EXPERIÊNCIA 8 – TRANSFORMADORES, CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA E FATOR DE POTÊNCIA 1. – INTRODUÇÃO O transformador é um dispositivo elétrico que permite modificar a amplitude de tensões e correntes. Consiste basicamente de duas bobinas isoladas eletricamente, porém acopladas magneticamente, pois são montadas em torno de um mesmo núcleo de ferro ou ferrite. A bobina na qual é aplicada a tensão a ser transformada V 1 é denominada primário e a que fornece a tensão transformada V 2 , é denominado secundário. A corrente elétrica alternada no enrolamento primário dá surgimento a um fluxo magnético alternado no núcleo. Este fluxo variável através do núcleo induz uma tensão alternada na bobina do secundário. No transformador existe perda de potência devido a resistência dos fios dos enrolamentos por efeito Joule e no núcleo devido a circulação de correntes induzidas (correntes parasitas), denominado efeito Foucault. O núcleo de ferro dos transformadores é laminado para diminuir a perda de potência por efeito Foucault. O efeito de transformação só é produzido em corrente alternada, pois é necessária a variação do fluxo magnético que induz a tensão na bobina do secundário do transformador. Transformadores são utilizados para reduzir, elevar ou manter a tensão no secundário, mas independente de seu uso sempre oferecem isolação entre o enrolamento primário e o secundário. São particularmente utilizados em equipamentos nos quais há a interação humana, garantindo assim maior segurança ao usuário. Desconsiderando-se as perdas, num transformador é válida a relação: P1 P2 P1 – potência no primário P 2 – potência no secundário Com P1 P2 , então V 1.I1 V 2.I 2 , mas V 1.N 2 V 2.N1 a (relação de transformação). N1 – enrolamento primário N 2 – enrolamento secundário Então, I1.N1 I 2.N 2 1.1 – CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA Em corrente alternada a oposição oferecida é denominada impedância elétrica, medida em ohms ( ). Devido à existência de elementos reativos, como capacitores e indutores haverá defasagem entre a corrente. Um modo de se representar as tensões e correntes e suas defasagens é através do diagrama de fasores. No diagrama de fasores, os módulos representam os valores eficazes e os ângulos ou fases, os ângulos com relação a uma referência. 1.1.1 – Circuito RLC série Análise do circuito Cálculo das reatâncias Xc 1 2. . f .C 1 2 60 30 10 3 X c 88,42 Xc X L 2. . f .L X L 2 60 44 10 3 X L 16,58 Impedância total ZT Z R Z C Z L ZT 100 j88,42 j16,58 ZT (100 j 71,84) ZT 123,13 35,69 Corrente total I V 120 I 97,4635,69mA 123,13(35,69) ZT Tensão nas impedâncias VR I . Z R 97,46 10 3 35,69 100 9,7435,69V VC I . Z C 97,46 10 3 35,69 88,42 90 8,62 54,31V VL I . Z L 97,46 10 3 35,69 16,5890 1,61125,69V Diagrama de fasores das tensões 1.1.2 – Circuito RLC paralelo Análise do circuito Impedâncias Z R 1000 Z L 88,42 90 Z C 16,5890 Correntes V I1 120 0,120 A 1000 ZR I2 V 120 0,72 90 A 16,58(90) 120 0,13690 A 88,42 90 ZL I3 V ZC Corrente total I T I1 I 2 I 3 I T (0,12 j 0,584) A I T 0,596 78,39 A Impedância total ZT V IT 120 0,596 78,39 Z T 20,1378,39 Diagrama de fasores 1.2 – FATOR DE POTÊNCIA Nos circuitos em corrente alternada (CA) puramente resistivos, a tensão e a corrente elétrica estão em fase. v(t ) Vmáx.sen (.t ) e i(t ) Imáx.sen(.t ) A potência instantânea é igual ao produto da tensão e corrente no instante t . p(t ) v(t ).i(t ) Nos circuitos em corrente alternada além das cargas resistivas podem estar presentes cargas capacitivas e indutivas. Quando cargas reativas estão presentes o circuito apresenta uma impedância Z resultando numa corrente defasada da tensão sendo adiantada