UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO – UNIFENAS
CARLOS ROBERTO SILVA DE MAGALHÃES
PAISAGISMO NO TREVO DE POÇO FUNDO - MG
Alfenas, MG
2011
CARLOS ROBERTO SILVA DE MAGALHÃES
PAISAGISMO NO TREVO DE POÇO FUNDO - MG
Dissertação apresentada como parte das exigências do
curso de Mestrado Profissional em Sistemas de
Produção na Agropecuária, da Universidade José do
Rosário Vellano –UNIFENAS, para o obtenção do título
de mestre.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Corrêa Landgraff
Alfenas, MG
2011
Magalhães, Carlos Roberto Silva de
Paisagismo no trevo de Poço Fundo /.—Carlos
Roberto Silva de Magalhães.—Alfenas : UNIFENAS
2011.
81 f. il.
Orientador : Prof. Dr Paulo Roberto Corrêa
Landgraf
Dissertação (Mestrado Profissional em Sistemas
de Produção na Agropecuária) – Universidade José
do Rosário Vellano.
1. Paisagismo 2. Plantas ornamentais 3. Trevos
dos municípios I. Título
CDU : 635.9(043)
DEDICATÓRIA
A toda a minha família, em especial a meu pai e a minha mãe, João Arlindo e Maria
Doza, pelo carinho, pela compreensão, pelo companheirismo, pela garra e pelo grande amor
que existe entre nós. A minha esposa, Rosana, parceira de lutas e conquistas, pela confiança,
motivação, apoio e, principalmente, amor e carinho. A meu irmão, Luiz Cláudio, pelo
entendimento e pelo incentivo na concretização de mais uma vitória em minha vida. Àqueles
que compartilharam com o processo de minha formação, sempre me ajudando a tomar as
melhores decisões.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por conceder-me perseverança e entusiasmo para a
realização de mais esta etapa em minha vida.
À Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, à Faculdade de Agronomia e
ao coordenador do Mestrado Profissional em Sistemas de Produção na Agropecuária o
professor Dr. José Messias Miranda, pela oportunidade de minha inserção neste curso.
Ao meu orientador, o professor Dr. Paulo Roberto Corrêa Landgraff, pela atenção,
pela amizade, pela dedicação e pelas observações feitas para a elaboração deste trabalho, o
meu sincero agradecimento.
A todos os professores que participaram de minha formação, neste curso, pelos
ensinamentos, pela amizade e pelo apoio na qual me proporcionaram.
Aos professores e funcionários da Escola Estadual José Bonifácio, pelas informações
tão necessárias, pela colaboração, pela amizade e pelo frequente incentivo em realizar este
curso.
RESUMO
MAGALHÃES, Carlos Roberto Silva de. Paisagismo no trevo de Poço Fundo-MG. 2011.
81 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Sistemas de Produção na Agropecuária)Universidade José do Rosário Vellano, Alfenas, 2011.
As cidades estão constantemente modernizando-se e passando por diversos processos em
decorrência de uma urbanização cada vez mais acelerada, ocorrendo uma desarmonia entre o
homem e a vegetação. Por causa da falta de vegetação nas cidades, o mercado paisagístico
vem crescendo de forma significativa, tendo influência com questão da estética, do ambiente e
do psíquico das pessoas, afetado este devido ao estresse do dia a dia. Em decorrência dessa
necessidade, foi elaborado um projeto paisagístico para o trevo de Poço Fundo – MG. Para a
realização do projeto foi realizada uma pesquisa de espécies de plantas adequadas para a
região, analisando-se o clima, o tipo de solo e as características específicas de cada planta. No
entanto, depois da análise de todos esses critérios, as plantas selecionadas para o paisagismo
do trevo da cidade foram a agave-dragão, o coração-roxo, a grama-esmeralda, o lírio amarelo,
a palmeira imperial, a palmeira jerivá, periquito, pita, piteira-do-caribe e sálvia-dos-jardins,
também por apresentarem uma boa resistência contra os fatores externos, não atrapalharem a
visibilidade dos motoristas e preservar a segurança das pessoas que trafegam pelo local, além
de não serem plantas caras. Entretanto, antes e depois da implantação do paisagismo nesta
área, foi elaborado um questionário para saber a opinião dos moradores e visitantes do
município. Após o término do projeto, as pessoas perceberam que o paisagismo somente
trouxe benefícios à cidade de Poço Fundo, tanto visuais, ambientais e econômicos, pois
valorizou a entrada do município, atraindo turistas e até mais fregueses para o comércio de
caldo de cana-de-açúcar, uma vez que é o seu cartão de visita.
Palavras-chave: Jardinagem, Paisagismo, Plantas ornamentais, Trevos de municípios.
ABSTRACT
MAGALHÃES, Carlos Roberto Silva de. Landscaping in road cloverleaf of Poço FundoMG. 2011. 81 f. Dissertation (Master’s degree in Farm Production Systems)-Universidade
José do Rosário Vellano, Alfenas, 2011.
Cities are constantly upgrading themselves, going through various processes duo to an
increasingly fast urbanization, and this can cause a lack of harmony between man and
vegetation. The lack of vegetation in cities has led to an increase of the gardening market,
with influence on issues such as esthetics, environment, and the psychological conditions of
people affected by day-to-day stress. Because of this situation, a gardening project was
designed for the road cloverleaf of Poço Fundo, MG. To carry out the project, plant species
were surveyed wich might be adequate to the region, regarding climate, soil, and specific
characteristics of each plant. After such an evaluation, the following plants were chosen for
the city cloverleaf: dragon-tree agave (Agave atenuata), purpleheart (Tradescantia pallida),
emerald grass (Zoysia japonica), yellow lilly (Hemerocallis flava), imperial palm tree
(Roystonea oleracea), “jerivá” palm tree (Syagrus romanzoffiana), parakeet flower
(Althernanthera ficoidea), pita (Agave americana), Agave angustifolia, and sage-of-gardens
(Salvia coccinea). These plants were chosen for being resistant to external factors, for not
disturbing the visibility of drivers and preserving the safety of those driving by, and for being
inexpensive. Before and after the development of the project, the inhabitants and visitors of
the city were asked to give their opinion about it by answering a questionnaire. Upon
completion of the project, people realized that the new cloverleaf landscaping became the
“show window” of the city, bringing visual, environmental and economical benefits to Poço
Fundo, attracting tourists and even customers to the sugar-cane juice business located there.
Keywords: Gardening, Landscaping, Ornamental plants, City road cloverleaf.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esboço do trevo de Poço Fundo .............................................................................40
Figura 2 – Croqui do trevo de Poço Fundo com as plantas selecionadas.................................41
Figura 3 – Canteiro do portal antes do paisagismo...................................................................42
Figura 4 – Lateral do canteiro do portal antes do paisagismo..................................................42
Figura 5 – Canteiro lateral antes do paisagismo.......................................................................43
Figura 6 – Canteiro central antes do paisagismo......................................................................44
Figura 7 – Canteiro central na implantação do paisagismo......................................................45
Figura 8 – Canteiro lateral na implantação do paisagismo.......................................................45
Figura 9 – Grau de escolaridade dos poçofundenses e visitantes do município que
responderam ao questionário....................................................................................................47
Figura 10 – Idade dos entrevistados da pesquisa......................................................................48
Figura 11 – Frequência em que os entrevistados passam pelo trevo de Poço Fundo...............49
Figura 12 – Visão dos usuários antes e depois da implantação................................................52
Figura 13 – Valorização do portal pelos entrevistados antes e depois da implantação............53
Figura 14 – Relação das plantas presentes nos canteiros que proporcionam sombreamento
antes do paisagismo..................................................................................................................56
Figura 15 – Relação das plantas presentes nos canteiros que proporcionam sombreamento
depois do paisagismo................................................................................................................56
Figura 16 – Relação das plantas presentes nos canteiros com o comércio de caldo de cana-deaçúcar antes e depois da implantação do paisagismo...............................................................57
Figura 17 – Relação das plantas com o número de visitantes do município antes e depois da
implantação do projeto paisagístico..........................................................................................59
Figura 18 – A implantação do paisagismo no trevo de Poço Fundo antes e depois da
realização do projeto.................................................................................................................60
Figura 19 – Canteiro do portal depois do paisagismo...............................................................62
Figura 20 – Canteiro da lateral do portal depois do paisagismo...............................................62
Figura 21 – Canteiro lateral depois do paisagismo...................................................................63
Figura 22 – Canteiro central depois do paisagismo..................................................................63
Figura 23 – Morro ao redor do trevo.........................................................................................64
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................13
2.1. HISTÓRICO DO PAISAGISMO NO BRASIL................................................................13
2.2 CONCEITOS E A IMPORTÂNCIA DO PAISAGISMO..................................................17
2.3 DIVISÃO DO PAISAGISMO EM RELAÇÃO AO TAMANHO DA ÁREA..................20
2.2.1 Micropaisagismo..............................................................................................................20
2.2.2 Macropaisagismo.............................................................................................................20
2.4 NORMAS E TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PAISAGISMO EM
RODOVIAS..............................................................................................................................21
2.5 FATORES AMBIENTAIS INTERVENIENTES NO REVESTIMENTO VEGETAL.....30
2.6 ESPÉCIES INDICADAS PARA O PAISAGISMO EM ENTRADA DE CIDADES.......32
2.7 ESPÉCIES INDICADAS PARA O PAISAGISMO EM TREVOS...................................34
2.8 ESPÉCIES USADAS NA IMPLANTAÇÃO DO PAISAGISMO.....................................36
3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................37
3.1 LOCAL...............................................................................................................................37
3.2 IMPLANTAÇÃO DO PROJETO.......................................................................................37
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS INFORMANTES..................................................................46
3.3.1 Grau de escolaridade........................................................................................................46
3.3.2 Idade.................................................................................................................................47
3.3.3 Frequência de passagem pelo trevo.................................................................................47
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................................49
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................50
4.1 VALORIZAÇÃO DA ÁREA.............................................................................................50
4.1.1 Paisagismo no trevo.........................................................................................................50
4.1.2 Portal................................................................................................................................52
4.2 ESPÉCIES VEGETAIS......................................................................................................53
4.2.1 Visibilidade......................................................................................................................53
4.2.2 Sombreamento.................................................................................................................54
4.2.3 Comércio..........................................................................................................................55
4.3 TURISMO...........................................................................................................................57
4.4 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO.............................................................58
4.5 PAISAGEM........................................................................................................................59
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................67
6 CONCLUSÃO..................................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 69
APÊNDICES ...........................................................................................................................75
ANEXOS..................................................................................................................................77
11
1 INTRODUÇÃO
As cidades, locais onde os seres humanos costumeiramente e cada vez mais se alojam,
sejam em busca de uma tão sonhada melhor qualidade de vida ou de uma melhor
oportunidade de emprego, são locais dinâmicos e muito complexos, pois são os centros de
dominância e integração econômica entre diversas outras cidades e regiões e que, acima de
tudo, estão constantemente modernizando-se e passando por diversos processos em
decorrência de uma urbanização cada vez mais acelerada.
Como consequência do processo de modernização observa-se uma desarmonia entre o
homem e a vegetação. A vegetação, na maioria das vezes, pioneira na escala de ocupação de
uma determinada área ou região, porém frágil frente ao desenvolvimento de processos
antrópicos, vem sofrendo uma grande redução do seu espaço nas cidades.
Hoje em dia, por causa da falta de vegetação nas cidades, o mercado paisagístico vem
crescendo de forma significativa. Observa-se que o paisagismo vem agindo na parte estética e
ecológica, além do ponto de vista psíquico, ou seja, o paisagismo ajuda a melhorar a
qualidade de vida.
Percebe-se que no paisagismo o homem é o centro das modificações e relações que se
estabelecem à sua volta. Nesses diferentes conceitos, sempre aparece o termo “relação”,
reforçando a idéia de inter-relacionamento entre as diferentes formas de vida. Percebe-se
também que o paisagismo é “ecologia”, considerando-se o ser humano como o centro das
relações.
Antigamente, o paisagismo estava mais voltado para as questões arquitetônicas e
estéticas, daí ter sido o arquiteto o primeiro profissional com formação acadêmica a trabalhar
nesta área. O crescente movimento de conscientização ecológica, buscando a preservação da
natureza , fez com que o paisagismo saísse de uma visão mais próxima da jardinagem, para
uma visão mais ambientalista, se caracterizando hoje por ser uma atividade de interface,
agregando conhecimentos ligados às artes plásticas e arquitetura, bem como às ciências
ambientais.
O aumento demográfico, aliado ao desenvolvimento tecnológico, têm levado ao uso
abusivo dos recursos naturais, fazendo surgir em contrapartida, no mundo todo, movimentos
ecológicos em prol da preservação ambiental e melhoria da qualidade de vida.
12
Assim, tem-se procurado situar (definir) a ação humana no planeta, em situações
limites do que venha a ser exploração racional dos recursos, degradação e preservação
ambiental.
No dualismo constante em que vive o ser humano (construção-destruição), o
paisagismo tem a função primordial de rearranjar a natureza em torno das modificações
impostas pela civilização, amenizando os efeitos psicossociais decorrentes do impacto
transformador da sociedade moderna.
