Laboratório de Física Engª Telecomunicações e Informática – ISCTE 2010/2011 Ultra-Sons Nome: ____________________________________________ Nome: ____________________________________________ Nome: ____________________________________________ Nome: ____________________________________________ Nº: __________ Nº: __________ Nº: __________ Nº: __________ Leia com atenção a totalidade deste enunciado antes de começar, e responda a todas as questões colocadas. Introdução Os ultra-sons são vibrações mecânicas de frequência suficientemente alta para não provocarem sensações auditivas no ouvido humano. Normalmente são considerados como ultra-sons todas as vibrações com frequências superiores a 20 kHz. Os ultra-sons utilizados no dia-a-dia são em geral produzidos em materiais piezoeléctricos. Estes materiais, quando sujeitos a campos eléctricos deformam-se podendo portanto, quando excitados por tensões alternadas, oscilar e emitir ultra-sons. Do ponto de vista ondulatório, os ultra-sons comportam-se como todas as ondas acústicas, apenas com uma frequência mais alta. Assim sendo são ondas de pressão longitudinais, com uma determinada velocidade de propagação e comprimento de onda. Assumindo que a amplitude das ondas em cada ponto é constante, a pressão P em cada ponto do espaço r, para cada instante t, pode ser representada por: P ( r,t ) = P0 sin(! t " k r + # 0 ) (1.1) onde ω é a frequência angular da onda, k é o número de onda e ϕ0 representa a fase inicial da onda. A frequência angular da onda está relacionada com a frequência f da onda através da seguinte expressão: ! = 2" f (1.2) A velocidade da onda está relacionada com a frequência angular e com o número de onda através de: v= ! k (1.3) Um impulso de ultra-sons irá então propagar-se a uma velocidade v, com movimento uniforme, o que significa que ao fim dum intervalo de tempo Δt terá percorrido uma distância Δx na forma: !x = v t (1.4) Finalmente o comprimento de onda λ desta onda vem então: != 2" v = k f (1.5) No caso de termos duas ondas P1 e P2 a sobrepor-se no espaço a onda resultante P será função da interferência das duas ondas. Vamos analisar a seguinte situação onde duas fontes produzem duas ondas de ultra-sons com a mesma frequência, amplitude e fase inicial, na geometria descrita na figura 1. Fig. 1: Interferência de ondas Se as ondas chegarem ao ponto P quando ambas estiverem no máximo das suas amplitudes teremos interferência construtiva, e a amplitude da onda em P será reforçada; se por outro lado as ondas chegarem a P quando uma está no seu valor máximo, e a outra no seu valor mínimo, as ondas irão interferir destrutivamente o que resultará num mínimo de intensidade (figura 2). Relembrando a definição de comprimento de onda, esta situação (interferência destrutiva) irá então ocorrer quando a diferença de percurso entre as duas ondas P1 e P2 for na forma: " 1% !s = $ n + ' ( # 2& (1.6) em que n pode assumir qualquer valor inteiro. Nesta situação uma das ondas terá percorrido uma distância maior e ter-se-á atrasado o tempo necessário para interferir destrutivamente com a outra onda. 2/11 • Fig. 2: Interferência construtiva (a) e destrutiva (b) Vamos então analisar em detalhe esta situação. A onda resultante P num ponto à distância s1 e s2 das fontes P1 e P2 respectivamente vem, pelo princípio de sobreposição: P ( t ) = P1 ( s1,t ) + P2 ( s2 ,t ) (1.7) Substituindo pelos valores de P1 e P2 obtemos: P ( t ) = P0 sin(! t " k s1 + # 0 ) + P0 sin(! t " k s2 + # 0 ) (1.8) Finalmente, utilizando a regra da adição dos senos chegamos à seguinte expressão para a onda de ultra-sons no ponto analisado: " s !s % " % s +s P ( t ) = 2P0 cos$ k 2 1 ' sin$( t ! k 1 2 + ) 0 ' # & 2 & # 2 (1.9) Quando a diferença de percursos Δs = s2 – s1 for tal que o co-seno se anula teremos um mínimo na amplitude da onda. Posto doutra forma, sempre que: k !s " 1% = $ n + '( 2 # 2& (1.10) a onda resultante P terá uma amplitude mínima. Neste sentido, para que exista interferência destrutiva, a diferença de percursos terá que ser: " 1 % 2( " 1% !s = $ n + ' = $ n + ') # 2& k # 2& (1.11) Tal como tínhamos concluído na nossa análise inicial. Os percursos de cada onda, s1 e s2 vêm: 3/11 s1 = s2 = 2 ( ) ( y ! d 2) y + d 2 + a2 2 (1.12) + a2 Destas expressões é fácil verificar que: (s2 ! s1 )( s2 + s1) = s2 2 ! s12 = 2 d y (1.13) Ou seja a diferença de percurso Δs das duas ondas pode ser escrita: !s = s2 " s1 = Numa situação em que a donde: 2d y s1 + s2 (1.14) d a soma dos percursos s1 e s2 será aproximadamente igual a 2a s1 + s2 ! 