ou atrasada. v(t ) Vmáx.sen (.t ) e i(t ) Imáx.sen(.t ) A potência instantânea é igual ao produto da tensão e da corrente no instante t . O ângulo será positivo, se o circuito for capacitivo e negativo, se o circuito for indutivo. p(t ) Vmáx.Imáx.sen (.t ).sen (.t ) O cos é chamado de fator de potência. O ângulo é o ângulo entre V e I e seu valor varia de 90 a 90 . Para indicar o sinal de , diz-se que um circuito indutivo, que tem a corrente atrasada em relação à tensão, tem um fator de potência atrasado. Em um circuito capacitivo a corrente está adiantada em relação à tensão e diz-se que tem um fator de potência adiantado. 2. – OBJETIVOS Familiarizar o aluno com o transformador de baixa potência; Verificar a relação de transformação através de medidas de tensão no primário e secundário; Realizar medidas de tensão e corrente nos circuitos RLC série e paralelo; Verificar através do osciloscópio a defasagem entre tensão e corrente num circuito RL; Determinar o fator de potência do circuito e fazer a compensação com capacitor. 3. – DESENVOLVIMENTO 3.1 – MATERIAIS NECESSÁRIOS 1 Osciloscópio; 2 pontas de prova; Multilab; Multímetro digital; Módulo RLC; Capacitor de 30 F ; Resistores 100 ; Indutor de 44 mH ; Transformador de 110V / 12V 0 12V ; Cabos com pino banana e jacaré; 3.2 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Utilize os equipamentos, instrumentos e materiais corretamente para evitar danos. Em caso de dúvida, não faça. Chame o professor! Atenção: Neste experimento utilize o multímetro para medir tensões alternadas e, portanto deve-se girar o seletor do multímetro para função de medida de tensão alternada na faixa de 20volts. 3.2.1 – Transformador com secundário simples 1. Certifique-se que a fonte CA 0-220V está na posição de zero e desligada. 2. Ligue com cabos a saída da fonte CA 0-220V ao primário do transformador de 127V/12V. 3. Com auxílio de um multímetro digital, selecionado como voltímetro CA ligado no secundário do transformador ajuste na fonte CA uma tensão de modo a obter 12VRMS . 4. Meça a tensão no primário do transformador com o multímetro como voltímetro CA. 5. Anote os valores e calcule a relação V 1 / V 2 . V1 a V1 / V 2 V2 a 6. Novamente com auxílio de um multímetro digital na fonte CA uma tensão de modo a obter 6V RMS no secundário do transformador. 7. Meça a tensão no primário do transformador com o multímetro como voltímetro CA. 8. Anote os valores e calcule a relação V 1 / V 2 . V1 a V1 / V 2 V2 a 9. Volte a zero e desligue a fonte CA e retire cabos. 3.2.2 – Transformador com derivação central 10. Ligue com cabos a saída da fonte CA 0-220V ao primário do transformador de 127V/12V. 11. Com auxílio de um multímetro digital, selecionado como voltímetro CA ligado no secundário do transformador ajuste na fonte CA uma tensão de modo a obter 12VRMS . 12. Verifique se o osciloscópio está calibrado. Utilize duas pontas de prova com referência no ponto central do secundário do transformador. 13. Meça as tensões Va e Vb . Para cada caso, meça a tensão vp Vmáx e Vpp 2.vmáx . 14. Anote as formas de onda encontradas. 3.2.3 – Circuito em corrente alternada Atenção: Neste experimento utilize o multímetro para medir tensões alternadas e, portanto deve-se girar o seletor do multímetro para função de medida de tensão alternada na faixa de 20V. 3.2.3.1 – Circuito RLC série 15. Monte o circuito série com as impedâncias R 100 , C 30F e L 44mH . 16. Certifique-se que a fonte CA está na posição de zero. 17. Ligue com cabos a saída da fonte CA 0 - 21V RMS ao circuito. 18. Com auxílio de um multímetro digital, selecionado como voltímetro CA, ajuste a tensão de saída da fonte CA em 12VRMS . 