Devido ao crescimento do interesse das pessoas com o paisagismo e com a
preocupação ambiental, aumentou a necessidade de implantá-los nas cidades. Com isso, o
referido trabalho teve como principal objetivo elaborar um projeto paisagístico para o trevo do
município de Poço Fundo – MG.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 HISTÓRICO DO PAISAGISMO NO BRASIL
As paisagens que se descortinam nas cidades contemporâneas revelam ambientes
totalmente configurados pela ação humana, onde as formas de construção e a consequente
intervenção sobre a paisagem vão se modificando ao longo do tempo e da História. O avanço
da urbanização faz com que os ambientes construídos predominem sobre os ambientes
naturais, acarretando desequilíbrios no ecossistema urbano; daí a importância de se
preservarem áreas verdes, assegurando-se a boa qualidade de vida assim como a conservação
da biodiversidade (CURADO, 2007).
Um exame da história brasileira nos revela que as ações predatórias do meio ambiente
encontram respaldo nas antigas tradições coloniais de exploração dos recursos naturais. A
cidade contemporânea brasileira tem apresentado urbanização acelerada, crescendo ao ritmo
de progressões geométricas, onde a preocupação em diminuir, ou abater, o impacto no meio
ambiente nem sempre é uma premissa. Felizmente a legislação ambiental tem marcado
presença cada vez mais forte nas decisões de impacto urbanístico e ambiental
(CURADO, 2007).
A mais antiga manifestação em termos de paisagismo no Brasil ocorreu na primeira
metade do século XVII em Pernambuco, por obra do Príncipe Maurício de Nassau, durante a
invasão holandesa daquele estado nordestino. É certo que já antes da expulsão dos holandeses,
pouco ou nada sobrou desta iniciativa, exceto a dádiva notável de uma fabulosa quantidade de
laranjeiras, tangerinas e limoeiros espalhados em todos os trajetos das campanhas de invasão
(LOBODA; DE ANGELIS, 2005).
A história documentada do paisagismo iniciou-se com a chegada de D. João VI em
1807, que destinou ao Jardim Botânico a vocação de fomentar espécies vegetais (Coração de
negro – Albizzia lebeck; Eucalipto – E. gigantea; Cinamomo – Melia azedarach e Carolina –
Anadenanthera pavonia) para produção de carvão, matéria prima para a fabricação de pólvora
(MARTINS, 2006).
Para Segawa, citado por Loboda e De Angelis (2005), um dos primeiros jardins
públicos construídos em nosso país foi o Passeio Público do Rio de Janeiro. Por ordem do
vice-rei D. Luís de Vasconcelos, sua obras iniciaram em 1779, por Valentim da Fonceca e
Silva - Mestre Valentim.
14
O paisagismo ganhou forças com os preparativos para o casamento de D. Pedro I com
a arquiduquesa da Áustria. O arquiteto paisagista alemão Ludwig Riedel foi contratado para
arborizar as ruas de Rio de Janeiro. A dificuldade encontrada para este trabalho, que ocupou o
período de 1836 a1860, foi que o povo acreditava que a sombra formada pelas árvores era a
responsável por doenças como maleita, febre amarela, sarampo e até a sarna dos escravos
(ZECCA, 2009).
Conforme Bergamini (2009), durante o período colonial algumas intervenções
paisagísticas ocorreram na cidade do Rio de Janeiro, mas é com a chegada, ao Brasil, de
Glaziou em 1858 que a prática do paisagismo torna-se mais consistente. Glaziou projeta
várias praças e parques e cria o equivalente ao atual “departamento de parque e jardins”,
sendo sua maior contribuição a formação, na prática de desenhistas e profissionais de obra
que, após seu retorno à França, disseminaram este conhecimento, construindo e reformando
praças e parques nas principais cidades brasileiras no início do século XX. Segundo
Sandeville Júnior (1997), até o final da década de 1920, o paisagismo no Brasil mantinha-se
atrelado aos modelos franceses e ingleses.
Muitos foram os paisagistas que trabalharam com o paisagismo no século XIX e no
século XX. Durante a Primeira República, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo, como
Paul Villon, Arsene Puttmans e Reynaldo Dierberguer, produzindo tanto para particulares
como para o Estado. Houve grande influência dos jardins franceses nas praças brasileiras. A
Praça Paris, por exemplo, no Rio de Janeiro, obra do urbanista Alfred Agache, 1929, serviu de
modelo para muitas outras. A simetria se tornou um ponto comum e em muitos projetos havia
demonstrações da arte topiária, com estranhas esculturas como poltronas, jogadores de
futebol, camelos, cavalos, esferas (ZECCA, 2009).
Segundo Cavalcanti (2009), Robert Burle Marx, de 1936 a 1943, projetou os jardins
do Ministério da Educação e Saúde, primeiro prédio modernista de porte construído no Brasil.
Neste, aproveitando-se da nova concepção arquitetônica-urbanística do edifício-quadra,
desenha um jardim-praça estruturado por canteiros de formas rocambólicas, utilizando-se do
movimento e da cor no desenho dos pisos, executados no tradicional mosaico português e
plantas tropicais (MACEDO, 2003).
Este foi o primeiro de uma coleção de projetos de alto nível e qualidade formal
indiscutível que, extremamente visíveis, bem mantidos e divulgados, transformaram Roberto
no paisagista brasileiro e mundial do século XX. Nesse projeto, contrariando os princípios
iniciais do paisagismo moderno de estabelecer um relação de continuidade com a arquitetura,
15
Burle apresenta um forte contraste entre as linhas e as cores sóbrias da arquitetura com a
exuberância do paisagismo (CAVALCANTI, 2009).
O rol de sua obra abriga projetos como os Parques do Flamengo (RJ) e Mangabeiras
(BH), as Praças Salgado Filho (RE e RJ), parques particulares nas serras fluminenses, o Largo
da Carioca (RJ), dezenas de jardins particulares de casas e prédios de apartamentos, os
parques dos palácios de Brasília e muitos outros (MACEDO, 2003).
Entre 1942 e 1945, Mello Barreto e Burle Marx desenvolveram projetos de paisagismo
para a Pampulha e para o Parque do Barreiro de Araxá, em Minas Gerais, baseando-se
principalmente nas características fitogeográficas do cerrado. Em Araxá o conceito de
ecogênese foi parcialmente implantado: segundo Chacel, esse parque seria uma espécie de
mostruário da paisagem brasileira, com espécies e associações do cerrado, da caatinga, da
Amazônia, “formando ambientes paisagísticos exatamente como eles aparecem na natureza”.
No entanto, o Parque do Barreiro de Araxá tornou-se economicamente inviável, pois fazia
parte do complexo hoteleiro financiado pela verba dos cassinos, que foram proibidos. Outros
projetos foram desenvolvidos por Burle Marx e Mello Barreto, juntamente com biólogos,
seguindo essa mesma tendência, como as propostas para o Grupo Biológico das Lagoas, na
região dos lagos do antigo Distrito Federal, atual Estado do Rio de Janeiro. Nesta proposta,
datada de 1949, a finalidade era representar associações naturais de animais e plantas mas,
segundo Chacel, não foi executado por falta da pressão de uma legislação ambiental efetiva
(CURADO, 2007).
Assim como na Europa, a preocupação de criar um jardim que atendesse às inovações
formais da arquitetura moderna conduziu o nascente paisagismo moderno para o tema do
jardim residencial. Os primeiros traços de um jardim moderno aparecem nos jardins de Mina
Klabin Warchavchik para as casas modernistas de seu marido Gregori Warchavchik, arquiteto
ucraniano, pioneiro do modernismo no Brasil (BERGAMINI, 2009).
As casas de Warchavchik foram projetadas conforme o ideário moderno da época: a
liberação da edificação do terreno, integração dos espaços interiores e exteriores, ausência de
ornamentação, entre outros. Warchavchik atua com o controle total sobre a obra, algo
semelhante ao conceito de Mallet – Stevens de obra de arte total, onde fazia a arquitetura, os
interiores e o paisagismo, chegando a desenhar os móveis para a edificação. Desta forma
surgiram os jardins projetados por sua esposa, Mina Warchavchik, que buscavam uma
linguagem mais despojada e coerente com a arquitetura (BERGAMINI, 2009).
De qualquer forma, segundo Ana Belluzo, “em São Paulo só por volta dos anos 50
alarga-se o espaço preenchido pelo arquiteto e pelo jardineiro, dando lugar à figura do
16
profissional paisagista. Contavam-se nos dedos: eram Roberto Coelho Cardozo e Cordeiro”
(SANDEVILLE JÚNIOR, 1997).
Porém Macedo (2003) identifica três etapas de construção do paisagismo moderno
brasileiro: Etapa I – Primórdios (1937 – 1950): nesta época o destaque principal é a obra dos
jardins da Pampulha de Burle Marx; Etapa 2 – Período de expansão (1950 – 1960), onde se
destaca a obra do paisagista Roberto Coelho Cardoso e de Waldemar Cordeiro; e Etapa 3 –
Consolidação (1960 – 1989) onde se destaca a obra dos paisagistas do DEPAVE –
Departamento de Parque e Áreas Verdes da Prefeitura Municipal de São de Paulo, o trabalho
da Fundação de Parques e Jardins do Rio de Janeiro e do Instituto de Planejamento de
Curitiba.
Ao longo da história o papel desempenhado pelos espaços verdes nas nossas cidades
tem sido uma consequência das necessidades experimentadas de cada momento, ao mesmo
tempo em que é um reflexo dos gostos e costumes da sociedade (LOBODA; DE ANGELIS,
2005).
17
2.2 CONCEITOS E A IMPORTÂNCIA DO PAISAGISMO
Atualmente o paisagismo vem ocupando um grande espaço nas cidades, devido à falta
das áreas verdes. Além da questão estética, e do apelo ambiental, observa-se que o paisagismo
age também sob o ponto de vista psíquico, ou seja, o paisagismo ajuda a minimizar o estresse
do dia a dia, que são traduzidas em harmonia e qualidade de vida (MARTINS, 2006).
Considera-se o paisagismo uma nova área do conhecimento humano, apesar de suas
origens remontarem à história da própria existência do homem. Acredita-se que a partir do
momento em que o homem mudou o seu comportamento de nômade, para fixar habitação
num determinado lugar e explorar o meio que o cerca, o paisagismo começou a fazer parte da
sua vida. Desde então, ele passou a utilizar-se do paisagismo para atender suas necessidades
estéticas e funcionais (LIRA FILHO et al, 2001).
O paisagismo, como prática socioambiental, reveste-se de caráter cultural e histórico.
Enquanto linguagem, expressa símbolos e valores da sociedade. Na medida em que adota
elementos naturais como matéria-prima, o paisagismo submete-se também a ditames
ecológicos. A combinação dessas características faz com que diferentes formas de
interpretação, apropriação e recriação da paisagem expressem, em variados graus, relações
entre sociedade e natureza. As formas da sociedade se relacionar com a natureza, por sua vez,
além de depender do sistema produtivo e do aparato tecnológico disponível, tendem a refletir
visões de mundo prevalecentes. Quando se incluem aspectos de dominação, as relações
sociedade-natureza adquirem cunho ideológico (CESAR; CIDADE, 2003).
As visões de mundo tendem a articular-se com visões de natureza e com práticas
socioambientais. Em estudos que buscam compreender essas relações, Lúcia Cony Cidade
argumenta que a ideologia, sob a forma de visões de mundo, tem sido considerada um
condicionante de diferentes visões da natureza e de linhas de interpretação do espaço.
Relações semelhantes também se aplicam aos modelos e à prática histórica do paisagismo
(CÉSAR; CIDADE , 2003).
Segundo Salvador (2005), o paisagismo é mais complexo que a jardinagem. Requer
domínio de diversas áreas do conhecimento humano, como arquitetura, agronomia, belas
artes, desenhos clássicos, geométricos e engenharia. Além do mais, o paisagista deverá
conhecer as plantas e procurar utilizar este conhecimento para compor o meio, de forma que
estas não interfiram no bem-estar das pessoas que irão desfrutar o ambiente.
Martins (2006) também considera o paisagismo uma área de grande abrangência,
dependendo tanto dos conceitos das diversas ciências e também das artes. São requeridos
18
conhecimentos de solos, botânica, fisiologia vegetal, climatologia, ecologia, psicologia,
sociologia, urbanismo entre outros. No campo das artes, o paisagismo se alinha com as artes
plásticas, trabalhando com elementos vivos, plantas e animais e inertes (esculturas, elementos
arquitetônicos, etc.)
Para Winters, citado por Martins (2006), o paisagismo é definido como uma
“especialidade multidisciplinar de ciência e arte, que tem por finalidade ordenar todo o espaço
exterior em relação ao homem e demais seres vivos”. Entretanto, há outros conceitos, com
derivações deste, tentando maior elucidação, tal como “é a ciência e arte que estuda o
ordenamento do espaço exterior em função das necessidades atuais e futuras e dos desejos
estéticos do homem”. Ou ainda como a “resultante integrada das relações entre o clima, o
solo, a vegetação, os processos evolutivos naturais e homem, frente aos seus desejos e
necessidades. E também que seja bem restrito ao enunciar como “uma atividade que se utiliza
da arte, ciência e técnica a fim de elaborar uma integração dos três elementos: construção,
homem e a flora” (LIRA FILHO et al, 2001).
