelecto em turno inverso ao da escola regular
Carlos Zardo
25/Mar
Abril Cultural
Março 2014
as apresentações musicais de Andréa Cavalheiro,
Atividades lúdicas e criativas desenvolvem
107
Entre os dias 1º e 27, a cidade será palco de uma série
de atrações como espetáculos teatrais, musicais, além
de ações de literatura, sessões de cinema e oficinas.
A segunda edição do “Abril Cultural Sesc” está
confirmada e será lançada no dia 25 de março.
35
Lúcia Simon
Economia
Março 2014
Quem tem medo da
inadimplência?
107
36
P
O bate-boca protagonizado por Luiza Trajano e Diogo Mainardi no programa Manhattan Connection, da emissora de televisão Globo News, em
janeiro deste ano, colocou a inadimplência em evidência.
or mais que esteja em queda,
Afinal de contas, o cenário é otimista, como defendeu a
a inadimplência é sempre
superintendente do grupo Magazine Luiza, ou pessimista,
como apregoou o comentarista do programa?
uma preocupação do varejo,
Para além das percepções pessoais, economistas e dados
mas, segundo especialistas,
apontam que, de fato, há uma tendência de queda na inadimplência, mas não se pode fechar os olhos para o risco que ela
não reserva muitas surpresas
representa, mesmo quando o índice está em regressão.
para este ano
Os números relativos ao ano de 2013 exemplificam bem os
contornos amplos do endividamento, que é sempre uma dor
de cabeça para o comércio. A redução da inadimplência mostrou que o último ano foi um período em que consumidores
priorizaram ajustar as contas. A quitação das dívidas veio na
rabeira da geração de empregos e do aumento na renda dos
brasileiros. A opção por sanar débitos revelou, ainda, que os
Xô, pessimismo!
Um dos fatores que contiveram a inadimplência foi o
controle das instituições financeiras, e essa mesma rigorosidade deve pautar o ano de 2014, especialmente pela perspectiva de alta da taxa de juros. “Eu não vejo indícios de
que vá aumentar a inadimplência”, afirma o economista da
FEE-RS, Jefferson Colombo. Ainda assim, Colombo não espera uma queda tão significativa da inadimplência, que deve
se estabilizar a partir deste ano, com oscilações menos expressivas. “No cenário atual, as pessoas estão empregadas,
as taxas de inadimplência estão em um nível baixo. Se essa
conjuntura se mantiver, não vejo razão para preocupação.”
E não são apenas os especialistas que estão otimistas com
os resultados, as famílias com dívidas em atraso também estão com melhores perspectivas para quitação dos débitos,
ressalta a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Marianne Hanson.
O percentual de inadimplentes que afirmaram não ter
previsão de pagar os débitos está no menor índice registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). “As famílias estão conseguindo pagar suas
contas e as que não estão têm perspectivas de quitar seus
débitos em pouco tempo”, destaca Marianne.
Garantia financeira
De acordo com a Serasa Experian, em 2013, a inadimplência atingiu 23,5 milhões de pessoas. Mas, em geral, o comprometimento dessa parcela da população é com bancos e
instituições financeiras, que, segundo Luiz Rabi, economista
da entidade, são uma garantia para o varejista. “Ao se asso-
ciar a um banco, o comerciante deixa o risco por conta da
instituição bancária. A preocupação do varejo é atender.”
Ao analisar os dados mais recentes da Peic, é fácil observar
que o principal comprometimento dos consumidores é com os
bancos. Na comparação entre fevereiro do ano passado e fevereiro de 2014, há elevação nas dívidas com cartão de crédito,
cheque especial, crédito consignado e financiamentos. Já as dívidas em carnês, no mesmo período, registram queda.
O economista da Serasa Experian prevê aumento da
inadimplência para o segundo semestre deste ano e restrições à concessão de crédito, por conta da alta da taxa de
juros. Mas o aumento da inadimplência será modesto e está
longe de repetir altas expressivas como as que ocorreram
em 2011 e 2012, anos em que a Serasa apurou aumentos de
21,5% e 15%, respectivamente. Já 2013 foi considerado positivo, com queda de 2% no número de inadimplentes.
Comércio otimista com 2014
Para o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Ronaldo Sielichow, a gestão das empresas do varejo está mais eficiente na
liberação do crédito e as condições de emprego e renda do país
favorecem a queda da inadimplência. “O consumidor torna-se
inadimplente não porque quer, mas por situações específicas.
Com a empregabilidade, as pessoas procuram pagar dívidas.”
Esse cenário positivo dificilmente sofrerá alteração, projeta.
O dirigente destaca que o consumidor está criterioso com
as finanças, mas que o varejo está otimista com 2014. “Estamos ansiosos com a Copa do Mundo, que vai trazer muita gente
para cá, o clima é favorável para o comércio e os serviços.”
PRINCIPAIS TIPOS DE DÍVIDAS
Dívida
FEV 2013
FEV 2014
Cartão de crédito
75,1%
75,5%
Carnês
21,5%
17,2%
Crédito pessoal
11,3%
9,0%
Cheque especial
5,3%
5,5%
Cheque pré-datado
2,5%
1,6%
Crédito consignado
4,3%
5,1%
Financiamento/Carro
10,7%
13,6%
Financiamento/Casa
4,4%
8,1%
Outras dívidas
2,4%
2,5%
Não sabe
0,2%
0,1%
Não respondeu
0,4%
0,3%
Março 2014
consumidores passam por um processo de amadurecimento,
buscando honrar dívidas em primeiro lugar e fazer escolhas
melhores, sem comprometer tanto a renda.
