COLÉGIO MILITAR DE BRASÍLIA COORDENAÇÃO DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO LITERATURA 1º BIMESTRE – NOTA DE AULA 03 COORDENAÇÃO DO 1º ANO Trovadorismo • • • • • • Textos escritos em galego - português, em virtude da integração cultural e linguística que na época existia entre Portugal e Galícia, atual Espanha. Embora existisse manifestações literárias na prosa e no teatro, foi a poesia que alcançou popularidade, tanto entre os nobres quanto entre as pessoas comuns. A escrita era pouco difundida – a poesia era memorizada e transmitida oralmente; Marco: Cantiga da Ribeirinha ou Cantiga da Guarvaia, de Paio Soares Taveirós, em 1189 ou 1198; Tipos de cantiga: Cantigas líricas( de amor e de amigo) e satíricas ( de escárnio e de maldizer) Cantiga líricas As cantigas líricas são aquelas que ressaltam os sentimentos, sobretudo os amorosos. Estão divididas em dois tipos: amor e amigo, e possuem características muito peculiares, como veremos a seguir. CANTIGAS DE AMOR 1. Nelas, há nítida influência provençal, ao modo de Provença. 2. O eu lírico apresentado é masculino, ou seja, o trovador expressa seus sentimentos em relação à mulher amada que é, invariavelmente, de classe superior à do trovador. 3. A linguagem usada é mais refinada, evitam-se os refrões e as repetições, e, por serem assim sofisticadas, chamavam-se cantigas de maestria ou mestria. 4. Os termos usados pelo trovador para se referir à mulher amada são variados e sempre no masculino: mia senhor, fremosa senhor, mia don (dona). 5. O trovador em geral se queixa da indiferença da mulher amada, faz o que nomeamos como sendo coita amorosa, ou seja, ele é um coitado, infeliz, não recebe amor a que deveria fazer jus e lamenta por isso. 6. O amor é sempre cortês, mesmo porque a distância social entre o amante e a amada não permitia que houvesse atrevimentos de qualquer ordem, a não ser quando o trovador, por graça e mercê da senhora, se transformasse em seu drut ou drudo (amante); há dessa forma, platonismo e distanciamento amoroso. CANTIGAS DE AMIGO 1. O eu lírico das cantigas de amigo é sempre feminino, ou seja, o trovador, investido do papel feminino, canta a saudade do amado distante, que foi para o fossado ou bafordo (serviço militar obrigatório), deixando a amada triste e sozinha. 2. Há, sistematicamente, o uso de repetições de palavras, de versos inteiros, como nos refrões, o que dá a entender que as mulheres fariam cantigas mais simples. 3. O homem amado é de classe superior à da mulher que canta; inverte-se, portanto, a posição social verificada nas cantigas de amor. 4. O amigo/amado, a que se referem as cantigas, deve ser entendido como amante, namorado; outra vez elas se distanciam das primeiras. Há amor erótico nas cantigas de amigo. Não raro, os namorados passaram a noite juntos. 5. A influência é nitidamente popular, de origem ibérica. 6. Os cenários, onde se encaixa a moça que chora a ausência do amado, são rurais, campestres, ligados à natureza: praia, bosque, arredores dos rios, campo, floresta. 7. A mulher queixa-se à mãe, à natureza, ao mar, às ondas, à floresta, às aves, às amigas sobre a dor de ter perdido o amado ou se distanciado dele. 8. Geralmente tais cantigas são dialogadas (a mulher pergunta e os seres respondem sobre a sorte ou paradeiro do amado); tais cantigas são também chamadas de cantigas de tenção. 9. Aparecem na maior parte dos cantares de amigo os versos paralelísticos. 10. A cantiga de amigo usa de maneira ostensiva a descrição; a narração também aparece, uma vez que se “conta” uma história. • Cantigas satíricas Narram-lhes os vícios humanos, costumes desregrados de seres vis, que fugiam às normas de viver em sociedade. Há mexericos, termos obscenos e linguagem especialmente chula. Termos de baixo calão denunciam a sovinice, a pouca-vergonha, a falta de compostura do clero, dos nobres, dos fidalgos e dos próprios componentes dos grupos que as cantavam. Para tanto, há o uso e abuso do trocadilho malicioso. CANTIGAS DE ESCÁRNIO São sátiras indiretas, em que os nomes das pessoas referenciadas não eram ditos, ou seja, nas cantigas de escárnio não encontramos pessoas nomeadas. Está claro que, dada a brincadeira torpe e a maneira de se evidenciar os maus hábitos, os presentes ao local onde eram cantadas sabiam de quem se tratava. Maliciosas, produziam o ridículo para quem era atingido por elas. Por se tratar de cantiga de cunho popular, torcista, e, portanto, muito mais dirigida ao escárnio do povo, as cantigas satíricas não raro obedeciam às mesmas condições de construção das de amigo, ou seja, uso de repetições, paralelismos e refrões. CANTIGAS DE MALDIZER Nelas, a sátira é direta e a pessoa atacada é nomeada integralmente. A linguagem desse tipo de cantiga é de baixo calão, mesclada de muitos palavrões; atacam o clero, as freiras, os fidalgos e toda a sorte de pessoas que, dentro de suas classes, indiquem decadência moral. Pero da Ponte é o trovador português mais conhecido da época. Morto está dom Martim Marcos, ai Deus, se é verdade Sei que com ele está morta a desonestidade, Morta está a porvoice, morta está a vacuidade, Morta está a poltronice e morta está a maldade. Se dom Martinho está morto sem honra e sem bondade e de outros maus costumes haveis curiosidade, em vão os buscareis desde Roma à cidade; noutro sítio vereis feita a vossa vontade… OBSERVAÇÕES: Diferenças entre texto literário e não literário A grande diferença entre os textos literários e não literários consiste na sua função ou objetivo. O texto não literário tem como objetivo informar, esclarecer, explicar, ou seja, pretende ser útil ao leitor. O texto não literário é frequentemente visto como um texto informativo, construído de forma específica, com linguagem clara e objetiva. Alguns exemplos são artigos científicos, notícias, ou textos didáticos. Pode ser encontrada em notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos, verbetes de dicionários e enciclopédias, propagandas publicitárias, textos científicos, receitas culinárias, manuais, entre outros gêneros textuais que privilegiem o emprego de uma linguagem objetiva, clara e concisa. Considerados esses aspectos, a informação será repassada de maneira a evitar possíveis entraves para a compreensão da mensagem. No discurso não literário, as convenções prescritas na gramática normativa são adotadas. Por outro lado, o texto literário é mais artístico, com uma função estética, que tem como objetivo recreativo, provocando diferentes emoções no leitor. Assim, os textos literários nem sempre estão ligados à realidade (no caso da ficção) e muitas vezes são subjetivos, podendo existir diferentes interpretações de leitores distintos. Além disso, o texto literário contém figuras de linguagem, sentido figurado e metafórico das palavras, que tornam o texto mais expressivo.