Vestibular UFRGS 2015 Resolução da Prova de Língua Portuguesa COMENTÁRIO GERAL: a prova compôs-se de três textos – dois breves ensaios (artigo cuja temática é universal) e uma crônica. O conhecimento solicitado ao candidato restringiu-se àquele desenvolvido ao longo de sua escolaridade (conforme discriminado abaixo), ora exigindo domínio específico de fatos gramaticais, ora demandando o estabelecimento de relações semânticas. 1. Alternativa (A) USO DOS PRONOMES RELATIVOS / REGÊNCIA QUE – pronome relativo (= o qual) não antecedido de preposição, visto ser a forma verbal “existe” intransitiva; QUE – pronome relativo, que estabelece paralelismo com o uso anterior; DE QUE – pronome antecedido de preposição exigida pelo substantivo “necessidade” (l. 21); PARA CUJA – pronome relativo precedido de preposição exigida pelo substantivo “observação” (“cuja” deve-se à relação de posse entre “instante” e “observação”.) 2. Alternativa (E) COMPREENSÃO DE TEXTO / INFERÊNCIA Releia as linhas 57-61; a sugestão reside na expressão “talvez seja impermeável”. 3. Alternativa (A) CONCORDÂNCIA / RETOMADA PRONOMINAL / SINÔNIMO I – correta: a substituição da forma verbal de 2ª pessoa do plural pelo singular exige a adequação dos pronomes. II – incorreta: o pronome “lhe” refere-se à virgindade da floresta americana; a substituição proposta acarretaria ambigüidade (por conseguinte, alteração de sentido da frase original), visto que “a sua” poderia remeter, também, à “aviação”. III – incorreta: “respectivo” = que diz respeito a cada um em particular ou em separado; “mútuos” = algo que acontece reciprocamente entre duas ou mais pessoas. 4. Alternativa (A) SINÔNIMO Avilta = tornar(-se) indigno; perder a honra; tornar vil. Evasão = fuga Soçobrar = afundar, submergir, cair, desanimar Encetar = começar, principiar, iniciar Carecer = necessitar 5. Alternativa (B) CRASE I – incorreta: a substituição provocaria o uso da preposição “de”, regida pela palavra “diante”. II – correta: a expressão “dão origem” rege a preposição “a”, que se fundiria ao artigo “a” da expressão “a ilusão”; substituindo o substantivo “ilusão” por um nome masculino (por exemplo, “sonho), surgiria a expressão “dão origem ao sonho”. III – incorreta: a expressão “ter acesso” rege a preposição “a”, contudo, imediatamente após, há o artigo “uma”, e não ocorre crase antes de artigo indefinido. 6. Alternativa (D) USO DE NEXOS / ORAÇÃO REDUZIDA - DESENVOLVIDA A primeira afirmação é falsa, pois a locução AINDA ASSIM tem valor semântico de ressalva, sendo então um nexo concessivo. Já o nexo DESTARTE apresenta sentido de conclusão, portanto um não pode ser substituído pelo outro. A segunda afirmação também é falsa, uma vez que o advérbio ENTÃO (conclusão) não pode ser substituído pela locução NÃO OBSTANTE ( nexo concessivo). A terceira assertiva está incorreta, porque haveria alteração de significado se fosse feita a substituição de UMA VEZ ENCETADO por QUANDO FOSSE ENCETADO, já que a segunda apresenta tom de hipótese que não se apresenta na primeira. A quarta assertiva é a verdadeira, pois MAS e CONTUDO são ambos nexos adversativos. 7. Alternativa (C) PONTUAÇÃO A assertiva I apresenta o caso de um acréscimo incorreto de vírgula na frase selecionada, pois ela separaria o verbo do sujeito da frase. A afirmação II também não preservaria a correção da frase caso fosse colocada a vírgula solicitada, já que ela separaria, novamente, o sujeito de seu verbo. 8. Alternativa (E) MORFOLOGIA As três afirmações estão corretas, pois o advérbio insidiosamente ressalta o caráter enganador das ilusões, já que tem como sinônimo a palavra ardilosamente; as três formas verbais mencionadas formam paralelismo sintático com a palavra permite e ora... ora é nexo alternativo. 9. Alternativa (A) PONTUAÇÃO A proposta de reescrita apresentada pelas assertivas II e III está incorreta; na II, em razão do desaparecimento das vírgulas que deslocavam o adjunto adverbial “ neste mesmo lugar” e, na III, em razão do apagamento da preposição “ do “ que acompanhava a palavra “ desaparecimento “. 10. Alternativa (E) ORTOGRAFIA Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, as palavras relacionadas têm a seguinte grafia: tez, florescente, recintos. 11. Alternativa (C) COMPREENSÃO DE TEXTO I – Falsa: na linha 04, a locução “Poderia parecer” não indica certeza, mas uma hipótese. Portanto, não podemos afirmar, com certeza, que o restaurante do Grande Hotel era o melhor da cidade de Porto Alegre. II – Falsa: No segundo parágrafo do texto, a forma como percorria a Rua da Praia aproximava Chagas e Silva dos grandes de então. 