Mas o que tudo isso representa para o varejo? Não se pode
falar em perdas, mas os resultados nas vendas em períodos
consagrados como os mais promissores, como o fim de ano, ficaram abaixo do esperado. Essa reflexão culmina com a certeza
de que o cenário não é nem otimista e nem pessimista. O controle dos gastos e, consequentemente, da inadimplência pode
representar resultados modestos no varejo por um tempo, mas
indica que o crescimento futuro tem tudo para ser estável.
107
Fonte: CNC
37
senac
Qualificação
além das
fronteiras
P
arcerias internacionais
proporcionam
capacitação para profissionais
de outros países. Conheça mais
sobre esses projetos
Março 2014
Divulgação/Senac-RS
107
Educar para o trabalho em atividades do comércio de bens, serviços e turismo
é a missão do Senac. A entidade é reconhecida por seus cursos de capacitação nos mais diversos segmentos e, a cada
ano, milhares de alunos se formam preparados para atuar
no mercado. Essa preocupação não fica restrita ao território nacional: ela ultrapassa fronteiras.
O Senac atua há vários
anos como parceiro da Agência Brasileira de Cooperação,
um braço do Ministério das
Relações Exteriores responsável por projetos internacionais de cooperação técnica. Nos acordos firmados
entre o Brasil e organismos
Profissionais
da Libéria
participaram de
capacitação no
Senac Centro
Histórico
38
Parceria com o Senai-RS oferece curso na área
Missões pelo mundo
Recentemente, o Senac trabalhou em missões envolvendo Guiana, Moçambique, México e Haiti. Outro caso foi o de
três profissionais liberianas que estiveram em Porto Alegre,
no mês passado, para uma capacitação na área de beleza.
As aulas ocorreram entre os dias 3 e 14, no Senac Centro
Histórico. O segmento de beleza, segundo Aline, é bastante
promissor na Libéria e uma importante via para empreendedores individuais.
A assessora do Senac garante que as diferenças culturais
não são uma barreira. Pelo contrário: são um motivador
para os envolvidos. “Alguns docentes disseram que a missão
mudou suas vidas. Eles passaram a entender a importância
da educação profissional e da figura do docente na vida desse tipo de aluno de uma nova forma”, comenta.
Uma nova missão Brasil-Haiti com realização do Senac
deve acontecer ainda este ano. Para o futuro, a meta é continuar esta parceria com o Itamaraty, levando capacitação
profissional a quem precisa, seja onde for.
de refrigeração O Senac-RS, em parceria com
Senai-RS e a agência alemã GIZ, oferece capacitação de boas práticas em Refrigeração Comercial
e Refrigeração Doméstica. Os cursos são gratuitos e
voltados a técnicos, mecânicos e demais profissionais
da área. As aulas começam em abril e serão ministradas três vezes por semana, nas escolas do Senai-RS
em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Lajeado, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Rosa e Pelotas.
Curso de sommelier na Faculdade Senac Porto
Alegre O sommelier é o profissional que sugere
bebidas de acordo com o cardápio e o perfil do
cliente. Nessa capacitação de 160 horas, serão ensinadas normas de etiqueta, técnicas de atendimento
e noções de vitivinicultura e enologia. As aulas se iniciam em junho. As inscrições estão abertas e podem
ser realizadas na Faculdade Senac Porto Alegre (rua
Coronel Genuíno, 130). Mais informações pelo telefone (51) 3022-1044 ou pelo site www.senacrs.com.br/
faculdadesenacpoa.
agenda de eventos
22/Mar
Workshop Senac Comércio Exterior 2014
O Senac Rio Grande promove uma manhã de
palestras sobre a profissão e sobre as atividades
portuárias da cidade. O evento começa às 8h30, no
auditório da unidade (rua República do Líbano, 88,
Centro). Informações: (53) 3231-2355.
24/Mar
Alegrete: inauguração da nova sede
O Senac Alegrete realiza cerimônia de inauguração
da nova sede a partir das 19h. Endereço: rua General
Vitorino, 399, no Centro.
25/Mar
Março 2014
estrangeiros, são definidos programas com o objetivo
de solucionar demandas e suprir carências específicas
de cada nação.
Funciona assim: os governos, especialmente de países
em desenvolvimento, apresentam suas necessidades e solicitam apoio. O Itamaraty entra em contato com os parceiros
e, após definida a entidade que efetuará o projeto, partese para a elaboração e execução das atividades. “Quando se
apresenta uma necessidade na área de educação profissional, o Senac vai até o país para entender a realidade local.
Depois, o projeto é executado, seja naquele país ou no Brasil”, explica Aline Tolosa, assessora técnica em Relações Internacionais do Senac Nacional.
Aline explica que são ouvidos representantes de diferentes setores. Se for um projeto na área de turismo, por exemplo, é importante considerar não só as demandas políticas,
mas também a opinião de comerciantes, de empresários do
setor hoteleiro e do trade local. A partir daí, é possível determinar a área de atuação e traçar o perfil dos participantes.
As atividades são desenvolvidas especificamente para cada
situação. Não se trata de capacitações regulares, mas sim de
cursos especiais.
107
Senac Uruguaiana inaugura novas instalações
Às 10h, serão inauguradas as novas instalações do
Senac Uruguaiana (Travessa César Cunha, s/n). A
unidade ganhou mais espaço e passou por reforma
em todos os ambientes. Informações: (55) 3412-3838.