De acordo com César (2003), a classificação do paisagismo contemporâneo toma
como base algumas vertentes que concentram visões e práticas profissionais diversas. A
primeira vertente concentra o paisagismo com ênfase na arquitetura da paisagem, cujo
enfoque vê todos os espaços como arquitetura, sendo a vegetação também elemento de
composição. A segunda vertente é o paisagismo com ênfase na percepção que explora
aspectos sensoriais e psicológicos. A terceira vertente concentra o paisagismo ambiental,
englobando várias práticas mais voltadas à preservação, que servem de pré-requisito ao
desenvolvimento sustentável, valorizando os aspectos ecossistêmicos.
Neste contexto, percebe-se a paisagem com a utilização da vegetação, o que, segundo
Drumond (2005), não é obrigatoriedade para concretização de um projeto paisagístico; porém,
no Brasil, um país onde há abundância de uma vegetação exuberante, os projetos, na maioria
das vezes, estão diretamente associados ao uso de espécies vegetais, visto que estas
desempenham várias funções que podem melhorar significativamente os locais tratados.
Conforme Vieira (2007), a arquitetura paisagística contemporânea está calcada sobre valores
relacionados à proteção e à manutenção do meio ambiente.
Na visão de Medeiros (2008), o paisagismo no Brasil passa a incorporar as
preocupações ecológicas e por isso também é mais demandado a fazer parte de construir e
pensar as cidades. Seguindo Spirn, citado por Shams (2010), a cidade não é nem totalmente
natural, nem totalmente artificial, e a desconsideração dos projetos naturais é, e sempre será,
tão custosa quanto perigosa. Desta forma, o paisagismo tem papel conciliador,
19
proporcionando melhorias sociais e ambientais às cidades, atendendo à emergente
necessidade que ora se aponta.
20
2.3 DIVISÃO DO PAISAGISMO EM RELAÇÃO AO TAMANHO DA ÁREA
2.3.1 Micropaisagismo
De acordo com Pires (2011), o micropaisagismo consiste no trabalho de paisagismo realizado em
pequenos espaços. Na maioria dos casos, o micropaisagismo pode ser desenvolvido por um só profissional,
por ser, predominantemente, criação artística, envolvendo soluções técnicas simples. Assim, apresenta,
normalmente, como características:
• Escala visual pequena (pequenas áreas);
• Preocupação principal é a estética;
• Visualizado em jardins internos, vasos, jardineiras ou floreiras, arborização em vias públicas, jardins
particulares, praças públicas, jardins de vizinhança, campos esportivos, etc.;
• Na representação gráfica desse tipo de projeto, a escala está entre 1:50 e 1:1000;
• Áreas menores do que 1.000m2 .
2.3.2 Macropaisagismo
Segundo o SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC,
2002) o macropaisagismo ambiental consiste no trabalho realizado em áreas extensas que
exigem projetos de maior complexidade, envolvendo profissionais de áreas diversas e se
expandindo pela necessidade de recuperação e adequação de áreas marcadas pelas premissas
da Agenda 21.
No entanto, para Pires (2011), quase sempre é um trabalho de equipe, porque envolve
problemas técnicos complexos e multidisciplinares. Assim, apresenta, normalmente, como características:
• Escala visual maior (áreas extensas);
• Preocupação principal é a preservação da natureza;
• Visualizado em parques metropolitanos e distritais, reservas naturais e afins, proteção de
mananciais, revestimento vegetal em obras de terraplanagem, controle à erosão urbana, proteção
contra ventos, recuperação de paisagens danificadas, etc.;
• Nas representações gráficas, a escala adequada é menor do 1:1.000, sendo, em geral, de 1:5.000 a
1:50.000;
• Áreas maiores do que 1.000m.
21
2.4 NORMAS E TÉCNICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PAISAGISMO EM
RODOVIAS
Conforme a DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA (DNIT, 2005),
a Instrução de Serviços para Elaboração dos Componentes Ambiental dos Projetos de
Engenharia Rodoviária – IS-246, integrante das “Diretrizes Básicas para Elaboração de
Estudos e Projetos Rodoviários”, DNER-1997, estabeleceu que o projetista deve desenvolver
os trabalhos buscando obediência aos preceitos do desenvolvimento sustentável e princípios
estabelecidos na Política Ambiental do DNER, a qual visa assegurar a melhoria contínua de
sua gestão ambiental. Em junho de 2002, foi publicada a Política Ambiental do Ministério dos
Transportes, para a qual foram adotados princípios gerais e suas diretrizes ambientais, para
orientação de seu programa de gestão ambiental.
Recomenda-se que sejam tomadas medidas, ou adotados critérios, objetivando minimizar
os impactos sobre o meio ambiente, mesmo que exijam trabalhos adicionais, os quais deverão
ser incluídos nos custos de implantação da rodovia. Estes impactos ambientais referidos
abrangem "a poluição sonora e atmosférica decorrente do tráfego intenso, a segurança e
movimento dos pedestres, a degradação de propriedades adjacentes à via, segregação urbana,
os efeitos de desmatamento e de influência sobre a fauna e a flora" os quais são fatores que
deverão ser analisados em nível de anteprojeto, tanto em relação aos aspectos quantitativos
como qualitativos (DNIT, 2005).
O plantio de árvores no Sistema Viário tem como função principal a melhora das
condições ambientais e estéticas. Recomenda-se especificar espécies nativas com raízes não
agressivas. As faces mais adequadas para a arborização são a norte e a oeste, desde que não
conflitantes com postes da rede elétrica. Na face leste, privilegiar o sol da manhã, empregando
árvores com copa menor, nas faces oeste e norte utilizar árvores frondosas para proteger as
edificações do sol da tarde (ORTEGA et al, 2008).
Implantar árvores de pequeno porte, em calçadas estreitas, e onde exista fiação aérea.
As árvores de médio porte poderão ser especificadas em calçadas mais largas e canteiros
centrais.O ponto de locação da árvore deve manter uma distancia mínima da metade de sua
copa adulta, de qualquer obstáculo (ex : postes e edificações ). Recomenda-se que a
implantação das árvores tenha início a 6,00m das esquinas (ORTEGA et al, 2008).
Sempre que a largura das calçadas permitir deverão ser implantadas "calçadas verdes”.
Calçadas verdes são áreas gramadas ao longo dos passeios, que acompanham as áreas de
22
circulação de pedestres. Sua finalidade é aumentar a permeabilidade do solo. Elas podem estar
junto aos muros e/ou guias. O projeto deve observar o trânsito de pedestres e automóveis. As
interrupções devem ser evitadas, pois as áreas gramadas contínuas são de manutenção mais
fácil (ORTEGA et al, 2008).
Conforme o DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGENS (DER, 1994), o
paisagismo deve ser planejado por um profissional especializado e habilitado.
Segundo o DER (1994), deve ser realizado um anteprojeto que deve constar:
a) levantamento dos recursos paisagísticos, visando identificar, preservar e melhorar os
principais valores naturais;
b) cadastro pedológico e vegetal da(s) faixa(s) ao longo do(s) traçado(s) escolhido(s),
compreendendo ervas, arbustos e árvores, como indicação das espécies mais adequadas à
proteção vegetal do corpo estradal;
c) indicação de fontes de aquisição de espécies vegetais, quantidades disponíveis e época de
plantio;
d) arborização paisagística;
e) locais das áreas de estacionamento, repouso e/ou recreação;
f) orçamento.
De acordo com o DER (1994), a fase do projeto consta basicamente do detalhamento do
anteprojeto e somente deve ser iniciada após aprovação deste anteprojeto.
O Projeto de Paisagismo compreende a concepção de projetos completos para as áreas
pré-estabelecidas. Abrangem a apresentação em duas etapas : o Plano de Massas e o Projeto
Básico. O Memorial Descritivo deve acompanhar os projetos elaborados (ORTEGA et al,
2008).
O Plano de Massas, deve conter a proposta de ocupação da área com a localização e
dimensão estimada para os diferentes usos, as interligações necessárias e a volumetria da
vegetação em sua fase adulta (ORTEGA et al, 2008).
O Projeto Básico, deverá conter a delimitação dos pisos e definição das espécies vegetais,
equipamentos de lazer, mobiliário urbano, pontos de água e de luz. Deverá ser apresentado em
dois desenhos: um de locação dos pisos e obras civis e outro da implantação da vegetação
com a respectiva tabela das espécies. A planta de pisos deve apresentar também as indicações
dos níveis dos patamares e as diretrizes de escoamento superficial das águas pluviais
(ORTEGA et al, 2008).
O Memorial Descritivo deverá descrever a forma de ocupação do terreno, suas relações
com o meio no qual está inserido , explicando as razões e critérios que levaram à adoção das
23
soluções apresentadas. Deverá justificar os usos previstos, as faixas etárias para as quais estão
destinadas as áreas de lazer, os critérios para a escolha dos equipamentos e da vegetação.
De acordo com a Ortega et al. (2008), deve apresentar os itens abaixo:
a) Limpeza do terreno: Limpar o terreno de detritos de obra, lixos e restos de construção.
O solo deverá ser revolvido cerca de 25cm de profundidade, destocado e limpo de pedras,
raízes e ervas invasoras.
b) Orientação para o preparo e correção do solo: A composição do solo e a topografia do
terreno podem determinar a escolha das espécies . Para análise e diagnóstico, as amostras de
solo deverão ser colhidas nas áreas destinadas ao plantio, após a locação do conjunto. Deve-se
verificar o PH do solo, e se necessário fazer a calagem para a sua correção. A especificação
dos adubos deve seguir a orientação do fabricante e do engenheiro agrônomo responsável. O
tempo destinado ao processo de adubação deve estar previsto com a antecedência necessária
antes do início do plantio.
c) Escolha e transporte das mudas: As plantas devem ser adquiridas de viveiros idôneos,
próximos do local da obra. As mudas devem ser entregues no local da obra, em data próxima
ao plantio. Para implantações maiores, recomenda-se a instalação de viveiro de espera com
ponto de água . Deve-se manter definido, e claramente identificado o lote de cada espécie.
Elas devem ser saudáveis, com um único fuste ereto (no caso de árvores), e com as raízes
envoltas pelo torrão original. Na entrega, deve-se verificar o padrão de qualidade das plantas e
rejeitar as que não satisfizerem as condições exigidas, providenciar a sua substituição e
confirmar a quantidade de mudas.
d) Armazenamento: Prever local fresco e ventilado no canteiro, para o armazenamento das
mudas.
e) Abertura e fechamento de covas para árvores:
- As dimensões das covas para o Sistema Viário serão de pelo menos 60cmx60cmx60cm e as
covas para arbustos serão de 30cmx30cmx30cm.
- Verificar o tamanho da cova em relação à espécie plantada e à drenagem da cova antes do
fechamento.
- Em caso de solo de saibro ou entulho, a terra da cova deverá ser desprezada.
- Nos locais de solo fértil, não há necessidade de substituição da terra original.
- Colocar os insumos na proporção recomendada para cada espécie vegetal.
- Preservar por 20 dias o repouso mínimo da terra, após a sua adubação.
- Retirar a embalagem do torrão, sem desmanchá-lo.
24
- Colocar a muda na cova na posição vertical e após o fechamento; fazer corretamente a coroa
e colocar cobertura morta, tutor e protetor quando for o caso.
f) Combate às pragas: Proceder periodicamente à limpeza mecânica ou manual, para evitar
que as pragas se alastrem. Para erradicar pragas, utilizar pesticidas não tóxicos à fauna e seres
humanos.
g) Irrigação: As mudas devem ser irrigadas periodicamente pelo prazo mínimo de um ano, se
o plantio não for programado para a época das chuvas.
h) Manutenção / Reposição: Os cuidados e a manutenção das áreas plantadas são importantes
para o sucesso do plantio. Periodicamente as mudas mortas devem ser retiradas e substituídas
dentro do prazo mínimo de um ano.
i) Planilha de Quantidades: As Planilhas de Quantidade deverão ser quantificadas
separadamente, conforme o assunto envolvido e a área do projeto abordado. Devem-se fazer
planilhas separadas para o Sistema Viário, para o Sistema de Lazer (separando por Praças),
para os Condomínios (separando por Condomínios ) para as quantificações dos serviços de
terraplenagem, drenagem, plantio, mobiliário, insumos, etc.
j) Cronograma de plantio: O cronograma deve apresentar as etapas previstas para o plantio.
Observa-se contudo, que o tempo previsto para cada etapa depende do porte do projeto e dos
recursos disponíveis. A limpeza do terreno, o combate à pragas e/ou à vegetação competidora
e o preparo do solo, devem ser feitos antes do período de chuva (de novembro a março).
