GT- 15: Metodologia e Epistemologia das Ciências Sociais
Coordenadores/as:
Javier Torres (Coordenador principal)
Néstor Cohen
Álvaro Gaínza
Eugenia Molina
Descritores deste GT: Epistemologia, metodologia, reflexão crítica, produção de
conhecimento, ensino-aprendizagem.
O tema central do XXX Congresso ALAS apresenta um particular desafio para este
grupo de trabalho na medida em que expõe perguntas como as seguintes: quais
foram e são na atualidade as conexões entre esses “povos em movimento” e os
processos de produção do conhecimento científico social? ; quais são as relações
entre práticas sociais e conhecimentos? ; qual é a especificidade e principal
contribuição da sociologia latino-americana no plano epistemológico? ; de que
maneira se traduz em métodos e resultados de diverso tipo? ; como se relacionam
estes saberes com as epistemologias e métodos produzidos em outros lugares? ;
etc.
Por outro lado, as recentes transformações sociais, econômicas, política,
ambientais, tecnologias, culturais, etc., de nossas sociedades e com especial
interesse as que afrontamos no subcontinente da América Latina, exigem uma
constante vigilância epistemológica das Ciências Sociais para com suas próprias
ferramentas de produção de conhecimento que permita compreender e incidir
nestas transformações.
Esta tarefa de compreensão do mundo e de produção de conhecimento do mesmo,
não é só um ato epistemológico e metodológico, senão que inclui a toma de
posturas individuais e coletivas de quem produz esses conhecimentos. Discussão
não alheia à Sociologia de suas origens no século XIX. Contudo, em nossa região
e em nosso tempo, exigem de quem pesquisa um esforço constante de interrogação
de nosso quefazer acadêmico e intelectual.
Visamos do Grupo de Trabalho gerar espaços de encontro entre distintos
especialistas da Pátria Grande: do Rio Bravo até a Patagônia. Com especial
interesse encontramos os povos em movimento, com as Antilhas, com o Caribe,
com a América Central, com as Guianas, com o México, com o altiplano andino, o
Cone Sul e outros irmãos (as) da América Latina.
Neste grupo de trabalho a epistemologia é assumida como uma reflexão sistemática
e crítica sobre o próprio quefazer científico e individual e coletivo. Enquanto,
metodologia a entendemos como o conjunto de operações e decisões necessárias
que conectam nossas teorias (universo lógico de relações entre conceitos que nos
permitem pensar o mundo) com o conjunto de observáveis empíricos que permitem
definir a utilidade científica de nossas reflexões teóricas.
Com os dois movimentos, fazemos dia a dia nosso exercício de reflexão crítica, que
nos potencia como intelectuais ou acadêmicos que fazemos reflexões sobre nosso
quefazer: como, com que ferramentas, por que o fazemos, para quem, com que
intenções de impacto em nosso entorno sócio-histórico.
Nossa meta é criar um espaço de encontro e diálogo entre distintos olhares,
perspectivas,
interesses,
temáticas,
perguntas,
inquietudes,
experiências,
preocupações de quem nos acompanha em 2015. A meta é nos encontrar, fazer
reflexões juntos e juntas, gerar redes de discussão e potenciar o pensamento crítico
latino-americano cientificamente sustentado.
A seguir presentamos os objetivos e eixos temáticos nos que esperamos vocês nos
acompanhem neste encontro ALAS XXX:
Objetivos Gerais GT 15 Metodologia e Epistemologia das Ciências Sociais
Promover um espaço de troca, reflexão e atualização sobre os principais debates
metodológicos recentes nas Ciências Sociais ante o significado que adquirem para
a América Latina hoje e identificando a diversidade regional.
Propiciar a sistematização e descrição de experiências de pesquisa de distinta
temática, mas em código metodológico, ou seja, que explicitem a articulação entre
seus supostos, procedimentos e resultados.
Fomentar a discussão sobre as formas que assumem as relações entre poder e
conhecimento atualmente, tanto dentro quanto fora do continente e das mesmas
Ciências Sociais.