39
nicho
Aluguel
Uma festa de casamento ou baile de debutante podem ser planejados durante
meses. O grande dia, porém, dura apenas algumas horas. Aslocação é uma alternativa
sim, alguns convidados preferem não investir tanto numa
roupa social, já que são poucas as oportunidades de usá-la.
prática e barata à compra de
O aluguel de trajes costuma ser a saída. Na Renov a Rigor,
produtos. Geralmente associado
estabelecimento pelotense com mais de 20 anos no ramo, a
locação de um terno sai por uma média de R$ 70. Até o maior
a vestimentas, o aluguel é comum
xodó das noivas, o vestido, pode ser alugado. Nesse caso, os
nos mais diversos segmentos
valores chegam até à casa dos milhares – ainda assim, bem
mais módicos que a confecção de uma vestimenta exclusiva.
Uma costura sem corte aqui, um amarrado nas costas ali
e, com alguns truques, a mesma roupa veste corpos de
diferentes medidas.
Março 2014
Robert Linder/Stock.Xchng
A
Por tempo
limitado
107
40
Divulgação/Fantasy World
Lúcia afirma que um dia na Fantasy nunca é igual ao
outro. Os pedidos de quem chega ao lugar são os mais variados, mas sempre com algo em comum: a diversão. O
segredo é entrar na brincadeira. “Dez entre dez clientes
vêm aqui procurando uma fantasia, só falta direcionar.
Tentamos entender o que a pessoa quer”, garante.
Para os tradicionalistas
A proprietária da loja, Ana Cláudia Veiga, conta que as
épocas de formaturas costumam ser as mais movimentadas. No entanto, a procura não acontece apenas para ocasiões de gala e festas tradicionais. Isso é o mais comum, mas
já houve episódios de clientes querendo utilizar alguns
itens em peças de teatro e festas a fantasia – ainda que,
para situações como essa, haja lugares especializados.
Mundo de fantasias
A Fantasy World, de Esteio, aluga fantasias para todos
os gostos. Tem desde as figuras tradicionais aos personagens de videogames. Branca de Neve, Mulher Maravilha
e o pirata Jack Sparrow são os mais procurados, segundo
Lúcia Gerber, a proprietária.
A melhor época é o segundo semestre, que abrange Dia
das Crianças e Halloween. Fora isso, recorrem à casa grupos teatrais, escolas e até empresas que realizam ações de
divulgação com colaboradores fantasiados. O locação de
uma peça custa cerca de R$ 60. É o preço da praticidade,
já que a clientela não precisa se preocupar com lavagem
ou ajustes nas roupas. Os tecidos são maleáveis e se adequam ao corpo.
Março 2014
para pessoas de todas as idades
Tiago da Rosa/Divulgação Glinpet
Fantasy World, de Esteio, oferece fantasias
Ainda na área das vestimentas, a especialidade do
Canto do Guasca é a indumentária gaudéria. O empreendimento de Gravataí começou há 25 anos, com o aluguel
de pilchas durante feiras pelo interior do Estado.
Os trajes tradicionais do gaúcho são volumosos, difíceis de se armazenar em casa. É por isso que se opta pelo
aluguel. A proprietária, Odete Carvalho, também cita
outras vantagens. A primeira é o custo mais baixo: um
vestido de prenda, que pode chegar a R$ 500 para venda,
sai por R$ 70 na locação. A segunda é a possibilidade de
variar o guarda-roupa – desta forma, gaúchos e suas damas podem sempre vestir uma novidade nos fandangos e
rodeios Rio Grande afora.
Três anos atrás, o Canto do Guasca abriu uma filial em
Porto Alegre. Foi uma oportunidade de continuar atendendo à demanda de maneira mais sossegada. Odete e o
marido, Aldemar, que também toca os negócios, decidiram parar de montar estandes em feiras e concentrar os
negócios. O objetivo, porém, continua sendo oferecer o
melhor a prendas e peões.
107
Higienização das toalhas da Glinpet é feita com
produtos especialmente desenvolvidos
41
Aluguel de toalhas
Mas o aluguel vai muito além das roupas. A empresária Regina de Souza Marcelino, por exemplo,
notou carência num setor bem específico: toalhas
higienizadoras para pet shops. Ela percebeu que
as clínicas de São Leopoldo, onde vive, tinham de
deslocar funcionários do banho e tosa para realizarem a lavagem das toalhas, o que era contraproducente. Decidiu ela mesma oferecer o serviço.
Com dois anos e meio de mercado, a Glinpet
atende clientes em toda a Região Metropolitana e Vale do
Sinos. Uma ou duas vezes na semana, a empresa vai até a
pet para entregar toalhas limpas e recolher as já usadas.
A higienização é feita com água quente e produtos especialmente desenvolvidos. A locação de cada peça custa R$ 1.
O que começou com a compra de 100 toalhas é, hoje,
uma companhia que emprega seis colaboradores – a maioria, mulheres de meia idade que nunca haviam trabalhado com carteira assinada. Regina se diz feliz pelas oportunidades que a Glinpet gera, embora triste por ainda não
conseguir contratar mais gente. “A responsabilidade vai
aumentando, mas não se pode ter medo de crescer. O risco tem que ser visto como oportunidade”, reflete.
Bengalas, andadores e afins
Um segmento inusitado é o de aluguel de objetos hospitalares. Itens do gênero são disponibilizados na Benga-
Divulgação/Protecães
nicho
Aluguel
Protecães loca equipamentos de
segurança para uso em eventos
las Canadense, loja situada no tradicional bairro do Bom
Fim, em Porto Alegre. É possível encontrar não só bengalas, mas também andadores, suportes para soro, cadeiras
de rodas e camas especiais.
Os objetos geralmente atendem a acidentados, idosos
ou pessoas que passaram por procedimentos cirúrgicos.