2 a " #s ! d y a (1.15) Como vimos anteriormente quando temos interferência destrutiva teremos mínimos de amplitude da onda resultante. A interferência destrutiva ocorre quando a diferença de percurso das duas ondas for Δs = (n + ½) λ, pelo que as posições yMIN que vão corresponder ao mínimos de amplitude da onda resultante são dados por: y MIN = a! 1$ # n + &' d" 2% (1.16) em que n pode tomar qualquer valor inteiro. A distância entre quaisquer dois mínimos sucessivos, ΔyMIN, correspondentes a n e a n+1, vai valer então: !y MIN = y MIN ( n + 1) " y MIN ( n ) = a # d (1.17) Esta experiência vai permitir verificar experimentalmente as características ondulatórias dos ultra-sons, medir a sua velocidade de propagação e as características fundamentais da onda, nomeadamente a sua frequência e comprimento de onda, e ainda analisar experimentalmente fenómenos de interferência de ondas. 4/11 • Fig. 3: Interferência de duas ondas e posições de interferência destrutiva para d = 8 cm e a = 50 cm. Velocidade de propagação Nesta experiência iremos medir o tempo de propagação dum impulso de ultra-sons e utilizar este resultado para determinar a velocidade de propagação dos ultra-sons no ar. • Fig. 4: Montagem experimental para a medida da velocidade dos ultra-sons 1.1 Monte a experiência descrita na figura 4. Uma das saídas do gerador de sinais está ligada à entrada “Modulate” do emissor de ultra-sons e a outra à entrada “CH1” do osciloscópio. A saída do receptor de ultra-sons deve estar ligada à entrada “CH2” do osciloscópio. Atenção: Coloque as cornetas no emissor e no receptor. 1.2 Ajuste o osciloscópio e o gerador de sinais para os seguintes parâmetros: Parâmetros do Osciloscópio: 5/11 • • • • • Acoplamento canal I/II: AC Ganho canal I: 1.0 V/div Ganho canal II: 5.0 V/div Trigger: CH1 Base de tempo: 250 µs/div Parâmetros do Gerador de Sinais: • Tipo de Onda: Quadrada • Sym: On • Freq. Range: 2 kHz • Symmetry: Max. • Amplitude: Max. 1.3 Coloque o receptor de forma a que as extremidades das cornetas fiquem uma distância de cerca de 5 cm uma da outra e marque esta posição como a posição de referência. Ligue o emissor e ajuste a frequência do emissor para a posição A indicada no emissor. Ligue o receptor e ajuste o ganho do receptor de modo a observar o sinal mais intenso possível no osciloscópio sem que sejam visíveis as reflexões múltiplas do sinal. Ajuste o atraso do osciloscópio de forma a que o impulso recebido coincida com a primeira quadrícula do ecrã do osciloscópio. 1.4 Coloque agora o receptor a uma distância Δl = 10 cm da posição de referência, e meça no osciloscópio o tempo adicional Δt que o impulso demora a percorrer esta distância. Utilizando a expressão (1.4) e os valores de Δt e Δl determine a velocidade de propagação do impulso. Anote estes resultados na tabela seguinte. Δl [cm] 10 Δt [µs] vsom [m/s] 20 30 40 50 60 70 1.5 Repita a alínea anterior para distâncias de Δl = 20, 30, 40, 50, 60 e 70 cm, da posição de referência, ajustando o ganho do receptor se necessário para melhorar a recepção do sinal. Nota: deve ir variando lentamente a distância e observar simultaneamente o sinal no osciloscópio. 1.6 Represente graficamente os seus resultados (tempo de propagação Δt em função da distância Δl) 6/11 1.7 Determine a velocidade de propagação dos ultra-sons no ar fazendo a média dos resultados anteriores. • Velocidade dos Ultra-Sons v = _________________ Sonar O princípio de funcionamento do sonar baseia-se na medida do tempo que um impulso de sons/ultra-sons demora a percorrer a distância de ida e volta entre o sistema de sonar e o objecto que irá reflectir a onda. Analisando este tempo e sabendo a velocidade de propagação da onda podemos determinar a que distância se encontra o objecto. • Fig. 5: Montagem experimental para a demonstração do sonar 7/11 2.1 Monte a experiência descrita na figura 5. Uma das saídas do gerador de sinais está ligada à entrada “Modulate” do emissor de ultra-sons e a outra à entrada “CH1” do osciloscópio. A saída do receptor de ultra-sons deve estar ligada à entrada “CH2” do osciloscópio. Atenção: Coloque as cornetas no emissor e no receptor. 