Sábado e domingo, 18 e 19 de outubro de 2014
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O imigrante que transformou
Lages em um centro cultural
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O CL publicou
uma série
de matérias
sobre a
chegada dos
imigrantes
Reprodução/Suzani Rovaris
uando o município de Lages passou de vila para cidade,
começou a ser escrita com a letra G e sucessivamente
viveu os ciclos econômicos da pecuária e da madeira no
início de 1900, os imigrantes europeus chegavam. De origem portuguesa, italiana e alemã, os visitantes misturaram seus costumes
e contribuíram para o crescimento e desenvolvimento da cidade.
O português Mário Augusto de Sousa foi um dos que fixaram
residência em Lages acompanhado da esposa Gelsa Cândida de
Andrade e o primeiro filho, em 1924, e nunca mais saiu. Mais de
um século se passou e entre modernos prédios, os rastros de sua
história ainda são encontrados. É o caso do Teatro Marajoara, que
continua imponente em seu exterior e admirável internamente.
O nome de Mário de Sousa também está gravado na história de
uma importante entidade social de Lages: a Associação Lageana
de Assistência aos Menores (Alam).
Com um legado cultural deixado ao longo de sua vida, Mário de
Sousa teve sua história contada no Correio Lageano em 22 de novembro de 1999, matéria sobre os imigrantes em comemoração
ao aniversário de Lages. Antes de fazer história, ele contribuiu
para contá-la. A convite do coronel Caetano Vieira da Costa, trabalhou como diretor e editor do antigo Correio de Lages, jornal
este que anos depois venderia seu maquinário para o então
fundado, em 1939, Correio Lageano.
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O CL publicou uma série de matérias sobre a chegada dos imigrantes
Mário de Sousa foi
uma figura importante
na sociedade lageana.
Ainda hoje, a família se
encontra todos os anos
para festejar e lembrar
sua história.
Sábado e domingo, 18 e 19 de outubro de 2014
Israel Oselame
Vida dedicada
ao teatro
A
trajetória marcante de Mário de Sousa começou em 1927
quando arrendou o Teatro Municipal, antigo teatro São
João, localizado na Praça João Costa. Naquela época não
se conhecia o cinema falado, e os filmes eram acompanhados por
uma orquestra sob a batuta do próprio Mário.
Em 1938, a edificação deu lugar ao prédio do antigo Colégio
Estadual Aristiliano Ramos. Com a demolição do Teatro Municipal,
o cinema transferiu suas máquinas e móveis para a Casa Santo
Antônio, cedida pelos padres franciscanos, antiga Cúria, onde
funciona hoje a Escola de Artes da Fundação Cultural.
Em 1939 foi inaugurado o Cine Teatro Carlos Gomes, idealizado e
projetado por Mário de Sousa e recebeu o nome em homenagem
ao grande poeta brasileiro, compositor e músico Carlos Gomes.
No teatro, os lageanos assistiram, entre outros êxitos memoráveis,
a concertos de piano, de violino e de canto. Localizado na Rua
Presidente Nereu Ramos, o prédio que abrigou o teatro. Hoje dá
lugar a uma loja de móveis e eletrodomésticos (Schumann).
A cidade crescia, seu desenvolvimento aumentava com segurança
e suas comunicações traziam o progresso. Mário de Sousa sentiu
a necessidade de um novo teatro e cinema. Surgia enfim, o Cine
Teatro Marajoara, inaugurado em novembro de 1947. Comportava apresentações teatrais e cinematográficos. A nova casa em
estilo art decó, um famoso traçado arquitetônico dos cineteatros
do Rio de Janeiro e São Paulo, foi admirada e aplaudida por todo
o território nacional. De lá para cá, grandes apresentações ainda
garantem casa cheia.
Assistência ao menor
Mário de Sousa, preocupado com o lado social, em especial de
menores abandonados, fundou em outubro de 1956 a Alam.
Reuniram-se vários cidadãos lageanos em uma assembleia para
fundar a primeira instituição da região de assistência a crianças
órfãs, em regime de abrigo. Já em 1997, para atender ao Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), a entidade extinguiu o abrigo
e passou a atender em categoria de educação complementar
para crianças de 7 a 12 anos. Em 2007, passou a abranger a faixa
etária de 6 a 18 anos incompletos.
A Associação Lageana de Assistência aos Menores é uma Organização Não Governamental. Suas atividades não são empresariais, mas estão voltadas para a comunidade com prestação de
serviços gratuitos.
Mário Augusto de Sousa faleceu em setembro de 1977. Deixou
um grande legado cultural à cidade. A filha Maria de Fátima Andrade de Sousa diz que seu caráter, educação e obstinação para
o que é certo foi a herança que deixou para seus 15 filhos, os
quais transmitiram para sua descendência que hoje soma mais
de 180 membros.
Para homenagear e deixar viva a história de Mário Sousa, foi
inaugurada uma sala para apresentações culturais na Fundação
Cultural de Lages e batizada com o seu nome.
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O imigrante que transformou Lages em um centro cultural