Como a mobilidade reduzida costuma ser por um período
limitado, na maior parte desses casos, faz mais sentido
locar os equipamentos que comprá-los.
Assim como com os trajes de festa, às vezes os objetos servem para fins menos óbvios. A proprietária, Marlete Centofante, lembra que equipes de cinema já procuraram a Bengalas Canadense à procura de materiais para suas gravações.
Soluções em segurança
Março 2014
O aluguel funciona, ainda, quando se quer terceirizar um serviço e deixá-lo a cargo de especialistas. É o que acontece com
107
sistemas de segurança. A gaúcha Protecães começou as atividades há 22 anos. O fundador, Flávio Faccini Porto, já atuava
com a locação de cães adestrados – a empresa se responsabilizava tanto pela saúde dos animais quanto pela higiene dos
ambientes, isentando os clientes de qualquer tarefa. Quando partiu para o próprio empreendimento, Porto associou esse
expertise à oferta de equipamentos de segurança, hoje o carro-chefe da companhia. O público-alvo são grandes corporações.
“Elas demandam soluções completas e buscam cada vez mais por tecnologia de segurança não letal”, explica o consultor
comercial Ronnie Perez. A Protecães também monitora eventos temporários, como feiras e shows, além de sítios de construções
e zonas agrícolas de área extensa. O valor varia conforme o serviço. Com um ambicioso plano de expansão iniciado em 2005,
hoje é possível encontrar a Protecães em todas as regiões do Brasil. “Estamos atentos às constantes evoluções tecnológicas e
desenvolvemos constantemente novos produtos para oferecer aos clientes e prospects”, frisa Perez.
42
Lúcia Simon
visão Tributária
Março 2014
107
Mais Renato
Russo
Ninguém respeita a Constituição, mas
todos acreditam no futuro da nação. Que
país é este? A letra de Renato Russo antevia
uma perplexidade crescente da sociedade,
que eclodiu nas recentes manifestações,
em todo o país. Nossa Constituição é um
texto bíblico: descreve um estado ideal de
condutas que pressupõe a própria violação.
O problema não é de hoje. A consciência
crescente da sociedade a respeito da surrada
afirmação de Lenin, “O Estado somos
nós”, é a grande novidade. Optou-se pelo
protagonismo, em vez da espera, e a panela
de pressão foi ao fogo.
Não dá mais para empurrar com a barriga
a correção das diversas inconsistências
presentes em nosso sistema. Como tenho
apenas 2.200 caracteres neste espaço, vou
abordar apenas uma: a tributação da saúde.
Além da alta carga tributária a que
estão sujeitos os planos de saúde, os
medicamentos “não oferecidos” à população
são vendidos em farmácias e duplamente
tributados. Sim, duplamente. A primeira
oneração diz respeito aos tributos incidentes
sobre o consumo; a segunda, ao Imposto
sobre a Renda. O raciocínio é simples: os
Rafael Pandolfo
Consultor tributário da Fecomércio-RS
43
medicamentos não são dedutíveis do IRPF,
logo o imposto incide sobre as despesas
que se têm com eles. Ou seja, os gastos
com medicamentos podem significar um
custo econômico até 27,5% maior que o
valor pago na nota fiscal. Incrível é que o
custo dos medicamentos, quando utilizados
nos tratamentos realizados por hospitais,
integra o relatório encaminhado aos
pacientes e é dedutível, pois, nesse caso,
o contribuinte está suportando “despesas
hospitalares”. A Constituição tem como
fundamental o direito à saúde, indissociável
ao direito à vida. A “incidência” do IRPF
sobre essas despesas com medicamentos
(consequência da sua indedutibilidade)
afronta aquela determinação e despreza o
comando constitucional.
Mas há esperança, recentemente o TRF da
3ª Região reconheceu a nconstitucionalidade
da limitação da dedutibilidade relativa às
despesas de educação. O entendimento deve
ser estendido à equivocada indedutibilidade
das despesas com medicamentos (desde
que regularmente prescritos, claro), que
não resiste a uma interpretação conforme
à Constituição. Enfim, mais Renato Russo e
menos retórica.
Lúcia Simon
consumo
Poderosas
consumidoras
Se o seu produto é feito para crianças, você tem que pensar nas mulheres. Se o seu negócio tem a ver
com pets, também. Mesmo quando a venda dos seus produtos
e serviços é feita para homens, você ainda precisa considerar
ersáteis, exigentes e assumindo
o universo feminino. E se o foco do seu empreendimento são
liderança cada vez maior no
elas, de fato, nem se fala.
É inquestionável a influência das mulheres sobre a decimundo dos negócios, as mulheres
são de compras, sejam suas próprias compras ou as de enestão sempre no foco das
tes da família. Ou seja, inevitavelmente, você trabalha para
empresas, mas nunca deixam de ser atendê-las. Conhecer esse universo é mais do que necessário.
É um diferencial competitivo importante para melhorar reuma incógnita para o mercado.
sultados. Até porque, muitas vezes, na decisão de compra, a
última palavra é delas.
Afinal, como agradar a elas?
Para compreender a importância que as mulheres ganharam na economia, como um todo, é fundamental observar o percurso que elas fizeram para alcançar visibilidade
social. “A participação da mulher no mercado de trabalho e
o acesso à educação contribuíram para mudanças nos seus
hábitos de consumo. Hoje, sabe-se que a parcela da popula-
Março 2014
V
107
44
Onde eles estão errando?
Do que as mulheres gostam?