2.2 Mude a base de tempo do osciloscópio para 500 µs/div. 2.3 Coloque o reflector a uma distância de cerca de 5 cm do emissor/receptor emissor e marque esta posição como a posição de referência. Ligue o emissor e o receptor, e ajuste a frequência do emissor e o ganho do receptor de modo a observar o sinal mais intenso possível no osciloscópio. Ajuste o atraso do osciloscópio de forma a que o impulso recebido coincida com a extremidade esquerda do quadriculado do ecrã do osciloscópio. 2.4 Mova o reflector para uma posição a 30 cm da posição de referência. Nota: deve ir variando lentamente a distância e observar simultaneamente o sinal no osciloscópio. 2.5 Se necessário ajuste o ganho do receptor para melhorar a recepção do sinal. Meça no osciloscópio o tempo adicional que o impulso demora a percorrer esta distância. Utilizando este resultado, o valor para a velocidade dos ultra-sons que determinou na secção anterior e a expressão (1.4) determine a distância entre a posição de referência e o reflector, tendo em conta que os ultra-sons percorrem esta distância duas vezes (ida e volta). Compare o resultado obtido através do método do sonar com o valor esperado (30 cm) e comente. 2.6 Repita as alíneas 2.4 e 2.5 para uma distância de 60 cm em relação ao ponto de referência. Interferência de Ondas Nesta experiência vamos analisar experimentalmente a interferência de duas ondas geradas por dois osciladores coerentes, ou seja, dois osciladores com a mesma frequência e fase inicial. 8/11 • Fig. 6: Montagem experimental para o estudo da interferência de ondas 3.1 Monte a experiência como descrito na figura 6, sem utilizar as cornetas, de forma a que a distância d entre os dois emissores seja da ordem dos 10 cm, que a distância até ao detector a seja da ordem dos 70 cm, e que o detector fique na posição equidistante dos dois emissores. Nota: Ao longo desta experiência irá apenas mover o detector ao longo da barra de apoio, ou seja, irá apenas variar a posição y. A saída “Monitor output” do emissor deve ser ligada ao transdutor e a saída do receptor deve ser ligada à entrada CH2 do osciloscópio. 3.2 Meça as distâncias d e a: • • Distância entre emissores Distância até ao receptor d = _________________ a = _________________ 3.3 Ajuste o osciloscópio para os seguintes parâmetros: Parâmetros do Osciloscópio: • “Coupling” canal II: AC • Ganho canal II: 2 V/DIV • Trigger: canal II • Base de tempo: 10.0 µs/DIV 3.4 Ajuste a frequência do emissor para a posição B indicada no emissor. Ajuste a amplificação do receptor de forma a ter o sinal mais forte possível no osciloscópio. Depois deste ajuste, NÃO volte a alterar a frequência do emissor ao longo desta experiência. 3.5 Mova agora o detector ao longo do apoio até ao primeiro mínimo de intensidade (ou seja até à primeira posição em que o sinal no osciloscópio se anula). Mantendo o detector nesta posição, tape o segundo emissor. Descreva o que acontece ao sinal e comente. 9/11 3.6 Mova o detector ao longo do apoio e determine a posição de 7 mínimos de intensidade. Anote as medidas na coluna 1 da tabela seguinte. 3.7 Calcule o valor dos 6 ΔyMIN subtraindo à posição de um mínimo o valor da posição do mínimo anterior. 3.8 Utilizando a expressão (1.17) determine o valor do comprimento de onda para cada um dos 6 ΔyMIN calculados. yMIN [cm] ΔyMIN [cm] λ [m] 3.9 Determine o comprimento de onda dos ultra-sons fazendo a média dos 6 valores calculados: • Comprimento de Onda λ = _________________ 3.10 Desloque agora o detector para uma região onde haja sinal. Meça o período T da onda de ultra-sons recebida utilizando o osciloscópio. Com base neste resultado e na expressão (1.5) determine a frequência f utilizada e a velocidade v dos ultra-sons. Compare com o resultado calculado na primeira secção e comente. 10/11 11/11