TEXTO CURATORIAL Por Juarez Nogueira Por que uma Festa Literária? A FLID – Festa Literária de Divinópolis, realizada pela Editora Gulliver e a Boutique do Livro, com base na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, propõe-se a criar um espaço de convivência com a literatura e a vida. A vida cultural, entendida como fenômeno humano, estético e transcendente da própria experiência de vida. O objetivo da FLID e contribuir, de maneira ludica e festiva, para a valorizaç ão da literatura junto ao publico de Divinopolis e visitantes, bem como para a formaç ão de leitores, alem de conferir visibilidade a escritores, ilustradores e profissionais dessa arte, ao propiciar o contato com nomes já consagrados da literatura local e nacional, incluindo novos talentos. A realização da 1ª edição da FLID inscreveu Divinópolis no Circuito Nacional de Cidades Literárias, que hoje agrega cerca de 300 eventos em todo o país. Naquela oportunidade, contamos com grandes nomes como Adélia Prado, madrinha desta festa, Paulinho Pedra Azul, Stella Maris Rezende e tantos outros que pronta e generosamente atenderam ao convite. Cabe ressaltar que o êxito de tal empreendimento está exatamente nas parcerias, ampliadas nesta 2ª edição, com o apoio da Câmara Mineira do Livro e a generosa repercussão do evento em nível nacional. Novamente, a FLID quer reforçar esse compromisso com Divinópolis, com foco no valor do conhecimento, da cultura do livro e da leitura, bem como nos impactos sociais benéficos e duradouros desse contato para as atuais e futuras gerações. Consideramos, também, o incremento econômico da FLID na rede turística, hoteleira e no comércio. É essa a expectativa, à medida que vai se consolidando como um evento de referência para a cidade e para o desenvolvimento intelectual e humano de seus moradores, das escolas, estudantes, profissionais de diversos segmentos e colaboradores envolvidos. Neste aspecto, a FLID, como definiu Adélia Prado, “é uma iniciativa particular que está oferecendo comida espiritual para nós. Comida espiritual e cultural. Vida simbólica para o povo de Divinópolis.” Essa Divinópolis que há muito ansiava por um evento como esse. A FLID nasceu com esse propósito, com ele foi acolhida e nele está se afirmando, sempre, com a esperança das boas sementes, da boa árvore e seus melhores frutos. E mais: com a apropriação de uma identidade cultural enraizada na ética do empreendedorismo, da valorização dos talentos como patrimônio imaterial de um povo. Na 2ª edição do evento, quando o mundo todo comemora os 400 anos do segundo livro do romance Dom Quixote, a figura do Cavaleiro Andante nos inspira como engenhosa metáfora do ideal de concretizar uma sociedade mais humana e humanizada pela linguagem da literatura, em suas diversas formas. Sabemos que pode ser difícil extrair todo o sentido dessa arte, mas é impossível não reconhecer que as pessoas se mantêm vivas exatamente por tudo aquilo que a poesia e a literatura em geral expressam. Também, no campo simbólico dessas formas de expressão, a FLID 2015 presta uma homenagem póstuma ao jornalista e escritor Ataliba Lago (19011973), justificada pela sua contribuição no campo da Comunicação e das Letras locais. Mineiro da cidade Além Paraíba, na década de 1920 ele se fixou em Divinópolis, onde deixou sua marca na imprensa, com sua experiência de criar e fazer jornais. Benemérito, é o patrono da Biblioteca Pública Municipal Ataliba Lago, patrimônio cultural dos leitores de Divinópolis. Somadas as contribuições de Ataliba Lago e da biblioteca para a cidade, mantendo-se viva e atuante com programações e eventos abertos ao público, vale aqui destacar a epígrafe do filósofo francês Jacques Bossuet: “No Egito, as bibliotecas eram chamadas ‘Tesouro dos remédios da alma’. De fato, é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras.” A Festa está lançada. E aberta. Com uma programação eclética, condensada na qualidade, com certeza atenderá não só os objetivos com que foi pensada e preparada, para somar à cultura, à vida desta Cidade do Divino, e dignificar a participação dos convidados e do público em geral, em um ambiente revitalizado por esse inegável, universal poder transformador, que é o da literatura.