As cenas protagonizadas por Mel Gibson no filme Do que
as mulheres gostam, onde o ator interpreta um publicitário
A pesquisa global realizada pelo The Boston Consulting Group identificou os seguintes equívocos dos executivos do sexo masculino no atendimento e desenvolvimento de produtos e serviços para as mulheres:
Eles não fazem bastante pesquisa com sua base de
consumidores do sexo feminino e, portanto, não sabem
como as mulheres tomam conhecimento sobre novos
produtos, fato que culmina com a análise, compra, uso,
recomendação ou rejeição desse bem.
Os homens não têm experiência pessoal das pressões
de tempo que as mulheres sofrem, sobretudo, mães que
trabalham e que têm um emprego em tempo integral e
um trabalho em tempo integral em casa.
Executivos do sexo masculino geralmente consultam outros
homens, e não mulheres, para desenvolver e projetar novos
produtos, determinar preços e criar programas de marketing.
Executivos de serviços financeiros, em particular, muitas vezes
dão mais de sua atenção ao cônjuge do sexo masculino,
mesmo que a parceira tenha uma renda superior ou mais
poder financeiro.
Executivos de cuidados de saúde não sabem como é
frustrante para as mulheres tirar uma folga no trabalho para
levar o filho ao médico e, em seguida, ser forçada a esperar.
Líderes de empresas de bens de consumo duráveis não
percebem que seus produtos nem sempre funcionam
como prometido.
que consegue decifrar o universo feminino, satirizam uma
situação que é recorrente no mercado que tenta atender às
exigências e aos anseios das mulheres. Por trás da ficção,
há certa veracidade: nem sempre empresas e estratégias
de marketing acertam, mas basta conseguir saber o que elas
pensam para obter sucesso. Como para além das telonas não
é possível ler pensamentos, a saída, então, é pensar como
elas. Essa é a principal conclusão a que chegou uma pesquisa
do The Boston Consulting Group, que ouviu cerca de 15 mil
mulheres e 5 mil homens em 22 países.
O estudo explica as razões de os hábitos de compras das
mulheres serem diferentes dos identificados nos homens.
Elas são compradoras mais experientes, que buscam experiência apaixonante sobre o que compram e são responsáveis
na hora de fazer compras domésticas. Para os pesquisadores,
as mulheres configuram um grupo promissor, responsável
Março 2014
ção feminina brasileira adulta com diploma universitário é
de 12%, ante 10% da masculina, de acordo com pesquisa da
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, ressalta a doutora em Comunicação Social e
coordenadora de Mestrado da ESPM-Sul, Iara Silva da Silva.
Esse cenário contribuiu para o crescimento da participação feminina no consumo de diversos bens, alguns até
pouco tempo considerados tipicamente masculinos, como é
o caso dos automóveis, detalha Iara. A conquista da renda
própria – que tem feito com que muitas vezes as mulheres
tenham rendimento superior ao de seus cônjuges, embora
na média geral ainda seja inferior à dos homens – garantiu
a elas o poder de tomar decisões que no passado dependiam
da autorização do marido.
Agora, engana-se quem vê as mulheres como meras consumidoras, que compram por impulso. Elas são, e estão cada
vez mais exigentes. Uma das razões para isso é decorrente da
ascensão social e ampliação do nível educacional, que leva a
consumidora a se tornar mais crítica. E a tendência é a de que,
com o passar do tempo, tornem-se cada vez mais exigentes.
“Quanto mais acesso um indivíduo tem a determinados bens
e serviços, mais exigente se torna, à medida que aumentam
as suas expectativas. A experiência com determinado produto ou serviço e a comunicação (das marcas, das amigas,
nas redes sociais) contribuem para a mulher contemporânea
formar uma opinião acerca de um produto. No caso dos serviços, como cada experiência é única, quanto mais contato
tem com um determinado tipo de serviço, mais seletiva se
torna a consumidora, até porque ela sabe que aquela oferta
pode ser melhor”, justifica Iara.
Parte do mercado já identificou essa característica. “A
mulher da classe C, contemporânea, tem um discurso muito
similar ao das demais classes no que tange à moda – aprecia
qualidade, bom atendimento, julga que um acessório pode
transformar uma roupa, na medida em que permite usar a
mesma peça em diversas ocasiões”, exemplifica Iara, lembrando das redes de fast-fashion, que investem em estratégias
que vão ao encontro dessas demandas, apostando em minicoleções e seguindo as tendências internacionais.
107
45
consumo
por mais de 70% das compras de bens de consumo de luxo
a cada ano e que responde por um crescimento do mercado
global maior e mais rápido do que o crescimento das economias chinesa e indiana juntas. Mas, apesar da relevância,
elas estão insatisfeitas com produtos e serviços de diversas
categorias, sobretudo na aquisição de bens duráveis e de
serviços de saúde e financeiros. Uma das razões para a insatisfação está no fato de a maior parte das empresas serem
geridas por homens, grupo que, em sua maioria, não entende as clientes do sexo feminino e que não percebeu, ainda, o
papel fundamental que elas desempenham na economia.
Aposta que deu certo
Há 28 anos no mercado, a rede Rabusch, no seu primeiro
ano de atuação, em 1986, vendia roupas para homens. Mas,
hoje, quem passa pela vitrine de uma das lojas nem faz ideia de
que um dia a rede foi voltada para eles e não para elas, tamanha é a afinidade da empresa com suas clientes.
A guinada nos negócios foi impulsionada pela identificação de que os produtos para as mulheres giravam a velocidade superior. Veio a mudança e ela foi assertiva, mas ainda
carrega seus desafios. “As mulheres de hoje são muito conectadas, então, é preciso estar à frente do tempo delas para que
no dia certo e no local certo você possa ofertar o produto de
que elas irão precisar, na qualidade e preço que elas consideram justos”, detalha o fundador da rede, Alcides Debus.
