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Comunidade Católica Nova Aliança
- Aliança Anápolis/GO
Quem é essa que chega sem
Aquele que fez o céu e a terra.
Aquele que fez as águas
correntes que batem na rocha
com o seu movimento harmônico
e seguem sua direção. Aquele
que criou o pássaro “bem-te-vi”,
que cumprimentando
cordialmente seu companheiro
avistado na árvore vizinha ouve a
resposta: “bem-te-vi”. Aquele
que criou o sabiá que com sua
companheira canta as mais belas
canções...
Aquele que criou todas as
cores: o verde das folhas, o violeta do
ipê, o branco da margarida, que ao
entrar em contraste com o seu centro
amarelo, revela a harmonia que pode
haver nas diferenças... Aquele que criou
o ar que ao suspirarmos podemos nos
tornar conscientes de nossa existência.
E ao deixarmos ser tocados
profundamente por este ato simples,
adentramos na beleza escondida no
interior de cada um de nós, a morada de
Deus...
Aquele que criou o sol, criou também
a lua que quando a luz do dia vai embora
nos deixando profundas saudades, ela
chega com a sutileza de sua presença.
Aquele que tudo criou, que tudo fez e
que faz, também criou
maravilhosamente o ser humano. Os
olhos que contemplam, as mãos que
tocam, os braços que abraçam... Criou
nele um coração que chora e que sorri...
E lhe deu um espírito que vive sua
existência procurando alcançá-lo, pois
o seu “ser profundo” sente saudades da
face daquele que o fez...
Alegria e tristeza. Saúde e doença.
Paz e inquietações. Esperança e
a f l i ç ã o . C o r a g e m o u t r e m o r.
Convivemos com estes e com tantos
outros estados afetivos ou sentimentos.
E nessa relação com estes contrários da
vida, desfrutamos do agradável e
descartamos o desagradável como se
fossem lixos impossíveis de serem
reciclados. E com este descarte,
perdemos a oportunidade de contemplar
a beleza da sinfonia dos contrários. A
beleza de percebemos que a dor é como
um banco desocupado de uma praça.
Aquele banco onde ninguém quer
sentar. Mas aquele que tiver a ousadia
de se aproximar, contemplará nele a
ressurreição que só experimenta quem
antes passou pelo calvário.
Ao descartar o desagradável
perdemos também a oportunidade de
perceber que a tristeza está apenas nos
avisando que há algo a resolver. Ela nos
faz o desafiante convite: “Vamos
descobrir juntos o que é,
verdadeiramente, ser feliz”?
Enfim, é a convivência dos
contrários. É saber que não precisamos
tentar excluir, fugir ou ignorar a cruz,
pois, vivendo-a com sentido, ela trás
consigo a esperança. É saber que não
precisamos excluir os erros, pois eles
sempre convidam os acertos, dados a
quem muito tentou. É saber que não
precisamos descartar as pessoas que são
diferentes de nós, mas acolhê-las como
quem acolhe o diferente que está em
nós. É saber que a fala pode conviver
com o silêncio. E que o silêncio pode
sim dizer muito. É no silêncio que
escutamos, somos escutados e nos
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escutamos, para que nossa fala seja
cheia de sentido. É como disse o
filósofo: “o desequilíbrio não é uma
fatalidade, mas sim um convite ao
equilíbrio”.
A árvore precisa da seiva; os pássaros
de um lugar para pousar; as notas
precisam de melodia que lhes dê
sentido, o João de barro precisa do
barro... É o encontro das partes, que
mesmo por vezes totalmente contrárias,
ao se relacionarem, harmoniosamente,
formam uma bela música e revelam um
homem que é inteiro, que assume suas
virtudes e acolhe seus limites. Que
aprendeu que se escutarmos o que o
desagradável tem a nos falar, podemos
descobrir nele profundos sentidos...
Você quer escutar e descobrir?
E quando descobrimos, celebramos a
vida. Contemplamos a obra perfeita do
Criador. É a gratidão de quem pode
dizer: “eu dependo do seu amor, Senhor.
Sua criação é perfeita e maravilhosa.
Me fizeste, sim, de modo maravilhoso.
Conviver com a dor, o sofrimento e a
cruz descobrindo o sentido destes em
cada momento da vida, é como estar
sentindo o frio do inverno, mas
esperando na certeza da chegada da
primavera e assim escrevermos juntos o
poema das estações. É alegrar-se por
saber que em cada momento existe um
“único e irrepetível” sentido pra um
“único e irrepetível” homem. É
assumir-se por inteiro homem,
acolhendo o belo das virtudes, mas
também a lição dos limites. É saborear o
doce das vitórias, mas contemplar a
beleza das lágrimas. Amém”.
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