Conforme o DNIT (2005), a elaboração de projeto para travessia urbana existente deverá
ser precedido por:
− reconhecimento de campo, onde serão observadas as condições da geometria viária,
pavimentação, sinalização, tráfego de veículos, pedestres, estacionamentos, uso do solo nas
faixas lindeiras, etc.;
− consultas preliminares, para ouvir o pleito das autoridades municipais e a comunidade;
− exame da documentação existente, visando tomar conhecimento dos planos e programas
habitacionais, de educação e saúde, etc. que possam impactar o tráfego de veículos e de
pedestres entre os dois lados da rodovia, prejudicando a operação da mesma.
Este levantamento de campo deve fornecer dados para preenchimento da FICHA DE
CARACTERIZAÇÃO DE TRAVESSIA URBANA.
A estas atividades, seguem-se as de levantamentos e pesquisas tais como:
− levantamento das condições de tráfego, onde serão indicados:
• interseções e acessos existentes;
• principais geradores de tráfego de veículos e de pedestres;
25
• recursos de engenharia de tráfego, incluindo semáforos, rótulas, ondulações transversais,
etc.;
• principais fluxos de transposição da rodovia por veículos e pedestres;
• uso da rodovia pelo tráfego urbano;
• existência de infraestrutura e serviços urbanos no trecho;
• limitações de visibilidade;
• paradas de ônibus e pontos de taxi e;
• carga e descarga de mercadorias.
De acordo com o DNIT (2005), durante o desenvolvimento dos trabalhos relativos ao
Programa de Avaliação e Ordenamento do Uso do Solo nas Rodovias Federais, foram
elaboradas as Instruções de Proteção Ambiental - IPA, onde se definiram critérios abrangendo
o projeto e a implantação da vegetação nas faixas das rodovias, inclusive a seleção de
espécies vegetais, considerando-se os principais aspectos seguintes:
a) o tratamento paisagístico das rodovias, com relação à vegetação ou revegetação, deverá
estar totalmente integrado à paisagem, de modo a contribuir para a harmonia visual, o
conforto e a segurança do tráfego;
b) os elementos construtivos, arquitetônicos e a vegetação deverão compor uma solução
paisagística;
c) ao longo da rodovia dever-se-ão priorizar os maciços vegetais de grandes volumes por
serem visualmente mais significativos, em detrimento da textura, forma e cor das espécies,
sendo estes atributos recomendáveis para os locais de parada e descanso;
d) a vegetação das faixas de domínio e lindeiras deverá contribuir como auxílio ótico na
condução dos veículos, no controle da erosão do corpo estradal, para a sua consolidação e
para o sombreamento nos locais de parada e de descanso;
e) não será permitido o plantio de árvores de porte, próximo às pistas de rolamento e
acostamentos, apenas vegetação arbustiva, adotando-se uma distância mínima de 5m destas
até o bordo externo do acostamento, de forma a permitir os trabalhos de poda mecanizados.
As árvores de porte deverão ser plantadas, de preferência, em cotas mais elevadas que a da
plataforma, de forma a evitar acidentes;
f) a vegetação arbustiva deverá ser distribuída em conjuntos intermitentes ao longo do trecho,
em locais previamente selecionados que possam contribuir para reduzir ou eliminar os efeitos
do ofuscamento produzidos pelos faróis durante a noite;
g) deverá ser evitado o plantio em linha, exceto nas situações em que houver interesse
paisagístico ou para esconder elementos visuais antiestéticos localizados nas áreas adjacentes;
26
h) a arborização deverá ser constituída por maciços pluriespecíficos, variando a altura, o
volume, a textura e a cor, espaçados assimetricamente, tendo como contraponto, árvores
isoladas e afastadas da pista de rolamento;
i) nos locais de curvas a vegetação mais densa deverá ser reservada ao bordo externo, para
contribuir na condução ótica e melhorar as condições de segurança;
j) no caso de depressões no terreno natural, próximo do bordo do acostamento, a vegetação
arbustiva contribui para a segurança ao amortecer o impacto de veículos desgovernados;
k) ao atravessar bosques ou trechos densamente arborizados, não haverá necessidade de
plantio na faixa de domínio, exceto de arbustos que possibilitarão a criação de um extrato
intermediário entre o maciço arbóreo e o extrato herbáceo de revestimento vegetal e;
l) para manter a proteção vegetal permanentemente verde nas rodovias, torna-se necessária a
conjugação do plantio de gramíneas e leguminosas de ciclos diferentes.
Um fator de grande importância nos trabalhos de vegetação e de revegetação, nas
faixas de domínio das rodovias, é o referente à seleção das espécies vegetais a serem
implantadas nas faixas, uma vez que deverão ser considerados os objetivos resultantes do
projeto de arborização ou de paisagismo. Para tanto, deverão ser adotados critérios
agronômicos visando à adaptabilidade ecológica, às exigências de porte, vigor vegetal,
estéticos, além de outros (DNIT, 2005).
O tema guarda conformidade com os dispositivos constitucionais, observada a
competência da União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de proteger o meio
ambiente e preservar a flora (artigo 23 incisos III, VI e VII), bem como para legislar sobre a
conservação da natureza e sobre a proteção do meio ambiente (artigo 24 inciso VI), de
competência da União, Estados e Distrito Federal (DNIT, 2005).
Cabe lembrar que as normas que devem nortear o item arborização estão expressas no
Código Florestal Brasileiro - sancionado através da Lei 4.771/65 e suas atualizações de 1989 e
2001. O artigo 3º, desse Código, enumera as formas de vegetação que, devido a sua
importante situação, podem passar a ser de preservação permanente, quando assim declaradas
por ato do Poder Público. Entre formas de vegetação natural destacam-se as que se destinam a
formar faixas de proteção ao longo de rodovias, destinadas a atenuar a erosão das terras
(DNIT, 2005).
De acordo com o DNIT (2009), o revestimento vegetal tem efeito positivo sobre o
meio ambiente do domínio estradal, proporcionando as seguintes vantagens:
• Proteção dos perfis de aterro ou de corte contra a erosão, através da redução do transporte de
27
sedimentos obtidos pelas raízes, que agregam partículas d’água e aumentam a resistência do
solo. Os caules das plantas aumentam a rugosidade, reduzindo a energia potencial do fluxo
d’água;
• Recomposição do meio ambiente em relação à água, ao ar, à fauna, à flora e ao solo,
estabelecendo condições favoráveis à vida animal e vegetal e recuperação ou reintegração da
paisagem circundante;
• Redução do run-off, através do aumento da infiltração no solo, devido às raízes das plantas,
inclusive acrescendo o tempo de infiltração favorecido pela porosidade;
• A cobertura vegetal do solo reduz o efeito splash, fase inicial do processo erosivo causado
pela água das chuvas, devido ao choque das gotículas da chuva sobre as áreas nuas do solo,
reduzindo a erosão laminar e orientando-se a seleção para plantas de folhas curtas e espessas
com raízes profundas, que aumentam o atirantamento das camadas do solo;
• Eliminação de outros danos porventura ocorrentes.
O contato com o ambiente natural, o trato e cultivo de organismos ou componentes da
natureza, tais como espécies arbustivas, herbáceas e arbóreas, faz parte da cultura humana e
traz diversos benefícios às pessoas. Porém, estas não se beneficiam apenas com o contato
direto (jardinagem), mas também através de experiências passivas, como a observação de
áreas verdes ou jardins (BOBROWSKI et al., 2009).
A presença de vegetação nos espaços abertos públicos é de suma importância para a
ambiência urbana, atuando nos microclimas urbanos, amenizando a radiação solar,
modificando a velocidade e a direção dos ventos, funcionando como barreira acústica e
reduzindo a poluição do ar (MASCARÓ; MASCARÓ, 2002). Segundo Dorneles (2004), além
das funções ambientais, a presença da vegetação nos espaços pode provocar sensações de
bem-estar nos usuários conforme sua composição e podem servir como referencial urbano e
estímulo sensorial. De acordo com as características principais da vegetação, seus atributos
foram classificados como:
• Atributos formais: correspondem à forma geométrica, ou seja, se é redonda, quadrada,
trapezional, linear, etc.; à cor, onde se observam cores de tronco, copa, folhagem, flor, fruto
conforme o tipo de vegetação; e a textura das plantas, que pode ser visual – conforme o tipo
de tronco ou a composição da folhagem – ou tátil – se é liso ou rugoso, com espinhos, com
pelos, etc.
• Atributos funcionais: correspondem à presença de sombra, podendo ser rala ou densa,
à emissão de odores, que podem servir como referencial de espaço caso seja forte ou
perceptível; à emissão de sons, que podem ser de animais que habitam a vegetação ou do
28
vento; e a capacidade de atração da fauna.
• Atributos temporais: que correspondem à velocidade de crescimento das espécies;
à perenidade das folhas, caso sejam caducas ou perenes; e a época de floração e frutificação,
levando-se em conta todos os meses do ano.
Estes atributos estão presentes em todos os tipos de vegetação, e suas características
intrínsecas podem variar, tendo potencialidades diferentes a serem exploradas em projetos de
áreas livres. Os tipos de vegetação foram divididos em seis grupos distintos, conforme seu
porte e função como elemento urbano, não seguindo a rigor a classificação botânica das
plantas: árvores, palmeiras, arbustos, trepadeiras, herbáceas e forrações (DORNELES, 2004).
As árvores são vegetais complexos, de grande porte (algumas ultrapassam 50 metros
de altura) e servem para amenizar o microclima e a poluição urbana, e sombrear
(MASCARÓ; MASCARÓ, 2002). Conforme sua composição e atributos (odor, textura, cor,
etc) servem como referenciais urbanos e sensoriais, podendo, ainda, marcar, delimitar os
espaços visualmente de acordo com sua cor ou forma, etc.
As palmeiras, que têm porte variável e diferenciam-se das árvores por serem esbeltas e
compridas, servem como marcadores visuais, enfatizando e diferenciando caminhos.
Os arbustos têm porte intermediário, podendo alcançar no máximo 6 metros de altura.
Suas funções principais nas áreas livres são de delimitar espaços e formar barreira visuais e de
ruído (MASCARÓ; MASCARÓ, 2002). No entanto, conforme composição ou espécie
utilizada, pode servir como estímulos sensoriais devido ao odor, som ,etc.
As trepadeiras não possuem um porte definido, podendo variar em altura e forma
conforme o suporte ao qual estiverem apoiadas. São utilizadas, normalmente, como
ornamento e sombreamento (DORNELES, 2004; MASCARÓ; MASCARÓ, 2002),
configurando áreas de estar agradáveis, pois atraem pássaros, e costumam ter odor agradável
quando produzem flores e frutos.
As herbáceas têm porte baixo, alcançando altura máxima de 2 metros, podendo
substituir os arbustos em locais sombreados, sendo plantadas em grupos ou isoladamente.
Destacam-se pela produção abundante de flores, tendo como principal função a ornamentação
de jardins (DORNELES, 2004). Podem, também, delimitar espaços e conferir identidade às
áreas livres, de acordo com a cor das flores ou suas texturas táteis e/ou visuais.
Por fim, as forrações, cuja altura máxima chega a 50 centímetros, têm um crescimento
mais significativo no sentido horizontal que vertical, formando tapetes vegetais. Além de
ornamentar, servem para proteger o solo da erosão (DORNELES, 2004), e permitem as mais
diversas composições visuais.
29
Todos os tipos de vegetação têm funções ambientais, colaborando com a manutenção
do meio ambiente. Entretanto, devido à diversidade de espécies e características existentes,
podem ser utilizados com muitas outras finalidades, como marcadores ou barreiras visuais,
delimitadores de espaços, estímulos sensoriais, etc., podendo contribuir com a acessibilidade,
segurança e conforto dos idosos nas áreas livres (DORNELES, 2004).
30
2.5 FATORES AMBIENTAIS INTERVENIENTES NO REVESTIMENTO VEGETAL
A recuperação vegetal está na dependência direta de fatores ambientais muito diversos
(haja vista as diferentes regiões em que uma rodovia se insere) e, assim, impõe-se
conhecimento mais acurado desses agentes (DNIT, 2009).
Estes fatores afetam de modo relevante a adequada seleção das espécies vegetais para
a reabilitação ambiental e a almejada proteção do solo, sendo os principais a seguir nomeados
(DNIT, 2009).
a) Clima:
- Quanto à insolação: Para Mascaro, citado por Dorneles (2004), a vegetação é dividida em
dois grupos: aquelas que necessitam de insolação direta e outras, indireta, levando em
consideração o período do dia e a presença ou não de luz natural no local. São raras as plantas
de porte que não necessitam de insolação direta, pelo menos em determinado período do dia.
- Quanto à temperatura: São apenas as plantas de clima temperado que resistem às baixas
temperaturas. A maioria das plantas se adapta mais facilmente às temperaturas altas.
b) Necessidade de água. De acordo com Mascaro, citado por Dorneles (2004), muitas plantas
não resistem à estiagem prolongada, principalmente as do estrato arbustivo e forrações.
c) Solo: Conforme Mascaro, citado por Dorneles (2004), a terra deverá ser de boa qualidade
(nem muito arenosa nem muito argilosa), em geral de barranco, isenta de pragas e ervas
daninhas e devidamente tratada com adubo. A profundidade do solo fértil também deve ser
conhecida.
d) Fitofisionomia regional: É importante que se faça um levantamento (inventário) das
espécies vegetais presentes na área de influência da rodovia, para que essas espécies ou
espécies correlatas possam ser aproveitadas em seus projetos ambientais. Este levantamento
visa não só propiciar a seleção de espécies utilizadas na revegetação, como também as
possíveis explorações agrícolas da região que possam facilitar a implantação da revegetação
(DNIT, 2009).