O sucesso da marca é decorrente da análise do públicoalvo e da fabricação de um produto diferenciado, onde o
cuidado é tido em cada detalhe. E o segredo para acertar
é simples: entender o que público feminino deseja quando
entra na loja. “A roupa precisa deixar a mulher jovem, elegante e feminina”, revela Debus, que não se acomoda com os
resultados e pretende melhorar o atendimento prestado às
consumidoras. “Em breve todas as lojas receberão uma nova
decoração desenvolvida pela gerência de marketing com o
intuito de transformá-las em ambientes bem mais agradáveis para as clientes.”
Marketing certeiro
A doutora em Comunicação Social e coordenadora de Mestrado da ESPM-Sul, Iara Silva da Silva, especialista em
gestão de Marketing e Comunicação, destaca que é preciso consolidar uma estratégia de divulgação para mulheres
que considere o universo feminino sobre vários aspectos. Com exclusividade, ela organizou um roteiro que pode
facilitar o marketing de empresas que têm as mulheres como foco.
Conhecimento – Em primeiro lugar, é necessário conhecer as mulheres, porque há várias tribos/grupos que compõem o universo
feminino. É preciso, então, investigar seus valores e crenças, além de conhecer o estilo de vida para adequar a oferta da organização
a esses interesses (nem sempre explícitos).
Aprofundamento – É importante aprender não ‘sobre’ as mulheres, mas ‘com’ as mulheres. Ou seja, mergulhar no seu mundo. “Essa
ideia me traz à mente uma frase atribuída à estilista Chanel, ao afirmar que, ‘ela conseguia produzir moda feminina que fornecia
liberdade à mulher moderna, porque era uma mulher do seu tempo’. Ao se pensar nas grandes inovações do mundo contemporâneo
Março 2014
chega-se à conclusão de que foi alguém que concebeu algo a partir das suas dificuldades ou de pessoas das suas relações.”
107
Planejamento – É preciso planejar – pensar, refletir sobre essas descobertas e definir estratégias (caminhos) para tocar
essa consumidora.
Direcionamento – Dentro do universo feminino, é preciso definir o público que a marca deseja e está apta a atender.
Mensagem – O tipo de mensagem usada precisa estar adequado à cultura e ao estilo das consumidoras avaliadas. “Não há como
esquecer que a lógica das marcas é sempre identificação ou projeção, talvez muito mais identificação (eu sou assim, estão falando
comigo). É isso que a consumidora espera da mensagem publicitária.”
Posicionamento – Por fim, essa reflexão tem que fazer parte da organização e ser transmitida. “Afinal, a mensagem publicitária
precisa traduzir o pacote de benefícios da marca dirigido a um determinado público, em outras palavras, o seu posicionamento.”
46
monitor de juros mensal
/ fevereiro 2014
O Monitor de Juros Mensal é uma publicação que objetiva auxiliar as empresas no processo de tomada de
crédito, disseminando informações coletadas pelo Banco Central junto às instituições financeiras.
O Monitor compila as taxas de juros médias (prefixadas e ponderadas pelos volumes de concessões na primeira
semana do mês) praticadas pelos bancos com maior abrangência territorial no Rio Grande do Sul, para seis
modalidades de crédito à pessoa jurídica.
Capital de Giro com prazo até 365 dias
(% a.m.)
Apesar de figurar como a menor taxa de
juros média na modalidade na data de
JAN
FEV
HSBC
1,21
1,20
Caixa
1,67
1,54
Citibank
1,44
1,59
tar um pico ainda no início de janeiro.
Banco do Brasil
1,54
1,77
Movimento semelhante foi apresentado
Banco Safra
1,72
1,78
Banrisul
1,59
1,89
pelo Citibank, que ficou em terceiro lugar
Santander
1,77
2,00
Itaú
2,22
2,05
modalidade. As demais séries apresenta-
Bradesco
2,12
2,18
ram certa estabilidade no período.
referência, o HSBC foi o que apresentou
a maior variação no período ao apresen-
como menor taxa de juros média da
Taxa de juros
Instituição
(% a.m.)
Taxa de juros
(% a.m.)
FEV
1,19
1,29
-
1,45
HSBC
1,33
1,48
em 2º lugar na semana de referência.
Banco Safra
1,67
1,51
O Itaú que passou o mês com a taxa
Banrisul
1,74
1,67
Santander
1,71
1,91
média de juros mais alta foi ultrapassado
Itaú
2,14
2,08
Banco do Brasil
1,87
2,12
do Brasil. O Banco Safra apresentou a
Bradesco
2,03
2,19
maior volatilidade no período.
Caixa
Citibank
JAN
FEV
Banrisul
3,98
3,67
Caixa
5,27
5,59
Bradesco
6,60
7,12
ocupadas pelos bancos no período
Banco Safra
8,24
7,67
analisado. O Banrisul continua
Itaú
8,27
8,40
com as taxas de juros médias mais
Banco do Brasil
9,05
9,06
HSBC
10,08
10,11
Santander
10,50
10,52
Taxa de juros
Instituição
competitivas, enquanto o Santander
apresenta as mais caras.
(% a.m.)
Taxa de juros
(% a.m.)
JAN
FEV
Banco Safra
1,02
1,02
Santander
2,12
2,24
Banco do Brasil
2,17
2,26
mento das instituições em fevereiro,
HSBC
2,66
2,57
Bradesco
2,65
Itaú
3,14
fevereiro, o Banrisul ultrapassou
2,01
1,89
Banco do Brasil
1,93
2,01
Santander
2,09
2,18
longo do mês esses dois bancos
HSBC
2,26
2,27
se alternaram nessa posição na
Itaú
2,90
2,62
modalidade. O Banco Safra ainda
Citibank
3,81
3,66
Bradesco
3,96
3,97
Banco Safra
6,20
5,78
o Banco do Brasil com a taxa de
juros média mais competitiva. Ao
permanece com a taxa de juros
média mais alta.