Apoiar e incentivar a reflexão e a discussão sobre os saberes e formas de produzir
conhecimento, alternativas geradas a partir de povos em movimento, ou seja,
culturas e grupos sociais que estão construindo-se como sujeitos sociais.
Estabelecer os diálogos possíveis entre distintos saberes e âmbitos de produção de
conhecimentos: mundo laboral, acadêmico, movimentos sociais e saberes
especializados.
Nossos eixos de trabalhos são:
Eixo 1- Produção de conhecimento e povos em movimento. Este eixo quer gerar
a reflexão sobre que produzimos, como e para que na América Latina teorias,
metodologias e dados empíricos sobre estas ações coletivas e as mudanças
impulsionadas, sobre a constituição de sujeitos, sobre a tensão entre seu acionar e
a estrutura que limita ou potencia estas iniciativas.
O convite é fazer reflexões coletivamente sobre perguntas centrais dos “povos em
movimento”: que sentidos teóricos, éticos, políticos adquire a categoria “povos em
movimento”, de que lugares epistêmicos de luta, qual é seu potencial crítico, que
observáveis convoca, que metodologias são pertinentes, como sua ação e o pesar
dita ação redefine ou dialoga com as Ciências Sociais Latino-americanas, etc.
Eixo 2 - A América Latina nos debates metodológicos e epistemológicos de
hoje. Neste eixo interessa discutir o desenvolvimento das diversas correntes
epistemológicas e suas repercussões em nosso subcontinente para identificar os
principais problemas polêmicos ou debates teórico-metodológicos envolvidos. Isto
supõe examinar o papel dos fundamentos filosóficos no campo das ciências sociais,
também circundar o tema da construção de um paradigma epistemológico original
na América Latina.
Dos inícios do pensamento social latino-americano a problemática da adequação,
originalidade ou “dependência” dos critérios para analisar a América Latina foi um
eixo central das “ciências” sociais da região. Nas últimas décadas, muitos
intelectuais latino-americanos de múltiplas perspectivas (do Pós- Colonialismo,
passando pelos Estudos Subalternos, até o Pós-ocidentalismo ou a Decolonialidade), propuseram-se discutir novamente o aludido eixo. O status
metodológico e epistemológico destas contribuições é uma questão fundamental na
discussão do papel, estrutura e metas das ciências sociais no continente.
O anterior inclui ver a construção do conhecimento e o eurocentrismo na América
Latina e de modo particular, interessa, conhecer a emergência de conhecimentos
que procurem resgatar a especificidade da América Latina em um mundo cada vez
mais global, da nossa tradição cognitiva e questionando a perspectiva eurocêntrica.
Eixo 3 - Reflexão sobre “questão metodológica” da prática pesquisadora. Este
eixo tem como objetivo convocar a todo pesquisador (a) em Ciências Sociais para
fazer reflexões junto (a) sobre suas próprias práticas de produção de conhecimento.
Nosso conhecimento do mundo sócio-histórico que nos circunda não é só um saber
normativo, senão que deve estar tensionado por sua capacidade de se tornar fatos
científicos que nos permitam descrever, explicar e em alguns casos incidir.
Neste caso o mais importante é discutir a “questão metodológica”, entendida como
a reflexão crítica de nossas decisões de pesquisas, que permitam de maneira útil
delimitar as melhores estratégias para a construção de nossos objetos de pesquisa:
É melhor uma aproximação qualitativa ou quantitativa? Quais são os critérios de
validez interna e externa? Como influi a subjetividade do pesquisador na construção
de seu objeto? , Como construímos neste exercício a Ciência Social? ; etc.
A urgência e necessidade deste exercício promove um melhor exercício de nossas
práticas de conhecimento e, portanto no papel como intelectuais na nossa América.
Eixo 4 – Reflexões históricas e específicas sobre o desenvolvimento dos
métodos e técnicas em ciências sociais. Neste eixo, estarão as diversas
problemáticas específicas e historicamente localizadas da região sob os temas da
sexualidade, gênero, etnicidade, trabalho, desigualdade, pobreza, naturais e outros.