A função da revegetação na proteção das áreas nuas ou decapadas é essencial,
operando na diminuição do coeficiente de escoamento superficial (a folhagem constituindo
um verdadeiro reservatório e a matéria orgânica protegendo a superfície do solo contra o
impacto das gotículas de água, facilitando a sua absorção) e na redução da velocidade
(provocada pelos obstáculos). Da mesma forma, o aumento considerável da resistência do
solo criado pela rede de armação que são as raízes e as ervas (DNIT, 2009).
31
A topografia tem, também, grande influência sobre a seleção do processo de plantio da
revegetação, em função das declividades encontradas, sendo as atividades de construção uma
modificação intensa das condições naturais do relevo (DNIT, 2009).
Conforme
DNIT
(2009),
alguns
fatores
intervenientes
considerados
como
determinantes na coleção de espécieis vegetais são:
a) Longevidade: A longevidade depende do objetivo temporário ou definitivo da revegetação,
podendo-se selecionar as espécies vegetais anuais, bianuais, perenes, de ciclo de vida curto ou
longo.
b) Produção de biomassa: Este fator dependerá do nível de matéria orgânica desejado no solo,
o nível de recobrimento e a profundidade necessária das raízes para a estabilidade das
encostas e taludes.
c) Efeitos paisagísticos: Este fator retrata a necessidade de se obter alto índice de crescimento
das espécies vegetais, em especial na criação de tufos de vegetação e vegetação rasteira.
d) Fixação de Nitrogênio no solo: É o fator necessário para os solos estéreis que necessitam
de melhoria dos níveis de nitrogênio, o qual é obtido no desenvolvimento das leguminosas.
e) Palatabilidade da fauna: Como suprimento alimentar da fauna podem ser selecionadas
espécies vegetais que fornecem frutos, grãos e pastagem.
f) Dormência das sementes: Buscando-se épocas diferentes para a germinação, em particular,
a competitividade inicial entre plantas. Podem ser selecionadas sementes com dormência,
vigor, resistência a pragas e doenças.
g) Biodiversidade: Objetiva-se, através deste fator, o uso de grande variedade de espécies
vegetais, que contribui para aumentar a biodiversidade, com a oportunidade atrativa para
pássaros e animais silvestres. Pelo plantio de espécies vegetais de porte diferente e a
consorciação de gramíneas e leguminosas, busca-se a sustentabilidade da vegetação e o
favorecimento da biodiversidade.
32
2.6 ESPÉCIES INDICADAS PARA O PAISAGISMO EM ENTRADA DE CIDADES
N°de
ordem
Planta/nome:
Nome
científico
Família
1-
Acalifarasteira
Acalypha
reptans
Euphorbiaceae
herbácea
1520cm
2-
Alfeneiro-dachina
Ligustrum
sinense
Oleaceae
arbusto
3-4 m
3-
Buxinho
Buxus
sempervirens
Buxaceae
arbusto
2-5 m
4-
Camarão
amarelo
Pachystachys
lutea
Acanthaceae
arbusto
0,5-1
m
5-
Camarão
vermelho
Pachystachys
coccínea
Acanthaceae
arbusto
0,91,5m
6-
Camarazinho
Verbenaceae
7-
Celósiaplumosa
Lantana
camara L.
Celosia
argêntea L.
Amaranthaceae
arbusto
herbácea
herbácea
8-
Coqueiro-devênus
Dracaena
fragans
Liliaceae
arbusto
3-6 m
9-
Crisântemoda-china
Dendrathema
grandiflora
Compositae
herbácea
0,5-1
m
10-
Dracenaconfeti
Dracaena
godseffiana
Liliaceae
arbusto
1-1,5
m
11-
Dracena-demadagascar
Liliaceae
arbusto
2-4 m
12-
Emerocalis
(lírio
amarelo)
Flor-de-coral
Dracaena
marginata
Lam.
Hemerocallis
flava
Liliaceae
herbácea
Até
60cm
Russelia
equisetiformis
Scrophulariaceae
arbusto
0,8-1
m
13-
Classificação
Botânica
Altura
e Até 2m
Até 1m
14-
Gramaesmeralda
Zoysia
japonica
Gramineae
forração
10-15
cm
15-
Ixora
compacta
Ixora
coccinea
Rubiaceae
arbusto
0,4-0,8
cm
16-
Ixora-rei
Ixora
macrothyrsa
Rubiaceae
arbusto
1,5-2
m
17-
Moréia
Dietes
iridiodes
Iridaceae
herbácea
30-50
cm
Autor
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Ghisalberti
(2000)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Freitas
et
al.
(1999)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(2001)
Lorenzi e
Souza
(2001)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
33
18-
Musasendavermelha
Mussaenda
erythrophylla
Rubiaceae
arbusto
1,5-3m
19-
Mussendarosa-arbustiva
Mussaenda
alicia
Rubiaceae
arbusto
2-3 m
20-
Orquídeavioleta
Spathoglottis
plicata
Orchidaceae
herbácea
30-50
cm
21-
Palmeiraimperial
Roystonea
oleracea
Arecaceae
palmeira
3050m
22-
Palmeira-sagu
Cycas
revoluta
Cycadaceae
arbusto
1-3 m
23-
Pandanoveitchi
Pandanus
veitchii
Pandanaceae
arbusto
1,5-3
m
24-
Petúnia
herbácea
25-
Piteira-docaribe
Petunia
x Solanaceae
hybrida
Amaryllidaceae
Agave
angustifolia
15-30
cm
Até 3m
26-
Salvia
Salvia
officinallis L.
Lamiaceae
herbácea
30-60
cm
27-
Sálvia-dosjardins
Salvia
coccínea
Labiátae
herbácea
arbustiva
e 40 cm
28-
Tamareiraanã
Phoenix
roebelinii
Palmae
palmeira
2-3 m
herbácea
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Vitti et al.
(2007)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Baricevic e
Bartol
(2000)
Lorenzi e
Souza
(1995)
Lorenzi e
Souza
(1995)
34
2.7 ESPÉCIES INDICADAS PARA O PAISAGISMO EM TREVOS
N°de
ordem
Planta/nome:
Nome
científico
Família
1-
Agave-dragão
Agave
attenuata
Amaryllidacea
herbácea
2-
Alfeneiro-dachina
Ligustrum
sinense
Oleaceae
arbusto
3-
Ave-doparaíso
Strelitzia
reginae
Musaceae
herbácea
4-
Baba-de-boi
(jerivá)
Syagrus
romanzoffiana
Palmae
palmeira
5-
Euphorbia
pulcherrima
Neoregelia
carolinae
Euphorbiaceae
6-
Bico-depapagaio
Bromélia
Bromeliacaea
arbusto
herbácea
herbácea
7-
Bromélia
Pitcairnia
flammea
Bromeliacaea
herbácea
8-
Broméliagigante
Vriesea
imperialis
Bromeliacaea
herbácra
9-
Coração-roxo
(trapoerabaroxa)
Crisântemoda-china
Tradescantia
pallida
Commelinaceae
herbácea
Dendrathema
gramdiflora
Compositae
herbácea
11-
Fórmio
Phormium
tenax
Liliaceae
herbácea
12-
Gramaesmeralda
Zoysia
japonica
Gramineae
forração
13-
Jibóia
Scindapsus
aureus
Araceae
herbácea
14-
Lágrimasabéia
Pittosporum
tobira
Pittosporaceae
árvore
arbusto
15-
Licualagrande
(palmeira
leque)
Palmeiraimperial
Licuala
grandis
Palmae
palmeira
2-3 m
Lorenzi
Souza
(1995)
e
Roystonea
oleracea
Arecaceae
Palmeira
3050m
Lorenzi
Souza
e
10-
16-
Classificação
Botânica
Altura
Autor
1-1,5m
Lorenzi e
Souza
(1995)
3-4 m
Lorenzi e
Souza
(1995)
1,2-1,5 Lorenzi e
m
Souza
(1995)
8-15 m Lorenzi e
Souza
(2002)
e 2-4 m
Lee et al.
(1997)
0,4 m
Lorenzi e
Souza
(1995)
50-70
Lorenzi e
cm
Souza
(1995)
1-1,5m Lorenzi e
Souza
(1995)
Até 30 Lorenzi e
cm
Souza
(1995)
0,5-1m Lorenzi e
Souza
(1995)
1,5-3m Lorenzi e
Souza
(1995)
10-15
Lorenzi e
cm
Souza
(2001)
4,5 m
Lorenzi e
Souza
(1995)
e Até 6m Lorenzi e
Souza
(1995)
35
17-
Palmeira-sagu
Cycas revoluta
Cycadaceae
arbusto
18-
Periquito
Althernanthera Amaranthaceae
ficoidea
19-
Pingo-deouro
Duranta
repens
Verbenaceae
arbusto
24-
Pita
Agave
americana
Amaryllidaceae
herbácea
21-
Piteira-docaribe
Agave
angustifolia
Amaryllidaceae
herbácea
22-
Salvia
Salvia
officinallis L.
Lamiaceae
herbácea
23-
Sálvia-dosjardins
Salvia
coccínea
Labiátae
Herbácea
arbustiva
herbácea
(1995)
Lorenzi
Souza
(1995)
20-25
Lorenzi
cm
Souza
(1995)
1-1,5m Lorenzi
Souza
(1995)
Até 12 Lorenzi
m
Souza
(1995)
Até 3m Lorenzi
Souza
(1995)
30-60
Baricevic
cm
Bartol
(2000)
e 40 cm
Lorenzi
Souza
(1995)
1-3 m
e
e
e
e
e
e
e
36
2.8 ESPÉCIES USADAS NA IMPLANTAÇÃO DO PAISAGISMO
N°de
ordem
Planta/nome:
Nome
científico
Família
1-
Agave-dragão
Agave
attenuata
Amaryllidacea
herbácea
2-
Baba-de-boi
(jerivá)
Syagrus
romanzoffiana
Palmae
palmeira
3-
Coração-roxo
(Setcreasea)
Tradescantia
pallida
Commelinaceae
herbácea
4-
Emerocalis
(lírio
amarelo)
Gramaesmeralda
Hemerocallis
flava
Liliaceae
herbácea
Zoysia
japonica
Gramineae
forração
6-
Palmeiraimperial
Roystonea
oleracea
Arecaceae
Palmeira
7-
Periquito
Althernanthera
ficoidea
Amaranthaceae
herbácea
8-
Pita
Agave
americana
Amaryllidaceae
herbácea
9-
Piteira-docaribe
Agave
angustifolia
Amaryllidaceae
herbácea
10-
Sálvia-dosjardins
Salvia
coccínea
Labiátae
Herbácea
arbustiva
5-
Classificação
Botânica
Altura
Autor
1-1,5m
Lorenzi e
Souza
(1995)
8-15 m Lorenzi e
Souza
(2002)
Até 30 Lorenzi e
cm
Souza
(1995)
Até
Freitas
60cm
et
al.
(1999)
10-15
Lorenzi e
cm
Souza
(2001)
30Lorenzi e
50m
Souza
(1995)
20-25
Lorenzi e
cm
Souza
(1995)
Até 12 Lorenzi e
m
Souza
(1995)
Até 3m Lorenzi e
Souza
(1995)
e 40 cm
Lorenzi e
Souza
(1995)
As espécies vegetais que foram selecionadas para a implantação do paisagismo no
trevo de Poço Fundo valorizaram a entrada da cidade devido à beleza estética proporcionada
pelo contraste de cores das mesmas, tornando o local mais agradável. No entanto, foi dada
uma maior ênfase na educação ambiental, com intuito de conscientizar as pessoas sobre a
necessidade de se preservar o meio ambiente.
37
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 LOCAL
A pesquisa foi realizada no trevo da cidade de Poço Fundo, no estado de Minas
Gerais, de latitude -21° 46’ 51”, longitude 45° 57’54”, altitude 836 metros, área de 475,5 km2,
clima tropical-temperado, temperatura média anual de 20ºC, uma precipitação média
anual de 1.597 mm, na rodovia MG-179.
3.2 IMPLANTAÇÃO DO PROJETO
Para a realização do projeto foi realizada uma pesquisa de espécies de plantas
adequadas para a região, analisando o clima, o tipo de solo e as características específicas de
cada planta.
No entanto, como os canteiros foram formados em cima do asfalto já existente, houve
a necessidade de retirar o asfalto e de substituir parte da terra que apresentava diversos
resíduos, até mesmo de concreto, com a utilização de uma máquina retroescavadeira, antes de
iniciar o plantio das espécies selecionadas, a fim de não atrapalhar o desenvolvimento das
mesmas.
A TAB. 1 mostra as espécies de plantas que foram selecionadas para a implantação do
paisagismo na cidade de Poço Fundo, especificando os seus nomes popular e científico, além
de sua classificação botânica.