Desconto de Cheques
Taxa de juros
Instituição
(% a.m.)
Na modalidade de desconto
de cheques, observou-se a
JAN
FEV
Banco Safra
1,75
1,60
Banrisul
1,81
1,82
Caixa
1,90
1,95
de juros média mais baixa e o
porém com moderada elevação em
HSBC
2,40
2,35
Bradesco com a mais alta. A única
2,78
algumas taxas médias. O Banco Safra
Santander
2,39
2,36
inversão de posição no período em
3,35
permanece com a taxa mais baixa e o
Itaú
2,66
2,64
Banco do Brasil
2,84
2,96
análise foi do HSBC e o Santander.
Bradesco
2,87
3,02
faturas de cartão de crédito houve, de
modo geral, manutenção no ordena-
Itaú com a mais elevada.
notas
Na semana de referência em
Banrisul
Da mesma forma que no mês anterior,
na modalidade de antecipação de
na semana de referência pelo Banco
FEV
Antecipação de Faturas de Cartão de Crédito
Instituição
momentos, para o Citibank que ficou
JAN
com taxas de juros médias estáveis
sem alterações entre as posições
a modalidade, perdendo em alguns
Conta Garantida
Como de costume, a modalidade
cheque especial permaneceu
com a menor taxa de juros média para
JAN
Cheque Especial
Instituição
A Caixa ficou a maior parte de janeiro
estabilidade habitual. O Banco
Safra permanece com a taxa
Março 2014
Taxa de juros
Instituição
Capital de Giro com prazo acima de 365 dias
107
1) A fonte das informações utilizadas no Monitor de Juros Mensal é o Banco Central do Brasil, que as coleta das instituições financeiras. Como cooperativas de crédito e
financeiras não prestam essa classe de informações ao Banco Central, as mesmas não são contempladas no Monitor de Juros Mensal.
2) As taxas apresentadas referem-se ao custo efetivo médio das operações, incluindo encargos fiscais e operacionais incidentes sobre as mesmas.
3) Período de coleta das taxas de juros: 03/02/2014 a 07/02/2014.
É permitida a reprodução total ou parcial deste conteúdo, elaborado pela Fecomércio-RS, desde que citada a fonte. A Fecomércio-RS não se
responsabiliza por atos/interpretações/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações.
47
A Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o
exercício do direito de greve, estabelece
expressamente em seu art. 11 que nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos,
os empregadores e os trabalhadores ficam
obrigados, de comum acordo, a garantir,
durante a greve, a prestação dos serviços
indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
São atividades essenciais, entre outras, a assistência médica e hospitalar; o transporte coletivo, o abastecimento de água, a distribuição
de energia e o recolhimento de lixo. Caso os
serviços indispensáveis não sejam prestados,
a greve é abusiva. Durante a paralisação, em
nenhuma hipótese os meios adotados poderão
violar ou constranger os direitos e garantias
fundamentais de outrem, sendo certo que as
manifestações e atos de persuasão utilizados
pelos grevistas não poderão impedir o acesso
ao trabalho nem causar ameaça ou dano à
propriedade ou pessoa.
No mundo real, contudo, têm sido cada
vez mais frequentes as greves em serviços
essenciais com o não atendimento da garantia legal de serviço mínimo, o que obriga a
intervenção da Justiça do Trabalho. Ocorre,
entretanto, que encobertos pelo manto da
impunidade, cada vez mais os grevistas
têm rasgado as determinações judiciais e
mantido paralisações abusivas em serviços
Flávio Obino Filho
Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS
48
essenciais, trazendo prejuízos a toda a comunidade. A tônica tem sido os piquetes que impedem o trabalho daqueles que não aderiram
ao movimento, as ameaças aos não grevistas
e usuários do serviço, e a destruição dos bens
dos empregadores (depredações, etc.).
Recentemente enfrentamos em Porto Alegre
a paralisação dos serviços de transporte coletivo por 15 dias, com total desrespeito às
ordens judiciais e aos direitos de terceiros.
A greve abusiva somente se manteve pela
omissão covarde dos órgãos de segurança
pública comandados pelo Sr. Governador. Os
prejuízos dos comerciantes de Porto Alegre
passam de R$ 100 milhões, conforme estimativas do Sindilojas/Porto Alegre.
O desrespeito à lei e às decisões judiciais
também foi a tônica da greve dos garis do
Rio de Janeiro. O movimento, de forma diversa da dos rodoviários de Porto Alegre, foi
rapidamente debelado, pelo cumprimento,
à força e por quem detém a força, da lei e
das ordens judiciais. Os agentes de segurança pública carioca não ficaram entocados,
como os gaúchos. Foram às ruas e garantiram a prestação do serviço por aqueles que
estavam dispostos a trabalhar. O Governo
gaúcho parece saborear a desordem, que
neste episódio condenou toda a população
da capital a ser refém de uma minoria de
grevistas fora da lei.
Lúcia Simon
visão Trabalhista
Março 2014
107
Greves no
serviço público
Ônibus grátis e não poluente Em Adelaide, na Austrália, os usuários de transporte coletivo contam com um ônibus
totalmente abastecido por energia solar, com ar-condicionado e wifi, capaz de acolher 40 pessoas sentadas. O veículo, chamado Tindo
(Sol, no idioma aborígine), não cobra tarifa, já que não consome energia elétrica ou combustíveis e tem autonomia de 200 km em condições climáticas normais. O mecanismo de freio aproveita a energia
do veículo, por um sistema de frenagem regenerativa, e transforma
o impacto dos freios em força, economizando até 30% do consumo.
