O JORNAL DE MAIOR CIRCULAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL - DIAS ÚTEIS - FUNDADO EM 1º DE OUTUBRO DE 1895
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ANO 110 – Nº 216
PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 4 DE MAIO DE 2005
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Brasil evita conflito com Argentina
Amorim diz que não há clima de tensão entre os dois países e Bielsa afirma que objetivo é eliminar divergências no Mercosul
O ministro das Relações Exteriores, Celso
Amorim, descartou ontem que haja tensão entre Brasil e Argentina. As declarações ocorridas após reunião de ministros do G-20, em
Paris, tiveram tom conciliador. Segundo o
chanceler, é normal haver algum ponto de diferença entre dois países importantes, mas o
governo brasileiro considera a aliança estratégica. Ele acrescentou que o Mercosul e a Comunidade Sul-Americana de Nações não são
contraditórios e podem auxiliar os dois governos nas futuras negociações internacionais.
O novo conflito foi gerado por recente entrevista do chanceler argentino Rafael Bielsa à
imprensa argentina, na qual ele afirmou que o
presidente Néstor Kirchner decidira “endurecer” com o Brasil. Além de amenizar a situação, Amorim sugeriu que o governo Lula compre mais trigo e petróleo dos argentinos e financie investimentos no país via BNDES.
DIEGO VARA
Ladrões explodem
caixa eletrônico
Os casos de explosões de caixas eletrônicos e roubos a transportadoras de armas e munições
têm crescido no Estado. Em Novo
Hamburgo, pela segunda vez em
dois meses, um caixa foi alvo de
explosão, desta vez a menos de
500 metros da primeira ação,
realizada no dia 22 de março.
Quatro pessoas vestidas com
toucas ninjas estouraram o caixa
do Banco do Brasil no posto de
combustíveis localizado na avenida Victor Hugo Kunz, no bairro
Canudos. A detonação, ocorrida
por volta das 3h da madrugada, espalhou destroços em um
raio de 100 metros e quebrou
vidros de casas e comércios
localizados próximo ao caixa.
Também durante a madrugada de ontem, a segunda
transportadora de armamento
e de munições foi assaltada
em Porto Alegre em menos de
20 dias. Cerca de dez homens
fortemente armados invadiram a sede da empresa, localizada na rua Willy Eugênio
Flack, no bairro Porto Seco,
levando 270 revólveres e munições que seriam embarcados para Brasília. Página 22
O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, informou ontem que o chefe de gabinete de Kirchner, Alberto Fernandez, teria garantido a ele que a
polêmica criada pelas declarações de Bielsa
“não denota uma crise”. Garcia salientou que
não é bom que os dois governos sejam tão suscetíveis. “As divergências não podem ser resolvidas nem na Bombonera nem no Maracanã”,
comparou, citando os estádios de futebol mais
conhecidos da Argentina e do Brasil. Em conversa com o presidente Lula, o assessor recomendou a ampliação das linhas de financiamento do BNDES para países do Mercosul.
Em Buenos Aires, Bielsa reafirmou que a
prioridade argentina é eliminar divergências
comerciais no bloco. O subsecretário de Integração Econômica argentino, Eduardo Sigal,
frisou que o governo Kirchner tem relação de
sócio e não contrato de adesão com o Brasil.
Alckmin diz que é fácil
governar com juro alto
O XVIII Fórum da Liberdade terminou ontem à noite na
PUC-RS, depois de colocar na pauta os mais diversos enfoques sobre as relações e o futuro do trabalho. No dia do encerramento, o grande nome foi o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, que, devido a problemas de agenda, palestrou em meio a um painel. Entre os assuntos abordados,
destacaram-se a importância da realização pessoal no resultado que o trabalhador apresenta, o papel que governo e sindicalismo desempenham no contexto do mercado, a sustentabilidade e a discriminação no emprego formal.
Para o presidente do Instituto de Estudos Empresariais
(IEE), Lars Knorr, o encontro cumpriu seu objetivo, trazendo
nomes importantes que abordaram um tema relevante e perGovernador de São Paulo faz críticas e ganha destaque no Fórum da Liberdade mitindo aos participantes construírem uma possível idéia do que deverá ser o
mundo do trabalho daqui para frente. Knorr disse que ele próprio consolidou
PAULO NUNES
uma opinião, defendendo a flexibilização das leis trabalhistas. “Primeiro porque reduz o risco que é embutido nos preços dos produtos ao consumidor e
porque a própria CLT representa riscos ao empregador”, argumentou. O resultado dos debates foi conferido com a pesquisa que revelou a opinião dos
participantes. Das cerca de 6 mil pessoas que assistiram aos painéis, a maioria acredita que o futuro do trabalho está no empreendedorismo pessoal e não
nas grandes empresas, e que a realização pessoal é um processo individual,
sem que se espere que a empresa cumpra esse papel.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi a grande estrela do evento. Ele apresentou o programa de ajuste fiscal aplicado em SP, que zerou o déficit e possibilitou a ampliação de obras e investimentos. Alckmin evitou falar
em candidatura à Presidência da República, argumentando que a antecipação
da corrida eleitoral com a conseqüente definição de candidatos coloca em risco a governabilidade do país e prejudica a gestão em curso. Mesmo sem falar
abertamente sobre o tema, ele fez críticas ao presidente Lula, dizendo ser muito fácil administrar elevando juros para conter a inflação. Segundo ele, para o
Brasil voltar a crescer, precisa fazer as reformas fiscal, tributária, trabalhista
Páginas 2 e 16
Explosão fez caixa eletrônico voar para bem longe do posto de combustíveis em NH e colocar em prática as alterações na Previdência Social.
Dólar cai e fecha abaixo de R$ 2,50
O Banco Central (BC), mais uma vez, apenas assistiu à queda do dólar.
A moeda norte-americana rompeu ontem a barreira dos R$ 2,50. Caiu
0,72% em relação ao fechamento de segunda-feira e terminou o dia cotada
a R$ 2,493. É o valor mais baixo desde o dia 21 de maio de 2002, quando fechou a R$ 2,482. O dólar acumula desvalorização de 6,07% no ano.
A tendência de queda permanece, por conta da ausência do BC no câmbio, dos bons resultados da balança comercial e da entrada de capitais especulativos, avaliam analistas. Também pesou para a queda ontem o anúncio do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, de que o ritmo de alta dos juros deve continuar moderado nos Estados Unidos.
A autoridade monetária brasileira não compra divisas desde o dia 16 de
março e há sete semanas não realiza leilão de “swap reverso”. Nesta operação, o BC oferece aos investidores contratos com remuneração atrelada aos
juros (taxa Selic) em troca da variação do câmbio em um determinado período. O leilão semanal de venda de contratos cambiais, que estava previsto para hoje, foi suspenso ontem à noite com anúncio do Banco Central.
ANTÔNIO SOBRAL
Fenasul
Produtores que investirem
na compra de animais, máquinas e implementos agrícolas durante a Feira Nacional
de Agronegócios do Sul (Fenasul) poderão contar com R$
15 milhões em linhas de crédito, disponibilizadas pelo
Banco do Brasil e pelo Banrisul. O anúncio dos recursos
para financiamento foi feito
ontem na solenidade promovida pela Comissão de Agricultura da Assembléia (foto).
A Fenasul acontecerá de 25 a
29 de maio no Parque Assis
Brasil de Esteio.
Página 21
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