TABELA 1
Vegetação utilizada na implantação do paisagismo
N.º de
Ordem
Planta/nome:
(senso comum)
Nome científico
Classificação Botânica
Espécie
1-
Agave-dragão
Agave atenuata
Herbácea
2-
Baba-de-boi (jerivá)
Syagrus romanzoffiana
Palmeira
38
3-
Coração-roxo (Setcreasea)
Tradescantia pallida
Herbácea
4-
Emerocalis (Lírio amarelo)
Hemerocallis flava
Herbácea
5-
Grama-esmeralda
Zoysia japonica
Forração
6-
Palmeira imperial
Roystonea oleracea
Palmeira
7-
Periquito
Althernanthera ficoidea
Herbácea
8-
Pita
Agave americana
Herbácea
9-
Piteira-do-caribe
Agave angustifolia
Herbácea
10-
Salvia-dos-jardins
Salvia coccinea
Herbácea e arbusto
Para a escolha das espécies foram utilizados alguns critérios como a altura das plantas,
para não atrapalhar a visibilidade, a resistência das mesmas, a fim de não necessitar de um
maior acompanhamento pelos órgãos responsáveis, o tipo de clima, o tipo de solo, a beleza
estética, a questão financeira e a segurança das pessoas que possam estar no local.
No entanto, depois da análise de todos esses critérios, as plantas selecionadas para o
paisagismo do trevo da cidade de Poço Fundo foram a agave-dragão, o coração-roxo, a
grama-esmeralda, o lírio amarelo, a palmeira imperial, a palmeira jerivá, periquito, pita,
piteira-do-caribe e sálvia-dos-jardins, que estão em anexo, pois são resistentes, não precisam
de cuidados especiais, causam um contraste bonito de cores, não colocam em risco a
segurança dos motoristas e das pessoas que circulam pelo trevo e são de baixo custo, uma vez
que isso é um fator predominante para os órgãos públicos.
As plantas escolhidas com o objetivo de valorizar a entrada do município estética e
ambientalmente foram distribuídas em quatro canteiros no trevo: o canteiro central mede
1.632,00 m2; o canteiro esquerdo (sentido Machado) possui 720,00 m2; o canteiro direito
(sentido Pouso Alegre), com 615,00 m2, e o canteiro sentido entrada de Poço Fundo, com
100 m2, dando uma área total de 3.067,00 m2.
De acordo com a FIG. 1, no trevo de Poço Fundo há necessidade de se implantar o
paisagismo para valorizar a entrada da cidade e, consequentemente, aumentar o número de
turistas. Além de enriquecer a beleza do portal, criado com o intuito de ser mais um atrativo
para o município.
39
FIGURA 1 - Esboço do trevo de Poço Fundo.
Porém, a FIG. 2 mostra um croqui de como foi feita a distribuição das espécies
vegetais nos canteiros do trevo, não colocando em risco a segurança dos motoristas e das
pessoas que circulam nessa área.
40
FIGURA 2 - Croqui do trevo de Poço Fundo com as plantas selecionadas.
No canteiro do portal, FIG. 3, foram distribuídas 200 mudas de lírio amarelo e a
grama-esmeralda por toda a sua dimensão.
41
FIGURA 3 - Canteiro do portal antes do paisagismo.
No entanto, na lateral do canteiro do portal, FIG. 4, colocou-se 04 palmeiras jerivá e
150 mudas de lírio amarelo de cada lado do canteiro do portal, além da grama-esmeralda.
FIGURA 4 - Lateral do canteiro do portal antes do paisagismo.
42
Nos canteiros laterais, FIG. 5, foi distribuída a grama-esmeralda por toda a sua
extensão, além de 12 palmeiras jerivá, 540 mudas de lírios amarelos, 360 mudas de periquito
e 800 mudas de sálvia-dos-jardins, que foram divididas igualmente em ambos os canteiros.
FIGURA 5 - Canteiro lateral antes do paisagismo.
Já no canteiro central, FIG. 6, distribuiram-se 01 palmeira imperial, 02 palmeiras
jerivá, 06 mudas de agave-dragão, 04 piteiras-do-caribe, 01 pita azul, 500 mudas de sálviasdos-jardins e 250 mudas de coração-roxo, além da grama-esmeralda, que foram distribuídas
por todo local. No morro ao redor do trevo, será conservada a vegetação já existente, com
intuito de diminuir os gastos para a prefeitura.
43
FIGURA 6 - Canteiro central antes do paisagismo.
Iniciou-se a preparação do solo 30 dias antes do plantio, onde distribuiu-se calcário em
toda área dos canteiros. Nesse mesmo período, também foram feitas 23 covas para o plantio
das palmeiras, colocando-se em cada uma delas 100 gramas de esterco de galinha e 150
gramas do adubo supersimples,
No entanto, a mão de obra, o esterco, o calcário e o adubo supersimples foram de
responsabilidade dos órgãos competentes, não havendo a necessidade de serem colocados no
orçamento do projeto, porque isto também proporcionou uma queda no custo da implantação
do paisagismo nos municípios. O esterco de galinha foi conseguido por meio de parcerias
com moradores da própria cidade.
Conforme as FIG. 7 e 8, os próprios funcionários da prefeitura participaram
efetivamente da implantação do paisagismo no trevo de Poço Fundo.
44
FIGURA 7 - Canteiro central na implantação do paisagismo.
FIGURA 8 - Canteiro lateral na implantação do paisagismo.
Entretanto, para que ocorresse a implantação do projeto no trevo de Poço Fundo foi
necessário expor o trabalho na Câmara dos Vereadores, onde foi apresentado o projeto para a
45
comunidade e vereadores, com intuito de conscientizar a todos da necessidade de valorizar o
meio ambiente, e consequentemente, o município, uma vez que o trevo é o cartão de visita da
cidade. Depois de expressar as idéias contidas no trabalho, todos os presentes a explanação
apoiaram a implantação do projeto de paisagismo no trevo. Em seguida, foi encaminhado um
ofício ao prefeito, relatando o que havia ocorrido na Câmara Municipal. O prefeito, ao ter
conhecimento do projeto, ficou entusiasmado com a proposta e decidiu implantar o mesmo na
cidade de Poço Fundo, pois enfatizou que o projeto somente iria trazer benefícios ao
município e ao meio ambiente.
46
3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS INFORMANTES
3.3.1 Grau de escolaridade
Os informantes foram caracterizados segundo o grau de escolaridade, conforme os
dados apresentados na FIG. 9.
Observa-se que 26,5 % dos entrevistados do questionário, que está no apêndice,
possuem nível superior, e a maioria, 53 %, possui nível de escolaridade inferior ao ensino
fundamental. De acordo com a EMATER (2006), Poço Fundo possui cerca de 2785
propriedades rurais, com 94,08 % apresentando área menor que 50 ha, sendo 86 % em regime
de agricultura familiar, necessitando assim, da mão de obra de todos os integrantes da família,
acarretando o aumento da evasão escolar. Também um dos motivos da maioria dos
entrevistados ter apresentado um nível de escolaridade inferior ao ensino fundamental se deve
ao fato de a entrevista ter sido realizada com alguns alunos de escolas públicas com idade
acima de 15 anos, ou seja, adolescentes que ainda não terminaram o 9° ano do ensino
fundamental.
FIGURA 9: Grau de escolaridade dos poçofundenses e visitantes do município que
responderam ao questionário.
47
3.3.2 Idade
Na FIG. 10, a idade também foi um fator analisado para caracterizar os entrevistados.
Percebe-se que a maioria, ou seja, 86 % das pessoas entrevistadas possuem idade inferior a 45
anos. A razão deste fato ter ocorrido foi devido ao questionário ter sido aplicado em diversos
estudantes do ensino fundamental, médio e superior.
Como a pesquisa tem como foco a educação ambiental, além dos alunos, diversos
funcionários e professores também foram entrevistados, fator responsável pelo número
reduzido de entrevistados acima de 60 anos.
FIGURA 10: Idade dos entrevistados da pesquisa.
3.3.3 Frequência de passagem pelo trevo
O questionário foi aplicado no trevo de Poço Fundo, no qual diversas pessoas
transitam a todo momento, sendo muitos, dos 200 entrevistados, cidadãos que trabalham,
estudam ou moram em outro município. Observa-se então, na FIG. 11, a frequência com que
os entrevistados circulam pelo trevo de Poço Fundo.
Constatou-se que 94 % dos 200 entrevistados passam pelo local com frequência, sendo
um parâmetro para a observação.
48
FIGURA 11: Frequência em que os entrevistados passam pelo trevo de Poço Fundo.
49
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise estatística foi realizada considerando a estatística descritiva que procurou
somente descrever e avaliar um certo grupo, sem tirar quaisquer conclusões ou interferências
sobre um grupo maior. Após a definição do problema estudado e o estabelecimento do
planejamento da pesquisa, foi feita uma coleta de dados, onde elaborou-se um questionário
com intuito de comparar a situação anterior e atual do trevo de Poço Fundo-M.G.
A coleta de dados foi realizada de forma direta, sendo a amostragem do tipo não
probabilística ou intencionada, pois o questionário foi respondido pelas mesmas pessoas,
antes e depois da implantação do paisagismo. A pesquisa foi feita no período de julho de 2010
a março de 2011, sendo aplicada em 200 pessoas, considerando tanto moradores como
visitantes do município. Depois de obtidos os resultados, realizou-se uma análise comparativa
dos dados.
Em seguida, foram computadas a frequência absoluta, ou seja, o número de vezes que
um elemento do questionário aparece na amostra, e a frequência relativa, o resultado obtido
da divisão entre a frequência, ou seja, o valor que é observado na população, e a quantidade
de elementos da população, apresentada na forma de porcentagem.
Os dados estatísticos foram organizados e apresentados por meio dos gráficos de
colunas, onde a altura das barras representa o que foi mais observado, e de setores, na qual
apresentou uma fatia de circunferência de ângulo 360°.
Os entrevistados deram sua opinião baseada nas informações ambientais e das
sensações proporcionadas pelo visual, para que assim pudessem questionar a importância ou
não da implantação do paisagismo no trevo de Poço Fundo-MG para o turismo, comércio,
proteção contra raios solares e na educação ambiental.
50
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a implantação do paisagismo do trevo foi possível obter várias informações sobre
o seu efeito visual e ambiental nas pessoas, proporcionado com a mudança do que estavam
comumente habituados. Com análise do questionário foi possível obter informações sobre a
aceitação ou não, tanto dos moradores como dos visitantes, ocasionada por esse trabalho. Os
questionários foram respondidos pelas mesmas pessoas, antes e depois da implantação do
paisagismo no trevo de Poço Fundo, para que assim se pudesse comprovar, por meio de um
método comparativo, a importância da implantação do paisagismo no município, pois
acarretará diversos benefícios para a cidade, sejam ambientais ou até mesmo econômicos.
4.1 VALORIZAÇÃO DA ÁREA
4.1.1 Paisagismo no trevo
Conforme Siqueira e Távora (2010), a temática envolvendo a valorização de modelos
de paisagismos ecossistêmicos é considerada relativamente nova, pois a mesma está
relacionada com as mudanças de paradigmas no processo de arborização e a importância
desses modelos nos dias atuais, sobretudo com o aumento progressivo da conscientização
ambiental e a necessidade em desenvolver atividades de educação ambiental no espaço
urbano.
Segundo Pellegrino (2000), durante muito tempo a visão que se tinha da relação
campo x cidade era que a cidade começava onde a natureza acabava como se houvesse
delimitações que determinassem até onde iria à paisagem cultural e natural. No entanto, as
leis da natureza não se submetem às sociedades humanas como se fossem simples objetos,
mas, ao contrário, as sociedades humanas é que agem como sujeitos que transformam e as
incorporam nas suas relações.
Com os resultados do questionário pode-se verificar uma mudança de opinião dos
entrevistados sobre a visão do trevo. Na FIG. 12, observa-se a visão que os usuários tinham
antes da implantação do projeto de paisagismo.
Percebe-se então, que antes da implantação do paisagismo, apenas 3 % dos
entrevistados achavam a visão do trevo agradável, e a maioria, sendo precisamente 97 % das
pessoas, não achavam o local agradável, sendo para eles um lugar pouco agradável,
51
desagradável e até mesmo imperceptível. No entanto, depois do paisagismo, a população percebe
a importância da existência de áreas verdes junto aos centros urbanos (parques, praças, lagos, trevos e ruas
arborizadas) proporcionando uma sensação de bem-estar aos usuários destes espaços. Com a análise dos
resultados obtidos, constatou-se que 95 % dos entrevistados acharam agradável a visão do trevo e
ninguém achou que a visão ficou desagradável, havendo uma mudança de opinião
considerável, restando somente 1,5 % dos entrevistados achando ainda que a visão tornou-se
pouco agradável e 3,5 % que não perceberam diferença alguma. Pode-se afirmar, então, que as
plantas utilizadas no paisagismo urbano, tão importantes na caracterização ambiental destas áreas, promovem
inúmeros benefícios estéticos e funcionais ao homem e estão muito além dos seus custos de
implantação e manejo.
FIGURA 12 - Visão dos usuários antes e depois da implantação.