O que articula este eixo não são os temas senão que o caráter específico, histórico
e contextual da reflexão metodológica sobre os mesmos. Nesse sentido, a pergunta
geradora destas palestras surgirá por seu forte referente histórico e concreto para
sua reflexão teórico-metodológica. E nesse sentido têm um papel importante os
processos de transformação que geram novas perguntas e desafios metodológicos.
Eixo 5 – O ensino – aprendizagem da pesquisa. Um dos desafios principais das
pessoas que trabalhamos nas Ciências Sociais na América Latina neste século XXI
é construir coletivamente práticas reflexivas (sem ignorar os aspectos técnicos) em
nossos espaços de aprendizagem sobre as destrezas, saberes, desafios e
constante vigilância da pesquisa científica.
Por esta razão, o ensino-aprendizagem da pesquisa é o motor das Ciências Sociais.
Este é ensinado - aprendido em diversos níveis: linguagem técnica, tipos de
metodologias, tipos de ferramentas, instrumentos, estratégias, capacidade analítica
e sintética, capacidade de imaginar cientificamente as conexões lógicas entre os
conceitos abstratos e seus observáveis empíricos, a reflexão sobre os fundamentos
ontológicos, epistemológicos, políticos de nossas decisões metodológicas, etc.
É um processo de muitos anos de prática e reflexão de quem trabalha na pesquisa
e que logo compartilha com as novas gerações (suas experiências, conhecimentos,
dúvidas, certezas, crenças, etc.). A finalidade deste eixo é precisamente nos reunir
para fazer reflexões sobre este processo, com o olhar centrado em formar melhores
pesquisadores e pesquisadoras para a América Latina.
Eixo 6 – Metodologia e transformação social. Neste eixo visamos convidar a
analisar e debater sobre as distintas formas de fazer pesquisa social que surgem
na América Latina cujo fim é compreender e incidir (transformá-las) nessas
realidades sócio-históricas. Algumas dessas formas são: pesquisa participativa,
pesquisa dialógica, pesquisa ativista, sistema de análise social – SAS-, Análise
sócio-político de conjuntura, etc.
Algumas das questões sobre as quais visamos fazer reflexões coletivamente são:
Que tipo de vínculos e desafios é possível identificar entre as “práticas de produção
de conhecimento” e as “relações sociais” cotidianas e locais que resultam destes
saberes envolvidos? Como abordar o tema do “sujeito pesquisador” da perspectiva
da transformação social, ou seja, o que é o que se “transforma” nesta relação entre
ciência social e mundo da vida? A que aspectos temos que prestar atenção e fazer
reflexões em torno ao “sujeito pesquisador” neste processo?
Qual é a relação entre as estratégias de produção de conhecimentos plurais e
profissionais com as produzidas do mundo acadêmico? Onde demarcam quem
trabalham a partir destes compromissos transformadores sua produção científica de
seus compromissos éticos, políticos, ideológicos?
Eixo 7- Estratégias metodológicas e ferramentas informacionais. Cada vez é
mais evidente o papel das Tecnologias da Informação e da Comunicação [TIC] em
nossa cotidianidade. Mais notório é que a produção do conhecimento científico está
próxima a um crescimento exponencial de sua capacidade para criar, armazenar e
difundir dados. Ou seja, avançar qualitativamente na profundidade interpretativa dos
conhecimentos atuais e criar novos conhecimentos com essa base material e virtual.
O desafio para quem trabalhamos nas Ciências Sociais não é só saber usar os
diversos pacotes informáticos para a análise de dados quantitativos ou qualitativos,
a gestão da pesquisa, a modelação de prováveis comportamentos sociais e o
acesso a grandes bases de dados e documentários, senão, que incide em saber:
Como e para que usar essas tecnologias? Isto, sem ignorar a riqueza de participar
em redes virtuais de conhecimento para trocar, discutir e construir.
A meta deste eixo é precisamente dilucidar as potencialidades e desafios das TIC
na gestão do conhecimento social latino-americano.
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