12. Alternativa (C) NÍVEIS DE LINGUAGEM A expressão “Longe disso!” na linha 06 não indica lugar distante de algo ou de outra coisa, mas uma ideia oposta a outra anteriormente dita. A expressão “toque final” na linha 17 é usada para indicar uma peculiaridade, uma característica relevante da descrição sobre Chagas e Silva. 13. Alternativa (B) VOZES VERBAIS A frase “Ele, que tanto marcou a rua.” está na voz ativa. Quando passamos para a voz passiva analítica, o sujeito ELE será transformado em agente da passiva e o objeto direto torna-se sujeito paciente. O verbo SER é incorporado à nova estrutura utilizando-se o tempo e o modo do verbo MARCOU da voz ativa. Teremos, portanto, a seguinte frase: “A rua, que tanto foi marcada por ele”. 14. Alternativa (D) MORFOLGIA As palavras IMPORTÂNCIA (l. 09) e DIFICULDADE (l.45) são classificadas como substantivos. Em à importância (l.09), o sinal indicativo de crase nos permite concluir que temos uma preposição e um artigo feminino. Então, após o artigo “a”, encontramos um substantivo. 15. Alternativa (A) SEMÂNTICA DOS TEMPOS E MODOS VERBAIS II – Falsa: muitos verbos não estão conjugados no PRETÉRITO IMPERFEITO DO INDICATIVO. No primeiro parágrafos temos também PRET. IMPERF. DO SUBJUNTIVO (tivesse l. 03, comesse l. 05, dissesse l.07) e FUTURO DO PRETÉRITO (Poderia l.04) III – Falsa: o verbo ocupar-me encontra-se no infinitivo e o verbo divertia-se está flexionado no pretérito imperfeito do indicativo. 16. Alternativa (B) CONCORDÂNCIA VERBAL Ao substituirmos a expressão “Os estudantes” por “Um estudante”, dois verbos, obrigatoriamente, deverão ir para o singular: tomaram (linha 23) e improvisaram (linha 24). Um estudante tomou conta dele. Improvisou comícios na praça, carregando-o nos braços e fazendo-o discursar. 17. Alternativa (B) USO DOS NEXOS A retirada do articulador e da linha 26 altera significativamente o sentido do período. Há uma adição que necessita do nexo. Na linha 31, há uma notória relação de adversidade (Não era de meu propósito ocupar-me do “doutor” Chagas e, sim, de como se comia bem na Rua da Praia de antigamente.). Portanto, o conector e é sinônimo de mas. A substituição do ou por nem, na linha 48, torna-se inviável por se tratar de uma questão de paralelismo (...ou maiores ou menores, ...). Apenas a afirmativa II está correta. 18. Alternativa (E) COMPREENSÃO DE TEXTO A questão cobra o sentido global do texto. No início, linhas 11 a 14, vê-se a defesa da tese de que a literatura é a única área de conhecimento que abrange todas as dimensões humanas. Quando o autor cita o teatro como meio de expressão artística associado à literatura (linha 15), a letra E define a síntese da abordagem. 19. Alternativa (D) MORFOLOGIA A única opção equivocada é a primeira. O emprego da primeira pessoa do plural, em referência exclusiva ao autor, NÃO produz um efeito de neutralidade. Ao contrário, assume uma óbvia e consensual opinião de que TODAS as pessoas podem observar o modo de inclusão da literatura quanto à complexidade humana. 20. Alternativa (C) COMPREENSÃO DE TEXTO Apenas a afirmação II está incorreta. A palavra estrangeiro , na linha 14, é sinônima de estranho. Não condiz com a ideia de não pertencer a uma mesma nação. A segunda acepção do termo pode ser atribuída a pessoas marginalizadas pela sociedade, inclusive àqueles que não pertencem a um mesmo país. Há, portanto, somente uma das ocorrências de acordo com a proposição da afirmativa. 21. Alternativa (B) RETOMADA PRONOMINAL Lendo o texto, percebe-se que “seu campo” retoma a expressão “campo das disciplinas”. 22. Alternativa (D) PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS COMPLEXIDADE – Derivação sufixal. Palavra base: COMPLEXO (adjetivo). DEFINIÇÃO – Derivação sufixal. Palavra base: DEFINIR (verbo) INSUPORTÁVEIS – Constituída de prefixo com sentido de negação (IN) e sufixo formador de adjetivo a partir de verbo (SUPORTAR). OBRAS-PRIMAS – Composição por justaposição. 23. Alternativa (A) PONTUAÇÃO 1. A vírgula assinala a elipse da expressão “é uma definição”. 4. Os dois-pontos indicam uma expressão explicativa (aposto) o qual é o aspecto principal de que se esquece. 3. A vírgula separa orações coordenadas com sujeitos diferentes. 24. Alternativa (B) PONTUAÇÃO, SEMÂNTICA, COMPREENSÃO DE TEXTO I – Falsa: as aspas assinalam uma citação do que Harold Bloom escreve. III – Falsa: o autor não defende a ideia de que se deve compreender a criminalidade, mas sim compreender a complexidade da pessoa (criminoso). 25. Alternativa (C) SEMÂNTICA DOS TEMPOS E MODOS VERBAIS III – Falsa: a presença de verbo no futuro do pretérito (futuro condicional) impede de definir o modo indicativo como restrito à certeza.