4.1.2 Portal
As pessoas analisaram as plantas existentes no local para verificar sua importância na
valorização do portal. Segundo Siqueira e Távora (2010), as belezas naturais agregam um
valor estético e ecológico ao espaço. O valor estético colabora para a qualidade de vida
humana, pois a contemplação das belezas naturais ajuda no desenvolvimento do caráter do ser
humano (JUNGES, 2004). No caso da área estudada, esse valor se manifesta, sobretudo, nos
52
períodos de floração das espécies, causando uma atitude de admiração e contemplação nas
pessoas que circulam naquele espaço.
Na FIG. 13, observa-se a opinião dos entrevistados antes do plantio das plantas que
foram selecionadas para este local.
De acordo com a figura, 98,5 % das pessoas entrevistadas afirmaram que as plantas
que existiam nos canteiros desvalorizavam a beleza do portal e consequentemente a cidade.
Porém, depois do plantio das plantas escolhidas, 93 % dos entrevistados mudaram de ideia em
relação à valorização do portal, achando que as plantas que foram plantadas ofereceram um
maior destaque ao portal e ao município, uma vez que os efeitos estéticos, evidenciados pelas
propriedades ornamentais de cada espécie, têm o poder de modificar os ambientes visualmente, tornando-os
mais agradáveis ao seus usuários.
FIGURA 13: Valorização do portal pelos entrevistados antes e depois da implantação.
53
4.2 ESPÉCIES VEGETAIS
4.2.1 Visibilidade
Os entrevistados foram abordados sobre o risco das plantas dos canteiros em relação a
visibilidade e a segurança das pessoas que transitam pelo trevo. Milhares de pessoas
trabalham diariamente, dirigindo automóveis, ônibus e caminhões nas rodovias, durante os
turnos diurno ou noturno.
Vários são os problemas enfrentados por esta categoria de trabalhadores. Mas, sem
dúvida, trabalhar com segurança é o seu maior desafio. Esse é um dos principais fatores no
momento da implantação, pois as plantas escolhidas não podem atrapalhar a visibilidade dos
motoristas, colocando em risco a segurança dos mesmos e das pessoas que circulam ao redor
do trevo.
O projeto de paisagismo deve trabalhar segundo o conceito de Área de Visibilidade
Desimpedida. Por isso, “(...) é necessário conhecer as distancias de visibilidade de parada
(DVP) e de ultrapassagem (DVU), para a rodovia, em função das velocidades de projeto
adotadas em cada trecho, conforme estabelece instrução referente à Elaboração de Projeto
Geométrico (IP-DE-F00/001)” (DER-SP, 2006). Além destas distâncias, deve-se também
considerar a distância de visibilidade de decisão (DVD) que ocorre geralmente em
intersecções com manobras não usuais.
O modo de percepção dos seres humanos condiciona aquilo que se percebe quando o
observador está em movimento de alta velocidade. Quanto maior a velocidade maior
concentração exigida; também a medida que a velocidade aumenta, diminui o limite do
campo visual. “Conclui-se que quanto maior a velocidade mais o ponto focal se afasta,
reduzindo a percepção lateral do veículo e, consequentemente, a segurança no local. O
motorista tende a aumentar a velocidade, causando efeito de hipnose ou “túnel de visão”, o
que contribui ainda mais para a redução da segurança e conforto” (DER-SP, 2006).
O DER-SP (2006) ainda estabelece que para caracterizar a Área de Visibilidade
Desimpedida (AVD) “(...) deve-se considerar a altura dos olhos dos motoristas em relação ao
plano da rodovia, variando aproximadamente entre 1,00 e 1,25m”.
De acordo com o questionário respondido, 100 % dos entrevistados relataram que as
plantas presentes nos canteiros não atrapalham a visibilidade, dando segurança para quem
54
necessita transitar pelo trevo de Poço Fundo, uma vez que quase nenhuma planta existia
nesses canteiros anteriormente.
4.2.2 Sombreamento
As pessoas que foram entrevistadas relataram sobre a importância das plantas para
proporcionar sombra ao redor dos canteiros. Um dos efeitos causados pela vegetação no meio urbano
está relacionado com a melhoria do conforto térmico. A redução da temperatura ocorre pela absorção de calor
no processo de transpiração, redução da radiação e da reflexão dos raios solares.
Segundo Ferreira (2005), a presença de árvores faz com que a radiação solar seja filtrada e, com isso
melhora o refrigério do recinto. A influência da vegetação depende da idade das árvores, da densidade foliar,
do tipo de folha e da disposição da cobertura vegetal. Estas interações relacionam-se com o controle da
radiação solar, do vento e da umidade do ar.
Percebe-se que a sombra das árvores refresca as ruas e os estacionamentos. As cidades
são autênticas “ilhas de calor” que costumam registrar entre 5 e 9 graus a mais de temperatura
que as zonas ao seu redor. Havendo necessidade do plantio de árvores que são um meio de
“refrigeração” natural. A sombra proporcionada pelas plantas protege as pessoas do contato direto com os
raios solares, evitando problemas futuros de saúde, e deixa o ambiente mais agradável.
Na FIG. 14, nota-se a observação dos entrevistados em relação às plantas existentes
nos canteiros do trevo com o sombreamento antes da implantação do paisagismo.
Conforme podemos analisar os resultados apresentados na figura abaixo, notamos que
17 % das pessoas responderam que as plantas colocadas no trevo proporcionaram sombra ao
lugar, havendo assim um bom aumento favorável às plantas em relação ao sombreamento, se
comparado com o questionário anterior. Porém ainda a maioria, mais precisamente, 57 % dos
entrevistados disseram que estas plantas não ocasionaram sombreamento, alegando que a
maioria das plantas são baixas e que somente as palmeiras não proporcionaram uma melhoria
no sombreamento. No entanto, os restantes, de 26 %, afirmaram que às vezes ocorre sombra
para as pessoas, devido ao plantio dessas plantas.
55
FIGURA 14 - Relação das plantas presentes nos canteiros que proporcionam
sombreamento antes do paisagismo.
A FIG. 15, mostra os dados obtidos pelos usuários, após a implantação do paisagismo
no trevo.
Observa-se que 89 % dos entrevistados afirmaram que as plantas que estavam
presentes nos canteiros não proporcionavam nenhuma sombra para as pessoas que circulam
nesta área, havendo ainda 11 % de pessoas que relataram que algumas plantas às vezes
ocasionavam algum sombreamento, e somente 1% respondeu que as mesmas sempre geravam
sombra para as pessoas.
FIGURA 15 - Relação das plantas presentes nos canteiros que proporcionam
sombreamento depois do paisagismo.
4.2.3 Comércio
Para Zecca (2009), o paisagismo está atuando diretamente no visual do cenário
externo ou interno dos shopping centers, lojas ou show-room de empresas comerciais. Nessas
locações, sua atuação é de harmonização da paisagem através do equilíbrio de seus
componentes imediatos, como, por exemplo, as vitrinas, luminosos ou placas publicitárias,
mercadorias expostas, circulação de pessoas, iluminação, fachadas, estilo arquitetônico, etc.
56
Seguindo este fator positivo da implantação do paisagismo em certos pontos
comerciais, as pessoas entrevistadas foram questionadas sobre a importância das plantas para
o comércio de caldo de cana-de-açúcar.
Na FIG. 16, observa-se a opinião dos usuários em relação às plantas existentes nos
canteiros do trevo com a circulação de pessoas no comércio de caldo de cana-de-açúcar
presente nas proximidades do trevo antes da implantação do projeto.
De acordo com a figura, 95 % das pessoas entrevistadas acham que o paisagismo não
influencia em nada o comércio de caldo de cana-de-açúcar no trevo, nem positivamente nem
negativamente. Entretanto, constatou-se que houve influência das plantas com o comércio de
caldo de cana-de-açúcar após a implantação do paisagismo.
Como pode ser percebido, devido à beleza estética dos canteiros, o paisagismo
proporcionou uma situação de bem-estar nesta área para as pessoas, dando um aspecto de
suavidade e de tranquilidade, havendo um aumento de 4 % para 27,5 % na quantidade de
pessoas que afirmam que o movimento de caldo de cana-de-açúcar aumentou devido à
implantação do paisagismo nesta área, apesar de 72,5 % de os cidadãos continuarem achando
que as plantas selecionadas para o paisagismo não exercem influência alguma no comércio de
suco de cana.
FIGURA 16 - Relação das plantas presentes nos canteiros com o comércio de caldo de
cana-de-açúcar antes e depois da implantação do paisagismo.
57
4.3 TURISMO
Segundo Braga e Castanho (2008), o turismo é uma atividade que vem adquirindo
grande espaço na economia do Brasil, atingindo números elevados na participação do PIB
nacional. A força do empreendimento turístico é tamanha que analistas desse setor insistem
em afirmar que o turismo pode ser “um fator de esperança para o desenvolvimento dos povos,
em particular dos países do Terceiro Mundo” (BALLART, 2005).
De acordo com Zanirato (2010), o argumento é que os países detentores de atributos
culturais e naturais expressivos devem investir na divulgação de suas qualidades, como um
meio de atrair visitantes que gerem renda ao local. A atividade turística converte-se assim
numa oportunidade de gerar empregos, incrementar rendimentos econômicos, favorecer a
comercialização de produtos locais e o intercâmbio de idéias, costumes e estilos de vida.
Seguindo a idéia de Zanirato (2010), o paisagismo pode ser uma fonte de renda para
todos os municípios. Conforme esta afirmação, as pessoas que foram entrevistadas
relacionaram o paisagismo desenvolvido no trevo de Poço Fundo com o número de visitantes
do município, uma vez que a entrada da cidade é o seu cartão de visita.
Na FIG. 17, observa-se o número de visitantes atraídos para o município em função
das plantas presentes nos canteiros antes da implantação do projeto de paisagismo.
Percebe-se que 99 % das pessoas entrevistadas afirmaram que as plantas não atraíam
visitantes para o município. Porém, observa-se que em função das plantas colocadas nos
canteiros após a implantação do projeto de paisagismo, os entrevistados afirmaram que
aumentou o número de visitantes atraídos para o município de Poço Fundo.
É certo que este tratamento paisagístico tinha a intenção de melhorar o espaço da
cidade com vistas ao turismo, exercendo influência de atração sobre qualquer pessoa que
tenha um mínimo de sensibilidade.
Nota-se então, que 66 % dos entrevistados mudaram de opinião considerando que as
plantas colocadas nos canteiros atraem mais visitantes para o município, ficando apenas 34 %
dos 99 % anteriores achando que as plantas não influenciam o número de turistas.
58
FIGURA 17: Relação das plantas com o número de visitantes do município antes e
depois da implantação do projeto paisagístico.
4.4 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO
As pessoas que foram entrevistadas relataram sobre a importância da implantação do
paisagismo no trevo de Poço Fundo.
Conforme Leite (2006), em uma situação de desenvolvimento urbano acelerado e em
um momento de inflexão das taxas de urbanização, era natural que surgissem, nas cidades,
demandas por espaços de lazer e circulação compatíveis com as novas características do
processo de urbanização. E na escala regional, os primeiros estudos relacionados à capacidade
estrutural da paisagem de responder aos desafios daquele processo. Era preciso distinguir,
claramente, escala de atuação e escala de compreensão. Se, na escala da atuação, a paisagem é
uma construção transtemporal, transversal, duradoura, e não unicamente um produto da
disposição de objetos valorizados pelo simples fato de terem sido desenhados por
especialistas, de forma análoga, na escala da compreensão, o paisagismo é um modo de
entendimento do espaço, que transcende o projeto, embora dele se utilize como forma de
conhecimento da realidade. Sua finalidade última é a discussão dos benefícios que o projeto
traz, não apenas para a qualidade urbana, mas para a sociedade, e sua contribuição maior está
em procurar evitar a segregação social, oferecendo possibilidades concretas de envolvimento
das pessoas na determinação de seus lugares de vida.
Na FIG. 18, observa-se a opinião dos mesmos sobre a valorização da entrada da cidade
antes do paisagismo, sendo que, destes, 97 % dos usuários consideravam importante a
59
implantação do paisagismo no trevo, porém algumas pessoas achavam isso desnecessário.
Mas depois da análise do questionário realizado, 100 % dos entrevistados afirmaram que,
após a implantação do paisagismo, valorizou-se mais a entrada da cidade e consequentemente
todo o município.
Figura 18: A implantação do paisagismo no trevo de Poço Fundo antes e depois da
realização do projeto.
4.5 PAISAGEM
Para Bovo e Amorim (2011), na atualidade diversos estudos têm sido realizados por
pesquisadores referentes as áreas urbanas, sua manutenção e o seu potencial em realçar a
qualidade de vida, suas funções ambientais, sociais e estéticas que venham a contribuir para
amenizar a gama de propriedades negativas da urbanização.
Seguindo este contexto, o trevo da cidade Poço Fundo passou a apresentar um aspecto
mais atraente para quem trafega pelo local, melhorando-o esteticamente, uma vez que a
entrada da cidade é o cartão de visita de qualquer município. Porém, não devemos esquecer
do fator ambiental, pois a educação ambiental foi o principal foco do projeto, com intuito de
conscientizar as pessoas sobre a importância de preservar o meio ambiente.