19. Meça a tensão em cada impedância e anote os valores encontrados. Coloque o voltímetro em paralelo com a impedância. Tensões valor medido na faixa de 20V valor calculado erro % V VR VC VL 3.2.3.2 – Circuito RLC paralelo Atenção: Desligue os cabos da fonte CA para fazer a alteração no circuito. Não desajuste a fonte CA, pois será utilizado o mesmo valor neste experimento. Neste experimento usará o multímetro para medir correntes alternadas e, portanto deve-se girar o seletor do multímetro para função de medida de corrente alternada na faixa de 20A e alterar a posição das pontas para medida. 20. Monte o circuito paralelo com as impedâncias R 100 , C 30F e L 44mH . 21. Meça a corrente em cada impedância e anote os valores encontrados. Coloque o amperímetro em série com cada impedância. Correntes valor medido na faixa de 20A valor calculado erro % IT IR IL IC 22. Analise os circuitos teoricamente e compare os valores calculados com os valores obtidos experimentalmente. Calcule o erro percentual de cada medida. erro% valor.calculado valor.medido 100 valor.calculado 23. Existem diferenças nas leituras e valores teóricos? Justifique porque ocorrem essas diferenças. 24. Obtenha o diagrama de fasores das tensões para o RLC série e correntes para o RLC paralelo 3.2.4 – Fator de potencia Atenção: Neste experimento utilize o multímetro para medir tensões alternadas e, portanto deve-se girar o seletor do multímetro para função de medida de tensão alternada na faixa de 20V. 3.2.4.1 – Circuito RL série Atenção: Desligue os cabos da fonte CA para fazer a alteração no circuito. Não desajuste a fonte CA, pois será utilizado o mesmo valor neste experimento. 25. Monte o circuito série com as impedâncias R 100 e L 44mH . 26. Certifique-se que fonte CA está na posição de zero. 27. Ligue com cabos a saída da fonte CA ao circuito. 28. Verifique se o osciloscópio está calibrado. Faça os ajustes necessários de posicionamento dos dois canais do osciloscópio. 29. Coloque a chave AC-GND-DC na posição GND e sobreponha os traços na tela do osciloscópio e depois coloque a chave na posição AC. 30. Coloque a ponta n°1 na posição A e a ponta n°2 na posição C. O GND do osciloscópio deve ser ligado na posição B. O sinal do canal 2 deve ser invertido. 31. Meça a tensão Vpp no resistor e no indutor. Anote os valores encontrados na tabela. tensões Vpp V VR VL 32. Anote as formas de onda da tensão sobre o resistor e sobre o indutor. A tensão no resistor é proporcional a corrente do circuito i (t ) v R (t ) R 33. Calcule o ângulo de defasagem entre tensão e corrente. O fator de potência é calculado por: FP cos . 3.2.4.2 – Compensação Atenção: Desligue os cabos da saída da fonte CA para fazer a alteração no circuito. Não desajuste a fonte CA, pois será utilizado o mesmo valor neste experimento. 34. Mantenha o osciloscópio ligado entre os pontos B e C 35. Conecte o capacitor de valor qualquer em paralelo com o indutor no circuito. 36. Verifique se ocorreu mudança do ângulo entre tensão e corrente. 37. Meça a nova tensão Vpp no resistor e no capacitor. Anote os valores encontrados na tabela. tensões Vpp V VR VL 38. Anote as formas de onda da tensão sobre o resistor e sobre o indutor. A tensão no resistor é proporcional a corrente do circuito i (t ) v R (t ) R 39. Calcule o ângulo de defasagem entre tensão e corrente. O fator de potência é calculado por: FP cos . 40. Determine o valor de Cx para se ter um FP 1 41. Organize todo o material fornecido em seu local de trabalho. 42. Realize uma pesquisa com sua equipe de trabalho no laboratório sobre o assunto do experimento e juntamente com os dados ou informações obtidas, elabore um relatório da aula prática.