O ônibus (até o momento só existe um em circulação) faz parte da frota
da Adelai Connector Bus, companhia de transporte público, que
pretendia reduzir as emissões de carbono na atmosfera.
Março 2014
Kevin Yeh/CreativeCommons
Contra o desperdício Um designer
holandês criou um projeto de telefone celular
em módulos, cujas peças podem ser substituídas
ou trocadas, desobrigando o dono a comprar
um novo aparelho toda vez que ocorrer estrago
numa peça ou tiver necessidade de upgrade.
A ideia é evitar o desperdício e o descarte
sistemático de equipamentos inteiros, que
muitas vezes contêm elementos poluentes.
O celular em blocos, ainda em estudos, permitirá
a troca separada de tela, bateria, teclado,
câmera, processador e alto-falantes, entre
outros componentes. O aparelho pode ser
customizado conforme o perfil do proprietário,
e sua plataforma é aberta, disponível para
qualquer fabricante. A Motorola, por exemplo,
demonstrou interesse. O inventor Dave Hakkens
fez um vídeo para divulgar sua ideia e acabou
angariando o apoio de mais de 970 mil pessoas
no mundo inteiro. Saiba mais visitando o website
www.phonebloks.com.
Colher ameniza tremores Enquanto a Medicina
trabalha para descobrir a cura do mal de Parkinson, no ramo
tecnológico pesquisadores decidiram fabricar uma colher
que pudesse amenizar os tremores causados pela doença.
Uma das principais dificuldades do portador de Parkinson é
alimentar-se, pois os neurônios que controlam a coordenação
e os movimentos voluntários do corpo são afetados. A colher,
fabricada pela LiftLabs, possui um motor elétrico estabilizador,
responsável por tentar anular os movimentos involuntários
das mãos do portador. Dessa forma, sempre que o usuário
estiver com tremores, a colher fará correções automáticas da
movimentação, garantindo mais facilidade para que ele consiga
colocar a comida na boca. Segundo os desenvolvedores do
projeto, é possível anular até 70% dos tremores, dependendo do
grau de dificuldade que o portador apresentar. No Brasil, mais
de 200 mil pessoas sofrem com a doença.
Divulgação/Liftlabs
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pelo mundo
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Filme
livro
DICAS DO MÊS
O preço da visita
A passagem do papa João Paulo II por um
pobre vilarejo uruguaio pode ser a chance para os moradores da região
mudarem de vida. Enquanto esperam a chegada dos milhares de fiéis que
seguirão o pontífice, os comerciantes do lugar se preparam para lucrar:
alguns venderão cachorro-quente; outros, medalhinhas de santos. Em meio
a isso, Beto (César Troncoso) resolve construir um banheiro público e ganhar
Divulgação/Laroux-Ciné
dinheiro com o serviço. Mas será que
Março 2014
as expectativas dos moradores de
107
Ficha técnica
Título: Vença com a Mídia: transforme os
meios de comunicação em aliados
Autor: Heitor Kramer e Tulio Milman
Editora: Artes e Ofícios
Número de páginas: 135 páginas
50
Melo serão atendidas? O Banheiro
do Papa (El Baño del Papa), uma
coprodução entre Brasil e Uruguai,
trata à sua maneira de planejamento
e oportunidades de negócios.
Às vésperas da
Copa do Mundo,
vale assistir e pensar
até que ponto um
grande evento traz,
de fato, benefícios.
online
Informação para o bem
A imagem de um empreendedor
está diretamente associada à ideia
que o público faz de sua empresa.
O que o empresário disser pode
ser interpretado como opinião
da organização, o jeito como
ele se comporta tem reflexos na
companhia e assim por diante.
É por isso que, num mundo em
que a informação está por todos
os lados, é preciso saber lidar com
a mídia. Publicado antes mesmo
do boom das redes sociais, o livro
Vença com a Mídia é um manual
que aborda desde o trato que
se deve dispensar à imprensa
até a roupa mais adequada para
vestir num programa de TV.
Com dicas práticas e instrutivas,
os autores desmitificam rotinas
dos jornalistas e ensinam, entre
outros temas, o que realmente
rende notícia e como agir durante
situações de crise.
Ficha técnica
Título: O Banheiro do Papa
direÇÃO: César Charlone, Enrique Fernández
roteiro: César Charlone, Enrique Fernández
duração: 90 minutos
Versão brasileira (e francesa, e alemã...)
Traduzir o conteúdo de sites e tornar a informação acessível
para mais leitores é um desafio. O serviço colaborativo
Duolingo se propõe a isso, ao mesmo tempo em que ensina
uma língua estrangeira a quem realizar a tarefa. Funciona
assim: a página a ser traduzida é cadastrada no site. Frases
do documento são apresentadas aos estudantes, que podem,
então, traduzi-las e praticar o idioma que estão aprendendo.
O nível de dificuldade varia conforme a fluência do usuário.
Depois, o material é comparado com o de outras pessoas.
O usuário aprende ao ver como os
demais estudantes traduziram o
mesmo conteúdo. Também é possível
votar nas melhores traduções, o que
garante a qualidade do trabalho. O
Duolingo é gratuito e oferece curso de
inglês para brasileiros. Quem já domina
esse idioma também pode aprender
francês, alemão, italiano e espanhol.
Download

Revista Bens & Serviços - Fecomércio-RS