Corsini e Zanóbia (2003) afirmam que, com a terceirização das rodovias estaduais,
todo o modelo de gestão rodoviária foi alterado, gerando um sistema de manutenção de áreas
60
verdes mais especializado e devidamente qualificado, visando tornar esteticamente agradável
o primeiro impacto do motorista com a rodovia.
Conforme Alvarez (2004), canteiros centrais de avenidas, trevos e rotatórias, onde há
predomínio de forração e que exercem papel ecológico e estético, são considerados
pertencentes às áreas verdes.
De acordo com o entendimento de Lira Filho et al. (2001), a função e os valores que
as “áreas verdes” e os espaços livres desempenham no meio urbano podem ser agrupadas em
três conjuntos, sendo eles os valores visuais ou paisagísticos, os valores recreativos e os
valores ambientais.
Analisando-se o projeto paisagístico do trevo, percebe-se que os princípios de
concepção paisagística foram obedecidas, resultando em uma paisagem harmoniosa e
agradável aos usuários e transeuntes, caracterizada como uma das ilhas de conforto ambiental
da entrada da cidade, conforme estudos realizados por Medeiros (2001).
Segundo Corsini e Zanóbia (2003), a primeira impressão do usuário está diretamente
relacionada à conservação da área vegetal, ou seja, à manutenção dos canteiros centrais e
áreas vegetadas laterais, assim como, a observação de trechos com paisagismo e prédios de
praças de pedágio e áreas de serviço de atendimento ao usuário. Gramados tecnicamente bem
administrados e áreas com paisagismo adequado produzem sensações de limpeza e
preocupação com o meio ambiente, como observa-se nas FIG. 19, 20, 21, 22 e 23, nas quais
foram distribuídas espécies vegetais em todos os canteiros e ao redor do portal, conservando
apenas a vegetação dos morros, confirmando a importância do desenvolvimento do
paisagismo no trevo de Poço Fundo.
61
FIGURA 19 - Canteiro do portal depois do paisagismo.
FIGURA 20 - Canteiro da lateral do portal depois do paisagismo.
62
FIGURA 21 - Canteiro lateral depois do paisagismo.
FIGURA 22 - Canteiro central depois do paisagismo.
63
FIGURA 23 - Morro ao redor do trevo.
Conforme foi visto, todas as plantas são indispensáveis para a melhoria do ambiente,
mas o gramado é um elemento fundamental para o jardim. Podemos dizer que por meio dele
se faz um diagnóstico da área, ou seja, se está bonito significa que o jardim é bem cuidado;
porém se estiver feio, falta manutenção no local.
De acordo com Corsini e Zanóbia (2003), a altura do gramado em rodovia é de no
máximo 10 cm nos canteiros centrais e até 25 cm nas laterais, defensas metálicas e
acostamentos, além da remoção de touceiras, rebarbas, ou qualquer vegetação que
comprometa o visual das áreas verdes. Considera-se o limite de corte para manutenção do
vigor biológico da gramínea em torno de 5 cm de altura.
Porém, a grama-esmeralda, que foi escolhida para ser distribuída em toda área do
trevo de Poço Fundo, apresenta uma altura que varia de 10 a 15 cm, não atrapalhando a
visibilidade dos motoristas, ou seja, não colocando em risco a sua segurança. Este tipo de
grama possui folhas estreitas e pequenas, dispostas em hastes curtas e densas, formando um
perfeito tapete, pelo entrelaçamento dos estolões, penetrantes e que enraízam facilmente com
as folhas, apresentando grande beleza e folhas macias e resistentes ao pisoteio.
Tradicionalmente, os canteiros são ocupados por grama, mas ocasionalmente ocorre o
plantio de outras espécies vegetais para forração do solo.
64
A escolha de outras espécies, além da grama, para o desenvolvimento do projeto de
paisagismo no trevo de Poço Fundo segue a ideia proposta por Bobrowski et al. (2009), na
qual o contato com o ambiente natural, o trato e cultivo de organismos ou componentes da
natureza, tais como espécies arbustivas, herbáceas e arbóreas, faz parte da cultura humana e
traz diversos benefícios às pessoas. Porém, estas não se beneficiam apenas com o contato
direto (jardinagem), mas também através de experiências passivas, como a observação de
áreas verdes ou jardins.
Boa parte do tempo diário das pessoas é gasto nas ruas, e algumas dessas ruas não são
atrativas aos pedestres e motoristas. Para Jacobs, citado por Todorova et al. (2004), as ruas
deveriam ser confortáveis, com espaços para caminhar como lazer, em segurança, e ter
alguma coisa para ocupar os olhos.
Apesar das inúmeras palmeiras plantadas, não há risco de comprometer a segurança
das pessoas, apesar de apresentarem folhas grandes. A área onde foram colocadas não
atrapalha a visibilidade dos motoristas. Grande parte das espécies existentes ocorre
exclusivamente nos trópicos, representando uma das maiores famílias de plantas, tanto em
riqueza quanto em abundância, ocupando quase todos habitats, sendo uma palmeira que pode
chegar de 8 a 15 metros de altura.
Segundo Carvalho (2009), as árvores têm, igualmente, uma importância patrimonial
que está ligada com o aumento de valor da propriedade. Deste modo, habitações e terrenos
com árvores ou próximos de espaços verdes e arborizados são valorizados. As árvores
participam na requalificação da paisagem urbana, criando ambientes de qualidade e com mais
investimentos ambientais, como foi observado no trevo de Poço Fundo, com o aumento de
fregueses no comércio de caldo de cana-de-açúcar.
Dentro dessa perspectiva, Gonçalves e Paiva (2002) vão mais além ao apreciarem o
elemento árvore de forma coletiva, evoluindo para um conceito mais abrangente e ecológico
que é o da floresta urbana, valorizando a árvore como um elemento que melhora o ambiente
urbano.
Para Costa, citado por Ferreira (2005), o conceito de arborização urbana não é
limitado apenas à presença de árvores nos parque públicos, pois estão presentes em diversas
tipologias dos espaços livres, como praças, ruas, lagos, becos, florestas urbanas, entre outros,
inclusive nos espaços que não receberam intervenção paisagística.
No trevo de Poço Fundo, além da grama-esmeralda e das palmeiras, colocaram-se
herbáceas como, por exemplo, o lírio amarelo, que apresenta uma altura em torno de 60 cm,
ou seja, não atrapalha a visibilidade dos motoristas. Além disso, se adequou facilmente ao
65
solo dos canteiros do trevo, porém é necessário manter um ótimo programa de fertilização.
Porém, a piteira-do-caribe é uma planta escultural muito adaptada à seca, possuindo
inflorescência muito alta, chegando a 3 metros de altura, sendo assim, colocada no canteiro
central para não colocar em risco a segurança dos motoristas, e apresentando flores amarelas
ou brancas, devendo ser cultivadas sob pleno sol, adaptando-se com enorme facilidade, não
havendo perdas.
O cultivo da sálvia-dos-jardins é possível em qualquer terreno, porque é uma planta
baixa, em torno de 40 cm, e não muito exigente, porém na implantação do projeto foi perdido
um quarto do total das sálvias plantadas, pois não suportaram o excesso de esterco de galinha,
adubo orgânico, colocado no solo em algumas covas pelos funcionários da prefeitura. Já a
agave-dragão, planta que não tolera temperaturas baixas, ficando seu cultivo mais indicado
para regiões tropicais e subtropicais, tendo uma altura que varia de 1 a 1,5 m, enriqueceu mais
a beleza dos canteiros, devido ao seu caráter rústico e atraente.
Já o periquito desenvolveu-se de forma surpreendente, não ocorrendo nenhuma perda.
De acordo com Lorenzi e Souza (1995), o periquito é uma herbácea de 20-25 cm de altura,
com ramagem densa formando moita e folhas alongadas, ornamentais, com folhas rosadas,
que proporcionou um maior destaque aos canteiros. A pita-azul, por possuir folhas grandes,
fibrosas, azuis e com espinhos recurvados nas margens, ajudou a valorizar ainda mais a
entrada da cidade.
Segundo Silva et al. (2007) a arborização urbana propicia benefícios, porém exige um
planejamento criterioso e um manejo adequado. O estudo cuidadoso das condições ambientais
e físicas do local e a utilização de espécies adequadas tornam possível evitar problemas
futuros e atingir os objetivos da arborização.
Conforme estudos realizados por Meneguetti (2003), a fragilidade e a complexidade
desse sistema a ser administrado requerem um planejamento minucioso, com os objetivos de
aperfeiçoar as funções da arborização e de reduzir custos para os órgãos competentes. É
importante considerar que os trabalhos de manutenção são menores quanto mais preciso for o
planejamento.
A escolha destas plantas teve como fator determinante a questão financeira, pois além
de serem bastante bonitas, apresentam um custo mais baixo para o órgão competente e não
necessitam de uma frequente manutenção. A vegetação existente nos morros foi aproveitada e
a prefeitura forneceu mão de obra e esterco, fatores que reduziram ainda mais o custo da
implantação do paisagismo no trevo do município. Além disso, disponibilizou um funcionário
para cuidar das plantas e do local de forma permanente.
66
A iniciativa da Prefeitura Municipal visa melhorar o aspecto paisagístico da cidade,
proporcionando beleza e bem-estar aos poçofundenses.
De acordo com Gelpi e Rossetto (1999), não é mais questionável que as árvores e
áreas verdes do ambiente urbano proporcionam uma melhoria de qualidade ambiental ao atuar
como elementos corretores de certas fontes consideradas nocivas, “conseguindo que as
condições do meio aproximem-se daquelas consideradas como satisfatórias ou normais”.
Conforme Wilheim et al (2000), existem alguns fatores de qualidade de vida, como
sentir-se saudável, orientação sensorial, moral, satisfação estética, orientação no espaço,
despoluição e limpeza, prazer e conforto são influenciados decisivamente pela paisagem
urbana.
Considerando o meio urbano atual é preciso manter o equilíbrio ambiental e melhorar
as condições de vida da população. Conforme Corazza (2003), junto a esta unidade de caráter
físico, cita-se também o psicológico, já que uma das principais causas da presença de áreas
verdes é o desejo de ar puro. Assim, pode-se afirmar que a vegetação contribui para a
regeneração do meio urbano e, por conseguinte, restabelece o equilíbrio psicossomático do
homem.
67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As plantas que foram distribuídas pelos canteiros proporcionaram, às pessoas que
circulam pelo trevo, proteção contra a poluição acústica, um certo sombreamento e não
atrapalharam a visibilidade dos motoristas, com o intuito de preservar a segurança dos
mesmos.
No aspecto turístico, a paisagem natural despertou a atenção dos visitantes.
Certamente, a cidade de Poço Fundo apresentou outro visual, tendo os benefícios auferidos
incontáveis, a começar pela melhoria microclimática, valorização do portal, transformação da
paisagem e efeito psicológico positivo sobre os turistas.
O comércio de suco de cana obteve beneficiamento, pois um número considerável de
entrevistados afirmou que o movimento do comércio aumentou depois do plantio das plantas.
O paisagismo implantado no trevo de Poço Fundo trouxe somente benefícios à
população e ao município, uma vez que proporcionou um ambiente agradável e sustentável na
entrada da cidade, dando ênfase principalmente à educação ambiental, trazendo tranquilidade
e qualidade de vida a todos, o que é fundamental em meio ao estresse e à conturbada vida
moderna.
68
6 CONCLUSÃO
Com os resultados obtidos foi possível concluir que:
a) A implantação do paisagismo valorizou a entrada da cidade de Poço Fundo, dando um
aspecto mais agradável ao local, e, consequentemente, proporcionou um maior destaque ao
portal.
b) A beleza estética do trevo atrai mais visitantes para o município, além de favorecer o
aumento da freguesia do comércio de suco de cana-de-açúcar presente nesta área.
c) As plantas que foram distribuídas por toda a extensão dos canteiros não atrapalharam a
visibilidade dos motoristas e também não colocaram em risco a segurança das pessoas que
trafegam pelo trevo.
d) As espécies de plantas que foram colocadas em toda a área proporcionaram um maior
sombreamento do que as outras plantas existentes no local anteriormente.
e) Para os moradores e visitantes da cidade de Poço Fundo a implantação do paisagismo
apenas trouxe benefícios ao município, tanto ambientais como economicamente, pois o trevo
da entrada da cidade é cartão de visita do município.
69
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75
APÊNDICES
APÊNDICE A – OFÍCIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE POÇO FUNDO
76
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO
77
ANEXOS
ANEXO A – AGAVE-DRAGÃO
ANEXO B – CORAÇÃO-ROXO
78
ANEXO C – GRAMA-ESMERALDA
ANEXO D – LÍRIO AMARELO
ANEXO E – PALMEIRA IMPERIAL
79
ANEXO F – PALMEIRA JERIVÁ
ANEXO G – PERIQUITO
80
ANEXO H – PITA
ANEXO I – PITEIRA-DO-CARIBE
81
ANEXO J – SÁLVIA-DOS-JARDINS
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PAISAGISMO NO TREVO DE POÇO FUNDO - MG